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E COBRANÇA
Edílson Bezerra das Chagas
Denys Wiese
Superintendente Prof. Paulo Arns da Cunha
Reitor Prof. José Pio Martins
Pró-Reitor Acadêmico Prof. Carlos Longo
Coordenador Geral de EAD Prof. Renato Dutra
Coordenadora Editorial Profa. Manoela Pierina Tagliaferro
Autoria Prof. Edílson Bezerra das Chagas
Prof. Denys Wiese
Supervisão Editorial Bianca de Brito Nogueira
Parecer Técnico Profa. Marluza Gomes Coutinho
Validação Institucional Francine Ozaki e Regiane Rosa
Layout de Capa Valdir de Oliveira
FabriCO
KOL Soluções em Gestão do
Conhecimento Ltda EPP
Análise de Qualidade, Edição de Texto,
Design Instrucional, Edição de Arte,
Diagramação, Design Gráfico e Revisão
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência.
Assista
Dica
Biografia
Esclarecimento
Conceito
Contexto Exemplo
Sumário
Apresentação...................................................................................................................13
O autor..............................................................................................................................14
Capítulo 1
Introdução ao crédito.......................................................................................................15
1.1 Conceitos e relevância do crédito................................................................................15
1.1.1 Origens do crédito....................................................................................................................................................15
1.1.2 Utilidade do crédito................................................................................................................................................ 16
1.1.3 O crédito e a sociedade............................................................................................................................................17
1.1.4 O crédito criando moeda.........................................................................................................................................17
1.2 O crédito no Brasil......................................................................................................18
1.2.1 Origens do crédito no Brasil.....................................................................................................................................19
1.2.2 Fases do crédito no Brasil........................................................................................................................................19
1.2.3 Evolução recente do crédito no Brasil.................................................................................................................... 20
1.2.4 Politica de crédito popular...................................................................................................................................... 21
1.3 Intermediários Financeiros.........................................................................................21
1.3.1 Sistema financeiro (bancos, cooperativas, factoring)............................................................................................. 22
1.3.2 Regulamentação do setor...................................................................................................................................... 22
1.3.3 Atividade Bancária................................................................................................................................................. 23
1.3.4 O efeito multiplicador dos juros............................................................................................................................. 23
1.4 Educação financeira....................................................................................................24
1.4.1 Tabus do crédito consciente.................................................................................................................................... 25
1.4.2 Crédito nas famílias................................................................................................................................................ 26
1.4.3 Crédito nas escolas................................................................................................................................................. 26
1.4.4 Crédito nas empresas ............................................................................................................................................ 26
Referências.......................................................................................................................28
Capítulo 2
Métodos e critérios para iniciação da análise de crédito..................................................29
2.1 Método Julgamental..................................................................................................29
2.1.1 Regras de Negócio.................................................................................................................................................. 29
2.1.2 Acumulando experiências..................................................................................................................................... 30
2.1.3 Evolução das regras................................................................................................................................................ 30
2.1.4 Desenvolvendo novas soluções.............................................................................................................................. 30
2.2 Método estatístico......................................................................................................31
2.2.1 Histórico observado.................................................................................................................................................31
2.2.2 Probabilidade de default.........................................................................................................................................32
2.2.3 Margem de erro..................................................................................................................................................... 32
2.2.4 Revisão periódica................................................................................................................................................... 33
2.3 Análises do cliente......................................................................................................33
2.3.1 Análise de hábitos.................................................................................................................................................. 34
2.3.2 Análise de relacionamento..................................................................................................................................... 34
2.3.3 Análise de comportamento................................................................................................................................... 34
2.3.4 Ratings de crédito................................................................................................................................................... 35
2.4 Análise patrimonial....................................................................................................36
2.4.1 Diagnóstico............................................................................................................................................................. 36
2.4.2 Evolução ou involução............................................................................................................................................ 37
2.4.3 Valorização............................................................................................................................................................. 37
2.4.4 Alienação................................................................................................................................................................ 38
Referências.......................................................................................................................39
Capítulo 3
Risco e seus impactos no crédito.....................................................................................41
3.1 Conceitos e origens dos riscos....................................................................................41
3.1.1 Origens dos riscos.....................................................................................................................................................41
3.1.2 Fatores de Risco...................................................................................................................................................... 42
3.1.3 Risco-retorno.......................................................................................................................................................... 42
3.2 Natureza dos riscos.....................................................................................................43
3.2.1 Riscos Estratégicos.................................................................................................................................................. 43
3.2.2 Riscos Operacionais................................................................................................................................................ 44
3.2.3 Riscos Financeiros................................................................................................................................................... 45
3.3 Particularidades dos riscos.........................................................................................45
3.3.1 Fatores competitivos............................................................................................................................................... 46
3.3.2 Fatores políticos...................................................................................................................................................... 46
3.3.3 Fatores econômicos................................................................................................................................................ 47
3.3.4 Fatores Ambientais................................................................................................................................................. 47
3.4 Gerindo os riscos.........................................................................................................48
3.4.1 Planejamento.......................................................................................................................................................... 48
3.4.2 Diagnóstico............................................................................................................................................................. 49
3.4.3 Acompanhamento.................................................................................................................................................. 49
3.4.4 Contingências......................................................................................................................................................... 49
Referências.......................................................................................................................51
Capítulo 4
Estruturação de crédito....................................................................................................53
4.1 Avaliação.....................................................................................................................53
4.1.1 Aspectos básicos da avaliação................................................................................................................................ 53
4.1.2 Comitê de crédito................................................................................................................................................... 54
4.1.3 Crédito pré-aprovado............................................................................................................................................. 55
4.1.4 Pontos de atenção................................................................................................................................................... 57
4.2 Concessão...................................................................................................................59
4.2.1 Preparação para o contato...................................................................................................................................... 59
4.2.2 Negociação estruturada com cliente......................................................................................................................61
4.2.3 Precificando a operação (taxas)............................................................................................................................. 63
4.2.4 Implantação e liberação do crédito........................................................................................................................ 64
4.3 Garantias....................................................................................................................64
4.3.1 Avalista e fiança...................................................................................................................................................... 65
4.3.2 Penhor.................................................................................................................................................................... 65
4.3.3 Hipoteca................................................................................................................................................................. 66
4.3.4 Alienação fiduciária................................................................................................................................................ 66
4.4 Alçadas e limites de crédito........................................................................................67
4.4.1 Alçadas de crédito................................................................................................................................................... 67
4.4.2 Limites de crédito................................................................................................................................................... 67
4.4.3 Majoração de limites.............................................................................................................................................. 68
4.4.4 Renovações de limites............................................................................................................................................ 68
Referências.......................................................................................................................69
Capítulo 5
Políticas de crédito...........................................................................................................71
5.1 Cadastro do cliente.....................................................................................................71
5.1.1 Informações básicas e normais............................................................................................................................... 72
5.1.2 Comprovar é preciso............................................................................................................................................... 73
5.1.3 Confirmar é preciso..................................................................................................................................................74
5.1.4 Referências para contato......................................................................................................................................... 75
5.2 Histórico do cliente.....................................................................................................76
5.2.1 Pontualidade............................................................................................................................................................76
5.2.2 Capacidade de pagamento.................................................................................................................................... 77
5.2.3 Estabilidade............................................................................................................................................................ 77
5.2.4 Idoneidade.............................................................................................................................................................. 78
5.3 Os Cs do crédito..........................................................................................................79
5.3.1 Caráter..................................................................................................................................................................... 80
5.3.2 Capacidade............................................................................................................................................................. 81
5.3.3 Capital e colateral................................................................................................................................................... 81
5.3.4 Condições e coletivo............................................................................................................................................... 82
5.4 Relacionamento com o cliente...................................................................................83
5.4.1 Bom para o credor.................................................................................................................................................. 83
5.4.2 Bom para o devedor............................................................................................................................................... 84
Referências.......................................................................................................................85
Capítulo 6
O crédito para as pessoas físicas......................................................................................87
6.1 O crédito como alavanca de desenvolvimento econômico e social...........................87
6.1.1 Destinação dos créditos.......................................................................................................................................... 88
6.1.2 Necessidades normais............................................................................................................................................ 89
6.1.3 Necessidades sazonais ........................................................................................................................................... 90
6.1.4 Necessidades permanentes.................................................................................................................................... 90
6.2 Principais produtos.....................................................................................................91
6.2.1 Rotativos................................................................................................................................................................. 92
6.2.2 Empréstimos.......................................................................................................................................................... 93
6.2.3 Financiamentos...................................................................................................................................................... 94
6.3 Endividamento...........................................................................................................97
6.3.1 Perfil de endividamento......................................................................................................................................... 97
6.3.2 Prazos das dívidas.................................................................................................................................................. 98
6.3.3 Grau de tolerância.................................................................................................................................................. 98
6.3.4 Plano de recuperação............................................................................................................................................ 98
6.4 Simulações.................................................................................................................99
6.4.1 Dados básicos......................................................................................................................................................... 99
6.4.2 Efeitos do prazo.................................................................................................................................................... 100
6.4.3 Efeito da taxa ......................................................................................................................................................101
6.4.4 Efeito das parcelas.................................................................................................................................................102
Referências.....................................................................................................................104
Capítulo 7
O crédito para as empresas ...........................................................................................107
7.1 Financiando as atividades da empresa.....................................................................107
7.1.1 Destinação dos créditos......................................................................................................................................... 108
7.1.2 Necessidades normais........................................................................................................................................... 108
7.1.3 Necessidades sazonais.......................................................................................................................................... 109
7.1.4 Financiando o fluxo de caixa................................................................................................................................. 109
7.2 Principais produtos...................................................................................................110
7.2.1 Curto prazo.............................................................................................................................................................110
7.2.2 Médio prazo...........................................................................................................................................................112
7.2.3 Longo prazo...........................................................................................................................................................113
7.2.4 Adiantamento de exportações..............................................................................................................................114
7.3 Endividamento e simulações....................................................................................115
7.3.1 Perfil do endividamento........................................................................................................................................115
7.3.2 Prazo das dívidas...................................................................................................................................................116
7.3.3 Grau de tolerância..................................................................................................................................................116
7.3.4 Simulações.............................................................................................................................................................117
7.4 Gestão das disponibilidades e outras fontes de financiamento................................ 117
7.4.1 Contas a pagar e a receber.....................................................................................................................................118
7.4.2 Gestão de estoques e custos/lucro........................................................................................................................119
7.4.3 Gestão de ativos circulantes................................................................................................................................. 120
7.4.4 Debêntures e ações................................................................................................................................................121
Referências.....................................................................................................................123
Capítulo 8
Política de cobrança.......................................................................................................125
8.1 Controle e acompanhamento...................................................................................125
8.1.1 Rigorosamente em dia...........................................................................................................................................126
8.1.2 Controle por faixas de atraso.................................................................................................................................126
8.1.3 Contato amigável ..................................................................................................................................................127
8.1.4 Contato assertivo...................................................................................................................................................127
8.2 Sinais de alerta.........................................................................................................128
8.2.1 Relatórios (IR, DRE, Balanço)................................................................................................................................ 129
8.2.2 Sinais do cliente.....................................................................................................................................................132
8.2.3 Sinais de terceiros..................................................................................................................................................133
8.2.4 Sinais de credores..................................................................................................................................................133
8.3 Créditos problemáticos.............................................................................................134
8.3.1 Negociações...........................................................................................................................................................135
8.3.2 Renegociações ..................................................................................................................................................... 136
8.3.3 Execução de garantias...........................................................................................................................................137
8.3.4 Caminhos legais....................................................................................................................................................137
8.4 Abordagem ao cliente..............................................................................................138
8.4.1 Respeito ao cliente................................................................................................................................................ 138
8.4.2 Firmeza na abordagem.........................................................................................................................................139
8.4.3 Flexibilidade nas negociações...............................................................................................................................139
8.4.4 Persistência............................................................................................................................................................139
Referências.....................................................................................................................140
Apresentação
Um grande desafio para os dias atuais é buscar uma forma de conciliar crescimen-
to do país, por meio de indicadores como o Produto Interno Bruto, geração de empre-
go e renda, e indicadores sociais como educação e saúde. Os indicadores econômicos e
financeiros têm ocupado importante papel neste cenário, muito influenciado pelo con-
sumo, que por sua vez é financiado pelos agentes financeiros por meio das linhas de cré-
dito e financiamento. Este material tem o objetivo de aprofundar esta discussão com
foco em um aspecto muito especial: a Análise de Crédito e Cobrança.
