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RELATÓRIO TÉCNICO

CONSTRUÇÃO DA MATRIZ INSUMO PRODUTO PARA A CADEIA PRODUTIVA


DA AVICULTURA DE CORTE NO MATO GROSSO DO SUL

O Relatório é produto do contrato nº 001/2014 celebrado entre Aprosoja e GM com recursos do


convênio nº 22.778/2014 SEPROTUR/FUNDEMS

Campo Grande-MS, 02 de Setembro de 2015


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CONSTRUÇÃO DA MATRIZ INSUMO PRODUTO PARA A CADEIA PRODUTIVA


DA AVICULTURA DE CORTE NO MATO GROSSO DO SUL

Equipe Técnica
Adriana Mascarenhas (FAMASUL)
Mayra Batista Bitencourt Fagundes (UFMS)
Adriano Marcos Rodrigues Figueiredo (UFMS)
Cícero de Oliveira Tredezini (UFMS)
Leonardo Francisco Figueiredo Neto (UFMS)
Daniel Frainer (UEMS)
Luis Carlos da Silva (UFMS)
Luiz Eliezer (FAMASUL)
Daniela Teixeira (UFMS)
Daniela Vasconcelos (UFMS)
Giovani Gianetti (UFMS)
Larissa de Souza (UFMS)
Marcos Meaurio (UFMS)
Mateus Meaurio (UFMS)
Keila Ramires (UFMS)
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LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1. Produção, consumo e comércio mundiais de carne de frango, 2010-2015, em 10³ toneladas
equivalentes de carne pronta para cozinhar. .......................................................................................... 26
Figura 3.2. Consumo de carne de frango dos principais países, 2010-2015, em 10³ toneladas
equivalentes de carne pronta para cozinhar ........................................................................................ 27
Figura 3.3. Participação dos principais países no consumo mundial de carne de frango, 2015
(expectativa).......................................................................................................................................... 28
Figura 3.4. Produção de carne de frango dos principais países, 2010-2015, em 10³ toneladas
equivalentes de carne pronta para cozinhar. ....................................................................................... 29
Figura 3.5. Importações de carne de frango dos principais países, 2010-2015, em 10³ toneladas
equivalentes de carne pronta para cozinhar. ....................................................................................... 30
Figura 3.6. Participação dos principais países nas importações mundiais de carne de frango, 2015
(expectativa).......................................................................................................................................... 30
Figura 3.7. Exportações de carne de frango dos principais países, 2010-2015, em 10³ toneladas
equivalentes de carne pronta para cozinhar. ....................................................................................... 31
Figura 3.8. Participação dos principais países nas exportações mundiais de carne de frango, 2015
(expectativa).......................................................................................................................................... 32
Figura 3.9. Produção de rações para avicultura de corte, Brasil, 2001-2011, em mil toneladas.......... 35
Figura 3.10. Produção, Consumo e Exportação de carne de frango, Brasil, 1990-2014, em mil
toneladas equivalentes de carcaça. ...................................................................................................... 36
Figura 3.11. Valor bruto da produção de frango, Brasil, 2000-2015, em bilhões de Reais (valores
corrigidos para janeiro de 2015). .......................................................................................................... 36
Figura 3.12. Capacidade de alojamento de matrizes de corte, Brasil, 2007-2015................................ 37
Figura 3.13. Alojamento de pintos de corte por macrorregião brasileira, 2011-2015*. ...................... 37
Figura 3.14. Produção brasileira de pintos de corte, 2011-2015*. ....................................................... 38
Figura 3.15. Participação dos principais estados segundo o peso total das carcaças abatidas, Brasil,
2014....................................................................................................................................................... 39
Figura 3.16. Peso médio das carcaças de frangos abatidos nos principais estados, Brasil, 1997-2014.
............................................................................................................................................................... 40
Figura 3.17. Avicultura em MS: produção, consumo (no Brasil), exportação de carne de frango, 2003-
2014....................................................................................................................................................... 41
Figura 3.18. Consumo per capita de carne de frango em Mato Grosso do Sul e Brasil, 2000-2014..... 41
Figura 3.19. Rebanho de Aves (galos, frangos, frangas e pintos) em Mato Grosso do Sul, 2012, em mil
cabeças. ................................................................................................................................................. 42
Figura 3.20. Rebanho dos principais municípios segundo o IBGE, 1990-2012. .................................... 43
Figura 3.21. Localização e detalhamento da avicultura de Mato Grosso do Sul em 2014, segundo o
Programa Nacional de Sanidade Avícola............................................................................................... 44
Figura 3.22. Evolução da produção de pintos de 1 dia e ovos férteis incubados em Mato Grosso do
Sul, 2010-2014....................................................................................................................................... 45
Figura 3.23. Evolução da produção de ovos em entrepostos com inspeção federal (SIF) e estadual
(SIE) em Mato Grosso do Sul, 2010-2014.............................................................................................. 46
Figura 3.24. ICN do emprego formal da Criação de Aves, 2012............................................................ 47
Figura 3.25. ICN do Emprego Formal do Abate de Aves e Suínos. ........................................................ 47
Figura 3.26. Massa salarial da atividade de criação de aves, Mato Grosso do Sul, 2006-2013, em
milhões de Reais (valores corrigidos para 2013). ................................................................................. 48
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Figura 3.27. Pessoal ocupado da atividade de criação de aves, Mato Grosso do Sul, 2007-2013, em
pessoas. ................................................................................................................................................. 48
Figura 3.28. Massa salarial da atividade de abate de suínos e aves, Mato Grosso do Sul, 2006-2013,
em milhões de Reais (valores corrigidos para 2013). ........................................................................... 49
Figura 3.29. Pessoal Ocupado na Indústria de abate de suínos e aves no Estado de Mato Grosso do Sul
(2007 - 2013). ........................................................................................................................................ 50
Figura 3.30. Participação no consumo intermediário total da produção de aves em Mato Grosso do Sul,
2012 (R$ mil). ....................................................................................................................................... 51
Figura 3.31. Participação no consumo intermediário total do abate de aves em Mato Grosso do Sul,
2012 (R$ mil). ....................................................................................................................................... 52
Figura 3.32. Vendas interestaduais de criação de frangos e outros galináceos, de Mato Grosso do Sul
para outros Estados, 2012...................................................................................................................... 54
Figura 3.33. Compras interestaduais de criação de frangos e outros galináceos, de Mato Grosso do Sul
provenientes de outros Estados, 2012. .................................................................................................. 55
Figura 3.34. Vendas interestaduais de abate de aves, de Mato Grosso do Sul para outros estados, 2012.
............................................................................................................................................................... 56
Figura 3.35. Compras interestaduais de abate de aves, de Mato Grosso do Sul provenientes de outros
estados, 2012. ........................................................................................................................................ 57
Figura 3.36. Vendas interestaduais do comércio atacadista de aves, de Mato Grosso do Sul para outros
Estados, 2012. ....................................................................................................................................... 58
Figura 3.37. Compras interestaduais de comércio atacadista de aves, de Mato Grosso do Sul
provenientes de outros Estados, 2012. .................................................................................................. 59
Figura 3.38. Participação dos principais municípios de Mato Grosso do Sul na exportação de carne de
aves fresca, refrigerada ou congelada (SCN 30103), 2012. .................................................................. 60
Figura 3.39. Exportação de aves vivas de Mato Grosso do Sul, 2012. ................................................. 61
Figura 3.40. Exportação de ovos de galinha e de outras aves de Mato Grosso do Sul, 2012. .............. 62
Figura 3.41. Exportação de carne de aves fresca, refrigerada ou congelada de Mato Grosso do Sul,
2012. ...................................................................................................................................................... 62
Figura 3.42. Cadeia Produtiva de Frangos de Corte de Mato Grosso do Sul. ....................................... 66
Figura 3.43. Atividades executadas pela empresa integradora.............................................................. 67
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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1. Produção, consumo e mercado internacional de carne de frango no mundo, 2010-2015,
em 10³ toneladas equivalentes de carne pronta para cozinhar. .......................................................... 27
Tabela 3.2. Composição da ração de frangos de corte por nutriente, Brasil, 2007. ............................. 35
Tabela 3.3. Evolução da participação do milho e da soja na produção de ração na avicultura, Mato
Grosso do Sul, em toneladas. ................................................................................................................ 53
Tabela 3.4. Unidades frigoríficas e produtos ligados à avicultura autorizados para exportação, Mato
Grosso do Sul, 2015. ............................................................................................................................. 64
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LISTA DE QUADROS

Quadro 2.1 Descrição das classes CNAE na cadeia produtiva da avicultura de corte. ........................ 11
Quadro 2.2. Os multiplicadores econômicos resultantes da matriz de insumo-produto. ................... 21
Quadro 3.1. Fluxograma Genético na cadeia da avicultura de corte brasileira. ................................... 33
Quadro 3.2. Raças de frangos de corte no Brasil: linhagens genéticas, empresas detentoras e países
de origem, 2007. ................................................................................................................................... 34
Quadro 3.3. Setores envolvidos em sistemas de integração de aves no Brasil, 2014............................ 65
7

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS 3

LISTA DE TABELAS 5

LISTA DE QUADROS 6

SUMÁRIO 7

1 INTRODUÇÃO 8

2 MÉTODOS E PROCEDIMENTOS 10

2.1 MAPEAMENTO DA CADEIA PRODUTIVA 10


2.1.1 ÍNDICE DE CONCENTRAÇÃO NORMALIZADO (ICN) 10
2.1.2 INDICADORES AUXILIARES 13
2.1.3 O MÉTODO DE ABORDAGEM RÁPIDA 14
2.2 MATRIZ INSUMO PRODUTO – MIP 15
2.3 MULTIPLICADORES DE IMPACTO ECONÔMICO 20
2.3.1 MULTIPLICADORES DE IMPACTO 20
2.3.2 ENCADEAMENTO PRODUTIVO E SETORES-CHAVE 22
2.3.3 CAMPO DE INFLUÊNCIA 24

3 A CADEIA PRODUTIVA DE AVES: MUNDO, BRASIL E MATO GROSSO DO SUL 26

3.1 A AVICULTURA NO MUNDO 26


3.2 A AVICULTURA NO BRASIL 32
3.3 A AVICULTURA DE MATO GROSSO DO SUL 40
3.3.1 A CADEIA PRODUTIVA 65
3.4 RESULTADOS DA MATRIZ DE INSUMO-PRODUTO 70
3.4.1 O PIB DA CADEIA PRODUTIVA 70
3.4.2 IMPOSTOS NA CADEIA PRODUTIVA 70
3.4.3 ENCADEAMENTO PRODUTIVO E SETORES-CHAVE 70
3.4.4 CAMPOS DE INFLUÊNCIA 70
3.4.5 MULTIPLICADORES: DECOMPOSIÇÃO EM IMPACTOS DIRETO, INDIRETO E EFEITO-INDUZIDO 70
3.5 GARGALOS 70

