BOLETIM
Boletim PDG.org Ano 1 Nº 2 2a quinz. out./2010
GESTÃO SOCIAL EM FOCO
Gestão do tempo
A gestão do tempo é um desafio enfrentado por
todos nós. Na rotina das organizações, sejam elas
de um setor ou de outro, essa gestão impacta
diretamente o clima organizacional e os
resultados.
Nesse aspecto, parece que as organizações
sociais de pequeno e médio porte enfrentam
desafios maiores, pois são consideradas por
muitos como “casa aberta a todos”. Não são raros
relatos como “Não consigo cumprir o que planejo
porque, a todo momento, recebemos visitas sem
serem agendadas. Como deixar de atendê-las?
Então, o que planejei para o dia acaba não sendo
realizado, pois tenho de parar para conversar com
esses visitantes.”; “A gente perde muito tempo
buscando uma informação que sabe que tem, que
está guardada em algum lugar, mas onde? E
quando não localiza um texto produzido, porque
não sabe em que arquivo do computador ele foi
posto?”.
A gestão do tempo está relacionada à eleição de
prioridades. Prioridades em todos os sentidos:
ŸOs materiais e os equipamentos que estão nesse
ambiente são mesmo necessários? Há algum
que não é usado e está apenas ocupando
espaço? Se houver, deve ser retirado, pois,
assim, o ambiente ficará mais organizado.
ŸO que não é mais acessado como fonte de
informação e ocupa espaço em gavetas,
armários, pastas eletrônicas em uso no
computador? Identificado isso, avaliar o que será
eliminado, o que será colocado em arquivo morto
(arquivo morto esse que não deve ocupar o
mesmo espaço de trabalho ativo), o que será
organizado em pastas eletrônicas devidamente
nomeadas como documentos antigos.
Identificou tudo o que está de fato em uso e é útil?
Definiu o local (físico ou eletrônico) em que tudo
estará e realocou tudo? Está tudo em seu devido
lugar? Ótimo! É momento, então, de listar onde
está tudo e compartilhar essa informação com os
diretamente interessados. Se, para localizar um
desses itens, você depende de uma pessoa,
significa que o compartilhamento da localização
e da ordenação das coisas não está ocorrendo
em sua organização. Uma simples lista com
nome do item/arquivo, lugar em que se encontra,
se atualizada sempre que ocorre nova inserção
ou realocação, facilita a procura desses itens, o
acesso a eles, seu uso e manuseio, a qualquer
tempo, pelas pessoas autorizadas.
ŸAs condições das áreas comuns de trabalho
(banheiros, cozinha, etc.) são favoráveis? Há
normas de uso e todos as conhecem? (Lembre-
se: o tempo da faxineira também é tempo da
organização.)
ŸA comunicação se dá de forma clara? As
informações são compartilhadas de forma
simples e horizontalizada, de forma que, por
exemplo, quem atende os telefonemas da
organização saiba a quem redirecionar as
ligações?
ŸNa organização, foi desenvolvido o hábito de
observar e seguir normas, regras,
procedimentos, atender especificações? Parece
que isso não tem a ver com tempo, não é? Mas
tem. Sabe por quê? Aquele que não segue
normas, regras, procedimentos, que não atende
a especificações geralmente é quem diz “Eu não
sabia.” e faz você explicar tudo de novo... Lá se
vai seu tempo...
Essa nossa reflexão está relacionada aos
conceitos 5S, os 5 Sensos (senso de utilização,
senso de ordenação, senso de limpeza, senso de
asseio, senso de autodisciplina). Alguns
consideram básicos ou mecânicos demais esses
princípios, mas é certo que eles levam o indivíduo a
se observar pessoal e profissionalmente,
contribuindo para mobilizá-lo para o trabalho
coletivo. Implantá-los implica uma escolha
consciente por parte da liderança; a mobilização
de toda a equipe no sentido de entendê-los; uma
autoavaliação institucional de como anda cada
senso; sua aplicação de acordo com a realidade da
organização; o monitoramento e a avaliação de
resultados de sua implementação.
Dicas
ŸClassifique as tarefas pendentes: quais só
podem ser feitas por você? Quais podem ser
feitas por outra pessoa? Liste essas que podem
ser delegadas e oriente a(s) pessoa(s) que
poderá(ão) executá-las, passando a ela(s) essa
responsabilidade.
ŸFaça uma lista de tudo o que você precisa
resolver no dia. Se há pendências antigas,
enumere-as também. Embora muita gente
defenda a ideia de que devem ser feitas em
primeiro lugar as mais importantes, sugiro que
opte por resolver primeiramente as mais
simples, que tomam pouco o seu tempo, mas
fazem diferença para quem aguarda sua
resposta. Você vai eliminar várias da lista e ficará
com uma sensação positiva de que está sendo
produtivo. Além do mais, pense: e se você levar
um dia inteiro (ou mais) para resolver uma tarefa
importante? ... pode ser que o trabalho de várias
pessoas fique dependendo de uma resposta /
orientação sua... Chato, não?
