Sei sulla pagina 1di 51

DEDICATÓRIA

AGRADECIMENTOS

Inicialmente gostaria de manifestar a minha gratidão a Deus, sem Sua bênção,


protecção e lições seria impossível chegar a este ponto da minha jornada acadêmica,
rendo graças pela família que me foi atribuída por Ti Senhor. Obrigado por ter posto as
pessoas certas nos momentos certos, todas elas contribuíram para o meu crescimento
pessoal e estudantil.

A todos professores do curso de engenharia civil, o meu muito obrigado por todo o
comprometimento, dedicação e partilha de conhecimento, graças ao vosso trabalho e
disciplina foi possível solidificar as bases do meu conhecimento científico tornando-me
capaz de desenvolver o trabalho de conclusão de curso.

Também gostaria de demostrar toda a minha gratidão aos meus colegas de curso que
colaboraram para a conclusão deste trabalho, foi uma honra caminhar ao vosso lado
durante este tempo de formação mostrando o verdadeiro sentido da palavra
companheirismo, obrigado por me estenderem a mão quando mais precisei.

É com grande satisfação que agradeço também a empresa Odebrecht, por todo
esforço levado a cabo para a formação de novos quadros, ao engenheiro, Carlos Chavez,
economista Tzitzik e ao engenheiro Silva, verdadeiros líderes, convosco aprendi mais
do que engenharia.

Agradeço a empresa Betoteste, por ter aberto as portas do seu laboratório, e permitir
que se realizassem os ensaios.

Por último e não menos importante gostaria de demostrar todo o meu apreço a minha
família e em especial aos meus pais. Sempre estiveram do meu lado incondicionalmente,
obrigado por fazerem de mim o que eu sou hoje, palavras não chegariam descrever o
tamanho do amor que sinto por vocês.
DECLARAÇÃO DO AUTOR

Declaro que este trabalho escrito foi levado a cabo de acordo com os regulamentos
da Universidade Jean Piaget de Angola (UniPiaget) e em particular das Normas
Orientadoras de Preparação e Elaboração do Trabalho de Fim de Curso, emanadas pelo
Departamento de Altos Estudos e Formação Avançada (DAEFA). O trabalho é original
excepto onde indicado por referência especial no texto. Quaisquer visões expressas são
as do autor e não representam de modo nenhum as visões da UniPiaget. Este trabalho,
no todo ou em parte, não foi apresentado para avaliação noutras instituições de ensino
superior nacionais ou estrangeiras.
ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

Letras maiúsculas latinas:

A Acção de acidente

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ASTM American Society for Testing and Materials

Ac Área da secção transversal de betão;

Act Área da secção transversal do betão traccionada;

As Área da secção de uma armadura para betão armado;

As.min Área da secção mínima de armaduras;

As,máx Área da secção máxima de armaduras;

Asw Área da secção das armaduras de esforço transverso;

CBR California Bearing Ratio

CP Acção das cargas permanentes


E efeito de uma acção

EC Eurocódigo

Ed valor de cálculo do efeito das acções

Ed,dst valor de cálculo do efeito das acções não estabilizantes

Ed,stb valor de cálculo do efeito das acções estabilizantes

ELU Estado Limite Último;

ELS Estado Limite de Serviço;


Es Valor de cálculo do módulo de elasticidade do aço de uma armadura para betão


armado
F acção

Fd valor de cálculo de uma acção

Fk valor característico de uma acção

Frep valor representativo de uma acção

G acção permanente

Gd valor de cálculo de uma acção permanente

Gd,inf valor de cálculo inferior de uma acção permanente

Gd,sup valor de cálculo superior de uma acção permanente

Gk valor característico de uma acção permanente

Gk,j valor característico da acção permanente j

Gkj,sup /Gkj,inf valor característico superior/inferior da acção permanente j

ISE Interação Solo-Estrutura

M Momento

𝑀𝐸𝐷 Momento flector actuante

MEF Métodos dos Elementos Finitos

𝑀𝑅𝐷 Momento flector resistente

Msd Momento actuante de cálculo

NBR
 Norma Brasileira Regulamentadora

P valor representativo de uma acção de pré-esforço (ver as EN 1992 a EN 1996 e


EN 1998 a EN 1999)

PP Peso próprio do elemento

Q acção variável


Qd valor de cálculo de uma acção variável



Qk valor característico de uma acção variável isolada


Qk,1 valor característico da acção variável de base da combinação 1

Qk,i valor característico da acção variável acompanhante i

R resistência

REBAP Regulamento de Estruturas de Betão Armado e Pré-esforçado


Rd valor de cálculo da resistência


Rk valor característico da resistência

Sc Sobrecarga


SPT Standard Penetration Test

X propriedade de um material


Xd valor de cálculo de uma propriedade de um material


Xk valor característico de uma propriedade de um material

Letras minúsculas latinas:

ad valor de cálculo de uma grandeza geométrica


 ak valor característico de uma grandeza geométrica


anom valor nominal de uma grandeza geométrica

fcd valor de cálculo da tensão de rotura do betão à compressão;

fck valor característico da tensão de rotura do betão à compressão aos 28 dias de


idade;

fyd valor de cálculo da tensão de cedência das armaduras

l Comprimento do vão 


u deslocamento horizontal de uma estrutura ou de um elemento estrutural


w deslocamento vertical de um elemento estrutural

Letras maiúsculas gregas:

a alteração feita ao valor nominal da grandeza geométrica para determinados fins


de cálculo, como, por exemplo, para a avaliação dos efeitos de imperfeições

Letras minúsculas gregas:

 Coeficiente parcial (de segurança ou de utilização)

f Coeficiente parcial relativo às acções, que tem em conta a possibilidade de


desvios desfavoráveis dos valores das acções em relação aos seus valores
representativos

F coeficiente parcial relativo às acções, que também cobre incertezas de


modelação e desvios nas dimensões

g coeficiente parcial relativo às acções permanentes, que tem em conta a


possibilidade de desvios desfavoráveis dos valores das acções em relação aos
seus valores representativos

G 
 Coeficiente parcial relativo às acções permanentes, que também cobre


incertezas de modelação e desvios nas dimensões

G,j coeficiente parcial relativo à acção permanente j


Gj, sup / Gj, inf coeficiente parcial relativo à acção permanente j a utilizar na determinação dos
valores de cálculo superiores/inferiores


I coeficiente de importância (ver a EN 1998)

m coeficiente parcial relativo a uma propriedade de um material

M coeficiente parcial relativo a uma propriedade de um material, que também


cobre incertezas de modelação e desvios nas dimensões
P coeficiente parcial relativo a acções de pré-esforço (ver as EN 1992 a EN 1996
e EN 1998 a EN 1999)

q coeficiente parcial relativo a acções variáveis, que tem em conta a


possibilidade de desvios desfavoráveis dos valores das acções em relação aos
seus valores representativos

Q 
 
 Coeficiente parcial relativo às acções variáveis, que também cobre incertezas


de modelação e desvios nas dimensões

Q,i coeficiente parcial relativo à acção variável i


Rd coeficiente parcial associado à incerteza do modelo de resistência


Sd coeficiente parcial associado à incerteza do modelo das acções e/ou dos seus
efeitos

 Factor de conversão


 coeficiente de redução


𝜓0 coeficiente para a determinação do valor de combinação de uma acção variável

𝜓1 coeficiente para a determinação do valor frequente de uma acção variável

𝜓2 coeficiente para a determinação do valor quase-permanente de uma acção


variável

 diâmetro de um varão


min menor diâmetro da armadura transversal

μ momento flector reduzido



RESUMO
ABSTRACT
ÍNDICE GERAL

1. INTRODUÇÃO 1
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 1
1.2 IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA 3
1.3 JUSTIFICATIVA DO TEMA 4
1.4 OBJECTIVOS 5
1.4.1 GERAL 5
1.4.2 ESPECÍFICOS 5
1.5 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO 6
1.6 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO 7
1.7 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO 8