Em nosso estudo iremos abordar desde as origens do crédito, passando por sua
evolução no Brasil, os agentes que atuam neste mercado, regulamentação e aspectos
importantes sobre educação financeira, seus tabus, consequências e perspectivas.
O autor
O professor Edílson Bezerra das Chagas é especialista em Administração e Negócios
pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, e bacharel em Ciências Econômicas pela
Universidade São Judas Tadeu. Possui conhecimentos aprofundados no mercado financei-
ro, tendo atuado por mais de 25 anos em grandes conglomerados e agora dedicando-se à
área acadêmica.
Currículo Lattes:
<lattes.cnpq.br/4239585731973000>
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financeiros para satisfazer estas necessidades
no momento desejado e, assim, necessitam
de crédito externo ou recursos de diferentes
fontes (bancos, financeiras, lojas etc.)
É sobre crédito e cobrança que falaremos ao longo deste capítulo, trazendo o
aspecto da avaliação para concessão de crédito, como acompanhá-lo, identificar os
sinais de inadimplência e como recuperar os recursos emprestados por meio de ações
de cobrança.
Usura é cobrança de juros excessivos onde não existe produção ou transformação, apenas
lucro sobre o dinheiro emprestado. Até o século XIII foi considerada pecado pela igreja
Católica, que depois passou a aceitar esta prática desde que fosse combinada e tabelada (LE
GOFF, 2004).
A diferença entre os juros pagos por quem tomou o investimento e os juros recebidos por um
investidor é chamado de spread bancário.
Existe uma legislação específica criada e monitorada pelo Banco Central do Brasil
que regula os limites que se pode emprestar e o que deve ficar em reserva para evitar
que a inadimplência do tomador não gere incapacidade de pagamento ao investidor.
Agora que identificamos aspectos sobre a origem, o papel e a relevância do
crédito, estudaremos algumas peculiaridades do crédito no Brasil.
O Produto Interno Bruto (PIB) é um indicador utilizado pelo governo para medir o valor dos
bens e serviços do país em um período estabelecido, considerando agricultura, pecuária,
indústria e serviços.
Este é um exemplo pontual de uma data específica. Estas informações sofrem constantes altera-
ções que devem ser acompanhadas nos boletins atualizados da Anefac. É importante entender
as diferenças entre produtos e variações.
A Serasa Experian é uma empresa que analisa informações sobre indicadores da atividade
econômica como inadimplência e consumo, que são importantes para decisões de crédito
e apoio a negócios. Estas informações são atualizadas periodicamente no site da Serasa
Experian (Serasa, 2016)
Referências
ANEFAC. Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e
Contabilidade. Disponível em: < www.anefac.com.br/uploads/arquivos/201631094053647.
pdf. Acesso em: 3 abril 2016.
ASSAF NETO, A. Mercado financeiro. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2014.
BCB. Banco Central do Brasil. Disponível em: <www.bcb.gov.br/?ECOIMPOM>. Acesso
em: 2 abril 2016.
COSTA NETO, Y C. Bancos oficiais no Brasil: origens e aspectos de seu desenvolvimento.
Brasília: Banco Central do Brasil, 2004.
GITMAN, L. J.; MADURA, Jeff. Administração Financeira: Uma abordagem gerencial. 1
ed. São Paulo: Pearson, 2003.
LE GOFF, J. A bolsa e a vida: economia e religião na idade média. 2 ed 6 reimpressão. São
Paulo: Brasiliense, 2004.
SANTOS, J. O. Análise de crédito. Segmentos: empresas, pessoas físicas, varejo, agrone-
gócios e pecuária. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2015.
SECURATO, J C; SECURATO, J. R. Mercado Financeiro: conceitos, cálculos e análise de
investimento. 3 ed. 6 reimpressão. São Paulo: Saint Paul, 2013.
SERASA. Indicadores Serasa Experian. Disponível em: <http://noticias.serasaexperian.
com.br/indicadores-economicos/>. Acesso em: 22 abril 2016.
SILVA, J. P. Gestão e análise de risco de crédito. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2008.
SOUZA, C. F; DIAS, C. G; CALADO, P. S. Trabalhando com cadastro, crédito e cobrança.
1 ed. São Paulo: Senac, 2014.
2 Métodos e critérios para iniciação da análise de crédito
Neste capítulo iremos conhecer algumas das metodologias e critérios que
são utilizados no momento de se iniciar uma análise de crédito e que normalmente
envolvem aspectos qualitativos e quantitativos. Veremos que o método julgamental se
baseia no conhecimento de análise de crédito e o método estatístico em dados histó-
ricos (pré-existentes). Nossa abordagem passará também pela análise de clientes,
seus hábitos, relacionamentos, preferências comportamentais e os ratings de crédito.
Encerraremos o capítulo com a análise do patrimônio, sua evolução ou involução, valo-
rização e alienação. Vamos aos estudos.
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no tema são transformadas em regras de
negócio, processadas por um software que
encadeia as regras baseadas no comporta-
mento dos clientes sob análise. Surgiu por
volta da década de 80 com o avanço tecnoló-
gico. Inicialmente denominados Sistemas Especialistas, hoje conhecidos por Sistemas
Julgamentais, são bastante utilizados na análise de crédito para pessoas física e jurí-
dica. Embutem certa subjetividade na análise. Vejamos as variantes deste método.
Essas são limitações que SANTOS (2001) destacou na análise de pessoas jurí-
dicas. Quanto às pessoas físicas a dificuldade não é menor, como por exemplo a perda
repentina de emprego, que reduz consideravelmente a capacidade financeira do
cliente. Outra limitação é que bens declarados e comprovados por ocasião da análise
podem ser alienados ou vendidos no prazo da validade da análise (normalmente um
ano) sem que o credor tome ciência do fato. Nunca podemos desconsiderar possí-
veis fraudes em documentos e informações prestadas que, mesmo confirmadas por
terceiros, podem ocorrer.
Para saber mais sobre risco e operações de crédito, consulte o SCR,Sistema de Informações de
Crédito do Banco Central do Brasil, que está disponível em www.bcb.gov.br/pt-br/#!/n/scr.
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oferecendo produtos de relacionamento. Mas
o enfoque de relacionamento mais impor-
tante é quando o postulante a crédito já é
cliente, se paga seus compromissos pontual-
mente ou com atraso. Obter informações semelhantes de seu relacionamento com
terceiros ajuda muito na análise de crédito e definição de um limite operacional.
(...) opiniões sobre a capacidade futura dos devedores de efetuarem, dentro do prazo, o
pagamento do principal e dos juros de suas obrigações. Assim, refletem o conjunto de ob-
servações e percepções de risco das agências especializadas, e não devem, em hipótese
alguma, ser utilizados isoladamente como parâmetro para justificar decisões em propos-
tas de crédito, investimentos em títulos de renda variável, transações financeiras estrutu-
radas etc. (SANTOS, 2009, p.193).
Sobre riscos, trimestralmente o Banco do Brasil S.A. divulga seu relatório de gerenciamento,
onde é feita uma análise completa de todos os fatores envolvidos que afetam um grande ban-
co de varejo. Vale a pena conferir. Disponível em www.bb.com.br – Relações com Investidores
– Gestão de Riscos.
2.4.1 Diagnóstico
A análise de crédito visa a dar segurança
para o banco ou empresa que o está conce-
dendo. Por meio das ferramentas (métodos) e
estudos sobre aqueles que solicitam crédito se
pode avaliar a capacidade que têm de honrar os
compromissos que venham a assumir. Fazendo um
diagnóstico correto baseado nessas ferramentas
e estudos é possível avaliar com mais propriedade
essas demandas e reduzir substancialmente os
riscos envolvidos.
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2.4.3 Valorização
Em uma análise patrimonial é importante sempre ter presente que os ativos
podem se valorizar ou desvalorizar de acordo com as condições do mercado no
momento. As políticas econômicas dos governos, taxas de juros, níveis salariais,
impostos etc. podem ter influência na avaliação dos ativos.
