Sei sulla pagina 1di 39

APOSTILA - MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS, PÓS-GRADUAÇÃO , VOL. 1, NO.

1, MAIO 2017 1

Manutenção de Sistemas Elétricos


Engenharia, Universidade Tiradentes.

Resumo—Esta apostila é o principal material de apoio da dis- E. Metodologia de Ensino


ciplina: MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS. Consiste Aulas expositivas e dialogadas, sendo desenvolvidas de
em recortes diretos de livros, manuais e instruções normativas.
acordo com os conteúdos a serem trabalhados, através de
Não deve ser comercializada ou publicada, servindo somente para
consulta dos alunos devidamente matriculados. O conteúdo dessa apresentação dos conceitos fundamentais relacionados ao tema
apostila serve como base para todas as aulas e discussões que para discussão de questões relacionadas, fixando os conceitos
serão realizadas durante a disciplina, o conteúdo será exposto (re) construı́dos na interação professor-aluno-conhecimento.
em sala de aula por meio de aulas expositivas e dialogadas.
Keywords—Manutenção, Sistema Elétrico, Equipamentos F. Metodologia de Avaliação
Elétricos. O Processo Avaliativo será mediante aplicação de prova
escrita individual, em grupo e de provas práticas aplicadas em
I. P LANO DE E NSINO E A PRENDIZAGEM laboratório.
A Diretoria de Educação Corporativa Pós-Graduação Lato
II. I NTRODUÇ ÃO
Sensu apresenta o plano de ensino e aprendizagem da dis-
ciplina Manutenção de Sistemas Elétricos, Engenharia de Atividades de manutenção são fundamentais para o sistema
Produção. de elétrico de potência (SEP). É necessário atender requisitos
básicos de manutenção para obtenção do objetivo principal,
o funcionamento adequado e eficiente dos equipamentos em
A. Ementa funcionamento no SEP.
Inspeção e manutenção de componentes, máquinas e moto- A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) apresenta
res; Inspeção e manutenção do sistema elétrico. a Resolução Normativa No 669, de 14 de Julho de 2015 com o
intuito de regulamentar os requisitos mı́nimos de manutenção e
B. Objetivo Geral o monitoramento da manutenção de instalações de transmissão
de Rede Básica.
Conhecer as técnicas de gerência de manutenção elétrica
e execução de manutenção em equipamentos, máquinas
elétricas e instalações elétricas. A. O que é a Rede Básica?
Segundo o Operador Nacional do Sistema (ONS): Inte-
gram a Rede Básica do Sistema Interligado Nacional (SIN)
C. Objetivos Especı́ficos
as instalações de transmissão que atendam aos seguintes
• Analisar caracterı́sticas de cenários com equipamentos critérios: linhas de transmissão, barramentos, transformadores
elétricos; de potência e equipamentos de subestação em tensão igual ou
• Conhecer instrumentos, equipamentos, diagramas e fer- superior a 230 kV; transformadores de potência com tensão
ramentas aplicados em instalações elétricas, interpre- primária igual ou superior a 230 kV e tensões secundária
tando ensaios e testes comparando com padrões e nor- e terciária inferiores a 230 kV, bem como suas respectivas
mas técnicas. conexões.

D. Conteúdo Programático B. RESOLUÇÃO NORMATIVA No 669 - Parte 1


Instruções Normativas; Transformadores; Motores elétricos Art. 2o As concessionárias de transmissão de energia
e acionamentos; Geradores elétricos; Sistemas isolantes elétrica deverão manter atualizado o plano de manutenção das
das máquinas elétricas; Caracterização, funcionamento e instalações de transmissão sob sua responsabilidade, contendo
manutenção dos principais dispositivos de manobra - secciona- as periodicidades e as atividades de manutenção, estabelecidas
dores, disjuntores, chaves e barramentos; Sistemas de proteção com base nos seguintes requisitos:
de geradores - descrição e funcionamento das funções de • Especificações dos equipamentos;
proteção - arranjos tı́picos; Sistemas de proteção de trans- • Normas técnicas;
formadores - caracterização das funções de proteção e seus • Boas práticas de engenharia;
equipamentos; Dispositivos de proteção - relés, fusı́veis, dis- • Conhecimentos especı́ficos adquiridos pelas conces-
juntores, para-raios, sensores: operação e manutenção. sionárias na manutenção dos equipamentos.
Engenharia Elétrica - Universidade Tiradentes, Aracaju, Sergipe - Brasil. Existem algumas exigências para o plano de manutenção,
Material de Apoio da Disciplina: Manutenção de Sistemas Elétricos. além das atividades de manutenção, alguns dos critérios adota-
Curso de Pós-Graduação - Engenharia de Produção dos para a definição do momento da execução da manutenção,
APOSTILA - MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS, PÓS-GRADUAÇÃO , VOL. 1, NO. 1, MAIO 2017 2

preditiva, preventiva ou corretiva são: tempo/periodicidade, atividades de manutenção preditiva ou preventiva tecnicamente
ı́ndice de desempenho e grandezas monitoradas. equivalentes, desde que a substituição esteja respaldada em
As atividades de manutenções preditivas e preventivas de- Laudo Técnico assinado por engenheiro de manutenção qua-
finidas nos planos de manutenção das concessionárias de lificado e habilitado e pelo Responsável Técnico da empresa
transmissão de energia não poderão ser inferiores às ati- perante o CREA.
vidades mı́nimas estabelecidas nos Requisitos Mı́nimos de 1) Metodologias Inovadoras: Eletricista inventa um car-
Manutenção. rinho que quando conectado à linha de transmissão
De modo geral, há um piso comum para as concessionárias, ”abraça”isoladores de alta tensão como a bandeja de um
caso não sejam atendidos os requisitos mı́nimos podemos garçom ”abraça”uma pizza, não permitindo que o mesmo
afirmar que existe risco de mau funcionamento do SEP, o que saia de uma posição de segurança e caia, as bordas da
pode provocar consequências negativas em termos financeiros. ”bandeja”seguram o isolador.
Existe um tempo mı́nimo para realizar atividades de Engenheiros da empresa e vinculados ao CREA tiveram
manutenção? obrigação de inspecionar o funcionamento do novo dispositivo.
Cada empresa possui o seu calendário de atividades de O objetivo foi avaliar se o novo equipamento atendia os
manutenção. O departamento de manutenção deve organizar requisitos mı́nimos de segurança, comprovando a validade do
o seu planejamento com base em parâmetros básicos como: processo de manutenção inovador foi possı́vel registrar junto
• Quantidade de Equipamentos instalados no sistema sob ao CREA a Anotação de responsabilidade Técnica (ART),
sua responsabilidade; somente depois do atendimento das condições mı́nimas o
• Disponibilidade de funcionários para execução das ati- procedimento pôde ser utilizado oficialmente em atividades de
vidades de manutenção; manutenção.
• Disponibilidade de dispositivos de análise ou instrumen- ——————————–
tos de ensaios; Art. 4o A empresa transmissora de energia elétrica deverá
As periodicidades das manutenções preditivas e preventivas disponibilizar o plano de manutenção de suas instalações de
definidas nos planos de manutenção das transmissoras não transmissão de Rede Básica para o ONS, por meio do sistema
poderão ser superiores às periodicidades estabelecidas nos de acompanhamento da manutenção do ONS. Os planos de
Requisitos Mı́nimos de Manutenção. manutenção deverão ser atualizados no sistema de acompa-
nhamento da manutenção, anualmente, entre o primeiro dia
1) As manutenções corretivas podem ser definidas?
do mês de agosto e o último dia do mês de novembro.
A observância dos Requisitos Mı́nimos de Manutenção não O ONS é o órgão responsável por avaliar e validar os planos
exime a transmissora da responsabilidade pela qualidade da de manutenção fornecidos pela empresas.
manutenção das instalações de transmissão ou de eventual Art. 5o Utilização técnicas de manutenção baseadas na
responsabilização em caso de sinistro de equipamentos. condição ou na confiabilidade, pré-requisitos:
A boa qualidade da atividade da manutenção é obtida • Disponibilizar no sistema de acompanhamento da
por meio da combinação de elementos técnicos e humanos. manutenção um plano de manutenção baseado no tempo,
Compor um departamento de manutenção com profissionais respeitando os Requisitos Mı́nimos de Manutenção;
capacitados para execução dos serviços solicitados é funda- • Executar atividades de manutenção preditiva com
mental, ademais, disponibilizar equipamentos adequados de frequência igual ou superior à estabelecida nos Requisi-
análise dos equipamentos e segurança pessoal e coletiva são tos Mı́nimos de Manutenção;
fundamentais para obtenção de boa qualidade das atividades • Informar no sistema de acompanhamento da manutenção
de manutenção. o registro de identificação do Laudo Técnico que justi-
Não são eventos comuns, mas acontecem sinistros em equi- fique, com base nas técnicas de manutenção adotadas, a
pamentos do SEP. Eventuais problemas podem ser provocados postergação da manutenção preventiva, caso ela não seja
por elementos externos que podem estar fora do controle da realizada até o perı́odo definido nos Requisitos Mı́nimo
concessionária de energia. de Manutenção.
Exemplo: Qual a finalidade da queima da palha da cana
2) Postergação da manutenção: Manutenção baseada na
de açúcar?
condição e confiabilidade podem promover nı́veis de segurança
O propósito é facilitar as operações de colheita. A queimada
maiores no que diz respeito ao SEP. A consequência direta
consiste em atear fogo no canavial para promover a limpeza
é a possibilidade de melhoramento no processo de alocação
das folhas secas e verdes que são consideradas matéria-prima
das equipes de manutenção e equipamentos disponı́veis para
descartável.
Existem trabalhos na literatura que mostram o efeito fı́sico, ensaios.
Geralmente as empresas transmissoras de energia possuem
dilatação, provocado nos cabos das linhas de transmissão
sistemas com grandes proporções geográficas, o número de
causados pelo aquecimento intenso provocado pela queimada
equipes de manutenção é inversamente proporcional, portanto,
da cana.
é necessário que haja uma organização adequada no que diz
respeito ao tempo de deslocamento, segurança e conforto para
C. RESOLUÇÃO NORMATIVA No 669 - Parte 2 as equipes de manutenção. Os três aspectos são importantes,
Serão consideradas atendidas as atividades estabelecidas nos aumentar o intervalo de tempo entre uma manutenção e outra
Requisitos Mı́nimos de Manutenção quando substituı́das por possibilitará:
APOSTILA - MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS, PÓS-GRADUAÇÃO , VOL. 1, NO. 1, MAIO 2017 3

• Evitar atividades de manutenção executadas de forma É de responsabilidade da transmissora estabelecer seu plano
apressada; de manutenção, com base nas normas técnicas, nos manuais
• Evitar riscos no momento e pós atividade de dos fabricantes, nas boas práticas de engenharia e nos co-
manutenção; nhecimentos especı́ficos adquiridos pelas concessionárias na
• Evitar a fadiga do funcionário, reduzindo o risco de manutenção dos equipamentos, o objetivo principal deve ser
acidentes. garantir a prestação do serviço adequado, atendimento de toda
——————————– demanda dos clientes, e a conservação dos equipamentos sob
Art. 6o A transmissora deverá manter o histórico dos laudos sua responsabilidade.
técnicos e das grandezas fı́sicas monitoradas e o registro dos Importante: As manutenções preventivas só poderão ser
resultados de comissionamentos, inspeções, ensaios, medições realizadas em intervalos superiores aos estabelecidos neste
e manutenções executadas em equipamentos e linhas de trans- plano quando forem adotadas técnicas de manutenção baseadas
missão durante todo o perı́odo da concessão. na condição ou na confiabilidade. Neste caso, deverá ser apre-
É importante a manutenção de históricos para que seja sentado laudo técnico que aponte a condição do equipamento
possı́vel obter informações importantes sobre as atividades que justifique a postergação da manutenção preventiva baseada
de manutenção executadas. Existem estudos baseados em no tempo.
relatórios de manutenção e relatos de experiências de fun-
cionários experientes que fornecem informações sobre defeitos IV. M ANUTENÇ ÃO P REDITIVA
e falhas mais recorrentes, além disso, é possı́vel verificar por As atividades mı́nimas de manutenção preditiva em
meio do histórico a condição de cada equipamento ao longo subestações consistem em:
da sua vida útil. • Inspeções Termográficas nos equipamentos e em suas
Os registros devem conter, no mı́nimo, a descrição das ativi- conexões;
dades realizadas, os resultados obtidos, os eventuais problemas • Ensaios do Óleo Isolante dos equipamentos.
encontrados, os reparos realizados, o tempo de execução
As inspeções termográficas em subestações devem ser rea-
da manutenção e as informações funcionais da equipe que
lizadas, no mı́nimo, a cada seis meses, devendo ser avaliados
realizou os trabalhos.
todos os equipamentos de alta tensão da subestação e não
Art. 7o O ONS deverá verificar sistematicamente, por
apenas as conexões.
meio de registros, a execução dos planos de manutenção
das instalações de transmissão de Rede Básica, alertando às
transmissoras e à ANEEL sobre os desvios observados. A. Pontos Quentes em Conexões
O ONS é um órgão fiscalizador e um dos responsáveis pelo Por que as conexões são pontos prioritários para a termo-
SIN, dessa forma, é atividade básica do mesmo fiscalizar se as grafia?
empresas transmissoras executam de forma adequada os seus Conexões são pontos do sistema onde é possı́vel verificar
planos de manutenção. Anualmente, o ONS encaminhará para resistências relativamente altas, por isso, o efeito Joule é muito
a ANEEL, até o nonagésimo dia do ano corrente, relatório de intenso.
acompanhamento da manutenção do ano anterior, destacando Considere a passagem de uma corrente elétrica por um
os indicadores de execução dos planos de manutenção por condutor.
concessionária de transmissão.
W dt = Qdθ + Akθdt (1)
III. R EQUISITOS M ÍNIMOS DE M ANUTENÇ ÃO em que:
Os Requisitos Mı́nimos de Manutenção definem as ati- W = calor produzido por efeito Joule (Ri2 );
vidades mı́nimas de manutenção preditiva e preventiva e Q = Qcond + Qiso = capacidade térmica do condutor e
suas periodicidades. Os equipamentos destacados na resolução isolante;
normativa no 669 são: transformadores de potência e auto- ccond = calor especı́fico do condutor;
transformadores, reatores de potência, banco de capacitores ciso = calor especı́fico do isolante;
paralelos, disjuntores, chaves seccionadoras, transformadores d θ = variação de temperatura do condutor no intervalo dt;
para instrumentos, para-raios e linhas de transmissão. A = área da superfı́cie emissora de calor;
Os equipamentos destacados no parágrafo anterior foram k = coeficiente de transferência de calor;
escolhidos para análise neste curso. As atividades e periodi- θ = elevação de temperatura do condutor sobre o ambiente.
cidades de manutenção para outros equipamentos, inclusive Considerando que em t = 0 é aplicado um degrau de corrente
para os sistemas de proteção e serviços auxiliares, apesar elétrica com intensidade I, a temperatura eleva-se conforme a
de não constarem nos Requisitos Mı́nimos de Manutenção, equação abaixo, que é a solução para a equação diferencial
devem estar especificadas nos planos de manutenção das acima, onde:
transmissoras. W = Ri2 = calor produzido;
As atividades estabelecidas neste documento não constituem Rt = 1/(A × k) = resistência térmica;
o conjunto completo de atividades necessárias à manutenção Rt × Q = constante de tempo térmica;
dos equipamentos e linhas de transmissão, mas o mı́nimo tcond = temperatura do condutor;
aceitável do ponto de vista regulatório. tamb = temperatura ambiente;
APOSTILA - MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS, PÓS-GRADUAÇÃO , VOL. 1, NO. 1, MAIO 2017 4

Qcond = Scond × ccond ; R0 é a resistência do condutor à temperatura t0 ;


Qiso = Siso × ciso . R é a resistência do condutor à temperatura t;
A elevação temperatura do condutor em relação a ambiente, O coeficiente α, coeficiente de temperatura, depende do
em função do tempo é dada pela solução da referida equação material, mas possui uma caracterı́stica interessante, para um
diferencial: mesmo material, ele não é constante. Varia com a temperatura
considerada, podemos considerar esse coeficiente constante
θ(t) = tcond − tamb = W Rt (1 − e−t/Rt Q ) (2) somente em variações de temperatura na escalada de algumas
• em t = 0, temos θ(0) = 0, podemos afirmar que que a dezenas de graus, por exemplo, é considerado constante entre
temperatura do condutor é igual à ambiente; 20o e 70o C, entre 60o e 90o C.
• em t tendendo a infinito a temperatura do condutor é A unidade do coeficiente de temperatura é o inverso de uma
tcond = tamb +W Rt , chamada de temperatura de regime unidade de temperatura.
permanente; Para aumentar a precisão no cálculo da variação da re-
É importante observar que a elevação da temperatura segue sistência em função da temperatura, deve-se acrescentar na
uma lei do tipo exponencial adicionando uma constante, sendo fórmula anterior um termo do segundo grau em (t − t0 ) , isto
a constante de tempo igual a Rt ×Q. No perı́odo inicial há uma é, usar-se a expressão:
rápida elevação de temperatura e em seguida o decaimento das
taxas de variação de temperatura. R = R0 × [1 + α(t − t0 ) + β(t − t0 )2 ] (5)

O coeficiente β depende do material. Mas essa expressão é


usada excepcionalmente.
É importante destacar que a resistência do material depende
da sua resistividade, dessa forma em vez de avaliarmos a
variação da resistência podemos avaliar a variação de resistivi-
dade em função da temperatura. As expressões são análogas:
em que:
ρ0 é a resistividade do condutor à temperatura t0 ;
ρ é a resistividade do condutor à temperatura t;

ρ = ρ0 × [1 + α(∆t)] (6)

Figura 1. Variação da temperatura em função do tempo. ρ = ρ0 × [1 + α(t − t0 )] (7)

Com base na elevação de temperatura do ambiente podemos


falar de dilatação, vamos pensar um pouco: ρ = ρ0 × [1 + α(t − t0 ) + β(t − t0 )2 ] (8)
A resistência de um material depende de três parâmetros,
um dos mais importantes é a temperatura. A formulação
Alguns exemplos de valores da resistividade e do coeficiente
matemática abaixo apresenta esse cenário.
de temperatura são dados na tabela abaixo.
A resistência de um condutor sofre um delta de variação
quando é submetida a outro delta de variação de temperatura.
No caso dos metais, elementos utilizados para fabricação de
equipamentos elétricos, por exemplo, conexões em equipamen-
tos de alta tensão, a resistência aumenta quando a temperatura
aumentar.
Obs.: Mas, há certas substâncias cuja resistência diminui à
medida que a temperatura aumenta; as principais são o carbono
e o telúrio.
O foco é o comportamento dos metais, por isso podemos
definir a variação da resistência como sendo:

R = R0 × [1 + α(∆t)] (3) Figura 2. Valores de resistividade e α.

