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A Pobreza em Espírito Segundo Santo Agostinho


Categoria : Doctor Ecclesiæ
Publicado por Izabel em 01/5/2008

Por Izabel Ribeiro Filippi

"Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus" (Mt 5,3). Tão belas,
mas também tão deturpadas palavras! Em dias onde, por um lado, o homem comete atrocidades
para preservar suas riquezas e poder e, por outro, adeptos de ideologias comunistas e socialistas
atacam ferozmente a posse de bens particulares e a propriedade privada, cabe ao cristão buscar,
junto da Igreja, a verdadeira beleza que contêm estas palavras de Cristo no Sermão da Montanha.

A Tradição da Igreja é riquíssima ao tratar da pobreza em espírito a qual Jesus se referiu, e


podemos encontrar nas obras de Santo Agostinho, Bispo de Hipona e Doutor da Igreja, uma
demonstração concreta da verdadeira interpretação desta passagem que nos trazem as Sagradas
Escrituras, bem como a posição da Igreja sobre a licitude dos bens materiais que o homem tem à
sua disposição.

Assim, Santo Agostinho, como a Igreja, não condena qualquer bem ou riqueza que o homem possa
vir a ter. Muito pelo contrário, diz ser impossível que algo material, por si só, possa ser mal. De fato,
em si mesmos, eles não são nem bons nem maus; a diferença está em quem os usa e na forma
com que os usa: “é evidente ser preciso não censurar o objeto do qual se usa mal, mas sim
a pessoa que dele mal de serviu” (AGOSTINHO, Santo: O livre-arbítrio. São Paulo: Paulus,
1995. p. 67 e 68). Afirmando isto, nega ele todas as insanas ideologias que colocam nos bens
materiais um mau que não lhes pode ser imputado.

Mas, então, qual seria a forma pela qual uma pessoa serve-se mal destes bens? Diz Santo
Agostinho: “quem se serve mal é aquele que se apega a tais bens de maneira a se
embaraçar com eles, amando-os demasiadamente. Com efeito, submete-se àqueles mesmos bens
que lhe deveriam estar submissos” (AGOSTINHO, Santo: O livre-arbítrio. São Paulo: Paulus,
1995. p. 67). Percebe-se, com isso, que utilizar-se indignamente dos bens não significa apenas
tê-los, ou tê-los em abundância, mas, tendo-os ou não, apegar-se a eles e submeter-se a algo que
não é superior a si mesmo. De que adiantará alguém não ter muitas riquezas, mas viver amargurado
por não tê-las, como se fossem elas o objetivo de sua existência, ou ainda cobiçando as de outros
irmãos, achando ser injusto que outros tenham algo que ele gostaria de ter e não tem, por vezes
chegando a desejar que o outros não tenha nada, para que se iguale à sua situação? Este, ainda
que pobre materialmente, não pode ser considerado pobre em espírito.

“Quem se serve dessas coisas de modo ordenado mostra que elas são boas, não para si,
pois elas não o tornam nem bom nem melhor, mas antes ele mesmo que as torna melhores. Por
isso, ele não as ama até se deixar prender e não faz delas como se fossem membros de sua própria
alma – o que seria feito, caso as amasse a ponto de recear que elas, vindo a lhe faltar, lhe
fossem como cruéis e dolorosos ferimentos. Mas se ele se mantiver acima destas coisas, pronto a
possuí-las e governá-las, caso seja preciso, e mais ainda, pronto a perdê-las ou a se passar delas.
Visto que assim é, crês que seria preciso condenar o ouro ou a prata por causa dos

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avarentos?” (AGOSTINHO, Santo: O livre-arbítrio. São Paulo: Paulus, 1995. p. 67). Não
considerando as coisas por elas mesmas, mas conforme são utilizadas, Santo Agostinho nos ensina
a verdadeira postura cristã ante os bens que possam advir: estar pronto a possuí-los e governá-los,
jamais fazendo-se escravo deles. Ao cristão cabe utilizar os bens materiais ordenadamente, fazendo
deles meios com os quais pode atingir objetivos maiores: o sustento próprio e da família, a
manutenção do trabalho ou negócio, a cooperação com uma nação mais próspera, a ajuda aos
irmãos mais necessitados, à Igreja e obras de evangelização, dentre outros tantos fins nobres que
podem ter os recursos financeiros. "Nada mais me interessa delas (das riquezas) senão, se
acontecer que eu chegue a possuí-las, apenas o necessário sustento e o seu uso liberal. [...] as
riquezas não devem ser de modo algum ambiocionadas, mas sim, se advierem, devem ser
administradas com muita retidão e cautela" (AGOSTINHO, Santo: Solilóquios. São Paulo: Paulus,
1998. Cap. X).

Por não ambicionar riquezas devemos entender não querê-las desordenadamente, ou seja,
desejá-las acima dos bens eternos. Não é ambicioso aquele que deseja ter um bom emprego, uma
renda digna, propriedades, negócio próprio, mas sim aquele que não vê estas coisas todas como
meios de santificação própria e alheia, bem como meio para construção de uma sociedade mais
católica. Neste sentido, na obra a qual comenta o Sermão da Montanha, Santo Agostinho relata
diversas passagem bíblicas onde os apóstolos e as primeiras comunidades cristãs faziam reservas
de dinheiro e alimento (Cf. 1Cor 16,1-8; At 11,27-30. At 28,10), assim como o próprio Cristo, que
tinha consigo uma bolsa de dinheiro para suprir as necessidades suas e dos discípulos (Cf. Jo 12,6).