2. REFERENCIAL LITERÁRIO 9
2.1 MECÂNICA DOS SOLOS – HISTÓRIA E SURGIMENTO 9
2.1.1 PERÍODO PRÉ-CLÁSSICO 14
2.1.2 PERÍODO CLÁSSICO – FASE I 16
2.1.3 PERÍODO CLÁSSICO – FASE II 18
2.1.4 PERÍODO MODERNO 19
2.1.5 FORMAÇÃO DOS SOLOS 23
2.2 FUNDAÇÕES 24
2.2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS 24
2.2.2 FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS 25
2.2.3 FUNDAÇÕES PROFUNDAS 25
2.2.3.1 Estacas 26
2.2.3.2 Classificação quanto ao processo de execução 27
2.3 GEOTECNIA 30
2.3.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS 30
2.4 MECÂNICA DOS SOLOS 31
2.4.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS 31
2.4.2 FORMAÇÃO DOS SOLOS 31

3. CAPÍTULO II – PRODUÇÃO TÉCNICA 32


3.1 CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA 32
3.2 CAMPANHAS DE INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS 32
3.2.1 ENSAIOS UTILIZADOS 33
3.2.1.1 Ensaios “In Situ” 33
3.2.1.2 Ensaios laboratoriais 34
3.2.2 RESULTADOS OBTIDOS 34
3.2.2.1 Sondagem a percussão do tipo SPT 34
3.2.2.2 Laboratório 35

4. CAPÍTULO III – EXECUÇÃO DO PROJECTO 36


4.1 ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS 36
4.2 MEMÓRIA DESCRITIVA 36

5. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS 37

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 38
1.
INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O ramo da engenharia civil em Angola, vem ganhando cada vez mais destaque fruto
das suas novas descobertas, técnicas, materiais e conceitos construtivos. Apesar de
sofrer uma ligeira paralisação, consequência do actual cenário económico que o Pais
enfrenta, engenheiros e arquitectos, reinventam-se com o objectivo de encontrar novas
oportunidades há muito escassa para criação de projectos arrojados em locais cada vez
mais desafiadores.

A execução destes projectos, só é possível quando se tem domínio aprofundado


sobre o comportamento do solo por se tratar do suporte das estruturas, como afirmavam
(BRADY e WEIL, 2012, p. 9), «trabalhar com solos naturais (...), não é como trabalhar
com concreto ou aço. Propriedades como a capacidade de carga, a compressão, a
resistência ao cisalhamento e a estabilidade são muito mais variáveis e difíceis de serem
previstas (...).»

Neste contexto, o actual trabalho de conclusão de curso, apresenta o


desenvolvimento do “projecto de fundação”, de uma residência a ser implantada sobre
solo com comportamento expansivo (argilas moles), com respeito aos critérios
arquitectónicos pré-estabelecidos no projecto, e elucidando os conceitos científicos de
maior relevância para a sua realização.

1
Dada a especificidade do projecto, para o fim de auxílio e verificação durante o
dimensionamento estrutural, foram empregues ferramentas computacionais para análise
de estrutura tridimensional baseando-se no método dos elementos finitos nomeadamente
Robot Structural Analysis (ROBOT), e o Sap2000, uma vez que os softwares de cálculo
automático têm uma relevância cada vez mais significativa na realidade de projecto de
estruturas. Commented [UdMO1]: Analisar a relevância desta frase.

Todos os dados obtidos a partir dos estudos realizados e de relatórios fornecidos,


serviram para garantir em primeiro lugar a segurança da estrutura em relação às acções
a que está sujeita, sem entrar em colapso e, a obtenção de uma solução mais económica.

2
1.2 IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA

Na zona costeira do país, província de Luanda, no município de Belas, construções


recentes têm apresentado patologias ligadas em geral a fundação, estendendo-se para
outros elementos como vigas, pilares e paredes, causando deformações capazes de
comprometer a integridade da estrutura. Hoje está comprovado que a origem de todas
as causas está no comportamento do solo, utilizado como base da estrutura. Mesmo
dispondo dos mais variados recursos capazes de fornecer dados precisos, mesmo com
toda tecnologia de ponta ao alcance, ainda assim existe um défice de estudos
aprofundados quando se trata de geotecnia no nosso país.

FALCÃO (1953), fez menção sobre esse tipo de solo denominados por expansíveis, Commented [UdMO2]: Referência bibliográfica?

são caracterizados pela sua variação de volume (ampliação ou retração). A


expansibilidade ou aumento do volume, acontece quando está em contacto com água ou
quando é reduzida a pressão exercida sobre eles. Já a contração, é definida pela redução
do seu volume, seja pelo aumento da pressão exercida sobre eles ou quando secos,
surgindo fendas.

Eles podem gerar problemas da seguinte natureza: deslocamentos excessivos de


pavimentos, levantamento de estruturas causando distorções e trincas, decomposição de
superfícies de plataformas e de taludes, perda de resistência em taludes e terrenos de
apoio de fundações, aumentos consideráveis de carga em fundações profundas, etc.

3
1.3 JUSTIFICATIVA DO TEMA

Manifestou-se o interesse no actual tema para contribuir nos estudos relacionados à


fundação e geotecnia, descrevendo passo a passo as soluções adoptadas em um
empreendimento, que poderão servir de exemplo para futuras construções, pois é do
domínio comum que a qualidade do solo determina sua capacidade de suporte.

Nele serão abordados os procedimentos necessários para combater riscos


provenientes deste tipo de solo de fundação, tento em conta que a escolha do tipo de
fundação, é usualmente feita de acordo com as investigações geotécnicas, com os dados
estruturais, com a geologia da região, e sobretudo com o orçamento disponível.

4
1.4 OBJECTIVOS

Os objectivos do trabalho estão divididos em geral e específicos, descritos nos itens


a seguir:

1.4.1 Geral

Este trabalho tem por finalidade criar um projecto de fundação seguro em termos de
estabilidade que melhor se adapte ao local definido para sua implantação, utilizando
métodos usuais que permitam prever a capacidade de carga da estrutura de acordo com
as solicitações que será submetida, sendo apresentada também a solução estrutural
escolhida fundamentando as razões na qual serviram de pretexto para a sua adoção, o
pré-dimensionamento e por último o dimensionamento.

1.4.2 Específicos

 Avaliar o comportamento de uma fundação, dimensionar o elemento de


fundação;

 Determinar a extensão, profundidade e espessura das camadas do subsolo até


uma determinada profundidade;

 Descrever o solo de cada camada, sua compacidade ou consistência, cor e outras


características indispensáveis;

 Determinação da profundidade do nível do lençol freático.

5
1.5 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO

Em qualquer construção, a combinação entre o solo e o elemento de fundação


desempenham um papel fundamental para o equilíbrio da superestrutura. Para além de
ser uma das etapas iniciais de uma obra, a etapa de execução do projecto de fundação é
muito delicada, e quando não se presta a devida atenção surgem graves patologias, a
negligência pode colmatar em custos, retrabalho e no pior dos casos perda de vidas
humanas. Sendo assim, a relevância deste trabalho pode ser considerada indispensável,
visto que segundo SILVA (1973), parte do solo da província de Luanda, é composto por Commented [UdMO3]: Referência Bibliográfica?

uma fração de minerais argilosos principalmente na zona costeira.

Fundações devem ser minuciosamente elaboradas, para (BRITO, 1987), elas têm
um impacto positivo no orçamento da obra quando os custos de sua execução são no
máximo de 10% do valor total do orçamento, ao passo que, o custo atinge níveis muito
alto quando se negligencia todas as etapas do projecto de fundação, desde a sua
concepção até a execução.

Quando se trata de fundação todo o cuidado deve ser redobrado, porque qualquer
erro pode resultar na perda total da estrutura, ainda que seja necessário um valor
adicional para melhorar a pesquisa relacionado ao solo local, a capacidade técnica, a
qualidade dos ensaios, é conveniente do que não eliminar todos os riscos observados.

