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ESTRUTURA SEGURA

68% menos Erros (e Retrabalhos)

Quando aceitei o convite eu achava que sabia exatamente onde estava pisando...
Talvez se soubesse de verdade nunca teria aceitado... Mas... Também... Nunca teria percebido
as coisas incríveis que tenho a satisfação de poder dividir com você a partir de hoje. Coisas que
funcionaram e coisas que não funcionaram. Que podem fazer uma diferença enorme no seu
dia-a-dia elaborando projetos ou conduzindo equipes que elaboram projetos. Que podem lhe
mostrar um ponto de vista inédito sobre o que você pode fazer para agregar tranquilidade,
segurança, qualidade e produtividade ao seu modo de fazer Projeto Estrutural.

O convite era motivo de orgulho e reconhecimento: montar e liderar uma “Equipe


Tropa de Elite”, com os melhores e mais experientes engenheiros, para garantir que o projeto
estrutural elaborado pela empresa estava correto. Essa equipe deveria fazer CQP’s internos de
todos os projetos elaborados pela empresa, ser guardiã do conhecimento técnico e da
padronização da empresa, e também deveria ser responsável por aprimorar as práticas de
projeto adotadas até então. Uma missão extremamente nobre.

Algumas métricas da empresa na época podem deixar o cenário mais preciso e


interessante:

- eram produzidas aproximadamente 120 plantas de projeto estrutural por dia

- eram detalhados aproximadamente 300.000 m² de estrutura por mês

- o quadro de engenheiros estruturais possuía aproximadamente 40 pessoas.

Consegue imaginar o caos? A quantidade de informação para ser processada e


analisada? O investimento necessário para fazer isso acontecer?

Minha experiência, até então, limitava-se a elaborar e auditar projetos de equipes de


até umas 7 pessoas... Isso é uma coisa... Quando você trabalha sozinho, ou numa equipe
pequena, você tem todo o processo produtivo ao alcance dos seus olhos e ouvidos, você tende

Lucas Ramires
lucasramires@estruturasegura.com.br
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a ter um poder maior de acompanhamento e atuação sobre o projeto (isso por si só já guarda
um nível de incerteza bem significativo).

Outra coisa, BEM DIFERENTE, é você precisar fazer a mesma coisa numa escala muito
maior. Quando a escala cresce, você não consegue acompanhar mais tantas pessoas e
processos acontecendo simultaneamente. Nessas horas você descobre que falta algo para dar
suporte a esse nível de operação. Trabalhar só “na confiança” não funciona.

Ao mesmo tempo em que havia muitas perguntas em aberto, um horizonte


completamente inexplorado parecia surgir na minha frente. Eu sabia que o foco prioritário
inicial da equipe deveria ser garantir a segurança do que foi produzido. Eu já tinha uma boa
ideia sobre como estruturar essa equipe e sobre como fazê-la atuar conforme imaginado (esse
tema mereceria um artigo à parte). A minha maior dúvida era o que fazer para não ficar refém
dessas revisões? Eu sabia que se a equipe fosse muito solicitada fatalmente erros iriam
passar.

Pra mim, uma medida do sucesso dessa empreitada seria fazer revisões nas quais eu
encontrasse pouquíssimo ou nenhum erro.

Esse seria o mundo perfeito... Mas a verdade estava bem longe disso. Os projetos
dados por prontos estavam apresentando erros em quantidade e tipologias que não eram
admissíveis (ver Notas 1 e 2 no final do artigo).

O que você faria numa situação assim? O que faria para melhorar efetivamente o
processo de concepção, cálculo e detalhamento de uma equipe com 40 engenheiros (inclusive
com vários iniciando na carreira)?

Ou numa escala menor, e se fosse a sua equipe ou o seu escritório que você desejasse
aprimorar em termos de qualidade e segurança de produção?

E se fosse você um desses engenheiros que estava cometendo algum erro não
intencional (e nem sabia disso)?

Lucas Ramires
lucasramires@estruturasegura.com.br
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Pra mim, num primeiro momento, essa missão seria equivalente a fazer com que 40
engenheiros jogassem xadrez por mim. Como eles poderiam jogar da maneira como eu
gostaria que eles jogassem quando o adversário fizesse jogadas inesperadas? Algo
extremamente complexo, que no meu entendimento daquele momento, dependeria muito da
habilidade e experiência de quem estava elaborando o projeto... Não sabia nem como dar um
primeiro passo, parecia impossível estabelecer uma estratégia eficaz para enfrentar a situação.

O que fiz?

Por mais simples que pareça, peguei um jogo de plantas de um projeto e fui revisar
(teoricamente esse projeto já estava pronto e dado por revisado por quem o tinha feito).

Até aí nada de diferente. Eu já tinha feito isso centenas de vezes...

Mas dessa vez eu fui com uma ideia diferente em mente. Era só uma ideia, uma
intenção de encontrar uma resposta para que os erros não ocorressem mais. A cada problema
o que precisaria ter sido feito para que esse
que encontrei eu me perguntei:
problema não tivesse acontecido?

É incrível como olhar para a mesma situação sob uma perspectiva diferente pode fazer
uma diferença brutal. Comecei a perceber inúmeros pontos para os quais eu não prestava
atenção antes. Depois descobri que essa era apenas a ponta do iceberg... Muita coisa ainda
viria à tona.

Conforme eu avançava na revisão das plantas fui conseguindo reconhecer alguns


padrões na resposta a essa pergunta que eu estava me fazendo. Ao final da revisão traduzi as
respostas na tabela abaixo (fui ao fundo do baú dos meus registros para encontra-la):

Lucas Ramires
lucasramires@estruturasegura.com.br
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CLASSIFICAÇÃO DAS OCORRÊNCIAS DE ERRO

CONCEPÇÃO LEVE DETALHAMENTO QUE PODERIA TER DETALHAMENTO DETALHAMENTO


CONCEPÇÃO GRAVE ATENDIMENTO
OU MÉDIO SIDO EVITADO NA CONCEPÇÃO LEVE OU MÉDIO GRAVE

6% 1% 61% 17% 15% 1%

68% 32%

Eu classifiquei os erros e computei a frequência com que eles ocorreram.

Para que você entenda o significado de cada coluna vou caracterizá-las e dar exemplos
do que seriam esses erros (não quero em hipótese alguma com isso dizer que esses erros são
irrelevantes ou absurdamente graves, foi só uma classificação que fiz para conseguir analisar o
problema por outro ângulo):

Erro de concepção leve ou médio: Erros que não chegam a causar repercussões significativas
no desempenho do projeto já detalhado. Ex.: Esquecimento da consideração de cargas
concentradas de uma escada metálica que nasceria sobre uma viga do pavimento técnico.

Erro de concepção grave: Erros que poderiam causar um mau funcionamento da estrutura em
serviço ou que implicassem em algum tipo de ruptura prematura de algum elemento da
estrutura. Ex.: Adoção de uma espessura de laje que resulta em flecha superior ao limite
normativo.

Erro de Detalhamento que poderia ter sido evitado na concepção: Erros que foram facilitados
pela solução estrutural que foi adotada (aqui tem uma grande sacada). A concepção não
justifica o erro de detalhamento, mas facilitou a ocorrência do erro. Ex.: detalhamento
incorreto da ancoragem da armação negativa de uma laje com continuidade em rebaixo (é um
ponto de edição diferenciada da armação, nesse exemplo não teria sido necessário contar com
a continuidade da laje no rebaixo, poderia facilmente ter sido considerada articulada no
rebaixo sem prejuízo nenhum ao projeto). Outro exemplo: adoção de uma viga com seção
variável onde poderia ter sido adotada uma viga com seção constante (onde é necessário
realizar edições manuais a possibilidade de erros aumenta absurdamente).

Erro de Detalhamento leve ou médio: Erros que impedem a execução. Ex.: não cotar a posição
de uma viga na forma. Outro exemplo: viga armada com uma seção e na forma está informada
com outra seção.

Erro de Detalhamento grave: Aqui considerei qualquer erro em pilares, blocos de fundação,
vigas de transição ou quaisquer erros que pudessem gerar ruptura brusca. Ex.: Armadura de
espera de pilares em quantidade incorreta.

Lucas Ramires
lucasramires@estruturasegura.com.br
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Erro de Atendimento: Responsável por contato com o cliente passou informação incorreta ou
não passou a informação para o detalhamento correto da estrutura. Ex.: preferencia do cliente
sobre cota da face superior dos blocos de fundação em determinada posição da estrutura.

Pare e reflita comigo: eu revisei plantas. O final do processo produtivo de um projeto.


Momento onde ninguém mais quer achar erros porque isso representará retrabalho e
normalmente é o momento onde a pressão do cliente para a entrega do projeto é máxima, e
cheguei à conclusão de que 68% dos erros estavam associados à concepção ou poderiam ter
sido evitados por uma concepção diferenciada.

Fiquei com a sensação de que tinha descoberto a dinamite!

Até então minha tendência natural era revisar, revisar, revisar... Apontar os erros, ficar
tremendamente p* e indignado com os erros, reclamar com um monte de gente e encaminhar
os erros para correção. Além de não ter tempo (detesto essa justificativa) para tentar resolver
as causas dos erros, sequer passava pela minha cabeça fazer isso. Minha preocupação
normalmente ficava na detecção dos problemas (que eu entendia que nem deveria encontrar)
e informar a direção de que isso estava acontecendo. Não era eficaz... os problemas além de
continuarem, repetiam-se.

Mais tarde (falarei sobre isso em outro momento) também identifiquei que os 32% de
erros de detalhamento também poderiam ser reduzidos se os métodos de detalhamento
fossem mais eficazes. Poderia dizer que muito dos problemas do detalhamento eram de
“concepção do detalhamento”, de como ele era operacionalizado.

E agora? O que eu faria com essa informação de que poderia ter 68% menos erros (e
retrabalhos) no projeto se a concepção do projeto fosse melhor trabalhada?

Eu precisaria continuar contando com minha equipe trabalhando na defesa,


trabalhando para não deixar passarem erros, mas também precisaria começar a atuar no
ataque, para que os erros fossem bloqueados antes mesmo de nascerem. Apontei minhas
armas para as Etapas de Concepção e desenvolvimento de projetos.

***

Lucas Ramires
lucasramires@estruturasegura.com.br
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Curiosidade: Eu auditava periodicamente o trabalho da minha equipe. Revisava a


revisão que eles faziam. Se achava coisas importantes que eles não viam? Sim. Isso também
era um problema que eu precisaria resolver.

***

Voltando a história então, diante desse cenário o que fiz?

Medidas adotadas:

- Todo projeto, antes de entrar em detalhamento, passaria por uma revisão completa e
minuciosa de cálculo dentro da minha equipe (utilizávamos o TQS na grande maioria das
obras). Dessa revisão resultaria um relatório do quê deveria ser alterado ou corrigido, e
conteria instruções para que o detalhamento obtivesse êxito nas situações mais delicadas.
Essa revisão, assim como a revisão final das plantas, fazia parte do cronograma obrigatório de
TODAS AS OBRAS. A métrica histórica de tempo que a minha equipe utilizava para revisar
todos os cálculos e detalhamentos era de 50% do tempo previsto para o detalhamento de
cada obra (já existia uma iniciativa similar anterior na empresa).

- Solicitei a minha equipe que começasse a registrar os erros e que os organizasse em


apresentações tipo PowerPoint ao final de toda revisão de cálculo ou revisão de
detalhamento.

- Eu apresentaria um feedback para os gerentes das equipes mostrando tudo que foi
detectado nas revisões, com o intuito de que os erros não se repetissem.

***

Aqui cabe uma pequena nota (que também pode ser uma sacada): as equipes de projeto eram
divididas em:

Equipe de concepção e desenvolvimento: Equipe dedicada à concepção, modelagem e


compatibilização da estrutura enquanto ainda não era autorizado o detalhamento final
da estrutura.

Equipe de detalhamento: Equipe dedicada exclusivamente ao detalhamento de


projetos

Lucas Ramires
lucasramires@estruturasegura.com.br
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Equipe de pós-detalhamento: Equipe dedicada a fazer o atendimento da obra após a


entrega do projeto. Alterações, reforços, verificação em caso de fck baixo, etc.

Considero isso uma sacada porque são etapas com características bastante distintas e
também porque permite e estimula a especialização dos engenheiros dessas equipes. Se você
já pensou ou pensa em padronizar os procedimentos do seu escritório essa é uma análise que
pode ajudar a dividir o trabalho em etapas específicas. Também ajuda muito na elaboração de
planejamentos, cronogramas, análise de demanda de contratação de pessoas, etc.

Particularmente eu considerava o trabalho da equipe de pós-detalhamento o trabalho


que envolvia o maior risco de todos. Envolvia muita alteração de projeto, muita edição e onde
existia muita chance de cometer erros potencialmente graves.

***

Voltando ao foco deste artigo:

O que funcionou:

- As revisões de modelo de cálculo antes do detalhamento (Revisões pré-detalhamento)


conseguiam eliminar muitos problemas da etapa de detalhamento e também conseguiam
chamar a atenção para os pontos mais delicados da estrutura. Isso foi uma ação profilática
que deu excelentes resultados. Tínhamos pessoas com muita experiência fazendo esse
trabalho de revisão. Com frequência os modelos que teoricamente estavam prontos para
entrarem em detalhamento possuíam muitas coisas para serem ajustadas e isso, da maneira
antiga, acabava sendo detectado apenas no momento do detalhamento. Gerava atrasos,
retrabalhos, desgaste interno, desgaste com o cliente pelo não atendimento dos prazos, e
elevava a chance de erros acontecerem.

- A minha equipe começou a identificar muitos e inesperados erros. Quando se trabalha com
muitas pessoas a experiência de compartilhamento de conhecimentos torna-se muito rica.

- A catalogação dos erros permitiu identificar as áreas prioritárias de atuação

- Passei a dar feedbacks aos gerentes de equipes para apresentar-lhes os erros que estavam
acontecendo e para mostrar a eles onde deveriam atuar. Eles passaram a ter consciência da
existência dos problemas e do que deveriam fazer para atuarem sobre os problemas.

- Alguns erros praticamente desapareceram.

Lucas Ramires
lucasramires@estruturasegura.com.br
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Na Figura 1 abaixo você pode ter uma ideia da gestão que pôde começar a acontecer
em relação à tipologia e frequência com que os erros aconteciam. Nesta Figura, por exemplo,
você pode notar que não existiam muito erros de gravidade alta com frequência alta de
ocorrência (isso seria terrível). A partir dela foi possível estabelecer uma estratégia para focar
sobre quais erros seria necessário atuar prioritariamente.

Figura 1: Estudo das tipologias de erros, da gravidade dos mesmos e da frequência com a qual aconteciam no
momento da revisão de modelo de cálculo pré-detalhamento (antes da obra ser detalhada).

Lucas Ramires
lucasramires@estruturasegura.com.br
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O que não funcionou:

- Os modelos de cálculo continuaram chegando com muitos problemas na minha equipe,


imediatamente antes de entrarem em detalhamento.

- Mesmo tendo informado, a maioria dos erros continuavam se repetindo.

- A mensagem que eu tentava passar aos gerentes parecia não chegar adequadamente aos
engenheiros que faziam projeto, que eram de fato quem executavam os cálculos e os
detalhamentos.

- As correções que solicitávamos por relatório não estavam sendo corretamente


compreendidas e efetuadas.

Lucas Ramires
lucasramires@estruturasegura.com.br
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Conclusão

Foi bastante informação para o primeiro artigo... Tentei lhe apresentar o drama que
vivenciei no momento em que aceitei encarar esse desafio. Volto a afirmar que esse momento
foi a descoberta da ponta do iceberg, o momento no qual eu percebi que havia um potencial
gigantesco de atuação na prevenção da ocorrência dos erros.

Ir atrás desse “algo que não funcionou” fez com que eu precisasse “pensar fora da
caixa”, diferente do padrão. As soluções tradicionais, que a gente costuma adotar quando
trabalha sozinho ou numa equipe pequena, não funcionavam bem nessa escala de trabalho.

Nos próximos artigos, vou te contar como foi ir até o engenheiro de produção para
entender o que estava acontecendo. Vou relatar tudo que estava impedindo a minha
mensagem de chegar precisamente até ele, quais eram os problemas que ele enfrentava no
seu dia-a-dia e onde poderíamos atuar naquele momento. Também vou te contar sobre os
estudos que comecei a fazer e como conhecimentos de outras áreas do conhecimento
auxiliaram nesse trabalho.

Coisas que eu acreditava e que no final das contas precisei repensar profundamente:

 Eu achava que a revisão era o melhor caminho para garantir a segurança da


estrutura;
 Acreditava que, por ser o engenheiro de estruturas um profissional
extremamente diferenciado, que ele estava partindo de um nível básico
adequado de conhecimento estrutural;
 Pensava que treinar as pessoas seria o suficiente;
 Pensava que se as pessoas entendessem os conceitos elas conseguiriam
extrapolar o conhecimento para outras situações;
 Que revisar o próprio trabalho era uma coisa simples e fácil de fazer;

Lucas Ramires
lucasramires@estruturasegura.com.br
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 Pensava que se um engenheiro extremamente competente acompanhasse


muito de perto um engenheiro menos experiente isso garantiria a qualidade
do projeto.

Desmistificarei esses apontamentos nos próximos artigos e mostrarei o que fiz para
contornar esses problemas.

São Paulo, 17 de fevereiro de 2017.

Nota 1: Chamo de “erro” coisas feitas diferentes do padrão, fora de norma, diferente do combinado com o cliente,
desenho incorreto, qualquer coisa que pudesse gerar dúvidas em obra, detalhamento diferente do calculado, etc.

Nota 2: Nomes de pessoas e de empresas estão sendo propositalmente omitidos. O foco aqui está no
conhecimento, nos aprendizados que tirei das experiências pelas quais passei.

Lucas Ramires
lucasramires@estruturasegura.com.br

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