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Aspectos Polêmicos sobre

Aditivos em Contratos de
Obras Públicas

Instrutor:
Eng. André Pachioni Baeta
Principais Irregularidades Constatadas pelo TCU na
Fiscalização de Obras Públicas
Fiscobras 2016
Principais Irregularidades Constatadas pelo TCU na
Fiscalização de Obras Públicas
Fiscobras 2016
Principais Irregularidades Constatadas pelo TCU na
Fiscalização de Obras Públicas
Fiscobras 2016
Principais Irregularidades Constatadas pelo TCU na
Fiscalização de Obras Públicas
Fiscobras 2016
Conteúdo Programático
● Tipos de pleito e as artimanhas dos empreiteiros;
● 30 estudos de caso reais sobre pedidos de aditamento
contratual;
● Noções sobre superfaturamento e sobrepreço;
● Um panorama geral sobre as alterações contratuais na Lei
8666/93 e no RDC;
● Entendimentos sobre a extrapolação dos limites legais de
aditamento contratual
● Aditivos de prorrogação de prazos contratuais;
● Aditivos de alteração de projeto e especificações;
● Aditivos de reequilíbrio econômico e financeiro de
Contratos;
● Reajustes contratuais;
● Outros tipos de aditivos (alterações de garantias, condições
de pagamento, regime de execução etc.).
Planejamento
Planejamento
Planejamento
Planejamento

Maior ponte oceânica do mundo (35 Km), construída em 4


anos, ao custo de 1,5 bilhões de Euros.
Planejamento

A Rússia já tem prontos dois estádios para a Copa/2018.


Planejamento
Viaduto de Millau: 10 anos de estudos e projetos; 38 meses de
obra. Totalmente financiada com recursos privados.
● O obra teria custado a metade se fosse construída juntamente com a
hidroelétrica;
● 29 anos de obras; 7 Presidentes da República; 21 Ministros do Transporte;
●Inauguradas em 2010, mas praticamente em desuso, pois o Rio Tocantins ainda
não é navegável.
●Embora o planejamento deixe a desejar, mostra que a engenharia brasileira é
capaz de realizar obras impressionantes.

Eclusas de
Tucuruí
Eclusas de
Tucuruí
Porto de Natal
Planejamento

Alemanha:
Planejamento
Brasil:
Planejamento

EUA (Winnie Palmer Hospital for Women &Babies – Orlando, Flórida, Estados Unidos):
Planejamento
Brasil (Hospital Terciário de Natal):
● Construída em 22 meses Planejamento
(1887/1889)
● Estudos começaram em

1884
● 50 engenheiros produziram

5300 desenhos
● Não havia computadores,

Cad, BIM ou Excel!


● O retorno do investimento

aconteceu em 2 anos
● www.tour-eiffel.fr
Projeto e documentos afins

Levanta- Programa de Estudo de Antepro- Projeto Projeto Projeto


mentos Necessidades Viabilidade jeto Legal Básico Executivo
Conteúdo do Projeto Básico - Edificações

PROJETO CONTEÚDO
Levantamento •Desenho com levantamento planialtimétrico.
Topográfico
Sondagens •Desenhos com locação dos furos de sondagem.
•Memorial com descrição das características do solo e perfis
geológicos do terreno.
Projeto do Canteiro •Desenhos com arranjo das cercas, tapumes, instalações
de Obras provisórias de água, luz, gás e telefone, arruamentos interno e
caminhos de serviço, bem como de edificações provisórias
destinadas a abrigar o pessoal (casas, alojamentos, áreas de
vivência, refeitórios, vestiários, sanitários etc.) e as dependências
necessárias à obra, (escritórios, cozinha, enfermaria, barracões,
laboratórios, oficinas, almoxarifados, balança, guarita etc.).
•Plantas com locação e detalhamento das instalações industriais
da obra, tais como central de britagem, usina de CBUQ e central
dosadora de concreto.
•Memorial com especificações dos materiais, equipamentos,
elementos, componentes e sistemas construtivos das edificações e
instalações do canteiro de obras.
Conteúdo do Projeto Básico - Edificações
PROJETO CONTEÚDO

Projeto •Desenhos com plantas de situação e locação, contendo implantação do edifício e sua relação com
Arquitetônico o entorno do local escolhido, acessos e estacionamentos (orientação, eixos da construção cotados
em relação à referência, identificação de postes, árvores, hidrantes, calçadas e arruamentos etc.).
•Desenhos das fachadas do imóvel.
•Plantas baixas dos pavimentos, com cotas de piso acabado, medidas internas, espessuras de
paredes, dimensões de aberturas e vãos de portas e janelas, alturas de peitoris, indicação de planos
de cortes e elevações.
•Plantas de cobertura, com indicação de sentido de escoamento de águas, inclinação, indicação de
calhas, rufos, contrarrufos, condutores e beirais, tipo de impermeabilização, juntas de dilatação etc.
•Cortes transversais e longitudinais da edificação.
•Elevações, indicando aberturas, esquadrias, alturas, níveis etc.
•Estudo de orientação solar, iluminação natural e conforto térmico.
•Indicação de caixas d’água, circulação vertical, áreas técnicas etc.
•Atendimento às normas de acessibilidade.
•Ampliação de áreas molhadas ou especiais, com indicação de equipamentos e aparelhos
hidráulico-sanitários.
•Detalhes (que possam influir no valor do orçamento).
•Indicação dos elementos existentes, a demolir e a executar, em caso de reforma e ampliação.
•Especificações dos materiais, equipamentos, elementos, componentes e sistemas construtivos.
Conteúdo do Projeto Básico - Edificações
PROJETO CONTEÚDO
Projeto de •Desenhos de implantação com indicação dos níveis originais e dos níveis
Terraplanagem propostos.
•Perfil longitudinal e seções transversais tipo com indicação da situação
original e da proposta e definição de taludes e contenção de terra.
•Memorial com cálculo de volume de corte e aterro e respectivo quadro
resumo de corte e aterro.
•Especificação dos materiais para aterro.
Projeto de •Desenhos com locação, características e dimensões dos elementos de
Fundações fundação.
•Plantas de armação e fôrma, com indicação do Fck do concreto.
•Memorial com método construtivo.
•Memorial com cálculo de dimensionamento de todas as peças, indicando
as cargas e os momentos utilizados no projeto.
Conteúdo do Projeto Básico - Edificações
PROJETO CONTEÚDO

Projeto Estrutural •Desenhos em planta baixa com lançamento da estrutura com cortes e elevações, se necessários.
•Plantas de armação com indicação de:
- seções longitudinais de todas as vigas, mostrando a posição, a quantidade, o diâmetro, e o
comprimento de todas as armaduras em escala adequada;
- seções transversais de todas as vigas, mostrando a disposição das armaduras longitudinais
e transversais, além das distâncias entre as camadas das armaduras longitudinais;
- seção longitudinal de todos os pilares, mostrando a posição, a quantidade, o diâmetro, o
comprimento e os transpasses de todas as armaduras longitudinais;
- seção transversal de todos os pilares, com demonstração das armaduras longitudinais e
transversais (estribos).
•Plantas de fôrma contendo indicação de valor e localização da contraflecha em vigas e lajes, bem
como indicação da seção transversal das vigas e pilares.
•Indicação do Fck do concreto para cada elemento estrutural.
•Quadro resumo de barras de aço contendo posição (numeração da ferragem), diâmetro da barra,
quantidade de barras, massa em Kg das barras.
•Memorial com cálculo das áreas fôrma.
•Memorial com cálculo do volume de concreto.
•Especificações com materiais, componentes e sistemas construtivos.
•Memorial com método construtivo.
•Memorial com cálculo de dimensionamento.
Conteúdo do Projeto Básico - Edificações
PROJETO CONTEÚDO

Projeto de •Planta de situação ao nível da rua com as seguintes indicações:


Instalações - locais de todas as redes e ramais externos, incluindo redes da concessionária;
Hidrossanitárias - posicionamento de todos os elementos de coleta e dados das respectivas áreas de
(água fria, água contribuição (dimensões, limites, cotas, inclinação, sentido de escoamento, permeabilidade
quente, esgotos etc.).
sanitários, águas •Plantas de implantação com indicação das ligações às redes existentes, cotas de tampa, cotas de
pluviais, irrigação fundo, dimensões das caixas, cotas das geratrizes inferiores das tubulações, dimensionamento e
dos jardins e indicação de redes existentes e a executar, drenagem de áreas externas etc.
drenagem)
•Planta geral de cada pavimento com o traçado e dimensionamento de tubulações e indicação dos
componentes do sistema, tais como: alimentador, reservatórios, instalações elevatórias, pontos de
consumo.
•Plantas com indicação de barriletes e caixa d’água.
•Plantas de todos os níveis e cobertura, onde constem as áreas de contribuição, a localização,
declividades, dimensões e materiais dos condutores, calhas, rufos e canaletas.
•Desenhos das prumadas e dos reservatórios.
•Representação isométrica esquemática das instalações.
•Desenhos com o esquema de distribuição vertical.
•Especificações dos materiais e equipamentos.
•Memoriais com cálculo do dimensionamento das tubulações, volumes de reservatórios, barriletes
e bombas.
•Aprovação junto à concessionária local.
Conteúdo do Projeto Básico - Edificações
PROJETO CONTEÚDO
Projeto de •Projeto de implantação com as indicações dos elementos externos ou de entrada de energia, com indicação do local
Instalações dos medidores.
Elétricas e •Desenhos com diagrama unifilar.
Sistema de •Planta, corte, elevação da subestação rebaixadora, com a parte civil e a parte elétrica.
Proteção contra •Plantas com localização de geradores e no-breaks.
Descargas
•Plantas de todos os pavimentos e da área externa com as seguintes indicações:
Atmosféricas
- local dos pontos de consumo com respectivas cargas, seus comandos e indicações dos circuitos pelos quais são
alimentados;
- local dos quadros de distribuição e respectivas cargas;
- traçado dos condutores e caixas;
- traçado e dimensionamento dos circuitos de distribuição, dos circuitos terminais e dispositivos de manobra e
proteção;
- tipos de aparelhos de iluminação e outros equipamentos, com todas suas características e cargas;
- legendas de convenções utilizadas.
•Plantas com detalhamento do quadro geral de entrada e dos quadros de distribuição, mostrando a posição dos
dispositivos de manobra, barramentos e dispositivos de proteção com as respectivas cargas.
•Quadro de cargas, demonstrando a utilização de cada fase nos diversos circuitos (equilíbrio de fases).
•Projeto de aterramento, com o local dos aterramentos e indicação da resistência máxima de terra e das equalizações.
•Plantas com localização e tipos de para-raios.
•Esquema de prumadas.
•Lista de cabos e circuitos.
•Especificações dos materiais e equipamentos.
•Memoriais com determinação do tipo de entrada de serviço e com o cálculo do dimensionamento.
•Aprovação junto à concessionária local.
Conteúdo do Projeto Básico - Edificações
PROJETO CONTEÚDO

Projeto de Instalações •Planta de situação/locação indicando o ramal da concessionária de


Telefônicas e Cabeamento telefone.
Estruturado •Planta baixa de cada pavimento, indicando a modulação das caixas de
saída, pontos, tubulações, os espaços destinados a painéis de distribuição,
Obs.: a depender da hubs, CPD, servidores, e infraestrutura para a passagem dos cabos e
destinação da edificação, numeração sequencial dos pontos da rede.
pode haver projetos para •Diagrama unifilar da instalação.
outras instalações •Diagramas de blocos.
especiais, tais como •Detalhes da instalação de painéis, equipamentos e infraestrutura.
circuito interno de •Especificações dos materiais e equipamentos.
televisão, sonorização,
•Aprovação junto à concessionária local.
antenas de TV, controle de
acesso, automação predial,
escadas rolantes,
compactadores de resíduos
sólidos, gás combustível,
vácuo, ar comprimido,
oxigênio etc.
Conteúdo do Projeto Básico - Edificações
PROJETO CONTEÚDO

Projeto de Instalações •Planta de situação, indicando as canalizações externas, redes


de Detecção e Alarme e existentes das concessionárias e outras de interesse.
de Combate à Incêndio •Planta geral de cada nível do edifício com as indicações de
tubulações, comprimentos, vazões, pressões nos pontos de
interesse, cotas de elevação, registros, válvulas, extintores,
detectores de fumaça, centrais de detecção, acionadores manuais,
sirenes de alarme, indicadores visuais, chaves, hidrantes, rede de
sprinkler, iluminação de emergência, bombeamentos e demais
componentes.
•Isometria, em escala adequada, dos sistemas de hidrantes ou
mangotinho, chuveiros automáticos, com indicação de diâmetros,
comprimento dos tubos e das mangueiras, vazões nos pontos
principais, cotas de elevação e outros.
•Desenhos esquemáticos da sala de bombas, reservatórios e abrigos.
•Especificações dos materiais e equipamentos.
•Memorial técnico descritivo e de cálculo do dimensionamento das
tubulações e reservatório.
Conteúdo do Projeto Básico - Edificações
PROJETO CONTEÚDO

Projeto de Instalações •Plantas indicando a localização dos principais componentes do sistema: torres de refrigeração,
de Ar Condicionado e unidades condensadoras, chillers, reservatórios do sistema de termo-acumulação, ventiladores
Calefação etc.
•Planta baixa de cada nível do edifício e cortes, com as seguintes indicações, dentre outras:
- dutos de insuflamento e retorno de ar;
- canalizações de água gelada e condensação;
- comprimentos e dimensões, com elevações de cada tipo de material utilizado nos
ambientes;
- bocas de insuflamento e retorno;
- localização dos equipamentos e aberturas para tomadas e saídas de ar;
- pontos de consumo;
- interligações elétricas, comando e sinalização.
•Representações isométricas com:
- dimensões, diâmetros e comprimentos dos dutos e canalizações;
- vazões e pressões nos pontos principais ou críticos;
- indicação das conexões, registros, válvulas e outros elementos.
•Planta baixa com marcação de dutos e equipamentos fixos (unidades condensadoras e
evaporadoras).
•Especificações dos materiais e equipamentos.
•Memorial com cálculo da carga térmica.
•Memorial com cálculo do dimensionamento dos equipamentos e dos dutos.
Conteúdo do Projeto Básico - Edificações
PROJETO CONTEÚDO
Projeto de •Desenhos esquemáticos de planta e corte localizando os elevadores.
Instalação de •Desenhos com as principais características dos elevadores, dentre outras:
Transporte - dimensões principais;
Vertical - espaços mínimos para instalação dos equipamentos (caixa, cabina,
(Elevadores e contrapeso, casa de máquinas, poço etc.).
Escadas •Desenho da casa de máquinas e do poço, em escala adequada.
Rolantes)
•Esquemas de ligações elétricas.
•Desenhos isométricos em escala adequada.
•Especificações dos materiais e equipamentos.
•Memorial com cálculo.
Projeto de •Planta de implantação com níveis.
Paisagismo •Especificação de espécies vegetais e de materiais e equipamentos.
Conteúdo do Projeto Básico - Edificações
PROJETO CONTEÚDO
Orçamento •Planilha de quantitativos de serviços.
•Composições de custos unitários.
•Detalhamento da taxa de BDI e de encargos sociais.

Cronograma •Representação gráfica do desenvolvimento dos serviços a serem


Físico- executados ao longo do tempo de duração da obra demonstrando,
Financeiro em cada período, o percentual físico a ser executado e o respectivo
valor financeiro despendido.
Projeto e documentos afins
Projeto Básico
• Acórdão 896/2015-Plenário
• A utilização de taxas estimativas de consumo de aço por volume de concreto,
para o cálculo do quantitativo da armadura dos elementos estruturais de
obras, não atende às exigências legais relativas à elaboração do projeto
básico (art. 6º, inciso IX, da Lei 8.666/93), por não representar elemento
necessário e suficiente, com nível de precisão adequado, para caracterizar a
obra e avaliar o respectivo custo, bem como definir os métodos e o prazo de
execução.

• Acórdão 915/2015-Plenário
• A aprovação de projeto básico inadequado, com grandes implicações nos
custos e prazos de execução do empreendimento, reveste-se de gravidade
suficiente para justificar a apenação pecuniária do gestor responsável e a sua
inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no
âmbito da Administração Pública Federal.
Projeto e documentos afins
Projeto Básico
• Sumário:
• O projeto estrutural, os projetos de instalações e os projetos dos
demais subsistemas da construção são peças integrantes e
indispensáveis do projeto básico das licitações para execução de obras
aeroportuárias e de edificações, nos termos do art. 6º, inciso IX, da Lei
8.666/939.1.

Acórdão 1733/2011-Plenário

• “As composições de custos unitários e o detalhamento de encargos sociais e do


BDI integram o orçamento que compõe o projeto básico da obra ou serviço de
engenharia, devem constar dos anexos do edital de licitação e das propostas
das licitantes e não podem ser indicados mediante uso da expressão ‘verba’ ou
de unidades genéricas”.

Súmula 258
Caderno de Encargos

•Em geral, cada órgão/entidade contratante adota um


modelo próprio de caderno de encargos, o qual fixa as
diretrizes para execução de todos os serviços constantes
nos editais de licitações publicados pelo órgão, sendo
parte integrante destes.
•Tem por objetivo estabelecer as condições técnicas
(normas e especificações para materiais e serviços) que
presidirão o desenvolvimento das obras contratadas pelo
órgão, fixando as obrigações e direitos do órgão
(proprietário) e da empreiteira (construtor) nessa matéria.
•Além disso, o caderno de encargos pode conter normas
gerais sobre a execução dos serviços e aspectos a serem
obedecidos pelo empreiteiro quanto à segurança no
trabalho e aos equipamentos de proteção individual dos
empregados na obra.
1. Qual a relação entre planejamento e sucesso
do contrato?

• Projeto Básico é um projeto completo de engenharia, abrangendo todas as


disciplinas previstas para a execução do empreendimento.
• O dimensionamento definitivo das estruturas e instalações da obra é
realizado na etapa de projeto básico.
• O projeto básico deve conter todo o detalhamento necessário que implique
nas estimativas de custo e de prazo das licitantes ou na formulação de suas
propostas.
• Todas as licenças e autorizações devem ser obtidas na etapa do projeto
básico (licença ambiental, alvará de construção, aprovações de projeto na
Prefeitura e no Corpo de Bombeiros e em outros órgãos, conforme o tipo de
projeto, a exemplo do IPHAN, Vigilância Sanitária (para hospitais), Dnit (obras
nas margens de rodovias federais etc.
• É Recomendável finalizar os procedimentos de desapropriação antes de
licitar a obra.
• É recomendável licitar as obras a partir de projetos executivos.
• Esperamos ter demonstrado que quanto mais planejado for o
empreendimento, melhor será sua execução.
2. Quais providências podem ser adotadas na licitação de
modo a evitar ou amenizar problemas ocorridos na
execução do contrato?

• Adotar um critério simples de habilitação, com comprovação de aptidão


através de atestados de obras ou serviços similares de complexidade
tecnológica e operacional equivalente ou superior, tidas como um todo.
• Evitar a exigência de atestados de serviços individuais, pois não garantem
em nada a execução do objeto e podem restringir a licitação
desnecessariamente.
• Não reinventar a roda. Copiar um edital de um grande órgão/entidade
federal com experiência em contratar empreendimento de infraestrutura é um
bom início.
• Exigir no edital a apresentação de garantias contratuais.
• Exigir no edital que a contratada faça apólices de seguros de risco de
engenharia e de responsabilidade civil cruzada tendo o órgão contratante como
beneficiário.
2. Quais providências podem ser adotadas na licitação de
modo a evitar ou amenizar problemas ocorridos na
execução do contrato?
• O edital deve estabelecer que a empresa declare expressamente que os
preços unitários ofertados incluem todos os custos diretos e indiretos para
perfeita execução dos serviços, inclusive das despesas com materiais e/ou
equipamentos, ferramentas, fretes, transportes, carga, descarga,
armazenagem, vigilância, logística, manutenção, conservação, instalação,
supervisão, gerenciamento, operação, processamento, tratamento,
combustíveis, despesas junto a concessionárias públicos (água, energia, gás,
telefone, esgoto), mão de obra especializada ou não, seguros em geral,
garantias, encargos financeiros, riscos, encargos da Legislação Social
Trabalhista, Previdenciária, da Infortunística do Trabalho e responsabilidade
civil por qualquer dano causado a terceiros ou dispêndios resultantes de
tributos, taxas, emolumentos, multas, regulamentos e posturas municipais,
estaduais e federais, enfim, tudo o que for necessário para a execução total e
completa dos serviços, bem como o seu lucro, conforme especificações
constantes do Edital, sem que caiba, em qualquer caso, qualquer tipo de
pleito ao contratante com a alegação de que alguma parcela do custo foi
omitida.
2. Quais providências podem ser adotadas na licitação de
modo a evitar ou amenizar problemas ocorridos na
execução do contrato?

• O edital também deve conter cláusulas diversas


estabelecendo a alocação de riscos entre as partes (ou
matriz de riscos).
• É recomendável que os riscos decorrentes de
incompletudes, erros ou omissões nos projetos sejam
alocados para o construtor.
• A Administração deve procurar apenas custear as
alterações de projeto que decorram de necessidades
supervenientes, que não sejam consideradas erros ou
omissões de serviços.
2. Quais providências podem ser adotadas na licitação de
modo a evitar ou amenizar problemas ocorridos na
execução do contrato?

• É fundamental que o edital/contrato/projeto faça


menção a um ou mais cadernos de encargos, contendo
especificações e critérios de medição e pagamento de
todos os serviços planilhados.
• No processo de quantificação dos serviços, o
levantamento deverá ser feito de acordo com os critérios
de medição e pagamento dos serviços previstos nos
caderno de encargos.
• Igualmente, durante a fiscalização contratual, a
medição deve se basear nos mesmos critérios.
Cláusulas do Contrato - Lei 8.666/93
Art. 54. Os contratos administrativos de que trata
esta Lei regulam-se pelas suas cláusulas e pelos
preceitos de direito público, aplicando-se-lhes,
supletivamente, os princípios da teoria geral dos
contratos e as disposições de direito privado.
§ 1o Os contratos devem estabelecer com clareza e
precisão as condições para sua execução,
expressas em cláusulas que definam os direitos,
obrigações e responsabilidades das partes, em
conformidade com os termos da licitação e da
proposta a que se vinculam.
Cláusulas do Contrato - Lei 8.666/93
Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as
que estabeleçam:
I - o objeto e seus elementos característicos;
II - o regime de execução ou a forma de fornecimento;
III - o preço e as condições de pagamento, os critérios,
data-base e periodicidade do reajustamento de preços,
os critérios de atualização monetária entre a data do
adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento;
IV - os prazos de início de etapas de execução, de
conclusão, de entrega, de observação e de recebimento
definitivo, conforme o caso;
V - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a
indicação da classificação funcional programática e da
categoria econômica;
Cláusulas do Contrato - Lei 8.666/93
VI - as garantias oferecidas para assegurar sua plena
execução, quando exigidas;
VII - os direitos e as responsabilidades das partes, as
penalidades cabíveis e os valores das multas;
VIII - os casos de rescisão;
IX - o reconhecimento dos direitos da Administração, em
caso de rescisão administrativa prevista no art. 77 desta
Lei;
(...)
XI - a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a
dispensou ou a inexigiu, ao convite e à proposta do
licitante vencedor;
XII - a legislação aplicável à execução do contrato e
especialmente aos casos omissos;
Cláusulas do Contrato - Lei 8.666/93

XIII - a obrigação do contratado de manter, durante toda


a execução do contrato, em compatibilidade com as
obrigações por ele assumidas, todas as condições de
habilitação e qualificação exigidas na licitação.
§ 1º (Vetado).
§ 2º (...) cláusula que declare competente o foro da sede
da Administração para dirimir qualquer questão
contratual, salvo o disposto no § 6º do art. 32 desta Lei.
§ 3º No ato da liquidação da despesa, os serviços de
contabilidade comunicarão, aos órgãos incumbidos da
arrecadação e fiscalização de tributos da União, Estado
ou Município, as características e os valores pagos,
segundo o disposto no art. 63 da Lei no 4.320, de 17 de
março de 1964.
Alocação de Riscos entre as Partes
● A contratação de obras é um objeto complexo, pois envolve a
realização de um negócio jurídico com partes com interesses
antagônicos e incompletos, haja vista que a previsão de forma
exaustiva das diversas situações possíveis é tarefa bem difícil.
● Assim, é recomendável que os diversos riscos associados ao
empreendimento sejam elencados e analisados.
● A matriz de riscos é uma das formas de se fazer a análise dos riscos
previstos para o empreendimento, servindo como diretriz para redação
das cláusulas contratuais. Nela, todos os riscos são indicados de forma
genérica, para serem futuramente regulamentados no contrato
administrativo.
Alocação de Riscos entre as Partes
● Maurício Portugal RIBEIRO e Lucas Navarro PRADO argumentam que:
● “A partir da leitura do art. 65, II, “d”, da Lei 8.666/93, pretende-se atribuir
à Administração Pública os riscos de força maior, caso fortuito, fato de
príncipe etc. nos contratos de obras e de prestação de serviço, como se
o contrato não pudesse dispor de forma diferente. Todavia, essa
interpretação passa ao largo do fato de que o dispositivo menciona
tratar-se de evento extracontratual. Ora, se o contrato dispuser de
forma distinta, portanto, deverá prevalecer. Pensamos que não há –
seja na Lei 8.666/93 ou em qualquer outro diploma legal – um sistema
de distribuição de riscos positivado. Aliás, assim que deve ser, pois a
distribuição de riscos é uma questão de eficiência econômica, e não de
valor.”
Alocação de Riscos entre as Partes
● Assim, o equilíbrio econômico-financeiro do contrato será avaliado de
forma conjunta com a matriz de riscos.
● Para haver maior eficiência ao processo, deve-se evitar que o
contratado assuma riscos que seriam melhor geridos pela
Administração Pública, pois o princípio geral da alocação de risco
estabelece que ele deve ser atribuído a quem tem melhor capacidade
de gerenciá-lo.
● Além disso, a matriz de riscos é informação indispensável para a
caracterização do objeto e das respectivas responsabilidades
contratuais, como também essencial para o dimensionamento das
propostas pelas licitantes.
Claim

O que é Claim?
Termo internacionalmente utilizado. Consistente em notificação do
destinatário acerca de fatos imprevisíveis ou de inadimplências
contratuais dos quais resultaram danos, expressados frequentemente
por uma quantidade de dinheiro que o destinatário deve
pagar/reembolsar. Na língua portuguesa pode ser definido como
“reivindicação”, “pleito”.
Os pleitos independem de previsão expressa em Contrato, pois se trata
do exercício do direito de manutenção do equilíbrio econômico-
financeiro da avença original, baseado nos princípios gerais do Direito
e nas normas de Direito Civil, Comercial e Administrativo vigentes.
Claim

Como é feita a fundamentação, elaboração e apresentação de um


pleito?