Análise de Crédito e Cobrança 38
2.4.4 Alienação
No mesmo sentido, de um ano para outro ou sempre que possível é importante
verificar se os clientes continuam com o mesmo patrimônio declarado ou se houve
alguma alienação ou venda ou mesmo deterioração. Particularmente em relação às
empresas, a constatação de eventual deterioração patrimonial possibilita a definição
melhor do risco de crédito, pois pode indicar possível perda de receita.
Chegamos ao final do nosso capítulo, onde tivemos a oportunidade de aprender
sobre os métodos e critérios normalmente utilizados pelas empresas e bancos em
analisar o crédito e definir limites e condições para seus clientes. Aprendemos sobre:
• métodos baseados no conhecimento e também em modelos estatísticos;
• análise dos clientes, respaldado em seus hábitos, relacionamentos e com-
portamentos;
• rating de crédito e
• análise com base no patrimônio.
Análise de Crédito e Cobrança 39
Referências
ASSAF, A. N. Finanças Corporativas e Valor. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012
ROSS, S. A; WESTERFIELD, R. W; JAFFE, J. F. Administração Financeira. 2. ed. São Paulo:
Atlas, 2002.
GITMAN, L. J. Princípios de Administração Financeira Essencial. 2. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2001.
EMES, A. B. J; RIGO, C. M.; CHEROBIM, A. P. M. S. Administração Financeira: princípios,
fundamentos e práticas brasileiras. 3. ed. atual. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
SILVA, J. P. da. Análise Financeira das Empresas. 7. Ed. São Paulo: Atlas, 2005.
SANTOS, E. O. dos. Administração Financeira da Pequena e Média Empresa. 1. Ed. São
Paulo: Atlas, 2001
SANTOS, J. O. dos. Análise de Crédito: empresas, pessoas físicas, agronegócio e
pecuária. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009
SANTOS, J. O. dos. Análise de Crédito: empresas e pessoas físicas. São Paulo: Atlas, 2000.
Banco Central do Brasil. SCR – Sistema de Informações de Crédito. Disponível em: <www.
bcb.gov.br/pt-br/#!/n/scr>. Acesso em: 09/04/16.
Empiricus Research. Disponível em: <www.empiricus.com.br>. Acesso em: 16/03/16.
Banco do Brasil S.A. Do que você precisa? Disponível em: <www.bb.com.br/portalbb/
page22,136,3604,0,0,1,8.bb?codigoNoticia=28847&codigoRet=5494&bread=1&codigoNot
icia=28847&codigoMenu=208>. Acesso em: 09/04/16.
3 Risco e seus impactos no crédito
As operações crédito têm um fator fundamental a ser considerado: a possibi-
lidade de não se receber o valor principal emprestado, que chamamos de risco de
inadimplência ou não pagamento, que pode e deve ser prevenido.
O crédito é uma importante ferramenta de financiamento do consumo, que
por sua vez aumenta a produção nas empresas, que por sua vez aumenta a oferta de
postos de trabalho, que por sua vez geram renda, que retroalimentam o consumo
gerando crescimento e dinamismo para a economia.
O crédito de fato estimula o consumo, a produção e a geração de empregos,
porém para que seja eficiente se deve ter parâmetros criteriosos na concessão, analisar
as melhores opções e o perfil do tomador com o objetivo de reduzir o risco de não
pagamento e os prejuízos financeiros (SOUZA, DIAS e CALADO, 2014).
Ao longo deste capítulo estudaremos os riscos envolvidos nas operações de
créditos e fatores que o influenciam, a natureza dos riscos, algumas particularidades e
aspectos importantes de sua gestão.
Fatores de risco também têm associação com a área da saúde e definem as possibilidades de
uma pessoa sadia, exposta a determinados fatores, ambientais ou hereditários, desenvolver
uma doença e normalmente as relaciona a razões como sedentarismos, hábitos alimentares e
tabagismo como causadores de doenças
3.1.3 Risco-retorno
O risco-retorno representa antes de qualquer coisa as possibilidades resultantes
de uma ação. Pensando nos jogos de azar, pode-se ganhar ou perder, porém a obser-
vação levou à percepção de que determinados comportamentos podem trazer mais
chances de resultados positivos, como o aumento de uma aposta ou um blefe. Ou
seja, percebeu-se que incertezas ou até ameaças estão presentes nas mais variadas si-
tuações e trazem o risco e a possibilidade de retorno.
Análise de Crédito e Cobrança 43
Blefe significa iludir ou enganar, muito utilizado em jogos como cartas, por exemplo. O
jogador se arrisca simulando ter cartas que nem sempre tem, expondo-se ao risco de seu
oponente acreditar ou não na situação apresentada.
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NAKAMURA (2013).
Olhando sob a ótica do crédito, o maior
retorno refere-se à possiblidade de se cobrar
um juro mais elevado de um pessoa ou de
uma empresa que representa maior risco (por exemplo uma empresa recém-consti-
tuída poderá ter uma taxa de juros maio, pois ainda não está estabelecida e corre mais
risco de inadimplência).
Algumas variáveis que influenciam os riscos financeiros são ambiente político,
crises econômicas, taxas de juros, desemprego. Esses fatores podem alterar este risco
para cima e para baixo, influenciando diretamente tanto na concessão de crédito como
nas taxas de juros a serem cobradas.
Agora que estudamos os aspectos da natureza dos riscos, vamos aprofundar
algumas particularidades e fatores determinantes para se estabelecer as perspectivas
de risco.
para dentro da realidade das famílias e empresas como para fora. Ou seja, o ambiente
no qual estes agentes econômicos estão inseridos e como são influenciados por este
ambiente. Vamos avaliar estes fatores de forma isolada a seguir.
empresas ampliem sua produção, contratem mais funcionários e cresçam. Por mais
independentes que as instituições financeiras (exemplo de agente de oferta de crédito)
possam ser, devem se submeter à legislação e determinações sempre atreladas ao
governo (Executivo e Legislativo).
Além da influência legislativa, as ações do governo (aumento das taxas de
juros, equilíbrio das contas públicas) afetam a confiança dos investidores e podem
resultar em insegurança dos investidores externos, seja em um mercado como a
bolsa de valores ou atraindo investidores para instalação de empresas (SECURATO e
SECURATO, 2013).
Considerar fatores políticos significa entender estas ações e propostas do
governo para que se percebam os riscos e a melhor forma de se trabalhar a concessão,
acompanhamento e cobrança das operações de crédito e que este monitoramento
seja contínuo.
3.4.1 Planejamento
Estabelecer os caminhos ou identificar quais ações devem ser desenvolvidas para se
atingir os objetivos são formas de se refletir sobre temas importantes, identificando:
• como a ação será executada?
• quem são os responsáveis?
• quando serão realizadas?
• onde serão realizadas?
• quanto custará?
• por que fazer?
O planejamento requer participação de
todos os envolvidos, tanto dos que tenham poder
de decisão como dos que executarão a ação.
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3.4.2 Diagnóstico
Esta fase da gestão de risco estabelece a importância de se utilizar as informa-
ções do passado para análise criteriosa e se definindo um diagnóstico. Assim como o
diagnóstico na medicina no mundo empresarial utilizar exames para se descobrir se o
paciente está apto à prática de um exercício ou ainda para verificar a gravidade de uma
enfermidade que causa grande desconforto.
Elaborar um bom diagnóstico significa identificar (baseado nos resultados
passados) o que foi feito bem para que se continue fazendo, identificar o que não
foi bem feito e decidir se deve-se manter este item como premissa da gestão. Caso
se resolva manter, precisa se alterar a execução, estabelecendo novas formas de se
realizar essa atividade.
3.4.3 Acompanhamento
Acompanhar significa confrontar o que
foi estabelecido no planejamento, garantindo
assim que a execução esteja acontecendo,
3.4.4 Contingências
Nem sempre o planejamento acontece
de acordo com o programado. Muitas variá-
veis, como crises políticas, ações dos concor-
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Referências
ASSAF NETO, A. Mercado Financeiro. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 07. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
BERNSTEIN, Peter L. Desafio aos Deuses: A fascinante história do risco. 15 ed. Rio de
Janeiro. Campus, 1997.
BRITO, O. S. de. Controladoria de risco – retorno em instituições financeiras. São Paulo:
Saraiva, 2003.
MICHAELIS. Dicionário de português on-line. Disponível em: < http://michaelis.uol.com.
br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=risco>. Acesso
em: 23 abr. 2016.
SECURATO, J. C.; SECURATO, J. R. Mercado Financeiro: conceitos, cálculos e análise de
investimento. 03. ed. São Paulo: Saint Paul, 2013.
SOUZA, C. F; DIAS, C. G; CALADO, P. S. Trabalhando com cadastro, crédito e cobrança.
1 ed. São Paulo. Senac, 2014.
4 Estruturação de crédito
As estruturações de crédito são operações realizadas pelas instituições finan-
ceiras. Nesse cenário, os bancos são os intermediários financeiros, ou seja, captam
recursos que os agentes econômicos (pessoas físicas, empresas, entidades, governos
etc.) têm sobrando e não precisam no momento (superavitários) e os repassam para
quem precisa de recursos financeiros e não dispõe deles (deficitário). Esse direciona-
mento para os deficitários é feito por meio das operações de crédito.
Neste capítulo, vamos reconhecer as etapas que envolvem a realização das
operações, considerando avaliação, concessão, composição das garantias, alçadas
competentes e limites que são disponibilizados aos clientes. Nosso primeiro tópico
será a avaliação, primeira etapa para uma operação de crédito. Bons estudos!
4.1 Avaliação
A primeira etapa para começar uma operação de crédito é a avaliação. Nessa
fase, são analisados todos os aspectos que podem influir na concessão do crédito e
posterior condução. Embora todas as etapas sejam importantes, a avaliação talvez
seja a principal, uma vez que é o início de todo o processo. Se ocorrerem falhas
nesse ponto, toda a operação pode ficar comprometida. A seguir, falaremos sobre os
aspectos básicos para uma avaliação de crédito.
O termo mitigar é habitualmente utilizado na gestão de risco. Seu significado tem o sentido de
diminuir, moderar, reduzir. No dicionário Michaelis (2009), a definição para mitigar é: amansar,
tornar brando, adoçar, aliviar, suavizar, acalmar, atenuar, diminuir.
