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Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Matheus Baliú de Carli


Prof. Dr. Pedro Duarte, orientador.

“O meu nome é ninguém”

Um estudo sobre a banalidade do mal e a sociedade de massas no


pensamento de Hannah Arendt

Rio de Janeiro – Rio de Janeiro


2019-2020
Resumo:
O propósito do presente trabalho é investigar de forma sistemática a questão da
banalidade do mal no pensamento de Hannah Arendt. Por meio dos escritos fundamentais
da autora, a pesquisa busca relevar o contorno dessa novidade totalitária no nível dos
indivíduos e das massas atomizadas.
Após escrever Origens do Totalitarismo, Hannah Arendt, grande pensadora da
Política no século passado, se deparou com mais um caso que demonstraria a ela a ruptura
da Tradição, característica de nossos tempos. Durante o julgamento do tenente-coronel
nazista, Adolf Eichmann, responsável pelo plano de envio de milhares de judeus aos
campos de concentração, Arendt percebeu que o criminoso não era nenhum monstro
dotado de inclinações para o mal. E como o uso sistemático de seus clichês mostram, ele
parecia estar mais perto da figura de um palhaço do que de assassino. Portanto, diante
daquilo que poderia parecer paradoxal à primeira vista, a pensadora identificou em
Eichmann uma terrível novidade: os crimes mais bárbaros podem ser cometidos apenas
pela falta de reflexão e empatia dos criminosos e não necessita de quaisquer intenções
malignas ou perversas de seus executores. Assim, defrontada em um caso onde no sujeito
não havia evidentemente nenhum problema moral ou psicológico envolvido, Arendt
denominou a esse fenômeno de banalidade do mal. Seguindo essas reflexões, a pesquisa
busca seu solo nesse trabalho polêmico de Arendt para articular seus pensamentos a obra
anterior, Origens do Totalitarismo, e dessa forma explicitar o vínculo entre banalidade do
mal, sociedade de massas, ausência de pensamento e a prática do mal na obra de Arendt.
Introdução:
Apesar do crescimento contínuo dos fortes depoimentos na Corte de Jerusalém
dos crimes cometidos pelo Nacional Socialismo, a vilania de Adolf Eichmann, oficial
nazista, se reduzia exponencialmente dentro de sua jaula de vidro. Ao gosto da Tradição,
Eichmann deveria ser alguém cujas intenções e características mentais fossem idênticas
a vilões clássicos como Lúcifer, Macbeth e Fausto. Contudo, o que se revelou no tribunal
como terrível novidade foi a superficialidade de um burocrata tomado pela falta de
reflexão e pela incapacidade grave de empatia. Diante desse cenário, na análise de Hannah
Arendt, essencial pensadora da política no séc.XX, o real motivo dos crimes de Eichmann
se mostrou como apenas um amálgama entre essas duas características, pois o oficial não
possuía uma inclinação perversa ou radical para o mal, demonstrando que a
superficialidade do agente é peça chave na adesão a governos totalitários, como a
Alemanha nazista e a União Soviética, e consequentemente ao espraiamento de sua forma
de mal.
Assim como os próprios regimes totalitários, a forma do mal percebido em
Eichmann por Arendt, aquilo denominado de mal banal, apareceu como um novo
fenômeno, impossível de ser compreendido pelas categorias tradicionais. Dessa forma,
como primeira etapa do projeto, buscamos investigar na análise de Arendt sobre
Eichmann a figura do indivíduo atomizado das massas, examinando a relação íntima da
banalidade do mal com a ausência do indivíduo em sua relação consigo. Para esse fim,
tomaremos como base o pensamento de Arendt sobre a banalidade do mal, as atividades
do pensar e a burocracia, presentes em livros célebres da autora.
Ainda segundo o trabalho da pensadora, diferente do pensamento, que é radical, o
espraiamento do mal banal se dá como o de um fungo, espalhando-se superficialmente
por toda uma sociedade, em que no caso alemão, Eichmann se destaca apenas como um
representante de todo um pano de fundo de hipocrisia e colaboracionismo. E é nesse ponto
que buscamos explicitar a reflexão sobre Eichmann com as reflexões anteriores de Arendt
em Origens do Totalitarismo, marcando a segunda parte da pesquisa. Como analisado por
ela, os governos totalitários não poderiam ter sido erigidos sem o principal fenômeno do
séc. XIX, a criação da sociedade de massas. Aqui focaremos, portanto, a pesquisa sobre
a figura das massas atomizadas, investigando sua relação fóbica à democracia, ao debate
e à pluralidade e relacionando-os com o fenômeno da banalidade do mal, e portanto,
definindo um ciclo de pesquisa.
Justificativa:
Em tempos em que elementos totalitários surgem, frente a um cenário de
banalização da violência e da morte em terras brasileiras, faz-se importante o “parar para
pensar”, ensinado pelas lições de Hannah Arendt, e com isso, retomar o tema do
pensamento e a relação de sua ausência com o pleno desenvolvimento de barbáries dentro
de uma sociedade de massas. Como a pensadora nos lembra em Eichmann em Jerusalém,
o criminoso nazista e sua conduta representavam apenas um pano de fundo para um longo
coro de hipocrisia e colaboracionismo da sociedade alemã com o Nazismo, o que nos
alerta para as vias tomadas pelo presente enquanto também Sociedade de Massas.
Portanto o intuito da pesquisa é analisar o eixo fundamental entre essa forma de
sociedade, seus indivíduos atomizados e a presença da banalidade do mal nesses dois
níveis, contribuindo assim para as reflexões que urgem no presente.
Objetivos:
O trabalho possui como objetivo investigar a relação entre a banalidade do mal na esfera
individual e na sociedade de massas, e assim tece relação com as grandes obras de Hannah
Arendt.
 Seção I – Apresentar um panorama histórico e filosófico do caso Eichmann
conjuntamente ao conceito de banalidade do mal; Discutir à luz do caso Eichmann
os desdobramentos relativos às questões do pensar e da burocracia em conjunto a
outras obras célebres de Arendt; Apresentar as reflexões de Arendt sobre a
existência ou não da relação entre o pensamento e a prática deliberada do mal;
Discutir a figura de Eichmann enquanto representação simbólica do indivíduo das
massas.
 Seção II e III – Analisar questões específicas às massas atomizadas presente no
Origens do Totalitarismo e relacionar ao fenômeno da banalidade do mal;
Analisar o desafio da relação fóbica das massas à pluralidade, à democracia e ao
debate público; Apresentar a dimensão positiva da Política como alternativa aos
regimes totalitários.
Metodologia e Estrutura:
A presente metodologia de pesquisa se baseará na análise de textos clássicos da
história do pensamento e de seus principais críticos. Como bibliografia principal, seguem
os seguintes textos na estrutura da pesquisa:
Seção I: Aderindo ao não pensamento e a abdicação da responsabilidade existencial - O
caso Eichmann e seus desdobramentos.
Subseção a) O acusado
- Eichmann em Jerusalém - um relato sobre a banalidade do mal: Caps. II – O
acusado, III – Um perito na questão judaica, VI – A solução final: assassinato, Pós-escrito.
- A Vida do Espírito: O pensar.
Subseção b): De vendedor da Companhia Elektrobau a arquiteto do Holocausto –
Eichmann e a burocracia.
- Eichmann em Jerusalém - um relato sobre a banalidade do mal: Caps. II – O
acusado, III – Um perito na questão judaica, Pós-escrito.
Subseção c): De Eichmann ao “longo coro de hipocrisia e autoengano” – Sociedade de
massas e apatia política
- Eichmann em Jerusalém - um relato sobre a banalidade do mal:
- Origens do Totalitarismo: Prefácio, 3- O totalitarismo no poder
Seção II: Vivendo em meio à matilha de Pavlov ou Como o mal se espraia como fungo –
o crescimento das massas desinteressadas e a banalidade do mal.
- Eichmann em Jerusalém - um relato sobre a banalidade do mal: O acusado,
Posfácio.
- Origens do Totalitarismo: Prefácio, 3- O totalitarismo no poder, 4 – Ideologia e
terror: uma nova forma de governo.
Seção III – Hannah Arendt e a política como forma de oposição aos regimes totalitários
- Origens do Totalitarismo: Prefácio, 3- O totalitarismo no poder
- A dignidade da Política.
-A promessa da política.

