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Minerais Industriais
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TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
TEMAS DE GEOCIÊNCIAS
※
Em Busca do Mineral Perfeito
Caulino – Mineral Industrial: 1ª Parte: Mineralogia e Génese
Caulino – Mineral Industrial: 2ª Parte: Processamento e Propriedades
Caulino – Mineral Industrial: 3ª Parte: Aplicações e Mercados
Fim do Petróleo: Mito ou Realidade?
Talco – Mineral Industrial
A Bíblia, os Metais e a Metalurgia
Os Minerais Industriais e os Materiais Poliméricos
O Poder do Petróleo. 10 Temas, 10 Histórias
Zeólitos – Minerais Industriais
Demónios à Solta: O Petróleo na Guerra dos 31 Anos do Séc. XX
Argilas Especiais – Mineralogia e Propriedades
Geopolítica dos Recursos Minerais: O Conflito Peru-Chile-Bolívia
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MINERALOGIA
Terras Raras
Minerais Industriais
Temas de Geociências
Número 14
LdG
LIVROS DE GEOCIÊNCIAS
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TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
Título
Terras Raras
Minerais Industriais
Autor
José Lopes Velho
javelho@ua.pt
Data da Edição
Abril de 2019
ISBN
978-989-20-5649-3
Depósito Legal
453437/19
Impressão
Simões & Linhares, Coimbra
Colecção
Temas de Geociências, número 14
Edição
Livros de Geociências
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MINERALOGIA
Conteúdos
CAPÍTULO 1 – MINERALOGIA ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….……………………………………………………...….…………… 7
Definição de Elementos de Terras Raras ……………..…………………………………………………………………………………………………………..……………..…………… 19
Informações Básicas sobre Mecânica Quântica ……………………………………………………………………………………..………..………..…………… 20
Propriedades dos Iões de Terras Raras ..………………………………………………………………………………..………………………….……………………..………………………… 26
Blindagem e Penetração ………………………………………………………………………………..……………………………………………………….………………..………………………………………………..………………… 34
Espectroscopia ………………………………………………………………………………………………………………………………….…………………………………….…………………………….…………………….…………….…………………………… 36
Estados de Oxidação ……………………………………………………………………….…………………………………………………………………………………………………………………………..……………..…….…………………… 37
Propriedades Magnéticas ………………………………………………………………………………………………………………………….…………………………………………….….……………………….…………………… 38
Elementos de Terras Raras ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………..……..…………………….……………………… 39
Lantânio ………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….…………………………………………………..…….…………………………………………….………….………………… 40
Cério……………………………………………………………………………….……………………………………………………………………………………………………….………………………….……………………………………………………………….……………..…………… 42
Praseodímio e Neodímio …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….…………………………… 48
Os Minerais de Terras Raras ……………………………………………………………..…………………………………….……………………….…………………………………………………………………………… 50
Monazite ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….……………………………………….…………….………..…………..…………………….…………….……… 52
Bastnaesite ……………………………………………………………………………………….…………………………………………………………………………………………..………………………..…………………………………………………..……………………… 57
Xenótimo …………………………………………….…………………………………………………………………………………………………………………….…………………………………….……………….………………………………………………………….…….… 58
Bibliografia ……………………………………………………………………………………….…………………………………………………………….………………………………..…..……………………..……………………………….………………………..…..……63
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TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
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Mineralogia
____________________________________________________________
O
termo Terras Raras não é o mais adequado para a descrição do
grupo de elementos químicos a que se refere, no entanto, ape-
sar de tudo, esta terminologia é bastante propícia para se fazer
uma breve resenha histórica sobre a evolução da química daqueles
elementos.
Em primeiro lugar, o termo “terras” correspondia à antiga desig-
nação dos elementos que eram isoláveis na forma de óxidos. Lavoi-
sier, na sua célebre obra “͞Traité Élémentaire de Chimie” organizou as
33 espécies por ele consideradas como elementos como gases, metais,
não metais e terras. Actualmente, sabe-se que os elementos classifica-
dos como “terras” correspondem a metais com elevados potenciais de
oxidação e que constituem óxidos estáveis e insolúveis em água. Como
as terras raras foram inicialmente isoladas na forma de seus óxidos,
esse grupo de elementos recebeu tal designação.
Esta classificação persiste na actualidade, em termos de nomen-
clatura, tanto no caso das terras raras como no que diz respeito aos me-
tais alcalino-terrosos. Normalmente, as terras raras recebiam nomes
latinos femininos a partir do prefixo dos metais correspondentes,
sendo que alguns desses nomes ainda são extensivamente utilizados,
como são os casos da alumina, da sílica, da soda, da potassa, da titânia,
da zircónia, entre outras.
Já o termo “raras” deve-se ao facto desses elementos terem sido
inicialmente identificados apenas em alguns minerais encontrados nas
regiões próximas da localidade de Ytterby, na Suécia, tendo a sua sepa-
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Figura 1.1. Esquematização do processo utilizado por Johan Gadolin para a separação
dos componentes de iterbite (gadolinite) e para identificação do ítrio (Serra et al., 2014).
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MINERALOGIA
H
1 s1
No caso da existência de átomos com mais do que um electrão, a
estrutura destes átomos é determinada pelo princípio da exclusão de
Pauli segundo o qual não podem existir num átomo dois electrões que
possuam os mesmos 4 números quânticos. Apenas podem existir 2
electrões por orbital e estes devem ter spins opostos. Dois electrões na
mesma orbital dizem-se emparelhados. O princípio da exclusão de
Pauli é um dos princípios fundamentais da mecânica quântica e Pauli,
um dos fundadores, recebeu o prémio Nobel da Física em 1945.
