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Resumo
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Professora de Francês, Pedagoga, Especialista em Educação Especial com ênfase em Inclusão pela PUCPR,
atua na Educação Básica no ensino privado. E-mail: carneirovb@gmail.com
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Pedagoga, Professora da educação básica no ensino privado e público, Especialista em Educação Especial com
ênfase em Inclusão pela PUCPR. E-mail: bethsilva19@yahoo.com.br
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Pedagoga, Especialista em Supervisão Educacional, Psicopedagogia e em Educação Especial com ênfase em
Inclusão pela PUCPR. E-mail: lucianamsfidelis@gmail.com
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Pedagogo, Professor Universitário, Doutorando em Educação na PUCPR. E-mail: drjacqueslima@hotmail.com
ISSN 2176-1396
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Introdução
Tecnologia Assistiva
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O termo Tecnologia Assistiva teve sua nomenclatura decidida, votada e aprovada por unanimidade pelo CAT,
para bem padronizar suas ideias e definir suas concepções. Foi também designado que a nova expressão - TA -
será utilizada no singular e não no plural uma vez que faz alusão a uma área do conhecimento (BRASIL, 2009).
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As novas descobertas e soluções nessa área têm sido constantes e cada vez mais
abrangentes, com repercussões altamente significativas, principalmente para o
aprendizado e inclusão de alunos com graves comprometimentos motores, sensoriais
e/ou de comunicação e linguagem, a partir do uso dessa Tecnologia Assistiva, das
adaptações e outros recursos de acessibilidade (GALVÃO FILHO, 2009, p. 25-26).
[...] as TICs são utilizadas por meio de TA quando o objetivo final desejado é a
utilização do próprio computador, para o que são necessárias determinadas ajudas
técnicas que permitam ou facilitem esta tarefa. Por exemplo, adaptação do teclado,
de mouse, softwares especiais, etc (ITS BRASIL, 2008, p. 28).
Condição para utilização com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços,
mobiliários, e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transportes e
dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa
portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida (BRASIL, 2004).
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Empoderamento: provém do termo da língua inglesa, empowerment. Na área da educação, é o processo pelo
qual indivíduos e grupos sociais passam a refletir sobre – e a tomar consciência de – sua condição e a de seus
pares, e assim formulam e objetivam mudanças que levem à transformação da condição individual e coletiva.
(DICIONÁRIO AURÉLIO DA LÍNGUA PORTUGUESA, 2010).
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Kanner revisa este conceito por várias vezes e em 1949 refere-se ao quadro como
Autismo Infantil Precoce “pela dificuldade no contato com as pessoas, desejo obsessivo por
certas coisas e objetos, pela rotina nas situações, alterações na linguagem e mutismo, que os
levava a grandes problemas na comunicação interpessoal” (ORRÚ, 2012, p. 20). Em 1956, a
descrição continuaria no quadro de uma verdadeira psicose, visto que nenhum exame clínico
nem laboratorial fornecia dados consistentes à sua etiologia.
Entretanto, foi a partir de Ritvo, em 1976, que se passa a considerar o autismo, não
uma psicose, mas como uma síndrome e sua relação com déficits cognitivos inerentes à
criança, ocorrida desde o nascimento, com suas singularidades comportamentais (ORRÚ,
2012). Hoje, a criança com Transtorno do Espectro Autista está incluída num quadro maior
denominado de Transtornos Globais do Desenvolvimento ou TGD. Sua definição é entendida
por prejuízos na interação social - visualizado pela inabilidade em relacionar-se com o outro -
usualmente combinado com déficits de linguagem e alterações comportamentais
estereotipadas e repetitivas, englobando interesses e atividades restritas (TEIXEIRA, 2013).
A palavra espectro abrange as variantes de intensidade de sintomas e situações que a
pessoa autista pode apresentar, numa nuance que vai da mais severa, definindo o autismo de
baixo funcionamento, até a mais leve, determinando o autismo de alto funcionamento
(TEIXEIRA, 2013).