ŸEspecifique e compartilhe a pauta de cada
reunião que você propuser, informando aos
participantes o tempo de duração. Assim, aquela
pessoa que acaso seja muito prolixa ou fuja ao
tema compreenderá quando você solicitar que
ela tenha foco.
Maria Lucia de Oliveira
Coordenadora do PDG.org On-Line.
PDG.org em ação
Organizações dão seu depoimento
sobre o que tem sido vivenciar o PDG.org
Nossa participação no PDG.org tem sido uma
oportunidade ímpar de rever e avançar em nosso
planejamento estratégico. Através das atividades
de Coaching e do próprio conteúdo dos módulos
temos conseguido olhar para a organização e
pensar rumos, caminhos e implementar melhorias
constantes. O programa de fato é muito bacana
para nós e certamente tem contribuído muito
também para outras organizações.
Clarice Libânio – Favela é Isso Aí
PDG.org é objeto
de pesquisa acadêmica
O PDG.org, em sua modalidade presencial, foi
objeto de estudo pela mestranda Paula Pessoa de
Castro, do Programa de Pós-Graduação em
Administração da PUC Minas, orientada pelo Prof.
Dr. Roberto Patrus-Pena. Sua dissertação teve
como tema “A gestão das organizações de Terceiro
Setor: entre a lógica social e a lógica estratégica”.
O objetivo foi investigar e compreender a
articulação entre a lógica social e a lógica
estratégica na gestão das organizações de
Terceiro Setor. Os resultados reafirmaram
Ÿo papel fundamental do contexto em que as
organizações sociais surgem e o perfil de seus
fundadores no direcionamento de sua gestão;
Ÿo impacto causado pela capacidade de formar
redes de parceria no desempenho da gestão;
Ÿa busca por um modelo próprio que considere
suas especificidades;
Ÿos limites da capacitação gerencial como
alternativa ou solução para os principais desafios
da gestão no Terceiro Setor.
Os resultados demonstraram, ainda, a
insuficiência da lógica estratégica e da lógica
social como fundamentos de um modelo gerencial,
se tratadas de forma estanque.
Entende-se como lógica estratégica aquela
relacionada à racionalidade instrumental
(maximização de recursos, fins, desempenho,
estratégia interpessoal, utilidade e cálculo) e ao
enfoque gerencial (foco em desafios específicos,
priorização da gestão interna, visão tecnicista de
processos, papel operacional, atitude reativa). Já a
lógica social está relacionada à racionalidade
substantiva (entendimento, julgamento ético,
autorrealização, valores emancipatórios e
autonomia) e ao enfoque sistêmico (ampliação do
espaço público, redução da exclusão social,
ênfase na dimensão sociopolítica, renovação da
cultura política e protagonismo em mudanças).
Na realidade das organizações do Terceiro Setor,
as duas lógicas coexistem, portanto, qualquer
programa de desenvolvimento em gestão voltado
para o setor social tem de considerar essa variável.
 COMPARTILHANDO CONHECIMENTO
Planejamento Estratégico - uma experiência em curso
Há muito tempo sabíamos da importância de
elaborar o planejamento estratégico do Instituto
Rumo Náutico. No entanto, tínhamos ciência de
que uma consultoria nesse sentido seria muito
cara e fora de nosso alcance. Com o PDG.org On-
Line, que nos foi oferecido como prêmio pelo
Instituto Oi Futuro, o Instituto Hartmann Regueira
nos abriu essa oportunidade, e a nossa
experiência nessa construção tem sido uma grata
surpresa para toda a equipe.
O simples espaço de tempo estabelecido para
pensar de forma conjunta sobre conceitos,
necessidades, aplicações e impactos foi muito
mais rico e integrador do que poderíamos
imaginar. Conceitos fechados foram abertos e
melhorados, processos foram criticados e refeitos,
velhas ideias foram retomadas, novas percepções,
novas constatações. Não poderíamos imaginar o
quão difícil no meio de tantas frentes interessantes
e importantes seria a escolha das prioridades.
Outra grande surpresa foi quando percebemos
que muito já havia sido feito e, falha nossa, não
havíamos notado, documentado, sistematizado ou
disseminado. Toda a orientação que recebemos no
desenvolvimento do PDG.org On-Line foi
fundamental para nos inspirar e construir o nosso
passo a passo: reuniões periódicas, com a
participação regular de um núcleo estratégico da
equipe, para definição de missão, visão, valores,
diagrama FOFA, definição de metas e objetivos e
elaboração de planos de ação. Tudo isso
acompanhado com muito interesse e percepção
pela equipe do PDG.org On-Line.
Ainda estamos em construção, mas agora
pensamos que esse processo não é finito e que o
grande desafio é exatamente gerenciar o
cumprimento das metas já estabelecidas e suas
constantes reformulações e inovações, geradas a
partir desse trabalho estruturado, fazendo com que
sejam novamente focalizadas e alcançadas.
