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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Instituto de Ciências Sociais


Departamento de Relações Internacionais
Graduação em Relações Internacionais


Ana Cláudia Brandão Wilson Cruz


Aneyce Guerra Motta Souza
Lilian Dias de Oliveira


A GUERRA NA SÍRIA:
Um estudo de caso acerca do processo de resolução





Belo Horizonte
2018
Ana Cláudia Brandão Wilson Cruz
Aneyce Guerra Motta Souza
Lilian Dias de Oliveira


A GUERRA NA SÍRIA:
Um estudo de caso acerca do processo de resolução

Trabalho final apresentado à disciplina Tópicos


em Relações Internacionais: Resolução de
Conflitos do curso de Relações Internacionais
da Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais.
Professora: Geraldine Marcelle Moreira Braga
Rosas









Belo Horizonte
2018
I. INTRODUÇÃO

A Guerra Civil na Síria iniciou-se oficialmente em 15 de março de 2011, após


uma repressão violenta por parte do governo aos estudantes e manifestantes que
protestavam contra o regime ditatorial praticado pelo presidente Bashar Al Assad – já
há 11 anos no poder – na capital Damasco. Este conflito armado, deve-se lembrar, é
somente uma das várias insurreições que ocorreram no contexto político que
convencionou chamar-se de “Primavera Árabe” (ANDRADE, 2011, p. 125), período
marcado principalmente por levantes em vários países do Oriente Médio, contra
seus sistemas governamentais não democráticos e ditatoriais.
No entanto, as primeiras manifestações que ocorreram na Síria tiveram como
estopim um evento de proporções particularmente pequenas: em fevereiro do
mesmo ano estudantes de uma escola na cidade de Daara foram presos por darem
voz aos seus descontentamentos perante o governo através de grafites1 , evento que
motivou outras demonstrações contrárias ao regime. A família Al Assad já somava
mais de quatro décadas no governo e as reivindicações contrarias ao seu regime e
também por reformas constitucionais que possibilitassem uma maior abertura
política do país foram recebidas com intensa repressão. Um exemplo da forte
atuação militar praticada ainda no início do conflito foi o cerco realizado à própria
Daara2, uma pequena cidade localizada na fronteira com a Jordânia que serviria
como representação do “calcanhar de Aquiles” do governo Sírio.
Conforme os protestos se espalhavam e a guerra civil tomava forma com o
crescente aumento de comportamentos beligerantes, tem-se neste momento um
rápido processo de escalada da violência – praticada primariamente pelo governo,
porém não exclusivamente – com a entrada de outros grupos no conflito. Situação
que levou o então presidente Obama a incentivar Bashar Al Assad a se retirar do
poder em agosto de 2011 (BLANCHARD; HUMUD; NIKITIN; 2017, p. 38). Tais
grupos, descontentes com a ordem vigente e visando interesses individuais, tomam
posse de armas para se opor às forças governamentais. Entre estes, pode-se citar o
Conselho Nacional Sírio (CSN) e o Exército Livre da Síria (ELS), composto por

1Dados disponíveis em: https://istoe.com.br/confira-cronologia-da-guerra-civil-na-siria/. Acesso


em 27 de maio de 2018.

2Dados disponíveis em: https://www.nytimes.com/2011/04/30/world/middleeast/30syria.html.


Acesso em 27 de maio de 2018.
desertores das forças armadas, como as principais frentes de oposição na luta pelo
poder (ANDRADE, 2011, p. 125). Bem como, tem-se a atuação do grupo radical
sunita Estado Islâmico, que se originou a partir de um braço do grupo terrorista
iraquiano Al-Qaeda.
De forma extremamente expressiva, se colocam de lados opostos deste
combate também os interesses internacionais, principalmente representados por
Estados Unidos, Irã, Arabia Saudita e Rússia. Esta última, a titulo de exemplo, tem
utilizado suas ações na Síria como uma via de demonstração das capacidades de
suas forças. Vale destacar que a base área de Hmeymim foi planejada de modo a
oferecer uma infra-estrutura completa para os militares russos, sendo o principal
centro estratégico para as ações no país. (MACHADO; MONTEIRO; PICCOLLI;
2016, p. 195).
Assim sendo, pode-se afirmar que o conflito na Síria, apesar de ter
proporções geográficas modestas, envolvendo poucos territórios, possui impactos,
manifestações políticas e diplomáticas que chegam à escala global. A importância de
se analisar seu processo de resolução está justamente na medida em que a duração
prolongada deste conflito já provocou, além de inúmeras causalidades, 5.6 milhões
de refugiados, 6.1 milhões de pessoas desalojadas,13 milhões de pessoas em
necessidade de ajuda3 humanitária e, notoriamente, a necessidade de reflexão
acerca de formas para alcançar a paz.

