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Teste formativo

(alunos ao abrigo do Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro)

Grupo I (100 pontos)


GRUPOI
A
Lê o texto.

Agora que veio o tempo da Páscoa, o governo mandou distribuir


por todo o país bodo geral, assim reunindo a lembrança católica dos
padecimentos1 e triunfos de Nosso Senhor às satisfações temporárias do
estômago protestativo2. Os pobrezinhos fazem bicha nem sempre
5 paciente às portas das juntas de freguesia e das misericórdias, e já se fala
que para os finais de maio se dará uma brilhante festa no campo do
Jockey Club a favor dos sinistrados das inundações do Ribatejo, esses
infelizes que andam de fundilhos molhados há tantos meses, formou-se a
comissão patrocinadora com o que temos de melhor no highlife3, senhoras
10 e senhores que são ornamento da nossa melhor sociedade, podemos
avaliar pelos nomes, qual deles o mais resplandecente em qualidades
morais e bens de qualidade […].
Ricardo Reis vai-se informando, toma nota destas receitas úteis,
não é como o governo, que insiste em fatigar os olhos nas entrelinhas e
15 nas adversativas, perdendo o certo pelo duvidoso. Se a manhã está
agradável sai de casa, um pouco soturna4 apesar dos cuidados e desvelos
de Lídia, para ler os jornais à luz clara do dia, sentado ao sol, sob o vulto
protetor de Adamastor, já se viu que Luís de Camões exagerou muito,
este rosto carregado, a barba esquálida5, os olhos encovados, a postura
20 nem medida nem má, é puro sofrimento amoroso o que atormenta o
estupendo gigante, quer ele lá saber se passam ou não passam o cabo as
portuguesas naus. Olhando o rio refulgente, Ricardo Reis lembra-se de
dois versos duma antiga quadra popular, Da janela do meu quarto vejo
saltar a tainha6, todas aquelas cintilações da onda são peixes que saltam,
25 irrequietos, embriagados de luz, é bem verdade que são belos todos os
corpos que saem rápidos ou vagarosos da água, a escorrer, como Lídia
no outro dia, ao alcance das mãos, ou estes peixes que nem os olhos
veem.
SARAMAGO, José (2016). O Ano da Morte de Ricardo Reis. Porto: Porto Editora, pp. 306-308 [com supressões].

Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas aos itens seguintes.


1. Identifica os eventos criados pelo governo e pelas classes mais favorecidas
para o povo. (10 pontos)
1.1. Explicita as intenções dessa forma de atuação face ao povo. (10 pontos)
2. Transcreve do texto um exemplo de intertextualidade, identificando o texto
convocado. (10 pontos)
2.1. Comenta o seu valor expressivo. (10 pontos)

3. Atenta na expressão “como Lídia no outro dia” (l. 26-27),


3.1. Explicita a comparação presente na recordação de Ricardo Reis. (20 pontos)

Encontros • Português, 12.º ano © Porto Editora


B
Lê as duas primeiras estrofes do poema “Cristalizações”, de Cesário Verde.

Faz frio. Mas, depois duns dias de aguaceiros,


Vibra uma imensa claridade crua.
De cócoras, em linha, os calceteiros,
Com lentidão, terrosos e grosseiros,
Calçam de lado a lado a longa rua.

Como as elevações secaram do relento,


E o descoberto sol abafa e cria!
A frialdade exige o movimento;
E as poças de água, como em chão vidrento,
Refletem a molhada casaria.

VERDE, Cesário (2015). O Livro de Cesário Verde (uma seleção). Porto: Porto Editora, p. 34.

4. Explicita a forma como as figuras humanas representadas são caracterizadas


pelo sujeito poético. (20 pontos)
5. Explicita de que forma a obra O Ano da Morte de Ricardo Reis estabelece
relações de intertextualidade com a poesia de Cesário Verde. (20 pontos)

Grupo II (50 pontos)


