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UFMG Fair: Teaching-Research-Extension in the Construction of

Agroecology and the Popular and Solidarity Economy in the Metropolitan


Region of Belo Horizonte

Feira da UFMG: Ensino-Pesquisa-Extensão na Construção da Agroecologia


e da Economia Popular e Solidária na Região Metropolitana de Belo
Horizonte
Ana Carolina Figueiredo Silva1, Gabriel Mattos Ornelas2, Fernanda Louro de Souza³ e Diana
Nascimento Rodrigues4
1
Graduanda em Geografia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e membra do AUÊ! - Estudos
em Agricultura Urbana do Instituto de Geociências - IGC da UFMG, carolfigueiredos@gmail.com
2
Graduando em Gestão Pública pela UFMG e membro do AUÊ! - IGC/UFMG, gabriellornelas@gmail.com
3
Departamento de Gestão Ambiental da UFMG, flsouza@ufmg.br, membro do Grupo Aroeira - Agroecologia
Urbana
4
Nutricionista formada pela UFMG e membra do AUÊ! - IGC/UFMG, diananasro1@gmail.com

Resumo Este trabalho sistematiza a experiência da “Feira Agroecológica, Popular e Solidária”, popularmente
Feira da UFMG, criada através da articulação entre o Departamento de Gestão Ambiental e os grupos Estudos
em Agricultura Urbana (AUÊ!) e Colmeia Solidária, articulando valores e práticas da Agroecologia e da
Economia Popular e Solidária. As feiras constituem espaços de grande importância sociocultural, para além das
transações comerciais, permitindo troca de saberes e preservação da diversidade cultural popular e alimentar
local. Ademais, a pesquisa-ensino-extensão focada na agroecologia é essencial para a formação das/os feirantes e
da comunidade universitária. Tem-se como metodologia estruturante a pesquisa-ação, considerando-se a
participação coletiva. Sua construção foi realizada em conjunto com as/os feirantes, em reuniões de avaliação e
monitoramento. Desde 2016 realizaram-se dezesseis feiras, mensalmente em 2017 e quinzenalmente em 2018. A
visibilidade e alcance dessa iniciativa permitiu consolidar um Projeto de Pesquisa e Extensão. Paralelamente,
iniciou-se a caracterização e mapeamento das/os produtoras/es e a construção do Sistema Participativo de
Garantia da RMBH, um dos critérios de participação, visando a Soberania e a Segurança Alimentar e
Nutricional. As redes sociais/acadêmicas têm papel formativo das/os produtoras/es e consumidoras/es, a partir de
atividades educativas realizadas durante a feira. A Feira da UFMG propicia a geração de trabalho e o aumento da
renda para as/os produtoras/es, comercializando grande diversidade de alimentos in natura e beneficiados,
criando circuitos curtos de produção e consumo e espaços para a construção do conhecimento e para a transição
agroecológica na RMBH.

Palavras-chave: Extensão Universitária; Agroecologia; Feiras; Sistema Participativo de Garantia.

Introdução

Atualmente, a questão agrícola é um dos grandes desafios das metrópoles. A importância de


garantir e promover a produção, oferta e acesso a alimentos saudáveis tem ganhado
visibilidade no cenário nacional e internacional. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte
(RMBH) existe uma intensa mobilização da sociedade civil para o fortalecimento das
experiências de agricultura que existem nas áreas rurais e urbanas, além da incidência em
processos sociopolíticos com o objetivo de ampliar e fomentar a produção de alimentos de
base agroecológica (ALMEIDA, 2016; ORNELAS, 2017).

A agroecologia pode ser compreendida a partir do conjunto de princípios, práticas e processos


aplicados aos agroecossistemas para a reestruturação do sistema agroalimentar com base em
princípios de sustentabilidade e justiça social. De acordo com a Associação Brasileira de
Agroecologia (ABA), ‘estas mudanças envolvem não apenas transformações tecnológicas na
agricultura, mas buscam também orientar um movimento mais amplo de reorganização dos
processos sociais e ecológicos relacionados à produção e ao consumo de alimentos a partir de
um enfoque agroecológico (2017, p. 1)”.