O átomo mais simples a seguir ao hidrogénio é o hélio, que possui
dois electrões. A configuração electrónica do hélio é a seguinte:
He
1 s2
O princípio da exclusão de Pauli é um dos princípios fundamentais
da mecânica quântica e pode ser testado por simples observação da ex-
periência. Se os dois electrões no hélio tivessem os mesmos quatro nú-
meros quânticos, ou seja, o mesmo spin, o campo magnético total era a
soma devida aos dois electrões. Assim o hélio seria paramagnético.
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MINERALOGIA
Li
1 s2 2 s1
O lítio é paramagnético. Mas porque razão é a orbital 2s de menor
energia que a 2p? Isto deve-se ao facto de a orbital 2p ter menor
densidade electrónica junto ao núcleo, logo não sofre tanto o efeito de
blindagem dos electrões da orbital 1s.
O elemento seguinte, com 4 electrões, é o berílio. A sua
configuração electrónica é a seguinte:
1 s2 2 s2
O berílio é diamagnético, como seria de esperar. O boro tem 5
electrões e é paramagnético:
1 s2 2 s2 2 p1
O néon tem as 3 orbitais p completamente preenchidas:
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Blindagem e Penetração
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Espectroscopia
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Estados de Oxidação
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Propriedades Magnéticas
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- Grupo do cério (La, Ce, Pr, Nd, Sm), sulfatos duplos de elementos
de terras raras insolúveis;
- Grupo do térbio (Eu, Gd, Tb), sulfatos duplos de elementos de
terras raras pouco solúveis;
- Grupo do ítrio (Dy, Ho, Y, Er, Tm, Yb, Lu), sulfatos duplos de
elementos de terras raras solúveis.
Whan and Crosby, em 1962, classificaram as terras raras em três
grupos de acordo com as suas faixas de emissão:
- Emissores fortes, sendo todos esses iões com fluorescência na
região do visível: Sm3+, Eu3+, Tb3+ e Dy3+;
- Emissores fracos na região do infravermelho, devido ao facto dos
níveis electrónicos serem muito próximos uns dos outros fazendo com
que as transições não radioactivas sejam favorecidas: Pr3+, Nd3+, Ho3+,
Er3+, Tm3+ e Yb3+;
- Não exibem fluorescência, porque o seu primeiro nível excitado
encontra-se muito acima dos níveis dos ligantes usados normalmente:
La3+, Gd3+ e Lu3+.
Analisemos, de seguida, algumas das terras raras simplesmente
como exemplo das propriedades e do interesse industrial: lantânio,
cério, praseodímio e o neodímio.
Lantânio
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Cério
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Praseodímio e Neodímio
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Monazite
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Bastnaesite
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Xenótimo
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MONAZITE
BASTNAESITE
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XENÓTIMO
LOPARITE
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MINERALOGIA
Huanghoite BaLn(CO3)2F 38
Kainosite Ca2(Y,Ln)2(Si4O12)CO3H2O 38
Loparite (Ln,Na,Ca)(Ti,Nb)O3 30
Monazite LnPO4 71
Mosandrite (Ca,Na,Ln)12(Ti,Zr)2Si7O31H6F4 <65a
Parisite CaLn2(CO3)2F 64
Samarskite (Ln,U,Ca,Fe,Pb,Th)(Nb,Ta,Ti,Sn)2O6 12
Sinchisite CaLn(CO3)2F 51a
Thalenite Y4Si4O14H2O 63a
Xenótimo YPO4 61a
Yttrotantalite (Fe,Y,U,Ca)(Nb,Ta,Ti,Sn)O4 <24a
Zirconolite CaZrTi2O7 6
Notas: Ln=elementos lantanídeos; a=cálculo estequiométrico de percentagem em óxidos de terras
raras (OTR).
Bibliografia
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65
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
66
2
Génese
____________________________________
A
s fontes de elementos de terras raras são as seguintes:
1. Minerais contendo o ítrio e os lantanídeos pesados (do tér-
bio ao lutécio):
a. Gadolinite: silicato de ítrio, lantânio, neodímio, berilo e ferro;
b. Xenótimo: fosfato de ítrio;
c. Samarskite: óxido de nióbio-tântalo, ítrio e itérbio;
d. Euxenite: óxido de nióbio-tântalo, ítrio, cério e tório;
e. Fergusonite: óxido de nióbio-tântalo, ítrio, cério e lantânio.
O principal depósito contendo ítrio e lantanídeos pesados localiza-
-se no Canadá, no estado de Ontário, onde o ítrio é extraído como sub-
produto de minério de urânio.
2. Minerais contendo lantanídeos leves (do lantânio ao gadolínio):
a. Bastnaesite: combinação de fluoretos e de carbonatos de cério,
lantânio e ítrio;
b. Monazite: fosfato de terras raras e de tório;
c. Loparite: óxido de titânio e cério;
d. Alanite: silicato de ferro, manganês, cério e ítrio.
Os principais depósitos contendo lantanídeos leves localizam-se na
Califórnia e em vários locais da China, onde é extraída a bastnaesite,
na República da África do Sul onde é extraída monazite em pegmatitos
e na península de Kola (Rússia), local de extracção de loparite.