R = R0 × [1 + α(t − t0 )] (4) O aumento da resistência provocará acréscimo no calor


produzido, formando pontos quentes muito prejudiciais para
em que: o funcionamentos dos equipamentos.
APOSTILA - MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS, PÓS-GRADUAÇÃO , VOL. 1, NO. 1, MAIO 2017 5

B. Exercı́cios - Resistência extremamente minúsculos. O funcionário deve estar atento na


Questão 1. Verificou-se que a temperatura ambiente na inspeção visual a brilhos mais intensos ou colorações em não
cidade de Areia Branca - SE em condições normais era de 36o conformidade com a coloração dos equipamentos em conexões
C. A queimada provocada pelo inı́cio do processo de colheita e orifı́cios vedados. Óleo mineral escapa por esses locais com
da cada fez com que a temperatura sob a LT 12C2 de 230 kV uma certa facilidade caso a vedação não esteja adequada.
aumentasse para 85o C. Considerando que o cabo utilizado Eventos que podem alterar a vedação de um equipamento:
é um CAA, cabo de alumı́nio com alma de aço, o mesmo • Pontos quentes provocando ressecamento da vedação;
apresenta uma resistividade de 25 mΩ. Calcule a variação da • Manobras bruscas ou contantes em equipamentos (dis-
resistência provocada pelo efeito da queimada sob a linha. juntores);
Questão 2. Reavalie a situação exposta na questão anterior • Falta de manutenção, término da vida útil;
com mais precisão, para isso, considere um β = 0, 0025. • Instalação incorreta do elemento de vedação.
Alguns equipamentos possuem sinalizadores de nı́vel de
óleo, é o caso dos transformadores de instrumentação, TC’s
C. Exercı́cios - Resistividade e TP’s.
Questão 3. Calcule, em condições normais e mais precisas,
a resistividade final e a variação da mesma para o alumı́nio
avaliado na Questão 1.
Questão 4. Considerando a substituição do alumı́nio por
cobre, haveria diferença significativa em termos de resistência
e resistividade no efeito provocado pela queimada da cana?
——————————–
Para os ensaios do óleo isolante, como envolvem equipa-
mentos especı́ficos, os critérios e periodicidades estão definidos
no item referente aos equipamentos.
As inspeções visuais devem ser realizadas regularmente
visando verificar o estado geral de conservação da subestação,
incluindo a limpeza dos equipamentos, a qualidade da
iluminação do pátio e a adequação dos itens de segurança (por
exemplo: extintores e sinalização).
Durante as inspeções visuais devem ser verificadas, entre
outras coisas, a existência de:
1) Vazamentos de óleo nos equipamentos;
2) Ferrugem e corrosão em equipamentos e estruturas
metálicas;
3) A existência de vibração e ruı́dos anormais;
4) O nı́vel de óleo dos principais equipamentos; Figura 3. Transformador de Corrente com visor de nı́vel de óleo.
5) O estado de conservação dos armários e canaletas;
6) As condições dos aterramentos. A RESOLUÇÃO NORMATIVA No 669 trata de forma
Obs.: ATENÇÃO COM O RUÍDO BRANCO! especı́fica cada um dos equipamentos, por coerência, a mesma
Definição: o ruı́do branco é aquele que se distribui de metodologia também foi adotada para elaboração esta apostila.
forma constante pelo espectro eletromagnético ou sonoro. O Os conceitos e discussões destacadas nos próximos tópicos
mesmo é resultado da combinação simultânea de frequências estão fundamentados em livros, instruções normativas e co-
eletromagnética e sonoras, em todos os comprimentos de onda. nhecimentos adquiridos junto a profissionais em exercı́cio.
O termo branco é uma analogia à luz branca, obtida na
combinação de todas as frequências cromáticas. V. T RANSFORMADORES DE P OT ÊNCIA E
A caracterı́stica de ser um combinado de todas as AUTOTRANSFORMADORES
frequências, o ruı́do branco mascara outros sons. No que diz Um transformador é um dispositivo destinado a transmitir
respeito ao SEP é possı́vel perceber que há um ruı́do natural energia elétrica ou potência elétrica de um circuito a outro,
e constante causado pelo funcionamento dos equipamentos, induzindo tensões, correntes e/ou de modificar os valores das
dessa forma, o funcionário responsável pela inspeção deve es- impedâncias elétricas de um circuito elétrico.
tar atento aos ruı́dos anormais, combinando avaliações visuais Inventado em 1831 por Michael Faraday, os transformadores
e sonoras, porque esses podem estar sendo mascarados pelo são dispositivos que funcionam através da indução de corrente
ruı́do branco. de acordo com os princı́pios do eletromagnetismo, ou seja,
Obs.: O EQUIPAMENTO ESTÁ ”MEREJANDO”. [?] ele funciona baseado nos princı́pios eletromagnéticos da Lei
De modo geral, o óleo utilizado em equipamentos instalados de Faraday-Neumann-Lenz e da Lei de Lenz, onde se afirma
no SEP é o óleo mineral. A coloração clara e a suavidade que é possı́vel criar uma corrente elétrica em um circuito uma
desse lı́quido possibilita a passagem por orifı́cios ou fendas vez que esse seja submetido a um campo magnético variável,
APOSTILA - MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS, PÓS-GRADUAÇÃO , VOL. 1, NO. 1, MAIO 2017 6

e é por necessitar dessa variação no fluxo magnético que os


transformadores só funcionam em corrente alternada.

A. Transformadores de Potência
Os transformadores trifásicos ou de potência são destinados
a rebaixar ou elevar a tensão e consequentemente elevar
ou reduzir a corrente de um circuito, de modo que não se
altere a potência do circuito. Esses transformadores podem ser
divididos em dois grupos:
Transformador de força - esses transformadores são utiliza-
dos para gerar, transmitir e distribuir energia em subestações e
concessionárias. Possuem potência de 5 até 300 MVA. Quando
operam em alta tensão têm até 550 kV. Transformador de
distribuição - esses transformadores são utilizados para rebai- Figura 4. Transformador.
xar a tensão para ser entregue aos clientes finais das empresas
de distribuição de energia. São normalmente instalados em
postes ou em câmaras subterrâneas. Possuem potência de 15 a
300 kVA; o enrolamento de alta tensão têm tensão de 15, 24,2
ou 36,2 kV, já o enrolamento de baixa tensão tem 380/220 ou
220/127 V.

B. Autotransformadores
Nos autotransformadores os enrolamentos primário e se-
cundário estão em contato entre si. O enrolamento tem pelo
menos três saı́das, onde as conexões elétricas são realizadas.
Um autotransformador pode ser menor, mais leve e mais barato
do que um transformador de enrolamento duplo padrão. En-
tretanto, o autotransformador não fornece isolamento elétrico. Desta forma, podemos chamar essa máquina de transforma-
Autotransformadores são muitas vezes utilizados como ele- dor ideal.
vadores ou rebaixadores entre as tensões na faixa 110-117-120 Quando uma tensão V1 variável no tempo for aplicada aos
volts e tensões na faixa 220-230-240 volts. Por exemplo, a terminais do primário, então o fluxo ϕ deve ser estabelecido
saı́da de 110 ou 120V de uma entrada de 230V, permitindo no núcleo de modo que a FEM e1 seja igual à tensão aplicada.
que equipamentos a partir de 100 ou 120V possam ser usados Assim,
em uma região de 230V.
Um autotransformador variável é feito expondo-se partes V1 = e1 = N1 × dϕ/dt (9)
das bobinas do enrolamento e fazendo a conexão secundária
O fluxo do núcleo também concatena o secundário produ-
através do deslizamento de um contato, resultando em variação
zindo uma FEM induzida e2 e uma tensão igual a V2 nos
na relação das espiras. Tal dispositivo é normalmente chamado
terminais do secundário, dadas por:
pelo nome de marca Variac.
V2 = e2 = N2 × dϕ/dt (10)
C. Princı́pio de Funcionamento
Consiste em dois ou mais enrolamentos acoplados por meio Da razão entre as equações, vem:
de fluxo magnético comum. Se um desse enrolamentos, o
primário, for conectado a uma fonte de tensão alternada, então V1 /V2 = N1 /N2 (11)
será produzido um fluxo alternado cuja amplitude dependerá Um transformador ideal transforma tensões na razão direta
da tensão do primário, da frequência da tensão aplicada e do das espiras de seus enrolamentos.
número de espiras. Conectando uma Carga ao Secundário o efeito produzido é
O fluxo comum estabelece um enlace com outro enrola- o aparecimento de uma corrente elétrica I2 e uma força eletro
mento, o secundário, induzindo neste um tensão cujo valor motriz no secundário, dada por:
depende do número de espiras do secundário, assim como da
magnitude do fluxo comum e da frequência. F M M = N2 × I2 (12)
Considerando um transformador ideal com um enrolamento
primário de N1 espiras e um secundário com N2 espiras. Considerando que a permeabilidade do núcleo é muito
Obs.: As resistências dos enrolamentos são consideradas elevada e que o fluxo seja estabelecido pela tensão aplicada
desprezı́veis e que todo fluxo está confinado ao núcleo no primário, então o fluxo no núcleo não irá se alterar com a
enlaçando ambos os enrolamentos. presença de uma carga no secundário.
APOSTILA - MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS, PÓS-GRADUAÇÃO , VOL. 1, NO. 1, MAIO 2017 7

A variação da FMM lı́quida de excitação que atua em ambos 3) Cor: Um rápido aumento da cor indica deterioração ou
os enrolamentos são desprezı́veis, temos: contaminação do óleo.
4) Tensão Interfacial: A tensão interfacial mede a
N1 × I1 − N2 × I2 = 0 (13) concentração de substâncias polares no óleo que são res-
ponsáveis pela formação da borra. A diminuição de Tensão
Assim, Interfacial indica a deterioração do óleo. Na superfı́cie de
separação entre o óleo e a água, forma-se uma força de atração
N1 × I1 = N2 × I2 (14) entre moléculas dos dois lı́quidos que é chamada de tensão
interfacial.
A condição de manter inalterada a FMM é a maneira como 5) Índice de Neutralização: O teste de acidez mede o teor
o primário reconhece a presença de uma carga que demanda de ácidos formados por oxidação, os quais são diretamente
corrente no enrolamento secundário. responsáveis pela formação da borra e pode também promover
a degradação do papel. O aumento do ı́ndice de neutralização
D. Manutenção em Transformadores de potência e Autotrans- indica o envelhecimento do óleo.
formadores 6) Teor de Água: Um elevado teor de água acelera a
deterioração quı́mica do papel isolante e é indicativo de
As atividades mı́nimas de manutenção em transformadores
condições de operações indesejáveis, que requerem correções.
e autotransformadores são:
Embora seja formada como subproduto da oxidação, a maior
• Análise dos gases dissolvidos no óleo isolante; parte de água existente no óleo é absorvida do ar.
• Ensaio fı́sico-quı́mico do óleo isolante; 7) Densidade: Ensaio utilizado para identificar o tipo de
• Manutenção preventiva periódica. óleo (parafı́nico ou naftênico).
A análise dos gases dissolvidos e o ensaio fı́sico-quı́mico
do óleo isolante devem ser realizados conforme as normas F. Análise de gases dissolvidos
técnicas especı́ficas e com a periodicidade. O óleo isolante gera pequenas quantidades de gases quando
submetido a determinados tipos de fenômenos de natureza
Tabela I. ATIVIDADES M ÍNIMAS E PERIODICIDADES . elétrica ou térmica. A composição dos gases produzidos de-
Atividade Periodicidade máxima (meses) pende do tipo de anormalidade apresentada, sendo que o
Análise de gases dissolvidos no óleo isolante 6
Ensaio fı́sico-quı́mico do óleo isolante 24
diagnóstico é feito a partir da avaliação individual dos nı́veis de
Manutenção preventiva periódica 72 determinados gases, chamados de gases chave, da interpretação
da correlação entre gases e sua evolução ao longo da utilização
do transformador.
A realização de uma análise de gases isoladamente não per-
E. Análise Fı́sico-Quı́mica mite um correto diagnóstico das condições do transformador,
A análise fı́sico-quı́mica determina a capacidade de isolação portanto é necessário que se leve em conta o histórico de
e o estado de envelhecimento do óleo mineral. Os resultados análises, eventuais sobrecargas e falhas anteriores.
são comparados aos valores pré-estabelecidos em normas.
Valores fora dos limites especificados indicam necessidade de G. Contagem de Partı́culas
tratamento termo-vácuo, substituição ou regeneração do óleo Para transformadores com classe de tensão igual ou superior
mineral. a 230kV, o controle da quantidade de partı́culas presentes no
Os óleos minerais nos transformadores, além da propriedade óleo isolante é um parâmetro importante para avaliação das
de isolamento, têm a função de resfriamento. Assim o elemento condições do meio isolante.
fluı́do transfere o calor desenvolvido e gerado nos circui- O surgimento de partı́culas de ferro, alumı́nio, cobre e fibras
tos magnéticos dos enrolamentos e também no núcleo ferro de celulose úmidas são inerentes ao processo de fabricação
magnético, através das correntes convectivas para a carcaça de transformadores, porém, em função de suas propriedades
do transformador e este, por sua vez transfere este calor para condutoras, é necessário que as mesmas sejam removidas de
o meio ambiente. Como o papel é também um agente isolante, forma a tornar o equipamento apto ao funcionamento.
cabe ao óleo fazer o isolamento dos enrolamentos entre eles e
em relação ao circuito magnético e a carcaça. H. Teor de Furfuraldeı́do
1) Rigidez Dielétrica: A diminuição da rigidez dielétrica Além das análises de gases dissolvidos, fı́sico quı́micas
indica a contaminação do óleo. Evidencia a presença de e de partı́culas, é possı́vel se fazer a medição do teor de
agentes contaminantes como: água, sujeira, fibras celulósicas furfuraldeı́do presente no óleo isolante, o que permite avaliar a
úmidas ou partı́culas condutoras. deterioração do papel e consequentemente monitorar o estado
2) Fator de Potência: A determinação do fator potência é de conservação dos enrolamentos de um transformador.
uma indicação segura do grau de deterioração e contaminação Trata-se de ferramenta bastante útil, dado que não é possı́vel
do óleo. O aumento do fator de potência está ligado à presença realizar a coleta de amostras de papel isolante com o transfor-
de sustâncias que causam condutividade. O fator de potência mador em serviço. A partir do teor de furfuraldeı́do se faz a
aumenta com a temperatura e com a quantidade de substâncias correlação com um valor médio do grau de polimerização das
polares provenientes da deterioração do óleo. bobinas.
APOSTILA - MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS, PÓS-GRADUAÇÃO , VOL. 1, NO. 1, MAIO 2017 8

I. Termografia e o cabo de baixa tensão (LV). Ademais, o instrumento de


O teste de termografia é utilizado para verificar a tempe- medição também possui uma chave comutadora analógica ou
ratura da superfı́cie de determinadas partes do transformador, digital que possui comutar entre as opções GROUND, GUARD
principalmente o sistema de refrigeração e pontos de conexão e UST.
de terminais das buchas. Trata-se de teste realizado com o A possibilidade a troca entre as condições GROUND e UST
transformador em operação, restringindo-se à análise de partes permite a medição de vários isolamentos de um equipamento.
externas do equipamento. Medição somente entre bucha e carcaça, medição entre a bucha
De acordo com os ajustes do aparelho empregado no teste, e o referencial terra, entre outros.
pode-se verificar quais alterações de temperatura são mais O diagrama unifilar do ensaio de isolamento em transfor-
significativas em relação à temperatura de referência e se madores pode ser descrito da seguinte forma:
determinar um plano de ação para corrigir o problema.

