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PROJETOS PEDAGÓGICOS INTERDISCIPLINARES NA CLASSE

HOSPITALAR DO ESPAÇO ACOLHER

Gilda Maria Maia Martins Saldanha 1-SEDUC/PA


Denise Corrêa Soares da Mota 2-SEDUC/PA
Ana Rita Fontes Silva3-SEDUC/PA
Micheline Banhos de Oliveira4-SEDUC/PA
Rita de Cássia Reis Rosa Figueiredo 5-SEDUC/PA

Grupo de Trabalho - Educação, Saúde e Pedagogia Hospitalar


Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

O artigo tem como objetivo apresentar a organização do trabalho educacional desenvolvido


pelos professores da Secretaria de Estado de Educação do Estado do Pará-SEDUC, na classe
hospitalar do Espaço Acolher. O enfoque principal é apresentar as ações interdisciplinares por
meio de projetos pedagógicos desenvolvidos com mulheres ribeirinhas vítimas de acidentes
de motor na Amazônia. O Espaço Acolher é uma casa de apoio que assegura o atendimento
humanizado às mulheres que sofreram escalpelamento acidental por motor de embarcações na
Amazônia paraense necessitando a realização de tratamento especializado na Fundação Santa
Casa de Misericórdia do Pará-FSCMPA. O escalpelamento é a retirada de maneira brusca do
couro cabeludo causando sérias cicatrizes e mutilações na cabeça, rosto e pescoço na maioria
das mulheres que sofrem o acidente. O tratamento é longo e doloroso. A escolaridade dessas
alunas é garantida pelo atendimento da classe hospitalar, com um quadro de professores e
pedagogos, que desenvolvem suas atividades diariamente de forma interdisciplinar. O texto
apresentar três projetos pedagógicos interdisciplinares que compõe a materialização do
currículo na classe hospitalar do Espaço Acolher, a saber: Imagens do Universo Amazônico
na Classe Hospitalar do Espaço Acolher; Águas na Amazônia: globalização, sustentabilidade

1
Mestrado em Educação pela Universidade Federal do Pará. Professora da Classe hospitalar do Espaço Acolher
e Pedagoga da Fundação Centro de Hematologia e Hemoterapia do Estado do Pará. gmartinsal@hotmail.com
2
Especialização em Currículo. Graduação em Pedagogia pela Universidade do Estado do Pará. Professor
responsável pelo Espaço Acolher. E-mail: denisesoares20@gmail.com
3
Graduação em Educação Artística. Professora de Artes da Classe Hospitalar. E-mail:
anaritafontess@gmail.com
4
Graduação em Bacharelado e Licenciatura em Geografia pela Universidade Federal do Pará, especialista em
Orientação Educacional pela Universidade Cândido Mendes e em Tecnologia em Educação pela Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro, professora de Geografia e Informática Educativa da Classe Hospitalar
do Espaço Acolher. E-mail: banhos.m@gmail.com
5
Mestranda em Ciência da Educação. Especialista em Educação Inclusiva. Especialista em Língua Portuguesa.
Professora na Classe Hospitalar do Espaço Acolher. Professora da Classe Hospitalar do Hospital João de Barros
Barreto. E-mail:ritareisrosa@hotmail.com

ISSN 2176-1396
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e preservação e Chuvas Literárias. Os resultados mostram que os conteúdos curriculares


desenvolvidos por meio de projetos pedagógicos foram mais bem apreendidos pelo fato de
terem sido relacionados com as experiências de vida desses sujeitos. De igual maneira foi
facilitado o processo de aprendizagem, a socialização, a comunicação e a interação com os
colegas de grupo a partir do aprender a pensar e agir coletivamente.

Palavras-chave: Classe Hospitalar. Escalpelamento. Interdisciplinaridade.