3. Ocorrem retidos na forma iónica em argilas lateríticas (mistura
de óxidos e de silicatos), como nos depósitos de ítrio e de lantanídeos
pesados no sul da China, com um teor de 65% de óxido de ítrio.
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Tipos de Depósitos
Ígneo
Hidrotermal
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Complexos Alcalino-Carbonatíticos
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Rochas Alcalinas
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Sedimentares
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Monazite
A monazite ocorre em variados ambientes geológicos (magmáticos,
metamórficos, hidrotermais e intempéricos), estando distribuída
como mineral acessório em rochas metamórficas de alto e médio graus,
derivadas de sedimentos argilosos, como xistos, gnaisses e migmatitos
das fácies anfibolítico e granulítico. Raramente está presente em calcá-
rios e mármores. Em rochas magmáticas, ocorre em materiais como o
diorito e o granito, além de pegmatitos e de veios de quartzo.
Entre as rochas alcalinas, é encontrada em sienitos nefelínicos e em
pegmatitos. É abundante em carbonatitos e em rochas alcalinas vulcâ-
nicas e em diques. Devido à sua elevada estabilidade química e física, é
concentrada em areias de praia e depósitos de plácer, sendo as areias de
praia o ambiente dos depósitos economicamente mais importantes.
São raras as concentrações de elementos de terras raras de origem
primária. Particularmente para a monazite de carbonatitos, a minerali-
zação por alteração hidrotermal é mais comum.
Os elementos de terras raras presentes na monazite são normal-
mente os elementos do grupo do cério: do lantânio ao európio. Os ele-
mentos mais pesados, a partir do gadolínio, são menos abundantes nes-
tes fosfatos. Monazite com predominância de cério ou de lantânio são
as mais comuns, sendo identificadas em vários ambientes e localiza-
ções geográficas. A monazite proveniente de carbonatitos é ainda mais
enriquecida em elementos de terras raras leves que aquela formada em
rochas graníticas ou pegmatitos graníticos. A menor solubilidade des-
tes elementos, em relação aos elementos de terras raras pesados dos
fluidos mineralizantes, faz com que aqueles entrem preferencialmente
na estrutura da monazite.
A monazite-(Nd) foi encontrada nos Alpes, em bauxites da Grécia
e na Argentina, em carbonatitos. Monazite-(La), -(Ce) e -(Nd) anor-
malmente ricas em Eu foram descritas na Europa, Ásia, América do
Sul e África. Há uma característica neste modo de ocorrência, a cor
cinza, com variações de tom, às vezes referida como cor escura.
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Origem Supergénica
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100 000
Ementos de Terras Raras ppm
10 000
1 000
Mountain Pass
100 Bastnaesite
Bayan Obo
10 minério de elementos
de Terras raras
1
La Ce Pr Nd Pm Sm Eu Gd Th Dy Ho Er Tm Yb Lu
Elementos de Terras Raras
China
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TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
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GÉNESE
Figura 2.6. Proporção dos elementos de terras raras nas argilas provenientes
de Jiangxi, no sul da China.
Austrália
Mount Weld
As reservas de Mount Weld foram estimadas em 12,2 milhões de
toneladas de minério de monazite, com um teor de 9,7% de óxidos de
terras raras. O gráfico da figura 2.7 mostra a proporção dos elementos
de terras raras encontrados na monazite de Mount Weld. A fina
granulação do minério torna difícil o seu tratamento.
Nolans
As reservas do projecto Nolans são estimadas em 30,3 milhões de
toneladas com a um teor de 2,8% de óxidos de terras raras. A
distribuição dos elementos de terras raras encontra-se representada na
figura 2.8.
Outros projectos
Estima-se que o projeto Dubbo Zirconia tenha uma reserva de 73,2
milhões de toneladas de minério com um teor de 0,75% de óxidos.
Além deste projecto, na Austrália está a ser desenvolvido o de
Cummins Range que se encontra no estágio de perfurações.
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Canadá
Projecto de Hoidas Lake
Estima-se uma reserva de minério de terras raras da ordem de 1,4
milhões de toneladas, com um teor de 2,56% de óxidos. A proporção
dos elementos de terras raras encontra-se representada na figura 2.9.
O projeto de Hoidas Lake encontra-se num estágio exploratório
avançado, com alguns testes de produção já realizados. Mas persistem
questões críticas a serem solucionadas, como o dimensionamento da
reserva de minério, o desenvolvimento de um processo de extracção, a
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GÉNESE
Outros projectos
Benjamin River e Douglas River, com elevados teores de elementos
pesados de TR, Eden Lake, Elliot Lake e Zeus.
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TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
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GÉNESE
Deep Sands
Este projeto baseia-se em areias enriquecidas em elementos de terras
raras. Os teores de óxidos de terras raras oscilam entre 0,14% e 0,80%,
os quais, embora baixos, são compensados pelo tipo de material e a
grande quantidade estimada de minério, entre vinte milhões de
toneladas e 120 milhões de toneladas (figura 2.12).
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TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
Outros projetos
O projecto Bokan Mountain exploração terras raras, embora como
objectivo secundário. As reservas são estimadas em 170 milhões de
toneladas de óxidos de elementos de terras raras, maioritariamente
pesados. O projecto Bear Lodge apresenta reserva inferida de 8,9
milhões de toneladas de óxidos com um teor de 4,1%.