J. Temperatura do óleo e enrolamentos


Todos os transformadores são dotados de termômetros
analógicos ou digitais para medição da temperatura do óleo
e enrolamentos, de forma a permitir que se faça o acompanha-
mento da temperatura de operação do equipamento. Para o óleo
o sistema é dotado de sensores imersos no lı́quido isolante, não
apresentando limitações para a correta leitura da temperatura.
A manutenção preventiva periódica de transformadores deve
ser repetida em perı́odo igual ou inferior a seis anos, com a Figura 5. Diagrama unifilar do ensaio de isolamento em transformadores.
realização, no mı́nimo, das seguintes atividades:
Os isolamentos representados pelos capacitores C1 , C2 e C3
• Inspeção do estado geral de conservação: limpeza, pin-
são, respectivamente, os isolamentos da alta tensão para a baixa
tura e corrosão nas partes metálicas;
tensão, da alta tensão para a massa (carcaça do transformador),
• Verificação da existência de vazamentos de óleo isolante;
da baixa tensão para a massa.
• Verificação do estado de conservação das vedações dos
1) Posição GROUND: Utilizando a chave comutadora na
painéis;
posição GROUND, temos o seguinte diagrama.
• Verificação do aterramento do tanque principal;
• Verificação do funcionamento dos circuitos do relé
de gás, do relé de fluxo e da válvula de alı́vio de
pressão do tanque principal;
• Verificação do estado de saturação do material secante
utilizado na preservação do óleo isolante;
• Verificação do adequado funcionamento das bolsas e
membranas do conservador;
• Verificação dos indicadores de nı́vel do óleo isolante
e dos indicadores de temperatura;
• Verificação do funcionamento dos ventiladores e bombas
do sistema de resfriamento;
• Verificação da comutação sob carga na função manual e
Figura 6. Chave comutadora na posição GROUND.
automática;
• Verificação do nı́vel do óleo do compartimento do co-
mutador; É possı́vel verificar que o capacitor C3 não será percorrido
• Inspeção da caixa de acionamento motorizado do comu- por nenhuma corrente elétrica, ficando fora da medição. Por-
tador; tanto, o esquema GROUND mede o isolamento C1 + C2 , os
• Ensaios de fator de potência e de capacitância das isolamentos da alta tensão para a baixa tensão e da alta tensão
buchas com derivação capacitiva. para a massa.
2) Posição GUARD: Utilizando a chave comutadora na
posição GUARD, temos o seguinte diagrama.
K. Ensaio de fator de potência e de capacitância É possı́vel verificar que os capacitores C1 e C3 não serão
Os ensaios de fator de potência e capacitância são muito percorridos por nenhuma corrente elétrica, ficando fora da
utilizados no SEP. Relativamente simples de ser executado esse medição. Portanto, o esquema GUARD mede o isolamento
tipo de ensaio utiliza um equipamento fabricado pela empresa C2 , da alta tensão para a massa.
DOBLE ( http://www.doble.com/ ). A formulação matemática 3) Posição UST: Utilizando a chave comutadora na posição
simplificada de operação do DOBLE está descrita abaixo. UST, temos o seguinte diagrama.
O instrumento de medição possui dois cabos para conexão É possı́vel verificar no diagrama esquemático que o que
com o equipamento sob este teste, o cabo de alta tensão (HV) estiver aterrado não é medido, somente é medido os elementos
APOSTILA - MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS, PÓS-GRADUAÇÃO , VOL. 1, NO. 1, MAIO 2017 9

serão diferentes para o mesmo equipamento. A comparação


entre ensaios só podem ser feitas em condições semelhantes,
por esse motivo, o equipamento de medida possui elementos
adicionais para verificação do ambiente, por exemplo, apare-
lhos que avaliam a temperatura ambiente e umidade do ar.
O valor de FP obtido no ensaio em transformadores é muito
importante, é possı́vel que em dois ou mais equipamentos do
mesmo fabricante, sejam medidos FP’s diferentes, o que não
necessariamente indica presença de defeito ou falha.

L. Exercı́cios
Questão 1. Considere o resultado obtido num ensaio de
Figura 7. Chave comutadora na posição GUARD. óleo isolante num transformador conectado a LT. Os resultados
obtidos estão descritos na tabela abaixo:
Tabela II. R ESULTADOS OBTIDOS - WATTS .
Fase / Tipo Fase A Fase B Fase C
Ground 0,0035 0,0037 0,0042
Guard 0,0026 0,0022 0,0027
UST 0,0020 0,0018 0,0022

Tabela III. R ESULTADOS OBTIDOS - A MP ÉRES .


Fase / Tipo Fase A Fase B Fase C
Ground 60 61 58
Guard 59 62 59
UST 61 63 57
Figura 8. Chave comutadora na posição UST.

Calcule para cada uma das fases o FP e a respectiva


que não possuem nenhuma referência para o terra. No esquema capacitância.
UST é medido o isolamento C1 , da alta tensão para a baixa ——————————–
tensão. Em função das manutenções preditivas e preventivas reali-
——————————– zadas e do número de comutação (em transformadores com
O fator de potência pode ser calculado com base nos dados comutador em carga) deve ser avaliada a necessidade de
obtidos nesse tipo de ensaio, a formulação matemática está realização das seguintes atividades na manutenção preventiva
descrita abaixo: periódica:
• Inspeção interna do comutador;
F P % = P/S × 100 = W/V I × 100 (15) • Verificação do estado das conexões elétricas do comu-
tador e do sistema de isolação;
em que: • Verificação do desgaste dos contatos elétricos e troca dos
W é watts, V é volts e I é amperes. componentes desgastados;
A leitura do equipamento de instrumentação depende da • Ensaio de relação de transformação nos pontos de
conversão das unidade e é feita da seguinte forma: comutação central e extremos;
• Verificação do estado do óleo isolante dos comutadores
F P % = W/V I × 100 (16) (quando aplicável);
• Verificação do mecanismo de acionamento do comuta-
F P % = (W × 100)/(10kV × I × 10−6 ) (17) dor;
• Ensaios de fator de potência, de resistência de isola-
A tensão de ensaio é 10 kV e a corrente é dada em micro mento e de resistência ôhmica dos enrolamentos.
amperes.

F P = (W × 104 )/I (18) M. Ensaio de resistência ôhmica dos enrolamentos


A verificação de boas condições dos enrolamentos do trans-
Com base no resultado obtido no ensaio também é possı́vel formador devem ser direcionadas com base nas referências for-
calcular a capacitância que modela os isolamentos. necidas pelos fabricantes. Algumas contingências que podem
alterar o valor da resistência de enrolamento são:
C = I/(2 × π × f × V ) (19)
• Espiras em curto-circuito;
O fator de potência varia com a temperatura, caso as • Conexões e contatos em más condições;
medições sejam feitas em temperaturas diferentes os resultados • Espiras rompidas.
APOSTILA - MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS, PÓS-GRADUAÇÃO , VOL. 1, NO. 1, MAIO 2017 10

Por questões de segurança e condições adequadas para os A. Princı́pio de Funcionamento


enrolamentos, a corrente utilizada nesse tipo de ensaio deve ser Classificado como equipamento de proteção os disjunto-
menor ou igual a 15 % da corrente nominal do enrolamento res são capazes de conduzir ou interromper correntes nas
sob avaliação. condições normais e anormais do circuito, ademais, conduzir
O valor da resistência ôhmica dos enrolamentos e medido durante um tempo e interromper correntes sob condições
de forma simples. Aplicando uma tensão conhecida nos en- anormais , por exemplo, as de curto circuito. Podem ser
rolamentos e verificando o valor da corrente que percorre o considerados os dispositivos mais complexos dos dispositivos
mesmo, pela lei de Ohm, temos: de segurança que envolvem manobra em uso no SEP.
O equipamento pode estar em condições estacionárias de
RN = VN /IN (20) fechado e aberto, além de estados de transição de manobra
de fechamento ou de abertura. Quando o equipamento está
fechado o o disjuntor deve suportar a corrente nominal da linha
VI. BANCO DE C APACITORES PARALELOS sem aquecer de forma demasiada, ultrapassando os limites
permissı́veis. No estado aberto, o disjuntor deve estar prepa-
As manutenções preventivas de bancos de capacitores para- rado para suportar a distância de isolamento entre contatos sob
lelos devem realizadas, no mı́nimo, a cada três anos, quando tensão de operação, bem como sobretensões internas, devido
devem ser realizadas as seguintes atividades: a surto de manobras ou descargas atmosféricas.
Disjuntores devem interromper de forma segura correntes
• Inspeção do estado geral de conservação: limpeza, pin- com intensidades muito elevadas, e não deve interromper
tura e incrustações; prematuramente pequenas correntes.
• Inspeção geral das conexões e verificação da existência Disjuntores modernos podem interromper corrente, sob
de vazamentos e deformações; qualquer condição, rapidamente. É importante ressaltar que
• Medição da capacitância; esse tipo de equipamento passa muito tempo no estado
• Reaperto de conexões e substituição de componentes, estacionário ”ligado”, conduzindo a corrente nominal sob
quando necessário. condições climáticas variadas. Depois de muito tempo no es-
tado estacionário supracitado o sistema mecânico do disjuntor
deve estar pronto para atuar dentro das especificações exigidas,
VII. D ISJUNTOR pois qualquer falha de manobra resultaria em incalculáveis
danos materiais e, eventualmente, pessoais.
As manutenções preventivas periódicas de disjuntores devem Do exposto depreende-se que os disjuntores são equipamen-
ser realizadas, no mı́nimo, a cada 72 meses e consistem nas tos que atuam no sistema de proteção do SEP, responsáveis
seguintes atividades mı́nimas de manutenção: por extinguir correntes nocivas ao sistema provocadas por
• Verificação geral na pintura, estado das porcelanas e condições de contingência. A atuação dos disjuntores produz
corrosão; confiabilidade e segurança para o SEP.
• Remoção de indı́cios de ferrugem;
• Lubrificação, onde aplicável; B. Componentes do Disjuntor
• Verificações do sistema de acionamento e acessórios; A configuração mecânica do dispositivo é composta por três
• Verificação do funcionamento de densı́metros, pressos- polos, dispostos separadamente e conectados mecanicamente
tatos e manostatos; por uma estrutura composta por hastes e bielas. Os três polos
• Verificações do circuito de comando e sinalizações e dos são idênticos e possuem uma constituição que pode ser descrita
nı́veis de alarmes; da forma:
• Verificação de vazamento em circuitos hidráulicos e 1) Semi-polos superior: Realiza a interrupção do circuito
amortecedores; por meio de um par de contatos, um fixo e um móvel;
• Verificação de vazamentos de gás ou óleo; 2) Semi-polo inferior: Proporciona suporte isolante ao
componente superior e sustentação;
• Execução de ensaios de resistência de contatos do
3) Armário: Base do equipamento, com o objetivo de
circuito principal;
sustentar os polos, a função é abrigar os dispositivos
• Execução de ensaios nas buchas condensivas com tap de comando e sustentar o semi-polo inferior;
capacitivo;
A estrutura mecânica dos polós é composta por três elemen-
• Medição dos tempos de operação: abertura e fecha- tos, os contatos móvel e fixo e a câmara de extinção. O contato
mento; fixo é o elemento responsável por estabelecer uma conexão, de
• Verificação das bobinas e sistema antibombeamento; baixa resistência, entre o disjuntor e as linhas de transmissão.
• Teste do comando local e a distância e acionamento O contato móvel é uma haste de material isolante, responsável
do relé de discordância de polos; pela manobra do equipamento, abrir e fechar o disjuntor. A
• Verificação do tanque de ar e do óleo do compressor; câmara de extinção é constituida também por material isolante,
• Ensaios de fator de potência e capacitância dos responsável pela extinção do arco elétrico formado no processo
capacitores de equalização, quando for o caso; de chaveamento do disjuntor [?], a extinção do arco elétrico é
APOSTILA - MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS, PÓS-GRADUAÇÃO , VOL. 1, NO. 1, MAIO 2017 11

Tabela V. R EFER ÊNCIA DOS E NSAIO DE CHAVEAMENTO .


realizada de diversas formas, dois exemplos são Óleo Mineral
e Gás SF6. A Figura ?? apresenta um exemplo da estrutura Unidade [ms] MÍNIMO MÁXIMO
Abertura 35 41
interna de polo. Fechamento 200 220
O chaveamento dos disjuntores é realizado por elementos
motrizes, estes componentes também são partes fundamentais
dos disjuntores. Há diversas formas de executar os comandos Todos os disjuntores avaliados, neste trabalho, estão sujeitos
de atuação, a mais comum é através das bobinas de abertura à referência exibida na Tabela V.
e fechamento, dispositivos comandados por motores, que por O instrumento utilizado nas atividades de manutenção é
sua vez são controlados através de sensores e/ou relés. o Megger (Programma) TM1600 Circuit Breaker Analyser,
empregado em manutenções preventivas e corretivas, apto a
C. Ensaio de Resistência do Contato Principal medir o tempo de abertura e fechamento dos disjuntores de
potência.
O contato principal é uma das partes fundamentais do A atuação de abertura é a mais importante, esta é a res-
disjuntor, é por este elemento que a corrente elétrica passa ponsável pela interrupção da passagem de corrente de intensi-
quando os disjuntores estão fechados. Amplamente utilizado dade muito elevada, impedindo a circulação desse tipo de falta
nas atividades de manutenção, este tipo de ensaio proporciona nos equipamentos ativos e LT’s, o que causaria sérios riscos aos
uma descrição precisa sobre a condição da estrutura do contato funcionários e prejuı́zo à empresa por perda de equipamentos.
principal do equipamento. É importante que o mecanismo de fechamento esteja em
Os disjuntores estudados neste trabalho possuem valores de boas condições, atividades como religamento automático e/ou
referência para este tipo de ensaio, estes dados são forneci- transferência de carga precisam de confiabilidade, desta forma
dos pelo fabricante do disjuntor, utilizados pelas equipes de fica claro que as duas funções são fundamentais para atuações
manutenção para verificação da condição de funcionamento. adequadas e seguras.
Verificar se o valor obtido no ensaio está de acordo com Alguns dos possı́veis defeitos associados:
a referência é tarefa simples, a proposta neste trabalho é, a
partir destes dados obter diagnósticos precisos sobre possı́veis • Obstrução nos contatos;
defeitos/falhas. • Resistência de isolamento DC - Motores de aciona-
Todos os disjuntores avaliados, neste trabalho, estão sujeitos mento;
à referência exibida na Tabela V. • Não atuação dos polos;
• Lubrificação dos componentes motores (Alavancas, Mo-
Tabela IV. R EFER ÊNCIA DOS E NSAIO DE R ESIST ÊNCIA DO C ONTATO las);
P RINCIPAL . • Folga/Desgaste entre rolete e engate de abertura;
Unidade [µΩ] MÍNIMO MÁXIMO • Falta de tensão DC no circuito de comando;
Resistência 50 70 • Discordância de polos;
• Tempo de carregamento da mola;
Os dados avaliados neste trabalho foram obtidos em testes de
disjuntores de 13.8kV, 69kV e 230kV, o instrumento utilizado E. Ensaio de Fator de Potência
nas atividades de manutenção foi o MOM 600A Microhmmeter
from Megger Limited, utilizado em manutenções preventivas e O ensaio de fator de potência é um teste muito importante,
corretivas, apto a medir a resistência do contato principal dos que tem como finalidade detectar a presença de resı́duo nos
disjuntores de potência. componentes isolantes. Neste estudo foram avaliados disjun-
tores que utilizam óleo mineral para extinção do arco elétrico.
Amplamente utilizado nas atividades de manutenção, este tipo
D. Ensaio de Chaveamento de ensaio proporciona uma descrição muito precisa sobre a
O chaveamento é uma das funções primordiais do disjuntor, condição dos componentes de isolamento dos disjuntores.
ao executar manobras de abertura e fechamento de forma ade- O instrumento empregado nas atividades de manutenção
quada, o equipamento proporciona proteção e confiabilidade foi o M4100 - DOBLE - Diagnostic Test System for Power
à toda instalação. Amplamente utilizado nas atividades de Apparatus Condition Assessment.
manutenção, este tipo de ensaio proporciona uma descrição O M4100 é utilizado em manutenções preventivas e correti-
muito precisa sobre a condição da estrutura mecânica de vas, instrumento apto a medir o fator de potência e capacitância
manobra do equipamento. de disjuntores de alta tensão. Utilizando o M4100 é possı́vel
Os disjuntores estudados neste trabalho possuem valores de executar 3 tipos de medição do fator de potência:
referência para este tipo de ensaio, estes dados são forneci- 1) UST: Medida entre o enrolamento de Alta Tensão e
dos pelo fabricante do disjuntor, utilizados pelas equipes de Baixa Tensão;
manutenção para verificação da condição de funcionamento. 2) GUARD: Medida do enrolamento de Alta Tensão com
Verificar se o valor obtido no ensaio está de acordo com a Carcaça;
a referência é tarefa simples, a proposta neste trabalho é, a 3) GROUND: Medida do enrolamento de Alta Tensão e
partir destes dados obter diagnósticos precisos sobre possı́veis Baixa Tensão + o fator de potência entre o enrolamento
defeitos/falhas. de Alta Tensão e a Carcaça.
APOSTILA - MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS, PÓS-GRADUAÇÃO , VOL. 1, NO. 1, MAIO 2017 12

Tabela VI. R EFER ÊNCIA - P ERDAS DE P OT ÊNCIA .