II. ANALISE DO PROCESSO DE RESOLUÇÃO

Antes de começar a observar as causas do conflito é necessário voltar um


pouco no tempo e buscar entender como se deu a constituição do Estado Sírio. A
história da Síria está ligada aos processos expansionistas de grandes civilizações da
antiguidade e também das potencias modernas. O principal fator para isso é a sua
localização geográfica, que conta com a presença de grandes rios e terras férteis,
sendo um importante ponto de conexão entre o ocidente e a Ásia (ZAHREDDINE,
2013 p.8).
Em 1916, ocorreu a Revolta Árabe, que objetivava a independência dos
Turcos Otomanos e criação de um grande estado, uma “Grande Síria”, que se
estenderia do Iraque ao Líbano, e da Península Arábica até a fronteira norte com a

3 Dados disponíveis em: https://news.un.org/en/focus/syria. Acesso em: 28 de maio de 2018


Turquia. Ingleses e franceses se tornaram apoiadores do movimento durante a
Primeira Grande Guerra, auxiliando no combate às forcas turcas e prometendo
devolver o controle do território aos lideres locais ao final do conflito. A batalha pela
capital Damasco, foi taxativa para a conclusão do processo de esgarçamento do
Império Turco Otomano no Oriente Médio (ZAHREDDINE, 2013 p.8). No entanto, em
função dos acordos secretos de Sykes-Picot, entre Reino Unido e França a região
se tornaria uma zona de influencia de ambos. Em 1920 os franceses receberam da
Liga das Nações o mandato dos atuais Líbano e Síria, enquanto os britânicos se
tornaram mandatários da Palestina, Iraque e Transjordânia. Tem-se então o inicio de
intervenções francesas no design do território sírio, visando garantir o funcionamento
de seus projetos e dividindo o mesmo de maneira arbitraria em pequenas republicas
(ZAHREDDINE, 2013 p.8). Vale mencionar que Síria também é um país composto
por diversas minorias étnicas e religiosas, a saber: 87% muçulmanos (incluindo 74%
Sunitas e Alauítas, Ismaelitas e 13% Xiitas), 10% cristãos, 3% drusos e uma
pequena parcela judaica.4 Dessa forma, é possível afirmar que tal divisão arbitraria
do território criou uma conjuntura propícia para o surgimento de conflitos internos.
Mesmo após conquistar sua independência do domínio francês em 1946, a
Síria se provou um país cuja politica é intricada. Ocorreram sucessivas mudanças de
governo até o ano de 1971, quando Hafez Al Assad – após dar um golpe de estado
bem-sucedido e depor o antigo presidente Noureddin Al Atassi – foi eleito presidente
durante um plebiscito, dando inicio ao governo da família Al Assad. Quando seu filho
o sucedeu, havia ainda uma certa esperança de que a aparente estabilidade do país
fosse ser mantida, bem como de que melhorias seriam feitas. Bashar Al Assad,
supostamente deveria fazer um governo diferente do seu pai, com uma visão mais
moderna e almejando uma Síria mais aberta e democrática. Contudo, essas
esperanças não se concretizaram e no ano de 2011 a população se encontrava
extremamente descontente em relação aos níveis de desemprego, pobreza e
desigualdade, instaurando os movimentos contrários ao regime.
No ano de 2012, o conflito já havia atingido a capital Damasco e a segunda
maior cidade síria, Aleppo. Em 30 de Junho foi elaborado o “Comunicado de
Genebra 1”, um roteiro para viabilizar uma transição politica e cessar a violência,
assinado pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU,

4Dados disponíveis em: https://www.indexmundi.com/syria/demographics_profile.html. Acesso em