6
1.6 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

O trabalho delimita-se na elaboração de um projecto de fundação, de uma residência


duplex (dois pavimentos), no município de Belas, englobando estudos geológicos,
geotécnicos, sabendo que o solo local não é o mais apropriado para construção, por
possuir na sua composição elementos propriedades… Commented [UdMO4]: Continuidade

7
1.7 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Para um melhor esclarecimento o presente trabalho está dividido em 6 capítulos


incluindo o presente, e mais um Anexo para certificar o cumprimento do que se pretende
alcançar em todas as fases da elaboração do projecto. No primeiro capítulo são
apresentadas as considerações iniciais que direcionam o trabalho, é enunciada a
justificativa do tema, os seus objectivos, terminando com a organização do trabalho. Commented [UdMO5]: Pode não estar correcto.

O capítulo 2 apresenta o referencial literário com todos os conceitos essenciais


relacionados ao tema em questão, definindo geotecnia, mecânica dos solos, fundações,
seus tipos, metodologias de caracterização geotécnica, também são expostos os ensaios
de campo “in situ” e laboratoriais usados no caso em estudo.

O capítulo 3 aborda tudo que está diretamente ligado a edificação, são descritas as
bases arquitectónicas, dados e a tipologia da edificação, a composição de terreno de
fundação e as diferentes solicitações. Aborda também os modelos para a análise de
estruturas com comportamento elástico, e são apresentados critérios de
dimensionamento de estacas.

Já no capítulo 4 aborda-se a interacção solo-estrutura, de acordo com os objectivos


do trabalho, nomeadamente, a modelação do solo com molas de Winkler e modelação
do solo com elementos finitos (comportamento elástico).

O capítulo 5 apresenta os resultados dos casos de estudo e a conclusões do trabalho.


O anexo A, apresenta critérios de verificação ao punçoamento e corte propostos por
regulamentos de vários países. O anexo B contém plantas de sondagens e perfis
geológicos dos terrenos de fundação dos casos em estudo. Por fim o anexo C contém
desenhos em Revit da planta baixa, cortes, fachadas, perspectiva e a cobertura do
projecto. Commented [UdMO6]: Deixar para o final do trabalho

8
2.
REFERENCIAL LITERÁRIO

2.1 MECÂNICA DOS SOLOS – História e Surgimento

A imposição do homem conhecer a natureza sempre foi imprescindível. Desde


épocas mais remotas busca exaustivamente entender o meio em que vive com o
objectivo de melhorar a sua condição de vida, facto este que lhe permitiu sobreviver em
segurança para a continuidade de sua espécie. Para MAZOYER & ROUDART (2009),
foi no período Neolítico1 que o homem começou a cultivar a terra, aprendendo muito
cedo que parte de sua alimentação provém dos solos, e dada sua importância para a vida
na Terra, desenvolveu mecanismos para sua exploração. Com o tempo, seu
conhecimento aumentava, e várias descobertas surgiam, passando a utilizar o solo não
só para o cultivo, mas atribuiu-lhe novos fins, sobre o assunto NETO & FERRAZ (1998,
p.17) dizia que:

«Mais sensível ao clima que outros animais do Paleolítico2, o homem procurou abrigar-
se primeiro em grutas e cavernas, e onde não existiam tratou de improvisar abrigos
imitando-as, pois alguns tinham os seus pisos a 2 m abaixo do nível do terreno adjacente,
enquanto outros eram escavações verticais, como poços rasos. (...). Já tivesse alguma
noção empírica sobre a resistência e estabilidade dos materiais da crosta terrestre. Tais
choupanas eram de madeira, leves, portanto, mas quando construída a beira dos lagos,
sobre estacas (...) devem ter proporcionado ideias adicionais sobre resistência dos solos.»

1
2

9
Até a data da publicação de sua obra, SKEMPTON (1985) afirmava que, nada se
tinha documentado sobre a primeira vez que se utilizou o solo no campo da engenharia
civil, ou seja, como material de construção, a probabilidade de se ter perdido esta
informação é grande, porém, CAPUTO (1996), realçava que a compreensão da
mecânica dos solos como hoje é conhecida iniciou entre o final do século XVII e o
princípio século XVIII.

DAS (2006), dizia que durante décadas a engenharia de geotecnia (mecânica dos
solos) foi abordada de maneira empírica, negligenciando qualquer princípio ou método
científico, o efeito desta forma de observação limitada foi uma sucessão de
experimentos com resultados maioritariamente negativos. Para CAPUTO (1996), os
estudos realizados por grandes nomes marcantes na história da ciência, como o caso de
VAUBAN et al (1687), embora importantes remontavam a uma visão tubular das Commented [UdMO7]: Nota de rodapé

propriedades do solo, suas pesquisas posicionavam-se muito aquém da realidade uma


vez que o solo era considerado como o conjunto de grãos não-cimentados homogêneo,
isto é, monofásico, resultado da fragmentação, obedecendo apenas princípios físicos.

Ainda que essas teorias tenham contribuído para a compreensão da mecânica dos
solos como é conhecida actualmente, VARGAS (1977 apud CAPUTO, 1996, p.1)
manifestava a ideia de que:

«Esse modo de encarar os problemas relativos aos solos constitui, diga-se


assim, o período clássico, ou, a engenharia-matemática do Século X, que,
malsucedida pela falsa concepção do que seja um problema de engenharia,
como atestam os sérios acidentes ocorridos, (...). Iniciou-se, assim, o que será
chamado período atual, que se caracteriza essencialmente por um
desenvolvimento baseado em dados fornecidos pela experiência e pela
observação interpretada dos fenômenos, como eles efetivamente se passam
na natureza.»

O número de acidentes sucedidos em grandes obras crescia exponencialmente em


quase toda parte do mundo, de tal modo que comissões de investigação surgiram com o
objectivo de contrapor aos desastres de engenharia que ocorriam.

10
A título de exemplo de grandes acidentes, pode-se mencionar o célebre ocorrido
na Itália, a torre de Pisa inclinada. DAS (2006) relata que, a sua construção começou em
1173 d.C. com o crescimento da República de Pisa, seus vários estágios de construção
levaram mais de 200 anos, possui uma base circular com 20 metros de diâmetro, pesando
aproximadamente 15700 toneladas.

Projectada para a colocação do sino da Catedral de Pisa, na região norte do país.


Foi avistada uma ínfima inclinação quando já estavam materializados três dos sete
andares previstos no projecto, inicialmente a torre inclinou para leste, norte, oeste, e por
fim para o sul, ficando mais de 5 graus fora do prumo, ou seja, em relação ao eixo
vertical. Investigações mostraram que a inclinação resultou do recalque diferencial pelo
rebaixamento e adensamento do solo.

Figura 1 - Torre de Pisa tomada cerca 1890-1900

Fonte: Divisão de Impressos e Fotografias da Biblioteca do Congresso Washington D.C3

3 Disponível em: <https://www.loc.gov/pictures/resource/ppmsc.06581/?co=pgz >Acesso Mar. 2018.


11
Outros exemplos clássicos de grandes acidentes de engenharia são mencionados
por (CAPUTO, 1996, p. 2):

«Entre grandes acidentes ocorridos em quase todos os países e as


providências tomadas visando um esclarecimento da situação, citam-se,
como exemplos históricos, os que tiveram lugar no Panamá́, Estados Unidos,
Suécia e Alemanha. Assim, os sucessivos escorregamentos de taludes de terra
durante a construção do Canal do Panamá́, destacando-se os
escorregamentos de Cucaracha e Culebra, e nos Estados Unidos, as rupturas
de barragens de terra e os sucessivos recalques de grandes edifícios(...).
Igualmente na Suécia, face a uma série de escorregamentos em taludes de
ferrovias, (...). Em 1916 ocorria o tão citado escorregamento de Goteborg,
onde um muro de cais se deslocou 5 m para o lado do mar, notando-se, a
cerca de 90 m, um levantamento do fundo de alguns metros. Também na
Alemanha, devido aos acidentes com muros de cais e escorregamentos de
terra, em particular na construção do Canal de Kiel (...).» Commented [UdMO8]: Rever relevância dessa citação, se
possível optar por uma paráfrase por causa tamanho.