A elaboração de um Claim é feita a partir dos registros e documentos


da obra tais como: cartas, anotações em diários de obra, atas de
reuniões, relatório fotográfico etc., com vistas a propiciar uma produção
antecipada das provas que embasarão tanto o pedido administrativo
(Claim), quanto uma eventual demanda judicial ou arbitral, caso sejam
necessárias, em momento oportuno.
A avaliação dos valores e indenizações a serem solicitados é feita
utilizando-se as técnicas da engenharia de custos.
Estudo de Caso 1 – Instalação de Água Fria
Uma construção foi licitada e contradada com a seguinte especificação
de instalação de água fria:
As seguintes normas deverão ser obedecidas:
• NBR 5626 - Instalações Prediais de Água Fria – Procedimento.
• NBR 5621 - Recebimento de Instalações Prediais de Água Fria
• NBR 5657 - Instalações Prediais de Água Fria – Verificação da
estanqueidade à Pressão Interna.
As canalizações correrão embutidas nas alvenarias ou de preferência, em
chaminés falsas ou outros espaços para tal fim, devendo, neste caso, serem
fixadas por braçadeiras de 3 em 3 metros no mínimo e nos casos em que
devam ser fixadas em paredes e ou suspensas, os tipos, dimensões e
quantidades dos elementos suportantes ou de fixação – braçadeiras,
perfilados “U”, bandejas etc. – serão determinados de acordo com o
diâmetro, peso e posição das tubulações.
Estudo de Caso 1 – Instalação de Água Fria
(...) As furações, rasgos e aberturas necessárias em elementos da estrutura
de concreto armado, para a passagem das tubulações, serão locadas e
tomadas com tacos, buchas ou bainhas antes da concretagem. Precauções
serão adotadas para que não venham sofrer esforços não previstos,
decorrentes de recalques ou deformações estruturais e que fique
assegurada a possibilidade de dilatações e contrações.
As canalizações não poderão passar dentro de fossas, poços absorventes,
poços de visita, caixas de inspeção ou valas.
As curvaturas dos tubos, quando inevitáveis, serão efetuados sem prejuízo
de sua resistência à pressão interna, de seção e escoamento.
As canalizações enterradas serão devidamente protegidas contra o eventual
acesso de água poluída. O recobrimento das tubulações enterradas será o
seguinte:
(...)
O recebimento das instalações de água obedecerá rigorosamente ao
disposto na NBR 5651. Toda a canalização, depois de instalada, precisa ser
submetida à ensaios de pressão interna, antes de ser eventualmente
revestida. Deverão ser ensaiados quanto à estanqueidade no mínimo 3 de
cada conjunto de 100 pontos de água.
Estudo de Caso 1 – Instalação de Água Fria
(...)
4. ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA DOS MATERIAIS
Os materiais empregados deverão ser de boa qualidade, dentro dos padrões
estabelecidos pelas Normas da ABNT.
A Construtora deverá entregar a instalação em perfeito estado de
funcionamento, cabendo também à mesma, o fornecimento de todos aos
materiais complementares necessários, mesmo que não tenham sido
especificados neste Memorial ou Projeto.
4.1 MATERIAIS PARA ÁGUA FRIA
• Tubos e Conexões
Serão de aço galvanizado, PVC rígido soldável ou roscável onde indicado em
projeto, para água fria da marca Tigre, Amanco ou similar.
• Registros e Válvulas
Os registros de gaveta e pressão serão específicos para cada caso em
particular, brutos ou cromados com canopla, da marca Deca, Fabrimar, Docol
ou similar.
Os registros de comando serão de esfera em PVC da marca Tigre, Amanco
ou similar.
Estudo de Caso 1 – Instalação de Água Fria

(...)
• Metais
A torneira do tanque de lavar será de pressão com adaptador para
mangueira.
A torneira de pia de cozinha será de bancada, cromada, ligada ao ponto
d’água com engate flexível metálico da marca Docol ou similar.
As torneiras para lavatório serão de pressão, cromadas ou com
acionamento por alavanca da marca Docol ou similar, ligadas por engate
flexível metálico.
As duchas higiênicas serão com registro de pressão e com gatilho e
mangueira flexível metálica da marca Docol ou similar.
As válvulas de descarga serão em bronze, com acabamento cromado e
registro incorporado da marca Docol ou similar.
Estudo de Caso 1 – Instalação de Água Fria
 Considere que uma obra foi orçada pela Administração utilizando o Sinapi,
utilizando composições para tubos e conexões como exemplificados a
seguir:

 Pleito 1: O construtor argumenta que o caderno técnico de instalações


hidráulicas de água fria do Sinapi estabelece que as produtividades não
contemplam as seguintes atividades: fixações finais das tubulações no
teto e parede; passantes em lajes; rasgos e cortes; chumbamentos, com
como que tais atividades deveriam ser orçadas utilizando composição
específica de cada serviço.
Estudo de Caso 1 – Instalação de Água Fria
 Assim, pleiteia o pagamento dos serviços exemplificados a seguir:
Estudo de Caso 1 – Instalação de Água Fria
 Análise: o pleito está conceitualmente correto, pois as composições
do Sinapi utilizadas para orçar o serviço, de fato, não consideram os
esforços para realizar rasgos, furos, chumbamentos e passantes.
Entretanto, considera-se que não deva ser acolhido, por falta de
fundamento legal (o projeto não foi modificado).

 Ademais, o pleito está embasado em uma omissão do orçamento da


contratante, enquanto o orçamento contratado foi elaborado e
apresentado pelo construtor.

 A especificação do serviço e os desenhos também deixaram expresso


que o serviço incluiria tais atividades.

 A omissão do serviço no orçamento também é facilmente


indentificável pelo licitante, assim como a necessidade de realizar
rasgos e chumbamentos na alvenaria é uma característica inerente a
qualquer serviço de instalação hidráulica. Pode-se afirmar que quando
a empresa apresentou sua proposta certamente sopesou a
necessidade de realizar tais atividades auxiliares.
Estudo de Caso 1 – Instalação de Água Fria
 Análise: (continuação)

• Os editais costumam (ou deveriam) estabelecer que construtora declare


expressamente em sua proposta que os preços unitários ofertados
incluem todos os custos diretos e indiretos para perfeita execução dos
serviços, inclusive das despesas com materiais e/ou equipamentos,
ferramentas, fretes, transportes, carga, descarga, armazenagem,
vigilância, logística, manutenção, conservação, instalação, supervisão,
gerenciamento, operação, processamento, tratamento, combustíveis,
despesas junto a concessionárias públicos (água, energia, gás, telefone,
esgoto), mão de obra especializada ou não, seguros em geral, garantias,
encargos financeiros, riscos, encargos da Legislação Social Trabalhista,
Previdenciária, da Infortunística do Trabalho e responsabilidade civil por
qualquer dano causado a terceiros ou dispêndios resultantes de tributos,
taxas, emolumentos, multas, regulamentos e posturas municipais,
estaduais e federais, enfim, tudo o que for necessário para a execução
total e completa dos serviços, bem como o seu lucro, conforme
especificações constantes do Edital, sem que caiba, em qualquer caso,
qualquer tipo de pleito ao contratante com a alegação de que alguma
parcela do custo foi omitida.
Estudo de Caso 1 – Instalação de Água Fria

 Pleito 2: O construtor reivindica um pagamento adicional pelos ensaios


de estanqueidade que estão especificados, porém, não foram incluídos
no orçamento.

 Análise: O pleito é improcedente. Além dos comentários já realizados,


destaca-se o disposto na Lei 8666/1993:

“Art. 75. Salvo disposições em contrário constantes do edital, do convite


ou de ato normativo, os ensaios, testes e demais provas exigidos por
normas técnicas oficiais para a boa execução do objeto do contrato
correm por conta do contratado.”
Estudo de Caso 1 – Instalação de Água Fria
 Análise: (continuação) Ainda que o edital/contrato/projeto/especificação
fossem omissos quanto aos ensaios exigidos e às normas aplicáveis,
encontra-se em pleno vigor a Lei 4.150/1962:

Art. 1º Nos serviços públicos concedidos pelo Governo Federal, assim


como nos de natureza estadual e municipal por ele subvencionados ou
executados em regime de convênio, nas obras e serviços executados,
dirigidos ou fiscalizados por quaisquer repartições federais ou órgãos
paraestatais, em todas as compras de materiais por eles feitas, bem
como nos respectivos editais de concorrência, contratos ajustes e
pedidos de preços será obrigatória a exigência e aplicação dos requisitos
mínimos de qualidade, utilidade, resistência e segurança usualmente
chamados “normas técnicas” e elaboradas pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas, nesta lei mencionada pela sua sigla “ABNT”.
Estudo de Caso 1 – Instalação de Água Fria
 Pleito 3: O construtor submete à apreciação da fiscalização tubos da
marca “Presidente” e registros e torneiras da marca “Xing-Ling”, como
similares às marcas originalmente especificadas.

 Análise: Qualquer pessoa de razoável diligência suspeitaria que os


produtos oferecidos como “similares” são, de fato, de qualidade inferior.

 Uma conversa franca entre a fiscalização contratual e o construtor pode


evitar tais desentendimentos.

 No entanto, se o bom senso não prevalecer por parte do construtor, o


fiscal deve adotar como procedimento padrão rejeitar os materiais e
exigir que o construtor apresente laudos, declarações, certificações etc.
atestando que os materiais atendem às normas técnicas e são similares
aos especificados.

 Deve haver registro formal da rejeição dos materiais no diário de obras e


a notificação de que a aplicação destes insumos na obra ensejará a
rejeição dos serviços, nos termos do art. 76 da Lei 8666/1993, assim
como a obrigação do contratado de refazer os serviços com os materiais
especificados, conforme previsto no art. 69 da Lei de Licitações.
Estudo de Caso 1 – Instalação de Água Fria
 Análise: (continuação)

 Jamais deve haver atestação e pagamento dos serviços executados com


materiais “não-similares”, antes de a controvérsia ser definitivamente
resolvida entre as partes.

 Se o construtor apresentar laudos, certificados, declarações


comprovando a “similaridade”, a Administração deve tentar refutar o
material realizando comparações a partir dos rótulos, especificações e
catálogos dos produtos entregues com a documentação dos produtos
especificados.

 Eventualmente pode recorrer à contratação de testes e ensaios, ou


requisitar auxílio à outros órgãos, tais como o Inmetro, universidades,
laboratórios, institutos de criminalística etc., com o objetivo de produzir
contraprovas. Deve descontar todos os custos incorridos nos
pagamentos devidos, no caso de conseguir rejeitar os produtos
oferecidos pelo construtor.
Estudo de Caso 1 – Instalação de Água Fria
 Análise: (continuação)

 No caso em concreto, os tubos oferecidos pelo construtor poderão ser


rejeitados sem maiores esforços. Ensaios elementares como densidade,
espessura da parede, dimensões e, até mesmo, uma simples inspeção
visual serão suficientes para rejeitar os tubos.

 No caso dos registros, torneiras, engates, válvulas e duchas, haverá


problemas, pois a especificação não foi bem feita. Foi especificada
apenas a marca, mas não a linha, o modelo ou o produto em particular.

 Por exemplo, o construtor poderá ofertar o produto mais popular da


marca “Docol”, sem que seja possível nenhuma contraposição da
fiscalização. Dada a diversidade de modelos existentes, abre-se brecha
para que outra marca tenha que ser aceita.

 Se fosse especificada um modelo em particular, ainda seria possível


refutar outros com a alegação de que “não são atendidos os padrões
estéticos previstos no projeto arquitetônico”.
Estudo de Caso 3 – Demolição
 Pleito: Uma estrutura de concreto armado foi demolida. O
edital/caderno de encargos foi omisso quanto ao critério de medição a
ser utilizado.

 Analisando-se a memória de cálculo dos quantitativos realizada pelo


orçamentista, fica patente que foi considerado o volume da estrutura
calculado em projeto.

 Após a demolição, a estrutura demolida sofreu 88% de empolamento,


em relação ao volume real da estrutura. Além disso, o volume efetivo
da estrutura foi 15% superior ao cálculo teórico realizado a partir do
projeto.

 Assim, o volume de entulho removido foi 116,2% superior ao volume


previsto na planilha, o que motivou o construtor a pleitear um aditivo
no volume de material a ser demolido e no volume de material a ser
transportado.
Estudo de Caso 3 – Demolição
 Análise: Se o caderno de encargos não especificar o critério de
medição para o serviço há impasse entre as partes.

 O desvio no quantitativo é ocasionado por dois fatores distintos:


empolamento do material e variação no volume efetivo da estrutura
em relação à seu projeto.

 Numa empreitada por preço global, entendemos que nenhum


aditamento seria cabível, observados outros entendimentos presentes
no Acórdão 1977/2013-Plenário, já que não houve alteração de
projeto/especificação.

 Numa empreitada por preço unitário, entende-se cabível conceder um


aditivo de 15% no serviço, correspondente a variação entre o volume
da estrutura e o seu projeto.

 A variação de 88% não deve ser objeto de aditamento, pois embora o


edital tenha sido omisso quanto ao critério de medição, a memória de
cálculo do orçamentista o deixou implícito. Considerar o empolamento
no cálculo da quantidade seria enriquecimento sem causa do
empreiteiro.
Estudo de Caso 4 – Alteração de DMT
 Pleito: Uma obra de saneamento tem um projeto prevendo um
expressivo volume de material escavado (sobra do reaterro das valas)
para ser transportado para um bota-fora localizado a 5 km de distância
do canteiro.

 Durante a execução da obra, o empreiteiro comprovou que não foi


possível utilizar o bota-fora originalmente previsto.

 O novo bota-fora aprovado pela fiscalização estava localizado a 15 km


da obra, o que motivou a formulação de um pedido de aditivo de
momento de transporte extraordinário pelo construtor.
Estudo de Caso 4 – Alteração de DMT
 Análise: O pleito é parcialmente procedente.

 É pacífica a jurisprudência do TCU que a alteração de DMT implica


em alterações de projeto e a consequente celebração de termo de
aditamento.

 Por exemplo, no Acórdão 1914/2015-Plenário, o TCU entendeu que a


redução, durante a execução de obras rodoviária, de distância média
de transporte de insumos (DMT) obriga a adequação dos preços aos
serviços efetivamente realizados, sob pena de caracterização de
superestimativa de quantidade, vício que não permite ponderação na
análise do preço global do contrato. No mesmo sentido, Acórdãos
Plenários 1922/2011 e 3061/2011.

 Todavia, em vez de realizar o incremento de momento de transporte


extraordinário no contrato, é preferível suprimir o serviço de ECT com
transporte por 5 km e incluir igual quantidade de serviço de ECT com
DMT de 15 km.
Estudo de Caso 6 – Alteração no modo de
fornecimento
 Pleito: Em uma obra rodoviária foi contratada com projeto básico
prevendo a produção de uma brita em uma determinada jazida,
situada a 5 km da usina de CBUQ.

 No entanto, a referida pedreira não pode ser licenciada pelo órgão


ambiental competente, o que obrigou a aquisição comercial de brita.

 Assim, o empreiteiro formalizou pleito solicitando a elevação do preço


da brita.
Estudo de Caso 6 – Alteração do modo de
fornecimento
 Análise: O pleito é procedente e deve ser concedido.

 Nos termos do Acórdão 1923/2011-Plenário (e de muitos outros julgados


do TCU), a forma de aquisição – se comercial ou produzida – e a
distância de transporte da pedreira são preponderantes para a definição
do preço real da brita, de forma que, se fora contratada brita comercial e,
na prática, é utilizada brita produzida, com expressiva alteração de
encargos, é vinculada a alteração do contrato com a redução do preço
contratado.

 Nesses casos, o preço contratual deve ser ajustado de forma a


considerar a produção do insumo, e não sua aquisição comercial. Isto
porque o equilíbrio econômico entre encargos e a remuneração
respectiva deve ser mantido por todo o decorrer da avença, em atenção
ao art. 37, XXI, da Constituição Federal, e ao art. 65 da Lei 8666/93.

 Raciocínio análogo é cabível quando contratada brita produzida e,


efetivamente, foi realizada a aplicação de brita comercial, encarecendo a
execução do objeto.
Estudo de Caso 7 – Alteração de velocidade de
transporte
 Pleito: Considere que foi contratada a execução de uma pista de
pousos e decolagens de aeronaves contendo o seguinte serviço de
escavação, carga e transporte:
Estudo de Caso 7 – Alteração de velocidade de
transporte
 Pleito (continuação): Durante a execução da obra, a velocidade
média de 45 km/hora não foi atingida. Em vista do exposto, o
empreiteiro solicita a alteração do serviço contratado para uma
composição com velocidade média de 24 km/hora:
Estudo de Caso 7 – Alteração de velocidade de
transporte
 Análise: O pleito não deve ser deferido, embora seja algo um tanto
controverso, pois a velocidade de transporte constou da descrição do
serviço.
 Entende-se que as produtividades, consumos de materiais e velocidades
sejam riscos ordinários de construção, alocados exclusivamente ao
contratado.
 Ademais, deve-se investigar se a velocidade média real obtida pelo
empreiteiro realmente seja a pleiteada e quais os motivos ensejaram a sua
redução, que pode ser por culpa do empreiteiro (sinalização deficiente,
interferência com outras frentes de serviço da própria obra, controles de
acesso redundantes etc.) ou por culpa do contratante ou por fatores
alheios a parte.
 Nesse último caso, há de se investigar se houve alguma ocorrência
superveniente à contratação, que ensejou o desequilíbrio do contrato. Por
exemplo, a realização de uma outra obra de terceiro, que provocou desvio
de tráfego e congestionamentos na região. Nesse caso, pode ser aplicável
a teoria da imprevisão e, sob certas circunstâncias, ser devido o
aditamento.
Estudo de Caso 8 – Alteração de equipamento
 Pleito: Durante a execução do mesmo serviço de escavação, o empreiteiro
opta por utilizar uma escavadeira hidráulica de 0,8 m3, alegando não existir
disponibilidade para locação de um equipamento com 1,2 m2. Em vista do
exposto, o empreiteiro solicita a alteração do serviço contratado para a
seguinte composição:
Estudo de Caso 8 – Alteração de equipamento
 Análise: O pleito não deve ser deferido, pois a escolha do equipamento
ocorreu pelo empreiteiro.

 Ademais, se foi especificado em edital a realização do serviço com o


equipamento de maior capacidade, a Administração pode impor ao
construtor que execute o serviço com a escavadeira de 1,2 m3.

 Ressalta-se que a questão reserva algumas controvérsias, pois há vários


julgados do TCU apontando sobrepreço quando a situação inversa
ocorre, ou seja, a Administração orça a obra considerando uma
metodologia (ou equipamento) antieconômico e o construtor executa o
objeto com metodologia (ou equipamento) corriqueiramente utilizado,
obtendo um ganho ilícito.

 Nesse sentido, há julgados em que a escavação foi orçada considerando


a utilização de motoscrapers ou de conjuntos trator de esteiras/pá
carregadeira e, durante a execução da obra, o construtor fez o serviço
com escavadeiras hidráulicas, opção de menor custo de execução.
Estudo de Caso 8 – Alteração de equipamento
 Análise: Cita-se como exemplo o Acórdão 826/2015-Plenário, em que o
TCU entendeu que nos contratos executados sob regime de preço
unitário, a remuneração de cada serviço passa pela efetiva conferência
da atividade executada, tanto em termos quantitativos como qualitativos,
implicando o reequilíbrio econômico-financeiro dos contratos a adoção
pela contratada de outro método construtivo, mais racional e econômico
do que o considerado no orçamento da obra, se este previu metodologia
executiva claramente ineficiente, antieconômica ou contrária à boa
técnica da engenharia.
Estudo de Caso 9 – Reajuste no preço de Materiais
 Pleito: Durante a execução de uma obra rodoviária, em janeiro de 2015, a Petrobrás
reajustou o preço dos materiais betuminosos em 40%, o que motivou o empreiteiro a
formular pedido de reequilíbrio econômico-financeiro do contrato.
 Baseado na curva ABC de insumos da obra, solicitou reajuste de 5,068% do valor
total do contrato, equivalente ao reajuste de 40% aplicado sobre a participação dos
insumos “cimento asfáltico de petróleo” e “asfalto diluído – CM-30” no valor global do
contrato. Tipo Descrição do Insumo Unid. Quantidade Preço Parcial % % Acumulado
Caminhão Basculante : Mercedes Benz : H
Equipamento 2423 K : 10 m3 - 15 t 177.486,08 23.758.464,36 43,87 43,87
Ton.
Material Cimento Asfáltico de Petróleo 4.320,00 5.616.000,00 10,37 54,24
H
Mão de Obra Servente 219.575,72 2.458.977,67 4,54 58,78
M3
Material Brita 3 12.247,08 1.751.332,42 3,23 62,01
M3
Material Brita 2 12.243,41 1.750.807,12 3,23 65,24
M3
Material Brita 1 12.243,41 1.750.807,12 3,23 68,47
Unid.
Material Dente de corte (W6/22) p/ recicladora 22.321,15 1.427.660,88 2,64 71,11
Ton.
Material Asfalto diluído - CM-30 598,38 1.244.630,40 2,30 73,41
Caminhão Basculante : Volvo BM : FM H
Equipamento 12 6X4 : 20 t 4.308,13 976.370,03 1,80 75,21
Recicladora de Pavimento : Wirtgen : WR H
Equipamento 2000 : a frio 1.701,31 918.966,90 1,70 76,91
Litro
Material Óleo combustível 1A 576.000,00 913.536,00 1,69 78,60
Rolo Compactador : Dynapac : CA-25-P : H
pé de carneiro autopropelido 11,25t
Equipamento vibratório 4.563,27 752.607,91 1,39 79,99
Kg
Material Cimento portland CP II-32 1.088.599,32 649.284,18 1,20 81,19
H
Mão de Obra Encarregado de turma 28.696,72 620.834,05 1,15 82,34
Estudo de Caso 9 – Reajuste no preço de Materiais
Análise: A alta de preços do insumos betuminosos (40%) se deu em um
cenário de imprevisibilidade e acentuada onerosidade nos contratos em
andamento, podendo motivar a recomposição dos preços com fundamento no
art. 65, inciso II, alínea “d”, da Lei 8.666/1993, por se entenderem
caracterizados os elementos ensejadores da teoria da imprevisão (álea
econômica extraordinária).
O instituto jurídico é o da revisão (ou recomposição) de preços funda-se no
art. 65, inciso II, alínea “d”, da Lei 8.666/1993 e na teoria da imprevisão, que
requer o atendimento dos seguintes requisitos:
i) fato imprevisível ou previsível, mas de consequências incalculáveis, alheio
à vontade das partes; e
Ii) desequilíbrio econômico ou financeiro elevado no contrato, impondo
onerosidade excessiva a uma das partes ou a ambas, eventualmente.
Estudo de Caso 9 – Reajuste no preço de Materiais
Análise: (continuação)
Porém, o exame do pleito não pode se dar de forma tão simplória quanto
quer a empresa. Alguns requisitos deveriam ser observados:
A análise não deve se furtar da possibilidade de existência de outros insumos
cujo comportamento de preços possa ter demonstrado aumento ou redução
atípica, também imprevisível, que modifique o equilíbrio contratual de forma
acentuada. Em tese o aumento nos materiais betuminosos poderia ter sido
parcialmente ou completamente compensada por uma redução no preço de outros
insumos.
Foi nesse sentido o entendimento do TCU no Acórdão 1.466/2013-TCU-Plenário:
“23. Importa destacar que eventual desequilíbrio econômico-financeiro não pode
ser constatado a partir da variação de preços de apenas um serviço ou insumo. A
avaliação da equidade do contrato deve ser resultado de um exame global da
avença, haja vista que outros itens podem ter passado por diminuições de preço”
Estudo de Caso 9 – Reajuste no preço de Materiais
Análise: (continuação)
O impacto percentual não deve contemplar todo o valor contratual, pois parte dos
serviços já foi executada.
Ademais, os diversos serviços do contrato são reajustados por diferentes índices
setoriais divulgados pela FGV. Em particular os materiais betumiosos são
reajustados pelo índice da FGV específico para insumos asfálticos, que captou
adequadamente o reajuste realizado pela Petrobrás.
Assim, o reequilíbrio deve cobrir medições realizadas apenas entre janeiro de
2015 e a data de reajuste do contrato. Após esse período, as medições serão
processadas com base nos preços reajustados na data de aniversário do contrato,
quando os índices contratuais, publicados pela Fundação Getúlio Vargas – FGV,
já terão refletido os aumentos imprevisíveis e extraordinários.
Estudo de Caso 9 – Reajuste no preço de Materiais
Análise: Dessa forma, considerando que a data-base do contrato é
maio/2013, foram realizadas as seguintes medições entre janeiro e
maio/2015:

jan/15 fev/15 mar/15 abr/15

2.607.438,55 1.223.485,32 700.899,49 2.049.009,88

As medições realizadas a partir de maio/2015 (aniversário do contrato) já


foram realizadas com valores reajustados pelo índice da FGV, que captaram
os rejustes de materiais asfálticos.
Os impactos no saldo contratual e no valor global do contrato estão
demonstrados a seguir:
Impacto do Reajuste de
Valor medido Impacto do Impacto do Impacto do reajuste
40% Material
Valor Total do Valor Total Saldo entre jan/2015 reajuste no reajuste no saldo na previsão medição
Data-Base Betuminoso nas
Contrato (R$) Medido (R$) Contratual (R$) até o aniversário medições entre valor global do remanescente do até aniversário do
do contrato (R$) janeiro/2015 e o contrato contrato contrato
aniversário do contrato
54.156.517,80 mai-13 35.201.736,57 18.954.781,23 6.580.833,24 333.516,63 0,62% 1,76% 5,07%
Estudo de Caso 9 – Reajuste no preço de Materiais
Análise: Assim, o valor correto da revisão pleiteada pela empresa contratada é de
apenas 0,62% do valor global do contrato, e não 5,068%.
No entanto, entende-se que tal impacto não seja suficiente para demonstrar o
segundo requisito autorizador da opção pelo reequilíbrio econômico-financeiro de
contrato administrativo (impacto acentuado no contrato), fundado na teoria da
imprevisão. Deve ser demonstrado que o aumento imporia uma onerosidade
excessiva a uma das partes, o que não é o caso.
No Acórdão 3024/2013-Plenário, o TCU fez as seguintes considerações, ao entender
que um reequilíbrio de 4,86% concedido pela Codevasf não se enquadraria no
conceito de “onerosidade excessiva”:
“8. A esse respeito, observo que a mera variação de preços, para mais ou para
menos, não é suficiente para determinar a realização de reequilíbrio econômico-
financeiro do contrato, sendo essencial a presença de uma das hipóteses
previstas no art. 65, inciso II, alínea “d”, da Lei 8.666/1993, a saber: fatos
imprevisíveis, ou previsíveis porém de consequências incalculáveis, retardadores
ou impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força maior, caso
fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econômica extraordinária e
extracontratual.
9. Entendo ser previsível a ocorrência de pequenas variações entre os preços
contratuais reajustados e os preços de mercado, já que dificilmente os índices
contratuais refletem perfeitamente a variação de preços do mercado.”
Estudo de Caso 9 – Reajuste no preço de Materiais
Análise: (continuação)
No Acórdão 1604/2015-Plenário, o TCU entendeu que se enquadraria no conceito de
onerosidade excessiva os pleitos que demonstrassem haver impacto superior a 7% no
valor das medições realizadas entre a data do reajuste do asfalto e a data de
aniversário do contrato. Lá foi realizado uma simulação do impacto em vários
contratos: Valor medido
Impacto do
Valor relativo ao reajuste nas
Valor Total (realizado + previsto)
Data- reajuste de 36% medições entre
Contrato do Contrato entre jan./2015 e o
Base mat. betuminosos jan./15 e o
(R$) aniversário do
(R$) aniversário do
contrato (R$)
contrato