28 de maio de 2018.
juntamente com a Turquia, a Liga Árabe, as Nações Unidas e a União Europeia.5
Lembrando que a Liga Árabe, a União Europeia e a Turquia já haviam declarado que
iriam impor sanções ao regime de Bashar Al Assad. Entretanto, a tentativa de
solucionar o conflito se mostrou ineficiente e a situação tomou proporções
catastróficas no início de 2013, quando ocorreram diversas denuncias de ataques
com armas químicas, culminando em Agosto no ataque químico utilizando o agente
nervoso Sarin na região de Ghouta, subúrbio de Damasco. Tal ataque foi atribuído
às forças ligas ao governo sírio e provocou discussões no âmbito internacional,
gerando um acordo entre a Organização para a Proibição de Armas Químicas, a
ONU, Síria, Estados Unidos e Russia, no qual o secretário de Estado americano,
John Kerry, e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov,
elaboraram um plano detalhado para a contabilidade, inspeção, controle e
eliminação das armas químicas da Síria. Em outubro do mesmo ano a Organização
para a Proibição de Armas Químicas confirmou que o arsenal sírio havia sido
destruído ou inutilizado.6 Houve uma segunda tentativa de discutir a organização de
um plano de ação para implementar o roteiro do Comunicado de Genebra, que
também não obteve sucesso.7
Outro ponto de interesse a ser observado no conflito é a progressiva atuação
do Estado Islâmico, que ao longo dos anos se aproveitou do vácuo de poder deixado
entre os rebeldes e o governo para alavancar seus planos de criação de um Califado
na região do Iraque e da Síria, intenção divulgada por eles em 2014. Tentativas de
avanço sob tais territórios, principalmente nas parcelas controladas pela minoria
Curda, motivaram os EUA a coordenarem diversos ataques aéreos desde Agosto do
mesmo ano, totalizando mais de 14.000 ataques até março de 2018.8 No ano de
2015, ocorreu a entrada efetiva da Rússia no conflito através de bombardeios às
forças opositoras ao regime e, em fevereiro de 2017, Rússia e China vetaram uma
resolução do Conselho de Segurança da ONU que pedia sanções ao governo sírio

5Disponível em: http://www.un.org/News/dh/infocus/Syria/


FinalCommuniqueActionGroupforSyria.pdf. Acesso em: 29 de maio de 2018.
6Disponível em: https://www.armscontrol.org/factsheets/Timeline-of-Syrian-Chemical-Weapons-
Activity. Acesso em: 29 de maio de 2018.
7Disponível em: https://www.nytimes.com/2014/02/16/world/middleeast/after-second-round-of-
syria-talks-no-agreement-even-on-how-to-negotiate.html?_r=0. Acesso em: 29 de maio de 2018.
8Disponível em: http://www.bbc.com/news/world-middle-east-27838034. Acesso em: 29 de maio
de 2018.
pelo uso de armas químicas. Em abril do mesmo ano um novo ataque químico
ocorre na cidade de Idlib, dominada pelos rebeldes, o qual foi novamente atribuído
às forças de Assad. Como resposta ao ataque, o presidente Trump aprova planos
para armar milícias curdas e combater o Estado Islâmico. Tais medidas, são
desaprovadas pela Turquia e, mais recentemente, em janeiro de 2018, a mesma
entra no conflito.9
Ao final da Guerra Fria, estudiosos de diversas áreas voltaram sua atenção
para o entendimento de conflitos, fossem estes no âmbito internacional ou na esfera
interna dos Estados, começando então a traçar teorias e métodos para se atingir
resoluções. Devido a interdisciplinaridade e multiplicidade de visões que integram o
campo de estudos de resoluções de conflitos, cabe observar que muitas vezes há
definições distintas para o mesmo termo. Para a presente analise, conceituar-se-á
conflito como um acontecimento social proveniente de divergências expressivas
entre os objetivos pretendidos por duas ou mais partes, e/ou quando há competição
para a utilização de um mesmo recurso uma categoria especifica na qual as partes
optam por fazer uso da força (AZAR, 1990). Conflitos armados seriam
(RAMSBOTHAM; MIALL; WOODHOUSE, 2007, p. 27). O conceito de resolução será
concebido conforme o que é proposto por Peter Wallensteen (2002): situação social
na qual as partes envolvidas em uma disputa armada concordam voluntariamente
em conviver pacificamente uma com a outra ou dissolver suas incompatibilidades
básicas, cessando o uso de violência. Conflitos também podem ser classificados
conforme seu alcance geopolítico em: nacional (quando este ocorre dentro das
fronteiras de um único território) ou internacional (quando este envolve diferentes
Estados) (LOPES, 2007, p.35).
Um conflito pode, ainda, passar por um processo de internacionalização, como
observam Frank Pfetsch e Christoph Rohloff (2000, p. 28). Em outras palavras,
essa situação ocorre quando um conflito interno toma proporções
internacionais se: a) receber apoio político, diplomático e recursos externos; b)
as questões do conflito tornarem-se a causa de um confronto em outro país; c)
houver a intervenção militar de forças externas (um país vizinho, uma potência
regional ou internacional) (LOPES apud PFETSCH; ROHLOFF, 2007, p.35).