Figura 2 - Canal de Panamá “Deslizamento de terra no trecho Lírio do Oeste”

Fonte: Página Biblioteca Digital Mundial4

4Disponível em: <https://www.wdl.org/pt/item/3317/> Acesso em Mar. 2018.


12
A falta de estudo era clara e trouxe ao de cima a insuficiência e inconformidade
entre os princípios clássicos empregados e a realidade das construções com pouco tempo
de vida, a necessidade de se empregar novos conceitos de cálculo que refletem as
propriedades e comportamento do solo tornou-se prioridade. Cientistas da época
sentiram-se na obrigação de alterar os princípios até então considerados correctos e
impulsionados pelos vários problemas pertinentes ao solo, fundamentaram-se novas
teorias.

Tendo objectivos já traçados, nasce um novo paradigma na mecânica dos solos, Commented [UdMO9]: Rever bibliografia

datada a partir do final do século XVII e princípio do século XVIII. NETO & FERRAZ
(1998), referem-se a este período, por ser um marco de grandes avanços verificados na
engenharia, e pelo facto de ser o ponto inicial da divisão entre a engenharia civil e
militar.

Maior parte das teorias desenvolvidas neste período, baseavam-se nos estudos
de Vauban, ele foi o pioneiro para a evolução da geotecnia. Foi o primeiro na criação de
plataformas para a artilharia no corpo das fortificações, para além de perceber a relação
das acções entre estruturas e solos, deixando assim escrituras para serem aprofundadas
pelas gerações vindouras.

Vauban das mais diversas profissões que possuía, foram as de engenheiro militar
e arquitecto que mais se destacaram, sob o domínio do Rei Louis XIV, tinha como
função criar estruturas para combater os ataques inimigos e proteger a França.

«Havia que tornar França defensável, cercar as terras em redor, evitar


riscos de incêndio e a penetração do inimigo, criar obstáculos ao atacante e
melhorar o design da arquitetura militar quer ao nível das técnicas utilizadas
para o seu ataque quer ao nível da proteção dos recursos e avanços
inimigos.»
(CARVALHO, 2012, p. n.p)

13
Skempton (1985), dizia que a evolução da mecânica dos solos foi marcada por 4
períodos até chegar ao actual, que podem ser divididos em:

1. Mecânica dos solos pré-clássica;


2. Mecânica dos solos clássica – Fase I;
3. Mecânica dos solos clássica – Fase II;
4. Mecânica dos solos moderna.

2.1.1 Período Pré-clássico

Para SKEMPTON (1985), este período inicial compreendido de 1700 a 1776,


desenvolveu-se a partir de teorias extraídas de experiências realizadas sobretudo por
Vauban. As principais contribuições, consistiam em estudos acerca de encostas naturais,
peso específico de diferentes tipos de solos, e em teorias empíricas que envolvem
empuxos (pressões) da terra e muros de arrimos, realizadas por: Henri Gautier, Bernard
Forest de Bélidor, François Gadroy, JJ Mayniel, J.R. Perronet, Rondelet, Feld, J. H. Commented [UdMO10]: Pode sair?

Lambert.

DAS (2006), dizia que, em 1717 Henri Gautier, investigou acerca de taludes
naturais de solo, realizando ensaios que lhe permitiu distinguir tipos, as propriedades
como o ângulo de repouso, peso específico e a permeabilidade de solos como: areia pura
(seca e limpa), terra comum e argila. Os seus estudos, apontavam um ângulo de repouso
para areia pura e terra comum, igual a 31º e 45º, respectivamente. Seus pesos específicos
sugeridos eram de 18,1 KN/m3 e 13,4 KN/m3. Com relação as argilas, H. Gautier apenas
destacou a permeabilidade, afirmando que estas são impermeáveis comparadas aos
demais.

Em seguida, no ano de 1729, Bernard Forest de Bélidor publicou o seu livro texto
"La Science des Ingénieurs Dans La Conduite Des Travaux de Fortification Et
d'Architecture Civile", para engenheiros civis e militares, onde para além de dar
continuidade ao trabalho de Gautier sobre os tipos de solos, referiu-se a pressões de
14
terra, e estabeleceu um novo critério de classificação, NETO & FERRAZ (1998, p. 23)
acrescentaram enfantizando que «(...), começando por rochas, dividindo as areias em
soltas e compactas, as terras em secas e húmidas e, depois da argila, lembra a
existência de terrenos turfosos, inadequados para fundações.»

Tabela 1.1- Classificação dos Solos de acordo com B.F de Bélidor


Peso Específico
Classificação KN/m3 lb/ft 3
Rocha - -
Areia firme ou dura até 16,7 até 106
Areia Compressível 18,4 117
Terra Comum (encontrada em locais secos) 13,4 85
Terra Fofa (principalmente silte) 16 102
Argila 18,9 120
Turfas - -
Fonte: DAS (2006)

Posteriormente, no ano de 1746, François Gadroy deu o seu contributo falando


de pressões que actuam sobre muros, efectuando ensaios laboratoriais, em que segundo
DAS (2006, p. 2), «observou a existência de planos de escorregamento no solo sob
ruptura». Para chegar a esta conclusão, criou um modelo de muro com aterro de areia
em uma caixa, que possuía dimensões reduzidas. Rondelet (1770), também realizou seus
estudos, com base em muros de arrimos, porém seus modelos em relação aos de Gadroy
eram maiores.

O engenheiro e arquitecto Jean Rodolphe Perronet, marca o ano de 1769,


«primeiro diretor da École des Ponts et Chaussées, escreveu sobre pontes, mas também
memória pioneira sobre estabilidade de taludes de terra, distinguindo já taludes
naturais e de aterros e apontando o efeito da água sobre sua instabilidade».
(NETO & FERRAZ, 1998, p. 23)

15
2.1.2 Período Clássico – Fase I

Ocorrida entre 1776 a 1856, teve a duração de 80 anos, e diferente do anterior,


este período para SKEMPTON (1985), foi conceituado maioritariamente por cientistas
franceses, começando por Charles Augustin de Coulomb em seu trabalho publicado em
1776, na qual apresentou uma nova teoria para calcular com exatidão a superfície de
deslizamento de um solo que exercia pressão sobre muro de arrimo.

Essa teoria sobre pressões de solo em muros de arrimo, permitiu que Coulomb
chegasse a três afirmações como menciona NETO & FERRAZ (1998):

1. Durante um escorregamento no talude natural, forma-se uma cunha


encurvada na superfície deste;

2. A inclinação do talude forma com o plano horizontal, um ângulo que depende


do coeficiente de atrito;

3. A força de atrito no muro causada pelo talude, origina uma outra força
denominada empuxo, cujo o seu valor varia de acordo com a percolação da
água no solo do talude.

Jacques Frédéric Français (1820), estendeu o trabalho de Coulomb,


aprofundando o seu estudo relacionado aos solos coesivos sobre muros de arrimo,
aterros que suportam sobrecarga e acerca de taludes de escavações. O professor de
mecânica aplicada, Claude Louis Marie Henri Navier (1833), também acrescentou nos
estudos relacionados a solos coesivos, o seu foco foi a estabilidade do maciço tentando
prever o seu comportamento a longo prazo e com a infiltração de água. Commented [UdMO11]: Pode ser alterado.

De igual modo, no ano de 1984, Jean Victor Poncelet, contribuiu com suas
pesquisas para o desenvolvimento da mecânica dos solos nesta fase, foi o responsável

16
pela a utilização do símbolo 𝜙 para designar o ângulo de atrito, estabelecendo como
afirma DAS (2006, p. 3):

«método gráfico para determinar a magnitude da pressão lateral de terra


em muros de arrimo verticais e inclinados com superfície de solo na forma
de poligonais arbitrárias, também determinou a teoria do limite da
capacidade de carga para fundações rasas».