Introdução

O Espaço Acolher é uma casa de apoio que assegura o atendimento humanizado às


mulheres que sofreram escalpelamento acidental por motor de embarcações na Amazônia
paraense necessitando a realização de tratamento especializado na Fundação Santa Casa de
Misericórdia do Pará-FSCMPA.
O escalpelamento é a retirada de maneira brusca do couro cabeludo causando sérias
cicatrizes e mutilações na cabeça, rosto e pescoço na maioria das mulheres que sofrem o
acidente. Encaminhadas a capital paraense são tratadas pela FSCMPA, que hoje se tornou
referência no atendimento integral a esses pacientes oferecendo total assistência, da chegada
até o retorno seguro aos seus municípios de origem.
O Espaço Acolher está organizado em suas ações de forma a atender as diversas faixas
etárias, desde crianças, adolescentes, jovens e pessoas idosas. Também promove ações de
educação e saúde a partir da atuação de uma equipe multidisciplinar formada por profissionais
de diversas áreas, como: Assistentes Sociais, Psicólogos, Enfermeiros, Pedagogos,
Professores, Bolsistas da Universidade Estadual do Pará e demais profissionais de apoio.
E para compor a integralidade na assistência, o Governo do Estado do Pará por meio
da Secretaria de Estado de Educação implantou no ano de 2011 a classe hospitalar no Espaço
Acolher visando assegurar o direito à educação para os alunos ali atendidos durante o
tratamento prolongado por inúmeras cirurgias reparadoras.
Assim, a Classe hospitalar do Espaço Acolher apresenta como proposta um trabalho
estruturado, com atendimentos específicos, para cada nível de ensino, com ações de
escolarização fundamentadas em projetos pedagógicos interdisciplinares que são planejados a
partir da realidade e experiências das alunas.
As alunas do 1º e 2º ciclos (1º, 2º, 3º 4º e 5º anos) trabalham com cadernos
pedagógicos individualizados, devidamente preparados de acordo com o nível de
aprendizagem de cada criança e baseado nos conteúdos curriculares de cada ciclo.
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Da mesma forma, materiais pedagógicos de apoio são construídos pelos próprios


professores da classe hospitalar partindo das realidades regionais dos diversos municípios do
Pará.
Para os 3º e 4º ciclos (6º, 7º, 8º, 9º anos) os cadernos pedagógicos são
interdisciplinares, confeccionados por áreas de conhecimentos.
Na educação de Jovens e Adultos - EJA toda a dinâmica de trabalho é desenvolvida a
partir da concepção teórica e metodológica freireana, onde a organização das atividades
pedagógicas é decorrente dos temas geradores surgidos pelos diálogos com as alunas nas
atividades diárias. Todo o trabalho educativo tem a parceria da Universidade Estadual do
Pará, por meio do Núcleo de Educação Paulo Freire- NEP, dando o suporte técnico no
referencial teórico freireano.
É baseado nessa organização curricular e metodológica que o presente texto pretende
apresentar três projetos pedagógicos interdisciplinares que compõe a materialização do
currículo na classe hospitalar do Espaço Acolher, a saber: Imagens do Universo Amazônico
na Classe Hospitalar do Espaço Acolher; Águas na Amazônia: globalização, sustentabilidade
e preservação e Chuvas Literárias.

Desenvolvimento

Pensar o currículo para a Classe Hospitalar de alunas advindas de contextos


ribeirinhos da Amazônia requer conhecer esse universo natural com seus saberes e culturas.
Para Lima (2013, p.92-93),

A produção literária a respeito da Amazônia tem mostrado que os povos que


ocuparam essa região, desde seus tempos primitivos, são detentores de um universo
cultural extremamente rico. Em suas práticas cotidianas profundamente ligadas à
natureza, esses povos mobilizavam uma diversidade de saberes em relação às águas,
a terra, à mata e outros.

Segundo dados do IBGE (2010), a extensão territorial do Pará é de aproximadamente


1.247.954,666 km², com 144 municípios, sendo que maior parte desses tem influência
hidrográfica. Assim, para as populações ribeirinhas os rios e os barcos são os elos de
socialização entre os indivíduos. A rua é o próprio rio, é ele que dá acesso à vida social e leva
ao trabalho, a escola, a igreja, ao lazer, aos familiares e amigos. O rio é esse espaço de
satisfação de necessidades materiais e de construção de simbologias de vida e cultura.
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Entendendo que as alunas do Espaço Acolher estudam temporariamente na classe


hospitalar, na cidade de Belém do Pará, mas são oriundas das mais diversas comunidades e
escolas ribeirinhas; a proposta educacional da Classe Hospitalar tem como princípio cultivar o
sentido de pertencimento e territorialidade dessas educandas.
Para a realização das atividades curriculares rompe-se com o trabalho fragmentado do
processo de produção de conhecimento partindo para um trabalho interdisciplinar.
Na interdisciplinaridade, para Lück (2010, p.43),

Busca-se estabelecer o sentido de unidade na diversidade, mediante uma visão de


conjunto, que permita ao homem fazer sentido dos conhecimentos e das informações
dissociados e até mesmo antagônicos que vem recebendo, de tal modo que possa
reencontrar a identidade do saber na multiplicidade de conhecimentos.