4 REFERÊNCIAS 72
8

1 INTRODUÇÃO

A atividade agropecuária, assim como os demais setores da economia nacional, vem


buscando aperfeiçoar as suas unidades produtivas a fim de tornarem-se mais competitivas. Na
medida em que os setores econômicos se modernizam, aumenta a integração intersetorial ao
longo da cadeia de suprimentos entre as indústrias que ofertam para a agropecuária (insumos
e equipamentos – ou coloquialmente “antes da porteira”) e entre a agropecuária e a indústria
de processamento e distribuição (ou “após” a porteira).
Assim, as evoluções das interdependências do setor agropecuário com as demais
atividades econômicas levaram ao surgimento e utilização dos conceitos de agronegócio e de
cadeia produtiva, os quais incluem desde as atividades fornecedoras de insumos e
equipamentos, as atividades de produção, beneficiamento e distribuição até o consumidor
final. No presente trabalho, especificamente, analisam-se as interdependências na cadeia
produtiva da avicultura de corte em Mato Grosso do Sul.
Nesse contexto, a mensuração do PIB (Produto Interno Bruto) de setores específicos
da economia, para qualquer análise econômica, é muito importante, principalmente para os
formadores de políticas do país, estados e municípios.
É importante lembrar que, especificamente, o setor agrícola stricto sensu, por suas
especificidades tais como exposição à variação dos preços internacionais e da taxa de câmbio,
assim como a mudanças climáticas não previstas, é fonte de “choques” positivos ou negativos
sobre a economia como um todo. Uma vez que tais “choques” atingem incialmente as
atividades industriais mais relacionadas com a agropecuária e, posteriormente, o resto da
economia. Resulta daí a necessidade de se medir adequadamente a participação dessas
atividades no PIB do agronegócio.
O conceito tradicional do PIB utilizado e informado nas estatísticas oficiais do
governo como as contas nacionais e regionais não divulgam o Produto Interno Bruto da
cadeia produtiva de determinada atividade. Neste sentido, agronegócio perde sua relevância,
já que não são computados no PIB do setor primário os produtos gerados por indústrias e
prestadoras de serviços que fornecem insumos e/ou agregam valor aos produtos agropecuários
de cada cadeia produtiva do agronegócio.
Para mensurar o PIB dessas atividades é necessária uma metodologia específica e
detalhada, que, na maioria dos casos descritos na literatura da economia, utiliza a Matriz de
Insumo-Produto – MIP, que envolve a mensuração dos valores gerados ao longo de toda a
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cadeia estudada, desde a compra de insumos para a produção agropecuária até o destino final
(consumidor, exportação ou estoques).
Neste contexto, o presente estudo tem como objetivo principal construir uma Matriz
Insumo-Produto para a cadeia produtiva da avicultura de corte no Mato Grosso do Sul. Essa
metodologia permite melhor compreensão da estrutura produtiva que envolve as atividades
dessa cadeia, ao registrar os fluxos de bens e serviços. Seus resultados fornecem um
panorama detalhado da estrutura produtiva desse setor produtivo, que permite avaliar o grau
das relações intersetoriais da economia e os impactos em face de uma variação na demanda
final.
Especificamente, para se alcançar o objetivo principal, foram mapeados todos os
segmentos da cadeia produtiva da avicultura de corte. Também foram estimados o Consumo
Intermediário (CI) e o Valor Adicionado (VA), os quais permitem analisar a remuneração dos
fatores de produção em cada segmento.
Posteriormente, através da MIP, foram estimados os multiplicadores diretos e indiretos
e o efeito-renda do valor adicionado, da renda, do emprego e dos impostos para cada variação
monetária da demanda final. Além dessa análise serão analisados os efeitos que o
encadeamento deste pode provocar tanto no próprio setor quanto na economia como um todo,
gerando, assim, o crescimento econômico. Esse conhecimento pode promover o embasamento
necessário à tomada de decisões, com vistas em melhorar o seu desempenho.
O presente trabalho está dividido em cinco seções além desta introdução. A segunda
trata da metodologia para o mapeamento e para a construção da matriz insumo-produto da
cadeia da avicultura de corte, assim como, os procedimentos para avaliar encadeamentos de
ligações entre setores evidenciando aqueles setores-chave, campos de influência e
multiplicadores de impacto. A penúltima seção apresenta reservada aos resultados e
discussões. E, por fim, as considerações finais do trabalho.
10

2 MÉTODOS E PROCEDIMENTOS1

Este capítulo está dividido em duas partes, uma se refere exclusivamente ao


mapeamento da cadeia produtiva e a outra diz respeito à construção da MIP, com suas
respectivas metodologias e fonte de dados.

2.1 Mapeamento da cadeia produtiva

O mapeamento das cadeias produtivas envolve o conhecimento da localização das


unidades de cada elo da cadeia, e alguns indicadores são construídos para detalhar os locais
em que ocorre alguma especialização em determinada atividade. No presente estudo, busca-se
identificar os municípios que possuem especialização nas atividades da cadeia produtiva da
avicultura de corte. A metodologia empregada permite indicar de forma apropriada se um
município possui especialização em dada atividade ou setor específico, comparativamente ao
estado, e utiliza o Índice de Concentração Normalizado – ICN.

2.1.1 Índice de Concentração Normalizado (ICN)

A metodologia foi desenvolvida para identificação de arranjos produtivos locais


potenciais (APL) por Crocco et al. (2003; 2006) e também utilizada por Santana (2004) em
APLs na Amazônia e, Santana, Santana e Filgueiras (2005). Ela prevê, a partir dos dados da
Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE),
o cálculo do Índice de Concentração Normalizado (ICN). Conforme Crocco et al. (2003), o
Índice de Concentração Normalizado de cada município pode ser construído a partir de três
componentes: o Quociente Locacional (QL); o Índice de Hirschman e Herfindahl Modificado
(IHHm); e o Índice de Participação Relativa (PR).
Ao utilizar esses três componentes, o ICN considera três características principais: i)
especificidade de uma atividade ou setor dentro de uma região (município); ii) o peso da
atividade ou setor em relação à estrutura empresarial da região (município); iii) a relevância
da atividade ou setor no estado como um todo.

 Quociente Locacional (QL)

1
Este capítulo segue o procedimento análogo ao das cadeias de soja e milho, partes da presente pesquisa. Aqui
se relata especificamente a cadeia da avicultura de corte.
11

A primeira característica é determinada pelo índice de especialização ou quociente


locacional (QL). O QL permitirá avaliar se o município possui especialização em determinada
atividade econômica (caracterizada em termos de classes CNAE). O cálculo necessita a
determinação de uma região de referência, ou economia de referência. No presente estudo
considera-se o estado de Mato Grosso do Sul como a economia de referência. A expressão
matemática é semelhante à de Santana (2004b), adaptada para a economia de referência, a
saber:


( ⁄
), (I)

Em que:

 : é o quociente locacional para a atividade econômica (ou cadeias


produtivas especificadas conforme as classes da Classificação Nacional de Atividades
Econômicas – classes CNAE).
 : é a variável utilizada para mensurar a atividade econômica ( ) e a
economia de referência é o estado de Mato Grosso do Sul (MS), ou para o município
(no caso de ). Quando não houver o índice CNAE, significa que a variável
inclui todas as atividades econômicas no município, , ou no estado, . A
variável de mensuração, , assumiu três variações: o número de estabelecimentos
(conforme a RAIS/MTE estabelecimentos); o número de trabalhadores formais (ou
vínculos ativos conforme a RAIS/MTE vínculos); e a massa salarial (conforme a
RAIS/MTE vínculos);
 A cadeia produtiva foi dividida segundo as classes CNAE, conforme descrição no
Quadro 2.1.

Quadro 2.1 Descrição das classes CNAE na cadeia produtiva da avicultura de corte.

Cadeias SCN Elo Classe CNAE Descrição


Abate de Suínos Abate de suínos, aves e
301 Indústria 1012-1
e Aves outros pequenos animais

Criação de Aves 102 Pecuária 0155-5 Criação de aves

Fonte: elaboração própria.


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No numerador da expressão (I), para QL, tem-se a economia do município em estudo,


e no denominador coloca-se a economia de referência, MS, em que constam todos os
municípios do estado. Se o QL < 1, a especialização do município em atividades da cadeia
produtiva analisada é menor que a especialização do conjunto de atividades dessa cadeia em
todos os municípios. Se QL > 1, há especialização municipal em atividades da cadeia, maior
que a especialização do conjunto de atividades desse setor em todos os municípios (portanto,
no estado).

 Índice de Hirschman e Herfindahl Modificado (IHHm)

O segundo indicador, IHHm, é utilizado para corrigir alguns problemas locacionais do


índice anterior, objetivando obter o real peso da atividade ou cadeia produtiva no arcabouço
produtivo local. Este indicador é uma transformação do Quociente Locacional (QL),
conforme a expressão (II).

[( ) ( ) ], (II)

Em que as variáveis são como definidas anteriormente.

Com o IHHm é possível comparar o peso da atividade ou cadeia do município na


cadeia do estado em relação ao peso da estrutura produtiva do município na estrutura do
estado como um todo. Valores de IHHm > 0, positivos, indicam onde se tem maior
concentração, ou especialização na atividade e, portanto, com maior poder de atração
econômica, dada sua especialização em tal atividade ou cadeia produtiva.

 Índice de Participação Relativa (PR)

A Participação Relativa (PR) é calculada para avaliar a importância da cadeia produtiva


do município no total desta atividade econômica no estado de Mato Grosso do Sul. A
expressão de cálculo é:

( ) (III)

Em que as variáveis são como definidas anteriormente. A análise de PR é direta:


quanto mais próximo de 1, maior a importância da atividade econômica do município no
estado de Mato Grosso do Sul.

 Cálculo do Índice de Concentração Normalizado (ICN)


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Os três indicadores apresentados oferecem as informações fundamentais para a


constituição de um indicador síntese da concentração em uma atividade ou cadeia produtiva
em um município, denominado índice de concentração normalizado (ICN). A constituição do
ICN segue parte do procedimento de Crocco et al. (2003), por meio da combinação linear dos
três indicadores especificados da forma:

Em que os índices ICN, IHHm e PR foram definidos anteriormente. Os pesos e


são pesos de cada indicador para cada atividade econômica CNAE. No presente estudo,
optou-se pela utilização do procedimento citado por Rodrigues e Simões (2004), fazendo a
média dos componentes padronizados, ou seja, adotando-se pesos iguais para os três
componentes após fazer zi   xi  x  /  i , em que: xi será QL, IHHm, ou PR do município

i; x é o valor da média de cada indicador da cadeia para todos os municípios; e  i é o desvio


padrão de cada indicador da cadeia para todos os municípios. Após cada padronização de QL,
IHHm, ou PR, faz-se ICN igual a média aritmética simples dos índices padronizados de cada
componente para o respectivo município.
A interpretação do Índice de Concentração baseia-se numa comparação entre as
diversas especializações. Por esse critério, serão classificados os municípios que apresentam
índices de concentração normalizados maiores que 1, e apresentados nos mapas. Os
municípios menores tendem a sobrevalorizar o grau de especialização produtiva, devido à
baixa diversidade produtiva local, e, inversamente, os municípios grandes tendem a
subvalorizar o grau de especialização, uma vez que os operários se encontram dispersos em
muitas atividades, devido à grande diversidade produtiva.

2.1.2 Indicadores auxiliares

Outras variáveis também são utilizadas, com base em dados secundários, com intuito
de complementar a compreensão da dinâmica da cadeia produtiva em análise, entre as quais:
i) Rebanho e abate (CONAB, IBGE, IAGRO-MS, SEPAF-MS, USDA)2; ii) número de
empregos (RAIS/MTE e IBGE); massa salarial (RAIS/MTE); iii) consumo intermediário e
valor adicionado dos elos da cadeia (IBGE e SEMADE); iv) indicadores da indústria

2
As respectivas instituições fontes dos dados são indicadas entre parênteses.
14

processadora (UBABEF, JBS, BRFOODS, PLUMA) e; v) comercialização: mercado interno


e externo (MDIC/SECEX e IBGE).
O período de análise dos dados a serem utilizados contemplará, desde que disponível,
os últimos dez anos até a divulgação mais atual, que possibilita identificar a dinâmica do setor
ao longo dos anos. No entanto, alguns desses indicadores, não possuem uma série histórica,
consequentemente, foi utilizado o dado disponível mais recente e/ou mais relevante.