09 00205/2013 198.008.947,30 mai-13 22.219.765,18 1.633.563,60 7,35%

00 00753/2013 187.112.983,57 dez-13 43.718.130,68 3.724.024,70 8,52%

00 00898/2013 153.787.663,53 dez-13 45.990.803,75 2.873.859,15 6,25%

09 01064/2013 128.834.000,00 jan-14 40.549.343,17 3.697.447,06 9,12%

00 00705/2013 140.333.094,00 fev-14 60.536.034,36 4.947.331,94 8,17%

09 00162/2014 174.752.344,99 mar-14 82.385.218,43 8.941.878,71 10,85%

05 00746/2014 32.800.000,00 ago-14 14.529.366,87 2.976.262,73 20,48%

00 01138/2012 207.194.892,97 jan-12 55.528.404,13 8.086.128,34 14,56%

00 00628/2013 46.346.051,87 nov-12 22.842.314,50 1.584.537,22 6,94%

11 00834/2014 16.057.201,74 nov-13 9.127.670,88 840.404,03 9,21%

11 00918/2014 15.317.999,48 jan-14 5.975.577,99 507.205,30 8,49%

05 00845/2014 22.890.000,00 jan-14 10.306.396,78 877.470,72 8,51%

07 01041/2014 6.500.000,00 set-14 2.353.582,61 132.541,59 5,63%

00 00919/2013 74.680.123,88 jun-13 8.939.069,87 688.750,69 7,70%

15 01011/2012 71.151.930,96 out-12 12.807.785,98 3.454.887,88 26,97%

15 00828/2012 150.993.095,52 mar-12 37.491.188,53 3.768.708,14 10,05%

00 00809/2012 19.831.375,87 set-12 11.469.677,72 1.414.056,57 12,33%

00 00808/2012 8.747.835,64 set-12 6.486.346,27 731.377,38 11,28%

00 00425/2013 13.017.362,30 mar-13 5.077.693,61 589.544,73 11,61%

00 00003/2013 162.776.951,75 dez-12 45.507.928,43 4.530.210,42 9,95%


Estudo de Caso 9 – Reajuste no preço de Materiais
Análise: (continuação)
Por esse entendimento, não seria o caso de conceder o reequilíbrio no contrato em
exame, pois o impacto nas medições entre a data do reajuste e a data do aniversário
do contrato foi de apenas 5,07%.
Em nosso entendimento, o melhor critério a ser utilizado para caracterizar
“onerosidade excessiva” é verificar no saldo remanescente do contrato se o
impacto do desequilíbrio supera a taxa de lucro declarada no BDI do construtor.
Esse seria um critério que tornaria o desequilíbrio impeditivo da execução do
contrato, pois tornaria a sua conclusão deficitária para o construtor, tornando
economicamente mais vantajoso para o contratado abandonar a obra.
Quando o desequilíbrio apenas diminui a lucratividade do contrato, sem a eliminar,
ainda é economicamente vantajoso para o construtor concluir a obra. Embora ganhe
menos do que o previsto, ainda ganha...
No exemplo apresentado, suponha que o construtor adotou uma taxa de remuneração
bruta no seu BDI de 8%. O impacto do desequilíbrio no saldo remanescente do
contrato é de 1,76%, conforme demonstrado.
Assim, a conclusão da obra sem o acolhimento do pleito ainda tornaria sua execução
economicamente vantajosa para o construtor (auferiria um lucro de 6,24%).
Estudo de Caso 9 – Reajuste no preço de Materiais
Análise: (continuação)
O critério do TCU, de considerar o desequilíbrio apenas nas medições realizadas
entre a data do fato ensejador do pleito e a data de aniversário do contrato, também é
razoável, pois é um fato “retardador da execução contratual”. O construtor, diante de
um impacto superior a sua taxa de lucratividade nessas medições, poderia ser tentado
a postergar a execução contratual até que o contrato fosse reajustado.
No caso em questão, a lucratividade nas medições entre janeiro/2015 e abril/2015
seria reduzida de 8% para 2,93%, o que não justificaria a interrupção das atividades e
o risco de ser apenado pela Administração.
Estudo de Caso 9 – Reajuste no preço de Materiais
Análise: (continuação)
É oportuno ainda exigir da empresa solicitante demonstração de que os quantitativos
medidos sejam fruto de aquisições de materiais betuminosos realizadas após o
anúncio do reajuste dos asfaltos.
Conquanto as propriedades físico-químicas dos materiais betuminosos, não
comportem ou recomendem armazenagem de grandes volumes, a medida tem o
propósito de resguardar o erário na hipótese de eventual descompasso nesse sentido.
Foi exatamente esse entendimento manifestado no voto condutor do Acórdão
1.085/2015-Plenário quanto à aplicação da cláusula rebus sic stantibus nos contratos
administrativos, a qual requer demonstração objetiva de que ocorrências
supervenientes tornaram a sua execução excessivamente onerosa para uma das
partes.
Por essa orientação, o reajuste de preços de materiais betuminosos, por si só, ainda
que em percentual elevado, não justificaria a revisão contratual por um motivo simples:
o particular contratado pode ter adquirido os insumos ou incorrido nas despesas
impactadas pelo reajuste antes da ocorrência do evento. Em tal situação, o posterior
reajuste acabaria, inclusive, favorecendo o contratado, pois os índices de reajuste
contratual supervenientes captariam, em maior ou menor grau, o fato ocorrido.
Assim, o construtor teria a sua remuneração majorada por índices de reajuste que
foram afetados ao menos parcialmente pelo aumento dos materiais betuminosos, mas
não incorreria em custos adicionais, haja vista que adquiriu os bens antes do reajuste.
Estudo de Caso 9 – Reajuste no preço de Materiais
3. Não há óbice à concessão de reequilíbrio econômico-financeiro visando à
revisão (ou recomposição) de preços de itens isolados, com fundamento no art.
65, inciso II, alínea "d", da Lei 8.666/1993, desde que estejam presentes a
imprevisibilidade ou a previsibilidade de efeitos incalculáveis e o impacto
acentuado na relação contratual (teoria da imprevisão); e que haja análise
demonstrativa acerca do comportamento dos demais insumos relevantes que
possam impactar o valor do contrato.
Representação formulada por unidade técnica do TCU questionara a legalidade da
Instrução de Serviço/DG 2, de 23/3/2015 (IS-DG 2/2015), emitida pelo Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que "estabelece os critérios para o
reequilíbrio econômico-financeiro de contratos administrativos decorrente do
acréscimo dos custos de aquisição de materiais betuminosos". A referida instrução de
serviço decorrera de elevada alta nos preços dos materiais betuminosos anunciada
pela Petrobras no final de 2014, e objetivou a recomposição dos preços dos insumos
betuminosos, com fundamento no art. 65, inciso II, alínea "d", da Lei 8.666/1993 (álea
econômica extraordinária). Em síntese, a unidade técnica apontara que a instrução de
serviço não teria previsto “procedimento de análise global e exauriente de cada
contrato, tendo em vista as peculiaridades regionais de cada situação, a fim de se
verificar o impacto financeiro provocado pelo aumento de preço dos materiais
betuminosos em face também de outros itens da planilha orçamentária”.
Estudo de Caso 9 – Reajuste no preço de Materiais
Dessa forma “não estaria atendido um dos requisitos a sustentar a aplicação da teoria da
imprevisão, qual seja, a avaliação do impacto da onerosidade excessiva no equilíbrio econômico-
financeiro original dos contratos”. Realizadas as oitivas processuais, a unidade técnica reafirmara a
“impossibilidade de promover reequilíbrio econômico-financeiro de contrato administrativo apenas
por meio da análise dos insumos betuminosos, o que violaria o disposto no art. 37, inciso XXI, da
Constituição da República e no art. 65, inciso II, alínea "d", da Lei 8.666/1993”, acrescentando
ainda que “não se vislumbra na legislação e na jurisprudência nenhuma alusão a reequilíbrio
econômico-financeiro referente apenas à variação de um tipo de insumo contratual”. Em juízo de
mérito, o relator rebateu a tese defendida pela unidade técnica “uma vez que existe a possibilidade
de um insumo isolado ser o responsável pelo desequilíbrio contratual diante da manutenção da
equação econômica original da cesta dos demais itens contemplados na proposta”. Sobre o caso
em exame, explicou o relator que o instituto jurídico aplicável seria “o da revisão (ou recomposição)
de preços e funda-se no art. 65, inciso II, alínea "d", da Lei 8.666/1993 e na teoria da imprevisão,
que requer o atendimento dos seguintes requisitos: i. fato imprevisível ou previsível, mas de
consequências incalculáveis, alheio à vontade das partes; e ii. desequilíbrio econômico ou
financeiro elevado no contrato, impondo onerosidade excessiva a uma das partes ou a ambas,
eventualmente”. Nesse contexto, com amparo na doutrina sobre o tema, o relator concluiu que
estaria caracterizado o fato imprevisível, uma vez que a Petrobras, na condição de reguladora dos
preços do mercado de insumos asfálticos, promovera, “em duas ocasiões, elevação de preços
pontual, imprevisível e anormal, que, acumulada, representou mais de 30% de acréscimo sobre os
patamares anteriores”.
Estudo de Caso 9 – Reajuste no preço de Materiais
Dessa forma, ressaltou o relator, seria legítimo o procedimento adotado pelo Dnit, que levara em
consideração “este evento imprevisível como motivador da necessidade de reequilíbrio econômico-
financeiro dos contratos em andamento ..., com destaque para os recém reajustados ligeiramente
antes do término do exercício de 2014, sobre os quais o impacto financeiro da alta de preços é
mais significativo”. Registrou ainda o relator, amparado nas análises da unidade técnica e do Dnit,
que não houve, com relação aos demais insumos, variações imprevisíveis, motivo pelo qual “não
se pode pretender provocar ampla e irrestrita revisão dos preços contratuais a fim de se
computarem compensações em favor daquela autarquia ...”. Ou seja, a demonstração de
desequilíbrio econômico-financeiro em contrato administrativo “não requer que se considerem,
como procedimento geral, todas as variações ordinárias nos preços dos insumos contratados -
cobertos naturalmente pelos índices de reajustamento da avença -, mas apenas alterações de
preços significativas e imprevisíveis (ou previsíveis, porém de consequências incalculáveis),
capazes de justificar a aplicação da teoria da imprevisão”. Nesse contexto, concluiu o relator que
“a) não há óbice à concessão de reequilíbrio econômico-financeiro de contrato administrativo,
visando à revisão (ou recomposição) de preços de itens isolados, com fundamento no art. 65,
inciso II, alínea "d", da Lei 8.666/1993, desde que:a.1) estejam presentes os requisitos enunciados
pela teoria da imprevisão, que são a imprevisibilidade (ou previsibilidade de efeitos incalculáveis) e
o impacto acentuado na relação contratual; a.2) haja análise demonstrativa acerca do
comportamento dos demais insumos do contrato, ao menos os mais importantes em aspecto de
materialidade, com a finalidade de identificar outras oscilações de preços enquadráveis na teoria
da imprevisão que possam, de igual maneira, impactar significativamente o valor ponderado do
contrato”.
Estudo de Caso 9 – Reajuste no preço de Materiais
O Tribunal, alinhado ao voto da relatoria, dentre outras deliberações, determinou ao Dnit, no ponto,
que, por meio de ato normativo próprio, “oriente todas as unidades de sua estrutura organizacional
responsáveis pela análise e processamento dos requerimentos fundados na IS-DG 2/2015 ...,
quanto à necessidade de demonstrar o impacto acentuado nos contratos em andamento em razão
dos aumentos imprevisíveis nos preços dos insumos betuminosos, ocorridos no final de 2014”,
especialmente quanto às situações que “apontam para a inaplicabilidade dos critérios previstos no
referido normativo em função do não atendimento dos pressupostos da teoria da imprevisão, bem
como das disposições contidas no art. 65, inciso II, alínea "d", da Lei 8.666/1993 ....”. Acórdão
1604/2015-Plenário, TC 007.615/2015-9, relator Ministro Augusto Nardes, 1.7.2015.
Estudo de Caso 10 – Dissídio Coletivo
 Pleito: Durante a execução de uma obra rodoviária, em outubro de 2015, a houve
um dissídio coletivo reajustando os salários em 10%, o que motivou o empreiteiro a
formular pedido de reequilíbrio econômico-financeiro do contrato.
 Baseado na curva ABC de insumos da obra, solicitou reajuste de 0,46% aplicável
sobre o saldo remanescente do contrato, equivalente ao reajuste de 10% aplicado
sobre a participação dos profissionais “servente” e “encarregado” no valor global do
contrato.
Tipo Descrição do Insumo Unid. Quantidade Preço Parcial % % Acumulado
Caminhão Basculante : Mercedes Benz : H
Equipamento 2423 K : 10 m3 - 15 t 177.486,08 23.758.464,36 43,87 43,87
Ton.
Material Cimento Asfáltico de Petróleo 4.320,00 5.616.000,00 10,37 54,24
H
Mão de Obra Servente 219.575,72 2.458.977,67 4,54 58,78
M3
Material Brita 3 12.247,08 1.751.332,42 3,23 62,01
M3
Material Brita 2 12.243,41 1.750.807,12 3,23 65,24
M3
Material Brita 1 12.243,41 1.750.807,12 3,23 68,47
Unid.
Material Dente de corte (W6/22) p/ recicladora 22.321,15 1.427.660,88 2,64 71,11
Ton.
Material Asfalto diluído - CM-30 598,38 1.244.630,40 2,30 73,41
Caminhão Basculante : Volvo BM : FM H
Equipamento 12 6X4 : 20 t 4.308,13 976.370,03 1,80 75,21
Recicladora de Pavimento : Wirtgen : WR H
Equipamento 2000 : a frio 1.701,31 918.966,90 1,70 76,91
Litro
Material Óleo combustível 1A 576.000,00 913.536,00 1,69 78,60
Rolo Compactador : Dynapac : CA-25-P : H
pé de carneiro autopropelido 11,25t
Equipamento vibratório 4.563,27 752.607,91 1,39 79,99
Kg
Material Cimento portland CP II-32 1.088.599,32 649.284,18 1,20 81,19
H
Mão de Obra Encarregado de turma 28.696,72 620.834,05 1,15 82,34
Estudo de Caso 10 – Dissídio Coletivo
Análise: Em vista das considerações realizadas no estudo de caso anterior,
o pleito não deve ser deferido, pois não está fundamentado no art. 65, inciso
II, alínea “d”, da Lei 8.666/1993 e na teoria da imprevisão, que requer o
atendimento dos seguintes requisitos:
i) fato imprevisível ou previsível, mas de consequências incalculáveis, alheio
à vontade das partes; e
Ii) desequilíbrio econômico ou financeiro elevado no contrato, impondo
onerosidade excessiva a uma das partes ou a ambas, eventualmente.
O fato não é imprevisível (dissídio coletivo da categoria ocorre todo ano),
nem tampouco representa um ônus elevado, excessivo, ao contratado que o
permita ser enquadrado como álea extraordinária.
No Acórdão 2255/2005-Plenário, proferido em face de Consulta formulada
pela Câmara dos Deputados, foi deliberado que a viabilidade de os
incrementos dos custos de mão de obra ocasionados pela data-base de cada
categoria profissional constituírem fundamento para a alegação de
desequilíbrio econômico-financeiro contraria o disposto no art. 65, inciso II,
alínea “d”, da Lei 8.666/93, que estabelece as hipóteses de reequilíbrio
econômico-financeiro dos contratos.
Estudo de Caso 10 – Dissídio Coletivo
Análise: (continuação)

Como já demonstrado em itens precedentes, o incremento dos custos de mão-de-obra


decorrente da data-base das categorias profissionais trata-se de mero reajuste
provocado pela inflação. Em consequência, são aplicáveis a esse incremento de custos
as regras atinentes ao reajuste dos contratos, que fixam o prazo anual para realização
de cada novo reajustamento (Acórdão nº 1.563/2004-Plenário)
Estudo de Caso 10 – Dissídio Coletivo
Análise: (continuação)
Tal posição é corroborada pelo STJ, pelo teor das deliberações contidas nos
RESPs 134797/DF, 411101/PR, 382260/RS, dos quais se retira que o
aumento salarial a que está obrigada por força do dissídio coletivo não é fato
imprevisível capaz de autorizar o reequilíbrio econômico-financeiro do
contrato.
Segundo Marçal Justen Filho, a Administração pode recusar o
restabelecimento da equação econômica-financeira do contrato mediante a
invocação dos seguintes motivos:
Ausência de elevação dos encargos do particular;
Ocorrência do evento antes da formulação da proposta;
Ausência de vínculo de causalidade entre o evento ocorrido e a
majoração dos encargos do contratado;
Culpa do contratado pela majoração dos seus encargos (o que inclui a
previsibilidade da ocorrência do evento).
 O motivo que fundamenta o pedido era de prévio conhecimento da empresa.
Em outras palavras, as convenções e dissídios coletivos de trabalho, que
majoram os encargos trabalhistas, são plenamente previsíveis no momento de
formulação das propostas na licitação.
Estudo de Caso 10 – Dissídio Coletivo
Análise: (continuação)
A título de exemplo, que a data-base do dissídio da categoria em análise seja
outubro de cada ano. Se a data-base da proposta for maio/2013, o contrato só
poderá ter reajustes após maio/2014.
Em função da oferta e demanda do mercado de mão de obra, bem como da
inflação acumulada no período ou, até mesmo, diante de reivindicações
concretas do sindicato da categoria, o engenheiro de custos deve arbitrar uma
taxa de reajuste esperada para a categoria em função do dissídio coletivo em
outubro/2013. Digamos que as condições atuais do mercado de trabalho
indiquem um reajuste provável em torno de 6%, em outubro/2013.
O custo da mão de obra ficará com preço constante de maio a outubro de
cada ano, ou seja, entre novembro e abril o salário da mão de obra conterá
um reajuste de 6%. Suponha que a obra em análise tem prazo de execução
contratual de 20 meses, com início a partir de 01/05/2013. Uma distribuição
hipotética do quantitativo de trabalhadores e o respectivo histograma são
apresentados na tabela e na figura a seguir:
Estudo de Caso 10 – Dissídio Coletivo
Análise: (continuação)
Quantidade de
Mês Trabalhadores
Maio/2011 100
Junho/2011 150
Julho/2011 200
Histograma de mão de obra Agosto/2011 400
Setembro/2011 700
3000 Outubro/2011 1.100
Novembro/2011 1.900
Quantidade de trabalhadores

2500 Dezembro/2011 1.900


Janeiro/2012 2.800
2000 Fevereiro/2012 2.800
Março/2012 2.800
1500
Abril/2012 2.800
Maio/2012 2.800
1000
Junho/2012 2.800
500 Julho/2012 1.700
Agosto/2012 1.700
0 Setembro/2012 900
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Outubro/2012 900
Mês Novembro/2012 300
Dezembro/2012 300
Total homens x mês 29.050

O fator de variação salarial a ser adotado sobre o salário da categoria pode ser obtido
da seguinte forma:
Entre maio e outubro de 2013 serão gastos 2.650 homens x mês.
Entre novembro/2013 e abril/2014 serão gastos outros 15.000 homens x mês.
Como o décimo terceiro salário é calculado com base no salário de dezembro, há um
custo adicional equivalente a 1.900 homens x mês.
Sobre o quantitativo total de homens x mês de novembro/2013 a abril/2014, incluindo
décimo terceiro salário (16.900 homens x mês), aplica-se o fator de reajuste de 6%,
obtendo-se um quantitativo de homem x mês corrigido igual a 17.914.
Estudo de Caso 10 – Dissídio Coletivo
Análise: (continuação)
No período de maio a outubro de 2014 estão previstos um total de 10.800
homens x mês. Aqui os quantitativos de homem x mês não serão reajustados,
pois os preços dos serviços contratuais serão reajustados em virtude do
transcurso do prazo de um ano de vigência contratual. Por simplicidade dos
cálculos, foi suposto que o índice de reajuste contratual seja igual ao índice de
reajuste dos salários.
Nos dois últimos meses do contrato são necessários apenas 600 homens x
mês e outros 300 para pagamento do décimo terceiro salário de dezembro.
Estes 900 homens x mês sofrerão um reajuste de 6%. Assim, obtém-se um
quantitativo equivalente de 954 homens x mês.
Somando-se os quantitativos equivalentes de homens x mês: 1.900 + 17.914
+ 10.800 + 954 = 32.318 homens x mês.
Dividindo-se o quantitativo equivalente de homens x mês pelo quantitativo
nominal de homens mês (31.250, pois foram incluídos os quantitativos
relativos ao décimo terceiro salário), obtém-se o fator de variação salarial de
mão de obra: 1,034176, a ser aplicado linearmente sobre os salários de todos
os profissionais para fins de elaboração do orçamento.
Estudo de Caso 11 – Mudança do horário de
execução dos serviços – pedido de adicional
noturno
Pleito: Durante a execução de uma obra de pavimentação, a Prefeitura
contratante determinou que a execução dos serviços ocorresse somente no
período de 22:00 às 5:00 da manhã.
Considerando que não havia disposição contratual expressa nesse sentido, o
construtor apresentou pleito solicitando o pagamento de adicional noturno.
Estudo de Caso 11 – Mudança do horário de
execução dos serviços – pedido de adicional
noturno
Pleito: (continuação). Considere que a planilha orçamentária contratual foi
decomposta na seguinte curva ABC de insumos:

Tipo Descrição do Insumo Unid. Quantidade Preço Parcial % % Acumulado


Caminhão Basculante : Mercedes Benz : H
Equipamento 2423 K : 10 m3 - 15 t 177.486,08 23.758.464,36 43,87 43,87
Ton.
Material Cimento Asfáltico de Petróleo 4.320,00 5.616.000,00 10,37 54,24
H
Mão de Obra Servente 219.575,72 2.458.977,67 4,54 58,78
M3
Material Brita 3 12.247,08 1.751.332,42 3,23 62,01
M3
Material Brita 2 12.243,41 1.750.807,12 3,23 65,24
M3
Material Brita 1 12.243,41 1.750.807,12 3,23 68,47
Unid.
Material Dente de corte (W6/22) p/ recicladora 22.321,15 1.427.660,88 2,64 71,11
Ton.
Material Asfalto diluído - CM-30 598,38 1.244.630,40 2,30 73,41
Caminhão Basculante : Volvo BM : FM H
Equipamento 12 6X4 : 20 t 4.308,13 976.370,03 1,80 75,21
Recicladora de Pavimento : Wirtgen : WR H
Equipamento 2000 : a frio 1.701,31 918.966,90 1,70 76,91
Litro
Material Óleo combustível 1A 576.000,00 913.536,00 1,69 78,60
Rolo Compactador : Dynapac : CA-25-P : H
pé de carneiro autopropelido 11,25t
Equipamento vibratório 4.563,27 752.607,91 1,39 79,99
Kg
Material Cimento portland CP II-32 1.088.599,32 649.284,18 1,20 81,19
H
Mão de Obra Encarregado de turma 28.696,72 620.834,05 1,15 82,34
Estudo de Caso 11 – Mudança do horário de
execução dos serviços – pedido de adicional
noturno
Análise: O pleito é procedente de deve ser concedido. Trata-se de típico fato
da administração que torna a execução da obra mais onerosa para o
contratado.
Para a mão de obra operativa noturna, as disposições da CLT determinam
que a hora noturna tenha remuneração superior ao trabalho diurno em pelo
menos 20% e que seja computada pelo tempo de 52 minutos e 30 segundos.
Assim, adota-se um fator majorador do custo da mão de obra noturna em
37,15%.
Considerando que a obra tem uma previsão de utilização de 5,69% de mão
de obra em relação ao custo total, há um impacto de 2,11% no montante
global contratado, que deve ser o valor a ser concedido ao empreiteiro.
A análise do pleito admite outra abordagem ex-post, em que o empreiteiro
comprova os gastos adicionais incorridos mediante apresentação da folha de
pagamento, acompanhada da GFIP da obra. Nesse caso, o custo adicional
regularmente comprovado seria indenizado pela Administração contratante.
Estudo de Caso 12 – Chuvas – pedido de
prorrogação de prazo de execução e de reequilíbrio
do contrato
 Pleito: Um serviço de compactação de aterro (em uma barragem) foi executado ao
longo do ano de 2014, em que se verificou a seguinte distribuição de chuvas:

 Baseado em tal fato, o construtor pleiteia uma prorrogação de prazo de quatro


meses, considerando que em quatro meses do ano houve uma chuva acima da
média. Também pleiteia o acréscimo de administração local relativo ao período da
prorrogação solicitada.
Estudo de Caso 12 – Chuvas – pedido de
prorrogação de prazo de execução e de reequilíbrio
do contrato
 Análise: Compilando-se os dados pluviométricos colhidos durante a execução do
contrato, pode-se observar que em 2014, período de execução contratual, houve
uma aumento de apenas 90 mm em relação à média histórica, o que caracteriza um
desvio de apenas 5,6%.
 Em nossa opinião, tal variação não encontra amparo nos condicionantes da teoria
da imprevisão para embasar o pleito de reequilíbrio econômico financeiro do
contrato.
Estudo de Caso 12 – Chuvas – pedido de
prorrogação de prazo de execução e de reequilíbrio
do contrato
 Análise: Com relação ao aumento de prazo, será adotada a metodologia do
Centran. Para concessão de aditivo de prazo ao contrato da obra, o valor máximo de
dias a ser considerado será o produto do valor de nd pelo número de dias do mês,
conforme abaixo:
 Dias adicionais de prazo ao contrato = nd · número de dias do mês
Estudo de Caso 12 – Chuvas – pedido de
prorrogação de prazo de execução e de reequilíbrio
do contrato
 Análise: Valores de nd:
Estudo de Caso 13 – Chuvas – Mudança do período
de execução da obra
 Pleito: Uma obra de pavimentação foi contratada em abril/2014, havia previsão para
expedição da ordem de serviço em maio/2014, e prazo de execução de 3 meses.
Porém, devido a atrasos na desapropriação, a ordem de início dos serviços só foi
emitida em setembro/2014.
 Em vista disso, o empreiteiro formulou pedido de prorrogação de prazo e de
recomposição do equilíbrio econômico financeiro do contrato.
 A ocorrência de chuvas no local da obra encontra-se sintetizada no gráfico seguinte.
(fonte: www.inmet.gov.br/sim/gera_graficos.php).

