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Ma rio 1, St'/1
.-\ s l'St :Utsth.' ..b tü1., tl'm ra:!'.àl, de existir sem um domínio de aplicaçã<) s
• , enc1o
~tu pr.uic, ,•;uLwd sl'p.undo os domínios . Eis a razào pela qual podemos falar
'-ll" radtwmit, l'StanstH.'ll cm sociologia. As cstattsticas são usadas desde O nasci-
nwnh, dl'Sta disdplina. Emile Durkhcim funda seu estudo sobre o suicídio na
:nulisc d:1s Yariaçôc-s das taxas de suicídio por diversas populações, e Maurice
Halhw~1chs Sl' interroga sobre a regularidade da relação entre nascimentos de
nwnint1s l' llll' ninas, apoiado em números. Os pesquisadores esperam das es-
t;Utstkas duas coisas: cientificidade e objetividade. O desenvolvimento atual
d\)S con1putadorcs e dos progran1as de tratamento de dados favorece sua ge-
ncr.1li=açào. No entanto, os estudantes e pesquisadores em sociologia acham
mais estimulante a pt'squisa de campo que a análise quantitativa. Quanto eles
scnH'm a necessidade de utilizar as estatísticas, as abordam com certa reticên-
cia . ..\ lógica antes desconcertante das estatísticas vem juntar-se à desconfiança
dl'Stes pesquisadores, limitando-os grandemente na forma com a qual recorrem
.1 L'Slt' instn1mento. E é frequ entem ente dominados pelos dados , pelos mode~os
e pelos programas aos quais adaptam tanto bem quanto mal sua problem~n_ca
que eles cn1preendem uma pesquisa quantitativa , ao passo que, ao contrano,
. . • · al garante
e' seu pensamento de sociólogo que d everia ser o único guia, pnncip . dos
de seu uso oportuno . O domínio, ou seja, a aplicação realmente apropriada ._
- dos concei
instrumentos utilizados resulta também d e urna boa compreensao f' ulas
tos fundamentais das estatísticas, apresentados aqui literalme nte sem orrn
n1atemáticas. ·
. stura soCl 0 -
. _\1 ostra~~o ~ue ª. utilização das e~tatís_ticas n? s~10 d e uma ~~ categorica-
log1ca emp1nca 1mbnca-se com a soc10logia quahtauva, rompem. . 5 . é irn-
- . _ . . ahtanvo ·
m ente com as polem1cas opondo os m etodos quanntauvos e qu
. onnenl ent
N F. Le ra1s
34. O conteúdo deste capítulo é desenvolvido em SELZ, M. & MAILLOCHO '
srruisriquc cn socwlogie. Paris: PUF, 2009 ["Licence" ].
202
___.........111
,....-- er um
bom "quantitativista" sem um conhecimento qualitativo apro-
d d . . r
íve15 d T"t"línio estu a o , seJam quais iorem os métodos pelos quais este
,,osS do o,,. . . , b h .
r dado , adquindo. E so re este con ec1mento que se apoia O raciocínio
foil 1·rnento e . . d .
hec
c<Jfl . o. ITl
lJ a postura quanlltauva, quan
C' p d
° um pesqmsador nela se engaJ·a
d . ,
1atfst1C 1. diferentes iormas. o e tratar-se e simples dados de enquadra-
eS de ass uJ11 . rdos em pano d e f un d o , dan · do uma ·ideia· da extensão de um fenô-
pO indica d .. ô · d
111cnt~ or exemplo, se estu amos as cenm n1as e casamento, é interessante
01 cnº· P roporção de pessoas que se casam anualmente e sua evolução· ou
1
ctitl 1e
cer a P compreend er a 1nc· idê neta · d os processos de custódia de crianças' '
lf . d
se busca111os b
de adultos, é bom sa er qua ranJa a população está implicada nisso.
r 1r parte
. as esta
tísticas po d em tam bé m es t ar mais
, d
· 1nt1mamente
· · ligadas ao obietivo
J
Ma!! tal do sociólogo , que e o e compreender as causas que regem os fe-
fui1damensociais. Trata-se entao - d e ana1·isar as relações entre diversos
. fatores e
0õ1nenos l .d d
caracten'sticas , de buscar regu an a es, testando hipóteses e buscando desven-
às apalpadelas e de forma exploratória, coisas insuspeitadas. Ao longo de
dar, esma pesquisa, a ana-1·ise quantitativa · · preench e correntemente várias fun-
uma m . . .