Além disso, as/os agricultoras/es e produtoras/es de alimentos agroecológicos na RMBH


enfrentam diversos desafios, dentre eles o escoamento da produção, tanto por questões
logísticas como pela ausência de políticas públicas que fomentem a comercialização. De
acordo com Gliessman (2000), “se a agricultura como um todo deve tornar-se
verdadeiramente sustentável, todos os aspectos da produção, distribuição, e consumo de
alimentos precisam estar incluídos nesse quadro”. Portanto, as feiras agroecológicas
apresentam-se como uma alternativa para a construção social de mercados e para o
fortalecimento da agroecologia. Ademais, são elas nas metrópoles que possuem grande
importância econômica e sociocultural, pois tornam-se um espaço de encontro para além das
transações comerciais, permitindo a interação entre as pessoas, a troca de saberes e a
preservação da diversidade da cultura popular e alimentar local (LUCAS, 2016).

Nesse contexto, este trabalho visa sistematizar a experiência da “Feira Agroecológica,


Popular e Solidária”, mais conhecida como Feira da UFMG - Universidade Federal de Minas
Gerais. Inicialmente, será apresentado a trajetória do processo de construção da feira através
da articulação entre o Departamento de Gestão Ambiental da Pró Reitoria de Administração -
DGA, o AUÊ! - Estudos em Agricultura Urbana do Instituto de Geociência e o grupo
Colmeia Solidária da Faculdade de Ciências Econômicas (Colméia). Na próxima seção, serão
analisados os resultados após a consolidação de uma feira quinzenal constituída pelos valores
e práticas da Agroecologia com a Economia Popular e Solidária. Ademais, ressaltar-se-á os
desdobramentos da feira a partir do envolvimento com outros atores da RMBH para dar início
ao Sistema Participativo de Garantia - SPG Metropolitano. Por fim, destacar-se-á a
importância da feira que atende à comunidade interna e externa da universidade, além de
incentivar a recomposição dos sistemas agroalimentares na RMBH, bem como a transição
agroecológica e a efetivação do Direito Humano à Alimentação Adequada - DHAA.

Processo de construção coletiva da feira

Em 2016, um dos eixos temáticos da IV Semana do Meio Ambiente da UFMG foi a


Agroecologia. Esse evento é promovido anualmente pelo DGA com o objetivo de fomentar
reflexões acerca das questões socioambientais na comunidade universitária. A temática da
agroecologia foi destacado através de uma roda de conversa, uma exposição interativa e uma
pequena feira de produtos agroecológicos, que viria a ser o embrião da Feira da UFMG.
Participaram dela seis grupos produtores de quatro municípios do estado de Minas Gerais,
comercializando alimentos in natura e produtos beneficiados. As vendas dos expositores
superaram as expectativas e o público da Universidade mostrou-se muito interessado em
conhecer o modo de produção dos alimentos, no debate sobre o modelo convencional, o
agronegócio e suas consequências ambientais e sociais, e a Agroecologia como contraponto,
de maneira geral.

A repercussão desta primeira feira levou ao convite, por parte da administração da


Universidade, para a realização de uma segunda edição, desta vez integrando a programação
da Semana do Conhecimento. Dessa forma, com maior apoio institucional, a segunda edição
da feira contou com 28 produtores da RMBH, uma maior diversidade de produtos e um
incremento na sua divulgação nas mídias da Universidade.

Essas duas primeiras edições da feira confirmaram a potencialidade do campus Pampulha não
apenas como ponto de comercialização dos produtos, mas também de fomento às discussões
sobre a Agroecologia e a Economia Popular Solidária. Logo, a Feira poderia ser um espaço de
confluência, integração da administração central e grupos de estudo e iniciativas semelhantes
dispersos pela Universidade. Ao mesmo tempo, atendendo ao interesse da comunidade
universitária em adquirir produtos sem agrotóxicos, agregando produtores interessados e
promovendo debates, oficinas e cursos com temas de todos esses segmentos. Nesse sentido,
baseados no interesse comum da construção de um espaço formativo e de comercialização
fundamentado nos princípios da Economia Popular Solidária e da Agroecologia, a partir de
2017 os grupos da UFMG AUÊ!, Colméia e o DGA iniciaram reuniões periódicas para
articulação e construção coletiva da feira.