Mês Dias de chuva Horas trabalháveis


Janeiro 10 146,6
Fevereiro 12 131,94
Março 23 51,31
Abril 16 102,62
Maio 1 212,57
Junho 2 205,24
Julho 2 205,24
Agosto 0 219,9
Setembro 1 212,57
Outubro 11 139,27
Novembro 24 43,98
Dezembro 24 43,98
Estudo de Caso 13 – Chuvas – Mudança do período
de execução da obra
 Análise: A resolução de um caso real é complexa, pois a obra é composta por
diversos serviços, realizados segundo determinada sequência, sendo cada um deles
impactado de forma diferente pelas chuvas.
 Vamos realizar uma análise simplificada aqui, considerando apenas a execução de
um único serviço, no caso do CBUQ – Capa de rolamento, que é o serviço mais
significativo na pavimentação, cuja composição é mostrada a seguir:
Estudo de Caso 13 – Chuvas – Mudança do período
de execução da obra
 Análise: O demonstrativo de produção da equipe mecânica é mostrada a seguir,
em que se conclui que a produção horária da patrulha é de 75 toneladas/hora:
Estudo de Caso 13 – Chuvas – Mudança do período
de execução da obra
 Análise: Estava prevista a pavimentação de 30 km de rodovia de 6 metros de
plataforma, com espessura de 8 cm de asfalto. Isso equivale a 34.560 toneladas de
CBUQ (0,08*6*2,4*30000).
 Considerando os dias de chuva e que o CBUQ não pode ser executado na chuva,
segundo a norma DNIT 031/2006-ES, é possível elaborar a seguinte tabela de
praticabilidade:

Produção Mensal por


Dias de Horas Horas equipe mecânica
Mês chuva trabalháveis improdutivas (toneladas)
Janeiro 10 146,67 73,33 11.000,0
Fevereiro 12 132,00 88,00 9.900,0
Março 23 51,33 168,67 3.850,0
Abril 16 102,67 117,33 7.700,0
Maio 1 212,67 7,33 15.949,9
Junho 2 205,33 14,67 15.399,9
Julho 2 205,33 14,67 15.399,9
Agosto 0 220,00 0,00 16.499,9
Setembro 1 212,67 7,33 15.949,9
Outubro 11 139,33 80,67 10.450,0
Novembro 24 44,00 176,00 3.300,0
Dezembro 24 44,00 176,00 3.300,0
Estudo de Caso 13 – Chuvas – Mudança do período
de execução da obra
 Análise: Se a obra tivesse tido o seu início em maio, conforme cláusula contratual,
poderia ter sido executada da seguinte forma, com certa folga de prazo no terceiro
mês:
Produção Mensal por
Dias de Horas Horas Horas equipe mecânica
Mês chuva trabalháveis trabalhadas improdutivas (toneladas)
Maio 1 212,67 212,67 7,33 15.949,9
Junho 2 205,33 205,33 14,67 15.399,9
Julho 2 205,33 42,80 3,06 3.210,1
Total 5 623,33 460,80 25,06 34.560,0

 Como a obra se iniciou em setembro, se prolongou por pouco mais de quatro


meses, conforme abaixo:

Produção Mensal por


Dias de Horas Horas Horas equipe mecânica
Mês chuva trabalháveis trabalhadas improdutivas (toneladas)
Setembro 1 212,67 212,67 7,33 15.949,9
Outubro 11 139,33 139,33 80,67 10.450,0
Novembro 24 44,00 44,00 176,00 3.300,0
Dezembro 24 44,00 44,00 176,00 3.300,0
Janeiro 10 146,67 20,80 10,40 1.560,2
Total 70,0 586,7 460,8 450,4 34.560,0
Estudo de Caso 13 – Chuvas – Mudança do período
de execução da obra
 Análise: Em vista do exame realizado, poderia ser concedida uma prorrogação de
prazo aproximada de 65 dias, considerando o acréscimo observado de 5 dias de
chuva para 70 dias de chuva.
 O construtor incorrerá também em um aumento de custo equivalente a 425,34 horas
improdutivas (450,4 horas – 25,06 horas).
 A indenização a ser realizada ao construtor deve considerar um custo da hora
improdutiva. Preconiza-se aqui que tal custo, quando utilizado equipamento próprio,
seja equivalente ao salário do operador do equipamento.
 Teríamos três operadores para os rolos (de pneu e liso), um operador para o trator
agrícola, e outro operador para a vibroacabadora. O total de salários, com encargos
sociais, seria de R$ 68,05/hora improdutiva, o que resultaria numa indenização de
R$ 28.944,64.
 E discutível se outras parcelas deveriam ser incorporadas ao custo do equipamento
parado. Entendemos inadequado incluir parcelas relacionadas com custo horário de
depreciação, custo de oportunidade ou custos com locação de equipamentos.
 Observação: existem outras abordagens para o tratamento do pleito do construtor,
mas acreditamos que o critério adotado seja o mais correto do ponto da engenharia
de custos. Ver estudo de caso a seguir.
Estudo de Caso 14 – Chuvas – Pleito de reequilíbrio
econômico financeiro
 Pleito: Uma empreiteira apresenta um pleito de reequilíbrio econômico-financeiro do
contrato baseado no seguinte levantamento pluviométrico realizado durante o
período de execução contratual em São Paulo, local em que a obra foi executada:
Estudo de Caso 14 – Chuvas – Pleito de reequilíbrio
econômico financeiro
 Pleito: Com base no levantamento apresentado sobre o clima de São Paulo, o
construtor conclui que a produção das equipes mecânicas constantes nas
composições padrão do Sicro deveriam ser ajustadas com o fator de Eficiência E =
0,53, retratando, dessa forma, condições reais de utilização e operação dos
equipamentos. O demonstrativo de cálculo do referido fator de eficiência, produzido
pelo contratado, encontra-se na tabela a seguir:
Estudo de Caso 14 – Chuvas – Pleito de reequilíbrio
econômico financeiro
 Pleito: Com base no fator de eficiência calculado de 0,53 pelo contratado, é
elaborada o seguinte demonstrativo de produção horária:
Estudo de Caso 14 – Chuvas – Pleito de reequilíbrio
econômico financeiro
 Pleito: (continuação...) que resulta na seguinte composição para o serviço de
CBUQ, com expressivo aumento de preço em relação ao valor originalmente
contratado:
Estudo de Caso 14 – Chuvas – Pleito de reequilíbrio
econômico financeiro
•Análise: Existem algumas ressalvas a fazer no estudo analisado. A primeira delas
refere-se ao uso do fator de eficiência de 0,75 (aplicável aos serviços de restauração
rodoviária) em vez do fator de 0,83, utilizado para os serviços de construção rodoviária.
Se esse último fator de eficiência fosse utilizado, o resultado do novo fator de eficiência,
considerando o efeito das chuvas, seria de 0,58.
•Além disso, a memória de cálculo produzida não está considerando que apenas as
chuvas com mais de 5 mm por dia impactam na realização do serviço.
•Discorda-se, também, que o impacto das chuvas deva ser considerado no fator de
eficiência, pois a redução no fator de eficiência implica em aumento do tempo operativo
dos equipamentos para execução de determinada produção de serviço, enquanto na
prática ocorre que o equipamento fica maior parcela de seu tempo ocioso, ensejando
que o construtor arque com o aumento do seu custo improdutivo.
•A explicação para isso é que a produção horária do equipamento (P), por exemplo, de
um caminhão basculante, é dada pela equação:
P = 60.b.g.h.i/s Em que:
“b” é a capacidade da caçamba do caminhão; “g” é o fator de carga; “h” é o fator de
conversão; “i” é o fator de eficiência e; “s” é o tempo de ciclo do caminhão, dado pela
soma do tempo fixo de carga, descarga e manobras com o resultado da divisão da
distância média de transporte (DMT) pela sua velocidade média de ida e de volta.
Estudo de Caso 14 – Chuvas – Pleito de reequilíbrio
econômico financeiro
•Análise: (continuação)
•O coeficiente de utilização operativa do equipamento será inversamente proporcional à
sua produção horária. Assim, a redução no fator de eficiência de 0,75 para 0,53 implica
em uma redução de 29,3% da produção horária do equipamento e, consequentemente,
em um aumento de 41,51% no coeficiente de utilização operativa do equipamento.
Como o custo horário operativo do equipamento responde por uma parcela expressiva
do valor do serviço, há um grande incremento do custo.
•O que se observa na prática, em virtude das chuvas, é que o equipamento aumenta o
tempo em que está improdutivo (com motor desligado), aguardando a liberação de
frentes de trabalho, mas executa o serviço no mesmo tempo e com a mesma
produtividade quando encontra condições favoráveis. Considera-se, então, que, se o
efeito das chuvas fosse considerado, os coeficientes operativos dos equipamentos
deveriam ser mantidos inalterados, majorando-se apenas os coeficientes improdutivos.
•Esta última metodologia, mais aderente à situação de interrupções por chuvas, resulta
em um acréscimo de custo pouco relevante, pois majora apenas a parcela de custo
improdutivo do equipamento, que é bem menos relevante no serviço do que o custo
operativo.
Estudo de Caso 14 – Chuvas – Pleito de reequilíbrio
econômico financeiro
•Análise: (continuação)
• Foi nesse sentido a análise realizada pelo relatório acolhido pelo Acórdão 859/2009-
Plenário:
Na fase de orçamento, há ainda que considerar, na composição dos custos dos itens de
serviço, a incidência dos tempos improdutivos devidos as condições climáticas,
notadamente a ocorrência de chuvas.
(...)Assim sendo, as Composições de Serviços contidas no Sicro2 incluem somente o
tempo improdutivo correspondente ao dimensionamento das patrulhas. A outra parcela
poderá ser acrescentada na fase do orçamento pelo Engenheiro de Custos, ao compor
os custos dos itens de serviço, diante das condições particulares de cada obra. (...)"
Da leitura acima se verifica que o Manual realmente permite a incidência de tempos
improdutivos causados pelas chuvas. Mas frise-se bem, o eventual acréscimo deveria
repercutir somente na hora improdutiva.
Conforme visto, os únicos custos inerentes à hora improdutiva são os de mão de obra.
Diverge, portanto, do que ocorreu in casu, onde, de acordo com o disposto no item B da
presente peça instrutiva, o elaborador do projeto executivo reduziu diretamente a
produção horária da equipe. (...)
Estudo de Caso 14 – Chuvas – Pleito de reequilíbrio
econômico financeiro
•Análise: (continuação)

(...) 3.2.5 Da leitura dos trechos acima fica claro que o Sicro realmente não considera os
custos acrescidos em função de paralisações ocasionadas pelas chuvas, mas também
deixa evidente que as chuvas influenciam apenas no custo improdutivo, e de maneira
alguma no custo operativo (depreciação, operação, manutenção e mão de obra) como
considerado na decisão comentada.
(...)
3.2.10 Não resta dúvida que os custos incrementados devido às perdas de
produtividade decorrentes das chuvas estariam compensados, e com folga, se os
fatores acima comentados fossem também considerados na metodologia do Sicro. Isto
ocorre porque, no custo total de uma obra rodoviária, a participação dos custos dos
equipamentos - afetados pela superestimativa dos valores de aquisição, de depreciação
e pela defasagem das produtividades em relação às atuais - é bem maior do que a dos
custos da mão de obra - afetados pelas chuvas.
Estudo de Caso 14 – Chuvas – Pleito de reequilíbrio
econômico financeiro
•Análise: Também é esclarecedor reproduzir trecho do relatório acolhido pelo Acórdão
1.537/2010-Plenário, que refuta completamente a tese completamente análoga à
defendida pelo construtor:

Após análise cuidadosa de todos os argumentos, concluímos que, realmente, existe um


aumento do tempo improdutivo na execução dos serviços em decorrência das chuvas.
O problema foi a interpretação que a [omissis] deu a esta informação. Isto não altera, de
forma alguma, o fator de eficiência dos serviços, mas, tão somente, aumenta levemente
o seu custo da mão de obra. Expliquemos:
(...)
Especificamente em relação aos serviços de terraplenagem, temos ainda [
transcrevendo o Manual de Custos Rodoviários]:

"2.1.2 Chuvas
As produções adotadas não contemplam a ocorrência de condições climáticas
desfavoráveis, as quais influenciam, em função da frequência e intensidade, de modo
específico, cada tipo de serviço. Na elaboração do Orçamento de um Projeto Final de
Engenharia, há necessidade de, em função dos dias de chuva previstos dentro do prazo
total desejado para a execução dos serviços, serem computadas as horas improdutivas
calculadas."
Estudo de Caso 14 – Chuvas – Pleito de reequilíbrio
econômico financeiro
•Análise: (continuação)

Da leitura dos excertos fica claro que o SICRO2 não considera, nas composições de
custos dos diversos serviços, acréscimos devido às paralisações ocorridas pelas
chuvas. Em contrapartida, considera que no caso de ocorrência de chuvas que
impossibilitem a produção da equipe, há de se verificar apenas a verificação de horas
improdutivas, visto que como a máquina está parada, a produção é nula e a utilização
produtiva não existe. Neste caso, devem ser incluídas a previsão das horas
improdutivas e a introdução dos respectivos custos no orçamento, por serviço.
Então, não há que se falar em fator climático que incida sobre o fator de eficiência, este
último alterando a produção dos equipamentos - e em decorrência a produtividade da
equipe - já que nas horas de chuvas consideradas (e horas subsequentes em que não
há condições de trabalho) não há produção. Aí está o equívoco na interpretação da
[construtora] e de dois artigos apresentados (...). Lembramos que segundo o Manual de
Custos Rodoviários, o custo horário improdutivo é igual ao custo horário da mão de
obra. Logo, pela metodologia do DNIT, o único custo extra proveniente em função da
chuva é o custo da mão de obra parada.
Estudo de Caso 15 – Desvalorização Cambial
 Pleito: Um determinado contrato, cujo objeto abrangia a construção de uma usina
termoelétrica, tinha data base no dia 28/8/2012, quando a cotação do dólar
comercial se encontrava em R$ 2,0433.
 Cerca de 35% do contrato se referem a equipamentos importados (turbinas a gás,
trocadores de calor, válvulas, gerador, tubulação, instrumentação e sistema de
automação).
 O contrato foi iniciado em dezembro/2012 e permaneceu em baixo ritmo de
execução até setembro/2015, devido a problemas no licenciamento ambiental da
obra. No período foram executadas basicamente as obras civis da usina
termoelétrica.
 No dia 24/09/2012, com base na Ptax divulgado pelo Banco Central (R$ 4,1949/US$
1,00), a empresa pleiteou a correção de 105,3% ( ( (4,1949/2,0433) – 1 ) x 100%)
sobre o preço contratual de todos os itens importados do contrato.
Estudo de Caso 15 – Desvalorização Cambial
 Análise: O pleito, em tese, se enquadra na teoria da imprevisão:
i) fato imprevisível ou previsível, mas de consequências incalculáveis, alheio à vontade
das partes; e
Ii) desequilíbrio econômico ou financeiro elevado no contrato, impondo onerosidade
excessiva a uma das partes.
 Ademais, o evento ocorreu após a formulação da proposta, alterando a equação
econômico-financeira do contrato, e há relação causal entre o evento (desvalorização
da moeda) e a majoração dos encargos do contratado.
É de se perquirir se existiu culpa do contratado pela majoração dos seus encargos,
pois um administrador de razoável diligência (um homem-médio), ao assumir um
compromisso contratual de centenas de milhões de dólares, deveria buscar proteção
cambial por meio de algum instrumento de hedge, comprando contratos de dólar futuro
na BM&F ou realizando contratos de swap com alguma instituição financeira.
Por esse, motivo, o instrutor partilha da opinião de que o pleito não deve ser deferido.
 Não obstante, apresenta-se aqui jurisprudência predominante do Poder Judiciário em
sentido inverso, que possui certa razoabilidade, pois sabendo o construtor que o
equilíbrio econômico-financeiro de sua proposta está protegido pela Constituição
Federal, não vê incentivo em realizar o hedge cambial e incorrer no custo associado.
Estudo de Caso 15 – Desvalorização Cambial
 Análise: (continuação)
 Cita-se o seguinte precedente do STJ:
“CONTRATO ADMINISTRATIVO. EQUAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA DO
VÍNCULO. DESVALORIZAÇÃO DO REAL. JANEIRO 1999. ALTERAÇÃO DE
CLÁUSULA REFERENTE AO PREÇO. APLICAÇÃO DA TEORIA DA IMPREVISÃO E
FATO DE PRÍNCIPE. (...)
2. O episódio ocorrido em janeiro de 1999, consubstanciado na súbita desvalorização
da moeda nacional (real) frente ao dólar norte-americano, configurou-se causa
excepcional de mutabilidade dos contratos administrativos, com vistas à manutenção
do equilíbrio econômico-financeiro das partes. (...)” (STJ – ROMS 15153 UF: PE – 1ª
Turma – Data da decisão: 19/11/2002 – Min. Relator Luiz Fux).
 Obviamente, não é qualquer variação cambial que justifica o ocorrido, pois o dólar
naturalmente oscila diariamente com o real, sem que isso possa ser considerado fato
imprevisível.
As demais observações anteriormente feitas também são aplicáveis ao caso, em
particular que o impacto global da desvalorização cambial no saldo contratual seja
elevada a ponto de ser impeditiva ou retardadora da execução do contrato, por
exemplo, em percentual superior à taxa de lucro declarada no BDI.
Estudo de Caso 15 – Desvalorização Cambial
 Análise: (continuação)
 O TCU já se manifestou no sentido de que oscilações
naturais no câmbio posteriores ao contrato não ensejam a
aplicação da teoria da imprevisão, tampouco haverá a
recomposição do equilíbrio contratual.

Acórdão nº 3.282/2011 – Plenário

(...) o poder público não interveio no regime de câmbio,


tampouco ocorreu situação extraordinária e inevitável
relativamente às variações na taxa inflação ou índices de
preços setoriais. Ao contrário, a meu ver, as alterações por
que passaram as variáveis econômicas foram movimentos
naturais regidos pelas leis do mercado.
Estudo de Caso 15 – Desvalorização Cambial
 Análise: (continuação)
Com efeito, a desvalorização da moeda nacional pode ser um evento extracontratual
impactante nos contratos administrativos em vigor. Contudo, não pode ser tida como
uma condição suficiente e autônoma para justificar a revisão contratual.
Explica-se melhor, a aplicação da teoria da imprevisão aos contratos administrativos
também requer demonstração objetiva de que ocorrências supervenientes tornaram a
sua execução excessivamente onerosa para uma das partes. A simples variação
cambial, por si só, não justifica a revisão contratual por um motivo simples: o particular
contratado pode ter adquirido os insumos ou incorrido nas despesas impactadas pelo
câmbio antes da ocorrência do evento. Em tal situação, ao contrario do alegado, a
posterior desvalorização da moeda favoreceria ao contratado, pois os índices de
reajuste contratual supervenientes captariam em maior ou menor grau o fato ocorrido.
Assim, o construtor teria sua remuneração majorada por índices que foram afetados
ao menos parcialmente pelo câmbio, mas não incorreria em custos adicionais, haja
vista que adquiriu os bens importados antes da depreciação do Real.
Portanto, pleitos do gênero não podem se basear exclusivamente nos preços
contratuais ou na variação de valores extraídos de sistemas referenciais de custos,
sendo indispensável que se apresente outros elementos adicionais do impacto
cambial, tais como a comprovação dos custos efetivamente incorridos no contrato,
demonstrados mediante notas fiscais.
Estudo de Caso 15 – Desvalorização Cambial
 Análise: (continuação)
Aferir a quebra do equilíbrio contratual não é uma tarefa simples, posto que a doutrina
explicita a indispensabilidade de que seja comprovado o prejuízo do particular. Nesse
sentido é válido citar o ensinamento de Bandeira de Mello:
“Para tanto, o que importa, obviamente, não é a “aparência” de um respeito ao valor
contido na equação econômico-financeira, mas o real acatamento dele. De nada vale
homenagear a forma quando se agrava o conteúdo. O que as partes colimam em um
ajuste não é a satisfação de fórmulas ou de fantasias, mas um resultado real, uma
realidade efetiva que se determina pelo espírito da avenca; vale dizer, pelo conteúdo
verdadeiro do convencionado” (BANDEIRA DE MELLO, 1999, p. 560).
Tratando-se de um caso em que diversos equipamentos serão adquiridos,
provavelmente em diferentes datas, com taxas de câmbio e moedas diversas, o pleito
não pode ser calculado de forma simplória como demonstrado pela construtora, e os
reajustes contratuais acumulados devem ser descontados do valor da revisão.
A tabela a seguir ilustra o modelo de cálculo a ser utilizado:
Estudo de Caso 15 – Desvalorização Cambial
 Análise: (continuação)
O pleito solicitado pela construtora se baseia na tabela abaixo, em que é solicitada
recomposição de mais de R$ 294 milhões:

Valor do Contrato: 800.000.000,00


Obras civis: 400.000.000,00
Equipamentos nacionais: 120.000.000,00
Equipamentos importados: 280.000.000,00
Data-base: 28/08/2012
Taxa de Câmbio na data-base: 2,0433
Índice de reajuste contratual: IPCA
Taxa de Câmbio em 24/09/2012 4,1949
Pleito da construtora: 294.840.698,87

 O valor do desequilíbrio calculado pelo contratante se baseia na tabela abaixo,


apurando-se montante de apenas R$ 3 milhões (ou 0,307% do valor corrigido do
contrato):
Valor contratual
Valor contratual Valor contratual Data de Taxa de Valor contratual Desequilíbrio
Aquisições reajustado pelo
(R$) (em US$) pagamento câmbio reajustado IPCA em R$
Câmbio
Equipamento 1 50.000.000,00 24.470.219,74 28/08/2013 2,2315 53.135.346,13 54.605.295,36 1.469.949,22
Equipamento 2 50.000.000,00 24.470.219,74 29/08/2014 2,2396 56.590.343,39 54.803.504,14 - 1.786.839,26
Equipamento 3 60.000.000,00 29.364.263,69 30/09/2014 2,4510 68.078.224,85 71.971.810,31 3.893.585,45
Equipamento 4 100.000.000,00 48.940.439,49 01/03/2013 1,9848 104.457.943,34 97.136.984,29 - 7.320.959,05
Equipamento 5 20.000.000,00 9.788.087,90 27/05/2015 3,1740 24.274.180,30 31.067.390,99 6.793.210,69
Total 280.000.000,00 137.033.230,56 306.536.038,02 309.584.985,07 3.048.947,06
Estudo de Caso 15 – Desvalorização Cambial
 Análise: (continuação)
O impacto simulado (0,307% do valor atualizado do contrato) não é significativo,
desenquadrando o pleito do construtor na teoria da imprevisão.
O pleito deve ser indeferido.
Fazemos uma última consideração. Se o contrato/edital dispor que o risco de variação
cambial é do empreiteiro, não há nenhuma possibilidade de conceder o reajuste
pleiteado. Nesse sentido, Maurício Portugal RIBEIRO e Lucas Navarro PRADO
argumentam que:
“A partir da leitura do art. 65, II, “d”, da Lei 8.666/93, pretende-se atribuir à
Administração Pública os riscos de força maior, caso fortuito, fato de príncipe etc. nos
contratos de obras e de prestação de serviço, como se o contrato não pudesse dispor
de forma diferente. Todavia, essa interpretação passa ao largo do fato de que o
dispositivo menciona tratar-se de evento extracontratual. Ora, se o contrato dispuser
de forma distinta, portanto, deverá prevalecer. Pensamos que não há – seja na Lei
8.666/93 ou em qualquer outro diploma legal – um sistema de distribuição de riscos
positivado. Aliás, assim que deve ser, pois a distribuição de riscos é uma questão de
eficiência econômica, e não de valor.”
A Teoria da IMPREVISÃO recebe esse nome porque se aplica ao que não está
PREVISTO no contrato.
Estudo de Caso 17 – Aceleração de Execução
– Obra Executada em Vários Turnos
Pleito: Considere que foi contratada a execução de um próprio nacional
correspondente a um prédio residencial de 8 pavimentos com unidades
autônomas de 2 quartos, conforme ilustrado a seguir:

Maio/2014
Insumos
Valor (%)
Encargos Complementares 116.423,66 6,51%
Equipamentos 2.704,84 0,15%
Mão de Obra 573.407,56 32,07%
Materiais 1.010.714,67 56,53%
Ferramentas e EPI 84.773,70 4,74%
Total 1.788.024,43 100,00%
Estudo de Caso 17 – Aceleração de Execução –
Obra Executada em Vários Turnos
Pleito: A obra foi contratada para ser executada em turno diurno e ritmo
normal de execução. A curva ABC da planilha orçamentária encontra-se
parcialmente sintetizada a seguir:
DAT A DE PREÇO: 08/2014

DESCRIÇÃO : BLOCO RESIDENCIAL MULT IFAMILIAR DE 8 PAVIMENT OS-T IPO COM 1 ELEVADOR, SENDO 1 PAVIMENT O-T IPO NO T ÉRREO. INCLUI EDÍCULAS:
GUARIT A, DEPÓSIT O, QUART O E BANHEIRO DE SERVIÇO. NÃO POSSUÍ GARAGEM COBERT A. SÃO 4 APART AMENT OS POR PAVIMENT O, T OT ALIZANDO 32
UNIDADESHABIT ACIONAIS, SENDO CADA UNIDADE COMPOST A POR SALA, 2 QUART OS, CIRCULAÇÃO, COZINHA/ÁREA DE SERVIÇO E BANHEIRO. ALÉM
DESSES HÁ UMA T ORRE COM PAVIMENT OS DE CASA DE MÁQUINAS, BARRILET E E RESERVAT ÓRIO DE ÁGUA SUPERIOR.
INSUMO DESCRIÇÃO DO INSUMO UNIDADE Q UANTIDADE CUSTO UNITÁRIO CUSTO TO TAL (%) PESO (%) ACUMULADO
4750 PEDREIRO H 12700,75599 R$ 12,46 R$ 158.372,94 8,83 8,83
6111 SERVENT E H 18376,75788 R$ 8,04 R$ 147.927,46 8,25 17,09
JANELA DE CORRER EM ALUMÍNIO, SÉRIE 25, SEM
BANDEIRA, COM 4 FOLHAS PARA VIDRO, (DUAS FIXAS
E DUAS MÓVEIS) 1,60 X 1,10 M (INCLUSO GUARNIÇÃO
597 E VIDRO LISO INCOLOR) M2 184,04 R$ 479,96 R$ 88.331,83 4,92 22,02
CONCRET O USINADO BOMBEAVEL COM BRIT A 0 E 1,
SLUMP = 100 MM +/- 20 MM, FCK = 20 MPA (INCLUI
1524 SERVICO DE BOMBEAMENT O) M3 343,9044 R$ 240,00 R$ 82.537,05 4,60 26,62
27 ACO CA-50, 16,0 MM, VERGALHAO KG 18014,04 R$ 3,96 R$ 71.335,59 3,98 30,60
ALIMENT ACAO (ENCARGOS COMPLEMENT ARES)
37370 *COLET ADO CAIXA* H 54403,58848 R$ 1,30 R$ 70.724,66 3,94 34,55
1379 CIMENT O PORT LAND COMPOST O CP II-32 KG 154456,2991 R$ 0,41 R$ 64.562,73 3,60 38,15
BLOCO CERAMICO (ALVENARIA DE VEDACAO), DE *9
7266 X 19 X 19* CM MIL 108,105364 R$ 480,00 R$ 51.890,57 2,89 41,05
AREIA MEDIA - POST O JAZIDA / FORNECEDOR (SEM
370 FRET E) M3 641,3838868 R$ 80,00 R$ 51.310,71 2,86 43,91
1213 CARPINT EIRO DE FORMAS H 3670,54559 R$ 12,46 R$ 45.770,11 2,55 46,47
T RANSPORT E (ENCARGOS COMPLEMENT ARES)
37371 *COLET ADO CAIXA* H 54403,58848 R$ 0,71 R$ 38.626,54 2,15 48,62
4783 PINT OR H 2772,42972 R$ 12,46 R$ 34.571,00 1,92 50,55