Dinamarca (Gronelândia)
O projecto de Kvanefjeld, ainda em fase de pré-viabilidade, possui
reservas indicadas e inferidas de 457 milhões de toneladas com um teor
de 1,07%. Além de elementos de terras raras, pretende-se explorar
urânio e zinco para além de fluoreto de sódio, o que reduzirá os custos
de extração das terras raras. A distribuição do conteúdo de terras raras
encontra-se representada na figura 2.13.
África do Sul
Mina de Steenkampskraal
Trata-se de uma antiga mina de tório que esteve activa entre os anos de
1952 e de 1963. Nos anos 1990, pretendeu-se extrair terras raras, mas
tornou-se inviável por causa dos preços baixos no mercado mundial.
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GÉNESE
Projectos em desenvolvimento
Austrália
Neste país identificam-se três projetos potencialmente produtores, o
de Mount Weld, o de Nolans e o de Dubbo Zirconia. Os dois últimos,
entretanto, apresentam menores possibilidades de desenvolvimento.
Projecto Nolans
Neste projeto, os estudos de pré-viabilidade já foram realizados e a
produção da unidade-piloto já teve o seu início. O projecto implica a
beneficiação da ocorrência conjunta de fosfato, de cloreto de cálcio e
de urânio. Permanecem algumas questões críticas como sejam a
definição das reservas de minério, o desenvolvimento de um processo
de extracção, a conclusão de um estudo de viabilidade, a obtenção das
aprovações para a produção e, finalmente, a obtenção de apoios de
potenciais clientes.
Bibliografia
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TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
96
GÉNESE
97
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
98
GÉNESE
99
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
100
3
Processamento
_________________________________________________________________________
C
omo os depósitos de terras correspondem a certos placers, ou a
certas rochas ígneas, os métodos de extracção mais comuns são
os utilizados para os placers, com exploração a céu aberto. Os
trabalhos subterrâneos são muito raros.
O processamento do minério dos placers inclui uma combinação de
métodos gravíticos, magnéticos e electrostáticos. A extracção a partir
de xenótimo e de monazite inclui a dissolução em soluções concentra-
das ácidas ou básicas quentes.
A produção de qualquer terra rara compreende três processos: be-
neficiação e produção do concentrado; concepção do agente ideal para
o processo de separação subsequente a partir do concentrado; separa-
ção final da mistura de terra rara em componentes individuais. Estes
processos baseiam-se nas diferentes afinidades das terras raras, indivi-
dualmente, para uma solução de elementos de terras raras em água e
em diferentes agentes complexantes num líquido orgânico.
O desenvolvimento de um sistema solvente de extracção (SSE)
adequado é a fase mais importante no processamento. Este sistema
compreende três componentes: um agente de extracção, um modifica-
dor e um diluente. A função do agente de extracção é a formação de
complexos selectivos com as terras raras. Tal agente compreende: áci-
dos, aminas e fosfatos orgânicos. O modificador é aplicado para evitar
a terceira fase líquida e a formação de emulsão e melhorar a taxa de ex-
tracção. O diluente é usado para a obtenção de uma mistura com a fase
aquosa e para dar estabilidade térmica e química ao sistema solvente.
101
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
Etapas de Separação
102
PROCESSAMENTO
Lixiviação
104
PROCESSAMENTO
Métodos de Separação
105
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
Precipitação e Cristalização
106
PROCESSAMENTO
107
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
Troca Iónica
108
PROCESSAMENTO
109
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
110
PROCESSAMENTO
Extracção Solvente
111
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
112
PROCESSAMENTO
113
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
Redução Selectiva
114
PROCESSAMENTO
gamadas’’ como pode ser visto na equação (7). Após essa etapa, o
TR(Hg) é extraído com ácido clorídrico.
Tr(CH3COO)4+3Na(Hg)→Tr(Hg)+3CH3COONa (7)
Outras opções são o uso do amálgama de zinco para a separação de
samário e de európio bem como métodos que envolvem reduções
eletroquímicas selectivas.
115
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
116
PROCESSAMENTO
Bibliografia
117
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
119
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
120
4
Aplicações
____________________________________________________
A
s aplicações mais comuns das terras raras são as seguintes: ímãs
permanentes, circuitos electrónicos, catalisadores de gases de es-
cape, equipamentos de laser, telemóveis, corantes em vidros e em
cerâmicas, lentes de alta refracção, ligas metálicas entre muitas outras,
em geral, sempre relacionadas com aplicações de alta tecnologia. A ta-
bela 4.1 mostra as principais aplicações de cada elemento de terra rara.
Trata-se de uma lista naturalmente muito resumida, mas que dá uma
ideia dos tipos de campos de utilizações das terras raras.
Neste capítulo iremos analisar os principais campos de aplicações
das terras raras, em primeiro lugar incidiremos o estudo sobre cada
uma delas e, em seguida, analisaremos os campos tecnológicos indivi-
dualmente.
Lantânio
Compostos ricos em lantânio têm sido amplamente utilizados como
componentes de catalisadores em craking catalítico, especialmente na
produção de combustível com baixas octanas a partir de petróleo. O
lantânio é utilizado em materiais luminescentes cuja base é o verde de
aluminato (La0,4Ce0,45Tb0,15)PO4. Zirconatos lantanídicos são usados
devido às suas propriedades catalíticas e de condutividade, ao passo
que a zircónia estabilizada com o lantânio possui propriedades
electrónicas e mecânicas úteis. O lantânio é utilizado em cristais de
laser na seguinte composição: ítrio-lantânio-fluoreto (YLF) (Gupta &
Krishnamurthy, 1992).