Assim, a classe hospitalar se propõe desenvolver ações pedagógicas utilizando os


saberes e linguagens do universo ribeirinho amazônico partindo dos conhecimentos
individuais e coletivos dos residentes do Espaço Acolher.
Desta forma, optou-se por trabalhar os conteúdos curriculares de forma integrada nas
diversas áreas do conhecimento, a saber:
a. Área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias: Língua Portuguesa,
Redação, Literatura, Arte, Educação Física, Inglês e Espanhol.
b. Área de Ciências Humanas e suas Tecnologias: História, Geografia e Vida
Cidadã (Sociologia e Filosofia).
c. Área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias: Física, Química e Biologia.
d. Área da Matemática e suas Tecnologias: Álgebra, Geometria, Gráfica e
Tabelas.

Para Etges (2011, p.87-88)

O ato de ensinar é o processo de transposição do saber posto, é essencialmente um


deslocamento do saber para estruturas, que, especialmente em estágios que
correspondem ao início da vida escolar, agem no nível de coordenações sensíveis,
motoras e representativas.

Baseado nessa ideia o educando ao adquirir estruturas fundamentais do pensamento


deve ser estimulado a autonomia do pensamento para transformações do mundo cotidiano.
Na prática, o currículo na classe hospitalar do Espaço Acolher assim se materializa por
meio dos seguintes projetos pedagógicos interdisciplinares:
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Projeto: “Imagens do Universo Amazônico na Classe Hospitalar do Espaço Acolher”.

O objetivo do projeto é investigar as diferentes culturas e linguagens das alunas


ribeirinhas, interligando-as aos conteúdos curriculares. Utilizando para isso o recurso do
universo das artes visuais (imagens) e plásticas.
Para suporte técnico conta-se como o apoio da professora/fotógrafa Mary Anne
Frazão, que é professora de filosofia e sociologia do Ensino Médio e Superior e participa
missão humanitária da Estação de Pesquisa Ferreira Pena. A mesma autorizou a utilização de
seu acervo de imagens do universo amazônico para todas as atividades propostas pelo projeto.
Também com a parceria da professora de arte-educação e artista plástica Ana Rita
Fontes Silva com ações de releitura das imagens ribeirinhas e criação de novas representações
por meio do fazer artístico.
O projeto impulsiona o processo ensino aprendizagem dessas alunas, com a confecção
de materiais pedagógicos que partem dos saberes e fazeres desses sujeitos.
Freire (2006) entende que a construção do conhecimento é contínua e envolve
variáveis que vão além do cognitivo, como abrange o sensitivo, o motor, o estético, o
intuitivo, o emocional, e outros aspectos.
Portanto, a opção para se utilizar a arte visual e plástica nesse processo de construção
do saber visa motivar a socialização das experiências desses alunos. A leitura das imagens
fotográficas produz significado às informações que o aluno possui, enquanto que a releitura
dessas obras, por meio das artes plásticas, propicia a recriação ou reconstrução dessas
imagens num outro contexto, com novo sentido do objeto, interpretada e produzida pelo
sujeito que contextualizou.
Assim, “Ler uma obra seria, então, perceber, compreender, interpretar a trama de
cores, texturas, volumes, formas, linhas que constituem uma imagem”. Perceber
objetivamente os elementos presentes na imagem, sua temática, sua estrutura. (PILLAR,
1999, p.15).
Da mesma forma, o aluno do Espaço Acolher ao realizar a leitura e releitura de
imagens das localidades ribeirinhas, a partir das narrativas fotográficas da pesquisadora e
fotógrafa Mary Anne Frazão, retratará a identidade cultural de sua localidade, tais como: a
fauna, flora, os rios, os elementos arquitetônicos das cidades em que moram, costumes,
crenças, dentre outros.
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Também a utilização da informática educativa, com a utilização dos softwares, nas