2.1.3 O método de Abordagem Rápida

Para melhor compreensão da cadeia produtiva envolvida, adotou-se um procedimento


adaptado de pesquisa rápida (rapid assessment ou quick appraisal) conforme USAID (1996) e
que prevê entrevistas com agentes-chaves da cadeia, que se imaginam ser conhecedores do
assunto, e posteriormente se validam as informações em reuniões específicas para tal.
Participam neste caso, representantes de associações, diretores de empresas, instituições, entre
outros (FRANCO, 2009). Conforme FAO (1997), esta abordagem possibilita a coleta de
informações primárias importantes à investigação. De acordo com Franco (2009) para
avicultura e Oliveira (2013) para apicultura, o método é útil em análises de sistemas
agroalimentares quando as restrições de tempo e recursos financeiros impedem a realização
de avaliações baseadas em métodos convencionais de pesquisa amostral, ou quando o
interesse está em obter conhecimento amplo sobre os componentes do sistema em estudo
(USAID, 1996).
Tal procedimento é contemplado no manual de insumo-produto das Nações Unidas
(UN, 1999), e fornece informações importantes para (des)agregações específicas de
transações as quais são subsídios para a construção de tabelas de recursos e usos (TRUs) e
ainda, permitem o melhor rastreamento dos elos produtivos dentro do estado.
Este enfoque tem sido utilizado em análises de sistemas agroalimentares como, por
exemplo, o estudo da cadeia produtiva agroindustrial da bovinocultura de corte do estado de
Mato Grosso (FAMATO-FABOV, 2007), ou o estudo da avicultura conduzido por Franco
(2009). Tal método é referenciado por instituições de pesquisa tradicionais, podendo-se citar
USAID (1996) e o SEBRAE (2000).
Consiste em um enfoque pragmático, que combina métodos de coleta de informações
convencionais associados ao referencial conceitual. O enfoque proposto caracteriza-se em três
itens: o máximo uso de informações secundárias; realização de entrevistas informais e
semiestruturadas com “agentes-chave” da cadeia estudada; e a observação direta dos estágios
15

que a compõem. Portanto, ele prevê um diagnóstico inicial, documental, o qual será validado
pelas entrevistas com os agentes-chave e a corroboração pelos dados da matriz de insumo-
produto.
Nesta perspectiva, foram entrevistados agentes de todas as unidades frigoríficas de
abate da avicultura em conversas in locu ou por telefone. Em alguns casos, os agentes eram
mais vinculados à “produção” dos frangos de corte (elos de engorda), ou elos mais associados
às granjas.

2.2 Matriz Insumo Produto – MIP

A matriz de insumo-produto apresenta as relações entre os setores da economia ao


registrar os fluxos de bens e serviços e demonstrar as relações intersetoriais dentro do sistema
econômico de um país ou estado. Pode ser utilizada para estimar o impacto sobre a produção,
o emprego e a renda das atividades econômicas, assim como de projetos governamentais e do
setor privado sobre as economias local e nacional. Por exemplo, a mensuração da importância
do agronegócio na economia brasileira foi analisada no estudo realizado por Guilhoto,
Furtuoso e Barros (2000).
A estimativa do PIB da cadeia produtiva da avicultura segue os conceitos e os
procedimentos usuais de contabilidade nacional praticados pelo IBGE. Assim, o produto da
cadeia representa a produção de todas as unidades produtoras de bens e serviços inter-
relacionados com a agropecuária em ligações a montante e a jusante, num determinado
período, avaliado a preços de mercado. Assim, o cálculo do PIB a preços de mercado pode ser
realizado sob três óticas: produção, despesa e renda.
Ótica da produção: PIB = VP – CI + T (1)
Ótica da despesa: PIB = C + G + FBCF + VE + (X – M) (2)
Ótica da renda: PIB = W + Wnr + Wa + EOB + (Tm – Sb) (3)
Em que:
VP = valor da produção a preços básicos;
CI = consumo intermediário a preços de mercado;
T = impostos indiretos sobre produção e importação;
C = consumo das famílias a preços de mercado;
G = consumo do governo a preços de mercado;
FBCF = formação bruta de capital fixo a preços de mercado;
VE = variação de estoques a preços de mercado;
16

X = exportações;
M = importações;
W = remunerações, inclusive encargos sociais e contribuições parafiscais pagos a residentes;
Wnr = idem a W, pagos a não residentes;
Wa = rendimentos dos autônomos (rendimento misto);
EOB = excedente operacional bruto;
Tm = impostos sobre produção e importação, incluindo outros impostos ligados à produção (Cofins,
PIS/Pasep, etc);
Sb = subsídios à produção.

Na estimativa do PIB da cadeia das aves adota-se a ótica da produção que, além de
requerer menor volume de informações e ser a ótica adotada nos trabalhos antes citados, é
passível de operacionalização, conforme a visão sistêmica da cadeia produtiva e dadas as
informações estatísticas de insumo-produto. Porém, as informações estatísticas sobre os
impostos indiretos sobre produção e importação são associadas ao produto e não ao setor,
dificultando o cálculo do PIB a preços de mercado para cada setor.
Nesse sentido, o procedimento de cálculo é o mesmo praticado pelo IBGE em relação
ao cálculo do PIB nacional: i) calcula-se o VA (valor adicionado, igual à diferença entre o
valor de produção e o consumo intermediário) de cada setor da cadeia produtiva; ii) calculam-
se os impostos de todos os produtos do cadeia produtiva; iii) somam-se os resultados de (i) e
(ii) para se obter o PIB a preços de mercado da cadeia produtiva. O cálculo utiliza dados da
Matriz de Insumo-Produto de Mato Grosso do Sul, com ano-base em 2010, atualizada para
2012 com base na pesquisa das Contas Regionais do IBGE.
Para isolar os impactos da cadeia da avicultura de corte dentro da economia de Mato
Grosso do Sul deve-se considerar a contribuição de cada segmento da sua cadeia produtiva e
as inter-relações sobre aquisições e vendas para outros setores da economia.
Para adequar a metodologia de estimativa do PIB do agronegócio sul-mato-grossense
aos procedimentos usuais de contabilidade nacional, praticados pelo IBGE, foram utilizadas a
base de dados regional. Assim, o produto do agronegócio representa a produção de todas as
unidades produtoras de bens e serviços inter-relacionadas com a agropecuária em ligações a
montante e a jusante, avaliando a preços de consumidor, separando os efeitos do complexo da
avicultura de corte separadamente3.

3
Para maior detalhamento da construção da Matriz Insumo Produto para o estado de Mato Grosso do Sul, ver:
http://famasul.com.br/public/area-produtor/794-relatorio-de-pesquisa-mip-matriz-insumo-produto.pdf
17

Nesse sentido, a metodologia para o cálculo do PIB do agronegócio fundamenta-se na


intensidade da interligação para trás e para frente da agropecuária. O PIB do agronegócio
resulta da soma de quatro agregados principais: I) insumos para a agricultura e pecuária; II)
agropecuária; III) processamento (agroindústria) e; IV) distribuição (serviços e comércio).
A definição de setores e produtos leva em conta o cálculo do Valor Adicionado a
preços de consumidor (VAPC), obtido pela soma do valor adicionado a preços básicos (VAPB)
com os impostos indiretos líquidos de subsídios (IIL), resultando na equação (4).
VAPC VAPB  IIL
(4)
Para o cálculo do PIB do agregado I (insumos para agricultura e pecuária) são
utilizadas as informações disponíveis na tabela de transações da matriz de insumo-produto
referentes aos valores dos insumos adquiridos pela agropecuária sem a avicultura de corte e
pelo complexo da avicultura de corte. As colunas com os valores dos insumos são
multiplicadas pelos respectivos coeficientes de valor adicionado de cada setor i (CVAi) (
i  1,, n ). Para obter os Coeficientes do Valor Adicionado por setor (CVAi), divide-se o
Valor Adicionado a Preços de Consumidor (VAPCi) pela Produção do Setor (Xi), equação (5).
VAPC
CVAi  i
(5)
Xi

Dessa forma, elimina-se o problema de dupla contagem comumente apresentado nas


mensurações do PIB do agronegócio quando se leva em consideração os valores dos insumos
e não o valor adicionado efetivamente gerado na produção, segundo Furtuoso e Guilhoto
(2001). Tem-se na equação (6) a formulação da agregação dos valores de produção do PIB do
agregado I.
n
PIBIk   z ik CVA i k  1,2 (6)
i 1

Onde PIBIk = PIB do agregado I (insumos) para agropecuária sem a avicultura de

corte (k = 1) e complexo da avicultura de corte (k = 2); z ik = valor total do insumo do setor i


para a agropecuária sem a avicultura de corte ou complexo da avicultura de corte; e, CVAi =
coeficiente de valor adicionado do setor i.
Para o agregado I total tem-se na equação (7).

PIBI  PIBI  PIBI


1 2
(7)
18

Onde PIBI = PIB do agregado I; PIBI = PIB da agropecuária sem a avicultura de


1

corte e; PIBI = PIB do complexo da avicultura de corte. Para o agregado II (agropecuária


2

sem a avicultura de corte e complexo da avicultura de corte), consideram-se no cálculo os


valores adicionados gerados pelos respectivos setores e subtrai-se dos valores adicionados
destes setores os valores que foram utilizados como insumos, mas eliminando o problema da
dupla contagem, conforme a equação (8).
n
PIBIIk VAPC   z ik CVAi k  1,2 (8)
k
i 1

Onde PIBIIk = PIB do agregado II para agropecuária sem a avicultura de corte (k = 1) e


complexo da avicultura de corte (k= 2) e; demais variáveis descritas nas equações anteriores.
Para o agregado II total, a equação (9) descreve a agregação.

PIBII  PIBII  PIBII


1 2
(9)
Onde PIBII = PIB do agregado II; PIBII 1 = PIB da agropecuária sem a avicultura de

corte e; PIBII 2 = PIB do complexo da avicultura de corte.


Para a definição da composição das indústrias de base agrícola (agregado III) adotam-
se vários indicadores, como: i) os principais setores demandantes de produtos agrícolas,
obtido através da matriz de insumo-produto regional; ii) as participações dos insumos
agrícolas no consumo intermediário dos setores agroindustriais; e, iii) as atividades
econômicas que efetuam a primeira, a segunda e a terceira transformação das matérias-primas
agrícolas.
Dessa forma, os ramos industriais de base agrícola (agroindústrias) são selecionados
pelas seguintes atividades no Estado: i) alimentos e bebidas (exceto óleos vegetais e rações);
ii) óleos vegetais – exceto de milho; iii) demais óleos vegetais e rações balanceadas; iv)
produtos de madeira – exclusive móveis; v) celulose e fabricação de papel; e, vi) álcool. A
equação (10), que é o somatório dos valores adicionados pelos setores agroindustriais
subtraídos dos valores adicionados dos setores que foram utilizados como insumos do
agregado II, produz o PIB do agregado III.

PIBIIIk   VA
qk
PCk  zqk  CVAq 
(10)
19

Em que: PIBIIIk = PIB do agregado III para agropecuária sem a avicultura de corte (k =
1) e complexo da avicultura de corte (k=2); z qk = valor dos insumos da agroindústria

adquirido pela agropecuária como um todo.


Para o agregado III total tem-se na equação (11) a descrição da somatória:

PIBIII  PIBIII1  PIBIII 2


(11)
No caso do agregado IV - distribuição final considera-se para fins de cálculo o valor
agregado dos setores relativos ao Transporte e Armazenagem, Comércio e Serviços. Do valor
total obtido, destina-se ao Agronegócio apenas a parcela que corresponde à participação dos
produtos agropecuários e agroindustriais na demanda final de produtos. A sistemática adotada
no cálculo do valor de distribuição final do agronegócio industrial pode ser representada pelas
equações (12), (13) e (14), considerando conjuntamente a agropecuária sem a avicultura de
corte e o complexo da avicultura de corte.
DFG  IILDF  PI DF  DFD (12)
VATPC  VACPC  VASPC  MC (13)
DFk   DF
q 1
q

PIBIVk  MC  k  1,2 (14)


DFD
Onde: DFG = Demanda Final Global; IILDF = Impostos Indiretos Líquidos pagos pela
Demanda Final; PIDF = Produtos Importados pela Demanda Final (do Brasil e Exterior);
DFD= Demanda Final Doméstica; VATPC = Valor Adicionado do Setor de Transporte a
preços de consumidor; VACPC = Valor Adicionado do Setor de Comércio a preços de
consumidor; VASPC = Valor Adicionado do Setor de Serviços a preços de consumidor; MC =
Margens de Comercialização; DFk = Demanda Final da agropecuária sem a avicultura de
corte (k = 1) e do complexo da avicultura de corte (k = 2); DFq = Demanda Final dos Setores
Agroindustriais e; PIBIVk = PIB do agregado IV para a agropecuária sem a avicultura de corte
(k = 1) e do complexo da avicultura de corte (k = 2).
O PIB total do Agronegócio é dado pela soma dos seus agregados, definido na
equação (15):
PIBComplexo da avicultura de corte  PIBIk  PIBIIk  PIBIIIk  PIBIVk
(15)
Onde PIBComplexo da avicultura de corte = PIB do complexo da avicultura de corte.
20

2.3 Multiplicadores de impacto econômico

Um dos principais usos da informação em um modelo de insumo-produto é na


avaliação do efeito das mudanças na demanda final, por exemplo, sobre o emprego e a renda.
Por outro lado, as mudanças podem também ser examinadas como alterações mais amplas
podendo servir para projeções e previsões.