Análise de Crédito e Cobrança 54
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Perceba que a agência recebe a proposta, emite seu parecer e o encaminha para
a superintendência regional, que faz seu parecer e o encaminha à estadual. Da mesma
forma, a última superintendência avalia o pedido e o encaminha ao conselho diretor,
que decide dentro de sua alçada e retorna a proposta à agência. Por fim, a instituição
comunica ao cliente e formaliza a operação, caso ela seja aprovada. Em alguns casos, o
trâmite ocorre sem a participação da superintendência regional.
Sempre lembrando que, na maioria dos bancos, o estabelecimento do risco e
limite de crédito é segregado da análise de uma operação de crédito específica. Com
isso, podemos entender que quem defere o risco/limite de crédito não é o mesmo
comitê que autoriza a operação de crédito. O comitê que autoriza a contratação de
uma operação de crédito precisa seguir as condicionantes previamente estabelecidas na
análise do risco e limite de crédito. Isto se chama segregação de funções: negócio x risco.
Segregar, de acordo com o dicionário Houaiss (2009), significa “[...] separar com o objetivo de
isolar, de evitar contato; desligar, desunir, desmembra”.
© FabriCO
Uma das técnicas usualmente empregadas para dar suporte a essa forma de
análise, definição de limites e linhas de crédito pré-aprovado é o sistema chamado
Credit Scoring, demonstrado no fluxograma anterior. Com esse sistema, é possível
determinar se um cliente merece receber crédito ou não a partir da análise de dados
do cadastro, tais como: sexo, idade, estado civil, renda etc. É um sistema que tem
funcionado bem e é largamente empregado pelas instituições financeiras.
A seguir, discorreremos sobre alguns pontos que precisam de maior atenção na
hora de executar operações de crédito.
Análise de Crédito e Cobrança 57
Uma empresa pode ser lucrativa e ainda assim estar em dificuldades financei-
ras. Por exemplo: se a empresa vende todo o seu estoque a prazo, em um primeiro
momento, contabiliza os lucros do resultado da venda, mas, se eventualmente não
conseguir transformar as vendas efetuadas em caixa, terá problemas financeiros, que
Análise de Crédito e Cobrança 59
podem levar a situações mais graves no futuro. Estes são alguns dos pontos que mere-
cem toda a atenção por ocasião da análise e concessão de crédito.
4.2 Concessão
A concessão de crédito ocorre quando todas as análises já foram efetuadas, os
limites de crédito definidos e a proposta de crédito autorizada ou deferida, no voca-
bulário bancário. Nesse momento, ela já terá indicação do valor, prazo, garantias,
encargos financeiros e condições de utilização. O próximo passo é a preparação do
contrato, tema que traremos no tópico a seguir.
Vale a pena ler o artigo “Contratos bancários: conceito, classificação e características”, escrito
pelo procurador da república da Procuradoria da República do estado do Paraná, Deltan
Martinazzo Dallagnol (2002), publicado no portal Âmbito Jurídico.
Análise de Crédito e Cobrança 61
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A Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) fez um interessante estudo sobre
um tipo de operação estruturada, as debêntures, analisando seu conceito, as características e
condições de subscrição. Vale a pena conferir.
Análise de Crédito e Cobrança 63
Em outubro de 2012, o Banco Santander fez um interessante estudo sobre a formação das
taxas de juros chamado Manual de Marcação a Mercado, em que demonstra a metodologia de
cálculo e toda a complexidade que envolvem as operações ativas e passivas das instituições
financeiras.
4.3 Garantias
As garantias em operações de crédito são exigidas para dar amparo quando fatores
imprevisíveis impossibilitem a liquidação do financiamento. Mesmo uma boa concessão
de crédito pode resultar em não recebimento futuro devido a fatores inesperados.
O Banco Central do Brasil estabelece que as instituições financeiras devem exigir
garantias suficientes e adequadas para assegurar o retorno dos capitais emprestados. Um
financiamento não deve ser concedido em função das garantias, mas sim da capacidade de
pagamento do tomador. O projeto a ser financiado tem que ser viável economicamente, ou
seja, o retorno proporcionado pelo empreendimento tem que ser maior que os custos en-
volvidos na operação de crédito.
Análise de Crédito e Cobrança 65
4.3.2 Penhor
A garantia de penhor faz parte do grupo de garantias chamadas reais. Podem ser
vinculados bens tangíveis como veículos, máquinas, mercadorias, duplicatas e até che-
ques. Esses bens ficam comprometidos com a dívida assumida. Caso a dívida não seja
paga e mediante o devido processo judicial, podem ser executadas e vendidas para a li-
quidação do empréstimo.
A caução de duplicatas é uma espécie de penhor muito utilizada pelas instituições
financeiras, pois diminui o risco da operação, já que quem paga é o cliente do devedor.
É a chamada autoliquidez.
Análise de Crédito e Cobrança 66
4.3.3 Hipoteca
A hipoteca recai sobre bens imóveis, como
terras, casas, prédios, apartamentos, sítios,
lotes, navios e aviões. A hipoteca pode ser cons-
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O portal da Associação Brasileira dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) traz impor-
tantes informações sobre a regulação de fundos de investimento e os riscos envolvidos. Vale a
pena conferir.
Análise de Crédito e Cobrança 68
Referências
ASSAF NETO, A. Finanças Corporativas e Valor. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
______. Estrutura e Análise de Balanços: um enfoque econômico-financeiro. 9. ed. São
Paulo: Atlas, 2010.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS ENTIDADES DOS MERCADOS FINANCEIRO E DE
CAPITAIS. Código de Fundos de Investimento. São Paulo; Rio de Janeiro: Anbima, 2016.
Disponível em: <www.portal.anbima.com.br/fundos-de-investimento/regulacao/codigo-
-de-fundos-de-investimento/Pages/codigo-e-documentos.aspx>. Acesso em: 21/04/2016.
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS INSTITUIÇÕES DO MERCADO FINANCEIRO;
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS COMPANHIAS ABERTAS. O Que São Debêntures. São
Paulo; Rio de Janeiro: Andima; Abrasca, 2009. Disponível em: <www.debentures.com.br/
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BANCO DO BRASIL. Relação com Investidores. Disponível em: <www.bb.com.br>.
Acesso em: 20/03/2016.
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Rio de Janeiro: Campus, 1999.
DALLAGNOL, D. M. Contratos bancários: conceito, classificação e características. Âmbito
Jurídico, Rio Grande, v. 3, n. 10, ago. 2002. Disponível em: <www.ambito-juridico.com.br/
site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=4608>. Acesso em: 21/04/2016.
EMES JÚNIOR, A. B.; RIGO, C. M.; CHEROBIM, A. P. M. S. Administração Financeira: prin-
cípios, fundamentos e práticas brasileiras. 3. ed. atual. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
GITMAN, L. J. Princípios de Administração Financeira Essencial. 2. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2001.
MITIGAR. In: MICHAELIS Moderno Dicionário. São Paulo: Melhoramentos,
2009. Disponível em: <www.michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.
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OSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W; JAFFE, J. F. Administração Financeira. 2. ed. São Paulo:
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SANTANDER. Manual de Marcação a Mercado: Custódia Qualificada. [S. l.]: Santander,
2012. Disponível em: <www.santanderoper.com.br/pdf/Manual_Precificacao_ANBIMA.
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SANTOS, E. O. Administração Financeira da Pequena e Média Empresa. São Paulo:
Atlas, 2001.
SANTOS, O. J. Análise de Crédito. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
5 Políticas de crédito
Quando uma empresa vende alguma coisa, algum bem ou mercadoria ou um
serviço, pode fazê-lo à vista ou a prazo. Quer dizer, se não for à vista, ela concede
prazo para receber o que comercializou. Dito de outra forma, a empresa concedeu
crédito a seus clientes.
Para ROSS; WESTERFIELD; JAFFE( 2002), conceder crédito é investir em um
cliente, e o investimento está vinculado à venda de um produto ou serviço. Mas
para conceder crédito é preciso definir algumas condições, já que se está investindo
recursos financeiros nos clientes. E quais seriam essas condições?
Para responder a isso, as empresas e os bancos precisam definir suas políticas de
crédito, que devem contemplar as condições em que serão dados os prazos e as garan-
tias, especificando ainda a política de cobrança.
ASSAF NETO (2012) argumenta que uma política de crédito adequada deve levar
em consideração a análise dos padrões de crédito, prazos de concessão, descontos
financeiros por pagamentos antecipados (conceder descontos por pagamentos de
prazos bem curtos) e política de cobrança.
É importante que a política de crédito deixe isso bem claro, para facilitar o entendi-
mento das pessoas que lidam com a concessão de crédito, buscando garantir a qualidade e
também estabelecer um relacionamento adequado com os clientes.
Padrões de crédito são os requisitos mínimos de segurança que devem ser atendidos pelos
clientes para receber crédito.
Em nosso estudo vamos tratar aqui sobre as políticas de crédito que envolvem o
cadastro dos clientes, o histórico com a empresa ou banco, passando pela análise dos
Cs do crédito e o relacionamento entre credor e devedor.
Concorrência Inflação
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Caráter dos clientes Paridade cambial
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eventualmente omitem ou manipulam infor-
mações relativas à sua idoneidade ou situação
financeira e patrimonial, o que levaria a
aprovar crédito baseado em informações não
compatíveis com a realidade.
Outro fator que interfere é a ausência de dados com informações sobre os clientes,
isto é, quando não se tem histórico anterior, nem a posição atual do risco e há ainda difi-
culdades para se ajustar estratégias de diversificação de risco (SANTOS, 2006).
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tos e a declaração do Imposto de Renda
são as fontes mais confiáveis para apurar o
rendimento. Por outro lado, deve-se consi-
derar despesas com empréstimos bancários
já existentes, crediário em lojas, planos de
saúde, impostos etc., com o objetivo de apurar a real capacidade de pagamento.
5.2.1 Pontualidade
A pontualidade nos pagamentos é um dos principais itens a considerar em uma
avaliação de crédito. Quem tem histórico de pagamentos nos vencimentos junto à
própria empresa e de terceiros demonstra com clareza que preza honrar seus compro-
missos financeiros.
É o caráter da pessoa que está exposto. Popularmente se diz: tem um “nome” a
preservar. Para uma empresa ou banco, tão importante quanto vender é receber pon-
tualmente o que foi vendido.