práticas interdisciplinares tem facilitado todo esse processo.
Todo esse saber cultural serve de subsídios teóricos para a contextualização do
conteúdo curricular e para referenciar resultados de pesquisas.
Ações propostas:
 Aplicação do instrumental de Pesquisa Socioantropológica. A pesquisa
socioantropológica está sendo realizado em parceria com o Núcleo de Educação Popular Paulo Freire-
NEP, da Universidade do Estado do Pará- UEPA.
 Roda de conversa com a fotógrafa Mary Anne Frazão. O objetivo da atividade é
envolver os alunos com o mundo da fotografia. Também, promover a interação com a autora para
conhecimento por parte dos alunos, das histórias relativas a cada imagem revelada.
 Visita monitorada ao Parque Ambiental do Utinga para estudo e fotografia do
ambiente natural. O Parque Ambiental do Utinga tem uma área de 1.340 hectares e é a maior área de
conservação da natureza com proteção integral da Região Metropolitana de Belém.
 Produção textual a partir das imagens amazônicas. Esta ação objetiva produzir textos
que reflitam o universo das alunas por meio de imagens fotográficas.
 Oficina de artes plásticas a partir das imagens, com releitura das imagens ribeirinhas e
criação de novas representações por meio do fazer artístico.
 Visita monitorada: Belém histórica e Parques Zoobotânicos.
 A organização de materiais pedagógicos interdisciplinares: Caderno pedagógico
ribeirinho- letramento e alfabetização, dicionário Amazônico e cadernos pedagógicos
interdisciplinares por área de conhecimento.
 Vernissage com releituras das imagens produzidas pelos alunos do Espaço
Acolher.

Projeto: “Águas na Amazônia: globalização, sustentabilidade e preservação”.

O objetivo do projeto é proporcionar às crianças, jovens e adultos atendidos pela


classe hospitalar do Espaço Acolher um olhar global sobre as águas amazônicas, através de
descobertas científicas e da ressignificação do imaginário, tendo em vista os conceitos de
sustentabilidade e preservação.
A água é o elemento que nos garante a sobrevivência e está presente em todos os
momentos da existência dos seres vivos. Hoje além de satisfação biológica, a água fornece
energia fazendo parte do conjunto das matérias-primas mais importantes da atualidade. Desta
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forma as águas na Amazônia são globalizadas já que são fontes de geração de energia através
da construção de hidrelétricas que favorecem a produção industrial.
A sustentabilidade na Amazônia é uma das diretrizes para a preservação das águas na
região e está diretamente relacionada às questões globais mais complexas, mediante as
relações capitalistas de produção que intensificam a aceleração e o incalculável uso dos
recursos hídricos.
Porém, o universo das águas na Amazônia vai além das discussões sobre
sustentabilidade, preservação e globalização. A água para as populações ribeirinhas está em
todos os setores e é vista como significado de alimento, transporte, energia, moradia, além de
mantenedora do ecossistema amazônico.
Dentro desse contexto, o projeto curricular o projeto “Águas na Amazônia:
globalização, sustentabilidade e preservação”, vem fornecer aprendizagens significativas aos
alunos uma vez que a maioria desses sãos ribeirinhos e tem nessas águas o maior referencial
de sobrevivência.
O projeto apresenta três Unidades Contextualizadas: o significado de água; a água:
contemporaneidade e uso; e o universo amazônico da água. Os objetivos operacionais para as
Unidades Contextualizadas são:
 Perceber conceitos globais de sustentabilidade e preservação voltados para o
espaço amazônico a partir do uso da água na região.

 Recriar o Ambiente (Cenário), como forma reproduzir em tempo e espaço, para


uma maior compreensão dos assuntos discutidos em classe.

 Observar a importância dos rios Nilo, Tigres, Eufrates e Amazonas e


compreendendo os fatores que influenciaram e os legados deixados das civilizações antigas
para os dias atuais.

 Fomentar no aluno a investigação, imaginação e vivências, como forma de


instrumento de aprendizagem através da pesquisa, da produção de textos, pinturas, esculturas
e instalações.

 Aproximar o aluno, da leitura textual com as imagens, vídeos, fotografias e


obras de arte.

 Familiarizar as educandas com a linguagem poética, navegar na poesia para


que elas sintam prazer em ler, ouvir e criar poemas.
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 Conhecer a Declaração Universal dos Direitos da água.

 Confeccionar material sobre a água (Scrap /Mini telas).

 Expor cartazes, painéis e varais.