121
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
122
APLICAÇÕES
Cério
123
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
Praseodímio
124
APLICAÇÕES
Neodímio
126
APLICAÇÕES
Promécio
127
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
Samário
128
APLICAÇÕES
Európio
130
APLICAÇÕES
Gadolínio
O gadolínio é utilizado devido ao seu elevado momento magnético
bem como à sua fosforescência. Apresenta um comportamento mag-
nético muito peculiar que permite formar a base da tecnologia de gra-
vação utilizada no tratamento de dados de computador. Na medicina é
usado como agente de contraste injectável em pacientes submetidos à
ressonância magnética nuclear (RMN) (tabela 4.8).
131
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
Esta terra rara pode ser misturada a metais como o ferro e o crómio
para melhorar a sua manipulação e a resistência a altas temperaturas e
à oxidação. A sua abundância na crusta terrestre é de 6,2 mg/kg e no
oceano é de 7.10-7 mg/l.
Térbio
132
APLICAÇÕES
Disprósio
O disprósio é geralmente usado em ímãs permanentes de alta resis-
tência de neodímio-ferro-boro, sendo estes considerados os ímãs per-
manentes mais fortes do mundo. Soma-se a isso a alta resistência
magnética e o menor peso. São usados em motores para produzir maior
potência e torque com muito menor dimensão e peso (tabela 4.10).
133
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
Hólmio
Érbio
134
APLICAÇÕES
possui uma banda de absorção muito estreita para colorir os sais de ér-
bio de rosa, sendo usado em vidro para lentes e em peças de vidro de-
corativas. Pode neutralizar impurezas descorantes como o ião férrico e
produzir um tom de cinza neutro sendo particularmente útil como um
amplificador para a transferência de dados via fibra óptica. Lasers
baseados em Er:YAG são ideais para aplicações cirúrgicas devido à sua
capacidade de fornecer energia térmica, sem que esta se acumule no
tecido. Esta terra rara também tem sido usada na área nuclear e em
metalurgia. A abundância do érbio na crusta terrestre é de 3,5 mg/kg e
no oceano é de 8,7x10-7 mg/l (tabela 4.12).
135
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
Túlio
Itérbio
137
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
Lutécio
Ítrio
139
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
140
APLICAÇÕES
Escândio
Podemos identificar duas aplicações fundamentais para o escândio.
Em primeiro lugar, devido à sua luminescência e à sua condutividade
eléctrica, o escândio é utilizado em iluminação, em lasers e em equipa-
mentos electrónicos. Em segundo lugar, é utilizado com alumínio para
produzir materiais de alto desempenho na indústria aeroespacial e em
artigos desportivos. A abundância do escândio na crusta terrestre é de
2,2.101 mg/kg e no oceano é de 6.10-7 mg/l (tabelas 4.16 e 4.17).
141
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
Aplicações
As primeiras aplicações demoraram cerca de 100 anos a colocar em prá-
tica após a descoberta das primeiras terras raras. A história industrial
destes elementos iniciou-se com o desenvolvimento, por Carl Auer
von Welsbach, de um dispositivo de muito sucesso na época, que me-
lhorou a iluminação artificial, os lampiões a gás. Welsbach, sabendo
que muitos óxidos brilham fortemente sob aquecimento, tentou en-
contrar os mais adequados que incandesceriam em contacto com a
chama. Após examinar várias misturas de óxidos verificou que o me-
lhor resultado era conseguido pela mistura de 99% de óxido de tório e
de 1% de óxido de cério tendo estas descobertas sido patenteadas em
1895.
Com o fabrico dos lampiões a gás surgiu uma nova indústria quí-
mica de recuperação do tório a partir da monazite e com a recuperação
do tório originou-se um subproduto de material de terras raras: o
misch-metal, com a seguinte composição: La~25%, Ce~50%, Pr~6%,
Nd~15%, Fe~3% e 1% de impurezas como são os casos do silício e do
chumbo.
O mischmetal é uma liga obtida a partir da electrólise da mistura de
terras raras a cerca de 850ºC. O seu ponto de fusão não é muito defi-
nido, mas é na faixa de 800ºC. É um forte redutor comparável ao mag-
nésio, reage com a água quente e também forma oxissulfuretos quando
exposto ao ar. Com o mischmetal aumentaram as aplicações das terras
raras na indústria e até ao início do século XX a utilização das terras
raras era quase exclusivamente como matéria-prima para a produção
de mischmetal. A primeira aplicação do mischmetal foi na produção de
pedras para isqueiro, patenteada em 1903. Devido à quantidade de cé-
rio pirofórico, este material metálico queima rapidamente numa forma
finamente dividida quando é raspado de modo que os fragmentos re-
movidos da superfície são suficientemente aquecidos para incendiar o
gás inflamável. Este princípio foi usado mais tarde para os isqueiros de
charutos e, actualmente, para os isqueiros a gás mais modernos.
142
APLICAÇÕES
Catálise
Até os anos 80 do séc. XX, uma das principais aplicações das terras
raras era na catálise, onde são usadas geralmente na forma de óxidos
porque a sua adição ao material catalítico melhora a actividade,
selectividade e aumenta a estabilidade térmica do mesmo. As terras
raras são usadas no tratamento de emissões gasosas, rejeitos líquidos e,
principalmente, no tratamento de emissões gasosas proveniente do
escape dos automóveis e em processos de craqueamento de petróleo
(estabilização de zeólitos). As propriedades catalíticas dos compostos
de cério têm sido exploradas numa ampla gama de aplicações.