Análise de Crédito e Cobrança 77
5.2.3 Estabilidade
Na avaliação da estabilidade é preciso estar atento se os rendimentos obtidos por
pessoa física garantem certa consistência com relação ao tempo de emprego, o tipo de
atividade, se a renda é de trabalho formal ou informal, se o setor da empresa na qual
trabalha está em ascensão ou declínio, perspectivas futuras etc.
Essas são informações difíceis de se obter e exigem certo conhecimento e habili-
dades do analista. Torna-se mais complicado avaliar especialmente quando as pessoas
físicas não têm emprego formal.
SANTOS (2006, p. 55) sugere o seguinte para estes casos: “Quando as pessoas
físicas têm suas rendas extraídas de atividade empresarial, liberal ou autônoma os ana-
listas de crédito devem coletar informações (cadastrais, de idoneidade e financeiras)
Análise de Crédito e Cobrança 78
do negócio e de seus gestores”. O que o autor propõe para apurar o risco de se conce-
der crédito é que se verifique o tempo de atividade, os administradores, a carteira de
clientes, fornecedores, concorrência, situação contábil etc.
A avaliação macroeconômica também é fundamental para a gestão do risco do
crédito, porque adversidades podem prejudicar a capacidade de pagamento.
Para entender melhor, vejamos o exemplo de adversidade decorrente de um aumento nas ta-
xas de juros. Isso tende a gerar recessão econômica, possível perda de emprego ou redução de
benefícios por mudança de emprego.
5.2.4 Idoneidade
Já citamos que a idoneidade é um dos
principais fatores a ser considerados na análise
de crédito. Se a pessoa ou empresa demons-
trou que até então honrou pontualmente seus
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5.3 Os Cs do crédito
Vamos abordar aqui informações essenciais a respeito da possibilidade do clien-
tes de honrar seus compromissos sob a ótica dos cinco Cs do crédito, que são: Caráter,
Capacidade, Capital, Colateral, Condições e Coletivo.
Como já sabemos, a concessão de crédito implica na avaliação dos clientes, e a
seleção envolve a aplicação de técnicas para determinar os que merecem receber cré-
dito (GITMAN, 2005).
As empresas normalmente recorrem a dois tipos de técnicas para a análise de
crédito, ou seja, a técnica baseada em dados estatísticos, que não é o objetivo desse
estudo, e a técnica subjetiva.
Dados do cliente
Idoneidade do mercado
Caráter de crédito
Habilidade em converter
Capacidade
investimentos em receita
Impacto de fatores
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5.3.1 Caráter
Caráter se refere à idoneidade do cliente, com seu histórico de pagamento inter-
no, relativo a pontualidade, atrasos, perdas incorridas, renegociações efetuadas etc., e
externas (mercado de crédito), junto às entidades especializadas como Serasa e SPC,
que informam sobre cheques devolvidos, protestos, dívidas em atraso não pagas,
Análise de Crédito e Cobrança 81
falências requeridas, ações judiciais e outras. Diz respeito, portanto, à índole do toma-
dor do crédito e seu interesse e intenção em pagar uma dívida a ser contraída.
Com base nesses registros é possível
verificar se o proponente correspondeu an-
teriormente às expectativas em situação
parecida.
O item “caráter” é primordial, pois se
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um possível cliente tomador de crédito de-
monstrar que não honrou compromissos an-
teriores e tem pouca disposição de fazê-lo
no futuro, é melhor não conceder o crédito.
5.3.2 Capacidade
Avalia a situação financeira atual e a habilidade de gerenciar seu negócio. Essa
avaliação é feita ponderando a capacidade de geração de receita pelas empresas (de-
monstrativo financeiro e fluxo de caixa) e a obtenção de renda pelas pessoas físicas
com base na cópia da folha de pagamentos ou declaração do Imposto de Renda.
No caso de empresas é importante também diagnosticar a estratégia da direção
da empresa, avaliar sua visão de futuro e capacidade administrativa dos dirigentes.
Analisar também as demonstrações financeiras apresentadas, com ênfase na liquidez
e endividamento, para verificar qual o grau de dívidas pode assumir.
Algumas empresas não conseguem apresentar dados fidedignos e ficam com a
análise parcialmente prejudicada, pois não é possível determinar com precisão a real
capacidade de pagamento para assumir uma dívida.
Quando um empresário vende uma geladeira ao cliente em cinco parcelas mensais no cartão
de crédito, financiadas pela loja, e o cliente paga as parcelas rigorosamente em dia, é bom
para o credor.
Todo credor precisa ter o retorno de seus capitais com a remuneração estipu-
lada. Quando isso acontece, fecha-se o ciclo de um bom negócio feito por meio da
satisfação dos clientes tomadores desse crédito, o que permite a realização de novos
negócios, e o ciclo se repete.
É, portanto, um negócio bom para o credor, tendo os objetivos sido atendidos.
Análise de Crédito e Cobrança 84
Referências
ROSS, S. A; WESTERFIELD, R. W; JAFFE, J. F. Administração financeira. 2. ed. São Paulo:
Atlas, 2002.
LEMES JÚNIOR, A. B.; RIGO, C. M.; CHEROBIM, A. P. M. S. Administração Financeira:
princípios, fundamentos e práticas brasileiras. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2002.
SANTOS, J.O. dos. Análise de Crédito: empresas e pessoas físicas. 2. ed São Paulo: Atlas,
2006.
SANTOS, E. O dos. Administração Financeira da Pequena e Média Empresa. 1. ed. São
Paulo: Atlas, 2001.
ASSAF NETO, A. Finanças Corporativas e Valor. 6. ed. São Paulo: Atlas,2012.
GITMAN, L.J. Princípios de Administração Financeira. 10. ed. São Paulo: Pearson, 2005.
SEBRAE. Os Cs do Crédito. Disponível em: <www.sebraepr.com.br/PortalSebrae/
sebraeaz/Os-Cs-do-cr%C3%A9dito>. Acesso em: 1° maio 2016
SEBRAE. Ferramentas auxiliam relacionamento com o cliente, de 19.03.2013.
Disponível em: <www.sebraesp.com.br/index.php/46-noticias/marketing/7946-ferra-
mentas-auxiliam-a-gestao-do-relacionamento-com-o-cliente>. Acesso em: 1º maio 2016
6 O crédito para as pessoas físicas
Dentre as principais atividades dos bancos está a concessão de crédito. É a razão
de ser das instituições financeiras. Segundo FORTUNA (2015), o objetivo é propor-
cionar o suprimento oportuno e adequado dos recursos necessários para financiar a
curto e médio prazos os diversos segmentos de clientes, ou seja, o comércio, a indús-
tria, as empresas prestadoras de serviços e as pessoas físicas.
Neste capítulo vamos estudar especificamente o crédito para pessoas físicas, sua
importância como alavanca de desenvolvimento econômico e social. Analisaremos
alguns dos principais produtos oferecidos, a questão do endividamento e os cuidados
que devem ser observados, tanto por quem fornece quanto por quem é tomador do
crédito. Finalizando o estudo do capítulo, faremos algumas simulações para avaliar os
efeitos dos prazos, taxas e parcelas de empréstimos. Vamos aos estudos.
esses fundos não são utilizados, são emprestados por meio desta e de outras linhas de
crédito. Como o nome diz, o objetivo é gerar renda e emprego.
O crédito rural, por se tratar de crédito especializado e muitas vezes subsidiado
(cobrança de juros inferiores aos praticados no mercado), há uma série de exigências
na comprovação do crédito.
No crédito rural cabe ao CMN (Conselho Monetário Nacional) formular a política de crédi-
to rural e ao Bacen (Banco Central do Brasil) controlar o funcionamento. Todas as regras do
crédito rural estão estabelecidas no Manual do Crédito Rural (MCR), permanentemente atuali-
zado pelo Bacen.
Aqui vimos algumas linhas de crédito que exigem direcionamento dos créditos e
outras não. Na sequência vamos analisar as necessidades normais de crédito, as sazo-
nais e permanentes.
Por isso é indicado fazer uma pesquisa no banco de relacionamento e nos concor-
rentes antes de tomar uma decisão. Ou seja, analisar todas as variáveis envolvidas.
Muitas vezes juros, impostos, documentação, taxa de abertura de crédito, garantias,
taxas de registro cartorárias e outras elevam os custos dos financiamentos. Convém
avaliar tudo isso e ver se um financiamento direto com o fornecedor (vendedor do
produto) não é mais vantajoso, desde que o fornecedor esteja disposto a fazê-lo direta-
mente ou por meio de empréstimo por intermédio de uma financeira. Por exemplo, as
grandes redes de varejo costumam financiar diretamente ao consumidor as vendas de
eletrodomésticos, televisores etc. e cobram as prestações mensais em carnês.
Pela Lei Complementar 93, de 04.02.1998, e pelo Decreto 4892, de 25.11.2003, foi criado o
Fundo de Terras e da Reforma Agrária, conhecido como Banco da Terra. O objetivo é financiar
os programas de reordenação fundiária e de assentamento rural.
disso os bancos criaram linhas de crédito que buscam atender tais necessidades. São
exemplos: as linhas chamadas de crédito pessoal, crédito salário e outras.
Entre todas as linhas de crédito pessoa física talvez as mais constantes e perma-
nentemente utilizadas sejam o CDC e o cartão de crédito. Contribuem para isso a
ampla oferta e a facilidade de uso.
Veremos, em seguida, os principais produtos que as instituições financeiras
oferecem aos consumidores pessoas físicas para atender suas necessidades de crédito.
Para que possamos compreender melhor, funding se relaciona à origem (captação) dos recur-
sos que dão suporte às linhas de crédito.
Produtos de varejo
Internet
Crédito Direto Indireto Agência
Home banking
Mesa de clientes
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Call center
6.2.1 Rotativos
Das várias linhas de crédito, algumas são classificadas como rotativas, ou seja,
podem ser reutilizadas por meio do mesmo instrumento de crédito (não há necessi-
dade de assinar um novo contrato em caso de reutilização). Na prática, é como se não
tivessem um vencimento. No que diz respeito às pessoas físicas, os exemplos mais
clássicos são o cheque especial e o cartão de crédito. Vejamos:
• cheque especial: é vinculado à conta corrente da pessoa, tem limite defini-
do, e as taxas de juros podem variar mensalmente. Os limites são decididos
em função da renda e da idoneidade do correntista. As taxas de juros cobra-
das são das mais altas de todas as linhas de crédito disponíveis no mercado,
porque embutem um prêmio de risco muito elevado por causa da ausência de
Análise de Crédito e Cobrança 93
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do cartão, que às vezes é isenta), porém se
não conseguir haverá a incidência de encargos
financeiros altíssimos.