Ainda neste contexto autista, é importante destacar o trabalho da médica inglesa,
psiquiatra da infância e da adolescência, Dra. Lorna Wing. Em 1981 ela estabeleceu a análise
das três principais carências autísticas que ficaram conhecidas como “Tríade de Wing”. Elas
estão na área da imaginação, socialização e comunicação. Wing relaciona estas faltas de
habilidades com a Teoria da Mente. Teixeira explicita que:
Fonte: Os autores.
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Este mundo exclusivo do autista é também citado por Orrú (2012), usando os termos
“impenetrabilidade e distância” quando se refere à inabilidade comportamental e de interação
social. Como o diagnóstico do autismo é clínico, ou seja, norteia-se em considerações e
observações da história da pessoa, a sistematização para se chegar ao diagnóstico correto se
faz necessária. Esses esforços de padronizar o diagnóstico partem de duas fontes principais de
informação: a descrição dos pais sobre o desenvolvimento e padrões de comportamentos da
criança e informações a partir de observações metódicas e diretas de um profissional
(TEIXEIRA, 2013; PERISSINOTO, 2003).
Entretanto, com os avanços sobre estudos dessa patologia, a identificação é possível
nos primeiros meses de vida. Referindo-se a esta precocidade da identificação do autismo,
Teixeira (2013), alerta familiares e cuidadores para as seguintes observâncias em bebês,
conforme a Figura 2:
Figura 2 - Identificação de autismo em bebês.
Fonte: Os autores.
Schwartzman (2014) apresenta características atuais e importantes sobre o TEA.
Registra que há maior índice de ocorrer este transtorno entre irmãos de uma família e que
50% das pessoas com TEA apresentam algum grau de deficiência intelectual. A maior
quantidade de identificação desta doença nos dias de hoje, deve-se, provavelmente, ao fato
que os estudos ampliaram o conhecimento sobre o TEA e seu diagnóstico, e estima-se que de
cada 100 pessoas uma é afetada pelo transtorno, o que mostra um aumento considerável em
relação a dados referenciados há algumas décadas. Sobre as causas do autismo infantil, ainda
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como produto, estratégia e prática da tecnologia assistiva em prol de pessoas que carecem de
medidas educacionais especiais.
Softwares desenvolvidos especialmente para a mediação da aprendizagem de pessoas
com TEA são exemplos de uso das TICs como tecnologia assistiva. Por vezes chamados de
softwares para comunicação alternativa (CA), propõem a comunicação “por meio de
símbolos, imagens, textos ou síntese de voz, no computador” (ITS BRASIL, 2008, p. 43).
Esta área de investigação da tecnologia assistiva preocupa-se com técnicas e ferramentas
auxiliares da promoção de pessoas com déficits nas áreas da oralidade e age não só como
suporte midiático, mas como suporte mediático, ou seja, de mediação, de estratégia sócio-
comunicativa em situações de processos de educação especial.
No Brasil, são recentes os andamentos de propostas e projetos já efetivados para
softwares de comunicação alternativa, especialmente pensados e criados para crianças com
TEA. Todavia eles existem e mostram sua eficácia. Dois softwares serão comentados neste
artigo.
O primeiro deles é o software criado por Rafael Moreira Cunha, elaborado como
propósito de sua dissertação de mestrado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro, com o seguinte tema: Desenvolvimento e avaliação de um jogo de computador para
ensino de vocabulário para crianças com autismo.
Denominado de Aiello, tem como objetivo facilitar e ajudar as crianças com TEA na
aquisição de vocabulário e promoção da linguagem. Está disponível para download na
internet desde julho de 2012 no site: http://www.jogoseducacionais.com/
Trata-se de um jogo lúdico e atraente cujo personagem principal é um simpático
esquilo. A plataforma do jogo permite à criança associar nomes a imagens de objetos,
ampliando seu vocabulário. Seu autor esclarece que “para ensinar as novas palavras, o jogo
utiliza tarefas de emparelhamento com o modelo típico podendo ser arbitrário ou por
identidade” (CUNHA, 2011, p. 19). Para cada acerto da palavra, o jogo elogia o participante;
para o erro não há consequência programada.