“É verdade que alguns, por não compreenderem o sentido das palavras, julgam haver aí
uma transgressão daquele preceito do Senhor: ‘Olhai as aves do céu: não semeiam nem
colhem nem ajuntam em celeiros. Aprendei dos lírios do campo como crescem, e não se matam de
trabalhar e fiar’ (Mt 6,26-28), já que o Apóstolo mandou aos fiéis que trabalhassem com
suas próprias mãos, de modo a ter com que subsistir e também auxiliar os outros (1Ts 2,9). [...] Por
essas várias passagens das Escrituras e muitas outras do mesmo gênero, vê-se com suficiente
clareza que nosso Senhor não desaprovou o esforço de se procurar recursos ou socorros
com os meios humanos. Reprovou, sim, o fato de servirem a Deus para obterem tais
vantagens temporais” (AGOSTINHO, Santo: O Sermão da Montanha. São Paulo: Edições
Paulinas, 1992. p. 153). Eis mais um grande ensinamento de Santo Agostinho: Cristo não proibiu ao
homem de preocupar-se com o que haveria de comer ou vestir no dia seguinte, ao dizer que a cada
dia bastava o seu cuidado (Cf. Mt 6,34); o que condenou foi a atitude do homem que busca a Deus
apenas para obter bens materiais. Há aí uma clara inversão: nós é que devemos servir a Deus, pois
Ele é o único Senhor, jamais esperar que Deus se fará nosso servo e nos enriquecerá com uma boa
situação financeira, chegando inclusive a achar que a pobreza é castigo de Deus e a riqueza
recompensa para os que cumprem os mandamentos. Quem busca a Deus tendo em vista bens
temporais, que é o propósito daqueles que seguem a hoje tão conhecida teologia da prosperidade,
em verdade já tem sua recompensa aqui neste mundo. A recompensa maior, que são os bens
eternos, estes dificilmente encontrarão, se não se voltarem para Deus e se fizerem pobres de
coração. Se assim fizermos, diz Santo Agostinho que “ainda que alguma vez venha a nos
faltar os recursos materiais – o que Deus permite por vezes para nos provar –, não
será enfraquecido, porém, o nosso ideal, mas antes exercitado e provado, e sairá até
robustecido” (AGOSTINHO, Santo: O Sermão da Montanha. São Paulo: Edições Paulinas,
1992. p. 154).

“Por conseguinte, todo esse preceito reduz-se à seguinte regra: na provisão das coisas

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materiais, não percamos de vista o Reino de Deus; e ao lutar pelo Reino, não nos proponhamos
como fim as coisas temporais” (AGOSTINHO, Santo: O Sermão da Montanha. São Paulo:
Edições Paulinas, 1992. p. 154). Eis o verdadeiro pobre em espírito: aquele que luta pelo Reino de
Deus e não retira seus olhos dos Céus ao trabalhar pelo pão de cada dia, não coloca sua segurança
em coisas passageiras nem as cobiça.

Indo além, Santo Agostinho nos oferece uma visão ainda mais profunda desta bem-aventurança.
Numa bela explicação, que vai às raízes das palavras utilizadas por Cristo, chama aos humildes,
que não são cheios de si e submetem-se à divina autoridade, de pobres em espírito: “Ora,
presunção de espírito quer dizer orgulho e arrogância. Assim é dito, freqüentemente, dos orgulhosos
que tão cheios de si. Com razão, pois, a palavra ‘espírito’ também significa vento. De
fato, está escrito: ‘O fogo, o granizo, a neve, a geada, o vento (spiritus) das
tempestades’ (SI 148,8). Na verdade, quem ignora que se diz dos soberbos, que eles estão
inchados como se estivessem cheios de vento? Isso levou o Apóstolo a dizer: ‘A ciência
incha; é a caridade que edifica’ (1 Cor 8,1). Logo, com razão se estende aqui que são
pobres de espírito, os humildes e tementes a Deus, isto é, os desprovidos de todo espírito
que incha” (AGOSTINHO, Santo: O Sermão da Montanha. São Paulo: Edições Paulinas,
1992. p. 25).

Santo Agostinho, em toda sua obra, é claro ao demonstrar qual libertação Cristo veio dar ao homem:
a do pecado. Quando o homem liberta-se do mal, unindo-se à Cristo através de sua Igreja, tem
como objetivo principal os bens eternos. Os bens temporais foram concedidos aos homens para que
os governassem e se utilizassem deles para melhor servir a Deus, e por Deus aos homens.
Seguindo esta ordem, poderá o cristão viver a verdadeira caridade, buscando incessantemente ser
justo consigo e com o próximo, a fim de estar sempre correto na presença de Deus, seu Amado.
Será pobre em espírito o que não der aos bens materiais importância maior que ao Bem divino, e se
fizer servo e humilde, submetendo-se unicamente ao Senhor, Aquele que criou e tem poder sobre
todas as coisas.

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Para citar:

FILIPPI, Izabel Ribeiro. Apostolado Sociedade Católica: A Pobreza em Espírito Segundo Santo
Agostinho. Disponível em:
http://www.sociedadecatolica.com.br/modules/smartsection/item.php?itemid=221 desde 01/05/08

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