Quanto ao uso os cartões de crédito
podem ser exclusivos do mercado brasileiro
ou também internacional, e neste último caso a conversão será feita pela taxa do dólar
turismo no dia do vencimento da fatura. Qualquer gasto feito no exterior tem inci-
dência de 6,38% de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) no Brasil e é também
convertido para reais no dia do vencimento, igualmente pela taxa do dólar turismo.
6.2.2 Empréstimos
Já sabemos que a classificação empréstimos é quando não há necessidade de
comprovação da destinação do crédito concedido. Várias linhas são classificadas como
empréstimos para pessoas físicas:
• Crédito pessoal e crédito consignado: o crédito pessoal é o empréstimo dire-
to em dinheiro, com taxas e prazos definidos e prestações mensais. Pode ser
feito sem garantias, mas eventualmente é exigida fiança de terceiros. O crédi-
to consignado é o crédito concedido com base na renda oriunda do salário ou
de benefícios do tomador. A empregadora se compromete a reter diretamen-
te do salário o valor da prestação e o repassa à instituição financeira credora.
Essa última linha de crédito tem encargos financeiros mais baixos em função
da diminuição do risco do tomador. Os bancos costumam oferecer algum segu-
ro para cobertura da dívida em caso de perda de emprego ou falecimento.
• Microcrédito: essa é uma linha de crédito que não tem tido muita divulgação,
mas existe desde 2003 e foi criada pela Lei 10.735 e alterações posteriores.
FORTUNA (2015) informa que a lei foi criada para aumentar o crédito na eco-
nomia e direcioná-lo, por meio desta lei, às pessoas físicas e jurídicas que mais
Análise de Crédito e Cobrança 94
6.2.3 Financiamentos
Diversas são as linhas de financiamento para pessoas físicas, nas quais é exigida a
comprovação da destinação do crédito concedido. Vamos analisá-las:
• CDC (Crédito Direto ao Consumidor): linha de crédito muito utilizada atual-
mente por bancos e financeiras (vinculadas ou não a grandes lojas). SECURATO
e SECURATO (2013) informa que é uma modalidade à disposição das pessoas
físicas para aquisição de bens de consumo duráveis, como veículos, equipa-
mentos de informática, eletrodomésticos, móveis e outros. Normalmente as
prestações são mensais, iguais e fixas, com taxas de juros pré-fixadas, mas
nada impede que sejam pós-fixadas. Os bens adquiridos com o crédito servem
de garantia da operação.
• Financiamento com garantia de imóveis: muito comum nos Estados Unidos,
esse tipo de financiamento começou a se desenvolver com maior intensida-
de mais recentemente no Brasil. Para FORTUNA (2015), é o financiamento
pessoal de médio e longo prazos com garantia imobiliária dada em alienação
fiduciária.
A linha de crédito serve para possibilidades como comprar uma segunda casa,
pagar os estudos dos filhos ou reordenar dívidas de curto prazo. É uma boa alterna-
tiva para as pessoas se alavancarem em cima do patrimônio acumulado. Os prazos
para pagamento podem ser de até 20 anos, com reposições mensais e encargos
financeiros que embutem uma taxa mensal de juros fixa, além de um indexador,
normalmente o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) ou o IPCA (Índice Na-
cional de Preços ao Consumidor Amplo).
Por outro lado, os bancos têm interesse nesse tipo de financiamento pela segu-
rança jurídica (alienação fiduciária de imóvel) e garantia oferecida. Por isso podem
reduzir as taxas de juros cobradas na concessão.
• Crédito imobiliário: a casa própria é o sonho de todo brasileiro adulto. Em tem-
pos passados os financiamentos eram concedidos dentro do Sistema Financeiro
da Habitação. Muitos créditos foram concedidos, mas as interferências estatais
(governo) com sucessivos planos econômicos que não foram bem-sucedidos nas
Análise de Crédito e Cobrança 95
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equaliza as taxas para os bancos em-
prestadores. As garantias normalmente
são o penhor rural (máquinas e o produ-
to da lavoura financiada), hipoteca de
imóvel, aval e fiança.
No crédito rural, equalização da taxa de juros é quando os bancos praticam taxas subsidia-
das, ou seja, abaixo do mercado e do custo de captação da origem dos recursos. No interes-
se de fomentar a atividade o governo federal equaliza essas taxas aos bancos, ou seja, assume
a diferença.
6.3 Endividamento
Crédito remete a dívida. Até agora analisamos a questão do crédito como alavan-
ca do desenvolvimento econômico e social, estudamos os principais produtos disponíveis
no mercado financeiro, com suas variantes e condições de uso. Agora vamos perceber
que o endividamento é outra faceta da questão financeira das pessoas e famílias.
Possuir dívida não é necessariamente algo ruim, nem deve ser tratado com um
significado como “fulano está endividado”. Muitas pessoas e famílias possuem algum
tipo de dívida ou já tiveram. No mundo movido a crédito essa é uma questão quase
universal. Quando bem administrada a dívida ajuda a alavancar patrimônio que de-
moraria muito ou dificilmente aconteceria sem essa condição.
Para ASSAF NETO (2012), uma alavancagem em exagero é que causa problemas
de toda ordem e deve ser evitada. Isso fica evidente quando uma pessoa ou família
tem gastos correntes superiores aos seus ganhos mensais. Quando isso ocorre, essa di-
ferença acaba sendo financiada por terceiros (bancos ou pessoas). Nessa situação o
endividado precisa agir e redirecionar a questão a um outro foco, sob pena de agravar
o endividamento e ficar insolvente.
Nos últimos anos no Brasil, em função do
aumento da renda e dos incentivos do governo
ao crédito, houve um endividamento exagerado
das pessoas e famílias. Isso poderá ter reflexos
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6.4 Simulações
As simulações para avaliar como os efeitos do prazo, das taxas de juros e das par-
celas afetam o custo e o pagamento de dívidas contraídas seguem algumas regras. É a
matemática financeira aplicada, segundo SECURATO e SECURATO (2013) e que analisa
os princípios e cálculos fundamentais utilizados nos empréstimos e financiamentos.
Os juros são a remuneração do capital. Mas é preciso saber como esses juros são
calculados. Para fazê-lo é necessário conhecer pelo menos três elementos: o capital, a
taxa de juros e o período (prazo). Com esses dados é possível determinar um montante
(capital mais juros) ao final de um período de tempo.
Existem basicamente dois tipos de capitalização dos juros, a simples e a composta.
As instituições financeiras utilizam a capitalização composta em suas operações de cré-
dito. Isto tem uma influência determinante no valor das parcelas a pagar de uma dívida.
Veremos ainda os sistemas utilizados para calcular as prestações a pagar. Entre
os vários sistemas, o destaque é para a tabela Price e o SAC (Sistema de Amortização
Constante). Veremos a ambos a seguir. Vamos aos estudos.
A taxa de juros deve ser colocada sob a forma unitária, por exemplo: 10% equivalem a 0,10. A
taxa de juros e o prazo devem referir-se à mesma unidade de tempo (anos, meses etc.).
Análise de Crédito e Cobrança 100
FV = PV (1 + i)n
A diferença dos juros compostos para os juros simples é que nos compostos o
período é exponencial e nos simples não incidem juros sobre juros.
Veremos a seguir algumas aplicações práticas das fórmulas.
Podemos verificar como a diferença entre o regime de cálculo dos juros simples
Análise de Crédito e Cobrança 101
e compostos afeta a dívida (uma diferença maior nos juros compostos de 12.066,08).
Essa diferença evidentemente é maior ou menor, a depender dos prazos concedidos.
Agora vamos demonstrar a influência dos prazos numa dívida contraída no regi-
me de juros compostos:
Utilizaremos o mesmo exemplo, apenas alterando o prazo calculado para 12 me-
ses e 24 meses:
F V = 20.000,00 (1+ 0,04)12 então: FV= 20.000,00 (1,04)12 então:
Para facilitar os cálculos no regime de juros compostos é utilizada a máquina financeira HP 12C
já programada de acordo com as equações.
Podemos verificar que uma simples redução na taxa de 4% a.m. para 3,8% a.m.
gerou uma diminuição no valor dos juros totais de 2.314,53, uma redução substancial e
efetiva de 4,5147% no valor total da dívida.
Diante desses dados podemos entender com facilidade as modificações que po-
dem ocorrer nos cálculos das dívidas, com pequenas alterações nas taxas de juros. Por
isso é muito importante que as pessoas se cientifiquem e procurem entender melhor
Análise de Crédito e Cobrança 102
valor dessa prestação seja muito elevado para sua condição financeira. Ele solicita ao
banco refazer os cálculos e adequar a parcela à sua real capacidade de pagamento, que
no momento é de 500,00 por mês. Qual deveria ser o novo prazo, mantidas as demais
condições? Calculando na HP12C:
Solução:
Referências
GITMAN, L. J. Princípios de Administração Financeira Essencial. 2. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2001.
ASSAF NETO, A. Finanças Corporativas e Valor. 6. Ed. São Paulo: Atlas, 2012.
SANTOS, E. O. dos. Administração Financeira da Pequena e Média Empresa. 1. Ed.São
Paulo. Atlas, 2001.
BRITO, O. S. de. Mercado Financeiro. 1. Ed. Saraiva. 2005.
FORTUNA, E. Mercado Financeiro: produtos e serviços. 20. Ed. Rio de Janeiro.
Qualitymark, 2015.
SECURATO, J. C; SECURATO, J. R. Mercado Financeiro: conceitos, cálculos e análise de
investimento. 3. ed. 6 reimpressão. São Paulo. Saint Paul, 2013.
MELLAGI F., A. ISHIKAWA, S. Mercado Financeiro e de Capitais. 1. ed. São Paulo: Atlas,
2000.
Lei 10.735 – Disponível em: <www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2003/lei-10735-11-se-
tembro-2003-473491-normaatualizada-pl.html>. Acesso em: 6 maio 2016
7 O crédito para as empresas
As empresas são organizações econômicas que mobilizam os fatores de
produção (capital, trabalho e natureza) para transformar, produzir e comercializar bens
e serviços. Ao utilizar esses fatores de produção, necessitam de recursos financeiros
para dar suporte aos empreendimentos.
