100%(1)Il 100% ha trovato utile questo documento (1 voto)
1K visualizzazioni6 pagine
O documento resume um capítulo de um livro sobre gramática da língua portuguesa. O capítulo discute (1) a definição de palavra e critérios para classificar categorias gramaticais, (2) caracteriza cada classe de palavras e seu papel na estruturação de frases e texto, e (3) define relações sintáticas e meios linguísticos para expressá-las.
Descrizione originale:
GRAMÁTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA, DE MÁRIO VILELA
PAULO DE TARSO GALEMBECK
O documento resume um capítulo de um livro sobre gramática da língua portuguesa. O capítulo discute (1) a definição de palavra e critérios para classificar categorias gramaticais, (2) caracteriza cada classe de palavras e seu papel na estruturação de frases e texto, e (3) define relações sintáticas e meios linguísticos para expressá-las.
O documento resume um capítulo de um livro sobre gramática da língua portuguesa. O capítulo discute (1) a definição de palavra e critérios para classificar categorias gramaticais, (2) caracteriza cada classe de palavras e seu papel na estruturação de frases e texto, e (3) define relações sintáticas e meios linguísticos para expressá-las.
ABSTRACT: This paper is a review of the Gramdtica da Ungua Portuguesa, de Mario
Vilela (Grammar of Portuguese Language, by Mario Vilela). It is emphasized that this
work discusses the role of the linguistics elements in the construction of the different linguistic plans or levels: word, sentece, text ..
A Gramatica da LIngua Portuguesa, de Mario Vilela (Vilela: 1995) traz urn
subtltulo esclarecedor, que expoe as tras se~oes nas quais se divide a obra: Gramatica da Palavra; Gramatica da Frase; Gramatica do Texto. As duas primeiras partes correspondem a s~oes que esmo presentes nas gramaticas descritivas e normativas (Morfologia e Sintaxe), ao passo que a inclusao da terceira parte constitui uma novidade, pois a maioria das obras de gramatica detem-se nos lirnites da frase. Nessas gramaticas, alias, mesmo os elementos cuja fun~ao s6 pode ser verdadeiramente compreendida dentro de uma dimensao discursivo-textual (pronome d8iticos e anaf6ricos, tempos verbais, conectivos, por exemplo) saD unicamente considerados dentro da estrutura da oraltao e do perfodo. Nesse sentido, cabe lembrar a posiltao de outros autores: Dubois (1973: 238) define gramatica como a descriltao completa da Ungua, ou seja, a explicita~ao dos princfpios de organizaltao da Ungua. Segundo 0 mesmo A., a gramatica compreende varias partes: uma fonologia (estudo dos fonemas e suas combinaltoes), uma sintaxe (regras de combinaltao dos morfemas e dos sintagmas), uma lexicologia (estudo do lexico) e uma semAntica (estudo do sentido dos fonemas e suas combinaltoes). Trask (1993: 121 e 122), por sua vez, define gramatica como 0 sistema que organiza morfemas e palavras em unidades maiores (particularmente em frases) e, tambem, como a descri~ao desse sistema. Os autores citados ilustram 0 ponto de vista vigente, que limita a gramatica ao Ambito da palavra e da frase, com a eventual inclusao de urn capftulo dedicado a Fonetica e a Fonologia. Essa lirni~ao corresponde ao objetivo tradicionalmente atribufdo a gramatica: buscar as regularidades e irregularidades de urn dado sistema lingiifstico (Hartmann e Stork (1972: 48)), ou seja, descrever de forma sistematica e exaustiva uma Ungua. Ora, essa busca de sistematizaltao exclui 0 texto, unidade em cuja construltao empregam-se os elementos do sistema lingiifstico, mas que nao pertence propriamente a esse sistema. Mario Vilela inclui em sua obra urn capftulo dedicado ao texto, mas dela exclui a fonetica e a fonologia. A op~ao do A. 6 devida ao fato de ele partir de duas n0lt0es basicas: signo lingiifstico e pIanos lingiifsticos. Para a definiltao de signo, 0 A. retoma as id6ias de Saussure (1975: 79 e ss.), que considera 0 signo uma unidade bilateral, formada pela associaltao de urn significante e de urn significado, componentes 671 a que Vilela denomina, respectivamente, forma e conteudo. Quanto aos pIanos lingilfsticos, 0 A. os define como os sub-sistemas que formam 0 sistema ou inventario comunicativo dos meios lingilfsticos. A no~lio de plano lingUfstico associa-se 0 conceito de constru~lio: seguindo as ideias da Escola de Praga, 0 A. admite que as unidades do plano inferior tern por fun~lio construir as do plano superior. 0 A. estabelece quatro nfveis de constru~lio: plano morfematico (morfemas), lexical ou lexematico (palavras e grupos que equivalem a palavras), sintatico (grupos de palavras ou sintagmas e frases), textual (a~oes comunicativas ou textemas). 0 A. ainda fala nos pIanos semmtico e fonol6gico, embora deixe implfcito que nlio se trata de pIanos de constru~lio, ja que neles nlio estiio associados a forma e 0 conteudo. 0 A. tambem salienta que 0 texto constitui urn plano lingilfstico, mas nlio pertence ao sistema, pois nlio "6 urn fen6meno produzido ou recebido superficialmente como algo linguisticamente linear" (p. 14). Cabe acrescentar que 0 A. considera que 6 preciso integrar os varios pianos, pois, nas unidades comunicativas, entrecruzam-se elementos dos vllrios pIanos (grupos de palavras, frases, textos). Na sequencia do trabalho, serlio comentadas, separadamente, as tres partes da obra: Gramatica da palavra, Gramatica da frase, Gramatica do texto.
