Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Resumo
A cobertura da Arena Grêmio abrange uma área de 42400 m2, cobrindo os 60540 lugares
sentados deste moderno estádio. A sua estrutura é formada por 96 consolas treliçadas que,
em conjunto com a grelha do anel existente no plano das cordas superiores das consolas,
resistem às cargas verticais. Para conferir resistência e rigidez às ações no plano horizontal
existem ainda contraventamentos verticais no perímetro definido pelo topo das bancadas e
vários contraventamentos horizontais.
Nesta comunicação desenvolvem-se aspetos relacionados com a conceção geral e com a
constituição dos vários elementos estruturais, referem-se as metodologias de cálculo
utilizadas e menciona-se o processo de montagem seguido.
Palavras-chave: Arena Grêmio, Cobertura Metálica, Coberturas de Grande Vão
Abstract
Arena Grêmio roof structure covers an area of 42400 sqm above all the stadium’s 60540
seats. Its structure is composed by 96 trussed cantilevers that, together with the upper plan
ring, provide stiffness and resistance to the vertical loading. In order to resist to the
horizontal (mainly wind) loading, a series of bracing systems were designed along the stands
outer perimeter, as well as several horizontal braces.
This paper aims to discuss the structure’s conceptual design, to describe its composing
elements and to explain both the design techniques and erection sequence.
Keywords: Arena Grêmio, Steel Roof, Long Span Roofs
1 Introdução
A inauguração do Estádio Arena Grêmio, situado em Porto Alegre, Rio Grande do Sul,
ocorrida em Dezembro de 2012 marcou o arranque da finalização de um vasto
conjunto de estádios distribuídos por todo o Brasil.
Embora não esteja prevista a sua utilização como local de jogos da Copa 2014, ele
dispõe de todos os requisitos exigidos para a realização de jogos internacionais de
149
relevantes e representativas até meio do mês, data em que se emitiu para fabrico os
documentos referentes ao primeiro setor do estádio. Após essa data finalizou-se o
projeto dos restantes setores, com uma cadência quinzenal. Durante esse processo
foram realizados vários ajustamentos à constituição das peças da estrutura e,
também, à configuração dos detalhes de algumas ligações, tendo em vista, por um
lado propiciar o melhor aproveitamento dos materiais de que o fabricante dispunha
e, por outro, procurar integrar no fabrico as tarefas mais rentáveis, descartando
situações que impliquem o recurso a trabalhos mais onerosos.
2 Condicionamentos do projeto
Com estas periferias obtêm-se áreas com cobertura plana, sobre as bancadas
principais e sobre as bancadas de topo e áreas em que a cobertura é tronco-cónica,
nos cantos.
Figura 3 – Configuração das treliças. (a) bancadas Norte, Sul e de canto e (b)
bancadas Leste e Oeste
Nas bancadas centrais os apoios das treliças estão afastados de 7,70 metros na
direção longitudinal do campo e nas bancadas de topo esse afastamento passa a ser
de 6,78 metros.
151
Sobre cada pórtico da estrutura da bancada existe um elemento resistente principal
da cobertura – treliça principal. As treliças são elementos com uma consola interior
de 47,5 metros e uma extensão adicional, para o exterior do Estádio, de 16,0 metros.
Esta última integra o intervalo entre os apoios no concreto, ou entre os pilares
tubulares metálicos, variável ao longo do perímetro, como já se mencionou, e um
balanço traseiro (Figura 3).
152
incidindo sobre toda a superfície dos mesmos.
Embora a estrutura final funcione como uma peça única, pois contem elementos
circunferenciais (anéis) que percorrem todo o seu perímetro, cada uma das suas
parcelas – as coberturas situadas sobre as bancadas principais e sobre as bancadas de
topo - terá de, individualmente, resistir às ações ambientais regulamentares, para
além das cargas permanentes que nelas se exercem.
153
já era sabido que o fabrico seria efetuado em Portugal e que, inerentemente, todos
os componentes da estrutura seriam transportados para o Brasil por via marítima.
Deste modo, limitou-se o comprimento das peças individuais da estrutura às
dimensões transportáveis, aumentando significativamente o número e a
complexidade das ligações entre elas. Esta circunstância deu origem a um aumento
não negligenciável quer do peso da estrutura quer da complexidade e morosidade do
projeto.
Nas zonas das treliças situadas para o exterior do pilar interior (eixo G), não foi
possível manter uma triangulação uniforme porque a posição da ligação do pilar
154
traseiro à corda varia de treliça para treliça. Conseguiu-se, contudo, ter uma
disposição semelhante em todas as treliças.
Apesar das geometrias das treliças não apresentarem entre si diferenças marcantes
(Figura 6), as dimensões dos tubos que constituem as suas barras variam bastante
pois, como já se referiu, as deformabilidades têm oscilações significativas, fruto não
só das diversas configurações dos pilares de apoio mas também da casualidade de
algumas treliças terem as suas cordas inferiores fixadas diretamente à estrutura de
concreto (sem pilares metálicos) o que as torna mais rígidas do que as vizinhas.
Outra opção que se tomou logo na primeira fase dos estudos foi a de procurar
utilizar, sempre que possível, terças que vencessem apenas um vão entre treliças.
Tratou-se, neste particular, de procurar simplificar o processo de montagem das
terças. Conseguiu-se esse desiderato em quase toda a área da cobertura,
aproveitando, em simultâneo, os tubos das terças que já tinham sido aprovisionados.
Nos cantos, onde os vãos de algumas terças são maiores, teve de se recorrer à
continuidade total dos tubos para lhes assegurar a resistência e a rigidez requeridas.
Importa ter presente que, embora as terças sejam principalmente peças lineares
sujeitas a esforços de flexão, nelas também surgem esforços axiais, causados pela sua
integração no diafragma formado por elas próprias, pelas cordas superiores das
treliças e pelo contraventamento da cobertura.
155
Refere-se que se procurou minimizar os esforços axiais nas terças estabelecendo,
para isso, que as suas ligações parafusadas às treliças só fossem torqueadas quando
estivesse concluída a montagem de toda a estrutura de um setor e criando
ovalizações nos furos dessas ligações.
156
depois de testados se revelaram eficientes. Transferem as cargas entre as treliças,
estabilizam as suas cordas superiores e encaminham as forças horizontais para os
planos verticais dos apoios sem, para isto, ficarem excessivamente esforçados.
Realça-se que o anel interior é contínuo ao longo de toda a cobertura. Tomou-se esta
opção porque ele se encontra já muito distante dos pilares de concreto e, portanto, a
flexibilidade própria da estrutura da cobertura amortece os eventuais efeitos dos
deslocamentos relativos entre as duas zonas de concreto separadas pela junta de
dilatação.
157
diagonais se deformam e, portanto, canalizam para eles uma parcela maior das
forças horizontais.
Já se escreveu que foram usados tubos na grande maioria das peças que constituem
a estrutura. Individualizando para cada um dos elementos da estrutura temos, nas
treliças, tubos retangulares nas cordas e tubos retangulares e circulares nas diagonais
da triangulação da alma. Nos pilares metálicos e nos contraventamentos e
travamentos superiores da cobertura foram usados tubos retangulares e circulares,
nas terças tubos retangulares e nos travamentos inferiores e mãos-francesas tubos
circulares. Nos suportes das calhas exteriores usaram-se tubos retangulares,
circulares e perfis laminados IPE, estes últimos nas travessas.
158
Para a materialização das ligações entre tubos, nos nós das treliças, recorreu-se a
chapas de reforço e de “gousset” quando foi necessário, da mesma forma que se
utilizaram chapas nas cobrejuntas das ligações parafusadas e nas ligações de topo.
5 Premissas de cálculo
As mesmas razões levaram à utilização generalizada do aço S355. O aço prescrito foi
o J0H, de acordo com a norma EN10219, para os tubos e JR, em conformidade com a
norma EN10025, para perfis, barras, chapas, varões e pinos.
159
iii) Aos dois telões, cuja carga total, abrangendo o equipamento e as fixações, no
valor de 120 kN para cada um, se divide por dois apoios e;
Foi considerada uma carga variável de 0,25 kN/m2 sobre toda a área da cobertura, à
qual se associou um carregamento linear na calha exterior de 2,40 kN/m,
correspondente ao seu enchimento com água das chuvas. Nos passadiços técnicos
aplicou-se uma carga variável de 2 kN/m2.
Admitiram-se oito carregamentos distintos, para a fase definitiva e outros oito para
cada uma das sete fases de montagem da cobertura, cada um deles correspondente
a uma das direções do vento.
160
generalizadamente descendentes. Para o sentido inverso do escoamento do vento
alguns setores ainda não usufruem, durante a construção, da proteção que mais
tarde lhes será conferida pela restante estrutura, o que poderá levar ao
aparecimento de pressões ascendentes mais elevadas. Conservativamente,
considerou-se que em todos os setores, durante esse período, o vento incidente no
referido sentido causa uma distribuição de pressões ascendentes de forma triangular,
máxima na ponta da treliça mais afastada dos pontos de apoio, tal como indicado na
generalidade da regulamentação.
b) Para a fase construtiva, uma velocidade do vento de projeto de 42,8 m/s, média
em 10 segundos e a 50 metros de altura, correspondendo a uma pressão caraterística
de 1,12 kN/m2.
161
Segundo o especificado pelo projetista da estrutura, em concreto, das arquibancadas
foi considerado um possível deslocamento relativo de 20 mm, em qualquer direção,
entre os dois corpos estruturais consecutivos separados por uma junta de dilatação.
162
Os carregamentos foram aplicados automaticamente pelo programa de cálculo –
caso do peso próprio dos elementos estruturais – ou inseridos como atributos dos
elementos lineares e nós da estrutura.
163
iii) Analisou-se o funcionamento estrutural quando são suprimidos os elementos de
compatibilização de deslocamentos verticais (deixando-se apenas treliças e
contraventamentos).
Os resultados desta análise, que incidiu sobre a estrutura já completa e sobre as sete
fases intermédias da sua montagem, foram transportados para a verificação da
segurança. No cômputo geral, esta análise deixou transparecer que a estrutura foi
dimensionada com uma margem de segurança apreciável, tendo havido, contudo,
algumas situações em que se obtiveram esforços superiores aos anteriormente
calculados. Este facto deve-se à variabilidade espacial da ação do vento e aos
fenómenos de transferência de cargas entre setores. Em concordância com estas
conclusões foram feitas algumas correções às seções prescritas, para adequação aos
novos esforços.
164
ascende às centenas de milhões de verificações para um modelo completo com as
suas 8 fases – cada uma compreendendo o cálculo de vários parâmetros e a
verificação de várias expressões regulamentares – recorreu-se à verificação
automática do programa de cálculo Autodesk Robot Structural Analysis Pro 2011.
165
estabeleceu-se que a comprovação deste estado limite deveria ser feita com base
nos deslocamentos obtidos para as combinações frequentes de ações. O valor
máximo do deslocamento admissível é igual a 2 x L / 250 nas treliças. O contributo da
deformação por ação das cargas permanentes foi suprimido, em virtude da
prescrição de contraflechas a dar na montagem das treliças, inscrita no projeto.
166
Figura 11 – Configurações dos três primeiros modos de vibração
8 Ficha técnica
Área da cobertura: 42400 m2; Lugares sentados cobertos: 60540; Peso da estrutura
da cobertura: 2 602 000 kgf (≈61,4 kgf/m2); Peso dos telões e passarelas: 74 700 kgf.
9 Agradecimentos
10 Referências bibliográficas
ABNT – Associação Brasleira de Normas Técnicas. NBR 6123 – Forças Devidas ao Vento em
Edificações, Rio de Janeiro, 1988.
ABNT – Associação Brasleira de Normas Técnicas. NBR 8681 – Ações e segurança nas
estruturas – Procedimento, Rio de Janeiro, 2003.
ABNT – Associação Brasleira de Normas Técnicas. NBR 8800 – Projeto de estruturas de aço e
de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios, Rio de Janeiro, 2008.
167