378 ARMADOR H 2735,21444 R$ 12,46 R$ 34.106,94 1,90 52,46


CAL HIDRAT ADA, DE 1A. QUALIDADE, PARA
1106 ARGAMASSA KG 59223,92048 R$ 0,57 R$ 33.757,63 1,88 54,34
33 ACO CA-50, 8,0 MM, VERGALHAO KG 7205,616 R$ 4,45 R$ 32.130,99 1,79 56,13
REVEST IMENT O CERAMICO PARA PAREDES,
ESMALT ADO, LISO, BRILHANT E, PEI = 0, DE *20 X 20*
536 CM, DE 1A. QUALIDADE M2 1646,7524 R$ 17,21 R$ 28.340,60 1,58 57,71

12893 BOT A COURO SOLADO DE BORRACHA VULCANIZADA PAR 937,4067423 R$ 29,90 R$ 28.034,61 1,56 59,28

2436 ELET RICIST A H 2223,42 R$ 12,46 R$ 27.725,08 1,54 60,83


CERAMICA ESMALT ADA PARA PISO , PEI IV, COR
1287 LISA, DE 1A. QUALIDADE, DE *20 X 20* CM M2 1318,6016 R$ 19,64 R$ 25.897,33 1,44 62,27
T ABUA MADEIRA 2A QUALIDADE 2,5 X 30,0CM (1 X
6189 12") NAO APARELHADA M 1657,525769 R$ 14,12 R$ 23.410,29 1,30 63,58
12894 CAPA P/ CHUVA UN 937,4067423 R$ 24,92 R$ 23.362,12 1,30 64,88
Estudo de Caso 17 – Aceleração de Execução
– Obra Executada em Vários Turnos
Pleito: Foi solicitado do construtor a execução da obra em dois turnos
diários, de segunda a sábado, a saber:
De 8:00 às 17:00, com 1 hora de intervalo (70% do efetivo)
De 17:00 às 02:00, com 1 hora de intervalo (30% do efetivo)
O Jornada normal de trabalho era de 8:00 às 17:00, de segunda a sexta, e de
8:00 às 12:00 no sábado. Assim, haverá necessidade de pagamento de 4:00
horas extras no sábado.
Como a solicitação da Administração tornou a obra reconhecidamente mais
onerosa para o construtor, trata-se de típico fato da Administração sendo
cabível o reequilíbrio do ajuste.
Estudo de Caso 17 – Aceleração de Execução
– Obra Executada em Vários Turnos
Análise: O pleito é procedente e deve ser deferido, pois se trata de típico
fato da Administração.
Considerando que os encargos sociais utilizados pelo construtor em sua
formação de preços foi de 123,5%, pode-se elaborar o seguinte demonstrativo
para o primeiro turno:
1 - DISCRIMINAÇÃO DAS HORAS TRABALHADAS SEMANAIS

Dias H.N. H.N.* H. E. tipo I H. E.* tipo I H. E. tipo II H. E.* tipo II H. E. tipo III H. E.* tipo III
Segunda 8,00
Terça 8,00
Quarta 8,00
Quinta 8,00
Sexta 8,00
Sabádo 4,00 2,00 2,00
Domingo
Total* 44 2 2

Encargos
AD H. E. AD Noturno
Sociais
44,00 H.N. 123,50% 98,34
H.N.*
2,00 H. E. tipo I 123,50% 50,00% 6,71
H. E.* tipo I
2,00 H. E. tipo II 123,50% 50,00% 6,71
H. E.* tipo II
H. E. tipo III
H. E.* tipo III

Taxa de Encargo Social 132,81%


Estudo de Caso 17 – Aceleração de Execução
– Obra Executada em Vários Turnos
Análise: (continuação) O segundo turno é detalhado a seguir:

1 - DISCRIMINAÇÃO DAS HORAS TRABALHADAS SEMANAIS

Dias H.N. H.N.* H. E. tipo I H. E.* tipo I H. E. tipo II H. E.* tipo II H. E. tipo III H. E.* tipo III
Segunda 4,00 4,00
Terça 4,00 4,00
Quarta 4,00 4,00
Quinta 4,00 4,00
Sexta 4,00 4,00
Sabádo 4,00 2,00 2,00
Domingo
Total* 24 20 2 2

Encargos
AD H. E. AD Noturno
Sociais
24,00 H.N. 123,50% 53,64
20,00 H.N.* 123,50% 37,14% 61,30
H. E. tipo I
2,00 H. E.* tipo I 123,50% 50,00% 37,14% 9,20
H. E. tipo II
2,00 H. E.* tipo II 123,50% 50,00% 37,14% 9,20
H. E. tipo III
H. E.* tipo III

Taxa de Encargo Social 177,78%


Estudo de Caso 17 – Aceleração de Execução –
Obra Executada em Vários Turnos
Análise: (continuação) Assim, o percentual de encargos sociais ponderados
de ambos os turnos é detalhado a seguir:
5 - RESUMO DOS ENCARGOS
TOTAL DE HORAS
417,60
TRABALHADAS NO MÊS
1º TURNO - Percentual do efetivo de funcionários que trabalhará
70%
neste período:
Encargo Social do Turno : 132,81%
Horas Trabalhadas Mensais : 292,32
1º TURNO - Percentual do efetivo de funcionários que trabalhará
30%
neste período
Encargo Social do Turno : 177,78%
Horas Trabalhadas Mensais : 125,28
ENCARGO PONDERADO
Encargo Social : 146,30%

O acréscimo de encargos sociais de 22,8% (146,3% - 123,5%) deve ser


aplicado sobre o percentual de 32,07%, que equivale à participação da mão
de obra no custo total de construção.
O resultado procurado corresponde a um aumento de custo de 7,31% do
valor contratual.
É de se analisar também se existirão outros acréscimos em função do
trabalho noturno (engenheiros, vigias, mestres de obras adicionais),
iluminação, etc.)
Estudo de Caso 18 – O niple do ar
condicionado
Pleito: Um determinado contrato, de valor global de R$ 30 milhões, foi
assinado contendo um serviço denominado “niple duplo galvanizado com
rosca”, que seria utilizado no sistema de ar condicionado. A tabela abaixo
apresenta o trecho da planilha orçamentária em que o serviço foi previstos:

A composição de custo unitário apresentada pela construtora na licitação é


reproduzida a seguir:
Estudo de Caso 18 – O niple do ar
condicionado
Pleito: Pode-se observar que a licitante ofertou preço idêntico ao orçado
pela Administração:
Preços ( R$ )
Código

Caderno 18 - Ar condicionado
UNID. QUANT. Unitários Totais Geral
Mão de Obra - Material -
Título da Etapa ou Atividade Mão de Obra Material Total
DEFLACIONADO DEFLACIONADO
18.03.158 Niple duplo galvanizado com rosca PEÇA 9 16,97 212,09 152,70 1.908,80 2.061,50

Pois bem, durante a execução contratual, observou-se que o quantitativo


projetado estava equivocado e seriam necessários 8.125 niples de ¾” e
outros 130 niples de 1 1/2”.
Assim, a construtora pleiteou uma acréscimo de R$ 1.888.792,11 no valor
contratual, correspondente ao custo unitário contratado (R$ 229,06)
multiplicado pelo quantitativo acrescido (8246 = 8125 + 130 – 9).
Estudo de Caso 18 – O niple do ar
condicionado
Análise: A Administração incorreu em erro ao aprovar a planilha
orçamentária, que foi elaborada por empresa projetista. Como se tratava de
uma obra superior a R$ 30 milhões, o erro no quantitativo e no custo
unitário do niple não foi percebido, pois se tratava de um item
materialmente irrelevante no contrato, que não figurava entre os mais
representativos na curva ABC de serviços e de insumos.
Somente ao ser surpreendida pelo pleito da empreiteira é que a
Administração percebeu o erro.
O contratante elaborou acurada pesquisa de mercado para o serviço,
compondo os serviços conforme tabela a seguir.
Pode-se observar que foi aplicado um percentual de desconto de 6,78%
nos itens para preservar o desconto global oferecido na proposta da
licitante.
Estudo de Caso 18 – O niple do ar
condicionado
Estudo de Caso 18 – O niple do ar
condicionado
Análise: (contratada) aceitou os novos preços, em substituição aos
ofertados em sua proposta.
Se houvesse impasse, a Administração, valendo-se do seu poder de
império, poderia suprimir unilateralmente o serviço e outros itens do sistema
de climatização que estivessem associados ao uso do niple, contratando
sua instalação com um terceiro.
Tal medida não seria interessante para o construtor, pois este perderia um
dos serviços mais lucrativos da planilha orçamentária. Melhor lucrar pouco
do que não lucrar nada.
Estudo de Caso 19 – Acréscimo na Administração
Local em virtude de atraso na execução da obra.
Pleito: Determinado órgão contratou a construção de uma edificação por um
custo direto de R$ 21.856.786,75, com prazo de execução contratual em 12
meses. A composição de custo da administração local da obra apresentada
pela construtora é apresentada a seguir, em que se pode observar que a
Administração Local representa um valor de R$ 1.856.785,75, ou 8,5% do
valor total do custo direto.
[ver memória de cálculo na planilha exemplo]
O critério de medição e pagamento estipulado no edital para a Administração
Local seguiu o preconizado pelo TCU, ou seja, adotou-se um pagamento
mensal proporcional ao andamento financeiro dos serviços.
Ocorre que o órgão contratante sofreu contingenciamentos financeiros em
sua dotação orçamentária ainda antes da emissão da ordem de serviço.
Dessa forma, foi realizada nova programação da obra, considerando a
previsão de sua execução em 18 meses, ou seja com 6 meses de atraso.
Na formalização do aditivo de prorrogação de prazo com a contratada, a
empreiteira apresentou um pedido de acréscimo contratual de R$ 928 mil,
correspondente a um acréscimo de 50% na Administração Local.
Descrição Custo Mensal Custo Total

Mão de Obra Suplementar - Segurança do Trabalho 7.732,80 92.793,60

Descrição Quantidade / Mês R$ / Mês Quantidade Total R$ Total

Técnico de Seg. Trabalho 2,00 7.732,80 24,00 92.793,60

Estudo de Caso
Mão de Obra Suplementar - Garantia e Controle da Qualidade 26.211,68 95.791,46

Descrição Quantidade / Mês R$ / Mês Quantidade Total R$ Total

Enc.da Qualidade/Técnico 1,00 18.427,20 12,00 41.882,40


Engenheiro da Qualidade/Coordenador 0,33 6.167,04 3,96 53.909,06

19 – Acréscimo
Aux Técnico da Qualidade - 1.617,44 - -

Mão de Obra Suplementar - Meio Ambiente 7.982,62 95.791,46

Descrição Quantidade / Mês R$ / Mês Quantidade Total R$ Total

na
Engenheiro do Meio Ambiente/Coordenador 0,33 4.492,42 3,96 53.909,06
Enc.do Meio Ambiente/Técnico 1,00 3.490,20 12,00 41.882,40
Aux Técnico Meio Ambiente - - - -

Mão de Obra Suplementar - Seção Técnica 19.945,80 239.349,60

Administração
Descrição Quantidade / Mês R$ / Mês Quantidade Total R$ Total

Encarregado de S.T (Medição) 1,00 3.490,20 12,00 41.882,40


Técnico de Edificações 2,00 7.700,40 24,00 92.404,80

Local em
Auxiliar Técnico 1,00 2.095,20 12,00 25.142,40
Apropiador 1,00 1.629,00 12,00 19.548,00
Desenhista / Cadista 1,00 5.031,00 12,00 60.372,00

Mão de Obra Suplementar - Administrativo 30.414,60 364.975,20

virtude de
Descrição Quantidade / Mês R$ / Mês Quantidade Total R$ Total

Encarregado Pessoal 1,00 3.490,20 12,00 41.882,40


Almoxarife 2,00 3.258,00 24,00 39.096,00

atraso na
Comprador 1,00 3.490,20 12,00 41.882,40
Recepcionista Ajudante 1,00 1.747,80 12,00 20.973,60
Motorista 1,00 1.967,40 12,00 23.608,80
Faxineira/copeira/Servente 1,00 1.629,00 12,00 19.548,00

execução da
Mensageiro / Ajudante 1,00 1.629,00 12,00 19.548,00
Vigia 4,00 8.316,00 48,00 99.792,00
Eletricista de Apoio 1,00 1.629,00 12,00 19.548,00
Ajudante de Apoio 2,00 3.258,00 24,00 39.096,00

obra.
Mão de Obra Suplementar - Produção 58.305,60 699.667,20

Descrição Quantidade / Mês R$ / Mês Quantidade Total R$ Total

Gerente de Contrato(Engº Master A) 1,00 17.886,60 12,00 214.639,20


Engenheiro de Produção 1,00 10.809,00 12,00 129.708,00
Mestre de Obras 1,00 3.493,80 12,00 41.925,60
Encarregado de Obras 6,00 20.941,20 72,00 251.294,40
Topografo 1,00 1.958,40 12,00 23.500,80
Laboratorista 1,00 3.216,60 12,00 38.599,20

Consumos Gerais Concessionárias 176,94 236.450,22

Descrição Quantidade R$ Unit R$/Mês R$ Total

Energia Életrica (Luz/Força) - KW 15.478,32 0,55 8.513,08 102.156,91


Água/Esgoto - m³ 776,04 6,39 4.958,91 59.506,91
Telefone Fixo 36,66 70,00 2.566,20 30.794,40
Telefone Celular / Rádio 36,66 100,00 3.666,00 43.992,00

Materiais de Consumo 3.330,00 31.968,00

Descrição Quantidade R$ Unit R$/Mês R$ Total Obra

Material de Escritório para Adminstração 0,80 1.600,00 1.280,00 15.360,00


Material de Limpeza / Higiene para Adminstração 0,80 800,00 640,00 7.680,00
Xerox / Cópias / Impressões 0,80 930,00 744,00 8.928,00

Total Geral da Administração Local da Obra 1.856.786,75

Valor Total da Obra (Custos Diretos + Custos Indiretos) 21.856.786,75

% da Administração Local 8,50%


Estudo de Caso 19 – Acréscimo na Administração
Local em virtude de atraso na execução da obra.
Análise: O pleito não procede totalmente. Embora a culpa pelo atraso na
execução da obra seja da Administração – o que enseja uma revisão do custo
do item, deve-se ponderar que o gasto com Administração Local não é
diretamente proporcional ao prazo de execução do objeto.
 Ao realizar nova simulação da Administração Local, baseada na composição
e na memória de cálculo apresentada pela construtora, foi verificado que a
Administração Local para a execução da obra em 18 meses deveria ser de R$
2.190.277,94, ou 9,87% do novo custo direto da obra.
[ver memória de cálculo na planilha exemplo]
Assim, deve ser realizado um aditamento de apenas R$ 333.491,18,
conforme demonstrado na tabela a seguir:
Descrição Custo Mensal Custo Total

Mão de Obra Suplementar - Segurança do Trabalho 3.866,40 69.595,20

Descrição Quantidade / Mês R$ / Mês Quantidade Total R$ Total

Técnico de Seg. Trabalho 1,00 3.866,40 18,00 69.595,20

Mão de Obra Suplementar - Garantia e Controle da Qualidade 26.211,68 62.823,60

Descrição Quantidade / Mês R$ / Mês Quantidade Total R$ Total

Enc.da Qualidade/Técnico 1,00 18.427,20 18,00 62.823,60


Engenheiro da Qualidade/Coordenador - 6.167,04 - -
Aux Técnico da Qualidade - 1.617,44 - -

Mão de Obra Suplementar - Meio Ambiente 3.490,20 62.823,60

Descrição Quantidade / Mês R$ / Mês Quantidade Total R$ Total

Engenheiro do Meio Ambiente/Coordenador - - - -


Enc.do Meio Ambiente/Técnico 1,00 3.490,20 18,00 62.823,60

Estudo de Caso 19
Aux Técnico Meio Ambiente - - - -

Mão de Obra Suplementar - Seção Técnica 19.945,80 359.024,40

Descrição Quantidade / Mês R$ / Mês Quantidade Total R$ Total

– Acréscimo na
Encarregado de S.T (Medição) 1,00 3.490,20 18,00 62.823,60
Técnico de Edificações 2,00 7.700,40 36,00 138.607,20
Auxiliar Técnico 1,00 2.095,20 18,00 37.713,60
Apropiador 1,00 1.629,00 18,00 29.322,00

Administração
Desenhista / Cadista 1,00 5.031,00 18,00 90.558,00

Mão de Obra Suplementar - Administrativo 23.448,60 422.074,80

Descrição Quantidade / Mês R$ / Mês Quantidade Total R$ Total

Local em virtude
Encarregado Pessoal 1,00 3.490,20 18,00 62.823,60
Almoxarife 1,00 1.629,00 18,00 29.322,00
Comprador 1,00 3.490,20 18,00 62.823,60
Recepcionista Ajudante 1,00 1.747,80 18,00 31.460,40

de atraso na
Motorista 1,00 1.967,40 18,00 35.413,20
Faxineira/copeira/Servente - - - -
Mensageiro / Ajudante 1,00 1.629,00 18,00 29.322,00
Vigia 3,00 6.237,00 54,00 112.266,00

execução da obra.
Eletricista de Apoio 1,00 1.629,00 18,00 29.322,00
Ajudante de Apoio 1,00 1.629,00 18,00 29.322,00

Mão de Obra Suplementar - Produção 51.325,20 923.853,60

Descrição Quantidade / Mês R$ / Mês Quantidade Total R$ Total

Gerente de Contrato(Engº Master A) 1,00 17.886,60 18,00 321.958,80


Engenheiro de Produção 1,00 10.809,00 18,00 194.562,00
Mestre de Obras 1,00 3.493,80 18,00 62.888,40
Encarregado de Obras 4,00 13.960,80 72,00 251.294,40
Topografo 1,00 1.958,40 18,00 35.251,20
Laboratorista 1,00 3.216,60 18,00 57.898,80

Consumos Gerais Concessionárias 176,94 254.118,74

Descrição Quantidade R$ Unit R$/Mês R$ Total

Energia Életrica (Luz/Força) - KW 10.556,00 0,55 5.805,80 104.504,40


Água/Esgoto - m³ 529,25 6,39 3.381,91 60.874,34
Telefone Fixo 29,00 70,00 2.030,00 36.540,00
Telefone Celular / Rádio 29,00 100,00 2.900,00 52.200,00

Materiais de Consumo 3.330,00 35.964,00

Descrição Quantidade R$ Unit R$/Mês R$ Total Obra

Material de Escritório para Adminstração 0,60 1.600,00 960,00 17.280,00


Material de Limpeza / Higiene para Adminstração 0,60 800,00 480,00 8.640,00
Xerox / Cópias / Impressões 0,60 930,00 558,00 10.044,00

Total Geral da Administração Local da Obra 2.190.277,94

Valor Total da Obra (Custos Diretos + Custos Indiretos) 22.190.277,94

% da Administração Local 9,87%


Estudo de Caso 19 – Acréscimo na Administração
Local em virtude de atraso na execução da obra.
Uma outra variante possível
Pleito: A situação anterior teve a análise simplificada, pois houve percepção,
ainda antes do início dos serviços, que haveria atraso na execução da obra
ocasionada pelo contingenciamento de recursos orçamentários. Assim, a
Administração pôde reorganizar uma nova estrutura de Administração Local
otimizada para o novo prazo contratual de 6 meses.
No entanto, imagine uma situação em que a obra estivesse tendo um
andamento normal, estando, ao final do sexto mês, com 50% de execução e,
consequentemente, com 50% do item “administração local” medido e pago.
Nessa circunstância, ocorre um inesperado contingenciamento orçamentário,
o que obriga a redução do ritmo de execução para que a conclusão da obra
seja postergada em seis meses.
Assim, considerando que o prazo remanescente da obra será prorrogado em
100%, a empresa solicita o aditamento do saldo remanescente da
Administração Local em 100%.
Estudo de Caso 19 – Acréscimo na Administração
Local em virtude de atraso na execução da obra.
Uma outra variante possível
Análise: O caso exige nova programação da execução do saldo contratual,
que será agora executado em 12 meses, em vez de 6 meses. A tabela a
seguir ilustra um exemplo simulado.
[ver memória de cálculo na planilha exemplo]
O saldo original da Administração Local (R$ 928.392,88), precisa ser
acrescido em R$ 508.438,44, totalizando R$ 1.436.831,31.
Assim, a Administração Local total do contrato é aditada de R$ 1.856.785,75
para R$ 2.365.244,19.
Descrição Custo Mensal Custo Total

Mão de Obra Suplementar - Segurança do Trabalho 3.866,40 46.396,80

Descrição Quantidade / Mês R$ / Mês Quantidade Total R$ Total

Técnico de Seg. Trabalho 1,00 3.866,40 12,00 46.396,80

Mão de Obra Suplementar - Garantia e Controle da Qualidade 26.211,68 41.882,40

Descrição Quantidade / Mês R$ / Mês Quantidade Total R$ Total

Enc.da Qualidade/Técnico 1,00 18.427,20 12,00 41.882,40


Engenheiro da Qualidade/Coordenador - 6.167,04 - -
Aux Técnico da Qualidade - 1.617,44 - -

Estudo de Caso 19
Mão de Obra Suplementar - Meio Ambiente 3.490,20 41.882,40

Descrição Quantidade / Mês R$ / Mês Quantidade Total R$ Total

Engenheiro do Meio Ambiente/Coordenador - - - -

– Acréscimo na
Enc.do Meio Ambiente/Técnico 1,00 3.490,20 12,00 41.882,40
Aux Técnico Meio Ambiente - - - -

Mão de Obra Suplementar - Seção Técnica 19.945,80 239.349,60

Descrição Quantidade / Mês R$ / Mês Quantidade Total R$ Total

Administração
Encarregado de S.T (Medição) 1,00 3.490,20 12,00 41.882,40
Técnico de Edificações 2,00 7.700,40 24,00 92.404,80
Auxiliar Técnico 1,00 2.095,20 12,00 25.142,40
Apropiador 1,00 1.629,00 12,00 19.548,00

Local em virtude
Desenhista / Cadista 1,00 5.031,00 12,00 60.372,00

Mão de Obra Suplementar - Administrativo 23.448,60 281.383,20

Descrição Quantidade / Mês R$ / Mês Quantidade Total R$ Total

de atraso na
Encarregado Pessoal 1,00 3.490,20 12,00 41.882,40
Almoxarife 1,00 1.629,00 12,00 19.548,00
Comprador 1,00 3.490,20 12,00 41.882,40
Recepcionista Ajudante 1,00 1.747,80 12,00 20.973,60

execução da obra.
Motorista 1,00 1.967,40 12,00 23.608,80
Faxineira/copeira/Servente - - - -
Mensageiro / Ajudante 1,00 1.629,00 12,00 19.548,00
Vigia 3,00 6.237,00 36,00 74.844,00

Uma outra
Eletricista de Apoio 1,00 1.629,00 12,00 19.548,00
Ajudante de Apoio 1,00 1.629,00 12,00 19.548,00

Mão de Obra Suplementar - Produção 51.325,20 615.902,40

variante possível
Descrição Quantidade / Mês R$ / Mês Quantidade Total R$ Total

Gerente de Contrato(Engº Master A) 1,00 17.886,60 12,00 214.639,20


Engenheiro de Produção 1,00 10.809,00 12,00 129.708,00
Mestre de Obras 1,00 3.493,80 12,00 41.925,60
Encarregado de Obras 4,00 13.960,80 48,00 167.529,60
Topografo 1,00 1.958,40 12,00 23.500,80
Laboratorista 1,00 3.216,60 12,00 38.599,20

Consumos Gerais Concessionárias 176,94 146.058,51

Descrição Quantidade R$ Unit R$/Mês R$ Total

Energia Életrica (Luz/Força) - KW 8.320,00 0,55 4.576,00 54.912,00


Água/Esgoto - m³ 417,14 6,39 2.665,54 31.986,51
Telefone Fixo 29,00 70,00 2.030,00 24.360,00
Telefone Celular / Rádio 29,00 100,00 2.900,00 34.800,00

Materiais de Consumo 3.330,00 23.976,00

Descrição Quantidade R$ Unit R$/Mês R$ Total Obra

Material de Escritório para Adminstração 0,60 1.600,00 960,00 11.520,00


Material de Limpeza / Higiene para Adminstração 0,60 800,00 480,00 5.760,00
Xerox / Cópias / Impressões 0,60 930,00 558,00 6.696,00

Total Geral da Administração Local da Obra 1.436.831,31

Valor Total da Obra (Custos Diretos + Custos Indiretos) 11.436.831,31

% da Administração Local 12,56%


Estudo de Caso 19 – Acréscimo na Administração
Local em virtude de atraso na execução da obra.
Uma outra variante possível
Análise: Em todos esses casos, a planilha utilizada para simulação é
meramente ilustrativa. Em uma situação real, contratante e contratada devem
compor juntamente uma nova composição de Administração Local,
considerando a nova situação fática da obra.
Parte-se também da premissa de que a equipe administrativa inicialmente
proposta pela empresa estava efetivamente trabalhando no canteiro. Caso
contrário, o pleito terá que ser apurado com base na equipe efetiva da obra,
considerando inclusive eventuais glosas a serem aplicados em pagamentos já
realizados.
A nova equipe proposta também será vinculante para as partes, devendo ser
efetivamente utilizada na execução da obra.
Entende-se também que, dado o caráter eminentemente indenizatório desse
pleito, os salários declarados pela empresa tenham que ser comprovados com
folhas de pagamento e comprovantes de recolhimento previdenciário.
Não pode haver o pagamento de uma indenização cujo custo não tenha sido
efetivamente comprovado pelo construtor.
Estudo de Caso 19 – Acréscimo na Administração
Local em virtude de atraso na execução da obra.
Mais uma possibilidade
Análise: Imagine agora que não é possível reduzir o ritmo do trabalho.
Imagine que a obra sofreu algum tipo de embargo ocasionado por terceiro e
teve que ser paralisada. Por exemplo, o órgão ambiental cassou a licença de
instalação da obra.
A situação é complexa e a fiscalização contratual deverá realizar um exame
circunstanciado da melhor alternativa para a Administração:
Determinar a desmobilização da empresa, mantendo-se apenas no
canteiro a equipe indispensável para, dentre outras funções, preservar
suas instalações; ou
Determinar a suspensão do trabalho, preservando-se a equipe da obra.
Via de regra, em curtos períodos de tempo, a segundo alternativa é mais
econômica do que a primeira, pois o custo fixo com salários da equipe da obra
suplanta o custo com a desmobilização da obra e posterior mobilização.
Estudo de Caso 19 – Acréscimo na Administração
Local em virtude de atraso na execução da obra.
Mais uma possibilidade
No caso da opção pela desmobilização, a Administração Local teria
um custo mensal de R$ 9.054,39, conforme detalhado a seguir.
O custo com desmobilização teria que ser calculado, considerando
as verbas indenizatórias dos funcionários demitidos e a
desmobilização dos equipamentos.