Este projeto foi testado em três crianças com diagnóstico de autismo ao longo da
elaboração do mestrado, e como resultado da pesquisa, o jogo determinou uma retenção de
vocabulário significativo, cerca de aproximadamente 94% de novas palavras. As palavras
representadas pelas figuras equivalem a diversas categorias: alimentos, higiene, roupas,
animais, música, mobiliário, eletrônicos, meios de transporte e outros.
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dela que se formam as funções mentais. “Não é por meio do desenvolvimento cognitivo que o
indivíduo torna-se capaz de socializar, é por meio da socialização que se dá o
desenvolvimento dos processos mentais superiores” (MOREIRA, 2011, p.108). De acordo
com as autoras, a utilização do SCALA potencializa interações como instrumento mediador
de ações comunicativas em sujeitos com TEA.
Como afirma Behrens, “o desejo de mudança da prática pedagógica se amplia na
sociedade digital da informação quando o docente depara com uma nova categoria do
conhecimento, denominada digital” (BEHRENS, 2013, p. 79-80). E conclui que cabe a
profissionais ligados à educação especial fazer da mediação da aprendizagem um novo
paradigma desta linguagem digital.
Nessa conjuntura de propor novas ajudas para o aprender, para a busca de recursos e
meios facilitadores para se chegar a resultados positivos com crianças com TEA, é que se
considera as possibilidades da tecnologia digital na forma de softwares para comunicação
alternativa, como tecnologia assistiva. O objetivo maior destas estratégias facilitadoras de
ajuda, é o de “prevenir, compensar, aliviar ou neutralizar uma deficiência, incapacidade ou
desvantagem e melhorar a autonomia e a qualidade de vida dos indivíduos” (ITS BRASIL,
2008).
Pela concepção sócio-histórica do desenvolvimento humano proposta por Vygotsky,
são os instrumentos e os signos que dão possibilidade ao sujeito de se relacionar, de se interar
e de ser interado no mundo e com o mundo. Este processo de mediar é determinado pelo
significado que se dá ao que se encontra ao redor, ou seja, “[...] criar representações mentais
de objetos, pessoas, situações, mesmo na ausência dos mesmos” (GALVÃO FILHO, 2004, p.
87). Este autor complementa ainda acerca da teoria da aprendizagem de Vygotsky:
Considerações Finais
Diante do objetivo proposto, que foi o de refletir sobre a tecnologia assistiva e discutir
sobre suas efetivas contribuições no processo mediático da aprendizagem da criança autista,
foi possível identificar na pesquisa bibliográfica que a pesquisa - tecnologia assistiva -
mediação da aprendizagem - transtorno do espectro autista - está se ampliando no Brasil.
Uma série de projetos nacionais de softwares especialmente elaborados para a
mediação da aprendizagem para pessoas com TA oferecem novas possibilidades para a ajuda
da socialização de sujeitos com necessidades educacionais especiais.
Na perspectiva da mediação da aprendizagem da atual contextualização inclusiva, as
propostas visam incrementar a postura de quem ensina assim como de quem aprende. O
professor mediador e o discente autista têm hoje uma melhoria na qualidade da educação com
o envolvimento das TICs e o avanço da tecnologia assistiva. A mediação da consciência da
modificabilidade de Feuerstein insiste com sucesso numa evolução mútua - professor/aluno; e
Vigotsky, na sua visão sócio-histórica, se mostra de uma atualidade tocante quando
combinada com o novo paradigma holístico.
Como consequência, numa percepção maior, nasce um entendimento contemporâneo
acerca da deficiência e da criança com TEA. Antes estudada sob o prisma da exclusão, hoje
está em realce o seu potencial cognitivo, a tentativa de explorar e entender seus talentos e não
de apontar seus prejuízos. Num entendimento holístico do tema desta pesquisa - a tecnologia
assistiva no processo de mediação da aprendizagem da criança autista - cogita-se um viés
contemporâneo de sociedade: de aprendizado baseado num novo sentido do aprender a
aprender, o da autonomia, da transformação e da renovação da compreensão dos saberes. São
as vantagens e os benefícios de uma sociedade em vias da transcendência no quesito aprender
a incluir e do viver a equidade.
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