o A. inicia 0 capftulo considerando a palavra (ao lado da frase) uma das
unidades basicas da lfngua e menciona as dificuldades para definir palavra, especialmente porque se trata de urn termo de emprego muito amplo. Procurando superar 0 problema, palavra 6 definida como a menor unidade aut6noma, isohivel, portadora de significado e fun~lio, e passfvel de assumir varias formas (no caso das palavras flexivas). Essa defini~lio retoma a no~lio de forma livre (Bloomfield (1933: 160», como tal entendida aquela que, por si, pode constituir uma frase; aIem disso, 0 conceito estabelecido valoriza essa unidade e permite que se caia na tenta~lio de evitar esse termo, conforme prop5e Martinet (citado por Dubois (1973: 327». Na sequencia do capftulo, 0 A. trata da dificuldade em definirem-se as diferentes categorias gramaticais (modo como ele designa as classes de palavras) e menciona os tres crit6rios utilizados para essa classifica~lio: semanticos, morfol6gicos, sintaticos. 0 A. menciona que as categorias tradicionais surgiram a partir de crit6rios formais e semmticos, mas na defini~lio dessas categorias entrecruzam os criterios mencionados. Para superar esse problema, e proposta uma classifica~lio baseada em criterios sintaticos (fun~iio da palavra e lugar por ela ocupado na frase), formais e combinat6rios. Veja-se a defini~lio de verbo (p. 59): - verba: palavra declarativa, predicado da frase, conjugavel, designa estados de coisas (estados, processos e a~oes). Nessa defini~iio, 0 significado categorial (designa estado de coisas) e subsidiaria em face dos aspectos sintaticos e formais. A discusslio dos criterios de classifica~lio de palavras e a proposi~lio de criterios consistentes e adequados constitui urn merito desta obra: em geral, as gramaticas nlio discutem os criterios de classifica~lio e ainda apresentam defini~oes prontas e acabadas. 672 Siio expostas, a seguir, as diferentes categorias gramaticais (ou classes de palavras): verbo, substantivo, artigo, pronome, adjetivo, numeral, adverbio, preposi~iio, conjun~iio, interjei~iio. 0 A. res salva, porem, que as interjei~oes niio constituem parte da ora~iio, mas integram-se no discurso. Cada uma dessas classes e caracterizada por seu papel na frase e no discurso, pelas categorias· gramaticais a elas associadas e pela rel~iio com os outros termos da ora~iio. Pode-se tomar como exemplo 0 verbo, a que siio atribuidas as seguintes propriedades: a) determina, como predicado, 0 numero de actantes; b) tern associadas as categorias de tempo (ordena~iio temporal), modo (atitude do falante), voz (perspecviza~iio do acontecer verbal), aspecto (decurso do acontecer verbal); c) relaciona-se com 0 sujeito pela concordlincia. Cada urn desses tra~os e devidamente explicado, 0 que leva a compreender 0 papel do verba na estrutura~iio da frase. Ha uma preocupa~iio em caracterizar cada classe de palavras a partir de seus tra~os intrlnsecos e do papel que elas exercem na estrutur~iio dos niveis ou pIanos superiores (frase e texto). Essa postura e coerente com a proposta do A.: considerar os elementos lingiifsticos como elementos significativos, que cumprem seu papel na estrutur~iio dos pIanos superiores. No entanto, cabe acrescentar que a discussiio seria mais rica e proveitosa se 0 capItulo tambem discutisse 0 papel dos morfemas na estrutura~iio das palavras (deriva~iio e flexiio). 0 que foi dito justifica-se pelo seguinte: as categorias associadas a cada classe de palavras (numero, genero, pessoa, tempo, voz, modo, aspecto) realizam-se, geralmente, por meio de morfemas especfficos. Da mesma forma, 0 emprego de prefixos e sufixos permite atribuir a urn dado vocabulo diferentes matizes significativos, 0 que tern implica~oes na signific~iio global da frase e do texto.
