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DIRETRIZES PARA ELABORAÇÃO

DE PROGRAMA DE GERENCIAMENTO
DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE INDÚSTRIA
DE PRÉ-MOLDADOS EM CONCRETO*

BÁRBARA L. BRAGA**, TÚLIO M. PINHEIRO***, MARLON CARMO


FILHO****, DIOGO BORGES OLIVEIRA*****, PAULO SÉRGIO
DE OLIVEIRA RESENDE******, TIAGO FERREIRA CAMPOS
NETO*******

Resumo: os resíduos sólidos, resultantes de atividades industriais, precisam ser gerenciados


adequadamente a fim de reduzir impactos de poluição, degradação ambiental e danos à
saúde humana. Uma série de leis implementam e regulamentam o descarte de resíduos
quanto à reciclagem, redução, reutilização, tratamento e disposição final ambientalmente
adequada. Fundamentando-se nas dificuldades de implementação de práticas sustentáveis
de gestão de resíduos por empresas de pequeno/médio porte, este artigo tem como objetivo
avaliar, a partir da análise de uma unidade de uma empresa de pré-moldados em concreto
do Estado de Goiás, as práticas de gerenciamento de resíduos aplicadas e, por intermédio de
uma metodologia de produção mais limpa, identificar as oportunidades de otimização dos
rejeitos gerados. Diretrizes para elaboração de um Programa de Gerenciamento de Resíduos
Sólidos são apresentadas em busca de melhorias contínuas em benefício da sustentabilidade.

Palavras-chave: Resíduos sólidos. Gerenciamento. Concreto. Diretrizes. Sustentabilidade.

N 
as últimas décadas, a preservação ambiental tornou-se um dos principais obje-
tivos no mercado da construção civil. Geralmente, os resíduos sólidos gerados
por esse mercado são descartados de forma inadequada, desconsoante com os
parâmetros de sustentabilidade. Esses rejeitos podem ser descartados de forma que não agri-

* Recebido em: 30.05.2016. Aprovado em: 21.06.2016.


** Acadêmica de Engenheira Civil, Escola de Engenharia Civil, PUC Goiás. E-mail: barbaraengbraga@
hotmail.com
*** Acadêmico de Engenheira Civil, Escola de Engenharia Civil, PUC Goiás. E-mail: tuliomp03@gmail.com
**** Acadêmico de Engenheira Civil, Escola de Engenharia Civil, PUC Goiás. E-mail: marlon.carmo@gmail.com
***** Acadêmico de Engenheira Civil, Escola de Engenharia Civil, PUC Goiás. E-mail: diogoborges.senai@
gmail.com.
****** Mestre em Engenharia Civil, Escola de Engenharia Civil, PUC Goiás. E-mail: preengenharia@gmail.com
******* Mestre em Engenharia Civil. Doutorando em Arquitetura e Urbanismo pela UnB. E-mail: tiagocampos.
eng@gmail.comnicalibleyer@hotmail.com.