Em função das manutenções preditivas e preventivas realiza-
Unid. [mW] Mı́nimo Máximo das deve ser avaliada a necessidade de realização dos ensaios
UST 30 70
GROUND 20 40 de resistência de isolação e de fator de potência.
Na manutenção preventiva de para-raios devem ser realiza-
das verificações gerais do estado de conservação das ferragens
Exemplo de referência fornecida por fabricante. e da porcelana, dos invólucros, dos miliamperı́metros e dispo-
Alguns dos possı́veis defeitos associados: sitivo contador de descargas, caso existam.
• Perda de Isolamento AC câmara de interrupção - óleo;
• Envelhecimento do óleo isolante ; A. Ensaio de Fator de Potência em Para-Raios (PR’s)
• Formação de partı́culas sólidas - Contaminação no óleo; O ensaio de FP em PR’s possui o objetivo principal de
• Vazamento do óleo - Conexão superior; medir as perdas dielétricas do PR. As perdas nesse tipo de
• Perda de Isolamento AC das colunas - Porcelana; equipamento são causadas principalmente por:
• Rachadura/Envelhecimento da haste do contato isolante; • Contaminação (umidade, corrosão, etc.);
• Formação de partı́culas sólidas - Contaminação na haste. • Deterioração;
• Rachadura ou Porosidade da Porcelana;
VIII. C HAVES S ECCIONADORAS , T RANSFORMADORES • Defeitos mecânicos internos.
PARA I NSTRUMENTO E PARA -R AIOS Em para-raios compostos por várias colunas, além do ensaio
descritivo total, cada unidade deverá ser testada individual-
As manutenções preventivas periódicas de chaves secciona- mente.
doras, transformadores para instrumento e para-raios devem A análise dos resultados de ensaio, baseia-se em perdas de
ser realizadas no mı́nimo a cada 72 meses, preferencialmente potência W ou mW. Os valores limites para perdas de potência
coincidindo com a manutenção preventiva do equipamento variam em função do tipo e caracterı́sticas construtivas do PR.
principal da Função Transmissão – FT a qual estes equi- A análise do resultado do ensaio consiste em comparar os
pamentos estão associados, buscando o aproveitamento dos resultados obtidos atualmente com ensaios anteriores, obtidos
desligamentos e uma maior disponibilidade da FT. em boas condições de funcionamento ou fornecidos pelo
As manutenções em chaves seccionadoras, transformadores fabricante.
para instrumentos e para-raios devem ser registradas no sistema 1) Descrição do Ensaio: O cabo de alta tensão é conectado
de acompanhamento de manutenção do ONS, relacionando ao topo do PR e o de baixa tensão ao terra. A chave de
estas atividades ao equipamento principal da Função Trans- aplicação é colocada no modo GROUND. As grandezas que
missão. devem ser lidas no instrumento são: corrente e potência.
Para as chaves seccionadoras, as atividades mı́nimas de
manutenção a serem realizadas nas manutenções preventivas
periódicas são:
• Inspeção geral do estado de conservação;
• Verificação da necessidade de limpeza, lubrificação ou
substituição dos contatos;
• Inspeção dos cabos de baixa tensão e de aterramento;
• Inspeção do armário de comando e seus componentes;
• Inspeção e limpeza de isoladores, das colunas de suporte
e dos flanges dos isoladores;
• Lubrificação dos principais rolamentos e articulações das
hastes de acoplamento, quando aplicável;
• Verificação do funcionamento dos controles locais e da
operação manual;
• Verificação dos ajustes das chaves de fim de curso;
• Verificação de ajustes, alinhamento e simultaneidade de
operação das fases;
• Verificação da operação da resistência de aquecimento. Figura 9. Para-Raio.
Em função das manutenções preditivas e preventivas realiza-
das deve ser avaliada a necessidade de realização dos ensaios Convencionou-se que a numeração das unidades que
de medição de resistência de contato. compõem o PR são numeradas de forma crescente de cima
No caso de transformadores para instrumento, as atividades para baixo.
mı́nimas de manutenção preventiva consistem em:
• Verificações do estado geral de conservação; B. Ensaio de Fator de Potência em Transformadores para
• Verificações da limpeza de isoladores; Instrumento - TP’s e TC’s
• Reposição de óleo e/ou gás SF6; O objetivo da aplicação desse ensaio em Transformadores
• Verificação do estado do material secante utilizado; para Instrumento é a medição das perdas dielétricas em TC’s
APOSTILA - MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS, PÓS-GRADUAÇÃO , VOL. 1, NO. 1, MAIO 2017 13

A. Princı́pio de Funcionamento
A maioria de motores elétricos trabalha pela interação
entre campos eletromagnéticos, mas existem motores basea-
dos em outros fenômenos eletromecânicos, tais como forças
eletrostáticas. O princı́pio fundamental em que os motores
eletromagnéticos são baseados é que há uma força mecânica
em todo o fio quando está conduzindo corrente elétrica imersa
Figura 10. Testes em Para-Raio. em um campo magnético. A força é descrita pela lei da força
de Lorentz e é perpendicular ao fio e ao campo magnético. Em
um motor giratório, há um elemento girando, o rotor. O rotor
e TP’s. Para o caso especı́fico de TP’s o instrumento também gira porque os fios e o campo magnético são arranjados de
é utilizado para medir a relação de transformação do mesmo. modo que um torque seja desenvolvido sobre a linha central
do rotor.
A maioria de motores magnéticos são giratórios, mas exis-
IX. L INHAS DE T RANSMISS ÃO tem também os tipos lineares. Em um motor giratório, a parte
A atividade mı́nima de manutenção para as linhas de trans- giratória (geralmente no interior) é chamada de rotor, e a
missão é a inspeção de rotina, que deve ser realizada, no parte estacionária é chamada de estator. O motor é constituı́do
mı́nimo, a cada doze meses. de eletroı́mãs que são posicionados em ranhuras do material
Nas inspeções de rotina devem ser verificados: ferromagnético que constitui o corpo do rotor e enroladas e
adequadamente dispostas em volta do material ferromagnético
• O estado geral da linha de transmissão; que constitui o estator.
• A situação dos estais;
• A integridade dos cabos condutores e para-raios;
• A estabilidade das estruturas; B. Manutenção
• A integridade das cadeias de isoladores;
• A situação dos acessos às estruturas; Manutenções adequadas em motores elétricos devem atender
• A proximidade da vegetação aos cabos; alguns requisitos, são eles:
• Os casos de invasão de faixa de servidão. • Inspecionar periodicamente nı́veis de isolamento;
A partir da análise do desempenho da linha de transmissão • Elevação de temperatura do motor;
e dos resultados das inspeções regulares de rotina deve ser • Desgastes;
avaliada a necessidade de inspeções detalhadas das estruturas, • Lubrificação dos rolamentos;
inspeções termográficas, inspeções noturnas para observação • Eventuais exames no ventilador;
de centelhamento em isolamentos ou de inspeções especı́ficas • Fluxo de ar;
para identificação de defeitos (oxidação de grelhas, estado • Nı́veis de vibração;
das cadeias, danificação de condutores internos a grampos • Desgastes de escovas e anéis coletores.
de suspensão ou espaçadores, degradação dos aterramentos
(contrapesos), etc.). Não observar qualquer um dos itens anteriormente relacio-
nados podem significar paradas não desejadas do equipamento.
Deve ser avaliada a necessidade de realização de inspeções
adicionais nas áreas com risco potencial de vandalismo (tre- é importante ressaltar que a frequência com que devem ser
chos urbanos com alta concentração demográfica), áreas de feitas as inspeções, depende das condições do local onde o
implantação industrial (com alta concentração de poluentes) e motor está instalado e do tipo de motor. A higiene é um fator
áreas junto ao litoral. importante na manutenção de motores, a carcaça deve estar
sempre limpa, sem acúmulo de óleo ou poeira, isso facilitará
As concessionárias devem manter cadastro atualizado das
a troca de calor com o meio ambiente, fazendo com que o
linhas de transmissão, contendo as restrições ambientais e as
motor se mantenha em uma temperatura adequada.
periodicidades de podas e roçadas recomendadas internamente,
bem como as dificuldades legais de realização de limpeza de
faixa.
C. Limpeza
Motores elétricos exigem nı́veis altos de conservação, a
X. M OTORES E L ÉTRICOS
condição de funcionamento deve estar vinculada a isenção
Um motor elétrico ou atuador elétrico é qualquer dispositivo de poeira, detritos e óleos. Para limpá-los, deve-se utilizar
que transforma energia elétrica em mecânica. É o mais usado escovas ou panos limpos de algodão. caso o motor esteja em
de todos os tipos de motores, pois combina as vantagens da uma condição de higiene muito precária deve-se empregar um
energia elétrica - baixo custo, facilidade de transporte, limpeza jateamento de ar comprimido eliminando toda acumulação de
e simplicidade de comando – com sua construção simples, pó contida nas pás do ventilador e nas aletas de refrigeração.
custo reduzido, grande versatilidade de adaptação às cargas Os detritos impregnados de óleo ou umidade podem ser limpos
dos mais diversos tipos e melhores rendimentos. com panos embebidos em solventes adequados.
APOSTILA - MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS, PÓS-GRADUAÇÃO , VOL. 1, NO. 1, MAIO 2017 14

D. Revisão Parcial corrente absorvida, se o fluxo diminui a intensidade da corrente


• Limpe o interior da caixa de ligação; aumenta.
• Inspeção visual do isolamento do enrolamento; O aumento da corrente na condição de carregamento au-
• Limpe os anéis coletores; menta a queda de tensão, por consequência o motor aquecerá,
• Verifique as condições da escova; isso faz com que as perdas por sejam intensificadas.
• Limpeza do trocador de calor.
H. Frequência de Partidas Alta
E. Revisão Completa Para casos em que a partida do motor é frequente, essa
Limpe os enrolamentos sujos com pincel ou escova. Use caracterı́stica deve estar em evidência na aquisição do motor,
um pano umedecido em álcool ou com solventes adequados é necessário que o equipamento esteja adaptado para esse sis-
para remover graxa, óleo e outras sujeiras que aderiram sobre tema de funcionamento. Dependendo da aplicação, é possı́vel
o enrolamento. Seque com ar seco. que seja exigido do motor uma quantidade significativa de
• Passe ar comprimido através dos canais de ventilação no partidas em um tempo muito pequeno, não possibilitando o
pacote de chapas do estator, rotor e mancais; resfriamento do moto.
• Drene a água condensada, limpe o interior das caixas de na figura abaixo é possı́vel verificar um número elevado de
ligação e os anéis coletores; partidas e a ultrapassagem do limite crı́tico de temperatura.
• Meça a resistência de isolamento;
• Limpe o conjunto escovas/porta-escovas;
• Limpe completamente o trocador de calor.

F. Lubrificação
A finalidade de manutenção, neste caso, é prolongar o
máximo possı́vel, a vida útil do sistema de mancais.
A manutenção abrange:
• Observação do estado geral em que se encontram os
mancais.
• Lubrificação e limpeza.
• Exame mais minucioso dos rolamentos.
O ruı́do nos motores deverá ser observado em intervalos
regulares de 1 a 4 meses. Um ouvido bem treinado é perfeita-
mente capaz de distinguir o aparecimento de ruı́dos anormais.
caso seja necessário uma análise mais detalhada, aconselha-se
a utilização de equipamentos de instrumentação para análises Figura 11. Partidas x Temperatura.
preditivas.
A temperatura é um fator importante no funcionamento A resolução desse problema é relativamente simples, durante
de motores, a lubrificação com graxas não deverá ultrapas- as atividades de manutenção é possı́vel observar a temperatura
sar os 60o C, medido no anel externo do rolamento (T = do motor e medir o tempo médio necessário para que a
60o C/ambiente máx. = 40o C, temperatura absoluta = T + temperatura do equipamento volte a valores convenientes para
ambiente). As temperaturas de alarme e desligamento para partidas.
mancais de rolamento podem ser ajustadas respectivamente
para 90o C e 100o C. I. Degradação dos Isolantes Térmicos
De modo geral, motores elétricos sofrem contaminações
provocadas pelas atividades de manutenção, ademais, propri- Aquecimento demasiado em motores elétricos podem pro-
edades dos lubrificantes deterioram-se em virtude de envelhe- vocar redução da vida útil de isolantes. As principais causas
cimento e trabalho mecânico, por isso, esses equipamentos de degradação são:
devem ser revisados com cuidado e por vezes substituı́dos por • Sobretensão de linha;
equipamentos novos. • Alta intensidade de corrente nas partidas;
• Vapores ácidos ou gases arrastados pela ventilação.
G. Variações de Tensão
Os motores elétricos possuem uma faixa de temperatura J. Eliminação de Vibrações
adequada para o seu funcionamento. O equilı́brio térmico de Vibrações anormais causam uma redução no rendimento
um motor sofre variações quando a tensão de alimentação do motor. Esse fenômeno pode ser provocado por falha no
varia. Caso ocorra uma queda de tensão o fluxo magnético alinhamento do motor, fixação insuficiente do motor na base ou
do circuito magnético será limitado, o conjugado do motor da base, folgas excessivas dos componentes ou balanceamento
está em função do produto entre o fluxo e a intensidade da inadequado das partes giratórias.
APOSTILA - MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS, PÓS-GRADUAÇÃO , VOL. 1, NO. 1, MAIO 2017 15

A manutenção preventiva possui técnicas para resolver esse


problema em motores, alguns são:
• Observar o estado dos mancais;
• Observar a vida útil média dos mancais (informação
fornecida pelos fabricantes);
• Tomar cuidado ao substituir um rolamento;
• Nas paradas de longa duração, trocar periodicamente a
posição de repouso dos rotores dos motores elétricos,
assim como das partes móveis das máquinas.
DICA: Controlar e analisar as vibrações de forma muito
simples: basta colocar uma ferramenta sobre o mancal, apro-
ximando o ouvido e detectando as falhas pelos ruı́dos produ-
zidos;

K. Defeitos e Causas
• Estator queimado por sobrecarga : Sobrecarga baixa
durante um tempo longo ou sobrecarga forte por tempo
curto;
Figura 12. Isolador de Corpo Único.
• Fase queimada : Falta de uma fase da alimentação.
O motor ficou rodando como monofásico (com toda a
carga); B. Isolador tipo pedestal
• Duas Fases queimadas : Falta de uma Fase - motor
rodando em monofásico; É empregado em número de dois, apoiados numa base
• Curto entre duas fases : Colapso do isolante uo Sobre- metálica que também tem a função de fixar a chave na
tensão momentânea (manobra); estrutura da rede de distribuição ou subestação. É normalmente
empregado na proteção de subestação de força de 69 kV.
XI. F US ÍVEIS
Chave fusı́vel é um equipamento destinado à proteção de
sobrecorrentes de circuitos primários, utilizado em redes aéreas
de distribuição urbana e rural e em pequenas subestações de
consumidor e de concessionária.
É dotada de um elemento fusı́vel que responde pelas carac-
terı́sticas básicas de sua operação.

A. Chave Fusı́vel Indicadora Unipolar


As chaves fusı́veis são denominadas também corta-circuitos
e são fabricadas em diversos modelos para diferentes nı́veis
de tensão e corrente. As chaves fusı́veis, de forma geral, são
constituı́das das partes estudadas a seguir.
1) Isolador de Corpo Único: É empregado normalmente
em chaves fusı́veis destinadas a sistemas de distribuição para
corrente nominal não superior a 200 A.
Os isoladores das chaves fusı́veis devem possuir resistência
mecânica suficiente para suportar os impactos de abertura e,
principalmente, fechamento. Considerando o isolador apoiado
nas extremidades, este deve suportar uma força F aplicada no
seu ponto médio distando D (em m) dos apoios. Figura 13. Isolador tipo pedestal.

F = 130/D[kg] (21) Já as chaves fusı́veis de tensões mais elevadas, como, por
exemplo, da classe de 88 até 138 kV. Denominada chave
Para a chave fusı́vel da figura acima, por exemplo, isolada fusı́vel religadora, é destinada à proteção de redes aéreas de
para 15 kV, cuja distância entre as extremidades é de 350 mm, distribuição contra curtos-circuitos transitórios.
a força F vale: Principalmente indicadas para aplicação no alimentador
tronco ou nas derivações importantes do mesmo. A troca de
F = 130/(0, 35/2) = 742[kg] (22) um simples elo fusı́vel em locais de difı́cil acesso, devido a
APOSTILA - MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS, PÓS-GRADUAÇÃO , VOL. 1, NO. 1, MAIO 2017 16

grandes distâncias ou estrada intransitável ou ainda de equipes


de manutenção não disponı́veis no momento necessário, faz
elevar o tempo de interrupção e consequentemente o custo da
mesma.

Figura 15. Isolador tipo pedestal.