A pesquisa-ação é metodologia estruturante de organização da feira, possibilitando a geração


de conhecimentos articulados com a mudança sociopolítica, considerando-se a participação
coletiva. A construção da feira foi realizada em conjunto com as/os feirantes em todos os
processos de maneira horizontal, por meio de reuniões de avaliação e monitoramento (Ver
Figura 1). Além disso, a indissociabilidade entre pesquisa-ensino-extensão com foco na
agroecologia (UFRPE, 2013) possibilita a formação das/os feirantes e da comunidade
universitária a partir de um enfoque nas especificidades, diversidade e complexidade das
experiências de produção, valorizando a troca de saberes, conhecimentos e práticas coletivas
para transformação cultural, econômica e sociocultural. Desde então realizaram-se onze
feiras, com periodicidade mensal no ano de 2017 e quinzenal em 2018.

Figura 1 - Reunião realizada entre feirantes e a comissão de organização na Arena da Faculdade de


Filosofia e Ciências Humanas da UFMG.

Fonte: Marina Araújo, Grupo FotoGrafias


Ao longo desses encontros, foram abordados: os objetivos da feira para promoção da
Agroecologia e da Economia Popular Solidária; estreitamento dos laços entre a comunidade
externa e a comunidade universitária e também dentro desta; realização de ações de extensão,
conforme previsto no Regimento Interno da UFMG; os critérios para participação das/os
feirantes; a importância das atividades educativas, configurando-se a feira como espaço
formativo, de troca e difusão de saberes acadêmicos e populares; bem como a sua
institucionalização.

Dessa maneira, foram convidadas outras instituições para se tornarem parceiras dessa
empreitada, como a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais -
EMATER-MG e a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte - PBH. Consequentemente, em
agosto de 2017, foi realizada uma reunião com a presença dos grupos, instituições públicas e
dos produtores que já participavam das edições anteriores da feira para decidir em comum
acordo a criação da feira mensal na UFMG, antes mesmo das/os produtoras/es realizarem a
transição agroecológica.

No segundo semestre de 2017, a feira voltou a ocorrer na praça de serviços, espaço de grande
circulação e visibilidade dentro do campus Pampulha da UFMG. A organização buscou
salientar o caráter educativo da feira, realizando em cada edição ao menos uma oficina, roda
de conversa ou seminário, gratuitos e abertos à todos os interessados. Essas atividades eram
preferencialmente conduzidas por algum das/os feirantes, dos grupos da organização ou por
parceiros, efetivando a troca de saberes dentre os segmentos envolvidos e sua democratização.
Alguns dos temas abordados nessas ações foram: agroecologia e construção social de
mercados, mercado justo e solidário, sementes nativas e crioulas, certificação de produtos
orgânicos, construção de horta caseira, construção de minhocário doméstico e preparo de
chás.

Durante todo o ano de 2017, foram realizadas cinco edições mensais da feira, nos meses de
junho e de setembro a dezembro. A adesão da comunidade universitária às atividades
propostas na programação, o interesse despertado pela feira dentro da universidade e
principalmente as vendas dos produtos, que excediam as expectativas das/os feirantes,
indicavam a consolidação da Feira no campus, motivando a sua realização de forma mais
frequente, e ao mesmo tempo com a fidelização do público. Assim, no final de 2017, decidiu-
se em assembleia com a organização e as/os feirantes a realização quinzenal da Feira no ano
seguinte. Já em 2018, a Feira, foi consolidada como um projeto de extensão na universidade,
com uma bolsista fomentada pela Pró-reitoria de Extensão da UFMG - PROEX. Assim,
voltou a ser realizada em março, seguindo o calendário acadêmico. Até o presente momento
(início de agosto de 2018) já foram realizadas nove edições. As atividades educativas
continuam constando da programação: cosméticos naturais, feminismo e agroecologia, troca
de sementes, vasos autoirrigáveis, produção de sabão a partir de óleo de cozinha usado,
economia popular solidária além da origem dos produtos da feira foram alguns dos temas.