ções: ela permite confirmar ?u informar determinadas hipóteses, ap~rar outras,
definir os contornos do objeto de estudo, abordar novas perspectivas ... Mas,
mesmo servindo somente de enquadramento cifrado ou de descrição, ela nunca
deixa de ser um instrumento precioso. Sem ela só podemos confiar em nossas
impressões, às vezes falsas . Em todos os casos, a análise quantitativa se enxena
na análise qualitativa. Jamais ela adquire legitimidade sem fundar-se no conhe-
cimento aprofundado do campo e do domínio. É, por exemplo, a multiplicidade
das entrevistas qualitativas com jovens europeus que deu a Cécile Van de Vel-
de35 a ideia de aprofundar e sistematizar as "transições" , isto é , a forma de eles
deixarem a casa paterna, e de formalizar sua comparação segundo os diferentes
países com o auxílio de um método quantitativo, cujos resultados estimularam
por sua vez a análise qualitativa. Os dois métodos se nutrem mutuamente e
coexistem com idas e vindas múltiplas. Resultados inesperados devem receber
uma atenção particular: Tratar-se-ia de erros, nos dados, no tratamento deles,
~u estaríamos diante de uma população especial, ou ainda, de um fenômeno
tr::i~:ecido? Por ex~~plo: o fato de, numa pesquisa, e~contrarmo~ mulhere~
q· doras com salanos superiores aos dos homens nao pode deixar O pes
coUISador. sem reaçao - nem sem explicação .. . Serge Paugam36 d eu-se eonta que '
ntrariarn · onômi
cas ~ _ ente ao que ele esperava o acúmulo de desvantagens socioec _-
r
estállào e :e tladeiro em todos os p'aíses: nos países do Sul, 0 desemprego nao
assoc1adO , d berta que per-
lllite e5
Pecul -
ª pobreza relacional Trata-se então de uma esco
· , . e assim a chance
açoes sociológico-teóricas. As estat1st1cas oierecem
35_VAN - - -- - - .
~lJf i DE VELD , d l .eunesse en Europe. Pans:
3 ' 008 ["L . E, C. Devenir adulte - Sociologie comparee e ª J
6. PAu e lien Social"]
GAJ\,1 S L . . l005 ["Le Lien Social"].
· ' · es f 0rmes élémentaires de la pauvreté. Pans: PUF,
203
de precisar a definição dos conceitos sobre os quais se trabalha e f
problemáticas novas: tratando-se, por exemplo, da pobreza el azen1 e"'
r • · · ' as obr,· ·• 1Cto·
quisador a 01crecer cnténos. precisos . para caracterizar os p b ga,11
o res . o p,11lt
distinção entre pobreza rela11va e absolura. pobreza objetiva b e llnpõ Cs.
· 1 · · ·li · ,, d '
pobrcz;1 111011c1:tna, e e cx1su' 11rn1 .. . e s1m~·c10 gera ora dr oui ras ,n
po reza
. ' sub.1·cc111
.ª
tiva
sociológicas. vcsugaçoc8'
A p,>..,111r,1 t111,1111i1a1iv:1 consiste cm cri.tr uma (ou v,.\rlas) b
. . o1Jscrvac1os cm pcsqt11sa
. f<> 'r.lltl-" ..,oc1.11s
pcrrorn11ll . l 1e campo .ase dr· ta( 11
. , em ex I os te.
. o auxilio de um programa de lrntamcnto de cst•,tfst'
ha..,c rorn · • icas P.<>rar ,,'·51a
11wn1c 1111crprcrar os rcsuhados de u_m ponto de vlsla sociológico'. P,_,ra fi11a1.
dc:-1:l-" e1;1p,1s ê ;1hunda111c111cn1c nu1nda pelo pcnsn111en1u do , Cida uniu
· r· t . pesqulsa,1
.,11;1 cu1111r,1 ç1c11111ca e por seus co11,1cc1111cn10s qualilativos. · uor, Por
204
escolha permíte d etermi nadas an«11iscs e interdita outras.