As chaves fusı́veis unipolares são normalmente operadas


através de varas de manobra. As partes externas das varas de
manobra são constituı́das de fibras de vidro e resina epóxi.
As partes internas das varas de manobra são preenchidas com
poliuretano expandido, que, além de aumentar a estabilidade
Figura 14. Isolador tipo pedestal. da vara, impede o acúmulo de umidade.
Existem aplicações especı́ficas em redes de distribuição e em
A chave religadora reduz a severidade do defeito quanto subestações de força, de chaves fusı́veis montada em tandem
ao tempo de retorno do fornecimento de energia elétrica. É com seccionador unipolar, em que são utilizadas três colunas
composta de três chaves fusı́veis de base C na qual a corrente de isoladores de tipo pedestal.
do sistema flui apenas pela primeira chave do conjunto. No
caso de um curto-circuito, o fusı́vel da primeira chave funde
ocasionando a queda do porta-fusı́vel, que aciona o mecanismo
de transferência da corrente para a chave central.
As chaves fusı́veis são equipamentos adequados para aber-
tura do circuito sem carga. No caso da proteção de transfor-
madores individuais é permitida a abertura dos seus termi-
nais primários, circulando apenas a corrente de magnetização.
Mesmo assim, verifica-se a existência de arco durante a
operação da chave cuja magnitude depende da velocidade da
manobra que o operador imprime na vara de manobra.
No entanto, existem chaves fusı́veis que permitem a abertura
do circuito circulando corrente no valor da corrente nominal da
chave, sem necessidade de ferramenta especial. Em condições
normais de operação, o circuito é interrompido pela queima Figura 16. Chave fusı́vel tandem.
do fusı́vel sem a participação da câmara de extinção, tal como
ocorre com as chaves fusı́veis convencionais.
Estas chaves são utilizadas com frequência em subestações
Na operação em carga, a chave fusı́vel dotada de câmara de
para a manutenção de disjuntores e religadores automáticos,
extinção, a corrente é desviada do contato superior da chave
sem a interrupção no fornecimento de energia elétrica, associ-
para o contato auxiliar que está instalado dentro da câmara por
ada à vantagem de, nesse perı́odo, não haver perda da proteção.
meio de um braço de aço inoxidável.
Na abertura desse contato, o arco formado ficará no interior
da câmara onde será gerado um gás deionizante. O gás
C. Ensaios em Chaves Fusı́veis
expelido, o alongamento do arco e a velocidade de abertura do
braço de aço inoxidável proporcionarão a interrupção do arco. As chaves fusı́veis devem ser inspecionadas nas instalações
A instalação desse tipo de chave apresenta a mesma simpli- do fabricante, na presença do inspetor do comprador, segundo
cidade das demais chaves do tipo unipolar, porém seu preço a NBR 8668 – Chave Fusı́vel de Distribuição – Especificação.
atinge valores bem superiores. São os seguintes os ensaios previstos.
APOSTILA - MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS, PÓS-GRADUAÇÃO , VOL. 1, NO. 1, MAIO 2017 17

1) Ensaios de rotina: São aqueles destinados a comprovar


a qualidade e a uniformidade da mão de obra e dos materiais
empregados na fabricação da chave fusı́vel.
Compreendem:
• Inspeção geral.
• Verificação dimensional.
• Tensão suportável à frequência industrial a seco.
• Elevação de temperatura.
• Operação mecânica.
• Medição da resistência ôhmica de contato.
• Ciclos térmicos.
2) Ensaios de tipo: São aqueles realizados para comprovar
se um determinado tipo ou modelo de chave fusı́vel é capaz de Figura 17. Tipos de fusı́veis: botão e argola.
funcionar satisfatoriamente nas condições especificadas. São
eles:
• Todos os ensaios de rotina anteriormente relacionados. 4) Rabicho: É constituı́do de um condutor estanhado com-
• Tensão suportável de frequência industrial sob chuva. posto de vários fios de pequeno diâmetro, devendo ser alta-
• Tensão suportável de impulso atmosférico. mente flexı́vel para não interferir no funcionamento da chave
• Radiointerferência. fusı́vel. O diâmetro do rabicho varia de acordo com a corrente
• Resistência mecânica do isolador. nominal do elo fusı́vel, sendo:
• Análise quı́mica da liga de cobre.
• Para fusı́veis de 1 a 50 A: 4 mm.
D. Elós Fusı́veis • Para fusı́veis de 65 a 100 A: 6,5 mm.
• Para fusı́veis de 140 a 200 A: 9,5 mm.
É um elemento metálico no qual é inserida uma parte
sensı́vel a correntes elétricas elevadas, fundindose e rompendo
num intervalo de tempo inversamente proporcional à grandeza XII. S ISTEMA DE P ROTEÇ ÃO - G ERADORES
da referida corrente. Como já se comentou anteriormente, o Falhas ou defeitos como curto-circuitos, operação anormal
elo fusı́vel é utilizado no interior do cartucho ou porta-fusı́vel, ou operação indevida do sistema de proteção são bastante
preso nas suas extremidades. prejudiciais quando acontecem. Por esse motivo, os geradores
Os elos fusı́veis de má qualidade constituem um grande sı́ncronos resguardados por rı́gidas condições de operação e um
transtorno para as concessionárias de energia elétrica, devido sistema completo de proteção é necessário para evitar danos
a sua queima intempestiva, sem que nenhuma anomalia te- às unidades geradoras.
nha ocorrido no sistema, acarretando custos adicionais de
manutenção, perda de faturamento e comprometendo a imagem
da empresa junto aos seus consumidores. A. Arranjos de geração
1) Caracterı́sticas Mecânicas: O elo fusı́vel deve ser cons- Existem inúmeras configurações de arranjos possı́veis para
truı́do de um material que não se altere quı́mica e fisicamente, unidades geradoras de energia elétrica. Esses arranjos devem
de maneira permanente, com a passagem da corrente elétrica ser observados e analisados pelo engenheiro de proteção, pois
ou com o decorrer do tempo de utilização. O material apropri- influenciará na escolha de funções de proteção adequadas e
ado que obedece a esta exigência básica é uma liga de estanho nos ajustes da proteção.
com ponto de fusão de aproximadamente 230 o C. Um gerador e um transformador elevador associado podem
É totalmente desaconselhável a utilização de fio de cobre nu ser conectados como uma unidade de geração e um ou dois
como elemento fusı́vel, porque o seu ponto de fusão gira em transformadores de serviço auxiliares (TSA) podem também
torno de 1.083 o C, o que causaria a carbonização do elemento fazer parte desta configuração.
de revestimento interno do cartucho, bem como do próprio
tubo protetor do elo fusı́vel. Ainda neste sentido, o chumbo,
outro elemento metálico utilizado largamente como fusı́vel
em baixa tensão, não deve ser utilizado como elo fusı́vel,
devido não possuir a necessária dureza para evitar deformações
permanentes.
2) Elemento fusı́vel: É constituı́do de uma liga de estanho
e representa a parte fundamental do elo fusı́vel. Apresenta
caracterı́sticas próprias de atuação que serão estudadas pos-
teriormente.
3) Tubinho: É constituı́do de material isolante e se destina à
proteção do elemento fusı́vel. No caso do elo fusı́vel de argola,
o tubinho deve ser resistente aos efeitos do tempo e ser dotado
de propriedades que auxiliem a extinção do arco. Figura 18. Gerador conectado diretamente ao transformador elevador.
APOSTILA - MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS, PÓS-GRADUAÇÃO , VOL. 1, NO. 1, MAIO 2017 18

É importante notar que o transformador de serviço auxi-


liar influencia na quantidade de enrolamentos de restrição
necessária para a proteção diferencial global. O método de
aterramento do neutro do gerador afeta a sensibilidade dos
relés de proteção para detecção de faltas à terra no estator.
Nos próximos arranjos mostrados nas Figuras, dois ou mais
geradores compartilham um transformador.

Figura 21. Capabilidade máxima teórica.

2) Limite de corrente de armadura: As perdas elétricas no


cobre e no estator estão vinculadas ao limite de corrente de ar-
madura. Existe corrente limite de regime permanente permitida
para que o gerador opere sem que ocorra sobreaquecimento.
No plano P-Q, o limite de corrente de armadura é definido
Figura 19. Vários geradores conectados a um único transformador elevador. como um cı́rculo de raio equivalente à potência em MVA do
gerador e centro na origem, Figura 22.

Figura 20. Vários geradores conectados a um único transformador elevador.

Figura 22. Curva de capabilidade de um gerador.


B. Fatores limı́trofes, arranjos e aterramento de geradores
3) Limite da corrente de campo: Há perdas elétricoas no
Existem alguns fatores que limitam a geração de potência cobre do enrolamento do rotor, isso define um limite para a
ativa e reativa. Os mais importantes são: limites térmicos, limi- corrente de campo. A relação entre a potência ativa e reativa
tes de tensão, limites de estabilidade do sistema e capacidade para uma dada corrente de campo descreve um cı́rculo (curva
dos geradores determinadas pelo fabricante. AB na Figura 22) com centro na parte negativa do eixo Q
1) Limites térmicos: É possı́vel destacar três importantes (MVAR).
tipos de limites térmicos do gerador: o limite da corrente Consideramos o modelo com corrente de campo constante
da armadura, relacionado à potência nominal de armadura, o e desprezamos os efeitos da saliência de polos (assumimos
limite do núcleo de ferro do estator e o limite da corrente de que Xd = Xq) e resistência do estator. Para esta configuração,
campo. descrevemos um cı́rculo de centro e raio conforme segue:
Na Figura 21, os três limites térmicos de um gerador estão
representados. Assumindo que a potência é medida em p.u. Centro(P, Q) = (0, −Vt2 /Xd ) (23)
(por unidade), um semi-ciclo de raio unitário pode ser traçado
e representa o limite de capabilidade máxima teórica de um
Raio = (Eq × Vt )/Xd (24)
gerador (GTMC). Esse limite corresponde à potência em MVA
do gerador. Eq e Vt são a tensão interna do gerador e a tensão no
Obs.: Capabilidade: Habilidade intrı́nseca de um pro- terminal do gerador, respectivamente.
cesso de desempenhar suas funções nas condições de O ponto B, mostrado na Figura 22, representa a potência
trabalho, satisfazendo certas especificações e tolerâncias. nominal de placa do gerador.
APOSTILA - MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS, PÓS-GRADUAÇÃO , VOL. 1, NO. 1, MAIO 2017 19

C. Limite do núcleo de ferro do estator sem perda de sincronismo. Para o sistema apresentado na
O limite do núcleo de ferro do fim do estator impõe o limite Figura 23, a potência elétrica transferida Pe é:
térmico na região de sub-excitação (curva CD na Figura 22).
O fluxo magnético principal do gerador é um fluxo radial, Pe = (Eq × Es × senδ)/Xd + Xs (27)
portanto, paralelo às lâminas do estator. No entanto, o fluxo de Em que δ é a diferença angular entre a tensão interna da
dispersão é um fluxo axial perpendicular as lâminas do estator, máquina e a tensão do sistema. A máxima potência transferida
o que resulta correntes parasitas que sobreaquecem o pacote é dada para δ = 90o . Para ângulos maiores que 90o , tem-se um
de lâminas estatóricas. A consequência disso é o aumento da decremento na potência transferida e consequente perda de
condição de operação sub-excitada do gerador, pois a corrente estabilidade do sistema. A Figura 24 ilustra o exposto:
de campo é baixa e o fluxo de dispersão é alto.
Literaturas mostram que este limite é descrito por um circulo
de centro no semi-eixo positivo de Q e raio conforme segue:

Centro(P, Q) = (0, k × Vt2 /Xd ) (25)

Raio = k × (Eq × Vt )/Xd (26)


O valor de k está relacionado com o número de espiras do
enrolamento de campo e armadura, respectivamente, além da
máxima sobretemperatura permitida no gerador, definida pelo
fabricante.
1) Limites de tensão: A tensão terminal do gerador é restrita Figura 24. Ângulos de potência para diversos nı́veis de excitação.
a operar em uma faixa determinada pelos limites do gerador
ou do transformador elevador. Nota-se também que, pela Figura 24, para uma mesma
Para uma máquina de polos lisos ou de polos salientes, potência mecânica, nı́veis de tensão de excitação diferentes
essa faixa é de mais ou menos 5 % da tensão nominal. Já os podem aproximar a operação do gerador do limite de estabi-
transformadores precisam atender a dois requisitos de tensão lidade do sistema.
para qualquer tap primário ou secundário.
2) Limites de estabilidade: Os geradores estão limitados
também pela condição de estabilidade do sistema. A geração D. Faltas entre fases e entre espiras
de energia pode ser obtida por meio do funcionamento A proteção do gerador deve ser analisada de forma deta-
de máquinas sı́ncronas, normalmente operaram próximos da lhada, não apenas para faltas, mas também para as possı́veis
frequência nominal, em que todos os geradores conectados a condições anormais de operação. Algumas razões para o
este sistema operam na mesma velocidade média. desligamento de um gerador:
É necessário que haja equilı́brio entre a potência ativa gerada • Faltas no gerador;
e a consumida sob condições normais de operação. Qualquer • Faltas no sistema de potência;
tipo de mudança na carga ou na configuração do sistema pode • Proteção térmica;
gerar pequenas perturbações no SEP. • Condições anormais de operação.
A Figura 23 descreve um gerador conectado a um sistema Faltas comuns no gerador incluem faltas fase-fase, fase-terra
elétrico de potência. e entre espiras. A falta fase-terra é a mais frequente (65% das
ocorrências), sendo que as faltas fase-fase representam 23,5%
das ocorrências e as faltas entre espiras, 11,5%.
1) Proteção contra faltas entre fases no estator: Normal-
mente usada para proteger geradores contra faltas trifásicas,
bifásicas e bifásicas-terra.
O diagrama da Figura 25 mostra o mais simples dos esque-
mas diferenciais usando um relé de sobrecorrente instantâneo.
Algumas vezes é denominado esquema de sobrecorrente dife-
rencial.
A proteção diferencial é considerada uma das formas mais
Figura 23. Diagrama simplificado do sistema de potência. efetivas de proteção dos equipamentos de potência. Opera
com base na diferença entre a corrente medida entrando e
O sistema elétrico é representado por meio do equivalente saindo da zona protegida. Considerando que ela opera somente
de Thévenin, pela tensão Es e pela impedância Xs . com base na diferença e não na corrente total que circula no
O limite de estabilidade estática de uma máquina sı́ncrona circuito, um relé com essas caracterı́sticas de proteção pode ter
é definido como a máxima potência que pode ser transmitida maior sensibilidade para faltas do que outros tipos de relés.
entre o barramento de geração e o barramento de consumo, Ademais, como a zona de proteção é definida com precisão
APOSTILA - MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS, PÓS-GRADUAÇÃO , VOL. 1, NO. 1, MAIO 2017 20

vibrações que podem danificar os mancais. Além disso, podem


surgir correntes elevadas, que danificam os condutores do
campo e o aço do rotor, causando grandes estragos no gerador.
1) Métodos de detecção de terra no rotor: As técnicas para
detecção de terra no rotor de geradores dividem-se em dois
métodos: passivo e injeção. O método de detecção passivo
utiliza qualquer técnica de medição que não injete um sinal
dentro do campo. São exemplos: divisor de tensão e detector
sensı́vel entre o ponto-central do divisor e a terra. Já o método
de injeção utiliza técnicas de intrusão que aplicam DC, AC ou
Figura 25. Esquemas diferenciais usando um relé de sobrecorrente ins- sinais modulados dentro do campo. Por exemplo: técnicas que
tantâneo. calculam a resistência de isolação entre o campo e a terra.
2) Método de detecção do divisor de tensão: Esse tipo
de esquema de detecção é similar ao usado em baterias
pela localização dos TCs que envolvem a zona protegida, DC. Qualquer falta dentro do circuito causará uma circulação
o relé é altamente seletivo. Com alta seletividade, um relé de corrente pelo detector. Porém, como uma falta à terra
diferencial pode dar trip rapidamente sem o intervalo de tempo pode ocorrer em qualquer ponto do enrolamento de campo,
de coordenação. não é adequado definir os resistores R1 e R2 com valores
As caracterı́sticas da proteção diferencial podem ser resu- constantes. Para ser eficaz, os valores de R1 e R2 devem
midas como: ser desbalanceados e chaveados periodicamente. A Figura 27
Princı́pio: ilustra esse princı́pio de detecção. Em alguns projetos, um dos
• Medir a corrente entrando e saindo da zona de proteção; resistores é um dispositivo não linear que não permite que a
• Se as correntes não forem iguais, existe uma falta. ponte resultante fique balanceada para qualquer tipo de defeito;
Fornece: em consequência, o detector sensı́vel é habilitado para operar.
• Alta sensibilidade;
• Alta seletividade.
Resultado:
• Velocidade relativamente alta.
Existe um tipo de contingência peculiar para as proteções
diferenciais, as elevadas correntes de faltas passantes. Na
ocorrência de uma falta intensa externa o TC pode saturar
e fornecer um valor inadequado para os relés devido a sua
relação de espiras. Nesse caso, temos uma falsa corrente
diferencial. Para corrigir esse problema, os esquemas de
proteção diferencial percentual são mais utilizados e oferecem
maior segurança e confiabilidade trabalhando com grandezas
de operação com uma faixa de restrição. Figura 27. Método de detecção do divisor de tensão para detecção de terra
no rotor.

3) Método de injeção DC: Neste esquema, a corrente DC é


injetada no sistema quando ocorrer uma falta de um polo para
a terra. Caso contrário, não haverá corrente circulando pelo
detector, conforme mostrado na Figura 28.

Figura 26. Desafios da proteção diferencial.