A caracterização das/os feirantes

Foi realizado um cadastro de participação com as/os feirantes, aplicado pessoalmente pela
equipe de organização da feira e posteriormente enviado um formulário de cadastramento
para todos os produtores para maior alcance e informações. Com tais dados foi possível fazer
a caracterização dos produtores da feira. Ao todo são 34 feirantes, com idade entre 27 e 66
anos, com média de 46 anos, sendo 50% mulheres. Dos produtores 100% deles residem na
RMBH e/ou no colar metropolitano, sendo os municípios Sabará, Confins, Santana do
Riacho, Ribeirão das Neves, Itabirito, Lagoa Santa, Contagem, Caeté, Rio Acima e Nova
União, dos 41% residentes de Belo Horizonte, dois são moradores do Aglomerado da Serra
em Belo Horizonte. Isso indica uma maior porcentagem de agricultoras/es urbanos, já que a
capital mineira não possui área rural. Segue abaixo na Figura 2 a porcentagem de produtores
por cidades da RMBH:

Figura 2 - Porcentagem dos produtores por cidades da RMBH

Além disso, foi observado que de 40% dos lares dos produtores são chefiados por mulheres e
35% não possuem casa própria. Ademais, a feira da UFMG é a principal fonte de renda para
40% dos produtores, sendo que 87% deles participam de outras feiras, dentre elas Terra Viva
(15%) e Raízes do campo (6%). Trinta e cinco por cento dos produtores já estão participando
de algum Fórum de Economia Solidária e 40% fazem parte de algum núcleo do SPG
Metropolitano.

Ainda, os produtos vendidos na feira atualmente são colares difusores feitos com
reaproveitamento de madeira e sementes com técnicas de mosaico e incrustação, óleos
essenciais cosméticos naturais, hortifrutigranjeiro nas suas mais variadas qualidades, pães de
fermentação natural, bolos, geleias, conservas, caponatas, doces caseiros, temperos naturais,
ervas medicinais, grãos em sua enorme variedade, cogumelos, produtos veganos e
vegetarianos, mel e seus subprodutos, Composteiras, composto, mudas entre outros produtos
agroecológico ou em transição agroecológica, sendo que 54% dos produtores produzindo sua
própria matéria-prima.

O número de pessoas na família varia entre 5 e 2 pessoas, e o número de filhos de 0 a 3. Dos


produtores 70% relatam terem a ajuda de outros membros de sua família na produção e venda
de seus produtos. Alguns desses produtores iniciaram sua produção para consumo próprio ou
ou mesmo pelo “sonho de trabalhar com a terra e viver em harmonia com os animais e
plantas, compartilhando com eles, os alimentos que são produzidos” como relatado pelo
feirante Denilson

Análise dos resultados, desafios e possibilidades


Todo o processo de construção e execução da Feira da UFMG ocorreu coletivamente entre os
grupos da Universidade, produtores e produtoras participantes além de entidades parceiras.
Como a organização horizontal faz parte de um dos princípios da Agroecologia, fez-se disso a
forma de ordenação.

A feira iniciou com os produtores que já participavam da Feira Agroecológica organizada


pelo DGA na Semana do Meio Ambiente o qual ocorre anualmente na Universidade. Dessa
forma, não foram realizados critérios rigorosos quanto à entrada deles, o que criou um perfil
bem diverso de feirantes e organizações: desde agricultoras/es do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), agricultoras/es urbanos, produtores individuais tanto
de produtos in natura quanto beneficiados, agricultoras/es já certificados como orgânicos a
representantes de associações de produtoras/es. Segue abaixo na Figuras 3 algumas imagens
da Feira na UFMG:
Figura 3 - Imagens de um dia de Feira na UFMG

Fonte: Marina Araújo, Grupo FotoGrafias


Ocorreram edições constantes mensais em 2017, mas durante o ano de 2018, devido a sucesso
da feira e a pedidos das/os consumidoras/es e feirantes, foi possível aumentar a periodicidade
para quinzenal. Por isso, ela consolidou-se na Universidade e já é utilizada por diversas/os
consumidoras/es como local de compra quinzenal de alimentos.