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dam a natureza e, em alguns casos, podem ser aproveitados, tornando-se fonte alternativa
de arrecadação de capital e reduzindo os impactos ambientais.
A produção de materiais, tecnologia construtiva e mão-de-obra têm prioridade no
âmbito da busca pela redução dos custos na indústria da construção. A falta de gerenciamento
dos resíduos resulta em maiores desperdícios, consequentemente maiores gastos, que por sua
vez, são repassados ao consumidor embutidos nos preços dos produtos.
Os ciclos produtivos devem conciliar a construção civil e práticas sustentáveis, sucedendo
em mudanças na utilização de recurso, no interesse do avanço tecnológico, no rumo dos investimen-
tos e nas exigências institucionais; tomando como intuito, o equilíbrio com as necessidades humanas.
Contudo, metamorfoses culturais, ações educativas ambientais e afloramento de uma visão sistêmica
são fatores fundamentais para aplicação de mudanças, não se resumindo somente a um conceito
multidisciplinar (ZWAN, 1997; BRANDON, 1999; ÂNGULO, 2000; JOHN, 2000).
No ano de 2007, foi aprovada a Política Nacional de Saneamento Básico (PNSB),
Lei n° 11.445, que inseriu o manejo de resíduos sólidos como parte integrante da conceituação
de saneamento básico. Planos de gerenciamento de resíduos sólidos passam a integrar os planos
municipais de saneamento, desde que sejam respeitadas as premissas descritas na PNSB. Já no
ano de 2010, foi sancionada a Lei 12.305, que teve como objetivo instituir a PNSB, apresen-
tando os seguintes objetivos: Proteção da saúde pública e da qualidade ambiental; Não geração,
redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final
ambientalmente adequada dos rejeitos; Gestão integrada de resíduos sólidos; Articulação entre
as diferentes esferas do poder público, e destas com o setor empresarial, com vistas à cooperação
técnica e financeira para a gestão integrada de resíduos sólidos.
Mukai (2010) em suas anotações sobre a Lei n° 12.305, afirma que a PNSB é
constituída em princípios, objetivos e instrumentos, bem como diretrizes relativas à gestão
integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, as responsabilidades
dos geradores e do Poder Público e instrumentos econômicos aplicáveis.
A PNSB (2007) é destinada às pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado,
responsáveis direta ou indiretamente pela geração de resíduos sólidos e às que desenvolvam ações
relacionadas à gestão integrada ou ao gerenciamento de resíduos. Entretanto, para que essas condi-
ções sejam de fato cumpridas, as partes às quais a PNSB é destinada devem possuir Programas de
Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) que incluam condutas e técnicas dirigidas à garantia
de que os resíduos sejam corretamente coletados, manuseados, armazenados, transportados, apro-
veitados e dispostos representando o mínimo de riscos ao meio ambiente e aos seres humanos.
Não obstante, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou no
ano de 2002 a Resolução n° 307, apresentando diretrizes, procedimentos e critérios aplicáveis
à indústria da construção civil no que tange à gestão de resíduos, outorgando aos municípios
e aos principais geradores a responsabilidade de segregar e sistematizar seus rejeitos.
Dessa forma, este artigo tem o objetivo de apresentar práticas de gestão ambiental,
bem como definir diretrizes para elaboração de um PGRS. O objeto de estudo foi uma indús-
tria de pré-moldados em concreto do Estado de Goiás.

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

O gerenciamento de resíduos sólidos oriundos da construção civil é indispensável


para a qualidade da gestão ambiental nos centros urbanos. Uma gestão adequada dos rejeitos
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popularmente chamados de “entulhos” pode reduzir custos sociais, financeiros e ambientais.
Os entulhos são resíduos oriundos de processos construtivos e demolições, e devem ser geren-
ciados desde a elaboração dos projetos até sua destinação final (BLUMENSCHEIN, 2007).
A Resolução n° 307 (CONAMA, 2002) aborda a reutilização, reciclagem e benefi-
ciamento dos resíduos. Para Mariano (2008), a reutilização é definida como sendo o aproveita-
mento do material sem transformação, enquanto a reciclagem refere-se à utilização do resíduo
após ter sido submetido à transformação. O beneficiamento submete o material a processos/
operações que forneçam condições de aproveitamento como matéria-prima ou produto.
Um sistema integrado de gestão de resíduos sólidos da construção se faz necessário,
entretanto envolve inquisições complexas, principalmente no processo construtivo. Blumens-
chein (2007) anuncia que primeiro plano se tem a necessidade de assegurar o cumprimento
das legislações específicas que definem e organizam as responsabilidades relativas às etapas
de gerenciamento. Em segundo plano deve-se considerar os obstáculos inerentes ao processo
construtivo, o que acaba por conferir ao processo de produção características físicas e organi-
zacionais particulares.

Quadro 1: Classificação dos resíduos sólidos da construção civil

Classe A
Definição Resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados.
Material Tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento, argamassa e concreto.
Deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados ou encaminhados a aterro de
Destinação resíduos classe A de reservação de material para usos futuros (Resolução CONAMA n° 448,
2012).
Classe B
Definição Resíduos recicláveis para outras destinações (Resolução CONAMA n° 469, 2011).
Material Plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e gesso.
Deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de armazenamento temporário,
Destinação
sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura.

Classe C
Resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente
Definição
viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação (Resolução CONAMA n° 431, 2011).
Material Retalhos de tecido saturados com graxa.
Deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade com as normas
Destinação
técnicas específicas.
Classe D
Resíduos perigosos oriundos do processo de construção (Resolução CONAMA n° 348,
Definição
2004).
Material Tintas, solventes, óleos, materiais contaminados e que contenham amianto.

Deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade com as normas


Destinação
técnicas específicas (Resolução CONAMA n° 448, 2012).

Por fim, em terceiro plano é preciso atentar-se às dificuldades de implementação de


um Sistema Integrado de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, que exige a reunião de fatores
como: forma de geração e disposição, ações passíveis de aplicação, instrumentos e recursos
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disponíveis. A falta de dados referentes aos tipos e quantidades de resíduos gerados, à carac-
terização dos rejeitos por regiões urbanas e à identificação dos agentes recicladores elevam o
nível do desafio a ser vencido pelos responsáveis pela gestão dos resíduos da construção.
A Resolução n° 307 (CONAMA, 2002) em conjunto com outras resoluções agru-
pam os resíduos sólidos da construção civil em quatro classes e apresentam suas respectivas
definições. O Quadro 1 apresenta as classes, definições, exemplos de resíduos e suas destina-
ções.

MÉTODO

O método de pesquisa fundamentou-se em três etapas distintas e bem definidas


como se segue:

 Pesquisa teórica: estudo de pesquisas recentes e legislação vigente de forma a identificar


os problemas de descarte e aproveitamento, classificação e destinação final dos resíduos
sólidos da construção civil;
 Pesquisa de campo: verificação in situ dos problemas, procedimentos e técnicas aplicadas
pela empresa;
 Aplicação da metodologia: unificando a pesquisa teórica e de campo, realizou-se um
levantamento das dificuldades encontradas pela empresa no que diz respeito ao tratamento
de materiais quebrados e descontinuados, bem como custo operacional da obtenção do
material reciclado, as causas da geração dos resíduos e as vantagens observados por meio
do aproveitamento dos materiais. Como resultado final dessa etapa são apresentados os
parâmetros para elaboração do PGRS.

O objeto de estudo foi uma empresa de pré-moldados em concreto do Estado de


Goiás que não possui um PGRS, tampouco um descarte adequado das sobras e rejeitos de sua
produção. Durante a pesquisa de campo foram observadas irregularidades nos processos de
armazenamento temporário e destinação dos resíduos sólidos. A Figura 1a apresenta restos de
lona e sacos com retalhos de tecidos e a Figura 1b mostra páletes descartados em área aberta
dentro da empresa. A Figura 2a retrata o acúmulo de resíduos de classes diferentes dispostos
em conjunto sem a devida seleção e acondicionamento correto, assim como a Figura 2b que

apresenta resíduos descartados em área alagável.


(a) (b)

Figura 1: Lonas e sacos com retalhos (a) e páletes de madeira inutilizados (b)
Nota: acervo pessoal de Braga e Pinheiro.

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(a) (b)
Figura 2: Resíduos de diferentes classes acumulados (a) e em área alagável (b)
Nota: acervo pessoal de Braga e Pinheiro.

Ainda durante a pesquisa de campo observou-se a disposição de materiais pré-

-moldados de concreto descontinuados estocados a céu aberto e inadequados para a comercialização


(Figura 3a) e rolos de papelão e plásticos incorretamente armazenados (Figura 3b).

(a) (b)

Figura 3: Canaletas e blocos de concreto não comercializados.


Nota: acervo pessoal de Braga e Pinheiro.

A unidade da empresa avaliada não aplica as premissas da Resolução n° 307 (CO-


NAMA, 2002). Prioriza-se a aplicação de capital em maquinários e equipes de produção e,
em função da situação econômica do país, optou-se por não arriscar em novos investimentos,
continuando os processos de descarte e estocagem da forma mais atual. Os operários infor-
maram que se sentem incomodados com o arranjo do ambiente laboral devido à falta de or-
ganização e estocagem desapropriada dos resíduos gerados. A empresa tem conhecimento do
PNRS, entretanto ainda não o aplicou devido ao custo elevado de adequação dos processos e
gastos com novas tecnologias.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

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Os resíduos sólidos gerados pela empresa de pré-moldados são, na sua maioria, de
classe A, incluindo sobras de concreto, madeira, lona, retalhos de tecido e papelão. Resíduos
da classe D também são encontrados entre os materiais descartados, como aditivos químicos
e produtos impermeabilizantes. A empresa não conta com aterro de resíduos classe A, tam-
pouco com área de transbordo e triagem (ATT) de resíduos de construção civil e resíduos
volumosos. Os resultados apresentados a seguir foram obtidos por meio de médias de valores
levantados durante dois meses do ano de 2016 com produção contínua de resíduos e os cus-
tos foram todos levantados por meio de pesquisa no mercado da região.