Descrição Custo Mensal

Descrição Quantidade / Mês R$ / Mês

Vigia 3,00 6.237,00


Ajudante de Apoio 1,00 1.629,00

Descrição Quantidade R$/Mês

Energia Életrica (Luz/Força) - KW 640,00 352,00


Água/Esgoto - m³ 104,29 666,39
Telefone Fixo 1,00 70,00
Telefone Celular / Rádio 1,00 100,00

Total Mensal da Administração Local da Obra 9.054,39


Estudo de Caso 20 – Suspensão dos Serviços a
Pedido da Administração.
Pleito: Um órgão contrata a reforma de um determinado prédio. Porém, durante a
execução contratual, se vê impedido de desocupar temporariamente parte da
edificação a ser reformada. Assim, necessita suspender o contrato por 180 dias. O
contratado concorda com a suspensão, mas pleiteia indenização.
Análise: O art. artigo 78, inciso XIV, da Lei de Licitações assim dispõe:
“Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato:
[...]
XIV – a suspensão de sua execução, por ordem escrita da Administração, por prazo
superior a 120 (cento e vinte) dias, salvo em caso de calamidade pública, grave
perturbação da ordem interna ou guerra, ou ainda por repetidas suspensões que
totalizem o mesmo prazo, independentemente do pagamento obrigatório de
indenizações pelas sucessivas e contratualmente imprevistas desmobilizações e
mobilizações e outras previstas, assegurado ao contratado, nesses casos, o direito de
optar pela suspensão do cumprimento das obrigações assumidas até que seja
normalizada a situação”.
XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos devidos pela Administração
decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou parcelas destes, já recebidos ou
executados, salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna
ou guerra, assegurado ao contratado o direito de optar pela suspensão do
cumprimento de suas obrigações até que seja normalizada a situação;
Estudo de Caso 20 – Suspensão dos Serviços
a Pedido da Administração.
Análise: Assim, a melhor interpretação do artigo 78, inciso XIV, da Lei
8.666/93 é de que não existe óbice em haver a suspensão do contrato por
mais de 120 dias, mas sim a de garantia ao contratado de que ultrapassado
esse período, sem concordância desse, e nos casos narrados no texto
normativo, seja concedido ao construtor o direito de rescindir o contrato ou
suspender os serviços, e nada mais.
Esse é o entendimento de Marçal Justen Filho, que tece as seguintes
considerações quanto ao prazo de 120 dias:

“O prazo indicado pode ser ultrapassado por mútua concordância. O contrato


não se romperá se o particular aquiescer com a suspensão por prazo superior
a 120 dias. Deve-se verificar, porém, o custo de paralisações tão longas para a
Administração. Se o custo for superior ao da rescisão, inexistirá escolha para a
Administração. Terá o dever de promover a rescisão”.
Estudo de Caso 20 – Suspensão dos Serviços
a Pedido da Administração.
Análise: O artigo 57, §1.º, inciso III, da Lei 8.666/93 também possibilita a
prorrogação da vigência contratual, conforme se depreende:

“Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará adstrita à
vigência dos respectivos créditos orçamentários, exceto quanto aos relativos:
[...]
§ 1.º Os prazos de início de etapas de execução, de conclusão e de entrega
admitem prorrogação, mantidas as demais cláusulas do contrato e assegurada
a manutenção de seu equilíbrio econômico-financeiro, desde que ocorra algum
dos seguintes motivos, devidamente autuados em processo:
[...]
III – interrupção da execução do contrato ou diminuição do ritmo de trabalho
por ordem e no interesse da Administração”.
Estudo de Caso 20 – Suspensão dos Serviços
a Pedido da Administração.
Análise: Quanto à pertinência do pagamento da indenização, o artigo 79 da
Lei 8.666/93 traz a seguinte disposição:

“§ 2º Quando a rescisão ocorrer com base nos incisos XII a XVII do artigo
anterior, sem que haja culpa do contratado, será este ressarcido dos prejuízos
regularmente comprovados que houver sofrido, tendo ainda direito a:
I - devolução de garantia;
II - pagamentos devidos pela execução do contrato até a data da rescisão;
III - pagamento do custo da desmobilização”.

O pagamento dos serviços executados e o custo da desmobilização serão


aqueles previstos no contrato.
Estudo de Caso 20 – Suspensão dos Serviços
a Pedido da Administração.
Análise: O Poder Judiciário tem decidido nesse sentido:

“DIREITO ADMINISTRATIVO. CONTRATO DE EXECUÇÃO DE OBRAS.


PARALISAÇÃO DOS SERVIÇOS DE EXECUÇÃO POR ATO DO
CONTRATANTE. PREJUIZOS DA CONTRATADA. 1 - A PARALIZAÇÃO DE
CONTRATO ADMINISTRATIVO PARA A EXECUÇÃO DE OBRAS, SEM
MOTIVO DE CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR, GERA PARA A PARTE
CONTRATADA DIREITO A RECEBER INDENIZAÇÃO PELOS PREJUIZOS
DECORRENTES DE TAL PROCEDER. 2 - A AUSENCIA DE
COMPROVAÇÃO QUANTITATIVA DOS PREJUIZOS ENSEJA A
DETERMINAÇÃO DE QUE OS DANOS SEJAM APURADOS POR OCASIÃO
DA EXECUÇÃO DA SENTENÇA, EM LIQUIDAÇÃO POR ARTIGOS”. [ApCv
84.096/CE TRF 5 Região - Segunda Turma. Rel. Des. José Delgado.
Julgamento 17/08/1995. DJ 15/09/1995. p. 61.847]
Estudo de Caso 20 – Suspensão dos Serviços
a Pedido da Administração.
Análise (continuação): Por outro lado, se o contratado, sem motivo,
suspender unilateralmente a execução, antes dos prazos de 90 (ou 120 dias,
conforme o caso), então essa suspensão é juridicamente irregular, ensejando
a aplicação de penalidades contratuais.
Pela atual dicção legal, antes do prazo de noventa dias não é permitido ao
contratado invocar a exceção do contrato não cumprido, suspendendo a
execução do contrato, ainda que ausente o pagamento pelo objeto contratado
por parte da Administração.
Antes do prazo de noventa dias, o contratado deve requerer perante a
própria Administração, ou judicialmente, a autorização para a paralisação da
execução do objeto contratado, devendo continuar a executar o objeto
contratado, até que obtenha ordem da autoridade competente (administrativa
ou judicial) para paralisá-lo. Isso porque a Lei 8.666 só prevê a possibilidade
de rescisão unilateral por parte da Administração, nos termos do inciso I do
seu art. 79. Caso contrário, o contratado assumirá todos os riscos das
consequências de um inadimplemento, e, consequentemente, estará sujeito a
sanções administrativas.
Estudo de Caso 20 – Suspensão dos Serviços
a Pedido da Administração.
Análise (continuação):
Do ponto de vista da Administração, a previsão do art. 78, inciso XIV, de
forma alguma, significa que qualquer contrato administrativo possa, a
qualquer tempo, ser suspenso sem justificativa alguma.
Estudo de Caso 22 – Interferências não
previstas
Pleito: A construtora firmou Contrato no valor de R$ 10 milhões para
fornecimento e montagem de estrutura metálica, fornecimento com instalação
de telhas, execução de clarabóias, impermeabilização, drenagem de águas
pluviais da cobertura e serviços complementares.
O referido ajuste, uma empreitada por preço unitário, previu a execução de
seu objeto no prazo de 150 dias corridos.
Em razão de várias interferências detectadas no local da obra, cujo
conhecimento a empresa alega que só foi possível ao longo da execução das
atividades, a empresa solicitou aditamento de valor e de prazo no contrato
celebrado.
Em particular, quando do início das obras de escavações, constatou que a
rede de drenagem apresentada na planta, não guardava relação com aquela
existente no local, eis que se encontrava coincidindo com as bases de
sustentação da estrutura metálica. Para continuidade das obras, foi
necessário o remanejamento da citada interferência.
Estudo de Caso 22 – Interferências não
previstas
Pleito: (continuação)
Também constatou a existência de postes de iluminação que interferiam
diretamente na construção das bases civis, os quais necessitaram ser
removidos (atividade não contemplada no escopo contratual).
Por fim, a empresa alegou dificuldade da realização de furos nas colunas de
concreto existentes para instalação de chumbadores de fixação das bases
metálicas de apoio da nova estrutura metálica.
Estudo de Caso 22 – Interferências não
previstas
Análise: Com relação à alteração do local de passagem da rede de
drenagem urbana, que interferiu com a fundação das estruturas metálicas,
esta é uma intervenção que pode ser considerada não prevista pela
contratante.
Porém, é de certa forma normal e esperada em uma obra de reforma como a
que foi acordada.
Já o serviço de realização de furos nas colunas de concreto para instalação
de chumbadores de fixação das bases metálicas de apoio à estrutura
metálica, poderia ser realizado em paralelo com a execução de outros
serviços, não fazendo parte do caminho crítico de atividades da obra.
A alegada dificuldade para a realização de tais furos também é pouco
convincente, vista que são serviços simplórios, que pode ser realizados sem
equipamento ou mão de obra especializada.
Estudo de Caso 22 – Interferências não
previstas
Análise: (continuação)
Também é relevante fazer referência à especificação da estrutura metálica
fornecida às licitantes para formulação de suas propostas:

“Prescrições Gerais
Considera-se que a empresa tem conhecimento pleno das especificidades e
dificuldades do local da obra, tendo esse fato sido levado em consideração
quando da definição de sua proposta comercial, não cabendo assim qualquer
dúvida quanto a sua validade.
Considera-se também que está plenamente entendido no ato convocatório, e
assumido comercialmente pela futura CONTRATADA, que a CONTRATANTE
determina que os presentes serviços serão executados OBRIGATORIAMENTE
em regime de dois turnos diurnos, tendo em vista o exíguo prazo de execução
das obras.
Entende-se, em consequência, que os preços apresentados em sua proposta
compreendem na íntegra todos os serviços necessários à execução do edifício
e das obras nessas condições. “
Estudo de Caso 22 – Interferências não previstas
Análise: (continuação)
“(...)
A PROPONENTE deverá realizar visita técnica ao local e não será admitido
posteriormente, à CONTRATADA alegar desconhecimento das atuais
condições e das medidas necessárias à execução dos serviços.
(...)
Após a visita técnica, a PROPONENTE deverá comunicar discrepâncias que
possam trazer embaraços ao perfeito desenvolvimento dos trabalhos.
Nenhum pagamento adicional será efetuado aos serviços que sobrevierem
durante a execução das obras/serviços para o perfeito andamento do objeto
do contrato e das sugestões apresentadas pela CONTRATANTE. Desta
forma, a PROPONENTE deverá executar minucioso estudo do local antes da
apresentação da sua proposta. Os respectivos custos, por todos os serviços
necessários à perfeita execução das soluções, deverão estar incluídos nos
preços constantes da proposta da CONTRATADA.
(...)
Após a assinatura do contrato pela CONTRATADA ficará pressuposta a
concordância tácita de todas as condições constantes neste Termo de
Referência - TR e demais documentos, não cabendo qualquer alegação
posterior sobre divergências entre os mesmos.”
Estudo de Caso 22 – Interferências não previstas
Análise: (continuação)
•Ante o exposto, com exceção do remanejamento da rede de drenagem,
todas as interferências e falhas de projeto alegadas pela empresa não
constituem justificativa para os atrasos verificados na obra. São riscos
exclusivos da contratada, e deveriam ter sido considerados em sua proposta.
•Com certa razão, o órgão poderia se negar a aditar o prazo de execução
contratual e o valor do contrato, tendo em vista a clareza das especificações
dos serviços.
•Preferimos aqui conferir entendimento diverso ao pleito.
•Ante o exposto, a necessidade de remanejar os postes de iluminação,
serviço que poderia ser antevisto de forma imediata na vistoria realizada não
poderia ser aditado em uma empreitada por preço global.
•Por outro lado, no caso em questão, empreitada por preço unitário,
considerando-se haver de fato uma omissão na planilha, orçamentária, cabe
fazer a inclusão dos serviços de remanejamento e, por consequência,
prorrogar o contrato por alguns dias.
Estudo de Caso 22 – Interferências não previstas
Análise: (continuação)
•A realização dos furos na estrutura de concreto é atividade inerente à fixação
da estrutura metálica nos pilares de concreto armado. Não há de se falar em
aditivo ou na realização de serviço novo.
•No caso do remanejamento da rede de drenagem, como se tratava de uma
instalação que estava com sua localização erroneamente indicada no projeto,
elaborado pelo contratante, faz-se necessário a realização do aditamento do
contrato, incluindo os serviços de remanejamento da rede de drenagem e
prorrogando-se o prazo de execução contratual pelo período necessário.
Estudo de Caso 23 – Indenização por
Supressão de Serviços
Pleito: Considere que em uma obra de reforma, um dos serviços a ser
executado era a execução de um piso de granito com 2000 metros quadrados.
Por uma necessidade superveniente devidamente justificada, a
Administração suprimiu 300 metros quadrados de piso, pois uma das áreas a
ser reformada foi cedida para uso de outro órgão.
O serviço de assentamento de piso de granito foi contratado por R$
185,59/m2, decomposto em R$ 148,47 de custo direto e 25% de BDI.
A composição de custo unitário apresentada pela contratada foi a mesma
utilizada pela Administração, correspondente ao serviço 84190 do Sinapi:
Estudo de Caso 23 – Indenização por
Supressão de Serviços
Pleito: Pois bem, alegando que já havia adquirido todo o material para
execução da obra, a empresa solicita indenização de R$ 55.676,25,
correspondendo à multiplicação do preço contratual do serviço e o
quantitativo que foi suprimido.
Estudo de Caso 23 – Indenização por
Supressão de Serviços
Análise: A Lei 8666/1993, em seu art. 65, §4º, prevê que no caso de
supressão de obras, bens ou serviços, se o contratado já houver adquirido
os materiais e posto no local dos trabalhos, estes deverão ser pagos pela
Administração pelos custos de aquisição regularmente comprovados e
monetariamente corrigidos, podendo caber indenização por outros danos
eventualmente decorrentes da supressão, desde que regularmente
comprovados.
Portanto, o pleito não é totalmente procedente, primeiro porque a empresa
está fazendo incidir BDI sobre o custo do serviço, o que não é cabível, pois
não incorrerá em despesas tributárias faturando os serviços não executados
e, tampouco, deverá ser indenizada pelo lucro que seria auferido sobre o
serviço. Ainda que alegue ter sofrido danos por lucros cessantes, entende-se
que a interpretação literal do dispositivo não permite tal indenização, embora
seja matéria controversa no Poder Judiciário.
Segundo, a empresa deve ser indenizada apenas pelos materiais, e apenas
estes, não cabendo indenização pelos itens “marmorista/graniteiro” e
“servente”, constantes da composição.
Estudo de Caso 23 – Indenização por
Supressão de Serviços
Análise: Terceiro, apenas os materiais postos na obra e que não possam
ser reaproveitados devem ser indenizados. Imaginando que os insumos
“cimento” e “areia” da argamassa possam ser reaproveitados em outros
serviços, não caberá indenização.
Resta a indenização para o insumo “granito”. São duas hipóteses: o
material já adquirido e posto na obra (cabe indenização) ou ainda não posto
na obra (não deve ser indenizado).
O granito, se estiver na obra, deverá ser indenizado pelo custo de aquisição
efetivo (por exemplo, R$ 100,00/m2), e não pelo custo declarado na
composição R$ 122,82.
Assim, o valor a ser ressarcido ao empreiteiro é de apenas R$ 30.000,00.
(300 m2 x R$ 100,00/m2). Se houver alguma incidência tributária nesse
pagamento, poderá ser acrescida ao valor indenizado.
A propriedade do granito, obviamente, é da Administração, que poderá
leiloar, utilizar, doar ou dar a finalidade ao bem que entender necessária,
seguindo a legislação pertinente.
Estudo de Caso 24 – Desenquadramento da
empresa no Simples
Pleito: Determinada microempresa foi contratada para executar uma obra. Em
virtude do acréscimo de faturamento obtido, a empresa foi excluída do Simples,
motivo pelo qual pleiteou a aplicação do disposto no art. 65, §5º, da Lei 8666/93,
solicitando o aumento do BDI de 24,83% para 39,10%, conforme detalhamento
apresentado a seguir:
“§ 5º Quaisquer tributos ou encargos legais criados, alterados ou extintos, bem como
a superveniência de disposições legais, quando ocorridas após a data da
apresentação da proposta, de comprovada repercussão nos preços contratados,
implicarão a revisão destes para mais ou para menos, conforme o caso”
ITEM DISCRIMINAÇÃO VALOR (R$) TAXA (%) ITEM DISCRIMINAÇÃO VALOR (R$) TAXA (%)

1 AC - ADMINISTRAÇÃO CENTRAL R$ 60.000,00 6,00% 1 AC - ADMINISTRAÇÃO CENTRAL R$ 60.000,00 6,00%


2 SG - SEGUROS e GARANTIA R$ 10.000,00 1,00% 2 SG - SEGUROS e GARANTIA R$ 10.000,00 1,00%
3 R - RISCOS R$ 10.000,00 1,00% 3 R - RISCOS R$ 10.000,00 1,00%
4 DF - DESPESAS FINANCEIRAS R$ 10.800,00 1,00% 4 DF - DESPESAS FINANCEIRAS R$ 10.800,00 1,00%
5 L - LUCRO LÍQUIDO R$ 76.356,00 7,00% 5 L - LUCRO LÍQUIDO R$ 76.356,00 7,00%
6 I - IMPOSTOS R$ 81.139,19 6,50% 6 I - IMPOSTOS R$ 223.805,74 16,09%
6.1 PIS 0,00% 6.1 PIS 0,65%
6.2 COFINS 1,28% 6.2 COFINS 3,00%
6.3 IRPJ 0,00% 6.3 IRPJ 2,56%
6.4 CSLL 1,22% 6.4 CSLL 2,88%
6.5 ISS (CONFORME LEGISLAÇÃO MUNICIPAL) 2,00% 6.5 ISS (CONFORME LEGISLAÇÃO MUNICIPAL) 5,00%
6.6 CONTRIB.PREV. SOBRE REC. BRUTA - CPRB 2,00% 6.6 CONTRIB.PREV. SOBRE REC. BRUTA - CPRB 2,00%
TOTAL DO BDI (R$) R$ 248.295,19 TOTAL DO BDI (R$) R$ 390.961,74
PREÇO DE VENDA (R$) R$ 1.248.295,19 PREÇO DE VENDA (R$) R$ 1.390.961,74
BDI (%) 24,83% BDI (%) 39,10%
Estudo de Caso 24 – Desenquadramento da
empresa no Simples
Análise: Caso polêmico!!!
 Defendemos que o pleito é improcedente, pois não houve alteração legislativa
alterando, criando ou extinguindo tributos. A mudança da tributação já estava prevista
na legislação pré-existente.
O desenquadramento da empresa no Simples era perfeitamente previsível na
ocasião em que a empresa formulou sua proposta.
Há pareceres da AGU e artigos defendendo tese em contrário, portanto, vamos
aprofundar o exame do caso.
Ainda que se entenda de forma diversa, de início, é preciso averiguar se de fato há
aumento nos encargos da Contratada, o que de fato houve.
Ademais, para que se verifique a situação, a Administração deverá certificar-se
junto à Receita Federal do Brasil se houve, de fato, o desequandramento, o que
implica checar a informação apresentada pela empresa.
Em uma primeira análise a planilha inicial de BDI apresentada pela empresa estava
compatível com as alíquotas de uma empresa com faturamento anual de até R$ 180
mil, enquanto a outra demonstração de BDI é compatível com uma empresa tributada
pelo lucro presumido, não optante do Simples.
Estudo de Caso 24 – Desenquadramento da
empresa no Simples
Análise: (continuação)
É matéria pacífica no Poder Judiciário e na doutrina que os aumentos do CSLL e do
IRPJ não devem repercutir nos preços contratados.
O STJ, no REsp 976.836/RS, definiu com clareza que a alteração da carga tributária
dos tributos incidentes sobre a renda ou o lucro não ensejaria a aplicação da cláusula
do reequilíbrio econômico financeiro dos contratos administrativos, por não produzir
qualquer efeito sobre os custos da prestação de serviços em virtude da ausência de
relação direta com as atividades necessárias à prestação de serviços.
O entendimento de que esses tributos não têm relação com a atividade de prestação
de serviço encontra guarita na doutrina abalizada de Justen Filho (2010, p. 783/784),
quando da análise do § 5º do art. 65 da Lei 8.666/1993, que trata da repactuação dos
preços no caso de alteração de alíquota tributária que resulta no rompimento da
equação econômico-financeira do contrato administrativo:
“(...) É necessário, porém, um vínculo direto entre o encargo e a prestação. Por isso,
a lei que aumentar a alíquota do imposto de renda não justificará alteração do valor
contratual. O imposto de renda incide sobre o resultado das atividades empresariais,
consideradas globalmente (lucro tributável). O valor percebido pelo particular será
sujeito, juntamente com o resultado de suas outras atividades, à incidência tributária.
Se a alíquota for elevada, o lucro final poderá ser inferior. Mas não haverá relação
direta de causalidade que caracterize rompimento do equilíbrio econômico-financeiro.
Estudo de Caso 24 – Desenquadramento da
empresa no Simples
Análise: (continuação)
A forma prática de avaliar se a modificação da carga tributária propicia desequilíbrio
da equação econômico-financeira reside em investigar a etapa do processo
econômico sobre o qual recai a incidência. Ou seja, a materialidade de hipótese de
incidência tributária consiste em certo fato signo-presuntivo da riqueza. Cabe
examinar a situação desse fato signo-presuntivo no processo econômico. Haverá
quebra da equação econômico-financeira quando o tributo (instituído ou majorado)
recair sobre a atividade desenvolvida pelo particular ou por terceiro necessária à
execução do objeto da contratação. Mas precisamente, cabe investigar se a
incidência tributária configurara-se como um "custo" para o particular executar sua
prestação. A resposta positiva a esse exame impõe o reconhecimento da quebra do
equilíbrio econômico-financeiro. Diversa é a situação quando a incidência recai sobre
a riqueza já expropriada pelo particular, incidindo economicamente sobre os
resultados extraídos da exploração.”
Estudo de Caso 24 – Desenquadramento da
empresa no Simples
Análise: (continuação)
Além disso, considerando que a empresa era optante do Simples, cumpre verificar
se houve repasse da isenção das contribuições do Sistema “S” à Administração,
conforme jurisprudência colacionada a seguir.
Assim, há necessidade de ressarcimento/compensação dos valores indevidamente
pagos desde o início do contrato.
Ementa: determinação à Secretaria-Geral de Administração do TCU para que,
considerando o que prescreve o art. 13, § 3º, da Lei Complementar nº
123/2006, exclua do pagamento mensal devido à adjudicatária, enquanto essa
permanecer na condição de empresa de pequeno porte, os valores referentes às
contribuições afetas às entidades do terceiro setor, restabelecendo o pagamento,
automaticamente, caso a empresa venha a perder a condição supracitada (Acórdão
387/2010-2ª Câmara).
Ementa: Determinação ao TRF/1ª Região para que, em observância ao que
prescreve o art. 13, § 3º, da Lei Complementar nº 123/2006, exclua do
pagamento mensal devido à adjudicatária, enquanto essa permanecer na condição
de microempresa, os valores referentes às contribuições afetas às entidades do
terceiro setor, reestabelecendo o pagamento, automaticamente, caso a empresa
venha a perder a condição supracitada (Acórdão 982/2010-1ª Câmara).
Estudo de Caso 25 – Alteração de Especificação

Pleito: Em uma obra de saneamento, em que se previu a construção de estação de


tratamento de água (ETA), a construtora cotou o objeto, entre outros itens de sua
planilha, a preços extremamente baixos (inexequíveis), o que teria dado a essa
empresa uma vantagem em relação a seus concorrentes na licitação, que haviam
cotado preços maiores para esse item.
Durante a execução, a empresa solicita aditivo contratual para alterar o método
construtivo da nova ETA, passando de ETA de concreto, conforme edital da licitação,
para ETA "pré-fabricada em resina de poliéster estruturada com fibra de vidro“.
Também foi proposta a redução especificada na vazão da ETA, de 900 litros/s para
450 l/s.
Por fim, com base na alteração de projeto solicitada, a construtora considera
necessário alterar o valor contratual da ETA, de R$ 4.200.201,83 para R$
4.657.912,67.
Estudo de Caso 25 – Alteração de Especificação