Essas necessidades financeiras podem ser de curto prazo, quando envolvem o finan-
ciamento das atividades operacionais, ou seja, o ciclo produtivo, venda e recebimento dos
produtos fabricados (no caso de indústria e serviços) e o tempo decorrido entre a compra,
a venda e o efetivo recebimento no caso de revenda de mercadorias (comércio).
Por outro lado existem as necessidades financeiras de longo prazo, que envolvem
o financiamento de projetos de expansão, investimentos que visam a melhorias na
produção e comercialização, aumento de produtividade e sustentabilidade.
Aqui vamos estudar aspectos e particularidades do crédito destinado às
empresas, o que implica na análise das necessidades de capital de giro e de inves-
timento, passando pelos principais produtos de curto, médio e longo prazos.
Abordaremos ainda alguns aspectos sobre o endividamento e a gestão das disponibi-
lidades e outras fontes de financiamento. Vamos aos estudos.
Em nosso estudo vamos conhecer ainda outras linhas de crédito para investi-
mentos disponíveis nas instituições financeiras.
despesas de funcionamento (água, luz, telefone). Enquanto essas despesas não forem
pagas, estão classificadas no Balanço como contas a pagar, e alguém está concedendo
prazo, ou seja, crédito.
Porém, quando essas despesas são pagas ou se utiliza recursos que a própria
empresa gera (recebimento do valor de suas vendas, gerando caixa) ou novamente de
terceiros, mas agora de outras fontes, como por exemplo as instituições financeiras,
que disponibilizam linhas de crédito normais para essas finalidades. Podemos citar
como exemplo um empréstimo para capital de giro.
Eventos Decisões
1. Compra de matéria-prima 1. Quanto estoque devemos
ter?
2. Pagamento de compras 2. Tomar dinheiro emprestado
ou usar o saldo de caixa?
3. Fabricação do produto 3. Que tecnologia de produ-
ção deve ser usada?
4. Venda do produto 4. Vender à vista ou a prazo
aos clientes?
5. Recebimento de dinheiro 5. Como cobrar?
Em nosso estudo vamos conhecer alguns dos principais produtos oferecidos pelas
instituições financeiras, para atender as necessidades de crédito das empresas.
ACC e ACE são linhas de crédito em moeda estrangeira captada de bancos correspondentes no
exterior (SANTOS, 2006).
Dificuldades financeiras são situações pelas quais passam uma empresa em que seus fluxos de
caixa operacionais são insuficientes para atender a seus compromissos financeiros nas datas
de vencimentos (LEMES JUNIOR, RIGO, CHEROBIN, 2002).
7.3.4 Simulações
As simulações que uma empresa poderá fazer é projetar seus fluxos de caixa para
vários períodos futuros, considerando os compromissos já assumidos e as despesas e
receitas vindouras, tentando identificar os pontos de desiquilíbrio e fazendo os ajustes
que seriam necessários para o reequilíbrio financeiro.
Existem no mercado diversos softwares de cálculo do fluxo de caixa que podem
auxiliar nessa atividade de simulação.
A maioria dos softwares existentes sobre fluxo de caixa não é gratuita, porém no site do
Sebrae há um modelo simples que poderá ser utilizado.
© FabriCO
Fonte: GITMAN (2001), p.435.
No site da BM&FBovespa podem ser obtidas mais informações sobre o mercado acionário
brasileiro. Vale a pena conferir.
As ações emitidas são negociadas nos mercados primário e secundário das Bolsas
de Valores:
• Primário: é no mercado primário que as empresas fazem o lançamento inicial
de suas ações e as vendem ao público (pessoas, empresas, instituições etc.). Os
recursos obtidos são canalizados para os negócios (normalmente investimen-
tos no Ativo Imobilizado (máquinas, prédios) ou adequação de Passivos, tal
como saneamento financeiro).
O processo de lançamento de ações deve ser registrado na CVM (Comissão de
Valores Mobiliários) e precisa ter a obrigatória participação de instituições inte-
grantes dos Sistemas de Distribuição de Títulos e Valores Mobiliários (bancos de
investimentos, distribuidoras e corretoras de valores).
• Secundário: é no mercado secundário das Bolsas de Valores ou de Balcão que
as ações são negociadas entre terceiros. As negociações feitas no mercado
secundário não afetam mais o caixa da empresa lançadora e serve para dar li-
quidez ao mercado de ações, pois quem adquiriu as ações no mercado primário
poderá ter a intenção de revendê-las, e a empresa não tem nenhuma obrigação
de comprá-las de volta. É o característico mercado de Bolsa.
As ações são títulos de renda variável, e a empresa lançadora não paga juros aos
adquirentes. O preço delas oscila diariamente no mercado, podendo se valorizar ou
desvalorizar, dependendo da situação da empresa e das condições econômicas gerais
de um país e também do mercado internacional. No caso do Brasil, nossas principais
ações negociadas na Bolsa de Valores sofrem a influência dos preços das principais
commodities (petróleo, minério de ferro etc.) que têm preços atrelados ao dólar e ao
mercado mundial. É o caso das companhias ligadas ao petróleo e ao minério de ferro.
Análise de Crédito e Cobrança 122
Referências
ASSAF NETO, A. Finanças Corporativas e Valor. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
ROSS, S. A; WESTERFIELD, R. W; JAFFE, J. F. Administração financeira. 2. ed. São Paulo:
Atlas, 2002.
GITMAN, L. J. Princípios de Administração Financeira Essencial. 2. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2001.
LEMES JÚNIOR, A. B.; RIGO, C. M.; CHEROBIM, A. P. M. S. Administração Financeira:
princípios, fundamentos e práticas brasileiras. 1. ed. atual. Rio de Janeiro: Elsevier, 2002.
GITMAN, L.J. Princípios de Administração Financeira. 10. ed. São Paulo: Pearson, 2004.
FORTUNA, E. Mercado Financeiro – Produtos e Serviços. 20. ed. Rio de Janeiro:
Qualitymark, 2015.
SANTOS, E. O. dos. Administração Financeira da Pequena e Média Empresa. 1. ed. São
Paulo: Atlas, 2001.
SANTOS, J. O. dos Análise de Crédito – Empresas e Pessoas Físicas. 2 ed. São Paulo:
Atlas, 2006.
BRITO, O. S. de. Mercado Financeiro: Estruturas, produtos, serviços, riscos e controle
gerencial. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
SEBRAE: Programa de Geração de Emprego e Renda. Disponível em: <www.sebrae.
com.br/sites/PortalSebrae/artigos/conheca-o-programa-de-geracao-de-renda-
-proger,f5ed7b008b103410VgnVCM100000b272010aRCRD. Acesso em: 7 maio 2016.
SEBRAE. Fluxo de Caixa. Disponível em: </www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/
Anexos/0_fluxo-de-caixa.pdf>. Acesso em: 11 maio 2016.
BM&FBovespa: Ações. Disponível em: <www.bmfbovespa.com.br/pt_br/produtos/
listados-a-vista-e-derivativos/renda-variavel/acoes.htm>. Acesso em: 11 maio 2016.
Análise de Crédito e Cobrança 124
8 Política de cobrança
Iniciamos este capítulo sobre políticas de cobrança com o propósito de aprender
como as empresas fazem para receber os valores que foram emprestados ou vendidos
a crédito. Não tem nenhuma vantagem em vender e não receber, pelo contrário, só
há prejuízo quando isso ocorre. Por isso é de extrema importância as empresas defi-
nirem com clareza sua política de crédito e consequentemente de cobrança dos valores
a receber. Estudaremos o controle e acompanhamento das vendas a prazo e os custos
envolvidos, os sinais de alerta que podem indicar futuros problemas no recebimento,
às vezes emitidos pelo próprio cliente, por terceiros ou por outros credores.
Analisaremos ainda os créditos quando já são problemáticos, envolvendo
aspectos de negociação, renegociação, os caminhos legais e execução das garantias,
quando isso for necessário. Por fim, serão vistos aspectos relacionados à abordagem
ao cliente, considerando a firmeza na abordagem, o respeito ao cliente, flexibilidade e
persistência nas negociações. Vamos aos estudos.
Por isso, é preciso que as empresas tenham clara definição sobre sua política de
crédito e cobrança e se utilizem de meios adequados para que o processo de cobrança
se mostre eficaz.
Atualmente há empresas e bancos que se antecipam, enviando mensagens via SMS alguns dias
antes do vencimento da obrigação, lembrando a data e o valor, e solicitam que o cliente retor-
ne o contato se tiver dúvida em relação aos dados ou informações.
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30 para 45 dias, por exemplo, certamente
influenciaria em um aumento das vendas e
consequentemente do lucro. Porém tanto
o aumento no investimento das contas a
receber (financiar as vendas para os clientes)
quanto um possível aumento nas perdas reduziria o lucro. Daí a dificuldade e o equilí-
brio necessários na definição das políticas de crédito e cobrança.
Mas os motivos podem ter origem em outros fatores, que vão se agravando ao
longo do tempo e merecem a atenção de bancos e fornecedores. São sinais de alerta
emitidos e que precisam ser captados pelos credores. Podemos citar alguns:
• Os relatórios de IR (declaração do Imposto de Renda), DRE (Demonstrativo do
Resultado do Exercício) e Balanço do devedor mostram situação financeira difícil;
• A própria empresa emite sinais ao mercado de que está com dificuldades de
honrar seus compromissos, quando começa a atrasar o pagamento de salários,
por exemplo. A notícia se espalha rapidamente;
• Terceiros credores também buscam receber seus créditos e estão com dificul-
dades em cobrá-los. Começam a aparecer os primeiros protestos de títulos em
cartório e cheques devolvidos;
• Outros credores, normalmente bancos, notificam os devedores extrajudicial-
mente e na sequência ingressam em juízo para reaver seus créditos.
Os indicadores econômico-financeiros, tais como índices de liquidez, índices de
estrutura, índices de rentabilidade, índices de análise de ações também são muito
importantes e devem ser levados em consideração. Por meio desses índices, o analista
poderá ter uma visão mais detalhada da situação econômica ou financeira da empresa.