A infraestrutura das “barracas”, no início, era de mesas fornecidas pela universidade, porém
com receio do estrago do material e alto custo para as/os feirantes, foi sugerida a realização
do aluguel desses móveis. Assim, há o recolhimento de uma pequena contribuição de todos os
participantes, não só para esse fim, como também para manutenção, divulgação e futuros
gastos eventuais que sejam necessários. Nas Figuras 4 e 5 é possível verificar a infraestrutura
utilizada durante a montagem das “barracas” e a Oficina de Plantas medicinais e chás,
respectivamente:
Figura 4 - Montagem das barracas Oficina de Plantas Medicinais e chás
Figu

ra 5
-
Fonte: Marina Araújo, Grupo FotoGrafias

No decorrer do ano de 2017 o Grupo Colméia Solidária participou ativamente das reuniões de
articulação e consolidação da feira na UFMG, entretanto no decorrer do ano de 2018 sua
participação ocorreu de forma bem pontual devido a outras agendas. É necessário considerar
também a parceria ocorrida entre o Grupo FotoGrafias, organizado pela professora Valéria
Amorim do Instituto de Geociências da UFMG (IGC), que começou a registrar imagens de
vários momentos importantes da feira, como reuniões, montagem e funcionamento.

Por outro lado, foi através da Feira da UFMG que ocorreu a possibilidade de um primeiro
contato com o Sistema Participativo de Garantia - SPG - um dos mecanismos de garantia que
integram o Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica (SISORG), previsto
no Decreto no 6.323, de 27 de dezembro de 2007, que regulamenta a Lei no 10.831 sobre a
agricultura orgânica. No formato de roda de conversas na feira, a Universidade proporcionou
a vinda do professor Luizinho do IFSul de Minas. Nesse momento, o docente apresentou a
experiência de criação do SPG Sul de Minas, o processo de funcionamento e sua consolidação
como Organismo Participativo de Avaliação de Conformidade - OPAC. Por meio disso, os
produtores associados à OPAC Orgânicos Sul de Minas conseguiram o Selo do Sistema
Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica. Nesse sentido, foi-se amadurecendo o
diálogo entre os integrantes da feira da UFMG e outros produtores da RMBH, tornando viável
o início de debates, articulações e a consolidação do processo de criação de um futuro SPG na
RMBH. Assim, como um dos critérios de participação da Feira da UFMG é necessário o
envolvimento das/os feirantes no SPG Metropolitano e/ou a busca pela transição
agroecológica.

Em contrapartida, notava-se, durante as reuniões entre os produtores, uma falta de


entendimento em relação a diversos temas pertinentes à execução da feira, como
agroecologia, transição agroecológica e economia popular e solidária. Diante disso, viu-se a
necessidade de se ocorrerem capacitações relacionados aos temas apresentados e a outros
pedidos pelas/os próprias/os feirantes como Boas Práticas de Fabricação, Rotulagem de
Alimentos. Houve oficinas relacionadas ao tema da agroecologia, contudo por dificuldade de
alguns deles não poderem sair de suas barracas durante a feira, fez-se imprescindível realizar
uma agenda de cursos para o segundo semestre do ano de 2018 com o intuito de preparar
esses atores nos temas.

Num outro momento, sentiu-se a inevitabilidade da criação do regimento interno da Feira da


UFMG o qual foi realizado em diálogo com os produtores em três momentos: primeiramente,
durante reuniões semanais, a discussão de critérios de novos participantes e permanência dos
demais, além de questões administrativas da feira. Em segundo lugar, houve a necessidade da
criação de uma comissão para elaboração do documento físico. Isso ocorreu com participação
dos seguintes atores: um integrante de cada grupo da UFMG (AUÊ! e DGA), um produtor
individual e um suplente deste, um representante de feirante pertencente a uma Associação e
um veterinário responsável pela organização de feiras que assessora o Deputado Padre João.
Praticaram-se reuniões periódicas de elaboração do documento desde maio até julho. Por
último, desenrolou-se a apresentação do documento aos feirantes em reunião geral no mês de
julho de 2018. Durante esse encontro sucederam alterações no documento a partir de debates
entre todos os envolvidos.