Geração de resíduos sólidos

Da produção diária total são descartados em média 14 unidades de blocos, 17 de


canaletas, 37 telhas e 10 cumeeiras, como resultado são desperdiçados cerca de 9.418 kg
de concreto ao mês. Quando o desperdício é analisado financeiramente, o valor global de
prejuízo mensal é de aproximadamente R$1.771,50. Esse número foi obtido através do le-
vantamento dos custos de cada insumo, por meio das notas fiscais, calculado em função do
número de unidades produzidas em cada traço de concreto dosado. A variação dos preços dos
blocos e canaletas para as telhas e cumeeiras é explicada pela diferença no número de unidades
produzidos por traço dosado. A Tabela 1 apresenta a massa total média de resíduos gerados e
seu respectivo prejuízo.

Tabela 1: Totais de resíduos descartados e prejuízos da empresa
Massa total Massa total Prejuízo Prejuízo
Resíduo Unidades Unidades Massa por Custo por
por dia por mês diário por mês
sólido por dia por mês unidade (kg) unidade (R$)
(kg) (kg) (R$) (R$)

Blocos 14 420 7,30 102,20 2.044 0,98 13,72 411,60

Canaletas 17 510 8,40 142,80 2.856 0,98 16,66 499,50

Telhas 37 1.110 4,60 170,20 3.404 0,61 22,57 677,10

Cumeeiras 10 300 5,57 55,70 1.114 0,61 6,10 183,60

Totais 470,90 9.418 - 59,05 1.771,50



O produto mais descartado ou perdido durante as produções da empresa é a telha,
representando 47% do total, seguida da canaleta com 22%, bloco com 18% e cumeeira com
13%. A maior perda de telhas é resultante do maior número de unidades produzidas por
dosagem do concreto. Os traços dosados sofrem influência da variação de umidade da areia
que, por sua vez não é bem armazenada, no entanto a relação água/cimento do concreto é
corrigida em função dessa variação de teor de água presente no agregado miúdo.
Além dos resíduos gerados mensalmente, existem materiais não comercializados
oriundos de produções anteriores à pesquisa de campo que estão indevidamente estocados
na empresa, são os chamados materiais descontinuados. A quantificação desses materiais foi
realizada por meio da contabilização das unidades de páletes com materiais estocados e os
resultados estão apresentados na Tabela 3. A massa total de materiais descontinuados é con-
sideravelmente elevada e está disposta aleatoriamente pelos pátios da empresa, atuando como

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habitat para vetores de doenças.
Os páletes são comprados pela empresa por R$5,00 a unidade e durante o período
de dois meses foram utilizadas 834 unidades, perfazendo uma média de treze unidades por
dia. Os produtos pré-moldados são colocados nos páletes e entregues aos clientes, posterior-
mente por meio de uma logística de entrega dos produtos, a empresa recolhe as unidades nas
obras e os clientes que não devolverem devem desembolsar o valor de R$6,00.

Tabela 2: Total de materiais descontinuados estocados na empresa


Materiais Quantidade de Massa/unidade
Unidades/pálete Massa total (kg)
descontinuados páletes (kg)
Jota
40 420 3,77 63.336
9x14/19x19cm
Piso ossinho
9 500 2,70 12.150
10x6x20cm
Bloco
8 200 5,91 9.456
11,5x19x24cm
Compensador
11 480 2,13 11.246,40
9x19x19cm

Piso retangular 10x6x20cm


8
10.800
500
2,70
Piso retangular
2 600 1,80 2.160
10x4x20cm
Piso retangular
11 400 3,50 15.400
10x10x20
Total 124.548,40

A medida em que são utilizados, os barris de aditivos químicos são enviados para
outra empresa pertencente ao mesmo grupo localizada em outra cidade. As fòrmas metálicas
utilizadas na moldagem dos produtos ao empenarem, trincarem ou quebrarem são indevida-
mente armazenadas junto aos outros resíduos, sendo consideradas inutilizáveis.