o A. inicia 0 capitulo com a especifica~iio do domfnio da sintaxe: a frase
(unidade basica do processo) e 0 grupo de palavras (sintagma), e os meios formais empregados para construir essas duas unidades. Na seqUencia do capitulo, siio definidas as rela~oes sintaticas. Para tanto, 0 A. distingue as rela~oes paradigmaticas (entre unidades que podem ocorrer num mesmo contexto) e as rela~oes sintagmaticas (entre unidades que podem ocorrer num mesmo contexto). Essas ultimas, por sua vez, siio divididas em rela~oes lexico-semlinticas (relacionadas aos pressupostos semlinticos de cada palavra) e rela~oes gramaticais. Estas ultimas constituem as rela~oes sintaticas e agrupam-se em tres categorias: a combin~iio predicativa, a subordin~iio (combina~iio hipotatica) e a subordin~iio (combina~iio paratatica). Considerando que a combina~iio predicativa pode ser encaixada entre os casos de subordina~iio, ha apenas duas modalidades de rela~oes sinmticas, a hipotaxe e a parataxe. As rela~oes sintaticas siio expressas por determinados meios lingUisticos (a concordlincia, a reg8ncia, a posi~iio, a entoa~iio). Cabem aqui algumas observa~oes: inicialmente 0 fato de que nenhum desses processos de rel~iio e explicitado pelo A. com a devida profundidade; alem disso, a regencia niio e vista como uma rel~iio de dependencia entre dois termos (Carone (1991: 21», nem e associada a no~iio da valencia, mas dela se diz unicamente que "a palavra regente determina a forma da 673 palavra que dela depende". Alem disso, 0 A. trata dos sinais de pontua~ao dentro da entoa~ao. Ora, os sinais de pontua~ao relacionam-se apenas parcialmente com a expressao da entoa~ao; a esse respeito, Dubois (1973: 383) aponta duas outras fun~oes dos sinais de pontua~ao: indicar os limites entre os diversos constituintes da frase ou entre as frases que constituem 0 discurso, e, ainda, indicar diferentes coordena~oes e subordina~oes entre proposi~oes. Ao tratar da frase, 0 A. distingue entre frase (proposi~ao que configura urn dado estado de coisas) eo enunciado, que constitui urn fato de discurso, correspondente a uma unidade de comunica~ao integrada num acontecimento comunicativo concreto. 0 enunciado pode ser formado por unidades de diferentes pianos ou nfveis: uma palavra, uma frase, urn texto; alem disso, ele caracteriza-se por atualizar urn determinado modelo abstrato. Ainda na se~ao dedicada a frase, 0 A. classifica a frase quanto a forma (coordenada ou subordinada), a pros6dia e ao modelo semlintico, segundo criterios usuais na gramatica. A parte mais relevante dessa se~ao e aquela dedicada ao conteudo semlintico da frase, pois nela verifica-se a integra~ao do sintatico com 0 discursivo. Ao discorrer acerca dos componentes da semlintica frasica, 0 A. menciona dois tipos de componentes: a) os componentes denotativos, ontol6gicos ou referenciais, representado pelos nomes (ligados ao mundo extra-lingiifstico), os quais representam os actantes de urn verbo; b) os componentes do conteudo comunicativo: local e tempo; modalidade (expressao da atitude do falante); componente emocional; enfatiza~ao ou desenfatiz~iio. 0 merito do reconhecimento desses pianos esta no fato de que 0 modelo proposto considera a frase nao uma entidade abstrata, mas urn tipo de constru~ao que combina a expressiio de urn estado de coisas com a expressao da situacionalidade e das atitudes do falante. Encerram 0 capftulo dedicado a sintaxe considera~oes acerca dos grupos de palavras, assim entendida a combina~ao hierarquica de dois ou mais signos lingiifsticos distintos que mantem entre si rela~oes sintaticas ou semlinticas. Os grupos de palavras sao formados por duas (ou mais) palavras autossemlinticas (lexemas), entre as quais existe uma rela~ao sintatica de subordina~ao. 0 A. discute os grupos verbais, nominais e adjetivais. Os grupos verbais sao formados por urn verbo em forma infinita (ou nominal) e mais 0 sujeito ou complementos ("0 aluno prometeu fazer os trabalhos de casa"); os grupos verbais apresentam urn nucleo (nome e seus determinantes) e adjuntos complementos dependentes do nome ("A longa perman@ncia do carro no lugar proibido") e; os grupos adjetivais, formado adjetivo e complementos ("0 discurso adeguado ao momento). A preocupa~ao com os grupos de palavras, entidades intermediarias entre a palavra e a frase, revela a preocupa~ao constante do A. com a integra~ao dos diferentes pianos lingiiisticos, pela hierarquiza~ao das unidades que formam esses pianos.
o A. inicia 0 capitulo dividindo a lingiifstica de texto em gramatica de texto e
pragmatica. A lingiifstica de texto tern por fun~iio "descrever, de modo sistematico, as condi~oes e as regras de constitui~ao do texto e a explicar 0 seu sentido em ordem a sua recep~ao" (p. 312), com 0 objetivo de tornar transparente a estrutura tematica do texto. 674 A gramatica de texto, por sua vez, compreende a sintaxe textual (rnicro-estruturas que colaboram na constru~iio do texto, como os tempos verbais) e a semAntica textual (modo como 0 significado textual 6 constitufdo). 0 objeto da pragmatica textual 6 a fun~iio ou sentido do texto numa dada situa~iio comunicativa. Com a divisiio exposta, verifica-se que 0 A. situa 0 texto como 0 "locus" que integra unidades de vlirios pIanos lingUfsticos. Embora ele niio constitua uma unidade estrutural, de sua constitui~iio participam tanto elementos estruturais (palavras, frases e o sentido das mesmas), como elementos situacionais e cognitivos de natureza pragmatica. Essa perspectiva integradora toma-se mais nftida quando 0 A. situa a frase como menor unidade do texto e menciona 0 valor coesivo das rnicro-estruturas textuais (coesiio fonol6gica: ritmo, rima, entoa~iio; coesiio morfol6gica: meios sintliticas e rel~oes de referencia); ao lado dessas unidades menores, existem as macro-estruturas, que se situam no dornfnio cognitivo ou semSntico (coesiio textual, sentido ou tema textual). Essas unidades siio unificadas pela articula~iio tema-rema, que perpassa os pIanos micro e macro-estrutural; a16m disso, M entre esses pIanos uma rela~iio dia16tica, que obriga a urn duplo trajeto: da frase ao texto, do texto a frase. o A. niio chega a definir texto, mas expoe as condi~oes de textualidade (coesiio, coerencia, rela~oes de sentido, aceitabilidade, informatividade, intextualidade). Tambem 6 estabelecida a distin~iio entre texto e discurso. 0 texto, caracterizado pelas condi~oes ja expostas, distingue-se do discurso porque neste ultimo levam-se tambem em conta as condi~oes de produ~iio, numa situa~iio particular de enunci~iio. Na seqUencia do capftulo, 0 A. aprofunda a discussiio de alguns conceitos ligados as no~oes de texto e textualidade: tema textual, referencia e correfer8ncia, tipos de textos. Na discussiio desses conceitos verifica-se, como sempre, a integr~ao dos diferentes pIanos lingilfsticos.
A analise da Gramatica de M. Vilela revela que se trata de uma obra
inovadora, niio s6 por introduzir urn capftulo referente a texto, mas igualmente por ela ser caracterizada pela busca da integr~iio entre os vlirios pIanos lingilfsticos. Essa busca de integr~iio - como se viu - decorre diretamente da perspectiva do A., que privilegia os sentidos das diversas unidades e 0 fato de as unidades de urn determinado plano participarem da constru~iio de outros pIanos.
As outras acep~oes mencionadas por Dubois siio: a) descri~iio dos morfemas
gramaticais e lexicais, 0 estudo de suas formas (flexiio) e de suas combina~oes para formar palavras (forma~iio de palavras) ou frases (sintaxe); trata-se de uma acep~ao oposta a fonologia; b) descri~iio dos morfemas gramaticais (oposta a fonologia e ao lexico); c) modelo de competencia ideal que estabelece a rela~iio entre 0 som (representa~iio fon6tica) e 0 sentido (interpret~iio semAntica); este 6 0 sentido da gramatica gerativa. RESUMO: Este texto constitui uma resenha da Gramatica da LIngua Portuguesa, de Mario Vilela. Enfatiza-se que 0 trabalho discute 0 papel dos elementos lingUfsticos na construfiio dos diferentes nfveis ou pianos lingUfsticos: palavra, frase, texto.
BLOOMFIELD, L. (1953) Language. New York: Holt, Rinlhart and Winston.
CARONE, F. B. (1991) Morfossintaxe. Siio Paulo: Atica. DUBOIS, J. (1973) Dictionnaire de Linguistique. Paris: Larousse. HARTMANN, R. R. K. e STORK, F. C. (1972) Dictionary of Language and Linguistics. New York: John Wiley. SAUSSURE, F de (1975) Curso de LingUfstica geral. Trad. de A. Cheline, J. P. Paes e I. Blikstein. 7. ed. Siio Paulo: Cultrix. TRASK, P. L. (1993) A Dictionary of Grammatical Terms in Linguistics. London: Routledge.