E. Falta à terra no rotor de proteção de retaguarda


Atualmente, o sistema de excitação da maioria dos geradores
modernos inclui a proteção contra faltas à terra no rotor. A
formação de terra no rotor normalmente se dá pela deterioração
ou colapso da isolação que causa o contato do circuito do
campo com o ferro do rotor.
Um curto-circuito das espiras distorce o campo magnético Figura 28. Método de injeção DC.
pelo entreferro, causando o empenamento do rotor e severas
APOSTILA - MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS, PÓS-GRADUAÇÃO , VOL. 1, NO. 1, MAIO 2017 21

4) Método de injeção AC: O método de injeção AC não


é tão popular como o método de injeção DC. Há uma
possibilidade de que uma corrente de fuga AC resultante
da capacitância distribuı́da possa causar erosão metálica ou
corrosão nos mancais. O caminho desta corrente de fuga AC
é por meio da capacitância do enrolamento de campo para o
ferro do rotor, pelo ferro do rotor, mancais e terra. O resultado
pode ser um alarme para uma condição sem falta, conforme a
Figura 29.

Figura 30. Zonas de proteção para função de distância.

proteção de distância da linha, com um tempo de coordenação


maior.

G. Proteção contra motorização e correntes desbalanceadas,


falha de disjuntor e energização inadvertida
As funções de proteção contra motorização ou potência
reversa (ANSI-32) e de desequilı́brio de corrente ou sobre-
Figura 29. Método de injeção AC. corrente de sequência negativa (ANSI-46) são consideradas
proteções para condições anormais de operação do gerador.
Se a turbina perder potência durante a operação normal da
F. Proteção de distância máquina, o gerador passa a consumir potência ativa do sis-
tema, como se fosse um motor. Esta condição é denominada
O relé de distância é o sistema de retaguarda mais comum motorização.
para faltas entre fases porque propicia proteção para linhas de
transmissão com maior frequência e também porque é mais
fácil coordenar um relé de distância do que outro tipo de
relé. Como o relé deve ser ajustado para detectar faltas no
sistema, podem ser necessários TPs auxiliares para fornecer
uma defasagem para que o relé possa detectar adequadamente
faltas além do transformador elevador.
O relé é normalmente ajustado para alcançar além do
terminal remoto da linha mais longa que sai da subestação.
O ajuste pode ser dificultado pelo número e comprimento das
linhas que saem da subestação. Para subestações com múltiplas
linhas, o efeito do “infeed” pode exigir um alcance maior para Figura 31. Proteção de potência reversa (32) e correntes desequilibradas (46).
o relé. De modo inverso, linhas curtas podem requerer um
alcance menor para evitar uma temporização excessiva. Já correntes desequilibradas nos enrolamentos do estator
Obs.: Efeito do “infeed”: Redução do alcance da implicam na existência de correntes de sequência negativa.
proteção provocado pela contribuição das correntes de A corrente de sequência negativa produz um campo girante
fontes distintas conectadas ao longo da linha. no entreferro da máquina, que também gira na velocidade
Um esquema de perda de potencial pode aumentar a sı́ncrona, mas com direção reversa se comparada ao campo
segurança do sistema. Os estudos de estabilidade ajudam a normal de sequência positiva. Este campo novo induz correntes
garantir a operação correta durante oscilações de potência. no rotor, cuja frequência é o dobro da frequência sı́ncrona.
A proteção de distância de retaguarda do gerador normal- Essas correntes causam sobreaquecimento no rotor e podem
mente tem uma ou duas zonas de proteção de distância de fase eventualmente causar danos ao rotor.
do tipo impedância MHO. Cada zona tem um alcance corres- 1) Proteções de potência reversa (Ansi 32): O plano com-
pondente para frente, offset reverso, ângulo de máximo torque, plexo de potência mostrado na Figura 32 serve para analisar o
compensação para o transformador elevador e temporização fluxo de potência ativa e reativa entrando e saindo do gerador.
conforme for necessário em função das restrições do sistema O diagrama mostra que a máquina opera como um motor
e coordenação, conforme a Figura 31. quando absorve potência ativa.
Nas aplicações tı́picas, o elemento da Zona 1 protege o Em turbinas a vapor, a motorização ocorre quando é cor-
sistema até o transformador elevador. O elemento da Zona tado o suprimento de vapor. Nas turbinas a gás e diesel,
2 é ajustado para proteger além do transformador elevador, a motorização ocorre quando é cortado o suprimento de
penetrando no sistema, normalmente até o final da Zona 1 da combustı́vel. Em turbinas hidráulicas, a perda parcial ou total
APOSTILA - MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS, PÓS-GRADUAÇÃO , VOL. 1, NO. 1, MAIO 2017 22

durante oscilações transitórias de potência. Esses valores po-


dem variar dependendo das recomendações do fabricante da
turbina.
O segundo elemento é usado para proteger as turbinas a
vapor de danos que podem ocorrer nos casos de baixos valores
de geração. O tipo de turbina a vapor usada vai determinar
os ajustes do limite e a temporização do segundo elemento
(32P2). Na ocorrência de eventos de potência reversa, deverão
ser desligados os disjuntores e a turbina.
2) Proteções de correntes desequilibradas (Ansi 46): Cor-
rentes desequilibradas nos enrolamentos do estator implicam
na existência de correntes de sequência negativa. A corrente
Figura 32. Plano complexo de potência. de sequência-negativa produz um campo girante no entreferro
da máquina, que gira na velocidade sı́ncrona, mas com direção
reversa se comparada ao campo normal de sequência positiva.
da água vinda pelo conduto forçado resulta na redução da Este campo induz correntes no rotor, cuja frequência é o
potência mecânica para o gerador. dobro da frequência sı́ncrona. Essas correntes de frequência
A motorização pode causar sobreaquecimento nas lâminas dupla causam sobreaquecimento no rotor e podem eventual-
de ferro do estator e no rotor da turbina. Nas turbinas a mente causar danos ao rotor. A temperatura das bordas, dos
gás, as engrenagens de acoplamento da turbina com outros anéis e do núcleo de ferro pode atingir valores intoleráveis.
elementos, como o compressor, podem sofrer danos quando Os danos resultantes podem causar paradas prolongadas para
ocorre a motorização. Já em um motor a diesel, se for aplicada reparo do gerador.
alguma potência proveniente do gerador em uma condição de Curtos-circuitos desequilibrados não são a única causa de
motorização, o motor pode sofrer sérios danos no acoplamento desbalanços nos enrolamentos do gerador. Faltas série, como
mecânico. condutores abertos, um ou dois, podem também produzir
uma quantidade relativamente grande de sequência negativa.
Em turbinas hidráulicas, a motorização pode produzir
Condições diferentes, tais como cargas desbalanceadas e as-
cavitações, que podem causar danos nas lâminas. Em alguns
simetria das linhas de transmissão, também podem causar
casos, a turbina hidráulica pode ser projetada para operar
desequilı́brios nos enrolamentos do estator.
como compensador sı́ncrono, sendo insignificantes os danos
É prática comum equipar o gerador com proteção contra
resultantes. Nesses casos, não é necessária a proteção contra
condições externas de desbalanço que podem causar danos à
motorização.
máquina. Os relés microprocessados modernos são capazes de
Um relé de potência reversa ou direcional de potência mede
detectar correntes de sequência negativa de valores tão baixos
a potência ativa:
quanto a capabilidade contı́nua do gerador.
O excesso de corrente desequilibrada vai provocar falha
P = 3 × V × I × cosφ (28) nos equipamentos e deve ser considerado como um problema
elétrico grave. Os disjuntores principais do gerador devem ser
O relé pode ter uma curva de tempo-definido ou tempo desligados em caso de correntes excessivamente desbalancea-
inverso, dependendo do projeto do relé. A Figura 4 mostra das.
a caracterı́stica da proteção de potência reversa no plano 3) Falha de disjuntor e energização inadvertida: Se o
complexo de potência. Esta proteção em particular é composta disjuntor do gerador ou do grupo gerador transformador falhar
de dois elementos, 32P1 e 32P2. Ambos são de tempo definido. quando receber uma ordem de trip de um dos relés de proteção
do gerador, os disjuntores locais de retaguarda devem ser aber-
tos automaticamente para eliminar o defeito que causou origi-
nalmente a atuação dos dispositivos de proteção. A proteção
de falha de disjuntor propicia essa abertura automática dos
disjuntores para eliminar a falta.
Basicamente, o relé de falha de disjuntor (50BF) é um
dispositivo de sobrecorrente de tempo definido cuja operação
é iniciada pela proteção principal (a mesma que dá trip no
disjuntor principal). Se a ordem de trip e a sobrecorrente
persistirem além de um certo tempo (por exemplo, 0.2 s),
o disjuntor principal é considerado como tendo falhado na
abertura e o 50BF emite um comando de trip para todos
Figura 33. Elemento direcional de potência. os disjuntores de retaguarda locais. A proteção de falha de
disjuntor deve considerar o arranjo de barras da SE.
O elemento 32P1 detecta a potência reversa. Ajuste da 4) Barra simples: Em um arranjo tipo barra simples, se o
temporização entre 15 e 30 segundos, para evitar operação disjuntor 1 receber uma ordem de trip e não abrir, o esquema de
APOSTILA - MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS, PÓS-GRADUAÇÃO , VOL. 1, NO. 1, MAIO 2017 23

falha de disjuntor deverá abrir os disjuntores 2, 3 e 4 conforme


mostra a Figura 34.

Figura 36. Arranjo disjuntor e meio.

configurações também aumentam a possibilidade de um erro


operacional que resulte em energização acidental do gerador.
Figura 34. Arranjo de barra simples. A flexibilidade operacional da configuração disjuntor e meio
ou barra em anel permite que um disjuntor seja retirado
5) Barra em anel: Conforme a Figura 35, para um barra- de operação para manutenção enquanto o gerador permanece
mento em anel, somente um disjuntor adicional na subestação operando.
necessita ser desligado. Com este esquema, se ocorrer um Quando o gerador é retirado de operação, os disjuntores
defeito no gerador da esquerda, a proteção envia um sinal geralmente retornam à operação para completar um vão ou o
de trip para os disjuntores 1 e 2. Se o disjuntor 1 falhar na anel. Nesses casos, uma chave seccionadora isola o gerador.
abertura, o esquema de falha de disjuntor associado deverá Os esquemas de controle devem ser cuidadosamente projetados
enviar um sinal de trip para os disjuntores 2 e 3. para evitar o fechamento da seccionadora em ocasiões não
Adicionalmente, o esquema de falha de disjuntor deverá apropriadas.
também enviar um sinal de transferência direta de trip para o
terminal remoto da linha que sai do ponto entre os disjuntores
1 e 3. XIII. S ISTEMA DE P ROTEÇ ÃO - T RANSFORMADORES

Basicamente os transformadores estão sujeitos a dois tipos


de defeitos, são eles:
• Sobreaquecimento;
• Curtos-circuitos nos enrolamentos.
A tecnologia empregada atualmente na fabricação de trans-
formadores é muito avançada, por isso, são equipamento com
confiabilidade muito elevada, o que proporciona segurança
para as concessionárias e consumidos.É importante ressaltar
que transformadores são equipamentos ativos, ou seja, geram
renda para a empresa concessionária, esse fato aumenta a
importância desse tipo de equipamento.
Figura 35. Arranjo de barra em anel. Considerando os defeitos supracitados, basicamente, é ne-
cessário que a proteção esteja atenta para curto-circuito interno
6) Disjuntor e meio: No caso de um arranjo do tipo disjuntor e retaguarda contra faltas externas.
e meio, o esquema de falha de disjuntor depende do disjuntor Curto-circuito resulta de defeitos no isolamento que, por sua
envolvido. No esquema da Figura 36, se ocorrer um defeito vez, são provocados por sobretensão de origem atmosférica ou
no gerador, a proteção dará trip nos disjuntores 1 e 2. atuações de manobra, esses eventos podem provocar o sobre-
Se o disjuntor 1 falhar na abertura, o esquema de falha de aquecimento inadmissı́vel nos enrolamentos do transformador.
disjuntor deverá dar trip nos disjuntores 2 e 4 e em qualquer Sobreaquecimentos e sobrecargas repetidas são fatores que
outro disjuntor que esteja conectado à barra esquerda. Se o provocam a perda de parte da vida útil do equipamento, de
disjuntor 2 falhar na abertura, o esquema de falha de disjuntor modo geral, provoca o envelhecimento prematuro do material
deverá dar trip nos disjuntores 1 e 3. isolante do transformador, o que pode provocar curto-circuito
O esquema deverá também enviar um sinal de transferência nos enrolamentos.
de trip direto para o terminal remoto da linha que sai do ponto
entre os disjuntores 2 e 3.
7) Proteção contra energização inadvertida: Geradores A. Proteção contra Curto-Circuito
conectados em uma configuração disjuntor e meio ou
barra em anel possuem grande flexibilidade. Contudo, essas Podemos dividir esse tópico em dois.
APOSTILA - MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS, PÓS-GRADUAÇÃO , VOL. 1, NO. 1, MAIO 2017 24

1) Grandes Transformadores: Relés Térmicos: Também é chamado de relé de sobrecarga,


• Proteção diferencial; ou mesmo de relé bimetálico, sua função é atuar desligando o
• Proteção Buchholz. equipamento suprvisionado antes que o limite de deterioração
Proteção diferencial: Atualmente, os relés diferenciais seja atingido. Sua fabricação se dá, a partir da laminação de
numéricos microprocessados a partir de dados de placa de dois metais de coeficientes de dilatação diferentes unindo-os
entrada determinam praticamente quase todos os parâmetros por meio de um enrolamento por onde passa a corrente que
necessários. O objetivo dos ajustes da proteção diferencial vai para o equipamento.
é o de reduzir o valor da corrente que passa pela bobina Como o enrolamento do relé térmico é ligado em série com
de operação ao mı́nimo (preferencialmente zerar), tanto em a fase, caso haja aquecimento, o par de placas bimetálicas
módulo quanto em ângulo, em condições normais de operação. se deforma, promovendo uma curvatura devido à diferença de
Proteção Buchholz: Relé de Buchholz também chamado dilatação entre os metais, o que leva a libertação do dispositivo
de Relé de Gás ou Relé de Pressão Súbita no domı́nio da de trava contido num invólucro isolante de alta resistência
distribuição é um acessório instalado em transformadores de térmica abrindo os contatos do relé e a consequente abertura
potência que possuem óleo como meio dielétrico e de arre- do circuito.
fecimento, equipados com uma reserva superior chamada de A temperatura ambiente também pode provocar a dilatação
”conservador”. O Relé Buchholz é um dispositivo de proteção das lâminas bimetálicas, caso seja superior ao limite de ajuste,
própria contra falta de óleo, acumulação de gases e falhas situação passı́vel de ocorrer em quadros de distribuição por
dielétricas catastróficas dentro do equipamento. exemplo. Para evitar tal fato, altera-se a conformação das
O relé tem duas formas de detecção. No caso de uma lâminas bimetálicas ou utiliza-se uma lâmina bimetálica au-
pequena sobrecarga, o gás produzido pela decomposição do xiliar influenciada apenas pela temperatura ambiente.
óleo acumula no topo do relé e força o nı́vel superior a cair. Um
interruptor de boia no relé é utilizado para ativar um alarme. B. Função das proteções
Essa opção também funciona mesmo quando o nı́vel de óleo As proteções básicas e suas funções estão descritas abaixo.
estiver baixo, como no caso de uma pequena fuga de óleo. 1) Proteção Diferencial Percentual - ASA 87: Esse tipo de
No caso de um arco elétrico, a acumulação de gás é súbita e proteção não se limita aos curtos-circuitos internos, engloba
o óleo flui rapidamente para o conservador. Este fluxo de óleo sinistros devidos a arcos nas buchas do transformador. Esse
opera no interruptor conectado a uma segunda boia localizada esquema de proteção é baseado na comparação entre as cor-
no caminho do óleo em movimento. Essa opção é utilizada rentes de entrada e saı́da do elemento protegido, sendo que
para ativar um disparo ao disjuntor de proteção da unidade o relá diferencial opera quando é percorrido por uma corrente
antes que a falha provoque mais danos. (diferença entre a entrada e a saı́da) que ultrapassa determinado
O Relé Buchholz tem uma válvula de purga, que permite valor ajustado e chamado de corrente diferencial.
recolher o gás acumulado para ensaio. Se o gás é inflamável Transformadores são equipamentos que possuem particulari-
existe um sinal de que houve falhas internas, como o sobrea- dades, para o caso da proteção diferencial, pode haver corrente
quecimento ou a produção de arco interno. Se for ar, pode diferencial mesmo não havendo defeito no equipamento, estas
significar que o nı́vel do óleo está baixo, ou que há uma são devidas principalmente à:
pequena perda.
• Corrente de magnetização no perı́odo trasitório;
2) Pequenos Transformadores:
• Erros de medição dos TC’s alocados junto ao transfor-
• Relés de sobrecorrente temporizados e Fusı́veis; mador;
• Relés Térmicos e Termovisão. • Erros no ajuste da relação de transformação dos TC’s.
Relés de sobrecorrente temporizados: São relés que ope- 2) Proteção de Sobrecorrente - ASA 51: EM se tratando
ram quando o valor da corrente do circuito ultrapassa um valor de transformadores de pequeno porte, a proteção contra curto-
pré-fixado ou ajustado. Os relés de sobrecorrente podem ser circuito ou de retaguarda para faltas externas é feita através de
instantâneos (função ANSI 50) ou temporizados (função ANSI relés de sobrecorrente, substituindo os relés diferenciais.
51). 3) Proteção por meio do Relé de Pressão / Gás - ASA
Os relés de sobrecorrente podem ser temporizados ou ins- 63: O relé de pressão é destinado a responder rapidamente
tantâneos. Os relés eletromecânicos temporizados são normal- ao aumento inesperado da pressão do óleo do transformador,
mente os de disco de indução. provocada por arco, resultado de uma falta interna. Uma carac-
A caracterı́stica dos relés de sobrecorrente é representada terı́stica importante desse relé é que o mesmo é insensı́vel às
pelas suas curvas tempo versus corrente. Estas curvas variam lentes mudanças causadas, por variação de carga, por exemplo.
em função do tipo do relé (disco de indução, estático, digital). O relé buchholz é uma combinação do relé de pressão com o
Antigamente, na época dos relés de disco de indução, a relé detetor de gás.
escolha da caracterı́stica do equipamento era feita no momento
da compra e, assim, não era possı́vel alterá-la.
Atualmente fabricam-se praticamente somente os relés di- C. Desligamento Remoto
gitais e a maior parte deles permite escolher a caracterı́stica Por questões econômicos, quando uma linha de transmissão
tempo corrente apenas alterando-se os parâmetros no próprio alimenta um único banco de transformadores, o disjuntor do
relé. lado de alta tensão é retirado. Para que sejam mantidos os
APOSTILA - MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS, PÓS-GRADUAÇÃO , VOL. 1, NO. 1, MAIO 2017 25