Bibliografia de Pesquisa:
ARENDT, Hannah. A Dignidade da Política. 5a edição. Rio de Janeiro: Relume Dumará,
2009.
________________. A Vida do Espírito. 6a edição. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
2017.
________________. A Promessa da política. 1a edição. Rio de Janeiro: Difel, 2008.
________________. Eichmann em Jerusalém – um relato sobre a banalidade do mal. 23a
reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
________________. Entre o passado e o futuro. 7a edição. São Paulo: Perspectiva, 2014.
________________. Origens do Totalitarismo. 1a edição. São Paulo: Companhia das
Letras, 2012.
________________. Sobre a Violência. 9a edição. Rio de Janeiro: Civilização brasileira,
2018.
________________. The Life of the Mind. San Diego, New York, London: Harcourt, Inc,
1981.
________________. The Origins of Totalitarianism. Orlando, Austin, San Diego, New
York, London: Harcourt, Inc, 1973.
ASSY, Bethania. Ética, responsabilidade e juízo em Hannah Arendt. 1a edição. São Paulo:
Perspectiva, 2015.
BIGNOTTO, N.; MORAES, E. J. (Org.). Hannah Arendt: diálogos, reflexões, memórias.
Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2001.
BREPOHL, Marion (org.). Eichmann em Jerusalém – 50 anos depois. 1a edição. Curitiba:
Editora Ufpr, 2013.
CORREIA, Adriano. Hannah Arendt. Editora Zahar – Coleção Filosofia passo-a-passo
73
CORREIA, Adriano. Transpondo o abismo: Hannah Arendt entre a filosofia e a política.
1. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2002. v. 1. 176p
DUARTE, André. O pensamento à sombra de ruptura. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
______________. Hannah Arendt e o pensamento 'da' comunidade: notas para o conceito
de comunidades plurais. O que nos faz pensar, v. 20, n. 29, p. 21-40, maio 2011..
Disponível em: <http://www.oquenosfazpensar.fil.puc-
rio.br/index.php/oqnfp/article/view/326>. Acesso em: 18 mar. 2019.
LAFER, Celso. Hannah Arendt: pensamento, persuasão e poder. 3a edição. Rio de
Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2018.
MORAES, E. J. Hannah Arendt: pensadora da crise e de um novo início. 1a edição. Rio
de Janeiro: Civilização brasileira, 2011.
_______________. O que nos faz pensar? v. 20, n. 29, p. 195-217, maio 2011. Disponível
em: <http://www.oquenosfazpensar.fil.puc-rio.br/index.php/oqnfp/article/view/334>.
Acesso em: 10 feb. 2019.
PASSOS, Fábio Abreu dos. A Implicação Política da Faculdade de Pensamento na
Filosofia de Hannah Arendt. Belo Horizonte, 2008. 191 p. Dissertação de Mestrado
(Mestre em Filosofia). Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal
de Minas Gerais (UFMG).
_____________________. Uma análise da Sociedade de Massa a partir da perspectiva de
Hannah Arendt. Núcleo de pesquisa Hannah Arendt, UFPI, 2010. Disponível em:
<http://www.hannaharendt.com.br/downloads/fd7d5365f9b040129e7e5a8c4e9ac6d9.pd
f> Acesso em: 18 jan. 2019.
RESENDE, Gutierrez de Lellis. O problema do mal na obra Origens do Totalitarismo.
Sapere Aude; v. 6, n. 12, 2015. Disponível em:
http://periodicos.pucminas.br/index.php/SapereAude/article/view/11255/9109 . Acesso
em 18 jan. 2019.
SOUKI, Nádia. Hannah Arendt e a Banalidade do Mal. 1a reimpressão. Belo Horizonte:
Editora UFMG, 2006.
YOUNG-BRUEHL, Elisabeth. Why Arendt Matters. 1a edição. New Haven, London:
Yale University Press, 2006.