, ,11·d" quedaudmaos é u ma .visão p.ardal da rea lidade observado. Nilo se tra t.n .
J ,rievbPe deo d e d esvalorizá-la , 1mas ~ essencial aprrcndt -la como tnl. tt ndo
I>
Apesquisa e o questionário
Um bom questionário é uma condição sine qua non da produção de bons da-
dos. Não existem receitas para construir um questionário, tampouco modelos.
Ele deve permitir não somente obter respostas às questões colocadas ("sim",
1Jào", "não respondida") , mas torná-las apropriadas, isto é , atestando a com-
preensão adequada da questão, sinceras e conformes à realidade, compreensí-
reis, não ambíguas, exploráveis. A primeira condição indispensável é sem dú-
-~ida definir bem o que se busca apreender com o questionário. Paralelamente,
1: que geralmente busca-se compreender fenômenos _ainda pouco conhec_idos,
Je descartar excessivos a priori: estar aberto, permitir respostas impreVIstas,
llà~ normativas ... Existe lá um certo paradoxo que precisa ser assumido, e ne-
goc1aç • - d ·
oes ª serem feitas! Um bom conhecimento do campo, atraves e pesqui-
sas q~alitativas preliminares, por exemplo, é indispensável à pertinência ?ªs
questoes e , . - devem fazer senudo
Para o pe
ª .
sua adaptação aos pesquisados. As questoes
d
.
· d O elo pesqmsador.
M· squisado, o mesmo sentido para todos e o eseJa P . ,, "
UJto fre " . 1~ · " "amigos tra-
ba/h " quentemente este não é o caso: os termos vio encia ' .d '
0 só mesmo senti O para
todos ' para tomar alguns exemplos, não possuem O d d vem levar
1
e!JJ co os pesquisados. A exploração e a interpretação dos re~u ta ~s eossível. A
nta este d ado. Por isso a interrogaçao _ d
eve ser
a mais precisa p
205
~
206
1r ·~
, . lo. d entre tantos o utros possíveis, e particulam
~ L,111 c,<ctnP.,. dependência en tre a opção po r categorias e seus
rfl''·
c)I~ ,. 1ll' to ca. 111c"'ti vá rios n fve ts • de p recisão possíveis . para se esta be
,\'il'' e•' '',::1·dc,s- 1,;x1s. tc. escolha não é ind herentc
...i-~l l 1 f:l L llJ 11
,. à andlise sociológica. Q
' <í' ,~- •11 ch•''' · · t ,innd o grou de precis~o uas Pcsw. po r exernplo e
,ti .1
das estatísticas
-
A execu Ça0
vez disponibilizados os dados, impõe-se a questão de seu tratamenl
uma . _ . .
, •co cuJ·o primeiro passo e espec1 6 car seu teor preciso.
estaUStl '
207
~
Po d e _se , J)ois. . ini:,,,inar
r-
que um estudo sobre o casamento nec"s .
'-. s 11 e d .
conjunto dr indica<l,lrcs conw a pcm.:cnta~t·m de pessoas casadas no co, ~ lln1
1
do l')n.,ís. ' .1 lonorvidack dos casamentos. a idade no momento do l'"s .ll.lnto
1 e, , . .
idack do nascimento do pri~nciro hlh~1. Pode-se acrescentar a estas Pngu, ,1
" · a111c111
º:
sc~undo ., oril'ntaç,\o cscolhtda, a an.\hse dn evoluç.lo de todos estes indit· 11•1\
no tempo ou o estudo da sucessão d~s acontc~·imcntos: litn dos l'Sllld(:tlores
mdm l'lllprcgo, casamento. primeiro ftll~o ou ameia a compnra~·é)O das Pc:s pr,~
1
l't)nju~cs. Para um estudo sobre a segundadc do emprego na Luropa '.>.s
st
pou/
~roundo as informaçôcs disponíveis, comparar as porcentagens dt l)Css· . . ·
• . r, . . . , . . , ,, . ~ • • • o,1s S<•n-
• •
. subjectives son'.
41. LOLLIVIER, S. & VERGER, D. "Pauvreté d'existence, monétaire ou r la pauvrete
. ·
d 1Stmctes ". E-conomie et Statistique, n. 308, 309, 310, 1997 , p. 113- 141·· "Mesure
aujourd'hui" . péen des
d 0 Panei furo
42. Seu estudo se refere aos casais franceses (aproximadamente 7.000)
Ménages Vague, nov./1994. ·,ologie, vol.
· e de 5oc
43. COMBESSIE, j.-C. 'Tévolutíon comparée des inégalítés". Revue Français
25, n . 2, 1984, p . 233-254.
208
~
JltlS J
, dll qu.,l_lc,u1 -C lauck Cnmhcssk purtr, dr mt·-.mn tirncln tia rlntg«litt
l) rsc111P1<J ·si~ualdadc de· t:h,mns) <lc Rnymund Bou~lon . f drsnito pelo quadro
cf~ (,\ . ~ . ,lH-cc nta~cns dr c~cnlari.:nç11n th, t·ns uu, 111r dh1 do-; adolt·sccntr.,
h1111. i11d1d'•'~ 1
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,~lc~(') 1,a-.ci1ncnto
1
1 o:,,adc • · Fntrt· 1'>1'>
a11tt!-- de 1o I O ('X,) t· 1t)4() (%)
csr Jo p,\i
--;:;::cs liberais, quadros e pessoal dt> direção 37 62
operários scmiqualificados e não qualificados 10
209
~-~------------
"Fechada na única relação entre a operação e seu objc i
1
nada
. pode dizer de sensato sobre a evoh1rílo das dcs iou•,icl·i~·
º • • urc.; . r,i.::é1n
• e~,
tq. , , a,,'i
mmar o sentido dos cálculo~ que cf:J pmpôc; fn h a sahl' r a qul· •' 'i ln11a d .''t,1
enu nciar ao c;;eu tema um ,ulAamcnw de pcrrinênciu '' " Ponrn t· Pn ll<•r
'"h·t·I
Se rr,uarm<1~ medir (l 11npacro do r:ummho r
dn~ t u n 11.1-., .., 01 ..
l l l1).., l 1
lar, 1,c,dcmO!, r,·itkn<-·tar que quanto menor ,or o tnm ..111 lm du~, 1urn, . ..,l'l'""º t·' t11
11
rcsuJrndo-, C'tt~t.ll1ain•.,. ,\o bom, Quando mlll sabemo~ 4 uc u, •,11 1111 0.., l'·r 111e 1ll,~ ti,
dadt· "\d (rcqucrucmrntc reagrupados de curn na~ lltr1rn,~ ele 1,n. , 11 d11 1t 111
. ··-' r .. . /ll l II U', ' / .
)<)d('m<1, n,,, cnJit:.mar sohrr a rc açJo cau:,..vC,c llo 11a cnndu ... ,1 l l t 11v1 )1,
. ' f f ' ' O "l111 1(· 11 ·
'
ll<lnt t'dnhcnmcnw do func1onamcnlo ( as esco a~ e dn orum o
i lz:•w •l
.,,O(h . . t 1t• 11111
pcnnitt' ffUltMh ,z:11 corrct;1mcntc o prohkma e cnco 11 1r:u· q u :li-. dnd ' 11 , 111,1\
n.-aJmc-ntc tc.st:u· <l ddw do wm:m tw d as turmas
,. , º~Pnr 111 1t·111
'
f'-_,tcs potH' <l~ <.' xrmplo,
'
mm,tram
.
que é .realmente
.
a especifica,.,
, fr
,,10(.t ;11, ,,,111
~odol<'l~ic:t que dt' lc.' rm11rn a analise quanruatrva adeq uada. Esic pod , , ' St· ~
· p..tr.1 f.t: t.' r emergir
m(lHV<-l · no\'aS pro ble m á ucas
· · 1óg1
socw ·cas. <' ser Uni
. . b d d , - l rspo- ,,
m,·r1.s, m:us ou mclhlS cm-a apta os as q uestoes que nos co ocamos. Trata-s
cnr:\o de definir seus limi tes e as exigências n ecessárias d e se recorrer aos dado~
m
mJis npropriados. Esta é uma das formas de progredir na direção de melhores !r
d~dos.
r
No seio da postura sociológica empírica que representa o conjunto das eta-
pas que \'ào da obsen·ação da realidade até a compreensão dos fenômenos, a
exploração estatística prop riamente d ita é uma e tapa ex clusivamente formal.
Ela pode requerer competências esp ecíficas, e d e alto nível, seja para utilizar
os modelos com conhecimento de causa ou para saber corretamente ler e in-
rerpretar estatisticamente os resultados, que são os parâmetros e os tes tes. Mas
é possível familiariza r-se com os conceitos fundamentais das estatís ticas sem
ter uma formação apurada em matemá tica. A intuição e o bom-senso permitem
adquirir as competências necessárias ao bom uso d e ins trumentos simples, em
geral suficientes para a maioria das análises sociológicas. Eles eventualmente
podem ser completados por uma formação mais aprofundada.
210
. fundam ental das estatísticas, denominado infcrencia , é o de
prirtdP'ºcrvaçõcs feitas a pa rtir d e uma nmos trn proposições sobre a
0
~,r de obs ,.. 1 se o rig inn e represent a es tn am ostra. Sua vantagem reside
l1l.,fl,..1,.,•,\l> da q u... b
... 1,5 ftlcll e m enos cus toso o scrvnr umu amos tra ao invés d e
,pll • cr 111n . . ' , . ,
I" r.,c<l dr 5 do uino p o pulação. Mus se~ hmit c estú no fato das proposições
1 . 'º
f1l' ... 11 ~,,r
,,,l m1rt.1
rc111 se
niprc umu margem d e am:crt ezn, c ujas regras de inferên cia
I d, . , I
h ce r s ua nmp itu .e nulx hth\. )ilo outrame nte : o res ultado d e
1
l,11 ,- con e 1·
' 11,,,c 11' to csrntfs tko nunca é umn n 1nm1çi\o . O me lhor possfvc l ele é
l'tr 1 J1t1ll'll . ,. . •
1rl cc . 011 cào Este rndodmo ao rl'uor da ince rteza é <lec;co ncertantc
11íl 1
l , JrC!; ~., . '
Ili
,,J fortt: J • >ttforllll' 1\ lógicu clrtsskn . " O método cstatfstlco é uma su<.<:ssao
un>l l
,,ue Pº •ginnis, gcru lmc ntc cont n\rlus uo no!>so modo <lc raciocinar... A
1·1 "1 r·i~ on
Jr pt>!ttu ~ s propõe c m primeiro lugar a polít ka uo ri~co d o erro co n~entí-
c,tJII., é certame nte a mais mtc 1gc ntc no uom n o · a o b· rlgat óri a incerteza,
·11c,1 no . . 1· .1 f i d
lh' díl . 11-,. 3 numa porcentage m ace ita <lc ca~o~. que o rc~u ltado obtido
la unp ..., . . . . ,
.,,a!, e ·ia de o perações matem á ttcas mais ou menos sohM1l:ada!:, pode ser
Esta incerteza é forma t·1za d a pe 1os t·1m1arcs · · crva1o~ de co n11ança
11
n,1 '·r,.: ,ufnc e rnt r. .
l, l,u
1 do é dado sob a seguinte forma : um d eterminado parâmetro (me-
, resu 1ta ·
un ex., 0 efeito de un1a duração d e estudos sobre o salário) não possuí
Ji nd P· preciso v mas certa probabilidade p (limiar d e confiança) d e perten -
º·
01 , 111or ' . ( . .
u . tervalo I aproximando-se de v o mtervalo d e confiança) . Class1ca-
(er ao m
decidia-se calcular os intervalos ou fissura s correspondendo ao limiar
~:e~~:fiança 90 ou 95%. A qualidade das inferências d epende do tamanho da
amostra e da homogeneidade do que é medido na população d e referência; ela
n.io depende do tamanho desta. Intuitivamente, percebe-se claramente que
quanto maior a amostra e quanto mais homogênea a população , m elho res são
as inferências, isto é, a incerteza torna-se menor; consequentemente, o limiar
de confiança aumenta e o intervalo diminui. Fórmulas permitem calcular es-
tes limiares e intervalos de confiança, que deliberadamente decidimos não
apresentar aqui. O essencial é lembrar que a inferência não produz um valor
exato, mas uma fissura que sequer contém de forma segura o valor exato, isto
é, aquele que seria medido em toda a população . O raciocínio estatístico não é
uma demonstração cuja conclusão transforma-se numa prova. Este raciocínio
só é verdadeiro
até que se prove o contrário.
Uma amostra representativa de uma população dita mãe é um subconjunto
?e pessoas que aleatoriamente foram sorteadas no seio desta população: cada
indivíduo da população mãe deve ter a mesma probabilidade de pertencer à
amostra · So mente uma amostra assim· const1tu1
· 'd a permite
· ap1·1car conven1en-
·
:e~ente as regras de inferência . Um indivíduo, em tal amostra, não representa
1
~ mesmo enquanto tal, mas todo um conjunto de indivíduos da população
· · - d
mae tendo as mesmas características que ele possu1.· A consutuiçao e uma
46
· SCHWART · 9 ["Ch s'' l
Z, D· Le jeu de la science et du hasard. Paris: Flammanon, 1994 , P· 4 amp ·
211
, ~
amostra represe ntatl·va de uma população . é um exercício penas
. o, cu·
-
to dos sao escn d ·tos em obras especiahzadas.
. . Na_ realidade. : nunc a é Jos tl\n
• '--
O
saber se uma amostra dita represen_tatzva, isto e, const1t~1da segund~ ss1ve1
ente é exausuvamente, representativa: seinp as re
gras desta arte, realm '. . _ re Pe . -
.
o nsco provemen . te de ambigmdades da amostragem. . . . .Alem diss0 , 1nü. tsiste
1
. .d des podem anular a rcpresentatrv1dacle de uma a lleras
outras amb1gu1 a . . _ . 111ostra ·
exemplo: quando pesquisamos J~tnto .a u~1a ,~op~tlc1ç~o _geral, dcparan1~-Por
crmaneccm 111cncon11,ívc1s, em razão de car· . llos
com pessoas qu e l) . . . . . ,l<.:tcnsii .
.. . scJ·a pornuc voltam pa1a casa noite adent10, porque 111 ·. . c,is
part1cu 1ares, . . , . . ., .- . . or,1 111 e
.
con domm10 ..., . s ,.x,r·c
· rtt·uncntc
, ·
momtorados, ou .
p01que.
nao possucn
... . 1 1•esit• 1c- .·.111
. , ts :\ncÍ'I ou sub-representação na amoslla constllttt-se nu,i
11 t ia
(.1xa. . 5~ll,l,lt .l e , I 1 . 1au111/1·
r11idadc. Geralmente esta ambiguidade e exp orne a por amostragens cnvj, ..'·
d.~a:-;.
. . 1)lH.1,.1111 l> , IJara interpretar corretamente, os . .
resultados calculados. . ,, pa,r
CS,i.
dl' uma .,mostra, é _im1~or~ante saber se ela e enviesada, e l'lll qual tncdida (e;.~
0 rap. dl' Jean-Mane F1rd1011).
A m,iioria dos procedimentos estatísticos consiste na comparaç,1o de um
m<1dclo com os dados cok1ados. Um modelo ~cmpre corresponde a urna d('.
tcrminad,t formali za(:\O mais ou menos sofisllcada de relações entre inúrnc-
ras vari,tvcis que a analise sociológica propõe como hipótese. Alguns rnodc-
lt)S possuem parfünctros: é o caso dos modelos de regressão , lineares ou logís-
ticos. A an,ilise estat1stica consiste então em estimar os parâmetros, de forma
que n modelo seja o mais próximo possível aos dados 47 , ou que os dados
se jam os mais prováveis possíveis 41\ em relação ao modelo. Outros modelos
n~o dispôrm de parâmetros: é o caso da análise fatorial 49 , ou X2 (cf. o teste
dl) X1 abaixo). Seus resultados indicam a existência e a intensidade de corre-
212
11111111
~
213
--
,rr que sejam controlados lodos os outro.., nspccros c0 111 I~
socia/" ;1 p º· 0 ~ d., d,f,
A opernç:Jn r,ra11,11c.1 d.1 mc...11111 co11c;isrc cru olhnr , , .
rado M"gund,l hrp<Hr,1·, ,nn,1/1\1~1ra,. ê disrcrnr\'cl nos dn-•
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- " cn, - rtt,''
d,ra ., IC'flll' '('lll,lll\·1d;1Ck~' ~/oha/ do modelo, hem c01110 ,1 10 · J:1 l!Ut• l'll'
• t ~ Pllr-íl ,,,.
. 1 111 t trll, 1
n·>tn•,,,,r, I Ir p, 1,,111 11111:1 l,\>lrca ,11rprre11dr111c. l',llt~a nclo 1lllllltt li) l,f\
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. . n1111wd-1111
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Cclm '.,p<l11,h· ~,•r:1h11c1111• ,1 /11pn1c.se que o pesquisador realmente pr . que
opoe co
,l JH11h.1h1/1cl.1dc• l - I' de cn~anar-sc. Nonnalmcnre, a hipótese nula . '.fi m
s1gn11ca·
11m f.HcH' n:in 1<·111 11cn'111m cfc110 sobre o outro, ou duas variáveis são ind ·
I . I . . .fi . epen-
cJtntc·.-,; J.I ., 11p,Hc., c 1 1 1ernt111\'a s1grn ca respec11vamente que o fator te
_ · . . _ m um
di'11c1 <' ,b d11.b , .m.n·eb s:10 correlatas. Quando esta probabilidade p é fone a
h1ptH<~..;;1• 1111/.1 11,>,1 t' l(jtitada: simplesmente não podemos concluir, não sabem~s-
1.-,s11J)<ld1• pn1t'!'dcr de uma amostra excessivamente pequena, ou de efeitos con:
1r:id11om1,:;; 11 condus,10, pois, não reside na afirmação de que o efeito é nulo
úm1r.1riamemr ao que geralmente se afirma, mas no fato que os dados não per:
mirt' m ra/ t'ondusào. Exisre ourra frequente confusão entre representatividade
t' amplimdc de um parâmetro: um parâmetro de baixíssima amplitude, valor do
p.m1merro rlr mrsmo, pode rer uma grande representatividade, valor do teste
de mn1110 . Por exemplo: se o efeito do salário sobre a saúde é significativo, o
rnlor do pan1mrrro é baixíssimo se tal salário for indicado em euros, mas ele
:-t'ria brm maior quando referido em milhões de euros; quanto à representativi-
d:1dc. da permaneceria imutável.
A amrlaçào. semsombra de dúvida, é o conceito estatístico mais utilizado
em sociologia. Escudar a correlação de duas variáveis significa observar se os
ralores assumidos por uma podem ser vinculados aos da outra. Estas variações
si.muhâneas assumem formas diferentes segundo a natureza das variáveis, iSlO é,
se numéricas ou qualirativas. Neste último caso, a correlação é observável com
0 au.\ilio de uma tabela cruzada, indicando para cada modalidade de uma das
52. DEGE\SE. A. -L'ne méthodologie 'douce' en socio/ogie". rAnnée Sociologique, l 9Bl ' P· IOB-
l . . aspects
53. POJTE\ 1SE4l'.]. -Lusage des lests statistiques par les chercheurs en psycho ogi\_ _
normaúf. descriplif e1 prescriptif. Mathématiques et Sciences Humaines, n. 167, 20o4, P· 25 .
- A reprcsem.2tmdade
. . desubstancia 1
>4. de ummodelo indica em qual medida ele diz alguma c01sa
di--1s rhdos sobre os qua.is ele foi testado.
2,-
11
~
. os cfcrtvos de cndl"' mnc!alidndc- c.Jn qc~undu vn ritlvrl Tnon-qc tnUlo
°'...." (,ntP•
'Jr, ,,<''"'·,ror a5 distribuições dus hnhns .
e das colunnt. tfa tnbtlu Punnd
.,, as mesmas, ou próximas pnrn rodns as modalld•td~., de tltn"
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Jf"1111( L " do as modalidn cs n out m, us tluos variílvris silo ind<-pr ndc t""~
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11,,c s ttr:t. Se. ao contrdno. e as stlo rreRu urcs, elas possut m aljtum grau dt
110,,, d·•.º:,. A tntl'nsid ..1dc d~ correlnc;tln se llll'dt prlo tt !--te do X-4 qu<! avalia. na
cor~l.HJ , da O dis wncinmcnto dn indqJt ntlê11da : o Xl de mesmo tc:m um r "'~
"t,t·1,1 fruza , . i . d
. I r quando us vanáve s sdu 111 cpc:ndcntt~. t um grandt· valor q· uando
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itU"'1rt:t\t:I . ., são vincu la dl as entre~ s1.. ..O " va.1or .
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,., ,, , luto, já que e e aumenta mccamcamr nte com o tamanho do efetivo e
\.t'1,1 ah!,O 1ero de mo d a t·d d d
I a es as varh.,ve1s.
·« • A f raca prohabilidack p do te~rc do
°
to111. nun uc a hipótese é nu la , ou seJa, · a 111· d cpcn dt ncia é de5 cartada.
\ ? ,nd1ca q , . .
' resultados estattst1cos são puramente formais, eles não dão nenhuma
Os quanto à significação sociológica. "A estatística não explica nada, mas
indicaÇ•10 elementos potenciais • · à exp11caçao
· - " 55 .
fornece
A interpretação sociológica
A interpretação sociológica corresponde a uma leitura dos resultados esta-
waicos à luz dos conhecimentos do sociólogo; ela consiste em dar sentido aos
resuhados formais oriundos da exploração estatística, mergulhando-os na rea-
lidade observada inicialmente e levando em conta as escolhas feitas por ocasião
da construção dos dados. São novamente as competências do pesquisador em
sociologia e não as do estatístico que são convidadas a informar a qual questão
sociológica exatamente os cálculos efetuados respondem . É somente a partir
deste momento que uma correlação encontrada pelos estatísticos toma-se even-
tualmente uma relação de causa e efeito. "A hipótese segundo a qual a correla-
ção equivale à causa é provavelmente um dos dois ou três erros mais correntes
do raciocínio humano" 56 . A passagem de uma à outra é um exercício perigoso,
já que um fenômeno social raramente tem uma causa única, dois fenômenos
podendo ter a mesma causa ou ativar-se mutuamente: Se a saúde está ligada à
pobreza ou o divórcio ao desemprego, o que dizer da causalidade? O mau estado
de_saúde estaria na origem da pobreza ou a pobreza favoreceria a carência de
sau~_e? Philippe Coulangeon mostra de forma exemplar a sutileza exigida do
sociologo para transitar entre as várias interpretações sociológicas sugeridas por
urn resultado estatístico (cf. box 2) .
55 LEBART, L. .
D. . . . ..
llnoct, 2002 ' MORINEAU, A. &: PIRON , P. Statistique exploratoire mult1dzmenswnnelle. Pans.
56, GoulD , p. 209 [l. ed. , 1995] .
ª
' S.J. La m l -mesure de l'homme. Paris: Ramsay, 1983, p. 269.
215
,,.
Box 2
"A rrlaç;lo rntn- ru lrur.1 e t·dun 11,·,l1l, t·ujn dintlg111,•;\n t'lllJHr I<· .a :1'1
trate do dclltl dn amh1cn1c ntlt m,11 .,l,htt· tl', ( Il''-l' t1tpt· 11hn, e c;,·-.\l 1ili'('', 1111 da ' 111 lt•1
lo <l n ntv<·l do dtplnma ,,,hr,· ., 1n1t· 11,1dadt· e a 1111c111a1;,l11 d:1, ,, ,li t t·n1111 de, 111 ip ,'l'
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mt~cod,h pl' d.t~l\~lul, 11,h1 ,\,l ,cm n·l.11;,\o l'<llll :l cnlht.;;\o das l'ilr.tl' ll· n.., 1. ., 11,
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d., popul.1,;.M e,, <ll.11 ,. J,,, drpl,,m,h ul'\ 1 ,>~ ,l ma~, 1 IG:tc.,-.io do cn,..inu lltl'dr ' '
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11wd11,.h> d,, 1mp.tl Ili d,, Ili\ d de ,·... 1uJ,,, sohn· .,~ pratll.'as c ult11rab e dl'lic·, 1.1 A
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