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A força dos detalhes.

Estética, filosofia, história e epistemologia de


Warburg a Deleuze
Enrico Castelli Gattinara

Gostaria de partir de uma afirmação que poderia aparecer estranha,


mas que é para mim muito importante e que resume o que vou dizer:
“ nem tudo é detalhe, mas os detalhes estão por toda parte”. Dos
detalhes, em geral, nó pensamos duas coisas opostas: que eles são e
não são importantes. Eu gostaria, hoje, aqui, de compreender como esse
contraste é uma falsa impressão e – por meio de algumas reflexões de
Warburg, Benjamin, Kracauer, Bachelard e alguns historiadores – como
seria possível pensar nos detalhes sem se deixar tomar pelo valor exclusivo
de uma outra dessas posições.
Com efeito, se começamos a pensar nos detalhes, não sabemos mas do
que falamos. Qual é aimportânca dos detalhes? E o que é um detalhe
para que ele seja ou não seja importante? Seguidamente, nós nos
concentramos nos detalhes, mas nós raramente nos vemos pensando-os
( nós pensamos antes “ a partir deles”)
Uma das características do detalhe é, desse modo, evitar a atenção, no
duplo sentido de ser imperceptível e de absorver completamente a
concentração, tornando-se assim a coisa mais importante ( e, portanto,
desaparecendo enquanto detalhe) o que gostaríamos de fazer aqui é
pensar os detalhes para que eles sejam o que são.

Primeiro aspecto: valorização


O ser humano que fábrica coisas buscar fazer bem seu trabalho.
Atenção ao detalhe é, de fato, um indício de expertise não somente
para as obras construídas material ou artisticamente, mas também para
as obras intelectuais, para o engajamento racional, para o estudo e a
atenção. O comentário de um erudito pode ser detalhado.
O trabalho de um artesão pode ser preciso “ até os mínimos detalhes”,
assim como o trabalho de um artista que cuida dos detalhes da mesma
maneira que se preocupa com o conjunto no qual eles aparecem. O
detalhe torna-se o indício de uma qualidade valorizada no alto nível,
logo, digno do mais alto respeito.
Em nossa linguagem publicitaria atual, a atenção aos detalhes é
seguidamente utilizada como um indício da qualidade dos produtos
oferecidos, quer se trate de um carro, de uma roupa ou de uma
ferramenta. Além disso, os detalhes de um rosto o individualizam como
uma singularidade. A natureza, em geral, é generosa em detalhes e
cada detalhe possui sua importância particular.
Segundo aspecto: desvalorização
Todavia, as coisas se revelam imediatamente mais complicadas. Se as
ciências tentam explicar os fenômenos naturais sem negligenciar os
detalhes, se elas podem entrar nos detalhes de um objeto de estudo,
frequentemente elas não bastam para nos convencer de que cada
detalhe tem a sua importância real.
Há detalhes, na natureza e nas obras do homem, que realmente
parecem insignificantes. Com efeito, as ciências, mais ainda a filosofia,
dividem o conhecimento humano segundo valores de generalização
ascendente ou descendente que vão do geral ao particular,
favorecendo evidentemente o primeiro termo em detrimento do
segundo. As teorias e as leis científicas devem deixar de lado os detalhes
para serem válidas.
A própria formulação de uma lei não permite levar em conta os casos
individuais: sua validade geral implica a ignorância dos detalhes, senão
sua eliminação. Na formulação de uma lei e na organização de uma
teoria, o detalhe é deliberadamente negligenciado, pois ele entravaria –
até mesmo negaria – a normatividade da própria lei.
A teoria, com as leis que contêm, subsume os detalhes sob o geral:
explicar e conhecer bem alguma coisa é. Inevitavelmente, reduzi-la a
uma lei geral, inserindo-a em um conceito ou em uma categoria, válida
muito além do caso particular examinado. A natureza é tão rica em
detalhes que seria difícil, senão absurdo, buscar uma regra específica e
um nome próprio para cada um deles (o escritor argentino Jorge Luís
Borges construiu sobre esse problema muitas de suas maravilhosas
histórias visionárias).
O desenvolvimento das ciências, desde o século XVII, confirma que
nossos conhecimentos são sempre inevitavelmente sintéticos, mesmo se
quisermos ser extremamente analíticos. Nenhum intelecto humano jamais
poderia ( ou teria necessidade) de analisar “ em todos os detalhes” cada
fenômeno. O senso comum se soma a isso quando utiliza a expressão “
uma questão de detalhe”, a saber, problemas considerados acessórios
em relação a uma questão central: prender-se aos detalhes seria apenas
uma perda de tempo.
Certamente, trata-se de uma noção de não-pertinência relativa, porque
ela está sempre ligada a um problema julgado importante, central, em
relação ao qual considerações acessórias podem (ou devem) ser
negligenciadas. Nesses casos, o detalhe é considerado como um
obstáculo. Ele é axiologicamente “desprezado”, embora com
frequência seja precisamente a partir desse desprezo que se
desencadeiem batalhas teórico-políticas em razão da relatividade
inevitável da valorização.

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