 Realizar roda de conversa para que as alunas expressem a visão que elas têm sobre o
termo água, depois serão analisados alguns conceitos inerentes a esse assunto, tendo como ponto de
partida o cotidiano de cada uma delas.
 Discutir com os alunos os interesses de cada um no que se refere as propostas a serem
desenvolvidas a partir do tema (livros, vídeos, revistas, Web, fotos, imagens e obras de arte).
 Organizar projetos individuais por aluno, de acordo com as propostas de atividades.
 Socializar os projetos, com apresentação seus trabalhos em uma exposição
ambientada.
 Pesquisar utilizando a internet, sobre a distribuição da água no planeta Terra e as
formas de poluição e contaminação, para que possamos discutir conceitos de preservação.
 Visitar o Museu Emílio Goeldi e à Universidade Federal do Pará no Centro de
Geociências e Meteorologia para que as alunas conheçam as pesquisas acadêmicas realizadas a
respeito da bacia hidrográfica da Amazônia e seus resultados para a população ribeirinha.
 Promover debates para sistematização do que aprenderam nas visitas a academia
através de um debate em sala de aula.
 Realizar Instalação: “Paisagens e Símbolos Culturais Amazônicos” apresentado na
1ª Jornada Interestadual de Apoio à Educação do Escolar em Tratamento de Saúde, no dia 27/05/2007,
na Universidade Federal de São Paulo-UNIFESP. O objetivo da instalação foi apresentar os símbolos
culturais e paisagens ribeirinhas representados em sombrinhas pelas alunas do Espaço Acolher. As
pinturas foram idealizadas a partir de releituras das obras do artista plástico paraense Odair Mindello,
que fizeram parte da exposição denominada Real Sociedade Amazônica, apresentando um rico colorido
e símbolos da cultura local. As sombrinhas foram utilizadas como suporte para pinturas por se tratar de
um símbolo cultural conhecido - as constantes chuvas na Região.
Para compor a Instalação sons como: de trovões, de motor de embarcações, da chuva, do canto
de pássaros, dentre outros foram ouvidos. Também pequenos objetos símbolos da cultura local que
puderam ser apreciados com o tato e olfato.
Todo esse contexto convida as pessoas a refletir sobre o magnífico universo cultural
da Região Amazônica.
 Realizar Instalação: “Águas juninas”: Construção de estandartes juninos
identificando o universo da fauna amazônica representando os animais de água doce. Esses
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foram feitos em desenhos e pinturas coloridas confeccionados pelas alunas da classe


hospitalar do Espaço Acolher após pesquisa nas áreas de ciências da natureza, códigos e
linguagens.
Toda a pesquisa e processo de construção estão contemplando os componentes
curriculares previstos na proposta triangular em Arte da: apreciação, contextualização e a
produção artística de forma interdisciplinar com as outras áreas de conhecimento.
O projeto também organizou a elaboração de uma ficha técnica contendo informações
sobre os animais de água doce da região amazônica, apresentada juntamente com os
respectivos estandartes.

Projeto: “Chuvas Literárias”

O objetivo do projeto é familiarizar as alunas-pacientes com a linguagem literária para


que sintam prazer em ler, ouvir e criar poemas e narrativas.
Como objetivos operacionais:
1-Levar as alunas-pacientes a explorar e utilizar as diferentes formas de leitura para se
expressar interagir com os outros e ampliar seus conhecimentos;
2- Enriquecer o vocabulário, favorecendo a socialização;
3-Despertar e desenvolver o prazer da leitura.
Todo o projeto fundamenta-se nos seguintes Componentes Curriculares: habilidades
da norma culta: escrita e oral; atividades para o desenvolvimento da atenção, criatividade,
imaginação, observação e a memória; interação com a linguagem escrita, poema em suas
diversas formas e estudo dos gêneros textuais e sua importância para o cotidiano.
As ações se materializam por meio das seguintes atividades:
 Visita à feira do Livro.

 Realização de estudos da Biografia e obra de autores: - José de Alencar (autor


Nacional) - José Antônio Neto (autor Paraense) -Poeta Vinicius de Moraes e outros, por meio
de rodas de conversas, pesquisas na internet e leitura de livros dos autores.

 Confecção de Livro literário em tecido.

 Confecção de Almofadas poéticas;

 Atividades orais e escritas de poemas, poesias, contos, advinhas, paródias,


cordel, sarau, lendas etc.
 Releitura das imagens de Mary Anne Frazão.
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 Rodas de leituras.
 Apresentações musicais.
 Dramatizações de fábulas.
 Exploração de histórias em quadrinhos.
 Pesquisas na internet.
 Confecção de cartões poéticos.

 Caixas dos poetas.

 Criação do Varal de Poesias.