Quando estes indicadores mostram uma situação desfavorável são sinais de
alerta que não podem passar despercebidos por quem tem créditos a receber.
Análise de Crédito e Cobrança 129
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Passivo Circulante
Caixa e Bancos 5.000 Duplicatas a pagar 35.000
Duplicatas a receber 15.000 Salários a pagar 8.000
(-) Duplic. Descontadas 10.000 Empréstimos 35.000
(-) Prov.Dev. Duvidosos 2.000 Total 78.000
Estoques 20.000 Exigível a Longo Prazo
Total = 28.000 Financiamentos 50.000
Realizável a Longo Prazo Provisões 5.000
Depósitos judiciais 1.000 Total= 55.000
Outros Créditos 4.000 Patrimônio Líquido
Total = 5.000 Capital Social 10.000
Ativo Permanente Reservas 7.000
Máquinas e Equipamentos 80.000 (-) Prejuízo acumulado 5.000
Veículos 60.000 Total 12.000
(-) Depreciação 28.000 Total do Passivo 145.000
Total= 112.000
Total do Ativo = 145.000
Análise de Crédito e Cobrança 130
Na primeira análise o que chama atenção é que a empresa vem dando prejuízo.
Deu prejuízo neste exercício e já tinha prejuízos acumulados no exercício anterior. Se
partirmos para o cálculo de alguns indicadores econômico-financeiros, tais como os de
rentabilidade e liquidez, aos quais vamos nos ater neste estudo, sabendo que existem
outros, como por exemplo os índices de estrutura e de ações, poderemos constatar
outras fragilidades. Vejamos alguns exemplos:
O índice de liquidez corrente, que avalia se a empresa tem condições de pagar
suas contas de curto prazo. Faz uma comparação dos valores disponíveis, mais os a
receber, os estoques, em contrapartida aos valores a pagar no curto prazo. O desejável
é que este índice seja superior a 1 (um), pois indicaria que a empresa teria recursos
suficientes em pagar todos os compromissos se fosse necessário e ainda sobraria
algum valor. Caso seja inferior a 1, indica que a empresa não tem recursos disponí-
veis suficientes ou que possam ser transformados em dinheiro, para saldar todos os
seus compromissos de curto prazo. Na aplicação da seguinte fórmula, podemos ver o
exemplo da empresa com base nas informações do Balanço Patrimonial observado:
Analisando o indicador, verificamos que é de 0,36, o que quer dizer que a empresa
só disporia de 0,36 centavos de recursos para cada 1,00 real de dívida de curto prazo,
sempre lembrando que o indicador abaixo de 1(um) mostra que o Capital Circulante
Líquido da empresa (Ativo Circulante menos o Passivo Circulante) está negativo.
É um indicador extremamente preocupante e um sinal claro da dificuldade da
empresa em honrar seus compromissos. Existem outros indicadores de liquidez (seca,
imediata, geral), porém para compreensão da necessidade de averiguar os dados
Análise de Crédito e Cobrança 131
contábeis de um possível cliente que vai assumir dívidas, é suficiente ter a noção do
que representa o cálculo de um índice de liquidez, e o ILC (Índice de Liquidez Corrente)
é o mais representativo.
Vejamos na sequência o cálculo de um índice de rentabilidade, ressaltando que
existem quatro tipos de índices de rentabilidade: retorno sobre o ativo total, retorno
sobre o investimento, retorno sobre o Patrimônio Líquido e rentabilidade das vendas
(margem operacional e margem líquida):
Esse indicador calculado mede a eficiência da utilização do ativo total, ou seja,
quanto de retorno gera a aplicação dos recursos na empresa. No caso apresentado
é negativo, pois a empresa vem apresentando prejuízo. É um indicador totalmente
negativo.
Cabe salientar ainda que existe também a margem operacional que expressa a
rentabilidade da empresa sobre suas vendas, porém, ao invés de utilizar o Lucro Líquido
comparado com as vendas, utiliza-se o Lucro (margem) Operacional , ou seja, o resul-
tado obtido através das atividades operacionais da empresa (o foco do seu negócio, sem
considerar outras receitas, como por exemplo, receitas financeiras, se houver).
Observando o demonstrativo de resultados, podemos verificar que a empresa
até seria lucrativa não fossem os elevados encargos financeiros que absorvem grande
parte das receitas.
Os indicadores, tanto de liquidez quanto de rentabilidade, demonstram que a
situação da empresa é delicada, pois apresenta prejuízos em seus negócios e a capa-
cidade de honrar seus compromissos está em um nível totalmente indesejável. Há
dívidas elevadas com bancos.
Se não houver um redirecionamento urgente na administração da dívida com
terceiros (principalmente empréstimos), é um caso que terá grande probabilidade de
insucesso absoluto, culminando com a falência.
Análise de Crédito e Cobrança 132
Na política de crédito e cobrança de uma empresa deve estar previsto este tipo de
análise, principalmente quando se trata de grande volume de negócios a serem feitos
com um potencial cliente. As pequenas empresas normalmente não têm estrutura para
fazer isso. Mas as grandes empresas e os bancos fazem isso com bastante rigor, anali-
sando inclusive outros indicadores, tentando evitar inadimplência futura, definindo um
nível adequado de crédito aos clientes e identificando possíveis sinais de alerta por meio
dos índices econômico-financeiros. Existem outros sinais de alerta que veremos a seguir.
Sobre despesas com devedores duvidosos ASSAF NETO (2012) faz a seguinte definição:
“Refere-se à probabilidade definida pela empresa em não receber determinado volume de cré-
dito no futuro. A experiência da empresa com seu mercado consumidor, as conclusões obtidas
de análises técnicas e o grau de aversão ao risco constituem os principais instrumentos de es-
tudo desta medida.”
• após certo número de dias, a empresa envia uma carta educada, lembrando ao
cliente que sua conta está vencida. Se não for paga, após alguns dias envia uma
segunda carta;
• se as cartas não forem eficazes, poderá ser dado um telefonema ao cliente, so-
licitando pagamento imediato. Dependendo das razões apresentadas, poderá
ser proposta alguma prorrogação de vencimento;
• uma visita ao cliente de um vendedor ou um funcionário da área de cobrança
pode ser muito eficaz. Às vezes o pagamento ocorre no ato;
• entregar a cobrança para uma agência de cobrança ou a um advogado. São
empresas especializadas neste tipo de serviço, mas cobram taxas elevadas
para fazê-lo;
• por último, a ação judicial da cobrança, como medida extrema. É uma medida
cara, demorada e pode acarretar inclusive a falência do devedor, sem garantir o
pagamento final do valor vencido.
De qualquer forma, todo o esforço precisa ser empreendido na tentativa de
reaver os créditos concedidos e não pagos, no intuito de evitar ou ao menos suavizar
o prejuízo.
8.3.1 Negociações
Quando uma pessoa ou uma empresa possui dívidas e não as consegue pagar
no vencimento, é preciso buscar uma solução imediata junto aos credores. Estes por
sua vez, têm o maior interesse em regularizar as pendências e tentam abrir uma nego-
ciação para concretizá-la.
As causas das dificuldades financeiras podem ser diversas e já foram citadas.
Ocorre que às vezes os devedores, tanto pessoa física quanto jurídica, demoram em
perceber a realidade e a busca de soluções. Se não consegue pagar, o caminho é a
negociação com o credor, tentando prorrogar prazo e melhorar as demais condições.
As empresas em dificuldades devem tomar a decisão de se reestruturar financeira-
mente, o que pode ocorrer de duas maneiras:
• por meio de soluções privadas, ou seja, diretamente com os credores, onde nor-
malmente as dívidas antigas são substituídas por novas, com eventual agregação
de garantias, alongamento de prazos e às vezes até redução no valor da dívida;
• ou por meio de um pedido de recuperação judicial, que é uma situação anor-
mal, mas prevista na legislação brasileira, tentando evitar que uma empresa vá
falir, sem antes ter a oportunidade de se recompor financeiramente. No perío-
do da recuperação judicial, normalmente de dois anos, as cobranças das dívidas
são suspensas.
Análise de Crédito e Cobrança 136
Recuperação judicial “é uma fase de dificuldade financeira pela qual uma empresa passa, quan-
do ingressa em juízo para evitar a falência, solicitando maiores prazos e condições para pagar
suas dívidas.” (LEMES JUNIOR, 2002).
8.3.2 Renegociações
Há situações em que mesmo dívidas já prorrogadas voltam ao status de inadim-
plência. Os devedores não conseguiram honrar o que foi acordado anteriormente. Isto
implica em nova negociação, ou seja, uma renegociação se os devedores ainda esti-
verem dispostos a fazê-lo, porque algumas vezes essa possibilidade inexiste, seja porque
o devedor não apresenta as mínimas condições de realmente pagar a dívida no futuro,
ou porque o devedor não comparece para fazer a renegociação, ou, ainda, porque o
credor não concorda com eventuais termos de renegociação propostos pelo devedor.
8.4.4 Persistência
Se nas primeiras abordagens não houve êxito na cobrança, é preciso persistir.
Obter algum compromisso do devedor e a partir daí fazer nova investida. O objetivo é
mostrar ao inadimplente que a situação precisa ser resolvida.
Chegamos ao final do nosso capítulo sobre políticas de cobrança. Tivemos a opor-
tunidade de compreender os aspectos relacionados à gestão da cobrança dos créditos
concedidos para garantir a saúde financeira da empresa, valendo-se dos controles e
acompanhamento das dívidas, atentos aos sinais de alerta, passando pela administração
dos créditos já problemáticos e premissas relacionadas à abordagem do cliente.
Análise de Crédito e Cobrança 140
Referências
ASSAF NETO, A. Finanças Corporativas e Valor. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
GITMAN, L. J. Princípios de Administração Financeira Essencial. 2. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2001.
GITMAN, L. J. Princípios de Administração Financeira. 10. Ed. São Paulo: Person, 2005.
LEMES JÚNIOR, A. B.; RIGO, C. M.; CHEROBIM, A. P. M. S. Administração Financeira:
princípios, fundamentos e práticas brasileiras. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2002.
SANTOS, E. O. dos. Administração Financeira da Pequena e Média Empresa. 1. ed.
São Paulo: Atlas, 2001.
FORTUNA, E. Mercado Financeiro: Produtos e Serviços. 20. ed. Rio de Janeiro:
Qualitymark, 2015.