Diretrizes para o PGRS

Em posse da análise dos dados coletados durante os dois meses de pesquisa de cam-
po e das informações obtidas por meio da pesquisa teórica, definiu-se que o aproveitamento
dos resíduos do material pré-moldado como agregado nas dosagens futuras é a maneira mais
indicada para a empresa se adequar à legislação vigente e introduzir a aplicação de um PGRS.
Ao utilizar os resíduos que anteriormente seriam descartados, a empresa pode reduzir os des-
perdícios de material, aumentar a lucratividade e romper a barreira que a separa das práticas
sustentáveis.
Todo o plástico estocado na empresa (Figura 3b) e os futuramente descartados
poderiam ser vendidos a cooperativas que realizam coleta seletiva e destinam o material para
a reciclagem. Geralmente, as cooperativas da região pagam aproximadamente R$0,30 por
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quilo de plástico.
As fôrmas metálicas de moldagem que não estão sendo utilizadas por motivos já
citados podem ser aproveitadas por meio da contratação de serviços de metalurgia. As fôrmas
podem ser fundidas e remodeladas, reduzindo o custo de aquisição com novas peças. Uma
nova peça custa aproximadamente R$60,00, enquanto que a peça moldada com material
reciclado pode custar metade do preço. A diferença no valor desembolsado pode ser usada no
pagamento dos serviços de metalurgia.
São gastas treze unidades de páletes ao dia, isto é, 390 unidades ao mês. Metade des-
se número é descartada por estar quebrada ou por ter sido armazenada em local descoberto.
O preço de uma unidade é R$5,00, logo por mês são R$1.950,00, onde metade desse valor
fica perdido nos pátios da empresa. Armazenar os páletes de maneira a evitar sua exposição às
chuvas e calor excessivo e consertar aqueles que ainda podem ser utilizados é uma boa forma
de reduzir os desperdícios de madeira.
No que diz respeito aos resíduos de pré-moldado de concreto, uma alternativa para
aplicação dessa proposta é utilizar os descartes triturando-os com máquinas específicas para
esse uso e aplicando-os como agregados nas produções futuras. O mesmo processo pode ser
realizado com os materiais descontinuados, entretanto em função do seu elevado volume es-
tocado, indica-se que sejam utilizados em misturas de concreto para pavimentação de pátios
da empresa onde se encontram resíduos acumulados, a fim de reduzir a proliferação de vetores
de doença. Além dos pavimentos, os agregados reciclados desses materiais podem ser utili-
zados na execução de baias para os insumos usados na fabricação das peças de concreto, ou
em baias seletoras onde os futuros resíduos possam ser armazenados até serem aproveitados.
Para triturar os materiais descontinuados e os futuros resíduos de produção é preci-
so que a empresa adquira um triturador capaz de atender a demanda. Por meio de pesquisas
de mercado optou-se por indicar à empresa a compra do Triturador CMS Modelo TE2. Esse
modelo pode atender às necessidades da empresa além de representar um investimento de
baixo custo. A Tabela 4 apresenta as especificações técnicas do produto.

Tabela 3: Especificações técnicas do triturador


Modelo CMS TE2
Produção do motor 2,0 m³/h
Potência do motor 3,0 cv
Regulagem de trituração 2 / 5 / 7 cm
Peso 288 kg

Dimensões 1560 x 1035 x 1200 mm


Tensão trifásica 220/380 V

De forma a quantificar os resultados possivelmente obtidos pela empresa com a


compra do triturador, foi realizada uma análise orçamentária focada na lucratividade obtida
pela empresa.