nı́veis adequados de segurança, é possı́vel efetuar o desliga- E. Relé de sobretensão de sequência zero
mento remoto do disjuntor do inı́cio da linha, de maneira
São relés que operam quando a tensão do sistema ultrapassa
que, em caso de defeito ou falha, a proteção do banco de
um valor preestabelecido ou ajustado na ocorrência de uma
transformadores atua sobre o disjuntor do lado de baixa tensão
falta a terra. Na prática, este relé é utilizado no secundário de
e sobre a chave de aterramento rápido.
TPs conectados em estrela aterrada-delta aberto, ou utilizando-
se de recursos de firmware, em que a tensão de sequência zero
XIV. R EL ÉS é calculada a partir das tensões de fase.
A sua aplicação é mais frequente em sistemas não aterrados,
A. Relé direcional de potência para a detecção e eliminação de faltas a terra. Deve-se,
Em concepção, os relés direcionais de potência são relés que preferencialmente, desligar as fontes.
operam quando o valor da potência ativa do circuito ultrapassa Função ANSI: O número que expressa a função ANSI do
um valor prefixado ou ajustado e na direção preestabelecida. relé de sobretensão de sequência zero é o 59N.
Função ANSI: O número para a função ANSI para o relé Polarização: A polarização do relé 59N é por tensão de
direcional de potência é 32. sequência zero.
Direcionalidade: Os relés 32 operam em apenas uma
direção.
Polarização: A polarização do relé 32 é por tensão e F. Relé de bloqueio
corrente.
São relés que recebem sinais de desligamento de outros relés
e atuam sobre o disjuntor. Sua função é bloquear o religamento
B. Relé diferencial do disjuntor no caso de falta, pois o disjuntor somente pode
ser religado após este relé ser reiniciado e, assim, somente será
São relés que operam quando a diferença da corrente de religado por pessoa especializada e autorizada.
entrada em relação à corrente de saı́da ultrapassa um valor Função ANSI: O número ANSI para esta função é o 86.
preestabelecido ou ajustado. Polarização: Não possui.
Função ANSI: O número que expressa a função ANSI do
relé diferencial é o 87. Pode receber uma letra adicional como
87T (diferencial de transformador), 87B (diferencial de barra), G. Relé de distância
87G (diferencial de gerador), 87M (diferencial de motor), etc.
Direcionalidade: Operam dentro de sua zona de proteção Um relé de distância pode ter esta função desempenhada
(entre os TCs de entrada e saı́da) em qualquer direção. por um relé de impedância (ou ohm), admitância (ou mho –
Polarização: A polarização do relé diferencial ocorre por o contrário de ohm), reatância ou relés poligonais. Este relé
corrente. utiliza este nome visto que, quando há uma falta em uma
Existem dois tipos básicos de relés diferenciais: o relé linha, a impedância da linha vista pelo relé muda e depende
diferencial amperimétrico, que se constitui apenas de um relé da distância onde foi a falta.
de sobrecorrente instantâneo conectado, operando de forma Função ANSI: O número da função ANSI que representa o
diferencial; o relé diferencial percentual constituı́do, além da relé de distância é o 21.
bobina de operação uma bobina de restrição dividida em duas Polarização: A polarização é por corrente e tensão.
metades.

H. Relé de sobrecorrente com restrição (ou supervisão) de


C. Relé de subtensão tensão
São relés que operam quando a tensão do sistema cai abaixo Anteriormente foi mostrado que quando ocorre um curto-
de um valor preestabelecido ou ajustado. circuito em um gerador, a corrente de falta amortece rapida-
Função ANSI: O número que expressa a funçãoANSI do mente, podendo mesmo acontecer que a corrente de curto-
relé de subtensão é o 27. circuito permanente fique abaixo da corrente nominal do
Polarização: A polarização do relé de subtensão é por gerador. Como então proteger este equipamento, tendo que
tensão. permitir a circulação de corrente nominal e ao mesmo tempo
conseguir proteger na condição de curto-circuito? Foi desta
forma que surgiu a proteção de sobrecorrente com supervisão
D. Relé de sobretensão ou restrição de tensão. Na prática, o que esta proteção faz
São relés que operam quando a tensão do sistema ultrapassa é deslocar a caracterı́stica do relé de sobrecorrente para a
um valor preestabelecido ou ajustado. esquerda horizontalmente (no plano cartesiano t x I, em função
Função ANSI: O número que expressa a função ANSI do do valor da tensão. A Figura 24 ilustra o exposto.
relé de sobretensão é o 59. Função ANSI: O número da função ANSI que representa o
Polarização: A polarização do relé de sobretensão é por relé de sobrecorrente com restrição de tensão é o 51 V.
tensão. Polarização: A polarização é por corrente e tensão.
APOSTILA - MANUTENÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS, PÓS-GRADUAÇÃO , VOL. 1, NO. 1, MAIO 2017 26

XV. PARCELA VARI ÁVEL - RESOLUÇ ÃO NORMATIVA 3) O valor por dia de atraso entre o 61o (sexagésimo
N O 729 DE 28 DE JUNHO DE 2016 - ANEEL primeiro) dia e o 90o (nonagésimo) dia corresponderá
Parcela Variável por Atraso na Entrada em Operação – PVA: ao valor “pro rata-dia” do PB da FT.
parcela a ser deduzida do PB (Pagamento Base) de uma FT “pro rata-dia”: Proporção por dia. Termo muito utilizado
(função transmissão) devido a Atraso na Entrada em Operação em contratos e em análises de fluxo de caixa, para determinar
da FT; a proporção diária de juros, por exemplo. Caso um contrato
Parcela Variável por Indisponibilidade – PVI: parcela a ser tem estipulado juros mensais de 5% pró rata die, o juro diário
deduzida do PB de uma FT por Desligamento Programado ou é obtido dividindo 5 por 30.
Outros Desligamentos; O valor da PVA será descontado em parcelas iguais nos
Parcela Variável por Restrição Operativa – PVRO: parcela (18) dezoito primeiros meses a partir da entrada em operação
a ser deduzida do PB de uma FT por redução da capacidade comercial da FT.
operativa da FT; A PVA aplicada pelo ONS poderá ser recontabilizada caso
a ANEEL, mediante solicitação da concessionária de trans-
A. Qualidade do Serviço missão, isente parcial ou totalmente a responsabilidade da
concessionária pelo atraso.
A qualidade do serviço público de transmissão de energia
elétrica será medida com base na disponibilidade e na capa-
cidade operativa das instalações de transmissão, devendo o C. Critérios gerais para Apuração
perı́odo da indisponibilidade e o perı́odo e a magnitude da Art. 12. Não será considerado para aplicação da PVI:
restrição da capacidade operativa serem apurados pelo ONS • O desligamento solicitado pelo ONS;
para cada evento com duração igual ou superior a 1 (um) • O desligamento programado já iniciado e suspenso por
minuto, sem prejuı́zo da aplicação das penalidades previstas solicitação do ONS;
na Resolução Normativa no 63, de 12 de maio de 2004. • Os seguintes perı́odos para realização de manutenção
Aplica-se PVA a uma FT quando ocorrer Atraso na Entrada preventiva cadastrada em sistema de acompanhamento
em Operação da referida FT. de manutenções do ONS:
Aplica-se PVI a uma FT quando ocorrer Desligamento a) 20 (vinte) horas, por intervenção, a cada perı́odo completo
Programado ou Outros Desligamentos da referida FT. de 3 (três) anos, para a FT - Transformação e para a FT -
Aplica-se PVRO a uma FT quando houver restrição de Controle de Reativo, exceto Compensador Sı́ncrono;
capacidade operativa da referida FT. b) 20 (vinte) horas, por intervenção, a cada perı́odo completo
A concessionária de transmissão deverá informar ao ONS de 6 (seis) anos, para a FT - Linha de Transmissão;
quando ocorrer: c) 1080 (mil e oitenta) horas, por intervenção, a cada perı́odo
• A utilização de equipamento reserva remunerado para completo de 5 (cinco) anos, para Compensador Sı́ncrono.
manter uma FT em operação;
• A indisponibilidade de equipamento reserva remune-
rado; D. Critérios Especiais Para Apuração de Desconto
• O retorno de equipamento reserva remunerado à Art. 14. O cancelamento pela concessionária de transmissão
condição de disponı́vel. da programação de desligamento de uma FT previamente
Art. 6o - A concessionária de transmissão deverá requerer aprovada pelo ONS, com antecedência inferior a 5 (cinco)
aos órgãos ambientais competentes as autorizações para a dias em relação à data prevista, implicará desconto equivalente
execução de ações necessárias para preservar a disponibili- a 20% (vinte por cento) do perı́odo programado, não sendo
dade e a plena capacidade operativa das instalações sob sua o perı́odo programado subtraı́do do Padrão de Duração de
responsabilidade. Desligamentos.
Caso ocorra queimada ou incêndio florestal em áreas que O ONS poderá não aplicar desconto em desligamentos
não estejam sob responsabilidade da concessionária de trans- cancelados no prazo inferior ao descrito no caput, desde que a
missão, ela poderá requerer ao ONS a recontabilização da concessionária encaminhe relatório técnico demonstrando que
PVI ou da PVRO correspondente, apresentando as respectivas o cancelamento foi motivado por uma das seguintes situações:
comprovações das ações adotadas nas áreas sob sua responsa- • Condições climáticas adversas;
bilidade. • Necessidade de atendimento de urgências, emergências
e/ou perturbações no sistema.
B. Aplicações dos Descontos
O valor da PVA será calculado conforme os seguintes XVI. A RQUIVOS A DICIONAIS
critérios: A seguir estão alguns anexos importantes que serão utiliza-
1) O perı́odo de atraso será limitado em 90 (noventa) dias dos durante o curso.
para efeito de desconto;
2) O valor por dia de atraso nos primeiros 60 (sessenta) A. RESOLUÇÃO NORMATIVA No 669
dias corresponderá a 25% (vinte e cinco por cento) do
valor “pro rata-dia” do PB da FT;
AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL

RESOLUÇÃO NORMATIVA Nº 669, DE 14 DE JULHO DE 2015

Regulamenta os Requisitos Mínimos de Manutenção


e o monitoramento da manutenção de instalações de
transmissão de Rede Básica.

Voto

O DIRETOR-GERAL SUBSTITUTO DA AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA


ELÉTRICA – ANEEL, conforme Portaria nº 3.523, de 29 de abril de 2015, de acordo com a deliberação
da Diretoria, tendo em vista o disposto nos arts. 6º, 29 e 31 da Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995,
no art. 34 da Lei nº 9.074, de 7 de julho de 1995, nos arts. 2º e 3º da Lei nº 9.427, de 26 de dezembro de
1996, nos incisos IV, XIV, XV e XVI do art.4º do Anexo I do Decreto nº 2.335, de 6 de outubro de 1997,
e o que consta do Processo nº 48500.006738/2013-07, resolve que:

Art. 1º Ficam estabelecidos os Requisitos Mínimos de Manutenção das instalações de


transmissão de Rede Básica, conforme Anexo.

Art. 2º As concessionárias de transmissão de energia elétrica deverão manter atualizado o


plano de manutenção das instalações de transmissão sob sua responsabilidade, contendo as periodicidades
e as atividades de manutenção, estabelecidas com base nas especificações dos equipamentos, nas normas
técnicas, nas boas práticas de engenharia e nos conhecimentos específicos adquiridos pelas
concessionárias na manutenção dos equipamentos.

§ 1º O plano de manutenção deve conter, além das atividades de manutenção, os critérios


adotados para a definição do momento da execução da manutenção, tais como, tempo, índice de
desempenho e grandezas monitoradas.

§ 2º As atividades de manutenções preditivas e preventivas definidas nos planos de


manutenção das transmissoras não poderão ser inferiores às atividades mínimas estabelecidas nos
Requisitos Mínimos de Manutenção.

§ 3º As periodicidades das manutenções preditivas e preventivas definidas nos planos de


manutenção das transmissoras não poderão ser superiores às periodicidades estabelecidas nos Requisitos
Mínimos de Manutenção.

§ 4º A observância dos Requisitos Mínimos de Manutenção não exime a transmissora da


responsabilidade pela qualidade da manutenção das instalações de transmissão ou de eventual
responsabilização em caso de sinistro de equipamentos.

Art. 3º As concessionárias de transmissão deverão realizar as atividades de manutenção


preditiva e preventiva observando seus planos de manutenção e respeitando as atividades mínimas,
periodicidades máximas e tolerâncias estabelecidas nos Requisitos Mínimos de Manutenção.
§ 1º Serão consideradas atendidas as atividades estabelecidas nos Requisitos Mínimos de
Manutenção quando substituídas por atividades de manutenção preditiva ou preventiva tecnicamente
equivalentes, desde que a substituição esteja respaldada em Laudo Técnico assinado por engenheiro de
manutenção qualificado e habilitado e pelo Responsável Técnico da empresa perante o CREA.

§ 2º Serão consideradas atendidas no prazo as atividades realizadas dentro das tolerâncias


definidas nos Requisitos Mínimos de Manutenção, as quais já consideram eventuais reprogramações de
intervenções por interesse sistêmico.

Art. 4º A transmissora deverá disponibilizar o plano de manutenção de suas instalações de


transmissão de Rede Básica para o Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS, por meio do sistema
de acompanhamento da manutenção do ONS.

§ 1º Os planos de manutenção deverão ser atualizados no sistema de acompanhamento da


manutenção, anualmente, entre o primeiro dia do mês de agosto e o último dia do mês de novembro.

§ 2º Os planos de manutenção serão validados automaticamente pelo sistema de


acompanhamento da manutenção e somente serão aceitos quando em conformidade com os Requisitos
Mínimos de Manutenção.

§ 3º As manutenções decorrentes de manutenções preditivas ou preventivas previamente


cadastradas no sistema de acompanhamento da manutenção poderão ser acrescentadas ao plano de
manutenção da transmissora desde que informadas no sistema de acompanhamento da manutenção em até
30 dias contados do término da manutenção preditiva ou preventiva originária.

Art. 5º Quando da adoção de técnicas de manutenção baseadas na condição ou na


confiabilidade, a transmissora deverá:

I - disponibilizar no sistema de acompanhamento da manutenção um plano de manutenção


baseado no tempo, respeitando os Requisitos Mínimos de Manutenção;

II - executar atividades de manutenção preditiva com frequência igual ou superior à


estabelecida nos Requisitos Mínimos de Manutenção; e

III - informar no sistema de acompanhamento da manutenção o registro de identificação do


Laudo Técnico que justifique, com base nas técnicas de manutenção adotadas, a postergação da
manutenção preventiva, caso ela não seja realizada até o período definido nos Requisitos Mínimo de
Manutenção.

§ 1º O Laudo Técnico deverá conter as referências técnicas, os dados e as informações


utilizados, os históricos de grandezas físicas utilizadas, as respectivas curvas de tendência e o
detalhamento da análise da condição do equipamento que justifiquem a postergação da manutenção
preventiva baseada no tempo.

§ 2º O Laudo Técnico deverá ser assinado por engenheiro de manutenção qualificado e


habilitado e pelo Responsável Técnico da empresa perante o CREA.
Art. 6º A transmissora deverá manter o histórico dos laudos técnicos e das grandezas físicas
monitoradas e o registro dos resultados de comissionamentos, inspeções, ensaios, medições e
manutenções executadas em equipamentos e linhas de transmissão durante todo o período da concessão.

§ 1º Os registros devem conter, no mínimo, a descrição das atividades realizadas, os


resultados obtidos, os eventuais problemas encontrados, os reparos realizados, o tempo de execução da
manutenção e as informações funcionais da equipe que realizou os trabalhos.

§ 2º Os laudos técnicos e resultados de que trata o caput deverão ser disponibilizados para a
ANEEL por meio de acesso remoto, através de link que permita acessos simultâneos de servidores
devidamente cadastrados.