2.3.1 Multiplicadores de impacto

Vários tipos de multiplicadores podem ser utilizados para estimar os efeitos das
mudanças ocorridas como: i) produto dos setores da economia; ii) renda recebida pelas
famílias em cada setor por causa dos novos produtos; iii) emprego (postos de trabalho em
termos físicos) que está sendo gerado em cada setor devido ao novo produto; iv) o valor
adicionado que é criado por cada setor da economia através dos novos produtos (Miller e
Blair, 2009).
O procedimento metodológico para elaboração dos efeitos diretos e indiretos de
emprego e renda do trabalho, descrita por Porsse (2002), quantificar os empregos gerados a
partir de um aumento da demanda final em cada setor da economia.
Considerando o equilíbrio entre oferta e demanda, supondo ainda que não existam
variações no nível de estoques, todo aumento de demanda corresponde a um aumento da
produção. Portanto, a variável que permitirá formar o elo entre o aumento da demanda e seu
impacto no nível de emprego é a produção.
O emprego será relacionado à produção por meio de uma relação linear com o cálculo
de um coeficiente de emprego, definido como a relação entre o número de trabalhadores e a
produção desse setor. Permanecendo constante esse coeficiente, a qualquer aumento na
produção corresponderá proporcionalmente um aumento no nível de emprego.
Miller e Blair (2009) descrevem os três efeitos gerados na economia: emprego direto,
emprego indireto e o efeito-renda. A metodologia consiste em associar a matriz inversa de
Leontief aos coeficientes de emprego dos setores da economia, os quais fornecem o número
de empregos gerados direta e indiretamente para uma variação da demanda final. Utilizando,
por sua vez, a matriz de coeficientes técnicos para calcular a inversa de Leontief, tem-se
calculado o número de empregos gerados direta, indiretamente e pela indução, a partir de um
incremento na demanda final das famílias.
21

De acordo com Feijó et al. (2013), os multiplicadores adicionam novas informações à


análise da matriz insumo-produto, pois incorporam o valor adicionado na equação básica do
modelo. São quatro os multiplicadores calculados que podem ser resumidos no Quadro 2.2.

Quadro 2.2. Os multiplicadores econômicos resultantes da matriz de insumo-produto.

Mede o impacto da variação da demanda final do setor j, considerando


Multiplicador direto
apenas as atividades que fornecem insumos diretos para esse setor

Mede o impacto da variação da demanda final do setor j, considerando


Multiplicador indireto
apenas as atividades que fornecem insumos indiretos para esse setor

Multiplicador efeito-renda Mede o impacto da variação da demanda final do setor j, considerando


(induzido) adicionalmente o efeito da geração de renda e do consumo das famílias

Mensura o impacto da variação da demanda final do setor j,


Multiplicador total considerando as atividades que fornecem insumos diretos e indiretos
para esse setor
Fonte: Feijó et al., 2013.
A geração de emprego dentro das atividades econômicas tem como ponto de partida o
aumento na demanda final que, primeiramente, gera empregos diretos, que correspondem à
divisão do total de empregados pelo valor bruto da produção por atividade. Já a demanda por
insumos intermediários da atividade, indiretamente, aumenta a demanda final, resultando no
crescimento da produção das demais atividades.
O multiplicador direto da variável é dado como o valor da renda requerida por unidade
de produto para cada setor da economia, expressa pela equação (16)
Ej
e Dj  (16)
Xj

Onde: Ej = valor do emprego do setor j; Xj = valor da produção do setor j; j= 1-


Complexo da Avicultura 2-Agropecuária sem a avicultura; 3-Indústria diversas; 4-Comércio e
serviços de manutenção e reparação; 5-Transporte, armazenagem e correio; e, 6-Outros
serviços.
Através do multiplicador direto e indireto do emprego tem-se o impacto do acréscimo
na demanda final do setor j sobre o emprego total da economia, dado todo o encadeamento
intersetorial do modelo de Leontief. Dessa forma, o efeito total, direto mais indireto, pode ser
obtido pela equação (17):
22

e DI  e D (I-A)-1 (17)
Onde:
eDI = vetor do multiplicador direto e indireto do emprego;
eD = vetor dos coeficientes diretos do emprego;
(I – A)-1 = matriz dos coeficientes técnicos do modelo de Leontief.
No emprego indireto, qualquer aumento da produção de um bem final estimula a
produção de todos os insumos requeridos para a sua produção. Desse modo, um aumento na
demanda em um setor específico provoca aumento da produção não apenas do setor, mas
também dos bens intermediários (insumos) gerando empregos indiretos. Assim, o cálculo dos
multiplicadores indiretos deve ser realizado pela diferença
(17)-(16).
Havendo a endogeneização do consumo das famílias é possível calcular os
multiplicadores do tipo II, e assim obter o chamado efeito-renda ou o efeito induzido. Neste
caso, utiliza-se a matriz de Leontief do modelo fechado para encontrar o multiplicador total,
que será de efeitos diretos, indiretos e induzidos:
e DII  eD (I-A)-1 (18)
Onde:
eDII = vetor do multiplicador direto, indireto e induzido do emprego;
eD = vetor dos coeficientes diretos do emprego;

 I  A
1
= matriz dos coeficientes técnicos do modelo de Leontief fechado.

A diferença entre eDII (total no modelo fechado) e eDI (total no modelo aberto) fornece
o efeito-renda (induzido). Desta forma, é possível encontrar também o multiplicador indireto,
pois o multiplicador total é a soma dos multiplicadores direto, indireto e induzido.
Essas mesmas funções, apresentadas acima, podem ser empregadas para calcular os
multiplicadores para qualquer outra variável que compõe o Valor Adicionado. Neste trabalho,
além dos multiplicadores de renda serão calculados os multiplicadores do valor adicionado,
renda e impostos.

2.3.2 Encadeamento produtivo e setores-chave

Os índices de ligações de Rasmussen-Hirschman têm sido muito aplicados na


literatura, como exemplos, por McGilvray (1977), Hewings (1982) e Guilhoto et.al. (1994).
Essas medidas, inicialmente idealizadas por Rasmussen (1956), aperfeiçoadas por Hirschman
23

(1958), foram usadas como meio de identificar setores-chave da economia. Esta identificação
baseia-se no pressuposto de que algumas atividades têm o potencial de gerar um maior
crescimento através de suas ligações para trás (backward linkage- BL) e para frente (forward
linkage - FL), estimulando o restante da economia, o que permite ser utilizada como
ferramenta de planejamento econômico.
Consideram a estrutura interna da economia dentro de um modelo de insumo-produto
determinando o encadeamento dos setores a montante e a jusante, sendo classificados como
setores para trás, que estimam o quanto um setor demanda dos outros setores, e índices para
frente, que informam o quanto um setor é demandado pelos outros setores da economia.
Para Rasmussen e Hirschman, valores maiores do que um dos índices de ligações
indicam setores acima da média e, portanto, setores-chave para o crescimento da economia. A
formulação do cálculo efetivo do índice de ligação para frente segue a equação (18).
FLi  Z
j
ij (18)

Onde: FL representa o forward linkage ou ligação para frente; Z seria uma matriz de
Leontief; i os setores demandantes na linha da matriz Z (vendas). Esse multiplicador é
interpretado como o aumento total na produção de todos os setores quando há aumento
unitário pela demanda final da atividade i. O índice de ligação para trás segue a equação (19).
BL j  Z
i
ij (19)

Onde: BL representa o backward linkage ou ligação para trás; Z seria uma matriz de
Leontief; j os setores demandados pelo setor i (insumos comprados por i). Esse multiplicador
é interpretado como um aumento na produção da atividade j quando há aumento unitário em
toda a demanda final.
Para comparações das matrizes, são desenvolvidos índices normalizados. Calcula-se
para cada linha ou coluna da matriz de Leontief a relação entre o seu coeficiente médio e a
média total dos coeficientes (Feijó et al., 2013).
Esses índices podem ser normalizados tomando-se seu coeficiente médio em relação à
média total dos coeficientes. Então, definindo-se a média de cada indicador de ligação e a
média total dos coeficientes da matriz de Leontief tal como sugerido por Porsse (2002) podem
ser normalizados utilizando as equações (20) e (21) que possibilitam a identificação de
setores-chave, ou seja, índices normalizados com valores superiores à unidade evidenciam
setores com comportamento acima da média, portanto, setores-chave da economia regional.
Para fins deste trabalho, os indicadores relevantes são estes de (20) e (21).
24

1
BLj
BL*j  n (20)

1
BLij
n2 i j

1
FLi
FL*i  n (21)

1
FLij
n2 i j

Segundo Guilhoto (2011) a identificação dos setores-chave pode ser entendida como
os setores em que os índices BL e FL apresentam valor superior a 1. Estes são setores cujas
atividades econômicas exercem uma influência maior do que a média em toda a economia.

2.3.3 Campo de Influência

O campo de influência é uma análise desenvolvida por Sonis e Hewings para


complementar os índices de Rasmussen-Hirschman. Segundo Sonis e Hewings (1989), o
campo de influência consegue mensurar os efeitos sinérgicos das alterações nos coeficientes
técnicos da matriz. Nesse sentido, Haddad (1995) afirma que essa análise permite observar
como as mudanças dos coeficientes diretos se distribuem no sistema econômico,
determinando as relações entre os setores que seriam mais influentes dentro do processo
produtivo (Kaluff; Kureski, 2014).
Para se calcular o campo de influência, é necessária a utilização da matriz de
coeficientes técnicos (A), de uma matriz de variações incrementais nos coeficientes diretos de
insumos (E) e da matriz inversa de Leontief - {B = (I – A)-1}.
Para avaliar o impacto dessas variações em cada um dos elementos da matriz A,
deverá ocorrer uma pequena variação , em cada setor isoladamente, ou seja, ∆A é uma
matriz, tal que E = | |, tal que:

Nesta situação, uma variação de magnitude ∆A nos coeficientes da matriz A resulta


numa matriz de coeficientes técnicos: A = A + ∆A. Logo, a matriz inversa de Leontief pode
ser reescrita como: B* = (I – A - ∆A)-1.

O campo de influência de cada coeficiente é aproximadamente igual a (22):

F( ) (22)
25

Sendo assim, a influência total de cada coeficiente técnico, ou de cada elo da matriz
insumo produto, é dada por (23):

n n 2

S ij   f kl ( ij )  ,
  (23)
k 1 l 1

Em que Sij é o valor associado à matriz e que, portanto, permite desenvolver uma
hierarquia dos coeficientes técnicos baseada em seus campos de influência, de forma que os
coeficientes diretos que possuírem os maiores valores serão aqueles com os maiores campos
de influência dentro da economia (GUILHOTO, 2004; KALUFF; KURESKI, 2014).
26

3 A CADEIA PRODUTIVA DE AVES: MUNDO, BRASIL E MATO GROSSO


DO SUL

3.1 A avicultura no mundo

A avicultura de corte no mundo vem apresentando contínuo crescimento tanto na


produção como consumo ao longo dos anos 2010-2014. A expectativa para 2015 é que esta
tendência continue, conforme projeção do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos
(USDA) (Figura 3.1 e Tabela 3.1).

Figura 3.1. Produção, consumo e comércio mundiais de carne de frango, 2010-2015, em 10³
toneladas equivalentes de carne pronta para cozinhar.

Fonte: USDA, 2015. Dados trabalhados. OBS.: Para 2015 é previsão.