William John Macquorn Rankine (1857) encerrou com êxito esta época, em seu
trabalho sobre estabilidade de terra, apresentou uma teoria de tensões baseada no ângulo
de repouso 𝜑. Rankine considera a coesão c como algo temporário, destrutível pelo ar e
pela água e pelas sequências congelamento degelo dos solos. Com base na citada teoria
do campo de tensões, derivou as conhecidas expressões para os coeficientes de empuxo,
pressão ativa e passivo, e uma fórmula dando a capacidade de carga de uma fundação a
profundidade D, mas sem considerar sua largura B. É de assinalar-se que os
desenvolvimentos referidos acima, colocados por Rankine em seu Manual de
Engenharia Civil (de 1862 e que, segundo Skempton, permaneceu em uso na Inglaterra
até bem dentro do século XX), só em 1915 vieram a receber a consideração da coesão
c, por Bell (empuxos e capacidade de carga, esta a primeira expressão que incluía c).

17
2.1.3 Período Clássico – Fase II

18
2.1.4 Período Moderno

19
Foi Vitrúvio, mais uma vez, quem primeiro escreveu sobre eles, mas tratava-se de uma
série de recomendações, muito pertinentes, quanto á sua escavação, assentamento,
dimensões e verticalidade, principalmente quando usados como fundações, bem como
a importância dos seus contrafortes.

A grande experiência de Vauban foi adquirida na construção de cerca de 300


fortificações, umas poucas das quais sobre argilas, onde experimentou as dificuldades
peculiares a esse material. Vauban atuou também nos grandes trabalhos de canais
mandados fazer por Luís XIV. Mas nesse tempo, em virtude de muitos colapsos de
pilares de pontes mal fundados, os rios também ganharam atenção e as fundações de
pontes passaram a ser feias em ilhas artificiais. Ora, estas ilhas obstruíam o canal do
rio de tal maneira, que se voltou ao uso das ensecadeiras. Estas, agora esgotadas por
meio de bombeamento, eram em seguida escavadas por dentro até o nível de fundação
dos pilares. Como variante, de Labelye introduziu o uso dos caixões de madeira que
eram afundados para

no fim do Século XVIII e início do século XX, trouxe ao de cima a carência e


inconformidade entre as bases até então consideradas como correctas, e a realidade
observada nas construções com pouco tempo de vida. A falta de estudo era clara, e a
necessidade de novos princípios de cálculo tornou-se prioridade.

as grandes civilizações antigas desenvolveram-se ao longo das margens dos rios,


como o caso do rio Nilo (Egípto), Indo (Índia), Tigre e Eufrates (Mesopotâmia) e do rio
Huang Ho na China. Com elas foram surgindo grandes construções, como por exemplo,
as pirâmides de Gizé, construídas no auge da civilização do antigo Egipto, e os milhares
de pagodes5 construídos na China em 68 d.C,. com a chegada do imperador Ming de
Han (25-220 d.C.), considerado o segundo imperador da dinastia Han.

começaram a ser edificadas no Antigo Império, até ao século IV d.C. O momento


mais alto das construções foi registrado entre a Terceira Dinastia e a Sexta Dinastia,
2325 a.C. O que impôs desafios relacionados às fundações, estabilidade de encostas e
construção de câmeras subterrâneas.

5
Pagode é um termo em português que se refere a um tipo de torre com múltiplas beiradas, comuns na
China, no Japão, nas Coreias, no Nepal e em outras partes da Ásia. Muitos pagodes foram construídos
para fins religiosos, geralmente Budistas, por isso localizavam-se dentro dos templos.
20
Caputo (1996), estrutura, composição e comportamento do solo, começaram a
ser desenvolvidos em séculos passados, exatamente a partir do Século XVII, com
estudos realizados por grandes nomes marcantes na história da ciência, por exemplo
Vauban (1687), Coulomb (1773), Rankine (1856), Darcy (1856) e outros, cujo a
pesquisa consistia em considerar o solo como material resultante de fragmentações, com
propriedades homogêneas, sendo estudado sobretudo do ponto de vista matemático.

Entre grandes acidentes ocorridos em quase todos os países e as providências


tomadas visando um esclarecimento da situação, citam-se, como exemplos históricos,
os que tiveram lugar no Panamá, Estados Unidos, Suécia e Alemanha.

escorregamentos de taludes de terra durante a construção do Canal do Panamá,


destacando-se os célebres escorregamentos de Cucaracha e Culebra (fig. 1-1), e nos
Estados Unidos, as rupturas de barragens de terra

American Society of Civil Engineers resolveu, em 1913, nomear uma comissão,


sob a presidência de Cummings, para examinar e opinar sobre o que estava ocorrendo.
Uma das conclusões centrais do trabalho apresentado se referia à necessidade de se
exprimir quantitativamente as propriedades dos solos, estabelecendo ainda sua
classificação e dando ênfase à importância das partículas coloidais dos solos.

A qualidade do solo determina, de forma significativa, a natureza dos


ecossistemas das plantas e a capacidade da terra em sustentar a vida animal e a dos seres
humanos. À medida que nos tornamos mais urbanizados, menos contato direto temos
com o solo, e perdemos de vista o quanto dependemos dele para nossa prosperidade e

21
sobrevivência. A verdade é que, na rotura, nosso grau de dependência do solo tende a
aumentar, e não a diminuir.

É de recordar, entre outros, os problemas de fundações e de obras de terra que terão


surgido por ocasião das grandes construções representadas pelas pirâmides do Egito, os
templos da Babilônia, a Grande Muralha da China, os aquedutos e as estradas do Império
Romano.
Assim foram desenvolvidas as "teorias clássicas" sobre o equilíbrio dos maciços
terrosos, de sentido predominantemente matemático e sem o correspondente
ajustamento das suas conclusões à realidade física. Essas teorias, apesar das suas limita-
ções tão conhecidas, atualmente, desempenharam importante papel no desenvolvimento
dos estudos dos maciços de terra.

Esse modo de encarar os problemas relativos aos solos constitui, diga-se assim, o
período clássico, ou, como denomina o Prof. Milton Vargas, a "engenharia-matemática
do Século XIX", que, malsucedida pela falsa concepção do que seja um problema de
engenharia, como atestam os sérios acidentes ocorridos, cedeu lugar ao "caminho
fecundo da engenharia-ação do Século XX". Iniciou-se, assim, o que será chamado
perzodo atual, que se caracteriza essencialmente por um desenvolvimento baseado em
dados fornecidos pela experiência e pela observação interpretada dos fenômenos, como
eles efetivamente se passam na natureza.

A desintegração mecânica é causada pela ação de agentes físicos, tais como a ação
do calor do sol, do lixiviamento dos materiais finos, pela água das chuvas e o
carreamento de materiais, pela ação dos ventos, a decomposição química consiste na
desintegração da rocha pela alteração química de seus constituintes. Ela envolve uma
série importantes de reações químicas entre elementos da atmosfera e aqueles dos
minerais. Os grupos de reações químicas são os seguintes:
 Hidrólise;
 Dissolução;
 Oxidação.
22
A Mecânica dos Solos, que estuda o comportamento dos solos quando tensões são
aplicadas, como nas fundações, ou aliviadas, no caso de escavações, ou perante o
escoamento de água nos vazios, constitui-se numa Ciência de Engenharia, na qual o
engenheiro civil se baseia para desenvolver seus projetos. Este ramo da engenharia,
chamado de engenharia Geotécnica ou engenharia de Solos, costuma empolgar os seus
praticantes pela diversidade de suas atividades, pelas peculiaridades que o material
apresenta em cada local e pela engenhosidade frequentemente requerida para a solução
de problemas reais.

Para Fernandes (2008) considera-se solo, o maciço terroso heterogêneo, situado na


camada mais superficial da litosfera, formado pelo o intemperismo de rochas, por
desintegração mecânica e decomposição química.

2.1.5 Formação dos solos

De acordo com a sua origem os solos podem ser classificados em três grandes grupos
(FERNANDES, Manuel de Matos, 2008):
 Solos sedimentares;
 Solos residuais;
 Solo orgânico.
Segundo (FERNANDES, Manuel de Matos, 2008), afirma que:
«os solos sedimentares são aqueles que foram formados por acomulação, num
dado local ou depósito, de partículas minerais resultantes da decomposição e da
desintegração de rochas existentes num outro local. Os processos de transporte
de partículas para o depósito sedimentar incluem a gravidade, o vento e água,
quer água líquida, quer o gelo (glaciares)».

23
Já os solos residuais são aqueles que depois da sua formação mantêm-se no mesmo
local não sofrendo algum tipo transporte, geralmente ocupam o lugar da rocha que lhes
deu a origem. Os solos orgânicos são aqueles formados por restos de animais e vegetais
mortos.

2.2 FUNDAÇÕES
2.2.1 Considerações gerais

Fundações são os elementos estruturais responsáveis pela transmissão de cargas


provenientes de uma superestrutura para um terreno preparado antecipadamente,
(AZEREDO, 1988), essa transmissão pode ser feita de diferentes maneiras de acordo
com o tipo de fundação. Assim, as fundações devem ter resistência adequada para
suportar às tensões causadas pelos esforços solicitantes.

Para Velloso e Lopes (2012, p. 11) «As fundações são convencionalmente separadas
em dois grandes grupos», podendo ser superficiais ou direitas e profundas ou indireitas.

Os critérios de distinção entre elas são arbitrários variando desde a forma de


transmissão de carga, mecanismo de ruptura e a sua profundidade. Segundo Brito (1987)
nas fundações superficiais a transmissão de carga é feita pela base (resistência de ponta),
enquanto que nas fundações profundas pode ser feita pela base (resistência de ponta),
pela superfície lateral (resistência de fuste), ou pela combinação das duas. A
profundidade das fundações superficiais é igual ou inferior a 3 metros (FABIAN s.d.),
enquanto que as profundas são superiores a 3 metros.

24
2.2.2 Fundações superficiais

Para Terzaghi (1943), uma fundação superficial é aquela cuja largura 2b é igual ou
maior que a profundidade D da base da função. Elas podem ser agrupadas da seguinte
forma:
Bloco de fundação – Elemento de fundação de concreto simples, dimensionado de
maneira que as tensões de tração nele resultantes possam ser resistidas pelo concreto,
sem necessidade de armaduras.

Sapata isolada – Elemento de fundação em betão armado, dimensionado de modo


que as tensões de tração nele resultantes sejam resistidas por armaduras especialmente
disposta para este fim (por isso as sapatas têm menor altura que os blocos).

Sapata corrida – Sapata sujeita à acção de uma carga distribuída linearmente ou de


pilares em um mesmo alinhamento (às vezes chamada de baldrame ou de viga de
fundação).

Sapata associada – Sapata que recebe mais de um pilar.

Radier ou ensoleiramento geral – Elemento de uma fundação superficial que recebe


parte ou todos os pilares de uma estrutura.

2.2.3 Fundações profundas

Uma fundação é considerada profunda, quando a forma de transmissão das cargas


ao terreno é feita pela base, pela superfície lateral ou pela combinação das duas,
Geralmente está assente em profundidades superiores ao dobro de sua menor dimensão
em planta, e no mínimo 3 m, salvo justificativa. Elas podem ser divididas em:

25
 Estacas;
 Tubulões;
 Caixões.

2.2.3.1 Estacas

Estacas são peças alongadas, ou elemento estrutural de uma fundação profunda


podendo ser cilíndricas ou prismáticas, executadas com o auxílio de ferramentas ou
equipamentos, execução essa feita por cravação ou escavação, sem que haja descida de
um técnico ou operário em qualquer fase de sua execução. Elas podem ser classificadas
da seguinte forma:

 Quanto a forma de trabalho;


o Estacas de ponta: Capacidade de carga se dá com o apoio direito a uma
camada resistente;
o Estacas de atrito: Capacidade de carga se dá através do atrito lateral,
produzido contra o solo adjacente;
o Estaca mista: utiliza os dois efeitos.

 Quanto a forma de instalação no terreno:


o Cravação;
o Escavação ou perfuração do terreno;
o Reacção ou prensagem;
o Injecção de água.

 Quanto ao tipo:
o Madeira;
o Concreto;
o Aço;

26
o Mistas.

 Quanto ao processo de execução:


o Estacas moldadas in loco:
 Estacas tipo Franki;
 Estacas tipo Strauss;
 Estacas escavadas mecanicamente com trado helicoidal;
 Estacas tipo broca;
 Estacas tipo hélice contínua;
 Estacas escavadas lama bentonítica;
 Estacas injectadas: micro estacas e estacas-raiz.
o Estacas pré-fabricadas;
o Mistas (madeira+concreto, concreto+aço).

 Quanto ao efeito produzido no solo:


o Grande deslocamento;
o Pequeno deslocamento;
o Sem deslocamento.

2.2.3.2 Classificação quanto ao processo de execução

Estacas pré-fabricadas: São segmentos com seção quadrada, ortogonal, circular


vazadas ou não, cravada no solo (por percussão, prensagem ou vibração) com o auxílio
de equipamentos. Podem ser constituídas por um único elemento estrutural ou pela
associação de dois elementos, neste caso são chamadas de estacas mistas. Conforme o
tipo de material podem ser subdivididas em:
 Estaca de madeira;
 Estaca de betão;
 Estaca de aço.
27
As estacas de madeira são peças retas descascadas devidamente tratadas utilizadas
sempre a baixo do N.A, pois não sofrem ataques de organismos aeróbicos e organismos
inferiores, que delas se alimentam causando o seu apodrecimento.

Vantagens e desvantagens:

 Facilidade de emendas;

 Duração ilimitada quando utilizada abaixo do N.A;
 Oferece grande resistência a solicitação oriunda de levantamentos e transportes;
 Dificuldade de encontrar;

 Só para ser utilizada abaixo do N.A; 

 Ataque por microrganismos quando utilizada acima do N.A; 

 Limitações de carga;
 Alto custo;
As Estacas de betão pré-fabricado, são segmentos de betão armado ou pré esforçado
com seção quadrada, ortogonal, circular vazadas ou não, cravada no solo com o auxílio
de ferramentas ou equipamentos. Não é recomendado o seu uso em terrenos com
matacões ou camadas com pedregulhos.

As estacas pré esforçadas:

São fundidas utilizando um betão com fck ≥ 40 MPA;


Com bitola de 5.0, 6.0 e 8,0 mm.

As estacas armadas:
 Podem ter secção: cheia ou vazada;
 As estacas vazadas são fabricadas por centrifugação ou por extrusão e
normalmente, possuem secção redondas ou sextavadas;
 As estacas pré-moldadas são fornecidas em elementos com comprimentos
variáveis entre 4 e 12 metros;
28
 Quando existe necessidade de comprimentos maiores que 12 metros, as
estacas podem ser emendadas gerando o comprimento desejado;
 As emendas das estacas podem ser executadas pela união soldada de 2 anéis
previamente fundidos nas extremidades das estacas, garantindo uma
continuidade estrutural da estaca, ou pela utilização de luvas de aço, criando
uma rótula no local da emenda.

Vantagens e Desvantagens:

 Duração ilimitada quando abaixo do N.A. 


 Boa resistência aos esforços de flexão e cisalhamento. 


 Boa qualidade do concreto (pois é confeccionada em fábricas apropriadas).

 Diâmetro e comprimento precisos. 


 Controle do concreto feito em laboratório. 


 Boa capacidade de carga. 


 Durante o processo de fabricação, transporte pode haver Sobras e/ou quebras


gerando perdas significativas;
 Vibrações e ruídos em excesso;
 Baixa produtividade.
 Tubulação é um elemento de fundação de forma cilíndrica que transmitem as
cargas por compressão, onde pelo menos na sua fase final de execução, requer
a descida de um operário ou técnico.

 Caixão, elemento de fundação de forma prismática, concretado a superfície e


instalado por escavação interna.

29
𝐼𝑠𝑜𝑙𝑎𝑑𝑎𝑠
∗ 𝑆𝑎𝑝𝑎𝑡𝑎𝑠 {𝐶𝑜𝑟𝑟𝑖𝑑𝑎𝑠
𝐴𝑠𝑠𝑜𝑐𝑖𝑎𝑑𝑎𝑠
Superficiais: ∗ 𝐵𝑙𝑜𝑐𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑓𝑢𝑛𝑑𝑎çã𝑜
∗ 𝑅𝑎𝑑𝑖𝑒𝑟

{
𝑀𝑎𝑑𝑒𝑖𝑟𝑎
𝑃𝑟é − 𝑚𝑜𝑙𝑑𝑎𝑑𝑎𝑠 { 𝐴ç𝑜
𝐵𝑒𝑡ã𝑜
𝐸𝑠𝑡𝑎𝑐𝑎 𝑆𝑡𝑟𝑎𝑢𝑠𝑠
∗ 𝐸𝑠𝑡𝑎𝑐𝑎𝑠 𝐸𝑠𝑡𝑎𝑐𝑎 𝐹𝑟𝑎𝑛𝑘𝑖
𝐸𝑠𝑡𝑎𝑐𝑎 𝑡𝑖𝑝𝑜 𝑏𝑟𝑜𝑐𝑎
𝑀𝑜𝑙𝑑𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑖𝑛 𝑙𝑜𝑐𝑜
𝐻𝑒𝑙𝑖𝑐𝑜𝑖𝑑𝑎𝑙
Profundas:
𝐻é𝑙𝑖𝑐𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑡í𝑛𝑢𝑎
{ {𝐸𝑠𝑡𝑎𝑐𝑎𝑠 𝑖𝑛𝑗𝑒𝑐𝑡𝑎𝑑𝑎𝑠
𝐴 𝑐é𝑢 𝑎𝑏𝑒𝑟𝑡𝑜
∗ 𝑇𝑢𝑏𝑢𝑙õ𝑒𝑠 {
𝐴 𝑎𝑟 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑖𝑑𝑜
∗ 𝐶𝑎𝑖𝑥õ𝑒𝑠

2.3 GEOTECNIA
2.3.1 Considerações gerais

A Geotecnia é a aplicação de métodos científicos e princípios de engenharia para a


aquisição, interpretação e uso do conhecimento dos materiais da crosta terrestre e
materiais terrestres para a solução de problemas de engenharia. É a ciência aplicada de
prever o comportamento da Terra e seus diversos materiais, no sentido de tornar a Terra
mais habitável para as atividades humanas.

A geotecnia abrange as áreas de mecânica dos solos e mecânica das rochas, e muitos
dos aspectos de engenharia da geologia, geofísica, hidrologia e ciências afins.
Geotecnia é praticada tanto por geólogos de engenharia e engenheiros geotécnicos.

Exemplos de aplicação da geotecnia incluem: a previsão, prevenção ou mitigação de


danos causados por desastres naturais, como avalanches, fluxos de lama, deslizamentos
de terra, deslizamento de rochas, sumidouros e erupções vulcânicas. A aplicação
de solo, rocha e mecânica de água subterrânea para o projeto e realização predita das
estruturas de barro, tais como barragens. A previsão de design e desempenho das
fundações de pontes, edifícios e outras estruturas feitas pelo homem em termos de solo
subjacente e/ou rocha; e controle de enchentes e previsão.

Lida com o modo de como a natureza (o meio) se comportará com a construção de


obras de infra-estrutura. O meio pode ser o solo ou a rocha, ou seja, estuda a propriedade
do solo e das rochas, a fim de executar projetos de construção. Está ligada a mecânica
dos solos e a petrologia, bem como os demais ramos da Geologia.

30
Esta ciência lida com a interferência de obras de infra-estrutura de qualquer natureza
com a sua fundação, seja ela em solo ou rocha. O Engenheiro Geotécnico actua em
projectos de escavação, túneis, compactação de aterros, tratamentos de fundações,
instrumentação de obras, percolação de fluxos em solos e rochas, contenções entre
outros. A geotecnia também está ligada à terra mecânica, à petrologia e à todos os ramos
da geologia de uma forma geral.

2.4 MECÂNICA DOS SOLOS


2.4.1 Considerações gerais

Mecânica dos solos é um ramo da engenharia civil que tem por objectivo estabelecer
teorias que permitam explicar o comportamento mecânico e hidráulico de um maciço
terroso, quando está submetido a uma solicitação FERNANDES (2008). «Dessa
explicação derivam metodologias de previsão do comportamento sob as acções
impostas pelas estruturas que sobre eles ou no seu interior se pretende construir [...] O
comportamento mecânico refere-se ao modo como solo responde, em termos de
deformação, a alteração do estado de tensão impostas por aquelas estruturas. Aspecto
particularmente importante desse comportamento é a resistência que permite
estabelecer os estados de tensão para além dos quais o solo tende a exibir deformações
praticamente infinitas». (FERNANDES, 2008, p.28).

2.4.2 Formação dos solos

De acordo com a sua formação, Fernandes (2008), afirma que os solos podem se
agrupados em 3 grandes grupos:
 Solos residuais;
 Solos sedimentares
 Solos orgânicos

31
«Os solos sedimentares são aqueles que foram formados por acumulação, num dado
local ou depósito, de partículas minerais resultantes da decomposição e da
desintegração das rochas existentes noutro local. Os processos de transporte das
partículas para o depósito sedimentar incluem a gravidade, o vento e a água, quer a
água líquida, quer o gelo (glaciares) [...] solos residuais, por sua vez, são solos que
ocupam o lugar da rocha que lhes deu origem, a chamada rocha mãe». (FERNANDES,
2008, p.27).

3. CAPÍTULO II – PRODUÇÃO TÉCNICA

Para a execução do projecto de fundação, foram feitos estudos geológicos,


campanhas de investigações geotécnicas (ensaios “In Situ” e ensaios no laboratório),
bem como o levantamento de outros elementos essenciais tais como:

 Topografia;
 Dados sobre as construções vizinhas;
 Dados da estrutura a construir.

3.1 CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA

É indispensável para a obtenção de informações relacionadas a área de construção


como mapas, fotos aéreas e de satélites, levantamento aerofotogramétricos, artigos sobre
experiências passadas.

3.2 CAMPANHAS DE INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS

As campanhas de investigações geotécnicas, estão divididas em 3 etapas:

 Investigação Preliminar;
32
 Investigação complementar ou de projecto;
 Investigação para a fase de execução.

No primeiro caso o objectivo é identificar as principais características do subsolo,


geralmente são executadas sondagens a percussão de simples reconhecimento, com uma
distância de malha de furo a cada 20 metros.

No segundo caso procuram-se esclarecer as feições relevantes do subsolo e


caracterizar as propriedades do solo mais relevantes do ponto de vista do
comportamento da fundação. Nesta fase, são executados mais algumas sondagens,
fazendo com que o total atenda as exigências de normas, e eventualmente, realizando-
se sondagens mistas ou especiais para coleta de amostras indeformadas.

A investigação para a fase de execução visa confirmar as condições da área de


construção durante a execução do projeto.

3.2.1 Ensaios utilizados

3.2.1.1 Ensaios “In Situ”

Foram realizados ensaio de percussão do tipo SPT e poços de prospecção, seguidos


de coleta de amostras (deformadas e não deformadas).

