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O cavaleiro cingiu a linda moura com arrebatamento. Beijou-a nos cabelos, na testa,
nos olhos. Ela voltou a esquivar-se. Chorava em silêncio. E murmurou, afastando-se:
- Adeus, meu único amor!
Ela observou:
- Meu amor, terei de ir buscar mais água. Esta acabou-se. Mas volto já!
Saiu. A algazarra havia terminado. Dir-se-ia que o combate chegara ao fim. Zaida
encheu a bilha encetou a caminhada para a sala subterrânea. Porém, quando estava já
próximo da entrada, uma seta vinda do lado do castelo acertou-lhe em cheio. Caiu de
joelhos agarrada à bilha da água que verteu metade. Teve forças, porém, para se arrastar até
ao local onde o mato tapava a entrada. Rastejando e perdendo sangue, Zaida só caiu junto
do seu cavaleiro. A bilha caiu também e a água perdeu-se. Zaida havia desaparecido do
mundo dos vivos.
Desesperado, o cavaleiro soergueu-se do leito e veio ajoelhar-se junto da sua bem
amada. Suplicou:
- Ó Deus Misericordioso! Perdoai-nos os pecados que cometemos neste mundo...e
juntai-nos...de novo...no Céu!
Com o esforço feito, a ferida do cavaleiro voltou a abrir e o sangue cristão do jovem
misturou-se com o sangue mouro da linda Zaida. E esse sangue só parou de correr quando
ambos pareciam já duas estátuas de mármore.
No castelo, os mouros haviam mais uma vez repelido o ataque dos cristãos.
Procuravam Zaida e o ferido por toda a parte. Foi então que um soldado descobriu o rasto
de sangue deixado pela filha do alcaide. Seguindo-o, foi encontrar os corpos sem vida do
cavaleiro cristão e da jovem moura, lado a lado, numa larga cova distante do castelo. Desde
então, diz a lenda que. em certas noites de luar, quem tenha a ousadia de vaguear pela Serra
de Sintra verá sair de uma larga cova, junto a um penedo, uma formosíssima donzela
vestida de branco, com uma bilha na mão. A passos apressados, a jovem de branco dirige-se
para uma nascente de águas finas. Depois, regressa à mesma cova donde saíra, com a bilha
já cheia. A meio do caminho solta um doloroso gemido. Depois, desaparece, qual branco
fantasma..."
Pesquisa: O Caminheiro de Sintra
Fonte: Biblioteca Municipal de Sintra
Imagem: autor Flickr luispabon