27

Tabela 3.1. Produção, consumo e mercado internacional de carne de frango no mundo, 2010-
2015, em 10³ toneladas equivalentes de carne pronta para cozinhar.

Tipo\Ano 2010 2011 2012 2013 2014 2015*

Produção 78.372 81.346 83.416 84.606 86.348 87.385

Consumo 77.206 80.021 81.776 83.091 84.668 85.112

Importações 7.805 8.227 8.537 8.619 8.550 8.662

Exportações 8.895 9.565 10.113 10.242 10.478 10.928


Fonte: USDA, 2015. *Previsão.

Entre os principais países consumidores, observam-se os Estados Unidos, a China, a


União Europeia e o Brasil sempre nas quatro primeiras posições, perfazendo cerca de 55% do
consumo mundial esperado para 2015 (Figura 3.2 e Figura 3.3). Este consumo persistente
evidencia pequenas alterações estruturais no padrão de consumo dos principais países
consumidores ao longo do período 2010-2015, o que sinaliza para estes principais destinos.

Figura 3.2. Consumo de carne de frango dos principais países, 2010-2015, em 10³ toneladas
equivalentes de carne pronta para cozinhar

Fonte: USDA, 2015. Dados trabalhados. OBS.: Para 2015 é previsão.


28

Figura 3.3. Participação dos principais países no consumo mundial de carne de frango, 2015
(expectativa).

Fonte: USDA, 2015. Dados trabalhados. OBS.: Para 2015 é previsão.

Analisando os dados de consumo, percentualmente, as maiores evoluções do consumo


de 2015 com respeito a 2010 foram para Índia (46,8%), Rússia (25,9%), Argentina (21,1%) e
África do Sul (19,6%), e México (15,5%), ou seja, países que consomem outros 17% do
consumo total reportado, ou um potencial de consumo de 15 milhões de toneladas
equivalentes de carne de frango pronta para cozinhar. Foram 3 milhões de toneladas a mais
nestes países de 2010 a 2015, enquanto os Estados Unidos, China e União Europeia (os três
principais consumidores) aumentaram 2,2 milhões de toneladas no mesmo período.

De fato, conforme o relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos


(USDA, 2015), em 2015 as exportações mundiais de frangos devem expandir 4 por cento,
alcançando um recorde de 10,9 milhões de toneladas, principalmente em decorrência de
expansões nas exportações do Brasil, Estados Unidos, Turquia, Argentina e Tailândia. As
importações por parte da Rússia deverão diminuir devido ao aumento de sua produção
29

interna. O Brasil e a Argentina estão prestes a capturar uma fatia maior do mercado russo,
como resultado da recente proibição dos embarques de carne de frango a partir da UE,
Estados Unidos, Canadá, Austrália e Noruega para a Rússia.

Para atender este consumo, a produção vem aumentando principalmente na Índia e


Rússia, em termos percentuais 47% de 2010 a 2015, 2,3 milhões ton. equiv. de carne pronta
para cozinhar. Para ilustrar, o aumento de produção dos principais países foi: EUA: 7,2% ou
1,2 milhões; China: 3,6% ou 0,4 milhões; Brasil: 6,5% ou 0,8 milhões; e UE: 11,9% ou 1,1
milhões de toneladas equivalentes de carne pronta para cozinhar (USDA, 2015, dados
trabalhados) (Figura 3.4).

Figura 3.4. Produção de carne de frango dos principais países, 2010-2015, em 10³ toneladas
equivalentes de carne pronta para cozinhar.

Fonte: USDA, 2015. Dados trabalhados. OBS.: Para 2015 é previsão.

Com respeito ao comércio internacional, os principais países importadores são


praticamente os mesmos no período 2010-2015 com exceção da redução da participação da
Rússia, conforme mencionado anteriormente e exibido na Figura 3.5 e Figura 3.6: Japão
(10%); Arábia Saudita (9%); México (9%; União Europeia (8%); e Iraque (9%).
30

Figura 3.5. Importações de carne de frango dos principais países, 2010-2015, em 10³
toneladas equivalentes de carne pronta para cozinhar.

Fonte: USDA, 2015. Dados trabalhados. OBS.: Para 2015 é previsão.

Figura 3.6. Participação dos principais países nas importações mundiais de carne de frango,
2015 (expectativa).

Fonte: USDA, 2015. Dados trabalhados.


31

Os principais países exportadores são destacadamente o Brasil (35%), Estados Unidos


(31%) e União Europeia (10%) na expectativa de 2015 (USDA, 2015), ou seja, 76% do total
ou 8,2 milhões de toneladas equivalentes de carne de frango pronta para cozinhar (Figura 3.7
e Figura 3.8).

Figura 3.7. Exportações de carne de frango dos principais países, 2010-2015, em 10³
toneladas equivalentes de carne pronta para cozinhar.

Fonte: USDA, 2015. Dados trabalhados. OBS.: Para 2015 é previsão.


32

Figura 3.8. Participação dos principais países nas exportações mundiais de carne de frango,
2015 (expectativa).

Fonte: USDA, 2015. Dados trabalhados.

3.2 A avicultura no Brasil

A cadeia da avicultura de corte brasileira à montante pode ser vista como alimentação
(milho, soja, premix outros nutrientes), dominada por grandes empresas como: Basf, Bayer,
Degussa, Rhône-Poulenc e Ajinomoto) e genética.

Do prisma da genética, é possível separar esta em fluxos de produção de pintos de


corte nas linhagens puras, as quais darão origem às chamadas bisavós, avós e finalmente as
matrizes (Quadro 3.1).
33

Quadro 3.1. Fluxograma Genético na cadeia da avicultura de corte brasileira.

Fonte: Embrapa Aves e Suínos, elaboração do BNDES, citado por Jesus Jr et al (2007).

As principais linhagens de frango de corte utilizadas no Brasil são, conforme a


Embrapa Aves e Suínos, para híbridos comerciais conforme a origem:

 Importadas: Ag Ross, Cobb Vantress, Hybro, Isa Vedette, MPK, Arbor Acres,
Avian, Shaver e Hubbard.

 Nacionais: Embrapa 021, S-54 e Chester.

Conforme o Quadro 3.2, é possível verificar que a maioria das linhagens de frango de
corte são importadas ou controladas por empresas de capital estrangeiro, com destaque para o
grupo Tyson que detém a empresa Cobb-Vantress, possuidora da maior granja de matrizes
para genética da América Latina no município de Água Clara-MS, e considerado o líder
global na criação de frangos de corte, conforme o próprio sítio eletrônico da empresa
(http://www.cobb-vantress.com/languages/portuguese/about-cobb/our-history). O grupo
Tyson Brasil teve recentemente (2014) sua aprovação pelo CADE para ser vendido ao grupo
JBS, portanto, numa mistura de capital norte-americano e brasileiro.
34

Quadro 3.2. Raças de frangos de corte no Brasil: linhagens genéticas, empresas detentoras e
países de origem, 2007.

EMPRESA EMPRESA PAÍS DE


GRUPO LINHAGEM
PROPRIETÁRIA DESENVOLVEDORA ORIGEM
Tyson Cobb-Vantress Cobb Cobb EUA
Tyson Cobb-Vantress Avian Avian Farms EUA
Tyson Cobb-Vantress Chester Perdigão (Br Foods) Brasil
Tyson3 Cobb-Vantress HiSex Hybro Holanda
Tyson Cobb-Vantress Hybro pg Hybro Holanda
Aviagen Aviagen Arbor Acress Arbor Acress EUA
Aviagen Aviagen Ross Ross Breeders Escócia
1
Aviagen Aviagen Ag Ross Agroceres Brasil
Rhodia ISA Hubbard Hubbard Canadá
Rhodia ISA Isa Vedette ISA EUA
Embrapa Embrapa Embrapa2 Granja Guanabara Brasil
Fonte: Jesus Jr et al (2007), com atualização da pesquisa.
1
Material genético desenvolvido pela Agroceres do Brasil, em parceria com a Ross Breeders.
2
Primeiro material genético para ave de corte produzido no Brasil, na década de 70, pela
Granja Guanabara que veio a falir após episódio de contaminação em seu plantel e cujo
material foi adquirido pela Embrapa, recuperado e mantido até hoje.
3
O grupo Tyson Foods adquiriu a Hybro em 2008.

A ração de aves e suínos é aproximadamente 70% da ração produzida no país


(Agroanalysis, março de 2013), em que a empresa holandesa Nutreco passou a controlar
quatro empresas do segmento no País (Belmann, Nutreco Fri-Ribe, Selko e Sloten), cujo
faturamento somado aproxima R$ 310 milhões por ano (Agroanalysis, março de 2013). A
maior parte composta por milho e farelo de soja (Tabela 3.2), respectivamente com 65% e
20% do total em peso, e os macronutrientes perfazem 99,54% da ração de frangos de corte.
Deve-se ressaltar que estas porcentagens podem alterar conforme o estágio da produção, por
exemplo, se for terminação.
35

Tabela 3.2. Composição da ração de frangos de corte por nutriente, Brasil, 2007.
COMPONENTES PORCENTAGEM DO TOTAL EM PESO
Macronutrientes 99,54%
Milho 65,00%
Farelo de soja 20,00%
Farelo de trigo 1,03%
Farinha de carne 4,49%
Sorgo 1,80%
Trigo/triticale/trigilho 2,00%
Calcário 1,46%
Fosfato bicálcico 0,57%
Sal 0,33%
outros ingredientes e gorduras 2,86%
Premix 0,46%
Vitaminas 0,02%
Microminerais 0,07%
Aminoácidos 0,19%
Outros aditivos 0,18%
Total 100,00%
Fonte: Sindirações, elaboração BNDES, citado por Jesus et al (2007).
A produção brasileira de rações para frangos de corte é crescente de 2001-2011
(Figura 3.9), mas com pequena oscilação no período após 2011.

Figura 3.9. Produção de rações para avicultura de corte, Brasil, 2001-2011, em mil toneladas.

Fonte: Sindirações: Boletins Informativos, diversos anos. OBS.: Para 2015 é previsão.

Já a projeção de crescimento da produção da carne de frango, conforme o MAPA


(2014), é à taxa de 3,1% ao ano entre 2014-2024 (Figura 3.10), mas é possível observar que,
como esperado, a produção de carne acompanha o desempenho da produção de ração.
36

Figura 3.10. Produção, Consumo e Exportação de carne de frango, Brasil, 1990-2014, em mil
toneladas equivalentes de carcaça.

Fonte: Conab (2014).

Já com relação ao valor bruto da produção de frango no Brasil, o MAPA indica


aumentos ultrapassando os 60 bilhões de reais em 2014-2015, com menor ritmo de
crescimento comparativamente ao período 2012-2013 (Figura 3.11).

Figura 3.11. Valor bruto da produção de frango, Brasil, 2000-2015, em bilhões de Reais
(valores corrigidos para janeiro de 2015).
70
60
R$ bilhões de janeiro de

50
40
30
2015

20
10
0

Ano
Fonte: MAPA, 2014.

Com respeito à capacidade de alojamento de animais, matrizes (Figura 3.12) e pintos


de corte (Figura 3.13) no Brasil, após a retração em 2011-13, as estatísticas indicam uma
37

elevação para patamares próximos aos de 2011, indicando o bom momento para produção e
exportação de carne de frango, e ainda consequência também dos maiores preços de carne
bovina, seu substituto.

Figura 3.12. Capacidade de alojamento de matrizes de corte, Brasil, 2007-2015

Fonte: UBABEF, 2014; *Previsões dos autores.

A região Sul é destacadamente a maior em produção de pintos de corte e alojamentos


de frangos, seguida do Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e Norte (Figura 3.13). Enquanto se
observa elevação nos alojamentos no Sul, a região Sudeste declina e a região Centro-Oeste
aponta para uma mudança do patamar.

Figura 3.13. Alojamento de pintos de corte por macrorregião brasileira, 2011-2015*.

Fonte: APINCO/AviSite. *Previsão dos autores.