§ 3º A transmissora deverá disponibilizar para a ANEEL documento explicativo sobre o


sistema no qual os relatórios e laudos estarão registrados, informando a forma de acesso, passo-a-passo,
nome, telefones e endereço eletrônico do responsável pelas informações e por sanar dúvidas, assim como
os dados necessários para registro e liberação de acesso remoto aos sistemas.

Art. 7º O ONS deverá verificar sistematicamente, por meio de registros, a execução dos
planos de manutenção das instalações de transmissão de Rede Básica, alertando às transmissoras e à
ANEEL sobre os desvios observados.

§ 1º Anualmente, o ONS encaminhará para a ANEEL, até o nonagésimo dia do ano corrente,
relatório de acompanhamento da manutenção do ano anterior, destacando os indicadores de execução dos
planos de manutenção por concessionária de transmissão.

§ 2º O banco de dados referente ao sistema de acompanhamento da manutenção deverá ser


disponibilizado para a ANEEL por meio de acesso remoto, através de link que permita acessos
simultâneos de servidores devidamente cadastrados.

Art. 8º O ONS deverá disponibilizar o sistema de acompanhamento da manutenção em


conformidade com o disposto neste Regulamento até o dia 25 de janeiro de 2016.

§ 1º Os Requisitos Mínimos de Manutenção passarão a vigorar a partir da disponibilização do


sistema de acompanhamento da manutenção pelo ONS.

§ 2º A transmissora deverá disponibilizar o primeiro plano de manutenção em até 90


(noventa) dias a partir da disponibilização do sistema de acompanhamento da manutenção pelo ONS.
§ 3º A transmissora deverá informar no sistema de acompanhamento da manutenção a data de
realização da última manutenção preditiva ou preventiva, a qual será a referência inicial para a
periodicidade estabelecida no primeiro plano de manutenção após a publicação desta Resolução.

Art. 9º O ONS deverá submeter à aprovação da ANEEL, até o dia 15 de outubro de 2015, os
Procedimentos de Rede adequados às disposições deste regulamento, incluindo os critérios e
procedimentos complementares necessários à sua operacionalização.

Art. 10 A presente Resolução será avaliada depois de decorridos seis anos de sua publicação.

Art. 11 Esta Resolução e seu Anexo constam dos autos e estarão disponíveis no endereço
www.aneel.gov.br/biblioteca.
Art. 12 Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

JOSÉ JURHOSA JUNIOR

Este texto não substitui o publicado no D.O. de 23.07.2015, seção 1, p. 99, v. 152, n. 139.
ANEXO

1. Requisitos Mínimos de Manutenção

1.1 Os Requisitos Mínimos de Manutenção definem as atividades mínimas de manutenção preditiva e preventiva
e suas periodicidades para transformadores de potência e autotransformadores, reatores de potência, banco de
capacitores paralelos, disjuntores, chaves seccionadoras, transformadores para instrumentos, para-raios e linhas de
transmissão.

1.2 As atividades e periodicidades de manutenção para outros equipamentos, inclusive para os sistemas de
proteção e serviços auxiliares, apesar de não constarem nos Requisitos Mínimos de Manutenção, devem estar
especificadas nos planos de manutenção das transmissoras.

1.3 As atividades estabelecidas neste documento não constituem o conjunto completo de atividades necessárias
à manutenção dos equipamentos e linhas de transmissão, mas o mínimo aceitável do ponto de vista regulatório.
Assim, cabe à transmissora estabelecer seu plano de manutenção, com base nas normas técnicas, nos manuais
dos fabricantes, nas boas práticas de engenharia e nos conhecimentos específicos adquiridos pelas
concessionárias na manutenção dos equipamentos, a fim de garantir a prestação do serviço adequado e a
conservação das instalações sob sua concessão.

1.4 A partir dos resultados das manutenções preditivas e preventivas a transmissora deve programar as
manutenções decorrentes ou monitorar as anomalias verificadas.

1.5 As manutenções preventivas só poderão ser realizadas em intervalos superiores aos estabelecidos neste
plano quando forem adotadas técnicas de manutenção baseadas na condição ou na confiabilidade. Neste caso,
deverá ser apresentado laudo técnico que aponte a condição do equipamento que justifique a postergação da
manutenção preventiva baseada no tempo.

2. Manutenção Preditiva

2.1 As atividades mínimas de manutenção preditiva em subestações consistem em:

a) Inspeções Termográficas nos equipamentos e em suas conexões;


b) Ensaios do Óleo Isolante dos equipamentos.

2.2 As inspeções termográficas em subestações devem ser realizadas, no mínimo, a cada seis meses, devendo
ser avaliados todos os equipamentos de alta tensão da subestação e não apenas as conexões.

2.3 Para os ensaios do óleo isolante, como envolvem equipamentos específicos, os critérios e periodicidades
estão definidos no item referente aos equipamentos.

2.4 As inspeções visuais devem ser realizadas regularmente visando verificar o estado geral de conservação da
subestação, incluindo a limpeza dos equipamentos, a qualidade da iluminação do pátio e a adequação dos itens de
segurança (por exemplo, extintores e sinalização). Durante as inspeções visuais devem ser verificados, entre outras
coisas, a existência de vazamentos de óleo nos equipamentos e de ferrugem e corrosão em equipamentos e
estruturas metálicas, a existência de vibração e ruídos anormais, o nível de óleo dos principais equipamentos e o
estado de conservação dos armários e canaletas e as condições dos aterramentos.
3. Transformadores de Potência e Autotransformadores

3.1 As atividades mínimas de manutenção em transformadores e autotransformadores consistem em:

a) Análise dos gases dissolvidos no óleo isolante;


b) Ensaio físico-químico do óleo isolante;
c) Manutenção preventiva periódica.

3.2 A análise dos gases dissolvidos e o ensaio físico-químico do óleo isolante devem ser realizados conforme as
normas técnicas específicas e com a periodicidade definida na Tabela 1.

3.3 A manutenção preventiva periódica de transformadores deve ser repetida em período igual ou inferior a seis
anos, com a realização, no mínimo, das seguintes atividades:

 Inspeção do estado geral de conservação: limpeza, pintura e corrosão nas partes metálicas;
 Verificação da existência de vazamentos de óleo isolante;
 Verificação do estado de conservação das vedações dos painéis;
 Verificação do aterramento do tanque principal;
 Verificação do funcionamento dos circuitos do relé de gás, do relé de fluxo e da válvula de alívio de
pressão do tanque principal;
 Verificação do estado de saturação do material secante utilizado na preservação do óleo isolante;
 Verificação do adequado funcionamento das bolsas e membranas do conservador;
 Verificação dos indicadores de nível do óleo isolante e dos indicadores de temperatura;
 Verificação do funcionamento dos ventiladores e bombas do sistema de resfriamento;
 Verificação da comutação sob carga na função manual e automática;
 Verificação do nível do óleo do compartimento do comutador;
 Inspeção da caixa de acionamento motorizado do comutador;
 Ensaios de fator de potência e de capacitância das buchas com derivação capacitiva.

3.4 Em função das manutenções preditivas e preventivas realizadas e do número de comutação (em
transformadores com comutador em carga) deve ser avaliada a necessidade de realização das seguintes atividades
na manutenção preventiva periódica:

 Inspeção interna do comutador;


 Verificação do estado das conexões elétricas do comutador e do sistema de isolação;
 Verificação do desgaste dos contatos elétricos e troca dos componentes desgastados;
 Ensaio de relação de transformação nos pontos de comutação central e extremos;
 Verificação do estado do óleo isolante dos comutadores (quando aplicável);
 Verificação do mecanismo de acionamento do comutador;
 Ensaios de fator de potência, de resistência de isolamento e de resistência ôhmica dos enrolamentos.

3.5 A Tabela 1 resume as atividades mínimas e periodicidades para a manutenção de transformadores de


potência e autotransformadores.
Tabela 1
Periodicidade
Atividade
máxima (meses)
Análise de gases dissolvidos no óleo isolante 6
Ensaio físico-químico do óleo isolante 24
Manutenção preventiva periódica 72

4. Reatores de Potência

4.1 As atividades mínimas de manutenção em reatores consistem em:

a) Análise dos gases dissolvidos no óleo isolante;


b) Ensaio físico-químico do óleo isolante;
c) Manutenção preventiva periódica.

4.2 A análise dos gases dissolvidos e o ensaio físico-químico do óleo isolante devem ser realizados conforme as
normas técnicas específicas e com a periodicidade definida na Tabela 2.

4.3 A manutenção preventiva periódica de reatores deve ser repetida em período igual ou inferior a seis anos,
com a realização, no mínimo, das seguintes atividades:

 Inspeção do estado geral de conservação: limpeza, pintura e corrosão nas partes metálicas;
 Verificação da existência de vazamentos de óleo isolante;
 Verificação do estado de conservação das vedações dos painéis;
 Verificação do aterramento do tanque principal;
 Verificação do funcionamento dos circuitos do relé gás, do relé de fluxo e da válvula de alívio de pressão
do tanque principal;
 Verificação do estado de saturação do material secante utilizado na preservação do óleo isolante;
 Verificação do adequado funcionamento das bolsas e membranas do conservador;
 Verificação dos indicadores de nível do óleo isolante e dos indicadores de temperatura;
 Verificação do funcionamento dos ventiladores e bombas do sistema de resfriamento;
 Ensaios de fator de potência e de capacitância das buchas com derivação capacitiva.

4.4 Em função das manutenções preditivas e preventivas realizadas deve ser avaliada a necessidade de
realização dos ensaios de fator de potência, de resistência de isolamento e de resistência ôhmica dos enrolamentos.

4.5 A Tabela 2 resume as atividades mínimas e periodicidades para a manutenção de reatores.

Tabela 2
Periodicidade
Atividade
máxima (meses)
Análise de gases dissolvidos no óleo isolante 6
Ensaio físico-químico do óleo isolante 24
Manutenção preventiva periódica 72

5. Banco de Capacitores Paralelos

5.1 As manutenções preventivas de bancos de capacitores paralelos devem realizadas, no mínimo, a cada três
anos, quando devem ser realizadas as seguintes atividades:

 Inspeção do estado geral de conservação: limpeza, pintura e incrustações;


 Inspeção geral das conexões e verificação da existência de vazamentos e deformações;
 Medição da capacitância;
 Reaperto de conexões e substituição de componentes, quando necessário.

6. Disjuntor

6.1 As manutenções preventivas periódicas de disjuntores devem ser realizadas, no mínimo, a cada 72 meses e
consistem nas seguintes atividades mínimas de manutenção:

 Verificação geral na pintura, estado das porcelanas e corrosão;


 Remoção de indícios de ferrugem;
 Lubrificação, onde aplicável;
 Verificações do sistema de acionamento e acessórios;
 Verificação do funcionamento de densímetros, pressostatos e manostatos;
 Verificações do circuito de comando e sinalizações e dos níveis de alarmes;
 Verificação de vazamento em circuitos hidráulicos e amortecedores;
 Verificação de vazamentos de gás ou óleo;
 Execução de ensaios de resistência de contatos do circuito principal;
 Execução de ensaios nas buchas condensivas com tap capacitivo;
 Medição dos tempos de operação: abertura e fechamento;
 Verificação das bobinas e sistema antibombeamento;
 Teste do comando local e a distância e acionamento do relé de discordância de polos;
 Verificação do tanque de ar e do óleo do compressor;
 Ensaios de fator de potência e capacitância dos capacitores de equalização, quando for o caso;

6.2 No caso de disjuntores GVO, além das atividades do item 6.1:


 Ensaio de rigidez dielétrica do óleo.
 Ensaio de resistência de isolamento no circuito principal.

6.3 No caso de disjuntores a PVO, além das atividades do item 6.1:


 Ensaios de fator de potência ou de resistência de isolamento do disjuntor.

6.4 No caso de disjuntores a ar comprimido, além das atividades do item 6.1:


 Verificação dos reservatórios de ar comprimido;
 Ensaios nos reservatórios de ar comprimido, quando necessário.

6.5 No caso de disjuntores a SF6, além das atividades do item 6.1:


 Reposição de gás SF6.

6.6 A partir dos resultados das manutenções preditivas, preventivas e do número de operações dos disjuntores,
deve ser avaliada a necessidade de abertura da câmara de extinção e da substituição de contatos, vedações,
rolamentos, buchas, molas, gatilhos, amortecedores e componentes elétricos do painel.

7. Chaves Seccionadoras, Transformadores para Instrumento e Para-Raios

7.1 As manutenções preventivas periódicas de chaves seccionadoras, transformadores para instrumento e para-
raios devem ser realizadas no mínimo a cada 72 meses, preferencialmente coincidindo com a manutenção
preventiva do equipamento principal da Função Transmissão – FT a qual estes equipamentos estão associados,
buscando o aproveitamento dos desligamentos e uma maior disponibilidade da FT.
7.2 As manutenções em chaves seccionadoras, transformadores para instrumentos e para-raios devem ser
registradas no sistema de acompanhamento de manutenção do ONS, relacionando estas atividades ao
equipamento principal da Função Transmissão.

7.3 Para as chaves seccionadoras, as atividades mínimas de manutenção a serem realizadas nas manutenções
preventivas periódicas são:

 Inspeção geral do estado de conservação;


 Verificação da necessidade de limpeza, lubrificação ou substituição dos contatos;
 Inspeção dos cabos de baixa tensão e de aterramento;
 Inspeção do armário de comando e seus componentes;
 Inspeção e limpeza de isoladores, das colunas de suporte e dos flanges dos isoladores;
 Lubrificação dos principais rolamentos e articulações das hastes de acoplamento, quando aplicável;
 Verificação do funcionamento dos controles locais e da operação manual;
 Verificação dos ajustes das chaves de fim de curso;
 Verificação de ajustes, alinhamento e simultaneidade de operação das fases;
 Verificação da operação da resistência de aquecimento.

7.4 Em função das manutenções preditivas e preventivas realizadas deve ser avaliada a necessidade de
realização dos ensaios de medição de resistência de contato.

7.5 No caso de transformadores para instrumento, as atividades mínimas de manutenção preventiva


consistem em:

 Verificações do estado geral de conservação;


 Verificações da limpeza de isoladores;
 Reposição de óleo e/ou gás SF6;
 Verificação do estado do material secante utilizado;

7.6 Em função das manutenções preditivas e preventivas realizadas deve ser avaliada a necessidade de
realização dos ensaios de resistência de isolação e de fator de potência.

7.7 Na manutenção preventiva de para-raios devem ser realizadas verificações gerais do estado de conservação
das ferragens e da porcelana, dos invólucros, dos miliamperímetros e dispositivo contador de descargas, caso
existam.

8. Linhas de Transmissão

8.1 A atividade mínima de manutenção para as linhas de transmissão é a inspeção de rotina, que deve ser
realizada, no mínimo, a cada doze meses.

8.2 Nas inspeções de rotina devem ser verificados: o estado geral da linha de transmissão, a situação dos estais,
a integridade dos cabos condutores e para-raios, a estabilidade das estruturas, a integridade das cadeias de
isoladores, a situação dos acessos às estruturas, a proximidade da vegetação aos cabos e os casos de invasão de
faixa de servidão.
8.3 A partir da análise do desempenho da linha de transmissão e dos resultados das inspeções regulares de
rotina deve ser avaliada a necessidade de inspeções detalhadas das estruturas, inspeções termográficas, inspeções
noturnas para observação de centelhamento em isolamentos ou de inspeções específicas para identificação de
defeitos (oxidação de grelhas, estado das cadeias, danificação de condutores internos a grampos de suspensão ou
espaçadores, degradação dos aterramentos (contrapesos), etc.).

8.4 Deve ser avaliada a necessidade de realização de inspeções adicionais nas áreas com risco potencial de
vandalismo (trechos urbanos com alta concentração demográfica), áreas de implantação industrial (com alta
concentração de poluentes) e áreas junto ao litoral.

8.5 As concessionárias devem manter cadastro atualizado das linhas de transmissão, contendo as restrições
ambientais e as periodicidades de podas e roçadas recomendadas internamente, bem como as dificuldades legais
de realização de limpeza de faixa.
9. Resumo das Periodicidades de Manutenção

9.1 A Tabela 3 abaixo apresenta o resumo das periodicidades e das tolerâncias para a realização das atividades
de manutenção, as quais consideram as eventuais reprogramações de intervenções por interesse sistêmico.
Tabela 3
Periodicidades
Tolerância
Atividade Equipamento máximas
(meses)
(meses)
Inspeções Termográficas Equipamentos de Subestações 6 1
Transformadores de Potência ou
Análise de gases dissolvidos no óleo isolante Autotransformadores 6 1
Reatores de Potência
Transformadores de Potência ou
Ensaio físico-químico do óleo isolante Autotransformadores 24 4
Reatores de Potência
Transformadores de Potência ou
Autotransformadores
Reatores de Potência
Disjuntores
Manutenção Preventiva Periódica 72 12
Chave Seccionadora
Transformadores para
Instrumento
Para-raios
Manutenção Preventiva Periódica Banco de Capacitores Paralelos 36 6
Inspeção de Rotina Linha de Transmissão 12 2
B. Diagrama Unifilar 500 kV
C. Diagrama Unifilar 230kV - 69 kV

Potrebbero piacerti anche