GRUPOI
RUP
Lê o texto.
Quando a guerra civil de Espanha começou, eu já trocara o Liceu Gil Vicente
pela Escola Industrial de Afonso Domingues, ali a Xabregas, e fazia os possíveis por
aprender, a par do Português, da Matemática, da Física, da Química, do Desenho
de Máquinas, da Mecânica e da História, também algum francês e alguma literatura
5 (naquele tempo, pasme-se, ensinava-se francês e literatura numa escola
industrial…), e, enfim, que para isso é que eu lá ia, penetrar, aos poucos e poucos,
nos mistérios da profissão de serralheiro mecânico. Lia na imprensa que aos
combatentes de um lado se dava o nome de vermelhos e que aos outros os
devíamos conhecer por nacionalistas, e como os jornais iam dando notícia das
10 batalhas, com mapas algumas vezes, resolvi, como contei atrás, ter o meu próprio
mapa, no qual, conforme o resultado dos combates, ia espetando bandeirinhas de
cores diferentes, creio que vermelhas e amarelas, graças às quais julgava estar
acompanhando, para usar a expressão consagrada, o desenrolar das operações.
Até ao dia, que cedo foi, em que percebi que andava a ser ludibriado pelos militares
15 reformados que se empregavam na tarefa de censurar a imprensa, fazendo suas,
respeitosamente, a mão de ferro e a luva de veludo. Vitórias, só as de Franco,
decidiam eles. O mapa foi lançado ao lixo, as bandeiras perderam-se. E esta foi,
provavelmente, uma das razões por que, mandado com os meus colegas ao Liceu
de Camões, onde se faria distribuição das fardas verdes e castanhas da Mocidade
20 Portuguesa, arranjei maneira de nunca sair do fim da fila que se prolongou até à rua,
e ainda lá estava quando um graduado (assim lhe chamavam) veio avisar que se
tinham acabado os fardamentos. Houve nas semanas seguintes mais umas quantas
distribuições de barretes, camisas e calções, mas eu, com alguns outros, sempre fui
de civil às formaturas, contrariadíssimo nas marchas, inabilíssimo no manejo de
25 arma, perigosíssimo no tiro ao alvo. O meu destino não era aquele.

Encontros • Português, 12.º ano © Porto Editora


SARAMAGO, José (2014). As Pequenas Memórias. Porto: Porto Editora, pp. 125-126.

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta.

1. O texto é marcado por um tom (5 pontos)


(A) argumentativo.
(B) sarcástico.
(C) retrospetivo.

2. Ao longo do texto, o único subtema que não se desenvolve é (5 pontos)


(A) o Liceu de Camões.
(B) o ensino técnico.
(C) a Mocidade Portuguesa.

3. A forma verbal “trocara” (l. 1) marca uma relação de (5 pontos)


(A) anterioridade face a “começou” (l. 1).
(B) simultaneidade face a “começou” (l. 1).
(C) posterioridade face a “fazia” (l. 2).

4. Com a expressão “(naquele tempo, pasme-se, ensinava-se francês e


literatura numa escola industrial…)” (ll. 5-6), Saramago critica (5 pontos)
(A) o ensino antigo.
(B) os preconceitos sobre o ensino.
(C) as escolas industriais.

5. De acordo com o memorialista, a imprensa da época (5 pontos)


(A) manipulava a opinião pública.
(B) informava de forma objetiva.
(C) privilegiava as notícias internacionais.

6. O uso de parêntesis na linha 21 delimita (5 pontos)


(A) o discurso direto.
(B) um juízo de valor explícito.
(C) uma explicação adicional.

7. Nas linhas 24 e 25, o grau superlativo absoluto sintético é utilizado com uma
intenção comunicativa predominantemente (5 pontos)
(A) metafórica.
(B) hiperbólica.
(C) irónica.

8. Indica o referente do pronome “isso” (l. 6). (5 pontos)


9. Indica o valor da oração subordinada adjetiva relativa presente na linha 14.
(5 pontos)

10. Identifica a função sintática do constituinte frásico “no manejo de arma”


(ll. 24-25). (5 pontos)
GRUPOI

Encontros • Português, 12.º ano © Porto Editora


Grupo III (50 pontos)

1. Redige um texto de opinião (de cento e cinquenta a duzentas palavras) sobre


a missão e características que a imprensa deve assumir no mundo atual.

Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em
branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta
como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2016/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – um mínimo de cento e cinquenta e um
máximo de duzentas palavras –, há que atender ao seguinte: um desvio dos limites de extensão
indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido; um texto com extensão
inferior a oitenta palavras
é classificado com zero pontos.

Encontros • Português, 12.º ano © Porto Editora

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