Procurando compartilhar o que aprendemos,
salientamos os seguintes pontos:
ŸNotamos como um fator de muita importância a
diversidade da equipe diretamente envolvida
com o Planejamento Estratégico – enriqueceu o
debate e tornou as reuniões muito produtivas.
Expediente:
Instituto Hartmann Regueira - IHR
Diretora Executiva do IHR: Cecilia Regueira
Tiragem: 200 exemplares
Assessoria de Comunicação do IHR:
comunicacao@institutohr.org.br / (31) 3228-1750
ŸRealizamos reuniões semanais, com dias e
horários predeterminados. Essas reuniões tinham
prioridade máxima na agenda de todo o grupo.
ŸRepassamos o resultado das reuniões para a
equipe, a fim de colher opiniões divergentes ou
complementares ao que fora discutido.
ŸA leitura prévia dos módulos do PDG.org
proporcionou maior entendimento e mais
agilidade ao processo, visto que a reflexão sobre
os conceitos fora feita anteriormente.
ŸConvidamos pessoas de referência em áreas
específicas do planejamento, as quais, além de
trazerem sugestões, propiciaram um olhar
externo muito importante para o que já era feito
em nossa organização.
ŸAlém da direção da organização, todo o grupo
envolvido na discussão estava extremamente
comprometido. As horas semanais dedicadas ao
processo não foram, em nenhum momento,
consideradas como de menor importância em
relação às atividades de rotina.
ŸApesar de termos metas de curto, médio e longo
prazo, todas são realistas e factíveis de serem
alcançadas, o que mantém a equipe motivada e
focada nas atividades necessárias para alcançar
os resultados esperados.
Valéria Braga
Coordenadora do Programa Ambiental e Profissionalizante
Ana Cristina Doerner
Assessora Financeira
Alinhando conceitos
TECNOLOGIA SOCIAL
Refere-se aos métodos, processos, técnicas e
instrumentos de atuação no mercado social,
caracterizando-se pela possibilidade de replicação
em contextos e/ou junto a segmentos
socioeconômicos e culturais semelhantes. Ex.:
projeto Mãe Canguru, que veio substituir o uso de
incubadoras nos cuidados a bebês prematuros
e/ou de baixo peso.
COMUNICARTE. Glossário social. Rio de Janeiro: Comunicarte, 2005. p.103.
(Fragmento)
Concepção e Realização:
PROTAGONISTA PDG.org
Neste espaço, você conhecerá
um pouco cada organização participante do PDG.org
O Centro de
Integração Esporte e
Cultura – CIEC – nasceu
em 2003, por iniciativa de
uma moradora do Bairro
Estância Mestre D'armas
em Planaltina – DF,
Ângela Maria Valenos,
que, de tanto ver os
jovens ensaiando dança
na rua, resolveu ceder um espaço em sua casa. A
ideia deu tão certo que logo já funcionavam no
espaço oficinas de Street Dance, Country,
Capoeira e pintura em tecido. Diante da demanda,
Ângela viu a necessidade de formalizar e expandir
o trabalho realizado. Para isso, reuniu alguns
amigos, entre eles Prof. Wilson Geraldo de
Oliveira, José Omar Xavier Diniz e Márcia
Rodrigues Xavier.
Após legalizar-se em 2003, veio a parceria com
a Fundação Banco do Brasil para instalação do
primeiro telecentro da região. Desde então, novas
parcerias surgiram, fortalecendo e tornando a
instituição uma referência local, com o apoio de
parceiros como: UnB, Ministério do Esporte, Rádio
comunitária Utopia FM, Instituto Oi Futuro. Com
esse apoio e o reconhecimento da comunidade,
temos realizado nossa missão, que é promover a
qualidade de vida e o desenvolvimento humano de
forma sustentável por meio da cultura, esporte e
lazer.
A instituição já atendeu de forma direta, desde
sua origem, cerca de 4500 pessoas (só no ano de
2009, com a parceria com o Instituto Oi Futuro, no
projeto “Construindo espaços de convivência”,
foram atendidas 1350 pessoas de forma direta nas
diversas oficinas e, de forma indireta, nos eventos,
3450 ).
Por meio de relatos dos participantes nas
oficinas, é possível sentir o quanto o trabalho
realizado pelo CIEC melhora suas vidas.
Recentemente, conseguimos um feito: três jovens
participantes do projeto – Valquiria dos Santos,
Lays Medeiros e Munik Brenner –, participaram
das seletivas locais de Kung Fu e venceram todas
as etapas, sendo classificadas para o Campeonato
Nacional disputado em setembro de 2010 em São
José dos Campos – SP. Voltaram para casa com
duas medalhas de ouro e uma de bronze.
Contribuindo para transformar positivamente a
vida das pessoas, seguimos vislumbrando a
realização do nosso sonho de sermos
autossustentáveis e corresponsáveis pela
melhoria da qualidade de vida da população de
Planaltina.
José Omar Xavier Diniz
Já estão conosco neste Programa: