Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
A tosse bitonal deve-se à paresia ou paralisia de uma das cordas início das pneumonias bacterianas, não existe expectoração ou
vocais, que pode significar comprometimento do nervo laríngeo infe- ela é discreta. Após algumas horas ou dias. surge uma secreção
rior (recorrente), situado à esquerda no mediastino médio inferior. abundante, a m a r e l o - e s v e r d e a d a . pegajosa e densa. Nesta fase
A tosse rouca é própria da laringite crônica, comum nos fu- pode a p a r e c e r e s c a r r o h e m o p t ó i c o v e r m e l h o - v i v o ou cor de
mantes. tijolo. Nas pneumonias por bacilos Gram-negativos (Klebsiella,
Antes do aparecimento das drogas antituberculose. era freqüente Aerobacter, Pseudomonas), a expectoração adquire aspecto de
a laringite específica. Hoje, um grande número de laringites é cau- geléia de chocolate. Quando estiverem presentes germes anae-
sado pelo Pamcoccidioides brasiliensis, fungo responsável pela róbios (bacteróides), o hálito fétido e o escarro pútrido chamam
paracoccidioidomico.se. a atenção do médico, embora isso possa ocorrer tardiamente. A
Tosse reprimida é aquela que o paciente evita, em razão da dor fetidez é típica dc abscesso pulmonar, permitindo seu diagnóstico
torácica ou abdominal que ela provoca, como acontece no início das a distância.
pleuropneumopatias, no pneumotórax espontâneo, nas neuralgias A expectoração, na tuberculose pulmonar, na maioria das vezes
intercostais, nos traumatismos toracoabdominais e nas fraturas de contém sangue desde o início da doença. Costuma ser francamente
costela. purulenta, com aspecto numular, inodora e aderindo às paredes do
I lá pacientes que apresentam tosse ou seu equivalente, o pigarro, recipiente.
quando cm situações que implicam certa tensão emocional, como O escarro colhido para exame deve ser enviado rapidamente ao
reuniões e falar em público. laboratório, pois só assim o exame macroscópico terá significado.
E X P E C T O R A Ç Ã O . Na maioria das vezes, a expectoração costuma Além das células e dos germes, o escarro pode conter cristais de
ser conseqüência da tosse. Sua constatação é o primeiro passo para Charcot-Leyden, espirais de Curshmann (nos asmáticos), bron-
diferenciar uma síndrome brônquica de uma síndrome pleural. quiolitos (nos bronquíticos), grãos de Actinomyces (actinomicose),
Os médicos precisam recuperar o hábito de examinar o escarro fâneros (neoplasias teratodermóides do mediastino), restos de corpo
de seus pacientes, nos quais se encontram importantes dados para estranho anteriormente aspirados e helmintos.
o diagnóstico. As características semiológicas da expectoração HEMOPTISE. Hemoptise é a eliminação de sangue pela boca, pas-
compreendem o volume, a cor. o odor. a transparência e a consis- sando através da glote. Está entre as mais dramáticas manifestações
tência. Não esquecer que as mulheres e as crianças têm o costume clínicas com que o médico se defronta, despertando emoção que o
de deglutir a expectoração. tempo e a experiência não conseguem diminuir. O primeiro problema
Em condições normais, as células caliciformes e as glândulas que se impõe é transmitir serenidade ao paciente e à família, sem
mucíparas da mucosa produzem aproximadamente 100 mL de muco perder a sua própria.
nas 24 h, que são eliminados com a movimentação ciliar pelo seguinte As hemoptises podem ser devidas a hemorragias brônquicas ou
mecanismo: uma tênue camada de muco deposita-se nas extremi- alveolares.
dades livres dos cílios, que. através de um movimento contínuo, o Nas de origem brônquica, o mecanismo é a ruptura de vasos
conduz à faringe, onde é deglutido reflexamente. previamente sãos. como ocorre no carcinoma brônquico, ou de vasos
As características do escarro dependem de sua composição: o anormais, dilatados, neoformados, como sucede nas bronquiectasias
escarro seroso contém água, eletrólitos, proteínas e é pobre em cé- e na tuberculose.
lulas: o mucóide, embora contenha muita água, proteínas, inclusive Nas hemorragias de origem alveolar, a causa é a ruptura de
mucoproteínas, eletrólitos, possui celularidade baixa; o purulento é capilares ou transudação de sangue, sem que haja solução de con-
rico em piócitos e tem celularidade alta: o hemoptóico, quando se tinuidade no endotélio.
observam "rajas de sangue". Desde que o processo evolua para necrose, surgem cavidades que,
O transudato do edema pulmonar agudo é bem característico, ao se abscedarem, podem abrigar aneurismas de Rasmüssen.
tendo aspecto seroso, rico em espuma. Ocasionalmente apresenta Para melhor entender a origem das hemoptises, convém lembrar
coloração rósea. que há no pulmão duas circulações: a sistêmica e a pulmonar. A
A expectoração do asmático é mucóide, com alta viscosidade, circulação sistêmica, por fazer parte do sistema aórtico, é de alta
aderindo às paredes do recipiente que a contém, lembrando a clara de pressão e corresponde às artérias brônquicas. A circulação pulmo-
ovo. Sua presença marca o término da crise asmática. Sua riqueza em nar apresenta pressão bem menor, sendo formada pelos ramos da
eosinófilos é bem conhecida. Nestes casos, às vezes, encontram-se artéria pulmonar.
pequenas formações sólidas, brancas e arredondadas, justificando a Há ocasiões em que é possível suspeitar de qual circulação pro-
expressão "escarro perolado", dos asmáticos. vém o sangue: as hemoptises originadas nas artérias brônquicas são
Nas formas iniciais de bronquite, a expectoração é mucóide. em geral maciças, o sangue pode ser recente ou não. saturado ou não.
O paciente portador de DPOC tipo "magro" (PP = Pinker Puffer) com ou sem catarro. E o que ocorre nas bronquiectasias. na estenose
quase não expectora. em oposição ao "gordo" (BB = fílue Bbater). mitral e nas fístulas arteriovenosas. Quando o sangue provém de
que o faz quase constantemente. ramos da artéria pulmonar, seu volume costuma ser menor. E o que
No bronquítico crônico, quando o escarro muda de aspecto, ocorre nas pneumonias, nas broncopneumonias, nos abscessos e no
passando de mucóide para mucopurulento ou purulento, é sinal de tromboembolismo.
infecção. Essa mudança denuncia, na maioria das vezes, a partici- O diagnóstico etiológico será a próxima etapa, embora se saiba
pação de germes como o pneumococo e o hemófilo. que 10 a 20% das hemoptises ficam sem diagnóstico quanto à sua
Os bronquíticos crônicos, quando portadores de bronquiectasias. causa.
principalmente nas reagudizações, costumam eliminar pela manhã Atualmente, a causa mais freqüente são as bronquiectasias. Em
grande quantidade de secreção acumulada durante a noite, ocasião nosso meio. a tuberculose ainda é responsável por um grande número
em que fazem sua "toalete" brônquica. de casos, juntamente com a aspergilose oportunística que sc instala
Se a expectoração desses pacientes for colocada em um reci- nas cavernas saneadas (Jungus bali).
piente. „pós algumas horas dispõe-se em 3 ou 4 camadas, assim Deve-se iniciar o diagnóstico diferencial partindo das vias
constituídas, a partir da superfície: uma camada espumosa, uma respiratórias superiores. Hemorragias nasais podem confundir-se
camada mucosa contendo formações purulentas sólidas: novamente com hemoptises, embora seja fácil diferenciá-las após rinoscopia
uma zona de muco e. no fundo do frasco, uma camada purulenta anterior. As epistaxes são devidas a traumatismos, manipulações e
branca ou esverdeada. espirros. As rinorragias dependem dc modificações intrínsecas nas
A presença de expectoração é um divisor de águas importante regiões hemorragíparas de Kiesselbach. Em ambos os casos, antes
que muito contribui para diferenciar as lesões alveolares (pneu- dc ser eliminado, o sangue, ao descer pela laringe, provoca tosse,
monias bacterianas) das intersticiais (pneumonias viróticas). No com sensação de asfixia, o que pode confundir o médico.
FXAME CLÍNICO 305
BRÔNQUIO
OBSTRUÇÃO Abaulamento expiratório dos Diminuição do frêmito Hipersonoridade Diminuição do
INCOMPLETA espaços intercostais no lado loracovocal nos segmentos murmúrio
comprometido pulmonares dependentes do vesicular
Dispnéia moderada ou ausente brônquio comprometido
COMPLETA Retração dos espaços intercostais Abolição do frêmito loracovocal Macicez Abolição do
no lado comprometido nos segmentos pulmonares murmúrio
Desvio do ictus cordis para o dependentes do brônquio vesicular
lado comprometido obstruído
Dispnéia intensa,
predominantemente expiratória
arcos costais. a cifoescoliose e as alterações musculares, tais como ser o prenúncio da crise asmática ou a própria crise. Na infância
miosites, pleurodinias ou mialgias intensas. c o s t u m a aparecer durante um resfriado. Na maioria das vezes,
Causas Diafragmáticas. Sendo o diafragma o mais importante constitui episódios isolados, sem maior significado. No adulto,
músculo respiratório, contribuindo com mais de 50% da ventilação contudo, pode ser a primeira manifestação de uma asma infeccio-
pulmonar, toda afecção que interfira com seus movimentos pode sa, não-atópica, que vai perpetuar-se através de repetidas crises
ocasionar dispnéia. As principais são paralisia, hérnias e elevações paroxísticas.
uni- ou bilaterais. Quando a sibilância for persistente, localizada ou unilateral, pode
Causas Pleurais. A pleura parietal é dotada de inervação sensiti- indicar a presença de uma neoplasia ou de corpo estranho.
va e sua irritação provoca dor que aumenta com a inspiração. Para As principais causas brônquicas e pulmonares de sibilos são a
evitá-la, o doente procura limitar ao máximo seus movimentos, bem asma, a bronquite aguda e crônica, os infiltrados eosinofílicos, a tu-
como deitar sobre o lado que o incomoda. Esses dois mecanismos berculose brônquica, as neoplasias malignas e benignas, as embolias
juntos explicam a dispnéia desses pacientes. Os grandes derrames, pulmonares, certas drogas colinérgieas. bloqueadores beta-adrenér-
embora não se acompanhem de dor, reduzem a expansão pulmonar gicos, inalantes químicos, vegetais e animais.
e, por isso. também causam dispneia. A insuficiência ventricular esquerda é a causa não-pulmonar que
Causas Cardíacas. Dependem do mau funcionamento da bomba mais provoca chiado. Daí a denominação "asma cardíaca" dada a
aspirante-premente que é o coração. A dispnéia é devida à congestão este tipo de dispnéia de origem cardíaca.
passiva do pulmão. R O U Q U I D Ã O . Rouquidão ou mudança do timbre da voz traduz
Causas de Origem Tecidual. O aumento do consumo celular de alteração na dinâmica das cordas vocais.
oxigênio é uma resposta fisiológica normal ao aumento de atividade Quando for aguda, de curta duração, não tem maior significado,
metabólica. Praticamente basta intensificar a atividade muscular para o c o r r e n d o c o m f r e q ü ê n c i a nas laringites viróticas c o m u n s . Em
condicionar o aparecimento dc dispnéia (exercício físico, tetania, contrapartida, desde que tal sintoma se prolongue, é necessária
crises convulsivas). investigação detalhada.
Causas Ligadas ao Sistema Nervoso. Podemos separá-las em dois As lesões das cordas vocais podem ser laríngeas ou extralaríngeas.
grupos: as de origem neurológica por alterações do ritmo respiratório, Entre as primeiras citam-se a tuberculose, a paracoccidioidomicose,
como ocorre em certos tipos de hipertensão craniana, e as psicogê- os pólipos e as neoplasias benignas e malignas.
nicas. q u e se manifestam sob a forma de dispnéia suspirosa. Entre as que se situam fora da laringe, por envolvimento do
As dispnéias psicogênicas graves (síndrome de hiperventilação) recorrente esquerdo, estão os tumores localizados no mediastino
se acompanham de modificações somáticas decorrentes da alcalose médio inferior, e entre eles incluem-se as neoplasias malignas, as
respiratória que provocam, especialmente espasmos musculares c adenomegalias, o aneurisma do arco aórtico e a estenose mitral.
dormèncias. podendo chegar à perda da consciência. Difteria, mononucleose infecciosa c neurite diabética podem
S I B I L Â N C I A . Chiado ou "chieira" é c o m o o paciente se refere também causar disfonia.
a um ruído que ele pode perceber, p r e d o m i n a n t e m e n t e na fase Nas doenças sistêmicas, sempre considerando sua menor incidên-
expiratória da respiração, quase sempre acompanhado de dispnéia. cia, lembrar que as cordas vocais podem estar comprometidas. É o
Seu timbre é elevado c o tom é musical, podendo ser comparado ao que ocorre no mixedema. na mucoviscidose, no lúpus eritematoso.
miado de um gato. C O R N A G E M . Cornagem é a dificuldade inspiratória por redução
O chiado resulta da redução do calibre da árvore brônquica, do calibre das vias respiratórias superiores, na altura da laringe, e
devida principalmente a espasmo. Dependendo de seu grau. pode que se manifesta por um ruído (estridor) e tiragem.
FXAME CLÍNICO 307
EXAME FÍSICO
UNHA EM VIDRO DE RELOGIO
Antes de iniciar o exame físico do tórax, feito pela inspeção, án
palpação, percussão e ausculta, o médico deve já ter feito o exame •m i / ^ a v - ° 9ulo não se modifica
físico geral, incluindo o exame da cabeça, do tronco e dos membros,
observando eventuais alterações para correlacioná-las com uma
afecção pulmonar.
Nesta avaliação destacam-se os seguintes aspectos: HIPOCRATISMO LEVE
C R Â N I O . Depressões e nódulos (mieloma múltiplo, metásta- . . . O ângulo desaparece
;
ses).
FACE. Área de hiperpigmentação simétrica (lúpus eritematoso);
lesões descamativas, nódulos, gânglios retroauriculares, paralisia
facial (sarcoidose). « * ; »
BB •. apresentam-se n u m estado torporoso devido à narcose pelo de nódulos. Pacientes submetidas a mastectomia por neoplasia estão
CO.. Não é raro ver uma hemiplegia c o m o primeira manifestação sujeitas a metástases p u l m o n a r e s que se m a n i f e s t a m p o r nódulo
j. carcinoma brônquico devida a metástase cerebral. pulmonar solitário ou derrame pleural. Ginecomastia pode denunciar
Na pele observam-se a coloração, o grau de hidratação, a presença um carcinoma brônquico (síndrome paraneoplástica).
Je lesões elementares sólidas, correlacionando-as com as doenças O sistema muscular será examinado de maneira comparativa, a
pulmonares. Assim, as pápulas e ulcerações com a paracoccidioidose; fim de que se possam surpreender alterações tróficas de certos gru-
os tubérculos com a tuberculose e a sarcoidose; os nódulos com o pos musculares. A contratura da musculatura paravertebral torácica
eritema nodoso ou a sarcoidose e o eritema indurativo de Ba/.in: a unilateral constitui o sinal de Ramond. que denuncia o comprome-
urticária com a alergia; as vegetações com a paracoccidiodose, a timento pleural inflamatório homolateral. O sinal de Lemos Torres,
tuberculose e os epiteliomas. caracterizado pelo abaulamento dos espaços intercostais durante a
Quanto às lesões de conteúdo líquido, isto é. as vesículas, as bolhas, expiração, é sinal fidedigno de derrame pleural. Numa radiografia
as pústulas e os abscessos, estabelecer suas correlações: impétigo com de frente, o desenvolvimento unilateral muito acentuado tios mús-
a pneumonia estafilocócica (principalmente na criança); abscesso frio culos peitorais pode traduzir-se por uma redução da transparência
com a tuberculose; empiema de necessidade com supuração pleuro- deste hemitórax. Ao contrário, nas pacientes mastectomizadas há
pulmonar que se fistulizou para a superfície cutânea. hipotransparência do lado oposto.
* Verificar a presença de cicatrizes devidas a e m p i e m a drenado Nos exames das partes ósseas, procura-se identificar retrações e
cirurgicamente. abaulamentos difusos ou localizados.
Observar a coloração da pele do paciente destacando-se a cianose Uma lesão tuberculosa de certa extensão, m e s m o tratada cor-
e a palidez, lembrando-se de que a cianose nem sempre está presente, retamente. deixa sua marca, provocando redução volumétrica do
m e s m o na hipoxemia grave. Para que haja cianose, é preciso que hemitórax comprometido. Os abaulamentos localizados traduzem
o paciente tenha, pelo menos. 5% de hemoglobina reduzida. Pes- a presença de alguma alteração subjacente: neoplasia, aneurisma e
quisá-la na pele, nas unhas, nos lábios e na mucosa oral. A cianose hipertrofia d o ventrículo direito nas crianças. Fraturas de costelas
central é devida à menor saturação arterial em função do transporte são causas freqüentes dc abaulamentos ou retrações localizadas. Os
insuficiente de O, até o pulmão ou pela presença de shunt cardíaco sulcos de Harrison e o rosário raquítico são deformidades bilaterais,
direita-esquerda. A cianose periférica é devida à vasoconstrição e quase sempre simétricas. Tais sulcos resultam da redução da cur-
pode aparecer em várias condições, tais c o m o exposição ao frio vatura dos arcos costais na altura das articulações condroesternais,
e quando o débito cardíaco for baixo. Os enfisematosos tipo BB formando um canal raso cm cada hemitórax. O rosário raquítico é
(azul pictórico) apresentam-se mais cianóticos que os do tipo PP uma série de pequenas saliências ósseas que surgem na união das
(soprador rosado). costelas com as cartilagens estemais.
O exame das m a m a s deve ser feito pela inspeção e palpação e Dependendo das alterações ósseas da coluna vertebral, costelas e
será comparativo quanto ao volume, posição do mamilo e presença esterno, teremos os vários tipos de tórax (Fig. 32.2). O tórax chato
ou plano é aquele em que a parede anterior perde sua convexidade T I P O RESPIRATÓRIO. Para o reconhecimento do tipo respirató-
normal, havendo por isso redução do diâmetro ântero-posterior. rio. observa-se atentamente a movimentação do tórax e do abdome,
As costelas aumentam sua inclinação, os espaços intercostais se com o objetivo de reconhecer cm que regiões os movimentos são
reduzem e o ângulo de Louis torna-se mais nítido. As clavículas são mais amplos.
mais oblíquas c salientes, e as fossas supra- e infraclaviculares. mais Em pessoas sadias, na posição de pé ou sentada, tanto no sexo
profundas. Nesse tipo de tórax, a musculatura é pouco desenvolvida, masculino como no feminino, predomina a respiração torácica ou
razão pela qual as omoplatas estão mais baixas, afastando-se do costal, caracterizada pela movimentação predominantemente da
tórax, caracterizando o chamado tórax alado. Este ripo de tórax é caixa torácica. Na posição deitada, também em ambos os sexos,
próprio dos indivíduos longilíneos. Exemplos típicos encontram-se a respiração é predominantemente diafragmática. prevalecendo a
em alguns portadores de doença pulmonar crônica. movimentação da metade inferior do tórax e do andar superior do
O tórax em tonel ou globoso caracteriza-se pelo aumento exage- abdome.
rado do diâmetro ântero-posterior. maior horizontalização dos arcos A observação do tipo respiratório tem importância no diagnóstico
costais e abaulamento da coluna dorsal, o que torna o tórax mais da fadiga e da paralisia diafragmática, condições em que a parede
curto. Exemplo desse tórax encontra-se nos enfisematosos do tipo abdominal tende a se retrair na inspiração, ao contrário do que ocorre
PP (soprador rosado). na respiração diafragmática normal. Nestas situações pode haver
No processo natural de envelhecimento, pode-se observar o também alternância da respiração torácica e abdominal, e os mús-
esboço desse tórax. Convém não confundi-lo com o tórax globoso
dos enfisematosos, uma vez que o processo de envelhecimento não
compromete as funções pulmonares, como acontece nos portadores RESPIRAÇÂO DE CHEYNE-STOKES
de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).
O tórax infnndibidiforme ou tórax de sapateiro (pectus exeava-
tam) caracteriza-se por uma depressão na parte inferior do esterno
e região epigástrica. Em geral essa d e f o r m i d a d e é de natureza
congênita. A radiografia do tórax desses pacientes, na posição PA.
mostra o contorno do átrio direito borrado, sugerindo, erroneamente,
comprometimento do lobo médio.
No tórax cariniforme (pecias carinatum), o esterno é proeminente
e as costelas horizontalizadas, resultando num tórax que se asseme-
lha ao das aves (tórax de pombo). Pode ser de origem congênita ou
adquirida. Neste último caso, devido a raquitismo na infância. RESPIRAÇÃO DE BIOT
Tórax cónico ou em sino é aquele que tem sua parte inferior exa- Respirações de amplitude variável — períodos de apnéia
geradamente alargada, lembrando um tronco de cone ou um sino. E
encontrado nas hepatoesplenomegalias e ascites volumosas.
O tórax cifótico tem como característica principal a curvatura da
coluna dorsal, formando uma gibosidadc. Pode ser de origem congê-
nita ou resultar de postura defeituosa. Também a tuberculose óssea
(mal de Pott), a osteomielite ou neoplasias podem ser responsáveis
por essa deformidade.
O tórax cifoescoliótico apresenta, além da cifose, um desvio da
coluna para o lado (escoliose). As formas leves dessas duas últimas
RESPIRAÇÃO DE KUSSMAUL
deformidades são comuns e desprovidas de significado patológico.
Ao se examinar uma radiografia de um indivíduo com cifose discreta, Inspirações profundas seguidas de pausas — expirações curtas tamc-ém
que não tenha sido feita em posição póstero-anterior correta, a sombra seguidas de pausas
traqueal aparece com um desvio que. na realidade, não existe.
Após a inspeção estática do tórax, passa-se a observar sua di-
nâmica.
Como se apresenta o paciente? Está cm ortopnéia, preferindo
portanto ser examinado na posição sentada? Sua recusa em deitar-
se é um dado que sugere insuficiência cardíaca. Existe taquipnéia. RESPIRAÇÃO SUSPIROSA
bradipnéia ou trepopnéia? Batimentos das asas do nariz sugerem Movimentos respiratórios interrompidos por susp ros
pneumonia grave, e não processo pulmonar obstrutivo. Quando não
houver sincronismo entre os movimentos respiratórios abdominais
e torácicos, suspeitar de fadiga muscular.
No início das pleuropneumopatias, antes mesmo que surjam os
sinais radiológicos da doença, os movimentos respiratórios deixam
de ser simétricos, podendo-sc observar redução ou ate imobilidade
do hemitórax comprometido. Tal imobilidade significa presença de
doença subjacente.
A m b o s os hemitórax p o d e m estar totalmente paralisados na DISPNÉIA
cuios da c a : \ a torácica passam a ser recrutados devido à "fraqueza" no grupo muscular dessa região, imitando a defesa muscular das
do diafragma ou ao aumento anormal do trabalho respiratório por peritonites.
alguma c ença que dificulta a respiração. C o m o dorso das mãos, verifica-se a temperatura cutânea, com-
Ritmo Respiratório. N o r m a l m e n t e a inspiração dura quase o parando-a c o m a do lado oposto. Uma diferença para mais pode
mesmo tempo que a expiração, sucedendo-se os dois movimentos denunciar comprometimento pleuropulmonar subjacente. Sudorcse
com a m e s m a amplitude, intercalados por leve pausa. Quando uma torácica unilateral faz parte da síndrome dc Claude Bcrnard-IIorner.
de-sas características se modifica, surgem os ritmos respiratórios Edema e enfisema subcutâneos são mais bem observados nas fossas
anormais: respiração de Cheyne-Stokes, respiração dc Biot. respi- supraclavicularcs c espaços intercostais. O primeiro, c o m o sinal
ração de Kussmaul. respiração suspirosa. precoce de obstrução da veia cava superior; o segundo, denunciando
R e s p i r a ç ã o d e C h e y n e - S t o k e s . As c a u s a s mais f r e q ü e n t e s pneumotórax hipertensivo. Empiema de necessidade, que. através
deste tipo de respiração são a insuficiência cardíaca, a hipertensão de fístula broncopleural, vai se coletar no tecido subcutâneo, diag-
intracraniana, os acidentes vasculares cerebrais e os traumatismos nostica-se facilmente pela compressão manual, fazendo com que o
cranioencefálicos. Tal ritmo caracteri/.a-sc por uma fase de apnéia líquido volte ao seu local de origem.
seguida de incursões inspiratórias cada vez mais profundas até atingir Os grupos ganglionares regionais devem ser palpados cuidadosa-
um máximo, para depois vir decrescendo até nova pausa. Isto ocorre mente. Adcnomegalias mais ou menos fixas, de consistência média,
devido a variações da tensão de O, e C O , no sangue. Assim, o excesso com tendência a se fundirem para depois se fistulizarem, são mais
de C O , durante o período de apnéia obriga os centros respiratórios c o m u n s na tuberculose. Os gânglios axilares, supraclavicularcs,
bulhares a enviarem estímulos mais intensos que resultam num au- quando duros e isolados, de aparecimento relativamente recente,
mento da amplitude dos movimentos respiratórios; com isto haverá trazem suspeita de malignidade. O comprometimento dos epitro-
m a i o r eliminação dc C O r c sua c o n c e n t r a ç ã o no sangue baixa. cleanos sugere sarcoidose.
Conseqüentemente, não havendo estímulos exagerados dos centros A expansibilidade dos ápices pulmonares pesquisa-se com ambas
respiratórios, diminui a amplitude dos movimentos respiratórios. as mãos espalmadas, dc modo que as bordas internas toquem a base
E assim sucessivamente. Nesse r i t m o respiratório, a p e r c e p ç ã o do pescoço, os polegares apóiem-se na coluna vertebral e os demais
"auditiva" do f e n ô m e n o é maior que a "visual": a respiração de dedos nas fossas supraclavicularcs.
Cheyne-Stokes é "ouvida" melhor do que é vista. Para avaliar a expansibilidade das bases pulmonares, apóiam-se
RESPIRAÇÃO DE BIOT. As causas mais freqüentes desse ritmo os polegares nas linhas paravertebrais. enquanto os outros dedos
são as mesmas da respiração de Cheyne-Stokes. No ritmo de Biot, recobrem os últimos arcos costais. Em ambas as manobras, o mé-
a respiração apresenta-se com duas fases. A primeira, de apnéia, se- dico fica atrás do paciente em posição sentada, e este deve respirar
guida dc movimentos inspiratórios e expiratórios anárquicos quanto profunda c pausadamente. Esta t é c n i c a é muito útil na identificação
ao ritmo e à amplitude. Quase sempre este tipo de respiração indica dos processos localizados nas bases e que reduzem a mobilidade
grave comprometimento cerebral. da região.
RESPIRAÇÃO DE KUSSMAUL. A acidosc. principalmente a diabéti- O frêmito toracovocal (FTV) corresponde às vibrações das cor-
ca. é a sua causa principal. A respiração de Kussmaul compõe-se de das vocais transmitidas à parede torácica. Estas vibrações são mais
quatro fases: a) inspirações ruidosas, gradativamente mais amplas, perceptíveis nos indivíduos cuja voz é de tonalidade grave. C o m o
alternadas com inspirações rápidas c de pequena amplitude: b) apnéia isto nem sempre ocorre, deve-se fazer com que o paciente pronuncie
em inspiração; c) expirações ruidosas gradativamente mais profun- palavras ricas em consoantes, tendo se consagrado em nosso meio
das alternadas com inspirações rápidas e dc pequena amplitude; d) as palavras "trinta e três".
apnéia em expiração. Nos homens, em geral, e nos indivíduos com parede torácica del-
RESPIRAÇÃO SUSPIROSA. Na respiração suspirosa, o paciente exe- gada. o FTV é sempre mais nítido. A maneira correta de pesquisá-lo
cuta uma série de movimentos inspiratórios de amplitude crescente é colocar a mão direita espalmada sobre a superfície do tórax, com-
seguidos de expiração breve c rápida. Outras vezes, os movimentos parando-se em regiões homólogas a intensidade das vibrações.
respiratórios normais são interrompidos por "suspiros" isolados ou O FTV é mais acentuado à direita e nas bases, e melhor sensação
agrupados. Traduz tensão emocional e ansiedade. se obtém quando se coloca apenas a face palmar correspondente ao
T i r a g e m . Durante a inspiração cm condições dc normalidade, 2.°. 3 . ° e 4 . ° quirodáctilos.
os espaços intercostais deprimem-se ligeiramente. Tal fenômeno Para a palpação da face posterior do tórax, o médico deve colo-
é mais visível na face lateral do tórax dos indivíduos longilíneos e car-se à esquerda do paciente usando sua mão direita, que vai sendo
resulta do aumento da pressão negativa, na cavidade pleural, durante deslocada dc cima para baixo. Ainda estando atrás do paciente, o
a fase inspiratória. Se ocorrer obstrução brônquica, o parênquima examinador pesquisa o FTV nas fossas supraclaviculares. A seguir,
correspondente àquele brônquio entra em colapso e a pressão nega- passando para diante e à direita do paciente, o médico apóia sua mão,
tiva daquela área torna-se ainda maior, provocando assim a retração alternadamente, sobre o hemitórax esquerdo e o direito, seguindo a
dos espaços intercostais. linha médio-estemal de cima para baixo.
A tiragem pode ser difusa ou localizada, isto é, supraclavicular, De um modo geral, pode-se dizer que as afecções pleurais são
infraclavicular. intercostal ou epigástrica. Essas áreas retráteis ca- "antipáticas" ao FTV. Isto porque os derrames pleurais líquidos
racterizam a impossibilidade de o pulmão acompanhar o movimento ou gasosos, por afastarem o pulmão da parede, dificultam a trans-
expansivo da caixa torácica, devido à atelectasia subjacente. missão das vibrações até a superfície, c o m r e d u ç ã o ou m e s m o
abolição do FTV, s e m p r e na dependência d o volume de líquido
ou de ar da cavidade. Nas condensações pulmonares, desde que os
Palpação brônquios estejam permeáveis, o FTV torna-se mais nítido, u m a
vez que a consolidação d o parênquima facilita a transmissão da
Além de complementar a inspeção, avaliando a mobilidade da voz. Por isso se diz que as afecções do parênquima são "simpáti-
v.~a':\a torácica, a palpação permite que as lesões superficiais sejam cas" ao frêmito.
ma:s bem examinadas quanto à sua forma, volume e consistência. Estando os brônquios obstruídos (ateleetasias). embora haja con-
A sensibilidade superficial e profunda, a dor provocada e espon- dição de ressonância, o som não se propaga. Nesses casos, apesar de
tânea ou qualquer outra manifestação dolorosa relatada pelo paciente a afecção ser parenquimatosa, o FTV está diminuído.
d e \ e m >er ^ a l i a d a s pela palpação. Existem outros tipos dc frêmito, como o frêmito brônquico, equi-
Proce>sos inflamatórios p l e u r o p u l m o n a r e s d e t e r m i n a m u m a valente táctil dos estertores, e o frêmito pleural, que resulta da sensa-
zona de maior sensibilidade na parede torácica correspondente. ção táctil do ruído dc atrito provocado pelas duas superfícies rugosas
A s s i m , as lesões extensas do ápice podem provocar contratura dos folhetos pleurais e que muitas vezes precede os derrames.
FXAME CLÍNICO 311
na cn>e de asma. nos cistos aéreos e nas cavernas insufladas. esternal, origina-se na passagem do ar através da fenda glótica e nu
a s s : m e : r t o r á c i c a s , devidas a cifoescoliose acentuada, surge própria traquéia. Diferenciam-se com facilidade seus dois compo-
iip-ers" r» r . i a c e no hemitórax distendido, responsável pela respi- nentes, sendo o inspiratório constituído dc um ruído soproso. mais
ração icariante. ou menos rude, após o qual há um curto intervalo silencioso que
separa os dois componentes, e o expiratório, um pouco mais forte e
mais prolongado (Fig. 32.5).
Ausculta A respiração brônquica corresponde ao som traqueal audível na
zona de projeção de brônquios de maior calibre, na face anterior
ausculta é o método semiológico básico no exame físico dos d o tórax, nas proximidades do esterno. A respiração brônquica
'cs. H funcional por excelência, diferentemente da percussão, muito se assemelha ao som traqueal. dela se diferenciando apenas
puramente estática, c permite analisar o funcionamento pulmonar. por ter o c o m p o n e n t e expiratório menos intenso. Nas áreas que
Pura sua realização exige-se o máximo de silêncio, além de posição correspondem à condensação pulmonar, atelectasia ou nas regiões
cômoda do paciente e do médico. próximas dc cavernas superficiais a respiração brônquica substitui
De início, o examinador coloca-se atrás do paciente, que não deve o murmúrio vesicular.
forçar a cabeça ou dobrar excessivamente o tronco. O paciente deve Murmúrio Vesicular. Os ruídos respiratórios ouvidos na maior
estar com o tórax despido e respirar pausada e profundamente, com parte do tórax são produzidos pela turbulência do ar circulante ao
a boca entreaberta, sem fa/.er ruído. Somente depois dc uma longa chocar-sc contra as saliências das bifurcações brônquicas, ao passar
prática, ouvindo-se as variações do murmúrio respiratório normal, é por cavidades de tamanhos diferentes, tais c o m o dos bronqufolos
que se pode, com segurança, identificar os ruídos anormais. para os alvéolos, e vice-versa (Fig. 32.5).
A ausculta dos pulmões se faz com o auxílio do estetoscópio. A O componente inspiratório é mais intenso, mais duradouro e de
auscultação direta ou imediata, ou seja. colocando-se o ouvido na tonalidade mais alta em relação ao componente expiratório, que. por
parede torácica, não se faz mais, embora por intermédio dela seja sua vez, é mais fraco, de duração mais curta e de tonalidade mais
possível perceber também as vibrações da parede. A ausculta se baixa. Não se percebe, diferentemente do que ocorre na respiração
inicia pela face posterior do tórax, passando, a seguir, para as faces traqueal. um intervalo silencioso entre as duas fases da respiração.
laterais e anterior. Deve-se ter em mente que os limites dos pulmões Quando se compara o murmúrio vesicular com a respiração brôn-
estão aproximadamente a quatro dedos transversos abaixo da ponta quica. verifica-se que o murmúrio vesicular é mais fraco e mais
da omoplata. suave.
Auscultam-se as regiões de maneira simétrica. É aconselhável Ausculta-se o murmúrio vesicular em quase todo o tórax, com
solicitar o paciente a fazer algumas respirações profundas e tossir exceção apenas das regiões esternal superior, interescápulo-vertebral—
várias vezes. Com isto visa-se a separar os ruídos permanentes dos direita e ao nível da 3. 3 e 4. a vértebras dorsais. Nestas áreas, ouve-se
eventuais, de menor valor diagnóstico. a respiração broncovesicular (Fig. 32.5B).
Cumpre salientar que o murmúrio vesicular não tem intensidade
homogênea em todo o tórax — é mais forte na parte ântero-superior,
Sons Pleuropulmonares nas axilas e nas regiões infra-escapulares. Além disso, sofre variações
em sua intensidade na dependência da amplitude dos movimentos
Sons Normais respiratórios e da espessura da parede torácica, sendo mais débil nas
Som traqueal pessoas musculosas ou obesas.
Respiração brônquica As principais modificações da respiração vesicular são a diminui-
Murmúrio vesicular ção ou o aumento de sua intensidade e o prolongamento do compo-
Respiração broncovesicular nente expiratório. Respiração vesicular mais intensa ocorre quando
Sons Anormais o pacicntc respira amplamente; e com a boca aberta, após esforço,
Descontínuos: estertores finos e grossos em crianças e em pessoas emagrecidas. Nos portadores de afecções
Contínuos: roncos, sibilos e estridor pulmonares unilaterais, c o m o mecanismo vicariantc. o murmúrio
De origem pleural: atrito pleural vesicular torna-se mais intenso no lado não afetado.
Sons Vocais A diminuição do murmúrio vesicular pode resultar de numerosas
Broncofonia. egofonia. pectorilóquia fônica e afônica. causas, entre as quais ressaltam-se: presença de ar (pneumotórax),
líquido (hidrotórax) ou tecido sólido (espessamento pleural) na cavi-
dade pleural: enfisema pulmonar, dor torácica de qualquer etiologia
S O N S RESPIRATÓRIOS N O R M A I S ( Q U A D R O 3 2 . 5 ) que impeça ou diminua a movimentação do tórax, obstrução das
Som Traqueal e Respiração Brônquica. No som traqueal. bem vias aéreas superiores (espasmo ou edema da glote, obstrução da
como nos outros sons pulmonares, reconhecem-se dois componentes traquéia), oclusão parcial ou total de brônquios ou bronqufolos.
— o inspiratório e o expiratório — . cujas características estetoa- Constitui importante alteração d o murmúrio vesicular o prolon-
cústicas são específicas para cada som (Fig. 32.5). O som traqueal. gamento da fase expiratória, que. em condições normais, é mais
audível na região dc projeção da traqueia, no pescoço e na região curta e mais suave que a fase inspiratória (Fig. 32.5A). Este prolon-
INS EXP
Fig. 32.5 Representação esquemática dos ruídos respiratórios normais: A) respiração ou murmúrio vesicular; B) respiração broncovesicular;
Cl som traqueal.
j amento da expiração aparece na asma brônquica, no enfisema e Os estertores grossos ou bolhosos têm freqüência menor e maior
bronquite espastiformc c traduz de modo objetivo a dificuldade duração que os finos. Sofrem nítida alteração com a tosse e podem
de >aída do ar. ser ouvidos em todas as regiões do tórax. Diferentemente dos es-
Respiração Broncovesicular. Neste tipo de respiração, somam- tertores finos, que só ocorrem do meio para o final da inspiração,
>e es características da respiração brônquica com as do murmúrio os estertores grossos são audíveis no início da inspiração e durante
e>icular. Deste modo. a intensidade e a duração da inspiração e da toda a expiração.
e r;ração têm igual magnitude, ambas um pouco mais fortes que O mecanismo de formação destes sons tem sido motivo de polê-
murmúrio vesicular, mas sem atingir a intensidade da respiração micas desde a descoberta do estetoscópio. Aceita-se atualmente que
rr nquica (Fig. 32.5B). Nas crianças, devido ao menor tamanho os estertores finos são produzidos pela abertura seqüencial de vias
d tórax, a respiração broncovesicular é audível em regiões mais aéreas anteriormente fechadas devido à pressão exercida pela presen-
periféricas. Em condições normais, a respiração broncovesicular é ça de líquido ou exsudato no parênquima pulmonar ou por alteração
_u>cultada na região esternal superior, na interescápulo-vertebral no tecido de suporte das paredes brônquicas. O primeiro mecanismo
::reita e ao nível da terceira e quarta vértebras dorsais. Sua presen- explicaria a presença de estertores finos na pneumonia e na congestão
em outras regiões indica condensação pulmonar, atelectasia por pulmonar da insuficiência ventricular esquerda, enquanto o -egundo
. impressão ou presença de caverna, isto é. nas mesmas condições seria observado nas doenças intersticiais pulmonares.
e:n que se observa a respiração brônquica. Para que surja este tipo Os estertores grossos parecem ter origem na abertura e fechamen-
de respiração, é necessário que haja na área lesada alvéolos mais ou to de vias aéreas contendo secreção viscosa e especa, bem como
menos normais capazes de originar ruído do tipo vesicular. pelo afrouxamento da estrutura de suporte das parede- brônquicas.
São comuns na bronquite crônica e nas bronquiectasias.
SONS OU RUÍDOS ANORMAIS D E S C O N T Í N U O S
QUADRO 32.6) SONS OU RUÍDOS ANORMAIS C O N T Í N U O S
Os sons anormais descontínuos são representados pelos ester- Os sons anormais contínuos são representados peios roncos,
tores. sibilos e estridor.
Estertores. Os estertores são ruídos audíveis na inspiração ou na Roncos e Sibilos. Os roncos são constituídos por sons graves,
expiração, superpondo-se aos sons respiratórios normais. portanto, dc baixa freqüência, e os sibilos por sons agudos, forma-
Podem ser finos ou grossos. dos por ondas de alta freqüência. Originam-se nas vibrações das
Os estertores finos ou crepitantes ocorrem no final da inspira- paredes brônquicas c do conteúdo gasoso quando há estreitamento
x têm freqüência alta. isto é, são agudos, e duração curta. Não se destes duetos, seja por espasmo ou edema da parede ou presença
- diíicam com a tosse. Podem ser comparados ao ruído produzido dc secreção aderida a ela, como ocorre na asma brônquica, nas
peio atrito de um punhado de cabelos junto ao ouvido ou ao som bronquites, nas bronquiectasias e nas obstruções localizadas.
r-ercebido ao se fechar ou abrir um fecho tipo vclcro. São ouvidos Aparecem na inspiração como na expiração, mas predominam
principalmente nas zonas pulmonares influenciadas pela força da nesta última. São fugazes, mutáveis, surgindo e desaparecendo em
idade. curto período de tempo.
ESTERTORES FINOS Final da inspiração Não se alteram Modificam-se ou são Influenciados pela força
abolidos da gravidade
£5 TERTORES GROSSOS Início da inspiração e Alteram-se Não se modificam Todas as áreas do tórax
toda a expiração
314 PARTE 6 SISTEMA RESPIRAI ÓRIO
- sibilos também sc originam de vibrações das paredes bron- mais, tanto na voz falada como na cochichada, a ressonância vocal
j a : ".are> e de seu conteúdo gasoso, aparecendo na inspiração e na constitui-se dc sons incompreensíveis, isto é. não se distinguem
. .r-ração. Em geral são múltiplos e disseminados por todo o tórax, as sílabas que formam as palavras. Isto porque o parênquima pul-
aaando provocados por enfermidades que comprometem a árvore monar normal absorve muitos componentes sonoros, mas, quando
brônquica, como acontece na asma e na bronquite. Quando os sibilos está consolidado (pneumonia, infarto pulmonar), a transmissão é
-ào localizados numa determinada região, indicam a presença de uma facilitada. A ressonância vocal é mais intensa no ápice do pulmão
>emi-obstrução por neoplasia ou corpo estranho. direito, nas regiões interescápulo-vertebral direita e esternal superior,
Estridor. O estridor é um som produzido pela semi-obstrução ou seja, exatamente nas mesmas áreas onde sc ausculta respiração
da laringe ou da traquéia. fato que pode ser provocado por difteria, broncovesicular. Ademais, a ressonância vocal costuma ser mais
laringites agudas, câncer da laringe e estenose da traquéia. Quando forte em homens do que em mulheres e crianças, em decorrência
a respiração é calma c pouco profunda, sua intensidade é pequena, do timbre da voz.
mas, na respiração forçada, o aumento do fluxo de ar provoca sig- Toda vez que houver condensação pulmonar — inflamatória,
nificativa intensificação deste som. neoplásica ou pericavitária —, há aumento da ressonância vocal ou
Sopros. Quando auscultamos certas regiões do tórax (7.* vér- broncofonia. Ao contrário, na atelectasia, no espessamento pleural
tebra cervical no dorso, traquéia. região interescapular), podemos e nos derrames, ocorre diminuição da ressonância vocal. Observar
perceber um sopro brando, mais longo na expiração que na inspi- que o aumento e a diminuição da ressonância vocal coincidem
ração. Essa é uma verificação normal. Todavia, ocorre também em com as mesmas modificações do frêmito toracovocal. O fenômeno
certas situações, quando o pulmão perde sua textura normal, como nas é o mesmo, isto é. facilitação da chegada das vibrações à parede
pneumonias bacterianas (hepatização), nas grandes cavernas (brônquio torácica percebidas pelo tato (frêmito toracovocal) ou pelo ouvido
de drenagem permeável) e nos pneumotórax hipertensivos. Tais sopros (ressonância vocal).
são chamados, respectivamente, de tubários, cavitários e anfóricos. Quando se ouve com nitidez a voz falada, chama-se pectorilóquia
fônica. Quando o mesmo acontece com a voz cochichada, denomina-
se pectorilóquia afônica, a qual representa a expressão mais clara
SOM DE ORIGEM PLEURAL da facilitação da transmissão das ondas sonoras. Em resumo, na
Atrito Pleural. Em condições normais, os folhetos visceral e pa- ausculta da voz podem-se observar:
rietal da pleura deslizam um sobre o outro, durante os movimentos
respiratórios, sem produzir qualquer ruído. Nos casos de pleurite, Ressonância Vocal Normal
por se recobrirem de exsudato. passam a produzir um ruído irregular, Ressonância Vocal Diminuída
descontínuo, mais intenso na inspiração, com freqüência comparado Ressonância Vocal Aumentada:
ao ranger dc couro atritado. Tal ruído recebe a denominação de Broncofonia — Ausculta-se a voz sem nitidez:
atrito pleural. Representa um som de duração maior c freqüência Pectorilóquia Fônica — Ausculta-se a voz nitidamente:
baixa, de tonalidade grave, portanto, o que torna fácil distingui-lo Pectorilóquia Afônica — Ausculta-se a voz mesmo sc co-
dos estertores. Para reconhecê-lo, o examinador pode imitá-lo co- chichada.
locando uma das mãos de encontro ao próprio ouvido e atritando-o
com a outra mão, com forte pressão. A sede mais comum do atrito Egofonia. E uma forma especial de broncofonia. ou seja, é uma
pleural são as regiões axilares inferiores, onde os pulmões realizam broncofonia de qualidade nasalada e metálica, comparada ao balido
movimentação mais ampla. O aumento da pressão do receptor do de cabra. Aparece na parte superior dos derrames pleurais. Pode ser
estetoscópio sobre a parede torácica pode torná-lo mais intenso. Sua observada, também, na condensação pulmonar.
causa principal é a pleurite seca. A instalação de derrame pleural
determina seu desaparecimento.
SÍNDROMES PLEUROPULMONARES
AUSCULTA DA V O Z As síndromes pleuropulmonares compreendem as síndromes
Para completar o exame físico dos pulmões, auscultam-se a voz
brônquicas, as síndromes pulmonares c as síndromes pleurais.
nitidamente pronunciada e a voz. cochichada. Para isto, o paciente
vai pronunciando as palavras "trinta e três" enquanto o examinador
percorre o tórax com o estetoscópio, comparando regiões homólogas, SÍNDROMES BRÔNQUICAS
tal como fez no exame do frêmito toracovocal, usando a mão. As síndromes brônquicas decorrem de obstrução (asma brônqui-
Os sons produzidos pela voz e ouvidos na parede torácica ca), infecção c/ou dilatação dos brônquios (bronquites e bronquiec-
constituem o que se chama ressonância vocal. Em condições nor- tasias) (Quadro 32.7).
- — i brônquica. A síhcfrome por obstrução tem como represen- ou lobos pulmonares, ou, mais raramente, vários lobos cm ambos os
r - :pa! a asma brônquica, na qual se observa estreitamento pulmões. A manifestação clínica mais comum é uma tosse produtiva,
_ ~ :•> condutos aéreos de pequeno calibre. com expectoração mucopurulcnta abundante, principalmente pela
rações manifestam-se clinicamente por crises de disp- manhã. Hemoptises são freqüentes.
. - . ; rr.:nantemente expiratória, acompanhada de sensação de Os dados obtidos ao exame físico do tórax são variáveis, depen-
- . 1 "' U aperto no tórax, dor torácica difusa, chieira e tosse, que dendo da localização e da extensão das áreas comprometidas. Nas
e seca. mas. com o progredir da crise, torna-se produtiva, bronquiectasias basais extensas, observam-se redução da expansi-
. . zTiilo uma expectoração mucóide, espessa, aderente, difícil bilidade e submacicez nestes locais.
j= rer e;-minada. A ausculta encontram-se, na área correspondente às bronquiec-
exame físico do tórax, evidenciam-se: tasias, estertores grossos. Roncos e sibilos podem ser percebidos
na mesma área.
.'rt px ção: Dispnéia, tórax em posição de inspiração profunda
e tiragem.
Fz.pação: Frêmito toracovocal normal ou diminuído. SÍNDROMES PULMONARES
Percussão: Normal ou hipersonoridade. As síndromes pulmonares são basicamente: consolidação, atelecia-
alta: Diminuição do murmúrio vesicular com expiração sia c hiperaeração (Quadro 32.8). As principais causas de consolidação
prolongada, sibilos predominantemente expirató- pulmonar são as pneumonias, o infarto pulmonar e a tuberculose. As
rios cm ambos os campos pulmonares. causas de atelectasia são as neoplasias e corpos estranhos. A síndrome
de hiperaeração é representada pelo enfisema pulmonar. Além dessas,
5-onquites. A bronquite aguda geralmente é causada por vírus podem ser incluídas entre as síndromes pulmonares a congestão pas-
. . . promete as vias aéreas desde a faringe, manifestando-se siva dos pulmões e a escavação ou caverna pulmonar.
- - ' . mas gerais (febre, cefaléia), desconforto retroesternal, Síndrome de Consolidação Pulmonar. As principais manifesta-
- - . tosse seca, seguida após alguns dias de expectoração ções clínicas são a dispnéia e a tosse, que pode ser seca ou produtiva.
--- que se transforma em mucopurulcnta. se houver infecção Quando há expectoração, é comum a presença de sangue misturado
T„:er.ana secundária. A inspeção, palpação e percussão, nada de com muco ou pus (expectoração hemoptóica). Na tuberculose, as
- i — - e observa. À ausculta, o principal achado são estertores hemoptises são freqüentes. Além da sensação de desconforto retroes-
r > em ambos os pulmpes. Podem-se ouvir, também, roncos e ternal. quando há comprometimento da pleura, surge dor localizada
- esparsos, inconstantes. em um dos hemitórax com as características de dor pieurítica.
br '-.quite crônica é uma condição caracterizada basicamente A condensação do parênquima pulmonar caracteriza-se pela
- - cessiva secreção de muco na árvore brônquica. A manifes- ocupação dos espaços alveolares por células e exsudato e se expressa
clinica principal é tosse com expectoração mucopurulcnta ao exame físico do tórax com os seguintes dados:
. .. persiste por meses, alternando períodos de melhora e piora,
Jendo da presença de infecções, poluição atmosférica e uso inspeção: Expansibilidade diminuída.
:^òaco. Ao exame físico do tórax, o principal achado são os Palpação: Expansibilidade diminuída e frêmito toracovocal
re^ grossos disseminados em ambos os hemitórax. Roncos e aumentado.
- > são freqüentes. Percussão: Submacicez ou macicez.
Bronquiectasias. Rronquiectasia significa dilatação irreversível Ausculta: Respiração brônquica substituindo o murmúrio
: - brônquios em conseqüência de destruição de componentes da vesicular, sopro tubário, broncofonia ou egofonia,
r-srede destes duetos. As bronquiectasias comprometem segmentos pectorilóquia e estertores finos.
z
ae -er . ziida ou crônica, sem derrame (pleurite seca) ou com na insuficiência cardíaca, pode haver dor sem as características de dor
Á11 um. pleurítica. tosse seca e dispnéia cuja intensidade depende do volume
' • _ r. rurite seca aguda, o principal sintoma é a dor localizada em do líquido acumulado.
-emitórax, com características dc dor plcurítica. No exame físico do tórax, observam-se no lado do derrame:
- : de dor. podem ocorrer tosse, dispnéia, febre e outros sin-
- relacionados com a causa da pleurite. Inspeção: Expansibilidade diminuída.
. ame físico do tórax, observam-se no lado comprometido: Palpação: Expansibilidade diminuída e frêmito toracovocal
abolido na área do derrame e aumentado na área
Inspeção: Expansibilidade diminuída. do pulmão em contato com o líquido pleural.
Palpação: Expansibilidade e frêmito toracovocal diminuí- Percussão: Macicez.
dos. Ausculta: Murmúrio vesicular abolido na área do derrame.
Percussão: Sonoridade normal ou submacicez. egofonia c estertores finos na área do pulmão em
Ausculta: Atrito pleural, que é o principal dado semiológico. contato com o líquido pleural na pane mai> alta
do derrame.
Na r.turite crônica, com espessamento dos folhetos pleurais Pneumotórax. No pneumotórax, o que se acumula no espaço
r.euriz). a dor não é tão acentuada como na pleurite aguda, pleural é ar. que penetra através de lesão traumática, ruptura de
. . - : :er caráter surdo ou inexistir. A dispnéia aos grandes es- bolha subpleural, ou em certas afecções pulmonares (niberculose.
- e uma manifestação importante. pneumoconiose, neoplasias) que põem cm comunicação um dueto
- e\àme físico do tórax, observam-se no lado comprometido: com o espaço pleural.
As principais manifestações clínicas são a dor no hemitórax
Ir pição: Retração torácica e expansibilidade diminuída. comprometido, tosse seca e dispnéia. A intensidade da dispnéia
Palpação: Expansibilidade e frêmito toracovocal diminuí- depende da quantidade de ar e de outros mecanismos que podem
dos. acompanhar o pneumotórax.
Percussão: SubmaGicez ou macicez. Ao exame físico do tórax, observam-se no lado comprometido:
sculta: Murmúrio vesicular diminuído. Ressonância vocal
diminuída. Inspeção: Normal ou abaulamento dos espaços intercostais
quando a quantidade de ar é grande.
C rr. >e vê. a síndrome pleural crônica é semelhante à síndrome Palpação: Expansibilidade e frêmito toracovocal diminuí-
•:..r aelectásica do ponto de vista do exame físico do tórax. dos.
- : . com os dados do exame clínico, complementados pela ra- Percussão: Hipersonoridade ou som timpânico. sendo e>íe o
. >imples do tórax, podem ser seguramente diferenciadas. dado que mais chama a atenção.
Derrames Pleurais. Nos derrames pleurais. observados nas Ausculta: Murmúrio vesicular diminuído. Ressonância vocal
es. pneumonias, neoplasias. eolagenoses. síndrome nefrótica e diminuída.