Análise: Sugere-se a leitura dos relatórios que embasaram os Acórdãos 519/2006,


1263/2011 e 270/2016, todos do Plenário do TCU, nos quais o Tribunal analisou caso
análogo.
A alteração foi irregular, na medida em que reduziu a capacidade do sistema,
desvirtuou o projeto básico sem justificativa plausível e deu margem à prática do jogo
de planilha.
Ademais, no caso em questão, o TCU considerou inicialmente que houve prejuízo
ao erário, mas, em grau de recurso reviu sua decisão, pois, na avaliação do
sobrepreço dever-se-ia considerar o valor de mercado da ETA pré-fabricada
efetivamente construída, pois não é adequado comparar seu preço com o da outra
solução, em concreto. Trata-se de objetos bastante distintos.
Trata-se de uma clara situação de jogo de planilha, que em tese resultará na
responsabilização dos gestores que participaram da celebração do termo aditivo.
No caso em concreto, como o valor de mercado da ETA de fibra de vidro não foi
devidamente apurado nas etapas anteriores do processo, foi adotada uma postura
mais conservadora do TCU, em prol dos responsáveis.
Estudo de Caso 26 – Alteração de Concreto Moldado in
Loco para pré-moldado
Situação: Alteração de metodologia executiva de concreto moldado in loco para
aduelas pré-moldadas em obra de canal de drenagem.
O contrato original tinha um valor de cerca de R$ 83 milhões. Porém, a referida avença
foi aditada, sem reflexo no valor ajustado, por meio de Aditivo que promoveu
significativas alterações no projeto licitado.
Embora tais alterações não tenham resultado em modificação do valor contratual
global, os acréscimos e supressões de quantitativos e de serviços representaram
74,07% do valor contratado, totalizando aproximadamente R$ 62 milhões, sendo
12,37% relativos ao acréscimo nos itens originalmente contratados e outros 61,70%
referentes à inclusão de serviços novos. Tais alterações foram contrabalançados por
64,65% de supressão de quantitativos de serviços contratados e outros 9,41% de
exclusão total de itens da planilha.
Tais alterações decorreram da mudança do método construtivo da principal
intervenção contratada, ou seja, da execução de trecho de canalização de córrego, de
maneira que as cortinas estaqueadas de concreto armado moldado in loco, previstas
no projeto básico, foram substituídas pelo assentamento de peças de concreto armado
pré-moldado em perfil “L”.
Os dois serviços originalmente contratados de maior relevância na obra (estacas tipo
hélice contínua), representando 53,44% da planilha orçamentária, foram integralmente
suprimidos. Os itens de maior representatividade incluídos foram justamente a
fabricação e o assentamento dos elementos em concreto pré-moldado.
Estudo de Caso 26 – Alteração de Concreto Moldado in
Loco para pré-moldado
Problemas para o Gestor:
1) Há evidente extrapolação dos limites legais de aditamento contratual, apurados
segundo a jurisprudência do TCU (sem compensar acréscimos com supressões de
serviços).
2) Em casos análogos (v. g. Acórdãos 2195/2016 e 2714/2015, ambos do Plenário), o
TCU entendeu não existir situação excepcionalíssima que permitisse a aplicação
dos entendimentos consignados na Decisão 215/1999-Plenário.
3) O projeto básico utilizado na licitação está cabalmente deficiente, o que pode
ensejar a responsabilização dos seus autores e dos servidores que o analisaram ou
aprovaram.
4) É muito provável que os órgão de controle entendam que houve alteração ilegal do
objeto licitado, pois, nos termos da jurisprudência consolidada na Súmula TCU nº
261/2010, constitui prática ilegal a revisão de projeto básico ou a elaboração de
projeto executivo que transfigurem o objeto originalmente contratado em outro de
natureza e propósito diversos.
5) Embora não se possa afirmar propriamente que tenha ocorrido mudança do objeto
principal da obra, consistente na canalização do córrego, não se pode olvidar que a
maior parte dos preços dos serviços efetivamente executados sequer passou pelo
crivo de um procedimento licitatório, pois foram incluídos posteriormente por termos
aditivos.
Estudo de Caso 26 – Alteração de Concreto Moldado in
Loco para pré-moldado
Problemas para o Gestor:
6) Além disso, a posterior alteração do método construtivo foi uma mudança
substancial da obra e pode ter comprometido inclusive a isonomia do certame, pois
os principais requisitos de habilitação técnica exigido dos licitantes se referiram a
serviços que foram suprimidos, em particular a comprovação de execução, por
meio de atestados de capacidade técnica, de estaca de concreto armado, de fôrma
de madeira e do concreto bombeado com fck igual ou maior do que 25 Mpa.
7) Chama a atenção o fato de o valor total do contrato ter se mantido o mesmo,
apesar de o objeto ter sido modificado em sua maior parte, com 74,07% de itens
alterados, o que é um forte indício de que os preços e quantidades finais alterados
são uma espécie de “conta de chegada”. Com alterações de tamanha envergadura,
esperava-se que o valor do contrato fosse modificado, para mais ou para menos.
8) Há um provável desequilíbrio do contrato em desfavor da Administração (jogo de
planilha), pois se o concreto pré-moldado é alternativa mais vantajosa, deveria ter
menor custo. Mantendo-se inalterado o contrato, pode ter ocorrido redução do
desconto ou o aparecimento de sobrepreço com os novos serviços incluídos.
Estudo de Caso 26 – Alteração de Concreto Moldado in
Loco para pré-moldado
Orientações:
1) A solução mais conservadora para o gestor seria dada pelo Acórdão 1874/2007-
Plenário, ou seja anulação da licitação e/ou contrato:
“4. As licitações para execução de obras somente podem ser iniciadas quando
se dispuser de projeto básico ou executivo devidamente atualizado e em
perfeitas condições de ser executado, estando vedada a aprovação de relatórios
de revisão do projeto que o ignore ou o desvirtue total ou parcialmente,
ressalvada alterações pontuais sem grandes repercussões financeiras, devendo
a eventual inépcia do projeto, constatada após a licitação, acarretar a anulação
da licitação e do contrato decorrente, bem como a punição, em processo
administrativo regular, de todos os agentes responsáveis pela incorreção do
projeto”.
2) Todavia, não se pode olvidar que tal solução pode ser a que não se amolde ao
interesse público, principalmente se a obra estiver em plena execução.
3) A produção de robusta justificativa, demonstrando o surgimento de algum fato
superveniente ou a vantajosidade da modificação, ajudaria a mitigar os riscos para
o gestor. A jurisprudência do TCU entende necessário que as alterações do projeto
licitado sejam previamente justificadas por meio de pareceres e estudos técnicos
pertinentes, bem como devam decorrer de fatos supervenientes, demonstrando que
as soluções especificadas no projeto básico não se revelaram em momento
posterior como a mais adequada. (Acórdãos Plenários 2.161/2011, 517/2011,
1.597/2010, 2.588/2010, 2.032/2009, 2.053/2015, 2.714/2015 e 852/2016).
Estudo de Caso 26 – Alteração de Concreto Moldado in
Loco para pré-moldado
Orientações:
4) Produzir um novo projeto, com nova ART ou com ART de substituição ou alteração.
5) No sentido de tornar tal justificativa palatável, é indispensável haver redução do
preço contratual, bem como do prazo de execução.
6) Tratando-se de obra executada com recursos de convênio, contrato de repasse ou
instrumento congênere, deve ser obtida a prévia anuência do órgão repassador ou
do seu mandatário (CEF), celebrando-se novo plano de trabalho e aditando o
instrumento de repasse.
7) Deve ser avaliada a responsabilização do projetista e tomadas as medidas
cabíveis.
8) Avaliar a possibilidade de extrapolação dos limites legais de aditamento contratual
a luz da Decisão 215/1999 – Plenário.
9) De forma transparente, reconhecer o problema e os erros passados e procurar os
órgãos de controle para expor a situação. Casos passados demonstram que há
maior tolerância com a necessidade de realizar o aditamento. O exemplo a seguir é
um desses casos:
http://beta.gazetaonline.com.br/cbn_vitoria/reportagens/2017/01/obra-de-nova-sede-
do-trt-es-de-quase-r-200-milhoes-pode-durar-10-anos-1014019291.html
10) O aditamento pode ser justificado de forma semelhante ao voto condutor do
Acórdão 2819/2011-Plenário.
Estudo de Caso 26 – Alteração de Concreto Moldado in
Loco para pré-moldado
Orientações:
Acórdão 2819/2011-Plenário (voto):
Em síntese, requer, o DNIT, a adoção da modulação temporal dos efeitos da
deliberação guerreada, para alcançar os futuros contratos que vierem a ser celebrados
por aquela autarquia federal.
De fato, a problemática apresentada pelo novo Diretor-Geral do Departamento Nacional
de Infraestrutura de Transporte, relativa ao quadro atual das rodovias brasileiras, é
extremamente delicada e requer pronta solução desta Corte de Contas, a fim de
prevenir que o rigor da lei, em sua literalidade, venha a contrapor-se ao interesse
público primário de continuidade de serviços importantes, bem como a manutenção das
condições de trafegabilidade de importantes rodovias federais.
Entendo que a solução deve advir da conciliação do princípio da legalidade e da
supremacia do interesse público, neste caso revelado pela incolumidade e integridade
física de milhares de pessoais que fazem uso diário dos modais rodoviários de
propriedade da União.
De fato, não haveria como a decisão do TCU proporcionar, em vista de louvável
objetivo de legalidade, a paralisação de mais de cem contratos em andamento, sem
antes proceder ao juízo de adequação da interpretação em vista da atual situação de
fato.
Estudo de Caso 27: Jogo de Planilha
Situação tratada no Acórdão 2.878/2015-Plenário:

Houve a perda
de um desconto
contratual
inicialmente
pactuado de
8,49% e o
surgimento de
um sobrepreço
de 13,45% após
aditivos.
Estudo de Caso 27: Jogo de Planilha

Observa-se que a banqueta do tipo MFC 01 possui dimensões e consumos de escavação,


concreto e fôrmas bem superiores aos da banqueta do tipo MFC 03 e, por isso, possui preço de
execução superior.
Estranhamente, a empresa construtora ofertou preços de R$ 8,49 para a banqueta MFC 01 (que
deveria ser a mais cara) e R$ 21,99 para a banqueta MFC 03 (que deveria ser a mais barata).
Em momento posterior, o quantitativo da banqueta MFC 01, que acabou sendo contratado com
preço totalmente inexequível, foi quase que totalmente suprimido, passando de 67.480,00 metros
para 8.700,00 metros, enquanto o quantitativo da banqueta MCF 03 foi majorado em quase de 15
vezes.
Estudo de Caso 28: Aditivo na Contratação
Integrada
Situação tratada no Acórdão 2.433/2016-Plenário:

Houve aumento contratual de R$ 246.746.400,00 para R$ 267.161.411,48,


justificado por três ocorrências principais relatadas pela equipe de fiscalização:
i) alteração do valor de carga acidental previsto no anteprojeto para as lajes do
TPS, de 300 kg/m2 para 500 kg/m2, solicitada pela fiscalização contratual;
ii) solicitação para consideração de classe de agressividade ambiental III para o
desenvolvimento dos projetos de estruturas de concreto e fundações;
iii) inclusão de 1.289 m2 de pavimentação para possibilitar o acesso ao novo
Concourse pela via de serviço do pátio de aeronaves, supostamente não
previsto no escopo do contrato assinado; e
iv) alteração na inclinação dos túneis fixos de acesso às novas pontes de
embarque, o que resultou na alteração do comprimento das pontes de
embarque de 24,15 metros para 38,00 metros.
Estudo de Caso 28: Aditivo na Contratação
Integrada
Análise:

Um anteprojeto, por certo, não contém todos os elementos de um projeto


executivo, de forma que sempre existirão ajustes, detalhamentos,
encaminhamentos e compatibilizações a serem realizados pelo construtor
por ocasião da elaboração dos projetos, quando adotada a contratação
integrada. A este cabe a definição de algumas soluções, metodologias
executivas e dimensionamentos dos componentes da estrutura e das
instalações da edificação.
Assim, é bastante provável que todo anteprojeto seja, em algum grau,
alterado pelos projetos básico e executivo, o que está na essência da
atividade de projetar, sem que caiba necessariamente a realização de
aditamentos contratuais, que são em regra expressamente vedados na
contratação integrada.
A própria Lei Instituidora do RDC prevê a possibilidade de apresentação de
projetos com metodologia diferenciada de execução pelo contratado.
Estudo de Caso 28: Aditivo na Contratação
Integrada
Análise:

Uma das hipóteses presentes de aditamento contratual na contratação integrada é a


alteração do projeto solicitada pela Administração, entendida como uma modificação
superveniente à aprovação dos projetos básico e/ou executivo submetidos à
Administração.
Todavia, não há permissão legal expressa para aditamento contratual com vistas a
corrigir erros ou omissões no anteprojeto, como o que fora verificado nessa terceira
ocorrência.
A intenção do legislador do RDC foi conferir uma maior assunção de risco para o
particular nas contratações integradas, de maneira que nas situações em que não
houver uma alocação de riscos objetivamente e contratualmente estabelecida entre
as partes, o construtor acabaria assumindo os riscos de incompletudes e omissões
que são inerentes a qualquer anteprojeto.
Essa seria uma das principais características desse regime de execução contratual,
ou seja, a transferência da responsabilidade pela elaboração do projeto básico ao
contratado para execução das obras. O anteprojeto serviria precipuamente apenas
como parâmetro referencial para a estimativa de custos e posterior avaliação das
propostas ofertadas no certame.
Estudo de Caso 28: Aditivo na Contratação
Integrada
Análise:
Primeira causa:
O anteprojeto continha documento intitulado “Memorial de Critérios e
Condicionantes (MCC) – GE.01/302.75/00837/09”, parte integrante do anteprojeto
fornecido pela Infraero na licitação, e utilizado para apresentação da proposta, o
qual apresentava a informação de que o valor máximo previsto para as cargas
acidentais do Concourse e do TPS era de 300 kgf/m2. Todavia, houve solicitação da
Infraero para alterar a sobrecarga de projeto de 300 kgf/m2 para 500 kgf/m2, o que
impactou no dimensionamento e, consequentemente, nos custos de execução das
lajes, vigas, pilares e fundações.
Ainda que a alteração da sobrecarga de projeto tenha efetivamente derivado de
solicitação da Infraero, sinto-me compelido a considerar irregular tal aditamento,
pois o orçamento para execução da obra foi elaborado pela Estatal com base em
metodologia para formatação do preço parametrizado outras obras de
complexidade, qualidade e grandeza similares às do contrato em questão,
salientando que em todas houve o atendimento às Normas vigentes e
dimensionamento apropriado ao uso que se destinavam, provavelmente
considerando um sobrecarga de 500 kgf/m2.
Estudo de Caso 28: Aditivo na Contratação
Integrada
Análise:
Primeira Causa:
Assim, não caberia discussão sobre a diferença unitária entre uma e outra, tendo
em vista que o valor da obra era global e não unitário.
Contudo, opto por adotar posicionamento mais conservador nesse sentido,
observando que houve uma alteração solicitada pela Infraero em relação ao
parâmetro do anteprojeto, e dar por esclarecida tal questão.

Segunda Causa:

Quanto ao aditamento contratual baseado na classe de agressividade do ambiente


considerado nos projetos de estruturas de concreto armado, apresento, para melhor
entendimento, tabela extraída da norma técnica da ABNT NBR 6118/2003, que trata
do projeto de estrutura de concreto:
Estudo de Caso 28: Aditivo na Contratação
Análise:
Integrada
Segunda Causa:
Em princípio, a classe de agressividade ambiental II (moderada) seria satisfatória para
a obra de ampliação do Aeroporto Afonso Pena, pois se trata de obra
predominantemente urbana. Contudo, na avaliação do projeto básico apresentado pela
Contratada, a Infraero condicionou a aprovação do à mudança de classe de
agressividade ambiental, entendendo que os elementos estruturais estariam expostos
ao elevado volume de tráfego de veículos, emitindo gás carbônico, com baixo pH, que
seria agente de deterioração do concreto. Solicitou o dimensionamento dos elementos
estruturais considerando sua classificação na classe III.
Estudo de Caso 28: Aditivo na Contratação
Análise:
Integrada
Segunda Causa:
Tais premissas ocasionaram alguns impactos nos custos do empreendimento devido: à
necessidade de utilização de concreto com resistência característica a compressão
(fck) superior a 35Mpa; ao aumento da espessura de cobrimento da armadura dos
elementos estruturais de 25 para 35 mm; e à adequação do fator água/cimento de 0,55
para 0,50.
Assim, o aditamento foi irregular, pois no conjunto de documentos do termo de
referência da licitação estava clara a obrigação da contratada em atender plenamente
as normas técnicas pertinentes, além de garantir que fossem empregadas boas
práticas de engenharia durante o desenvolvimento das atividades.
Estudo de Caso 28: Aditivo na Contratação
Análise:
Integrada
Terceira Causa:
A respeito da alteração do túnel fixo de acesso às novas pontes de embarque de 18
metros para 32,4 metros, tal modificação foi necessária para o atendimento da
inclinação máxima admitida de 8,33% da rampa da ponte de embarque – uma
exigência da NBR 9050, que estabelece regras de acessibilidade a edificações,
mobiliário, espaços e equipamentos urbanos.
As figuras a seguir ilustram as diferenças entre ambos os arranjos, sendo que a
ilustração à esquerda apresenta a concepção utilizada no anteprojeto, enquanto o
esquema à direita é o que foi adotado no estudo preliminar de adequação realizado
pela Infraero, após a contratação:
Estudo de Caso 28: Aditivo na Contratação
Análise:
Integrada
Terceira Causa:
Era de sua responsabilidade da construtora a elaboração dos projetos básico e
executivo.
Quanto à indicação no anteprojeto de que o conector da ponte poderia ter
aproximadamente 18 metros de comprimento, trata-se apenas de uma estimativa,
sendo que a solução técnica para esses conectores era de responsabilidade do
consórcio-construtor, que deveria determinar de forma precisa o comprimento
necessário para pleno atendimento da legislação vigente.
O anteprojeto preve: “As pontes de embarque não poderão ter inclinação superior a
8,33% para atendimento às situações mais críticas”, ficando claro mais uma vez a
responsabilidade do consórcio em realizar os ajustes necessários no anteprojeto para
atendimento aos requisitos de acessibilidade definidos na NBR 9050.
O orçamento elaborado pela Infraero para este contrato atende a metodologia para
formatação de preço parametrizado com base na Lei 12.462/2011, ou seja, toma como
base os valores de referência praticados pelo mercado em obras de complexidade,
qualidade e grandeza similares as do contrato em questão.
As três obras de referência adotadas para parametrizar este orçamento possuem
solução de ligação entre o Terminal de passageiros e a ponte de embarque, e em todas
a declividade prevista na Norma 9050:2004 de acessibilidade está sendo atendida
Estudo de Caso 28: Aditivo na Contratação
Análise:
Integrada
Terceira Causa:
Considerando que a Lei prevê a parametrização com base no orçamento de obras de
similar complexidade, não cabe discussão sobre a diferença unitária entre uma ou
outra obra, tendo em vista que o valor da obra é global e não unitário.
Assim, no orçamento elaborado pela contratante havia previsão de recurso para esta
solução, tomando como parâmetro obras que também possuíam esta ligação entre o
Terminal e as pontes, atendendo a acessibilidade, estando as variações entre uma e
outra atribuídas à solução de projeto adotada pela contratada.

Portanto, na modalidade de contratação integrada o vencedor do certame tem a


prerrogativa de desenvolver a solução mais adequada considerando os custos
previstos em seu orçamento e o planejamento por ele elaborado para execução,
preservadas as premissas expressas nos documentos fornecidos na licitação. Portanto,
não seria adequado que a solução desenvolvida pela contratada viesse a gerar
posteriormente um aditamento contratual.
Estudo de Caso 28: Aditivo na Contratação
Análise:
Integrada
Quarta Causa:
No que tange à parcela do primeiro termo de aditamento inerente à pavimentação da
via se serviço de acesso ao concourse, que onerou o contrato em outros R$
255.588,21. o anteprojeto de pavimentação não apresenta a indicação de que uma
estreita faixa, adjacente ao lado ar do concourse, seria pavimentada, mas tal omissão
poderia facilmente ser percebido pela licitante por ocasião de uma vistoria no
empreendimento.
Assim, creio que a pavimentação dessa faixa fosse inerente ao objeto licitado. A
fotografia a seguir ilustra que haveria uma região não pavimentada entre o pátio de
aeronaves existente e o novo concourse.
Estudo de Caso 29: Contratação Integrada: Elaboração de
Projeto com requisitos inferiores ao do Anteprojeto
Problema:
Na duplicação da rodovia BR-381/MG, licitada mediante contratação
integrada (RDC), além da execução das obras de ambos os trechos, o
consórcio contratado é responsável pelo desenvolvimento dos respectivos
projetos básicos e executivos, que devem seguir ao estabelecido no
anteprojeto que serviu de base para o certame.
De acordo com o edital, modificações nos projetos são permitidas desde que
mantenham ou melhorem o nível de serviço e as condições operacionais do
complexo rodoviário. Também devem respeitar os normativos do Dnit, em
especial o Manual de Projeto Geométrico de Rodovias Rurais. Eventuais
alterações devem ser submetidas à aprovação do órgão contratante.
Os projetos elaborados pelo Consórcio descumpriram tanto o anteprojeto
elaborado pelo Dnit, que embasou a licitação, quanto diversos preceitos
estabelecidos nos Manuais de Projeto da autarquia, afetando
significativamente os níveis de serviço e condições de segurança e
operacionais da rodovia.
Estudo de Caso 29: Contratação Integrada: Elaboração de
Projeto com requisitos inferiores ao do Anteprojeto
Problema (continuação):
Além disso, tais desconformidades ocasionaram atrasos na apresentação
do projeto, o que pode comprometer o cronograma de execução das
obras.
Mais especificamente, quanto ao traçado geométrico horizontal, o projeto
do consórcio é mais sinuoso, com curvas mais perigosas e de raio mais
fechado. O padrão da via, Classe I-A com velocidade diretriz de 80 km/h e
superelevação máxima de 8%, estabelece o raio mínimo de 230 m para
as curvas.
A solução do contratado para o Lote 6 apresenta vinte curvas de raio
inferior a esse valor, ao passo que o anteprojeto estabelecia apenas
duas. Ademais, em determinados trechos, em vez da adoção de desvios
preconcebidos no anteprojeto, o novo traçado foi ajustado ao da via
existente, o que, ao mesmo tempo, mantém as atuais condições de
tráfego desse trecho e mostra-se aquém das condições técnicas
estabelecidas no edital. Problemas similares também ocorreram no lote
3.1.
Estudo de Caso 29: Contratação Integrada: Elaboração de
Projeto com requisitos inferiores ao do Anteprojeto
Problema (continuação):
Outras inadequações foram verificadas no traçado geométrico vertical
proposto, em que houve um aumento de 47% da quantidade de subidas e
descidas no Lote 6, bem como aumento de inclinação das rampas além
do máximo permitido, considerando o padrão da via (Classe I-A).
Já no Lote 3.1, as modificações se mostram ainda menos aderentes ao
anteprojeto. A supressão da denominada Variante do Ribeirão Severo,
prevista pela autarquia, introduz condições de perfil inferiores até mesmo
às da estrada existente.
Tais modificações se traduzem em maior custo aos usuários, seja em
retenções de tráfego ou aumento de consumo de combustível, pelo maior
esforço dos motores dos veículos.
O nível de serviço da rodovia com relação às interseções também foi
reduzido. A unidade técnica destaca a substituição dos ramos direcionais
(cruzamentos em níveis diferentes) por rotatórias (interseções em nível).
Os primeiros conferem maior segurança de tráfego ao eliminarem
conflitos diretos e evitarem paralisações dos veículos e grandes reduções
de velocidade.
Estudo de Caso 29: Contratação Integrada: Elaboração de
Projeto com requisitos inferiores ao do Anteprojeto
Acórdão 1671/2014 – Plenário:
7. ..., o Dnit identificou a inadequação dos projetos básicos do Consórcio
e não os aprovou. Visto que a autarquia tem tomado as medidas
adequadas ao caso, entendo que cabe dar-lhe ciência das irregularidades
encontradas na fiscalização, acompanhando a proposta da unidade
técnica.
8. Acerca do descumprimento de prazo decorrente da não aprovação do
projeto, no mesmo sentido da proposta da SecobRodovia, julgo que deve
ser dada ciência ao Dnit da necessidade de aplicação das penalidades
previstas nos contratos quando ocorrerem as seguintes situações:
descumprimento de prazo na entrega de projeto básico/executivo;
entrega, ainda que no prazo contratual, mas que não cumpra a condição
de manter ou melhorar os níveis de serviço e as condições operacionais
da rodovia previstos no anteprojeto; ou entrega, ainda que dentro do
prazo, mas em desacordo com os normativos e Manuais de Projeto da
autarquia.
Estudo de Caso 29: Contratação Integrada: Elaboração de
Projeto com requisitos inferiores ao do Anteprojeto
Acórdão 1671/2014 – Plenário (continuação):
9. Acrescento, ainda, que as graves discrepâncias verificadas nos
projetos básicos, com relação ao anteprojeto da licitação e aos Manuais
de Projeto, demandam do Dnit cautelosa análise por ocasião de sua
aprovação, de forma que tais irregularidades não subsistam nas etapas
posteriores de execução das obras. A autarquia também deve estar
atenta aos possíveis atrasos no cronograma de execução do contrato
como consequência da necessidade de readequação dos projetos por
parte do consórcio. Sendo assim, convém determinar ao Dnit que informe
ao Tribunal, no prazo de 90 dias, as providências tomadas com relação
às correções dos projetos contratados, bem como, quanto a eventuais
atrasos na execução do contrato e aplicação de penalidades, caso
configurada alguma das hipóteses descritas no parágrafo anterior.
Estudo de Caso 30: Mudança na Caracterização de Solo

Problema:
Em determinado empreendimento, o projeto básico quantificou determinada
quantidade de resíduos da classe II-A (não-inerte) e da classe II-B (inertes).
Do material total a ser removido, a proporção seria de 10% de classe II-A e
90% de classe II-B.
Durante a execução da obra, tal proporção se modificou (90% para o II-A) e
10% para a classe II-B.
Tal fato ocasionará a extrapolação dos limites legais de aditamento contratual,
calculados segundo a metodologia do Acórdão 749/2010-Plenário.
Estudo de Caso 30: Mudança na Caracterização de Solo

Solução:
Tratando-se de empreitada por preço unitário, é uma situação tipicamente
vivenciada por vários órgãos contratantes, principalmente os que executam
obras rodoviárias, de infraestrutura ou de saneamento.
A solução é realizar o aditamento contratual e buscar justificar a eventual
extrapolação dos limites legais com base nos seis pressupostos presentes na
Decisão 215/1999.
Dada a simplicidade do problema, também não custa nada realizar uma
licitação específica para o descarte adicional do resíduo II-A.
Estudo de Caso 30: Mudança na Caracterização de
Solo
 Análise: Recorda-se que a alteração contratual em virtude de modificações do
projeto ou das especificações, escorada no art. 65, I, “a”, da Lei 8.666/93, é uma
alteração UNILATERAL da Administração, estando o construtor obrigado a aceitá-
la.
 Não se trata, portanto, de assunto que componha o direito subjetivo do contratado, e
sim prerrogativa da Administração.
 A doutrina e a jurisprudência (ex: Acórdão 554/2005-Plenário do TCU), entendem
que a modificação unilateral do contrato é uma prerrogativa da Administração, no
exercício da supremacia do interesse público na execução da avença.
 Tal alteração deve ocorrer de motivo SUPERVENIENTE e devidamente
comprovado. Não há uma liberdade para a Administração impor a alteração como
lhe aprouver, pois houve previamente uma licitação.
 A Administração tem de evidenciar a superveniência de motivo justificador da
alteração contratual, demonstrando que a solução prevista originalmente em projeto
não se revelou a mais adequada.
 Como princípio geral, não se admite que a modificação do contrato, ainda que por
mútuo Acordo entre as partes, importe alteração radical ou acarrete frustração aos
princípios da obrigatoriedade da licitação e isonomia.
Estudo de Caso 30: Mudança na Caracterização de
Solo
 Análise: (continuação)
 Feitas essas considerações, avalia-se, em caráter precário, que a mudança no tipo
de resíduo possa se enquadrar na condição de ser um fato superveniente.
 Assim, resta que o Administrador avalie profundamente se há procedência na
informação prestada pelo contratado, valendo-se, inclusive, da opinião de outros
especialistas, da empresa projetista e da realização de ensaios por outra empresa
especialmente contratada.
 A modificação contratual necessita de robusta comprovação técnica da
inadequação da previsão original. Assim, dependerá de critérios técnicos que
comprovem que as quantidades licitadas estavam erradas e/ou que a solução
adotada anteriormente era antieconômica, ineficaz ou inviável.
 A celebração do aditamento contratual também deverá observar a manutenção do
desconto originalmente ofertado pela licitante.
 A eventual inclusão de novos serviços deverá se dar com preços inferiores aos de
mercado, mantida a proporcionalidade entre o preço proposto na licitação e o
orçamento-base da Administração, em observância aos artigos 14, 15 e 17 do
Decreto 7983/2013,
Estudo de Caso 31: Mudança de locação de reservatório
em obra de contenção de enchentes
Problema:
Por um motivo superveniente, em virtude da solicitação de outro órgão
público, foi necessário remanejar a locação de uma parcela da obra, no caso
uma lagoa de contenção de enchentes.
Tal mudança poderia ensejar o questionamento se haveria ou não mudança
do objeto licitado. Também poderá haver extrapolação dos limites legais de
aditamento contratual.
Como proceder?
Estudo de Caso 31: Mudança de locação de reservatório
em obra de contenção de enchentes
Solução:
São plenamente válidas todas as recomendações realizadas no estudo de
caso 26.
É inevitável a supressão total do serviço contratado e a inclusão de novo
serviço, com o preço acordado entre as partes.
Sugere-se pesquisar a DMT do novo trajeto no google maps, observar o
tempo de trajeto em vários horários do dia para obter uma velocidade média,
e utilizar a metodologia do Sicro ou do Sinapi, para compor o custo unitário do
serviço.
Aplicar a taxa de BDI do orçamento-base do órgão e a taxa de desconto
obtida na licitação.
A taxa de royaltie do bota-fora deve ser obtida por meio de cotações de
preços.
Estudo de Caso 31: Mudança de locação de reservatório
em obra de contenção de enchentes
Solução:
Tratando-se de obra custeada com recursos federais, deve-se ter especial
cautela com a prévia aprovação pelo órgão concedente da modificação do
plano de trabalho, caso contrário pode restar caracterizado desvio de
finalidade ou desvio de objeto.
Toda a semana o TCU julga irregular as contas de algum Prefeito que
celebrou convênio para pavimentar a avenida “A” e pavimentou a avenida “B”.
Estudo de Caso 31: Mudança de locação de reservatório
em obra de contenção de enchentes
Solução:

Apresentação da solução do problema utilizando o Sinapi.