 Confecção de painéis literários.

 Reprodução da natureza com a arte do SCRAP BOOK.


Todo esse trabalho tem como objetivo estabelecer relações entre as experiências do leitor e
os objetos de leitura, sejam imagens ou textos, tornando a leitura desses textos e o processo de ensino
e aprendizagem envolvente e significativo.

Considerações Finais

A experiencia da equipe da Secretaria de Educação do Pará, por meio da classe


hospitalar, com alunas que sofreram escalpelamento vem se dando de forma interdisciplinar
por áreas de conhecimento.
Esse formato de prática de ensino tem contribuído para assegurar o direito a educação,
cidadania e resgate da autoestima dos alunos atendidos.
No que se refere ao currículo, as práticas pedagógicas evidenciam que o estabelecimento de
relações entre as experiências dos alunos e os componentes curriculares tornam o processo de ensino e
aprendizagem envolvente e significativo.
Quanto ao fazer pedagógico do Espaço Acolher tem como princípio norteador o ato de
reflexão dos alunos residentes sobre sua realidade enquanto moradores da região Amazônica, e como
cidadãos da sociedade global. Assim, essas reflexões fundamentam os conteúdos curriculares do
ensino fundamental, médio e da educação de jovens e adultos nesse espaço.
As demais ações ali desenvolvidas têm como foco principal a utilização do recurso das
artes visuais e plásticas pelos alunos, com o incentivo à produção, criação, idealizações do seu
mundo interior (desejos, sonhos, referências) buscando externá-los por meio de produções
artísticas como a pintura, colagem, desenho, dentre outros.
Assim, as produções artísticas realizadas de forma coletiva proporcionam trocas de
experiências mútuas que contribuem para o crescimento emocional e afetivo dos alunos,
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despertando nesses jovens o sentimento de pertencimento e o orgulho do modo de viver dessa


gente.
Entretanto, nas ações observadas no fazer docente percebeu-se que os saberes locais,
em nada estão dissociados dos globais. Exemplo disso é a utilização de autores de referências
tanto locais como nacionais.
Da mesma forma, a utilização do computador com suas diversas mídias tem facilitado
a aprendizagem e a aquisição de novos conhecimentos pelos alunos, isso porque as redes de
comunicação estão cada vez mais disponíveis à população, e o acesso a informação mais
democratizada, por meio das redes sociais, internet e demais meios de comunicação, mesmos
com dificuldades de acesso em municípios mais longínquos da região amazônica.
Como a avaliação de todo o processo educacional materiais didáticos interdisciplinares são
reconstruídos ao final de cada período letivo a partir das realidades regionais, como: Caderno
pedagógico ribeirinho- letramento e alfabetização, dicionário Amazônico e cadernos pedagógicos por
área de conhecimento.
Os resultados mostraram que os conteúdos curriculares foram mais bem apreendidos
pelo fato de terem sido relacionados com as experiências de vida desses sujeitos. De igual
maneira foi facilitado o processo de aprendizagem, a socialização, a comunicação e a
interação com os colegas de grupo a partir do aprender a pensar e agir coletivamente.

REFERÊNCIAS

ETGES, Norberto Jacob. Ciência, interdisciplinaridade e educação. In: JANTSCH, Ari Paulo
e BIANCHETTI, Lucídio (Orgs.). Interdisciplinaridade: para além da filosofia do sujeito.9.
ed. atualizada e ampliada-Petrópolis, RJ: Vozes,2011.

FREIRE, Paulo; Macedo, Donaldo. Alfabetização: leitura do mundo, leitura da palavra, 4ª


Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2006.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Estados@


Pará. Rio de Janeiro, 2010. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/estadosat/perfil.php?sigla=pa. Acesso em: 13 mar. 2015.

LIMA, Natamias Lopes de. Saberes Culturais e modos de vida de ribeirinhos: a relação com o
currículo em ação. In: ABREU, Waldir Ferreira de, OLIVEIRA, Damião Bezerra, SILVA e
Érbio dos Santos (Orgs.). Educação Ribeirinha: saberes, vivências e formação no campo. 2ª
Ed. GEPEIF-UFPA, Belém, 2013.

LÜCK, Heloísa. Pedagogia interdisciplinar: fundamentos teórico-metodológicos. 17. ed.


Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.
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PILLAR, Analice Dutra. A educação do olhar do ensino das artes. Porto Alegre: Mediação,
1999.

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