38

A mesma evolução pode ser detectada na Figura 3.14, que mostra a evolução da
produção de pintos de corte no Brasil. Nesta figura, é possível ver nos dados mensais que
existe uma elevação no período recente (2014-2015), devida principalmente aos resultados da
região Sul.

Figura 3.14. Produção brasileira de pintos de corte, 2011-2015*.

560

540
2011

520 2012
2013
500 2014
2015
480

460
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Fonte: APINCO/AviSite. OBS: Para 2015 tem-se o valor até junho.

Na região Sul, o destaque no peso total das carcaças abatidas em 2014 foi o Paraná
(27%), seguido de Santa Catarina (17%) e o Rio Grande do Sul (13%), os três principais
estados no país para esta variável (
39

Figura 3.15). Neste abate, Mato Grosso do Sul computa apenas 3%, a 8ª posição no
ranking nacional.
40

Figura 3.15. Participação dos principais estados segundo o peso total das carcaças abatidas,
Brasil, 2014.

Fonte: IBGE, 2015. Pesquisa trimestral do abate de animais. Dados trabalhados.

Em termos de peso médio das carcaças dos frangos abatidos, existe um crescimento no
peso médio, e deve-se ressaltar que existem diferentes raças envolvidas, com diferentes pesos
conforme o destino do animal abatido. O peso médio do animal de Mato Grosso do Sul tem
estado entre os três maiores em toda a série avaliada (1997-2014), chegando ao máximo de
2,57 kg por animal em 2012. O peso médio da carcaça do estado está muito próxima ao de
MT, SC e SP (

Figura 3.16).
41

Figura 3.16. Peso médio das carcaças de frangos abatidos nos principais estados, Brasil, 1997-
2014.

Fonte: IBGE, 2015. Pesquisa trimestral do abate de animais. Dados trabalhados.

Na sequência, detalha-se a informação para a avicultura de Mato Grosso do Sul.

3.3 A avicultura de Mato Grosso do Sul

A avicultura de Mato Grosso do Sul tem apresentado indicadores importantes de


evolução no período 2003-2014 conforme a Figura 3.17. Calculando-se as respectivas taxas
geométricas de crescimento, o número de animais abatidos evoluiu a 3,09% a.a., a produção
em peso a 4,4% a.a., enquanto as exportações cresceram a expressivos 12,5% anuais. O
consumo da carne de frango originada de MS e consumida no Brasil não evoluiu
significativamente do ponto de vista estatístico principalmente em virtude da queda de 2003-
42

2006. De outro lado, o consumo desta carne sul-mato-grossense dentro do estado cresceu
cerca de 4,7% ao ano4.

Figura 3.17. Avicultura em MS: produção, consumo (no Brasil), exportação de carne de
frango, 2003-2014.

Fonte: MAPA, 2015. Dados trabalhados.

Em termos de consumo per capita de carne de frangos de MS, a estimativa indica um


comportamento semelhante entre os valores de MS e Brasil, com queda após um ápice em
2011. No período 2010-2014, o Brasil tinha um consumo per capita médio da ordem de 44
Kg/hab., enquanto MS tinha uma média aproximada de 33 Kg/hab (Figura 3.18).

Figura 3.18. Consumo per capita de carne de frango em Mato Grosso do Sul e Brasil, 2000-
2014.

4
As estimativas de consumo tomaram como base a evolução do consumo per capita nacional divulgada pela
UBABEF, e também os dados de consumo de carne de frango da POF para os estados.
43

Fonte: POF/IBGE; UBABEF. Estimativa dos autores.

A cadeia produtiva de aves no estado de Mato Grosso do Sul vem evoluindo ao longo
dos anos 2000, embora com oscilações. O mapa do rebanho municipal de aves pode ser visto
na

Figura 3.19.

Figura 3.19. Rebanho de Aves (galos, frangos, frangas e pintos) em Mato Grosso do Sul,
2012, em mil cabeças.
44

Fonte: PPM, IBGE, 2012.

Os dados do IBGE para 2012 (data base para a pesquisa de mapeamento, e último ano
disponível para os municípios na Pesquisa Pecuária Municipal do IBGE) mencionam um
efetivo de galos, frangos, frangas e pintos da ordem de 22 milhões de cabeças, principalmente
concentrados nos entornos de Sidrolândia, Dourados, Itaquiraí e Caarapó (Figura 3.20). Se
considerar o polo de Dourados (contendo Dourados, Caarapó, Glória de Dourados, Fátima do
Sul e Itaporã), este polo se aproxima do rebanho de Sidrolândia, constituindo assim dois
importantes locais de avicultura de corte no estado. Outra região de interesse é em Aparecida
do Taboado, cuja indústria trabalha em grupo com a de Itaquiraí (Grupo Pluma).

Figura 3.20. Rebanho dos principais municípios segundo o IBGE, 1990-2012.


45

Fonte: PPM, IBGE, 2012.

Já observando as capacidades de alojamento, os dados coletados junto ao IAGRO5


indicam para 2014 uma capacidade de alojamento de 25.591.401 aves de corte comercial em
574 propriedades e 25 municípios. Esta capacidade de alojamento representa um aumento
com respeito ao ano de 2013, quando contava uma capacidade de 20.871.404 aves, mas já se
tinha uma capacidade de 24.520.007 em 2010. Entre os dados disponíveis, esta capacidade
revela ser um recorde enquanto o mínimo estaria no ano de 2006 (11.790.000 aves).

Dados do IAGRO contam em 2014: 602 granjas de corte, 38 granjas de postura, 22


granjas matrizeiras e 5 incubatórios (sendo 2 em Dourados, 1 em Sidrolândia, 1 em
Cassilândia e 1 em Água Clara). Ainda conforme informações do IAGRO pelo Programa
Nacional de Sanidade Avícola, em 2014, e pesquisa a campo, o estado de MS tinha
capacidade de alojamento de 550.000 aves avós, sendo a única granja avozeira do grupo
Cobb-Vantress Brasil Ltda na cidade de Água Clara. Relatos dão informação de que este é o
maior complexo produtor de pintos e matrizes da América Latina (Figura 3.21).

5
Os autores agradecem ao IAGRO pelo pronto atendimento às necessidades da pesquisa.
46

Figura 3.21. Localização e detalhamento da avicultura de Mato Grosso do Sul em 2014, segundo o Programa Nacional de Sanidade Avícola.

Fonte: IAGRO, 2015.


47

São 7 municípios (Sidrolândia, Dois Irmãos do Buriti, Maracaju, Rio Brilhante,


Dourados, Laguna Caarapã e Cassilândia), com matrizeiros, com capacidade de alojamento de
1.181.200 aves, dos grupos JBS Foods (antigas Seara e JBS Aves), BRF Brasil Foods e Grupo
Pluma (Pluma Cassilândia Agroavícola).

Conforme a Figura 3.22, em 2014, foram 148 milhões de pintos de um dia produzidos
no estado, para 143 milhões de ovos férteis produzidos em MS e entrada de outros 76 milhões
de ovos de outros estados, incubados em MS. Estes números já indicam haver algum espaço
para ampliar a produção de ovos férteis no estado.

Figura 3.22. Evolução da produção de pintos de 1 dia e ovos férteis incubados em Mato
Grosso do Sul, 2010-2014.

Fonte: Elaborado pelos autores IAGRO, 2014.

A postura comercial estaria sendo realizada em 2 entrepostos com SIF e 9 com SIE,
com capacidade de alojamento de 1.330.000 galinhas e 153.000 codornas, em Terenos, São
Gabriel d‟Oeste e Maracaju, com evolução ascendente da produção total de ovos com SIF e
descendente para aquelas com SIE, conforme a Figura 3.23, alcançando um total de 23,3
milhões de dúzias (com SIF e SIE).
48

Figura 3.23. Evolução da produção de ovos em entrepostos com inspeção federal (SIF) e
estadual (SIE) em Mato Grosso do Sul, 2010-2014.

Fonte: Elaborado pelos autores IAGRO, 2014.

A análise do índice de concentração normalizado para a classe de atividade de criação


de aves, utilizando os dados de emprego formal do Ministério do Trabalho e Emprego, é
possível identificar maior especialização em criação de aves (ICN>1) nos municípios de
Terenos, Sidrolândia, Água Clara e Cassilândia (

Figura 3.24). Ressalta-se que este comportamento está muito associado ao perfil
produtivo do município e reflete a importância da atividade nestes locais. Ainda com ICN
positivos, mas menores que 1, aparecem São Gabriel do Oeste, Dois Irmãos do Buriti, Rio
Brilhante, Douradina, Dourados, Deodápolis, Vicentina, Caarapó e Laguna Caarapã. Ou seja,
esses municípios tem expressivo número de empregados formais na atividade,
proporcionalmente ao estado como um todo.

Semelhante análise é feita para a atividade de abate de aves e suínos. Infelizmente, a


Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) do IBGE não separa o abate de
aves daquele de suínos. Neste caso, conforme a Figura 3.25, sobressaem-se os municípios de
São Gabriel do Oeste, Sidrolândia, Dourados, Itaquiraí, Caarapó e Aparecida do Taboado, que
são os locais com abatedouros. Ou seja, fica clara a importância do emprego gerado por estes
frigoríficos nos municípios em que se situam.
49

Figura 3.24. ICN do emprego formal da Criação de Aves, 2012.

Fonte: RAIS, 2012.

Figura 3.25. ICN do Emprego Formal do Abate de Aves e Suínos.


50

Fonte: RAIS, 2012.

Na análise da massa salarial das atividades, conforme a Figura 3.26, identifica-se um


importante crescimento no dado de Mato Grosso do Sul, de R$ 11,33 milhões de Reais em
2007 para R$ 16,84 milhões em 2013, em valores constantes para 2013. A taxa geométrica de
crescimento da massa salarial na criação de aves foi de 6,2% ao ano entre 2006 e 2013.

Figura 3.26. Massa salarial da atividade de criação de aves, Mato Grosso do Sul, 2006-2013,
em milhões de Reais (valores corrigidos para 2013).

Fonte: MTE, 2015.

Em termos de pessoal ocupado na criação de aves, entre 2007 e 2013, a Figura 3.27
evidencia a queda após 2010, mas sempre em torno de 12.500 trabalhadores nos últimos 3
anos. Estatisticamente, não é possível afirmar que existe uma taxa de crescimento ou
decrescimento no período 2007-2013.

Figura 3.27. Pessoal ocupado da atividade de criação de aves, Mato Grosso do Sul, 2007-
2013, em pessoas.
51

Fonte: MTE, 2015.


Do ponto de vista da indústria de abate de aves e suínos6, a massa salarial no estado
passou de R$93,61 milhões em 2006 para um ápice de R$164,47 milhões em 2013, a preços
constantes de 2013. Ou seja, é possível identificar um crescimento geométrico de 7,8%
anuais, o que indica uma importante evolução na massa salarial desta atividade no estado.

Figura 3.28. Massa salarial da atividade de abate de suínos e aves, Mato Grosso do Sul, 2006-
2013, em milhões de Reais (valores corrigidos para 2013).

Fonte: MTE, 2015.


Quanto ao pessoal ocupado, entre 2006 e 2013, a

6
Infelizmente, para a informação do abate de aves, esta informação não estava disponível em face da agregação
metodológica na classificação nacional de atividades econômicas, o qual relata a informação do agregado abate
de aves e suínos, não distinguindo aves dos suínos.
52

Figura 3.29 revela que o pessoal ocupado no abate de suínos e aves aumentou de 6.576
pessoas em 2006 para 9.819 em 2013. Entretanto, nos três últimos anos da série (2011-2013)
esta evolução não pode ser dita estatisticamente não nula.
53

Figura 3.29. Pessoal Ocupado na Indústria de abate de suínos e aves no Estado de Mato
Grosso do Sul (2007 - 2013).

Fonte: MTE, 2015.