Após a criação do Regimento Interno foi enfatizado que todos os participantes da feira devem
possuir produtos com uma porcentagem de ingredientes orgânicos e/ou agroecológico, sendo
que o prazo para transição será definido em conjunto com cada feirante. A comissão gestora,
terá a função de auxiliá-los na instituição dessa mudança, bem como articular o contato com
outras entidades as quais tenham a capacidade de ajudar nesse processo, como a EMATER-
MG, PBH.

Todavia, houve resistências de alguns feirantes do segmento de processados para a utilização


de produtos orgânicos, devido ao possível acréscimo no preço dos produtos. Enfatizou-se o
objetivo principal da a Feira que é promover a agroecologia e a alimentação saudável. Diante
disso, a transição dos produtores é de extrema necessidade. Portanto, foi sugerida a compra
coletiva de ingredientes comuns a mais de um feirante.

Como um dos principais benefícios da feira da UFMG foi a possibilidade de melhora no


faturamento e consequentemente da estrutura do negócio. A produtora de doces Ivania, por
exemplo, antes comprava o leite de terceiros e após a participação na Feira da UFMG
conseguiu comprar duas vacas. Assim, toda a matéria prima para a sua produção que tenha
leite na composição é proveniente desses animais. Além disso, a troca de experiência entre
as/os feirantes trouxe um maior relacionamento entre eles. Assim, feirantes de processados
passaram a comprar muitas das matérias primas de seus produtos com outros colegas da Feira
da UFMG, reduzindo, assim, o seu custo de produção.

A comunidade universitária já abraçou a feira, elegendo-a como o local das compras semanais
de alimentos. Percebe-se que há clientes fiéis da feira e de cada produtor, individualmente.
As/os consumidoras/es frequentemente contatam a organização buscando informar-se sobre
as datas das edições seguintes, a fim de programarem as próximas compras. Observa-se,
também, a busca pelos produtos comercializados na feira fora dos dias de sua realização.

Considerações finais
A Feira da UFMG está possibilitando a geração de trabalho e o aumento da renda para as/os
produtoras/es, comercializando grande diversidade de tipos de alimentos in natura e
beneficiados. Além da criação de circuitos curtos de produção e consumo, a feira possibilita
criar espaços para a construção do conhecimento e para a transição agroecológica na RMBH.

A visibilidade e alcance dessa iniciativa permitiu consolidar em 2018 um Projeto de Pesquisa


e Extensão fomentado pela Pró Reitoria de Extensão da UFMG. As redes sociais/acadêmicas
têm um papel fundamental formação das/os produtoras/es e consumidoras/es a partir das
rodas de conversas e oficinas durante a feira. Além disso, o processo de caracterização e
mapeamento das/os produtoras/es e a construção do Sistema Participativo de Garantia da
RMBH - SPG Metropolitano está possibilitando avançar na transição agroecológica das
experiências de produção, visando fortalecer a soberania e a segurança alimentar e nutricional
na RMBH.

Referências Bibliográficas

ABA. Associação Brasileira de Agroecologia. Aspectos Conceituais sobre a Agroecologia. 2017. Disponível
em: http://agroecologia2017.com/ASPECTOS_CONCEITUAIS_SOBRE_AGROECOLOGIA.pdf Acesso em:
01 de agosto de 2018.

ALMEIDA, Daniela Adil Oliveira de. Isto e Aquilo - agriculturas e produção do espaço na Região
Metropolitana de Belo Horizonte. Tese. Belo Horizonte; Universidade Federal de Minas Gerais, 2016.

LUCAS, Davi Fantuzzi. A importância da feiras agroecológicas para as cidades. Carta Maior. 2016.
Disponível em: <https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Meio-Ambiente/A-importancia-da-feiras-
agroecologicas-para-as-cidades/3/36223> Acesso em: 01 de agosto de 2018.

GLIESSMAN, S. R. Agroecologia: processos ecológicos em agricultura sustentável. Porto Alegre: UFRGS,


2000.

ORNELAS, Gabriel Mattos. Agroecologia e Regiões Metropolitanas: desafios e possibilidades para a gestão
local e regional na RMBH. Monografia. Belo Horizonte; Universidade Federal de Minas Gerais, 2017.

UFRPE. Princípios e Diretrizes da Educação em Agroecologia. I Seminário Nacional de Educação em


Agroecologia. Editora Universitária da UFRPE. Recife. 2013.

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