Assim, é pertinente afirmar que a Guerra na Síria constitui um conflito, no qual


há uma disputa por um mesmo recurso (poder) e também uma incompatibilidade de
objetivos entre as partes, que passou por um processo de internacionalização ao

9Cronologia disponível em: http://www.dw.com/pt-br/cronologia-da-guerra-na-s%C3%ADria/


g-42773141. Acesso em: 29 de maio de 2018
receber apoio politico, diplomático, recursos externos e também ao contar com
intervenção militar de outros países. Outro ponto interessante a ser observado, são
as partes envolvidas, as quais serão aqui determinadas através da perspectiva da
identidade dos grupos.
Segundo Azar, um conflito prolongado caracteriza-se como um fenômeno
social. E esta propriedade está presente tanto em uma guerra civil como em
um conflito entre Estados, diz o autor. Por conseguinte, conclui, o foco
analítico deve ser a identidade dos grupos envolvidos no conflito, que pode
ser definida em termos étnicos, raciais e religiosos (LOPES apud AZAR,
2007, p.38)

Temos então que as partes envolvidas no conflito sírio dentro do Estado,


conforme critérios étnicos e religiosos, são: as forças pró-governo Assad, os curdos,
as forças de oposição e o Estado Islâmico.

IMAGEM 1: Divisão do território sírio entre as forças combatentes até fevereiro


de 2018

Fonte: Institute for the Study of War. Disponível em: https://www.aljazeera.com/news/2016/05/syria-


civil-war-explained-160505084119966.html

No que tange ao envolvimento internacional, evidencia-se a atuação de cinco


países: Estados Unidos (apoiando as forças rebeldes e curdas), Rússia (apoiando o
governo de Bashar Al Assad), Irã (também apoiando o governo), Arábia Saudita
(apoiando rebeldes Sunitas) e por fim, Turquia (contra o governo e o avanço das
forças curdas).10
Segundo o que é proposto por Ramsbotham, Miall e Woodhouse (2007):
conflitos podem ser divididos também entre simétricos ou assimétricos. Simétricos,
caso ocorram entre partes relativamente semelhantes, como Estados e,
assimétricos, caso ocorram entre partes com capacidades discrepantes, como é o
caso sírio: entre o governo e forças rebeldes de tamanhos distintos. Os autores
também propõem que em casos nos quais há assimetrias diversas, os mecanismos
convencionais de solução não são efetivos, fazendo com que seja necessária uma
mudança estrutural para se alcançar uma resolução. Nessa linha de raciocino,
temos também o que é proposto por Wallensteen “a delicate situation is the one
which one side does not regard the other as a legitimate party and, consequentially,
does not want to enter into an agreement with that party” (WALLESTEEN, 2002, p.
51). Tal proposição também se encaixa no caso sírio, pois o governo não considera
os grupos rebeldes como oponentes legítimos.
Ainda segundo Wallensteen (2002), existem sete estratégias para se
transcender incompatibilidades: alteração das prioridades (quando as partes mudam
seus objetivos, seja por causa do surgimento de uma nova liderança, seja por
mudanças no ambiente, economia, etc.); divisão dos recursos; barganha (quando
uma das partes tem a totalidade de suas demandas satisfeitas em um ponto e a
outra parte tem o mesmo em outro ponto); controle compartilhado (quando as partes
decidem governar juntas sobre o recurso disputado); externalização do controle
(quando as partes cedem o controle a terceiros); adotar mecanismos alternativos de
resolução (mediação, arbitragem) e, por fim, protelar (permitir que o conflito siga
acontecendo e focar em outras prioridades). Dentre esses mecanismos, pode-se
perceber que devido ao caráter extremamente delicado do conflito e das partes
envolvidas, protelar está sendo a opção adotada.
Finalizando a análise do conflito sírio, serão utilizados os estudos de Stephen
Stedman (2001) sobre implementação de acordos de paz. Segundo o autor, existem
alguns fatores chaves para se determinar o sucesso da implementação de um
acordo de paz, a saber: o número das partes (quanto maior número de envolvidos,

10Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/internacional/quais-interesses-cada-pais-tem-


na-guerra-da-siria. Acesso em: 29 de maio de 2018.
mais difícil a implementação); a existência de acordos firmados pelas principais
partes anteriormente a uma intervenção para a paz (caso não exista, dificulta o
processo de resolução); a presença de spoilers, ou seja, partes que tem interesse
em evitar a concretização de um acordo de paz; a existência de instituições estatais
e sua capacidade em concretizar o que foi acordado; o número de soldados (quanto
maior, maior a necessidade de monitoramento para garantir a paz); o acesso a
recursos naturais e armamentos; a presença de grupos hostis e/ou Estados
próximos que sejam contrários ao acordo e casos nos quais há a presença de
conflitos separatistas ou étnicos (STEDMAN, 2001, p.10-11).
Quanto maior o número de tais fatores presentes em um determinado conflito,
mais complexa será sua resolução. No caso em questão, pode-se dizer que além de
se tratar de um conflito separatista e étnico, há também a presença de grupos
hostis, Estados próximos apoiando partes opostas e fornecendo acesso a recursos,
elevado número de soldados (e ainda, de diferentes exércitos e países), falência
estatal, falta de acordos prévios e um número alarmante de partes envolvidas.
Dessa forma, é compreensível que o Secretário Geral da ONU, Antonio Guterres,
afirme que o conflito não poderá ser solucionado por vias militares (NAÇÕES
UNIDAS, 2018).

III. CONCLUSÃO

Tendo em vista o que foi exposto até agora, deve-se ter em mente que, em
função das várias intervenções externas, por parte de outros países - as quais
contribuem para a manutenção das partes internas ao conflito - tem-se durante a
maior parte do tempo uma guerra civil na qual nenhum dos lados tem força
suficiente para derrotar o oponente, mas nenhum dos lados se encontra fragilizado o
suficiente para ser subjugado. Como consequência, a Guerra Civil Síria tem como
sua característica principal o efeito negativo na vida dos civis, provocando a morte
de inocentes e instigando uma migração, tanto interna quanto para outros países, de
milhões de pessoas. A Síria é hoje um país fragmentado pelo conflito e, a
multiplicidade de atores envolvidos, o torna ainda mais intratável e de difícil
resolução. Os grupos de rebeldes, de oposição ao governo, se encontram bastante
divididos internamente, com interesses antagônicos e difíceis de ser equacionados
para se chegar a um denominador comum.
A análise do conflito através da bibliografia teórica seleciona, conduz à
conclusão de que apenas uma verdadeira mudança estrutural poderia ser a solução.
Não obstante, para tal mudança ocorrer existem dois caminhos delicados: de um
lado seria necessário que o governo negociasse com os grupos insurgentes para
criar uma estrutura social mais democrática, representativa e legitima e, por outro
lado, seria necessário que Assad se retirasse do poder e que um consenso fosse
atingido entre as partes combatentes sobre quem ocuparia o seu lugar. A atuação da
ONU, uma vez que dois membros-permanentes do seu Conselho de Segurança
possuem interesses diametralmente opostos no conflito, se torna praticamente
improcedente. O que resta a ser feito por ela é auxiliar na conscientização da
comunidade internacional para a necessidade de se solucionar o conflito e atuar
através dos seus diversos órgãos para minimizar os impactos do mesmo. É
pertinente afirmar também que a guerra civil na Síria conduz a uma desestabilização
regional e internacional devido ao numero de refugiados devendo sua resolução,
portanto, figurar como uma prioridade na agenda da comunidade internacional.
IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE de, George B. A Guerra Civil Síria E A Condição Dos Refugiados: Um


Antigo Problema, “Reinventado” Pela Crueldade De Um Conflito Marcado Pela
Inação Da Comunidade Internacional. Revista de Estudos Internacionais (REI), v.
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AZAR, Edward E. The Management of Protracted Social Conflicts: Theory and


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BLANCHARD, Christopher M; HUMUD, Carla E.; NIKITIN, Mary Beth D. Armed


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LOPES, Liana A. A Autoridade Palestina e a Resolução do Conflito com Israel.


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Híbrida e o Papel da Rússia no Conflito Sírio. Revista Brasileira de Estudos de
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NAÇÕES UNIDAS. ‘Não há solução militar para o conflito na Síria’, diz António
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conflito-na-siria-diz-antonio-guterres/. Acesso em: 27 de maio de 2018.

RAMSBOTHAM, Oliver; MIALL, Hugh; WOODHOUSE, Tom. Contemporary conflict


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STEDMAN, Stephen J. Implementing Peace Agreements in Civil Wars: Lessons


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WALLENSTEEN, Peter. Understanding Conflict Resolution: War, Peace and the
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