Uma destas aplicações é no uso de compostos à base de cério em
sistemas para depuração de emissões gasosas (catalisadores). Um dos
maiores problemas ambientais nas cidades é a poluição do ar sendo que
a queima de combustíveis fósseis é uma das principais causas desta
poluição. Idealmente, num motor de combustão interna, a queima do
143
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
144
APLICAÇÕES
145
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
146
APLICAÇÕES
147
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
148
APLICAÇÕES
149
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
150
APLICAÇÕES
151
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
Craqueamento de Petróleo
(estabilização de zeólitos)
152
APLICAÇÕES
Indústria do Vidro
153
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
Ímãs Permanentes
154
APLICAÇÕES
Alnicos
Terras Raras
156
APLICAÇÕES
Lâmpadas
157
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
158
APLICAÇÕES
Lâmpadas Fluorescentes
159
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
Lâmpadas LED
161
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
162
APLICAÇÕES
ião Y3+, representado por M3+, é rodeado por seis óxidos localizados nos
vértices de um cubo (figura 4.3).
Tabela 4.19. Valores dos raios iónicos e cristalinos (Å) dos iões de Y3+ e de
Eu3+ com diferentes números de coordenação (Huhhey et al., 1993).
Número Y3+ Eu3+
de Raio Raio Raio Raio
coordenação Iónico Cristalino Iónico Cristalino
VI 1,040 1,04 1,087 1,09
VII 1,100 1,10 1,150 1,15
VIII 1,159 1,16 1,206 1,21
IX 1,215 1,22 1,260 1,26
163
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
164
APLICAÇÕES
165
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
166
APLICAÇÕES
Laser
168
APLICAÇÕES
169
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
Sistemas Biológicos
170
APLICAÇÕES
Imunologia
171
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
172
APLICAÇÕES
173
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
174
APLICAÇÕES
175
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
176
APLICAÇÕES
O níquel pode ser substituído por elementos como Al, Mn, Cr, Fe,
Co, Cu e Si. Na bateria de hidreto metálico de níquel, o eléctrodo ne-
gativo é constituído por uma liga de armazenamento de hidrogénio,
substituindo o cádmio na antiga bateria recarregável composta por Ni-
Cd. Nas baterias de NiMH, uma liga como La0,8Nd0,2Ni2,5Co2,4Si0,1,
La0,8Nd0,2Ni2,5Co2,4Al0,1, MmNi3,55Co0,75 Mn0,4Al0,3 ou MmNi3,5-
Co0,7Al0,8 (Mm=mischmetal) são usadas em substituição a LaNi5.
Carros eléctricos híbridos representam mais da metade do consumo
de baterias NiMH (57%). Cada carro modelo Toyota Prius contém
cerca de 2,5 kg de elementos de terras raras na sua bateria. Baterias de
hidreto metálico de níquel usadas contêm 36%-42% de níquel, 3%-4%
de cobalto e 8%-10% de mischmetal constituído por lantânio, cério,
praseodímio e neodímio (Muller & Friedrich, 2006).
Lâmpadas Iuminescentes
177
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
179
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
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TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
184
5
Mercado
___________________________________________
O
perfil da produção de óxidos de terras raras passou por uma
profunda transformação ao longo dos últimos anos onde se re-
gistou um decréscimo da produção nos EUA e em vários outros
países que foi compensado por um aumento na China, que a guindou
para uma posição dominante no mercado mundial das terras raras
(figura 5.1).
Em forma de esclarecimento, pretendemos neste capítulo tão só
mostrar ao leitor uma fase da evolução do mercado das terras raras e
dos desafios tecnológicos e geopolíticos presentes arriscando os dados
apresentados a estarem desactualizados fruto da dinâmica dos merca-
dos.
Os EUA já foram autossuficientes na produção de terras raras, mas
ao longo dos últimos anos o país tornou-se totalmente dependente de
importações, principalmente da China.
Nos últimos quinze anos, o consumo de terras raras aumentou cerca
de três vezes e novos produtos contendo esses elementos foram intro-
duzidos no mercado em especial no que diz respeito a sectores de ele-
vada tecnologia como são os casos da electrónica.
As actividades de investigação e de desenvolvimento têm contribu-
ído para a expansão do mercado das terras raras, com crescimento de
sectores que eram antes marginais, como, por exemplo, o de células so-
lares e de supercondutores de alta temperatura que irão desempenhar
um papel cada vez mais importante.
185
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
Figura 5.1. Evolução da produção de terras raras desde 1950 até 2009.
186
MERCADO
Preços
Os preços da maioria das terras raras caíram para os seus níveis mais
baixos entre 2002 e 2003, mas, devido em especial ao crescimento
económico ocorrido na China, começaram a crescer gradualmente até
2006. A taxa de aumento acelerou-se a partir desse ano, havendo um
primeiro pico em 2008 e um grande pico de preços em 2011. A tabela
5.2 mostra a evolução dos preços de alguns óxidos de terras raras, com
pureza mínima de 99%, do ano de 2002 até 2013.
Os óxidos de praseodímio e de neodímio, terras raras leves,
apresentaram um aumento de preço superior a 600% entre 2002 e
2008. As terras raras pesadas tornaram-se cada vez mais importantes e
os preços dos óxidos de disprósio e de térbio apresentaram um
aumento de, respectivamente, 500% e 300%.
Os preços dos metais de terras raras são um pouco mais elevados
que os dos seus respectivos óxidos. A tabela 5.3 mostra os preços FOB
na China de alguns metais e de óxidos de terras raras no dia 16 de agosto
de 2011. Os preços correspondem a uma pureza mínima de 99%. Nesse
dia, os preços já estavam bem mais altos que os preços médios
mostrados na tabela 5.3. Em agosto de 2011, o óxido de cério foi
comercializado por cerca de 150 $US por quilo, enquanto o óxido de
európio foi comercializado por 5 880 $US por quilo, o que mostra a
existência de grandes diferenças de preço entre os diferentes
elementos de terras raras.
187
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
Tabela 5.2. Evolução dos preços de alguns óxidos de terras raras (pureza
mínima de 99%).
Ano Preço (US$ por quilograma)
La Ce Nd Pr Sm Dy Eu Tb
2002 2,3 2,3 4,4 3,9 3,0 20,0 240,0 170,0
2003 1,5 1,7 4,4 4,2 2,7 14,6 235,4 170,0
2004 1,6 1,6 5,8 8,0 2,7 30,3 310,5 300,0
2005 1,5 1,4 6,1 7,6 2,6 36,4 286,2 300,0
2006 2,2 1,7 11,1 10,7 2,4 70,4 240,0 434,0
2007 3,4 3,0 30,2 29,1 3,6 89,1 323,9 590,4
2008 8,7 4,6 31,9 29,5 5,2 118,5 481,9 720,8
2009 4,9 3,9 19,1 18,0 3,4 115,7 492,9 361,7
2010 22,4 21,6 49,5 48,0 14,4 231,6 559,8 557,8
Q1 2011 75,9 77,5 130,2 119,7 72,8 412,9 719,2 717,6
Q2 2011 135,0 138,3 256,2 220,1 125,6 921,2 1830,0 1659,0
188
MERCADO
190
MERCADO
Procura
191
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
193
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
195
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
Cadeia Produtiva
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TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
198
MERCADO
Criticalidade
Importações e Exportações
200
MERCADO
Mercados
Catalisador
Em 2008, cerca de 27 400 t de óxidos de terras raras foram consumidas
como catalisadores em craqueamento (72%), nos conversores catalí-
ticos dos veículos automóveis (28%), dos quais o óxido de lantânio
contribuiu com 66%, o óxido de cério com 32%, o óxido de neodímio
201
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
Vidro
Os pós de polimento de vidro contêm terras raras com uma taxa de
participação de óxidos e terras raras que varia entre 66% e 95% com as
seguintes percentagens de participação: óxido de cério (55-99%), óxido
de lantânio (0-35%), óxido de neodímio (0-15%) e óxido de praseo-
dímio (0-5%). Em 2008, 28 400 t de óxidos de terras raras foram
consumidas na indústria do vidro, dos quais o óxido de cério
representou 65%, o óxido de lantânio, 28%, o óxido de praseodímio,
2,4%, outros óxidos, 1,7%, óxido de neodímio, 1,3% e óxido de ítrio,
0,9%.
Metalurgia
Em 2008, cerca de 11 500 t de óxidos de terras raras foram consumidos
em metalurgia, das quais 52% corresponderam ao óxido de cério, 26%
ao óxido de lantânio, 17% ao óxido de neodímio e 5,5% ao óxido de
praseodímio. Em 2008,o sector metalúrgico (excluindo as baterias) foi
responsável por 14% do consumo de óxido de cério, 8,0% por óxido de
neodímio (1 990 t), 7,7% do consumo de óxido de praseodímio (633 t).
Fósforo
Em 2008, cerca de 9 000 t de óxidos de terras raras foram consumidas
no fabrico de fósforos, das quais o óxido de ítrio contribuiu com 69%,
o óxido de cério com 11%, o óxido de lantânio com 8,5%, o óxido de
európio com 4,9%, o óxido de térbio com 4,6% e o óxido de gadolínio
202
MERCADO
Sectores em desenvolvimento
Cerâmicos
Em 2008, cerca de 7 000 t de óxidos de terras raras foram consumidas
no sector da cerâmica, das quais o óxido de ítrio representou 53%, o
óxido de lantânio com 17%, os óxidos de cério e de neodímio, cada um
com 12% e, finalmente, o óxido de praseodímio com 6,0%.
Em 2008, os cerâmicos representaram 32% do consumo de óxido de
ítrio (3 710 t), 4,8% do consumo de óxido de praseodímio (420 t), 3,5%
do consumo de óxido de neodímio (840 t), 3,1% do consumo de óxido
de lantânio (1 1890 t) e 2,0% do consumo de óxido de cério (840 t).
A tecnologia encontra-se disponível para reciclar estes materiais
mas pouca reciclagem ocorre na actualidade porque o custo para
separar os elementos de terra raras é superior que o valor potencial
destes materiais.
Ímãs de Neodímio-Ferro-Boro
Em 2008, 26 300 t de óxidos de terras raras foram usados no fabrico de
ímãs das quais 69% foram da responsabilidade do óxido de neodímio,
23% para o óxido de praseodímio, 5,0% para o óxido de disprósio, 2,0%
para o óxido de gadolínio e 0,2% para o óxido de térbio. Em 2008, o
ímã de ferro-boro-neodímio foi o responsável pelo consumo de 100%
de óxido de disprósio (1 310 t), 76% do consumo de óxido de neodímio
(6 140 t), 69% do consumo de óxido de gadolínio (525 t) e 11% do
consumo de óxido de térbio (53 t).
Baterias
Em 2008, 12 100 t de óxidos de terras raras foram consumidos no
sector das baterias, das quais 50% foram da responsabilidade do óxido
203
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
de lantânio (6 050 t), 33% foram de óxido de cério (4 040 t), 10% para
o óxido de neodímio (1 210 t) e 3,3% para cada um dos óxidos de samário
e de praseodímio (399 t). Em 2008, o sector das baterias foi responsável
por 73% do consumo de óxido de samário (399 t), 16% do consumo de
óxido de lantânio (6 050 t), 10% do consumo de óxido de cério (4 040
t), 5% do consumo de óxido de neodímio (1 210 t) e 4,6% do consumo
de óxido de praseodímio (399 t). Este mercado está quase exclusiva-
mente dedicado às baterias para os veículos automóveis havendo aqui
preocupações perante as previsões de crescimento das vendas destes
tipos de veículos se será suficiente o abastecimento de elementos de
terras raras para satisfazer a crescente procura.
Outras aplicações
As restantes categorias incluem elementos de terras raras nas
aplicações em químicos, em equipamento militar e em satélites. Em
2008, 7 500 t de óxidos de terras raras foram consumidas nesta cate-
goria onde o óxido de cério representou 39% (2 930 t), os óxidos de
lantânio e de ítrio, 19% cada (1 430 t), o óxido de neodímio 15% (1 130 t),
o óxido de praseodímio 4,0% (300 t), o óxido de samário 2,0% (150 t) e
o óxido de gadolínio e restantes óxidos, 1,0% (75 t) cada.
Em 2008, esta categoria foi responsável por 27% do consumo de
óxido de samário (150 t), 14% do consumo de outros óxidos de terras
raras (75t), 12% do consumo de óxido de ítrio (1 430 t), 9,8% do con-
sumo de óxido de gadolínio (76 t), 6,9% do consumo de óxido de cério
(2 930 t), 4,7% do consumo de óxido de neodímio (1 130 t), 3,7% do
consumo de óxido de lantânio (1 430 t) e 3,4% do consumo de óxido de
praseodímio (300t).
Pesquisa e Desenvolvimento
Política de protecção
206
MERCADO
A produção tem sido maior que as cotas. Isso ocorre por causa da
extracção ilegal, particularmente das argilas portadoras de terras raras
adsorvidas sob a forma iónica, encontradas no sul da China. A quota
de produção para 2011 foi de 93,8 mil toneladas, o que representa um
aumento de 5% em relação ao ano de 2010. Além das cotas de produção,
a China também estabeleceu cotas de exportação de terras raras, defi-
nidas anualmente em duas fases e em cotas específicas para produtores
e distribuidores domésticos e para joint ventures, que exportam sob re-
gime de licença. Estas cotas são alocadas para cada empresa.
207
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
208
MERCADO
dos dois países para discutir a questão. O acesso do Japão, dos EUA e
de outros países industrializados às terras raras é vital para as suas eco-
nomias.
209
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
210
MERCADO
212
MERCADO
215
TERRAS RARAS – MINERAIS INDUSTRIAIS
A versão chinesa
216
MERCADO
Entre 2009 e 2011, o preço médio internacional das terras raras multi-
plicou-se por 10 em função de dois factores combinados: o aumento da
procura mundial e as restrições à exportação de terras raras adoptadas
pelo governo chinês. Apesar de as terras raras terem um valor unitário
relativamente alto, o impacto no preço final dos produtos é insignifi-
cante por causa da pequena concentração desses minerais presentes
nos produtos acabados. Ou seja, o impacto dos preços incide directa-
mente e num grau maior na cadeia industrial inicial e não no produto
final.
Com a tecnologia disponível actualmente é possível realizar a reci-
clagem de terras raras, mas a um custo que não é viável economica-
mente. No que se refere à substituição desses minérios por sucedâneos,
todos apresentam um resultado aquém daquele que se obtém com as
terras raras, o que torna os países importadores desses minerais depen-
dentes dos produtores.
Em relatório publicado pelo Congressional Research Service, órgão
ligado ao Congresso dos Estados Unidos, por ser a China responsável
por 97% do fornecimento mundial de terras raras, ela sozinha tem o
controle dos suprimentos cruciais para os sistemas de defesa e para
toda a cadeia produtiva de computadores e tecnologias de energias re-
nováveis dos Estados Unidos. O relatório alerta o Congresso sobre a
redução do fornecimento de terras raras por parte da China, o que teria
implicações negativas na produção de equipamentos de defesa, bem
como na produção de produtos para fins civis.
A Comissão Europeia divulgou um relatório em fevereiro de 2011
intitulado “Tacking the challenges in commodity markets and on raw
materials”, no qual demonstra a sua preocupação com o abastecimento
de matérias-primas no mercado mundial. O relatório lista 14 matérias-
primas, inclusive as terras raras, cujo fornecimento mundial é conside-
rado crítico pela União Europeia.
218
MERCADO
Bibliografia
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Minerals, March, 21.59.
ACORDO GERAL SOBRE TARIFAS ADUANEIRAS E COMÉRCIO 1947
(GATT). Disponível em: <http://www.fazenda.gov.br/sain/sobre
_sain/copol/acordo _gatts.pdf>.
ALL Change. The Economist, London, Dec, 10, 2011. <http://www.
economist.com/node/21541448.
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MERCADO
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