As sondagens a percussão procuram caracterizar a composição litológica e as


respectivas resistências das camadas do solo em profundidade. Dependendo da norma
adotada, essa sondagem pode ser regida pela A.S.T.M 1586-64T (norma americana), ou
pela norma brasileira NBR 6484.

Nas sondagens do tipo SPT aplica-se um golpe em queda livre de um peso padrão,
geralmente de 63,5 Kgf, caindo sobre uma altura de 76 cm sobre uma barra protegida
por revestimento, para cravar 45 cm do amostrador normalizado. Durante a fixação, o
número de golpes é registrado em 3 níveis de 15 cm cada um, os primeiros 15 cm são
desprezados considerando os dois últimos níveis (15cm+15cm). O resultado do ensaio
33
SPT é o número de golpes necessários para cravar os 30 cm finais.

Os poços de prospecção são escavações manuais ou mecânicas, geralmente não


escoradas permitindo um exame visual avançando até que se encontre o nível d`água ou
até onde se garanta a estabilidade. Permitem retirada de amostras indeformadas do tipo
bloco ou em anéis. O seu critério de paragem depende da limitação manual ou mecânica
para continuar a escavar.

3.2.1.2 Ensaios laboratoriais

Conforme as exigências do projecto, e para a obtenção de mais dados relacionados


ao local de construção foram realizados os seguintes ensaios:

 Granulometria por peneiramento e sedimentação; 



 Ensaio de compactação Proctor;
 Limites de Atteberg;
 Teor de humidade natural;
 Equivalente de areia;
 C.B.R (California Bearing Ratio);
 Peso específico;

3.2.2 Resultados obtidos

3.2.2.1 Sondagem a percussão do tipo SPT

O ensaio SPT tem uma primeira utilidade na indicação da compacidade dos solos
granulares e da consistência de solos coesivos. Por norma o boletim de sondagem é
fornecido junto com a classificação do solo.

34
3.2.2.2 Laboratório

Através dos dados obtidos dos ensaios laboratoriais é possível descrever o tipo de
solo a partir da granulometria e limites de Atteberg, pois constituem as chamadas
características de identificação do solo (Fernandes, 2008). O teor de humidade refere-se
à quantidade de água contida num certo volume de solo.

Por norma, em qualquer tipo de construção de uma estrutura os solos devem ser
compactados. O ensaio de compactação é utilizado para indicar umidade ótima e
densidade máxima seca atingida pelo solo no processo de compactação.

O ensaio do Índice de Suporte Califórnia (California Bearing Ratio) conhecido como


CBR, procura medir a resistência do solo, avaliando sua capacidade de suporte e assim
permitindo suas caracterizações como fundação.

Limites de Atteberg permitem estudar o comportamento de um solo quando passa


de um estado (líquido, plástico, semi-sólido, sólido) para outro, com teores de humidade
decrescente, estabelecendo as fronteiras entre que definem a mudança de estado dos
solos permitindo caracterizar e avaliar o seu comportamento em termos de plasticidade
e liquidez (quando na presença de água), atribuindo desta forma a sua aptidão geotécnica

em obra.
 (BETOTESTE, 2015).

Ensaio de Equivalente de areia permite determinar a quantidade e a qualidade de


elementos finos plásticos existentes num solo. 


35
4. CAPÍTULO III – EXECUÇÃO DO PROJECTO
4.1 ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS

Conjunto de documentos de texto que trazem informações de natureza qualitativa e


quantitativa, contendo:

 Tipos e quantidades de ensaios a serem feitos;

 Granulometria dos agregados;

 Resistência do betão;

 Grau de compactação de compactação exigido para aterro.

4.2 MEMÓRIA DESCRITIVA

Neste ponto é demostrada a solução adotada para a fundação escolhida a partir do


dimensionamento, nele são feitas as verificações de segurança, é calculada a capacidade
de carga da fundação, o recalque, processo executivo segundo o efeito causado no solo,
cargas admissíveis, normas de base e outros elementos necessários para o
desenvolvimento do projecto de execução.

O ponto de partida para a sua elaboração resume-se nas características do solo


descritas no estudo geológico geotécnico, prevendo a forma de transmissão de carga da
fundação.

36
5. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

As conclusões citadas no presente trabalho, resultam de longos estudos efectuados


durante os estudos geológicos e das investigações geotécnicas. Elas servem de base para
o desenvolvimento do projecto de fundação, e o descumprimento pode originar sérios
riscos durante ou depois de executada a obra, fazendo-se necessário o controlo de qualidade
em todas as fases de execução do projecto.

37
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BETOTESTE. (2015). Ensaios de caracterização do solo. Luanda: s. n.

BRADY, N. C., & WEIL, R. R. (2012). Elementos da Natureza e Propriedade dos Solos
(Terceira Edição ed.). Brasil: Bookman.

BRITO, J. L. (1987). Fundações do Edifífico. São Paulo: EPUSB.

CAPUTO, Homero Pinto. (1996). Mecânica dos Solos e Suas Aplicações, Fundamentos (6ª
Edição ed., Vol. I). Rio de Janeiro, Brasil: LTC.

CARVALHO, E. S. (5 de Janeiro de 2012). Sebastian Vauban - o Arquiteto do Rei Louis XIV.


Obtido em 23 de Abril de 2018, de História e Arquitetura:
http://historiaearquitetura.blogspot.com/2012/01/sebastian-vauban-o-arquiteto-do-
rei.html

DAS, Braja M. (2006). Principles of geotechnical (6 ª ed., Vol. Completo). (T. L. Ltda, Ed.,
& A. Tasks, Trad.) Sacramento, Califórnia, Estados Unidos da América: Thomson
Learning Limited.

FERNANDES, Manuel de Matos. (2008). Mecânica dos Solos Conceitos e Princípios


Fundamentais (1ª ed., Vol. I). Porto, Portugal: Feup edições.

MASSAD, F. (2016). Mecânica dos Solos Experimental (1ª Edição ed.). (F. Massad, Ed.) São
Paulo, Brasil: Oficina de Textos.

MATTOS, A. D. (2014). Como preparar orçamentos de obras: Dicas para orçamentista,


estudos de caso, exemplos (2 ª ed., Vol. Completo). São Paulo, Brasil: PINI.

MAZOYER, M., & ROUDART, L. (2009). Histórias das Agriculturas no Mundo do


Neolítico a Crise Contemporânea. (C. F. FERREIRA, Trad.) São Paulo, Brasil:
UNESP.

NETO, N., & FERRAZ, A. D. et al (1998). Fundações: Teoria e práctica (2 ª ed.). (F. F.
Waldemar Hachich, Ed.) São Paulo, Brasil: PINI Ltda.

PINTO, C. d. (2006). Curso Básico de Mecânica dos Solos (3ª Edição ed.). (C. d. Pinto, Ed.)
São Paulo, São Paulo, Brasil: Oficina de Textos.

SKEMPTON, A. W. (1985). A History Of Soil Properties (Vol. Único). Londres, Grande


Londres, Inglaterra: Thomas Telford Ltd.

38
VARGAS, M. (1977). Introdução à Mecânica dos Solos (Vol. I). São Paulo, São Paulo,
Brasil: Mcgraw Hill.

VELLOSO, D. d., & LOPES, F. d. (2010). Fundações: Critérios de projecto, investigação do


subsolo, fundações superficiais, fundações profundas (Vol. Completo). São Paulo,
Brasil: Oficina de textos.

Segundo Brito (1987), fundações bem planejadas alcançam um custo final de 3% a


10% da obra, caso sejam mal planejadas o custo pode ser elevado e variar 5 a 10 vezes
o valor da fundação adequada para o projeto.

Já no caso de complicações referentes ao terreno, a origem provém de uma falta de


análise por parte dos profissionais responsáveis, já que cada tipo de solo exige um tipo
diferente de fundação.

NÁPOLES NETO, Antonio Dias Ferraz et al. Fundações: teoria e prática. São Paulo. PINI, 1998. 751p.

39

Potrebbero piacerti anche