Análise orçamentária

Para adquirir o modelo de triturador indicado, a empresa deveria desembolsar


R$15.500,00. A fim de contabilizar a quantidade de material que pode ser triturado e apro-
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veitado como agregado, definiu-se que o agregado reciclado pode substituir a areia média nas
dosagens de concreto. Em um traço são adicionados 112 kg de areia média e são produzidos
em torno de 150 traços por dia, totalizando um consumo de 16.800 kg ao dia. Em consulta
a documentação original verificou-se que são pagos R$396,45 por 16.870 kg desse insumo,
logo a quantidade de areia comprada diariamente é a mesma que a consumida mais as perdas.
Para contabilizar as reduções de gastos possivelmente obtidas pela empresa caso
adquira o triturador, foi realizado um estudo comparativo do volume de areia média consu-
mido/comprado ao dia com os volumes de agregados reciclados, tanto dos resíduos quanto
dos materiais descontinuados. Essa análise possibilitou estabelecer estimativas de redução nos
gastos da empresa como segue.
São comprados 16.870 kg de areia média diariamente, o que corresponde a aproxi-
madamente 10,88 m³/dia ou 326,40 m³/mês; são gerados 470,90 kg de resíduos de concreto
ao dia (Tabela 2), representando 0,30 m³/dia ou 9,0 m³/mês e; estão estocados 124.548,40
kg de materiais descontinuados (Tabela 3), totalizando 80,35 m³. O triturador possui uma
produtividade de 2,0 m³/h (Tabela 4), portanto para triturar o material descontinuado seriam
necessários apenas cinco dias, enquanto o resíduo gerado diariamente poderia ser triturado
em uma hora ao dia.
De acordo com o Boletim de Tarifa Convencional n° 02/2015 da Companhia de
Energia Elétrica de Goiás (CELG) e considerando o número de horas de funcionamento, os
dias e a potência de trabalho do triturador, foi realizada uma avaliação do gasto que a empresa
teria no consumo de energia elétrica. Ao primeiro mês, em função da britagem de todo o
material descontinuado, a conta de energia aumentaria em aproximadamente R$71,45. No
entanto, nos meses seguintes, o valor do aumento não passaria de R$5,00.
Ao aproveitar o agregado reciclado do material descontinuado na produção dos
produtos pré-moldados em concreto, a empresa poderia atingir uma economia de quase
R$3.000,00 logo no primeiro mês. Com a utilização dos resíduos gerados diariamente
(0,30 m³/dia) como agregado, a empresa poderia reduzir em até R$218,63 no orçamento
mensal.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo apresentou os benefícios econômicos e sociais que empresas do mesmo


ramo podem obter ao aplicar diretrizes que fechem o ciclo de produção, no qual os resíduos
sólidos gerados são inseridos nos novos produtos finais. A aplicabilidade desse conceito de-
pende de mudanças nas práticas de trabalho, nos processos internos e da conscientização dos
trabalhadores e, somente com a reunião desses fatores será possível aplicar um PGRS.
A inserção da sustentabilidade nos processos de produção e execução na indústria
da construção civil tem feito empresas verem os resíduos gerados como fonte de investimento
e economia. O que antes era descartado, agora é matéria-prima, reduzindo o volume de rejei-
tos descartados na natureza e aumentando o lucro das empresas. Essa logística reversa é um
instrumento de desenvolvimento econômico e social, evidenciando um conjunto de ações
destinadas a facilitar a coleta e restituição dos resíduos sólidos aos seus geradores.
No caso do objeto de estudo desta pesquisa, a aplicação das diretrizes traçadas pode
contribuir para a instauração do Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, garan-
tindo cumprimento da legislação e ganhando destaque no mercado. O PGRS apresentará
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procedimentos de coleta, segregação, classificação, armazenamento temporário, transporte
e destinação final dos resíduos sólidos, bem como pontuar a responsabilidade do poluidor-
-pagador, consoante às exigências previstas na Política Nacional de Resíduos Sólidos.
GUIDELINES FOR DEVELOPING THE MANAGEMENT PROGRAM OF WASTE
MATERIALS OF A PRE-CAST CONCRETE INDUSTRY

Abstract: waste materials from industrial activities need to properly managed in order to reduce
pollution impacts, environmental degradation and damage to human health. A series of laws
implement the materials management with the regard to recycling, reduction, reuse, treatment and
environmentally proper final destination. Based on the difficulties of implementing sustainable
practices in small/médium industries, this article aims to evaluate, from the analysis of a pre-cast
concrete company in Goiás, the management practices applied and, through a cleaner production
methodology, identify opportunities of optimization of the generated waste materials. Guidelines
for developing the Management Program of Waste Materials were presented in pursuit of continu-
ous improvement for the benefit of sustainability. As method it was carried out a field research,
to survey data, in parallel with a theoretical research, to formulate management proposals. It was
observed that with the implementation of the proposed action plans, the company can achieve
greater profitability, qualification and comply with current legislation and contribute to sustain-
able applications.

Keywords: Waste materials. Management. Concrete. Guidelines. Sustainability.

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