A partir dos dados tabulados pela SEFAZ-MS para o consumo intermediário total da
produção de aves, identifica-se no estado a estrutura de 2012: ração industrial (62%);
combustíveis e lubrificantes (3%); energia elétrica (3%); medicamentos para animais e
agrotóxico (3%); e outros (29%) (
54

Figura 3.30). São R$ 389,226 milhões de Valor bruto da produção com um consumo
intermediário de R$ 293,273 milhões, ou seja, um valor adicionado de R$95,953 milhões na
criação de aves.
55

Figura 3.30. Participação no consumo intermediário total da produção de aves em Mato


Grosso do Sul, 2012 (R$ mil).

PRODUÇÃO DE AVES

RAÇÃO INDUSTRIAL 62%


R$ 181,092 milhões
Valor Bruto da Produção
(VBP)
OUTROS 29% R$ 86,050 milhões
R$ 389,226 milhões

COMBÚSTIVEIS E LUBRIFICANTES
3% R$ 9,204 milhões

Consumo Intermediário (CI)


ENERGIA ELÉTRICA 3% R$ 9,161 R$ 293,273 milhões
milhões

MEDICAMENTOS PARA ANIMAIS e


AGROTÓXICOS 3% R$ 7,764 milhões

Fonte: Elaborado pelos autores, base de dados SEMAC-MS, 2012.

Com relação ao abate de aves, foi realizado o cálculo a partir dos dados extraídos da
pesquisa obtendo a estrutura a seguir: matéria-prima (76%); Serviços de terceiros (5%);
energia elétrica (2%); combustíveis e lubrificantes (1%); e outros (16%). Para um valor bruto
da produção de R$ 614,457 milhões, tem-se um consumo intermediário de R$ 526,945
milhões e um valor adicionado de R$ 87,512 milhões, ou seja, um valor adicionado maior na
criação de aves do que no abate de aves.
56

Figura 3.31. Participação no consumo intermediário total do abate de aves em Mato Grosso
do Sul, 2012 (R$ mil).

Fonte: Elaborado pelos autores, base de dados SEMAC-MS, 2012.


Em termos de impostos, a criação de aves arrecadou em 2012, ICMS da ordem de
R$2,294 bilhões, enquanto os ovos de galinha e de outras aves perfizeram R$ 67 milhões, e as
carnes de aves fresca, refrigerada ou congelada somaram R$ 8,427 bilhões.

A partir dos dados da ração e estimativas de consumo desta pelas aves, foi estimada a
evolução da participação do milho e da soja na produção de ração para aves de corte, no
período de 1997 a 2014. Para a produção de aves de cada ano, tem-se reportada a quantidade
de toneladas de milho em grão, de farelo de soja e da soja em grão necessária para produzir
este farelo de soja. Assim, em 1997 existia um consumo de ração que requeria 250 mil
toneladas de milho, para 170,7 mil toneladas de soja em grão (ou 134,8 mil toneladas na
forma de farelo de soja). Para 2014, seriam 589 mil toneladas de milho para 317 mil toneladas
de farelo de soja (equivalentes a 401,7 mil toneladas de soja em grão) (
57

Tabela 3.3).
58

Tabela 3.3. Evolução da participação do milho e da soja na produção de ração na avicultura,


Mato Grosso do Sul, em toneladas.

Ano Milho Farelo de soja Soja em grão equivalente ao


farelo de soja (b)
(a) (b) (c)
1997 250.434 134.849 170.695
1998 282.651 152.197 192.654
1999 276.006 148.618 188.124
2000 334.261 179.987 227.831
2001 370.775 199.648 252.719
2002 387.385 208.592 264.040
2003 390.097 210.052 265.889
2004 376.818 202.902 256.838
2005 424.499 228.577 289.337
2006 366.841 197.530 250.038
2007 406.894 219.097 277.338
2008 459.817 247.594 313.410
2009 449.147 241.848 306.137
2010 518.014 278.931 353.077
2011 519.796 279.890 354.292
2012 545.079 293.504 371.524
2013 560.949 302.050 382.341
2014 589.396 317.367 401.731
Fonte: Elaborada pelos autores, dados da pesquisa.

Antes de descrever as transações interestaduais, é preciso esclarecer que estes dados


são originários de informações das notas fiscais processadas pela SEFAZ-MS. Nestas
informações, o que se têm são as CNAEs das unidades que estão em Mato Grosso do Sul. Ou
seja, se conhecem as CNAEs de quem emitiu as nota de venda no estado de MS, e as CNAEs
de quem comprou o produto em MS. Desta maneira, por exemplo, em “abate de aves”, com
100% de integração, as unidades integradoras muitas vezes compram os insumos em escala
nacional e as notas fiscais emitidas são de simples remessa para o produtor (remessa para
parceiros).

Com respeito às vendas interestaduais, é possível identificar 95% das vendas para o
Rio Grande do Sul, no caso de criação de frangos, tem-se o valor de ovos, galos e matrizes.
(Figura 3.32).
59

Figura 3.32. Vendas interestaduais de criação de frangos e outros galináceos, de Mato Grosso
do Sul para outros Estados, 2012.

Fonte: Elaborado pelos autores, base de dados SEFAZ-MS, 2015.

Também são do RS as principais compras (79%) (


60

Figura 3.33), que neste caso são insumos de toda ordem comprados nas CNAEs dos
criadores de frangos.
61

Figura 3.33. Compras interestaduais de criação de frangos e outros galináceos, de Mato


Grosso do Sul provenientes de outros Estados, 2012.

Fonte: Elaborado pelos autores, base de dados SEFAZ-MS, 2015.

Nos casos das vendas interestaduais de “abate de aves”, trata-se de mercadorias


produzidas pelos frigoríficos com destino ao Paraná (31%), Santa Catarina (31%), São Paulo
(14%), Rio de Janeiro (8%), conforme Figura 3.34, no ano de 2012.
62

Figura 3.34. Vendas interestaduais de abate de aves, de Mato Grosso do Sul para outros
estados, 2012.

Fonte: Elaborado pelos autores, base de dados SEFAZ-MS, 2015.

Com respeito às compras das empresas com CNAEs de destinatários de “abate de


aves”, são provenientes do Paraná (38%), Santa Catarina (28%), São Paulo (18%) e Rio
Grande do Sul (10%), conforme a Figura 3.35.
63

Figura 3.35. Compras interestaduais de abate de aves, de Mato Grosso do Sul provenientes de
outros estados, 2012.

Fonte: Elaborado pelos autores, base de dados SEFAZ-MS, 2015.

Já para o comércio atacadista de aves, as vendas interestaduais destas empresas são


essencialmente para São Paulo (85%) e Paraná (15%) (Figura 3.36).
64

Figura 3.36. Vendas interestaduais do comércio atacadista de aves, de Mato Grosso do Sul
para outros Estados, 2012.

Fonte: Elaborado pelos autores, base de dados SEFAZ-MS, 2015.

As compras apresentam identificação da CNAE do destinatário (em MS), sendo


originadas do Paraná (84%), São Paulo (14%) e Santa Catarina (2%) (Figura 3.37).
65

Figura 3.37. Compras interestaduais de comércio atacadista de aves, de Mato Grosso do Sul
provenientes de outros Estados, 2012.

Fonte: Elaborado pelos autores, base de dados SEFAZ-MS, 2015.

Os produtos gerados ao final da cadeia são bastante variados, incluindo: ovos comuns,
ovos férteis, pintainhos, matrizes recriadas, frangos congelados inteiros, carne, partes de
frangos, couro, miúdos, envelopados, pacotes, inter-folhados etc. Existe uma unidade
frigorífica que exporta apenas frango congelado e envia as sobras (miúdos) para a Bahia,
conforme relatos. Outras unidades apresentam exportação de cortes variados, sendo os
principais municípios exportadores, em porcentagem do valor exportado: Sidrolândia (60%),
Caarapó (22%) Itaquiraí (15%), Aparecida do Taboado (2%) (Figura 3.38).

Deve-se ressaltar que o município de Dourados apresenta uma expressiva exportação


na classe SCN 30101, que se refere a „Abate e preparação de produtos de carne‟. Neste caso,
não é possível identificar com precisão se é carne de aves, suínos ou bovinos, mas
classificados como „produtos de carne‟. Trata-se de algo próximo a US$ 4,7 milhões.
66

Figura 3.38. Participação dos principais municípios de Mato Grosso do Sul na exportação de
carne de aves fresca, refrigerada ou congelada (SCN 30103), 2012.

Outros
Aparecida do 0,4% 0,0%
Taboado
1,9%

Itaquiraí
15,4%

Caarapó
Sidrolândia
22,0%
60,3%

Fonte: MDIC, 2015. Sistema Aliceweb.

A exportação de aves vivas de Mato Grosso do Sul foi em 2012 da ordem de US$ 5
milhões (FOB), e os principais destinos foram o Equador (49%), o Peru (25%), Venezuela
(20%) e Paraguai (7%) (
67

Figura 3.39). Conforme investigação a campo, estas são essencialmente de animais


para matrizeiros, ou também chamado no jargão setorial de “exportação de genética”.
68

Figura 3.39. Exportação de aves vivas de Mato Grosso do Sul, 2012.

Fonte: Elaborado pelos autores, base de dados MDIC, 2015 e Sistema Aliceweb, 2012.

Com relação aos ovos de galinha, existe uma exportação da ordem de US$ 2.3 milhões
(FOB) em 2012, e destes 83% são destinados à Colômbia e 17% à Venezuela (Figura 3.40).
Essencialmente são ovos férteis destinados a estruturação de matrizeiros.

A exportação de carnes e derivados de aves frescas, refrigeradas ou congeladas de


Mato Grosso do Sul é um dos principais focos das integradoras do estado. A Brasil Foods
(BRF), a JBS Foods e a Frango Ouro/Frango Bello (ambas do grupo Pluma) fazem
exportação e são autorizadas a exportarem em todas as suas unidades. Conforme a

Figura 3.41, dos cerca de US$ 265.4 milhões (FOB), os principais destinos foram:
Japão (26%), Arábia Saudita (23%), China (16%), Bélgica (5%), Emirados Árabes Unidos
(5%), Hong Kong (4%), Alemanha (3%) e Cingapura (3%).
69

Figura 3.40. Exportação de ovos de galinha e de outras aves de Mato Grosso do Sul, 2012.

Fonte: Elaborado pelos autores, base de dados MDIC, 2015 e Sistema Aliceweb, 2012.

Figura 3.41. Exportação de carne de aves fresca, refrigerada ou congelada de Mato Grosso do
Sul, 2012.
70

Fonte: Elaborado pelos autores, base de dados MDIC, 2015 e Sistema Aliceweb, 2012.

Existem autorizações para exportar para diversos países, para carne de aves ''in
natura'', miúdos de aves ''in natura'', produtos de origem animal, carne mecanicamente
separada de ave, produtos a base de carne de aves, matéria prima para fins opoterápicos 7 e
laboratoriais, produtos não comestíveis-subprodutos, preparados de carne, e matéria prima
para ração animal (pet food). Em geral, as plantas mais completas (com mais autorizações
para exportar) são as do grupo JBS Foods, que também teve detectada autorização para
exportação de produtos a base de carne de aves na unidade JBS de Campo Grande (Tabela
3.4).

7
São preparações obtidas a partir de glândulas, outros órgãos, tecidos e secreções animais conforme
Resolução Normativa 10/78 (ANVISA, sd).
(<http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/especificos/apresentacao1_orientacao_regulado.pdf>. Acesso em
09.03.2015)
71

Tabela 3.4. Unidades frigoríficas e produtos ligados à avicultura autorizados para exportação, Mato Grosso do Sul, 2015.

UNIDADE FRIGORÍFICA

PRODUTO Itaquiraí Aurora JBS


BRF JBS JBS Bello JBS
Aparecida São Gabriel Campo
Dourados Caarapo Sidrolandia Itaquiraí Dourados
do Tabuado D’Oeste Grande
18 2482 3595 3409 1897
3772 450 4400

Carne de aves ''in natura'' x x x x x

Miúdos de aves ''in natura'' x x x x x

Produtos de origem animal x x x

Carne mecanicamente separada de


x x x x x
ave

Produtos a base de carne de aves x x x x x x

Matéria prima para fins


x x x
opoterápicos e laboratoriais
Produtos não comestíveis-
x
subprodutos

Preparados de carne x x x x x

Matéria prima para ração animal


x x x
(pet food)
Fonte: MAPA, 2015. Dados trabalhados.
72

3.3.1 A cadeia produtiva

A cadeia produtiva de aves em Mato Grosso do Sul pode ser descrita essencialmente
como uma cadeia em que o ente principal é a indústria integradora e processadora,
similarmente ao exposto por Sakomura (2014) (Quadro 3.3).

Quadro 3.3. Setores envolvidos em sistemas de integração de aves no Brasil, 2014.

Firma
integradora

Galpão
Abate e Mão-de-obra
Pintinhos Ração
comercialização Energia
Cama

Fábrica de Abatedouro/ Proprietário da


Matrizeiro
ração Frigorífico granja

Fonte: SAKOMURA (2014), adaptado pelos autores.

Os vários níveis comumente encontrados nos vários estudos estaduais também são
observados no estado de MS e são controlados pelas empresas integradoras (praticamente
100% de produtores integrados) (Figura 3.42), sendo tipicamente grandes grupos como o JBS
Foods, BRF Brasil Foods e Pluma.
73

Figura 3.42. Cadeia Produtiva de Frangos de Corte de Mato Grosso do Sul.

GRANJAS DE

FÁBRICA DE RAÇÃO CORTE

PRODUTORES DE INCUBATÓRIOS E
MILHO E SOJA MATRIZEIROS

FÁBRICA DE
ÓLEO E FARELO FRIGORÍFICOS
PROCESSADORES
INTEGRADOS

CONTROLADA CENTROS DE
PELA DISTRIBUIÇÃO E MERCADO MERCADO
INTEGRADORA ATACADISTAS DOMÉSTICO EXTERNO

Fonte: Elaboração própria.

Ainda devem ser acrescidos à cadeia, além dos elos de controle da integradora
(fabricação de ração, matrizeiros/incubatórios, frigoríficos/processamento), as granjas de
corte, os elos de distribuição no mercado doméstico e externo, e os vários elos de suporte
como fornecedores de medicamentos e vacinas, prestadores de serviços, agentes financeiros,
de transporte e logística e outros. Sempre numa cadeia controlada pela integradora de modo a
garantir o padrão e sanidade dos produtos. Portanto, a empresa integradora seleciona os
integrados, faz o projeto técnico, implanta o aviário, fornece a assistência técnica, fornece os
pintos de 1 dia, fornece a ração, contrata e organiza o transporte, fornece os medicamentos,
realiza o abate e comercialização, e organiza a remuneração e formas de pagamento (Figura
3.43).
74

Figura 3.43. Atividades executadas pela empresa integradora.

Seleção dos
integrados
Remuneração
Projeto
e formas de
técnico
pagamento

Abate e Implantação
comercialização do aviário

Empresa
Integradora
Medicamentos,
Assistência
vacinas,
técnica
desinfetantes

Transporte Fornecimento
(pintos, ração, de pintos de 1
frangos) dia
Fornecimento
da ração

Fonte: Sakomura (2014), adaptado pelos autores.

Os estudos indicaram que todos os produtores estão em regime de integrados e têm-se


as indústrias e integradoras (três grupos que possuem ao todo cinco unidades de negócios):

 Brasil Foods - BRF S.A. (antiga AVIPAL/Perdigão), cujas operações de aquisições a


tornaram uma empresa do grupo Brasil Foods em Dourados (SIF 18) (442
empregados), e coordenam as marcas Sadia, Perdigão entre outras.
 JBS Foods - conforme apresentação institucional da JBS aos investidores, para o 3º
trimestre de 2014, a JBS Foods é a unidade do grupo JBS que administra os abates de
aves e suínos, a partir da integração da Seara Brasil com a antiga JBS Aves. Em Mato
Grosso do Sul, apresenta duas unidades de abate de aves: Sidrolândia-MS (SIF 3595)
75

– 385 empregados - e Caarapó-MS (SIF 3482) – 1.148 empregados, antiga Doux


Frangosul). Ainda apresenta uma unidade de abate de suínos em Dourados-MS (SIF
1897) com 2.488 empregados (antiga Seara Brasil), além de um centro de distribuição
em Campo Grande-MS e duas unidades de produtos de valor agregado (em Dourados-
MS e em Sidrolândia-MS).
 O Grupo Pluma com as duas unidades (Frango Ouro e Frango Belllo) compõem um
grupo sob a mesma direção administrativa da Abatedouro de Aves Itaquiraí Ltda.
o Abatedouro de Aves Itaquiraí Ltda – Frango Ouro – em Aparecida do
Taboado-MS (SIF 3772), com 1.885 empregados.
o Abatedouro de Aves Itaquiraí Ltda – Frango Bello – em Itaquiraí-MS (SIF
3409), com 1.926 empregados.
o Ainda contempla a Pluma Agroavícola, que possui o incubatório em
Cassilândia-MS e unidades no Paraná.

A integração é o sistema dominante em que o produtor tem a propriedade e constrói o


aviário/granja, assim como possui os equipamentos, a maravalha, fornece água e energia e faz
todo o manejo dos frangos. A agroindústria disponibiliza os pintainhos, a ração, os
medicamentos, o transporte, a assistência técnica e a tecnologia em todo o sistema produtivo
(ou sistema de integração, no caso da Seara/JBS), e finaliza com comercialização e
remuneração do produtor pela eficiência no sistema de integração.

Uma característica a ressaltar é no caso do sistema do grupo Pluma, que já trabalha


com granjas próprias de frangos de corte, de modo a garantir parte de sua escala de abate. Esta
estratégia está muito vinculada à dificuldade de se ter produtores com habilidade e interesse
em participar deste sistema produtivo, com muita exigência sanitária, e fortemente integrado,
conforme informação obtida também nos demais grupos de empresas.

Como a integradora fornece os pintainhos, em geral as integradoras possuem suas


granjas com incubatórios próprios para os pintainhos, recria destes e formação das matrizes.
Outra parte desse sistema é executada pela empresa Cobb Vantress, com a maior unidade de
produção de matrizes da América Latina em Água Clara-MS, mas boa parte desse material
genético é destinada à exportação. Tratando-se de avozeiros, a atividade da Cobb Vantress é
essencialmente para genética, para a melhoria das matrizes que posteriormente serão usadas
para obter os pintos de um dia para corte.
76

É importante ressaltar que a atividade da Cobb Vantress é a explicação para


importante massa salarial identificada na produção de frangos em Água Clara, assim como a
atividade da JBS Foods em Sidrolândia.

A tendência é que todos os pintainhos, matrizeiros e avozeiros sejam dentro do estado,


conforme a política nacional de defesa sanitária animal, a fim de reduzir a incidência de
doenças avícolas entre os estados, ou seja, prevê-se no curto prazo que haja independência do
estado quanto aos incubatórios/avozeiros/matrizeiros. As entrevistas com as integradoras
confirmaram esta intenção de internalização dos incubatórios. Em alguns casos, os ovos para
os pintainhos estão vindo do Paraná, conforme entrada de ovos férteis para incubar no estado
de MS.

Com respeito às formas de pagamento praticadas pelas indústrias aos seus integrados
em geral envolvem índices técnicos que darão maior ou menor resultado financeiro. Esses
índices envolvem o ganho de peso, a conversão alimentar (CA), a idade de abate e a
mortalidade.

Os lotes são avaliados por tudo o que acontece do início ao final de cada ciclo, para se
indicar se a produção foi eficiente, o que às vezes é indicado como “Índice de Eficiência de
Produção” (IEP) ou fator de produção (FP), conforme a indústria.

Em que:

 IEP= Índice de Eficiência de Produção;

 CA = Conversão alimentar = ;

 GMD (ganho médio diário) = ; e,

 Viabilidade = percentual de frangos vivos no final do lote (uma representação


que considera a mortalidade no ciclo).

Existem tabelas que avaliam se os índices resultantes foram considerados bons ou não.
Por exemplo, uma referência indica que é: péssimo se IEP< 200; Ruim para IEP de 200 a
220; Regular para IEP de 220 a 230; Bom para IEP de 230 a 240; Ótimo para IEP de 240 a
250; e Excelente para IEP > 250. Assim, as tabelas avaliam os índices técnicos e cada
empresa adota a sua conforme a exigência de mercado, se por um produto mais pesado, por
77

exemplo. O pagamento ao produtor será então uma porcentagem sobre o valor líquido da
venda dos frangos vivos (kg), ou porcentagem fixa (contrato), corrigida pelos índices
técnicos, ao preço do dia da retirada. Então, imagine um caso em que a participação seja 12%
e que os índices técnicos indiquem uma correção de 0,74 (indicada por uma tabela da
indústria integradora e nem sempre transparente ao público), isto daria uma participação
reduzida para 12 x 0,74 = 8,88%. Então se um produtor recebesse R$2,70/kg de frango vivo, e
tivesse um galpão de 1.200 m² com 15 cabeças por m², com peso médio de 2,3 kg por frango,
ele teria uma receita de:

 1200 m² x 15 = 18.000 frangos


 18.000 x 2,3 kg = 41.400 kg
 Receita = 41.400 kg x R$2,70/kg x 8,88% de correção = R$9.926

3.4 Resultados da Matriz de insumo-produto


Esta seção encontra-se em elaboração. Previsão de entrega final para setembro/2015.

3.4.1 O PIB da cadeia produtiva

3.4.2 Impostos na cadeia produtiva

3.4.3 Encadeamento produtivo e setores-chave

3.4.4 Campos de Influência

3.4.5 Multiplicadores: decomposição em impactos direto, indireto e efeito-induzido

3.5 Gargalos

É possível mencionar alguns gargalos identificados, para os elos da cadeia:

 Criação de frangos para corte:


o Determinação dos preços – no sistema integrado, os produtores são
remunerados conforme a eficiência e o check list para a qualidade da granja e
dos produtos, os quais agem mais como depreciadores;
o Escala de produção – é argumentado que se tem a escala mínima necessária de
três galpões de 12m por 125m, ou 1.500 m², para obter viabilidade. A empresa
em geral assina uma garantia de que realizará a compra e permanência no
78

sistema integrado pelo prazo do financiamento bancário, e são empregadas


duas pessoas para os três galpões, portanto, podendo ser quase familiar;
o Formato do financiamento – argumenta-se que a forma de distribuir as parcelas
onera mais o produtor no momento que mais terá despesas, como no período
em que se requer reforma e manutenção da infraestrutura da granja;
o Mão-de-obra – existe uma dificuldade importante na disponibilidade de mão-
de-obra com interesse e formação adequados à atividade, exigente em
qualidade e sanidade;
 Abate de aves:
o Serviços públicos – existe uma queixa da forma de atuação dos agentes fiscais
sanitários e a necessária liberação para emissão de guias de transporte e
autorizações de abate; segundo o pleito, faltam mais agentes públicos de
fiscalização para fins de liberação dos fluxos de produtos;
o Transporte – existe alguma rigidez ou dificuldade nos fluxos de transporte,
pois a localização do estado deveria permitir maior facilidade para exportar aos
países vizinhos mas, por exemplo, alguns produtos estão indo para Campinas
para depois seguirem para países latinos, ao invés de haver voos comerciais de
Campo Grande diretamente aos países andinos. Cerca de 75% das exportações
de carnes de aves seguem para a Ásia, e na costa do Pacífico, de modo que os
voos poderiam ser negociados de modo a se ter menores custos.
o Rações – as rações são produzidas e controladas pelas integradoras e nem
sempre os insumos principais são originados do estado, ou seja, é importante a
revisão dos incentivos de modo a se aproveitar as vantagens de localização nos
polos produtivos de milho e soja, pois muitas vezes são utilizados produtos de
outros estados como de Mato Grosso.

As oportunidades que aparecem são principalmente para a integração lavoura-pecuária


de pequenos animais na parte da alimentação com rações, como mencionado, para melhorar a
utilização do milho e da soja do estado. O incentivo ao processamento de milho poderia ser
uma boa direção para políticas de fomento com multiplicadores econômicos importantes, não
só para aves e milho mas também para bovinos.
79

4 REFERÊNCIAS

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