Cronograma de pesquisa:
- Bibliográfico:
1o Trimestre – JUN, JUL, AGO - Eichmann em Jerusalém – um relato
sobre a banalidade do mal. Companhia das
Letras, 1999.
- SOUKI. Hannah Arendt e a Banalidade
do Mal. Editora UFMG, 2006.
- ASSY. Eichmann, banalidade do mal e
pensamento em Hannah Arendt. In:
MORAES; BIGNOTTO(Orgs). Hannah
Arendt: diálogos, reflexões, memórias.
Editora UFMG, 2001. p. 136-165.
Bibliografia complementar: outras obras
célebres de Arendt e obras dos principais
comentadores.

Seminário de Iniciação Científica De 27/08/2019 até 30/08/2019


2o Trimestre– SET, OUT, NOV - ARENDT. A Vida do Espírito. 6a
edição. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2017.
- _____. The Life of the Mind. Harcourt,
Inc, 1981.
- MORAES. O que nos faz pensar? O que
nos faz pensar, v. 20, n. 29, p. 195-217,
maio 2011.
Bibliografia complementar: outras obras
célebres de Arendt e obras dos principais
comentadores.
3o Trimestre –FEV, MAR, ABR - ARENDT. Origens do Totalitarismo.
Companhia das Letras, 2012.
- ______. The Origins of Totalitarianism.
Harcourt, Inc, 1973.
- PASSOS. A Implicação Política da
Faculdade de Pensamento na Filosofia de
Hannah Arendt.
Bibliografia complementar: outras obras
célebres de Arendt e obras dos principais
comentadores.
4o Trimestre – MAIO, JUN, JUL - A Dignidade da Política. Relume
Dumará, 2009.
- A Promessa da política. Rio de Janeiro:
Difel, 2008.
Bibliografia complementar: outras obras
célebres de Arendt e obras dos principais
comentadores.

- Cronograma de atividades – 12 meses:


Mês Leitura Elaboração do Apresentação do
relatório relatório final
JUN/19 X
JUL/19 X
AGO/19 X
SET/19 X
OUT/19 X
NOV/19 X
DEZ/19 X
FEV/20 X
MAR/20 X
ABR/20 X X
MAI/20 X
JUN/20 X

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