Considere que o serviços serviço de escavação, carga e transporte para uma


DMT de 38 km. Considere o uso de escavadeira com 155 hp (1,3 m3) e
caminhões com 20 m3 de capacidade, operando com velocidade média de
transporte de 52 Km/h.
Apresente uma composição de custo unitário para o serviço utilizando a
metodologia do Sinapi.
Considere também que, devido à restrições relacionadas com o horário de
circulação de caminhões, o fator tempo-trabalho (FTT) será de 0,7. O fator de
empolamento é igual a 0,9.
Escavação Vertical
 Tempo de Ciclo da Escavadeira:

• Tempo de Ciclo do Caminhão:


Escavação Vertical
 Cálculo da produtividade e eficiência dos equipamentos:

Sem Considerar FTT Considerando FTT


Escavadeira Caminhão Escavadeira Caminhão
60 x empolamento x 60 x empolamento x volume do
60 x empolamento 60 x empolamento x
volume do caminhão caminhão utilizado x Número de
x volume do volume do caminhão
Produtividade utilizado x Número de caminhões x FTT / (tempo de
caminhão/tempo de x FTT/tempo de
caminhões / tempo de ciclo do caminhão + tempo de
ciclo da escavadeira ciclo da escavadeira
ciclo do caminhão espera do caminhão);
CHP = Número de CHP + CHI = CHP + CHI = Número de
CHP = inverso da
Eficiência caminhões dividido pela inverso da caminhões dividido pela
produtividade
produtividade produtividade produtividade

Para a escavadeira o coeficiente horário produtivo é o valor encontrado para a


eficiência do equipamento, enquanto o coeficiente improdutivo é obtido pela
diferença entre a eficiência obtida considerando o FTT (CHP+CHI) e a
eficiência (só CHP).
Da mesma forma, para caminhões o coeficiente produtivo é o valor encontrado
para a eficiência do equipamento, enquanto o tempo improdutivo é obtido pela
diferença entre a eficiência obtida considerando o FTT (CHP+CHI) e a
eficiência (só CHP).
Resolução
Tempo de carregamento do caminhão:

As composições do Sinapi não utilizam o caminhão de 20 m3 . Assim, a rigor, tal


tempo deveria ser apropriado em campo. Para fins de resolução, calcularemos o
tempo de carregamento a partir de uma regra de três:

Escavadeira
Caminhão Potência de 111 HP Potência de 155 HP
(volume concha = 0,8 m³) (volume concha = 1,3 m³)
14 m³ 00:05:40 00:03:28
18 m³ 00:07:14 00:04:24

Assim:

18 m3 - 4:24 (ou 4,4 minutos)


20 m3 - x x = 4,89 minutos

Os tempos de manobra e de descarregamento são, respectivamente, 2 minutos e


10 minutos e 18 segundos (ou 10,30 minutos).
Tempo de percurso do caminhão:
Resolução

Considerando a velocidade média de 52 Km/h e o percurso de 38 km, o tempo de


percurso do caminhão será 1,461 horas ou 87,69 minutos.

Tempo de ciclo do caminhão (sem espera): 4,89 + 2 + 10,30 + 87,69 = 104,88


minutos

Quantidade teórica de caminhões:

N = tempo ciclo caminhão (sem espera) / (tempo carga + tempo manobra)

N = 104,88/(4,89 + 2) = 15,22 (adota-se 16 caminhões)

A produção horária da escavadeira é dada por:

60 x 0,9 x 20 / (4,89 + 2,00) = 156,77 m3/hora.

Por sua vez, a produção horária dos caminhões corresponde a:

60 x 0,9 x 20 x 16 / (4,89 + 2 + 10,30 + 87,69 ) = 164,76 m3/hora.


Resolução

O coeficiente operativo da escavadeira é dado por:

1 / (156,77) = 0,0064

O coeficiente operativo do caminhão é:

16 / (164,76) = 0,0971.

A soma dos coeficientes produtivos e improdutivos da escavadeira será:

1 / [ (60 x 0,9 x 20 x 0,7)/(4,89 + 2,00) ] = 0,0091.

Com base nesse valor o coeficiente improdutivo da escavadeira será:

0,0091 – 0,0064 = 0,0027.


Resolução
O tempo de espera do caminhão deve ser calculado caso a caso. De forma geral, ou
o caminhão espera a escavadeira terminar um carregamento para iniciar a sua carga
(frota de caminhões maior do que a necessária), ou é a escavadeira que aguarda o
caminhão (frota de caminhões menor do que a necessária).

O tempo de espera do caminhão é dado pelo número utilizado de caminhões


multiplicado pelo tempo de ciclo da escavadeira; e depois diminuído do tempo de
ciclo do caminhão:

Assim, o tempo de espera do caminhão será de:

(4,89 + 2) x 16 - (4,89 + 2 + 10,30 + 87,69 ) = 5,34 minutos.

A soma dos coeficientes operativos e improdutivos do caminhão será:

16 / [ 60 x 0,9 x 20 x 0,7 x 16 / (4,89 + 2 + 10,30 + 87,69 + 5,34) ]= 0,1021.

O coeficiente improdutivo do caminhão será:

0,1021 – 0,0971 = 0,0005


Resolução
A composição será:
Descrição Unidade Coeficiente
Escavadeira 155 HP CHP 0,0064
Escavadeira 155 HP CHI 0,0027
Caminhão 20 m3 CHP 0,0971
Caminhão 20 m3 CHI 0,0005
Servente com encargos Hora 0,0091
complementares
Estudo de Caso 32: Mudança de número de reservatórios
consolidando-os em menor número, novo formato e
localização, com mesma capacidade de reservação total.
Problema:
Caso concreto tratado no Acórdão 1.093/2007-Plenário, que apreciou
auditoria realizada na Macrodrenagem do Tabuleiro dos Martins, em
Maceio/AL.
Segue a situação física do empreendimento à época da licitação (1996), pois
uma parcela do sistema de amortecimento de enchentes já havia sido
executado na década de 1980:
Estudo de Caso 32: Mudança de número de reservatórios
consolidando-os em menor número, novo formato e
localização, com mesma capacidade de reservação total.
Problema:
Originalmente, a área de drenagem seria de 41,2 km2 e o sistema contaria
com quatro lagoas de amortecimento interligadas.
No entanto, logo após a contratação (1997), o empreendimento
originalmente licitado foi dividido em duas etapas, a seguir demonstradas,
conforme projeto elaborado em 1998.
Estudo de Caso 32: Mudança de número de reservatórios
consolidando-os em menor número, novo formato e
localização, com mesma capacidade de reservação total.
Problema:
Segue a solução projetada 1ª Etapa:
Estudo de Caso 32: Mudança de número de reservatórios
consolidando-os em menor número, novo formato e
localização, com mesma capacidade de reservação total.
Problema:
Segunda Etapa:
Estudo de Caso 32: Mudança de número de reservatórios
consolidando-os em menor número, novo formato e
localização, com mesma capacidade de reservação total.
Problema:
Segunda Etapa:
Estudo de Caso 32: Mudança de número de reservatórios
consolidando-os em menor número, novo formato e
localização, com mesma capacidade de reservação total.
Problema:
Houve, posteriormente, a elaboração de uma denominada “compatibilização
de projetos” realizada em 1999, por outra empresa projetista, o qual
aumentou a área drenada para 50 km2:
Estudo de Caso 32: Mudança de número de reservatórios
consolidando-os em menor número, novo formato e
localização, com mesma capacidade de reservação total.
Problema:
Compatibilização de Projetos realizada em 1999:
Estudo de Caso 32: Mudança de número de reservatórios
consolidando-os em menor número, novo formato e
localização, com mesma capacidade de reservação total.
Problema:
Houve outra expressiva modificação, dessa vez pelo Projeto Executivo -
2003:
Estudo de Caso 32: Mudança de número de reservatórios
consolidando-os em menor número, novo formato e
localização, com mesma capacidade de reservação total.
Problema:
Compatibilização de Projetos realizada em 1999:
Estudo de Caso 32: Mudança de número de reservatórios
consolidando-os em menor número, novo formato e
localização, com mesma capacidade de reservação total.
Problema:
Projeto Executivo - 2003:
Estudo de Caso 32: Mudança de número de reservatórios
consolidando-os em menor número, novo formato e
localização, com mesma capacidade de reservação total.
Resumo das Alterações:
Estudo de Caso 32: Mudança de número de reservatórios
consolidando-os em menor número, novo formato e
localização, com mesma capacidade de reservação total.
Problema:
E ainda mudou mais uma vez...Segue o arranjo parcialmente executado:
Estudo de Caso 32: Mudança de número de reservatórios
consolidando-os em menor número, novo formato e
localização, com mesma capacidade de reservação total.
Problema:
O problema da extrapolação de 25% foi apurado pelo TCU (Acórdão
347/2003-Plenário):

9.2. determinar à Secob que:


9.2.1. com relação aos itens mais significativos do orçamento detalhado da
obra, em especial o serviço de “escavação”, avalie a razoabilidade dos
quantitativos de materiais e serviços utilizados, bem como da
compatibilidade entre os custos unitários e preços de mercado;
9.2.2. avalie, especificamente, os quantitativos de serviços e custos de
escavação da Lagoa 1, informando, também, se sua inclusão por
aditivo ultrapassou os 25% do valor do contrato, permitidos pela Lei de
Licitações;

Mas, diante de outras gravíssimas irregularidades tal discussão ficou


em segundo plano.
Estudo de Caso 32: Mudança de número de reservatórios
consolidando-os em menor número, novo formato e localização, com
mesma capacidade de reservação total.
Resultado observado:
O aumento da área drenada de 41,2 Km2 para 50 km2 não ocorreu por anexação de
novas bacias.
Apesar do aumento da área, houve redução do volume total das lagoas e a execução
da obra em duas etapas, o que implicará de fato na redução da área drenada, pois na
primeira etapa serão executados apenas 49% do volume inicial previsto, implicando
em significativa redução do amortecimento de cheias e da área atendida.
Todo o saldo do contrato acabou sendo utilizado apenas na primeira etapa.
Apesar da redução do volume total na nova configuração proposta, houve aumento do
valor da obra.
No projeto executivo não foram observadas a medidas mitigadoras do órgão
ambiental.
Serviços executados na sequência errada, com exclusão de componentes essenciais
(dissipador de energia do extravasor e controlador de vazão).
Estudo de Caso 33: Mudança de número de reservatórios
consolidando-os em menor número, novo formato e localização, com
mesma capacidade de reservação total.
Resultado observado:
Apontamento de IG-P pelo TCU;
Bloqueio de recursos pelo Congresso Nacional
Obra inacabada;
Graves prejuízos à população e ao meio ambiente (erosão);
Operação Navalha da PF.
Estudo de Caso 33: Alteração de projeto de corredores de ônibus de
pista dupla ida e volta com paradas centrais para binário considerando
pista simples de ida com paradas laterais e pista simples de volta em
viário paralelo com localização distante da inicial objetivando redução
de desapropriações e custos.

Discussão com a Turma:


Vamos tentar responder aos seguintes questionamentos:
1) Quem está solicitando o aditivo? O construtor, O projetista? A gerenciadora?
Um terceiro (órgão ambiental etc.)? Ou a Administração?
2) Se a obra tivesse um dono (imagine que é a sua obra, executada com o seu
dinheiro), ele concordaria com esse aditivo?
3) Há um motivo superveniente que justifique a alteração em tela? Ou,
perguntando de outra forma: Por que a obra não foi licitada desse jeito de uma
vez?
4) Já justificativa técnica (convincente, diga-se de passagem) para a alteração?
5) O valor do contrato vai aumentar ou reduzir?
6) O desconto obtido na licitação será mantido?
Estudo de Caso 33: Alteração de projeto de corredores de ônibus de
pista dupla ida e volta com paradas centrais para binário considerando
pista simples de ida com paradas laterais e pista simples de volta em
viário paralelo com localização distante da inicial objetivando redução
de desapropriações e custos.
Discussão com a Turma:
7) Haveria mudança nas exigências editalícias se a obra tivesse sido licitada com a
solução proposta? Houve a exigência de algum atestado relativo a serviço que
acabou não sendo executado?
8) Qual percentual restou da planilha originalmente licitada na planilha contratual
após alterações?
9) O que aconteceria se o empreendimento tivesse que ser relicitado? Qual o
atraso? Haveria aumento de custo?
10) Em que situação ocorreu a licitação? O certame foi competitivo? Há indícios de
conluio ou de direcionamento da licitação?
11) Há sobrepreço?
12) A alteração foi previamente aprovada pelo órgão repassador de recursos?
13) O que os órgãos de controle interno e externo disseram? E o jurídico?
As Principais Artimanhas dos Construtores
Solicita aditivo em virtude de haver supostamente uma condição geológica
diferente de prevista.
Pleitos em virtude da paralisação de serviços determinadas pela
Administração.
Registro de condições/situações inverídicas no Diário de Obras.
Pedidos de esclarecimentos desnecessários sobre os projetos da obra.
Análise das composições de custo unitário e do orçamento-base elaborado
pela Administração em busca de falhas.
Pedidos de reequilíbrio econômico-financeiro em situações não cobertas pela
Teoria da Imprevisão (dissídios coletivos, preços inexequíveis etc.).
Pedidos de detalhamentos de projetos, nas situações em que a
Administração é responsável pela elaboração/entrega do projeto executivo.
Solicitação para substituição de materiais/serviços especificados por
produtos supostamente “similares”, os quais, na verdade são de pior
qualidade.
As Principais Artimanhas dos Construtores
Solicitações para alteração dos projetos, alegando que o licitado apresenta
deficiências/falhas.
Entrega de obras inacabada, solicitando termo de recebimento provisório,
esperando que a Administração receba o objeto provisoriamente e elenque
“pendências” para o recebimento definitivo. Assim, o construtor consegue
algum prazo para a efetiva conclusão do objeto sem receber multa.
Pedidos de prorrogação de prazo/reequilíbrio em virtude de chuvas e outras
condições climáticas.
Jogo de cronograma, em que a empresa tenta executar/faturar inicialmente
os serviços com valores mais atrativos.
Solicitações para pagamentos de materiais “posto obra” ou “posto fábrica”,
quando o edital prevê que tais fornecimentos serão faturados apenas quando
os materiais/equipamentos estiverem instalados.
Jogo de planilha, em que a empresa pleiteia acréscimos de serviços com
preços mais vantajosos e/ou supressão de itens com maior desconto.
Recomendações Gerais para Evitar as Artimanhas
dos Construtores
Deve haver registro diário e sistemático no diário de obras pela fiscalização
contratual, em atendimento ao disposto no art. 67 da Lei 8666/1993,
registrando:
As Datas de início (ordem de serviço), prazo decorrido e prazo restante;
Efetivo da Obra – Mão de obra direta e indireta;
Equipamentos utilizados no dia;
Serviços executados ou em andamento no dia;
Ocorrência de chuvas prejudicando o andamento dos trabalhos.
As falhas nos serviços de terceiros não sujeitas à sua ingerência;
As consultas à supervisora e à fiscalização do órgão contratante, bem como as respostas
às interpelações da supervisora e da fiscalização do órgão contratante;
As datas de conclusão das etapas, referidas ao cronograma aprovado;
Os acidentes ocorridos no decurso dos trabalhos, suas causas, consequências e métodos
usados para corrigi-los;
A eventual escassez de material que resulte em dificuldade para execução da obra ou
serviço;
nomes das subempreiteiras, caracterizando as atividades e seus encargos, com as datas
de início e conclusão, e números das ARTs respectivas;

Qualquer informação inverídica colocada pela construtora no documento


deve ser contestada pela fiscalização, tentando-se produzir documentação
comprobatória.
Recomendações Gerais para Evitar as Artimanhas
dos Construtores
É fundamental que todos os pedidos de esclarecimento de dúvida e todos os
pleitos formulados pela empresa sejam respondidos imediatamente pelo
contratante.
Se os pedidos ultrapassarem a competência do fiscal, este deve submeter à
questão de forma ágil à autoridade competente e informar tal fato à
contratada. Se possível, determinar que os trabalhos continuem com o
andamento regular enquanto o pleito é analisado pelas instâncias
competentes.
Recomenda-se que o instrumento convocatório estabeleça a exigência de
que o contratado conceda livre acesso aos seus documentos e registros
contábeis, referentes ao objeto da licitação, para os servidores ou
empregados do órgão ou entidade contratante e dos órgãos de controle
interno e externo.
Trata-se de disposição presente nos contratos executados pelo RDC e
mediante convênios com recursos da União.
Tal previsão é útil, pois em muitos casos, é importante apurar os custos
efetivos incorridos pela empresa contratada (indenizações, pleitos de
reequilíbrio econômico-financeiro etc.).
Recomendações Gerais para Evitar as Artimanhas
dos Construtores
É importante que o edital e a minuta da proposta da empresa contratada
contenha declaração de que os preços ofertados incluem todos os custos
diretos e indiretos, adotando-se a redação já apresentada neste curso.
A fiscalização deve se abster de realizar o recebimento provisório de obras
com pendências a serem solucionadas pela construtora, uma vez que o
instituto do recebimento provisório, previsto no art. 73, inc. I, da Lei nº
8.666/93, não legitima a entrega provisória de uma obra inconclusa, mas visa
resguardar a Administração no caso de aparecimento de vícios ocultos,
surgidos após o recebimento provisório (Acórdão 813/2013-Plenário).
Nunca adiantar pagamentos para o empreiteiro.
O instrumento contratual e o cronograma de desembolsos deve ser
elaborado para que a empresa execute todo o objeto com posição financeira
deficitária, mas não crítica.
Devem ser previstos mecanismos para evitar jogo de cronograma ou
qualquer outro meio que permita a empresa a obter um resultado parcial
superavitário.
Recomendações Gerais para Evitar as Artimanhas
dos Construtores
Quando o bom senso não prevalecer, sugere-se adotar as disposições da Lei
12846/2013 (Lei Anticorrupção - LAC), que é extremamente gravosa para o
contratato. Algumas disposições da Lei:
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a responsabilização objetiva administrativa e
civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública,
nacional ou estrangeira. [ou seja a responsabilização da empresa
independe de culpa ou dolo]
Art. 2º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetivamente, nos
âmbitos administrativo e civil, pelos atos lesivos previstos nesta Lei
praticados em seu interesse ou benefício, exclusivo ou não. [ou seja a
aplicação da LAC é obrigatória, e não uma faculdade do gestor]
Art. 3º A responsabilização da pessoa jurídica não exclui a responsabilidade
individual de seus dirigentes ou administradores ou de qualquer pessoa
natural, autora, coautora ou partícipe do ato ilícito.
Recomendações Gerais para Evitar as Artimanhas
dos Construtores
Art. 5º Constituem atos lesivos à administração pública, nacional ou
estrangeira, para os fins desta Lei, todos aqueles praticados pelas pessoas
jurídicas mencionadas no parágrafo único do art. 1o, que atentem contra o
patrimônio público nacional ou estrangeiro, contra princípios da administração
pública ou contra os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil,
assim definidos:
(...)
f) obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento, de
modificações ou prorrogações de contratos celebrados com a
administração pública, sem autorização em lei, no ato convocatório da
licitação pública ou nos respectivos instrumentos contratuais; ou
g) manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos
celebrados com a administração pública;
Recomendações Gerais para Evitar as Artimanhas
dos Construtores
Art. 6º Na esfera administrativa, serão aplicadas às pessoas jurídicas
consideradas responsáveis pelos atos lesivos previstos nesta Lei as seguintes
sanções:
I - multa, no valor de 0,1% (um décimo por cento) a 20% (vinte por cento)
do faturamento bruto do último exercício anterior ao da instauração do
processo administrativo, excluídos os tributos, a qual nunca será inferior à
vantagem auferida, quando for possível sua estimação; e
II - publicação extraordinária da decisão condenatória.
§ 1º As sanções serão aplicadas fundamentadamente, isolada ou
cumulativamente, de acordo com as peculiaridades do caso concreto e com a
gravidade e natureza das infrações.
(...)
§ 3º A aplicação das sanções previstas neste artigo não exclui, em qualquer
hipótese, a obrigação da reparação integral do dano causado.
Recomendações Gerais para Evitar as Artimanhas
dos Construtores
Art. 19. Em razão da prática de atos previstos no art. 5º desta Lei, a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, por meio das respectivas
Advocacias Públicas ou órgãos de representação judicial, ou equivalentes, e o
Ministério Público, poderão ajuizar ação com vistas à aplicação das seguintes
sanções às pessoas jurídicas infratoras:
I - perdimento dos bens, direitos ou valores que representem vantagem
ou proveito direta ou indiretamente obtidos da infração, ressalvado o
direito do lesado ou de terceiro de boa-fé;
II - suspensão ou interdição parcial de suas atividades;
III - dissolução compulsória da pessoa jurídica;
IV - proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, doações ou
empréstimos de órgãos ou entidades públicas e de instituições
financeiras públicas ou controladas pelo poder público, pelo prazo mínimo
de 1 (um) e máximo de 5 (cinco) anos.
§ 3º As sanções poderão ser aplicadas de forma isolada ou cumulativa.
§ 4º O Ministério Público ou a Advocacia Pública ou órgão de representação
judicial, ou equivalente, do ente público poderá requerer a indisponibilidade
de bens, direitos ou valores necessários à garantia do pagamento da
multa ou da reparação integral do dano causado, conforme previsto no art.
7º, ressalvado o direito do terceiro de boa-fé.
Recomendações Gerais para Evitar as Artimanhas
dos Construtores
Na entrega de materiais que supostamente não são “similares”, a fiscalização
deve exigir laudos técnicos, certificados, atestados etc. certificando que os
materiais são similares.
Pode exigir também que a empresa realize ensaios diversos, previstos em
normas da ABNT, para comprovar a similaridade.
Por fim, pode realizar leitura comparativa dos rótulos/catálogos dos produtos
especificados, confrontando-os com os dos materiais entregues.
Em suma, se os materiais aplicados na obra forem desde logo entendidos
como satisfatórios, a fiscalização deve aceitá-los sem delongas.
Caso contrário, deve tentar fazer o construtor desistir de entregá-los, exigindo
toda a sorte de documentação possível, que representará um custo
expressivo para o empreiteiro. Em último caso, é bom lembrar, que o fiscal
pode se recusar a atestar os serviços realizados com materiais desconformes,
exigindo sua substituição:
Art. 76. A Administração rejeitará, no todo ou em parte, obra, serviço ou
fornecimento executado em desacordo com o contrato.
Nunca pague serviço executado com um material deficiente.
Sobrepreço e Superfaturamento

Questão:
Qual a diferença entre sobrepreço e superfaturamento?
Sobrepreço e Superfaturamento

Normalmente o superfaturamento decorrente


de sobrepreço advém do próprio
ORÇAMENTO. Pode, também, se originar de
termos aditivos (desvirtuamento da equação
econômico-financeira ou serviços novos com
sobrepreço).
Superfaturamento
dano já materializado
ocorrendo quando se
faturam serviços de uma
obra com sobrepreço ou
Sobrepreço quando se faturam
serviços que não foram
quando o preço da
executados (cujos
obra/serviço/insumo é
quantitativos medidos são
injustificadamente superior ao
superiores aos
preço dado pelo paradigma.
efetivamente executados).
Sobrepreço e Superfaturamento
• Trecho do Voto:
Também não procede o argumento da recorrente, no sentido de que,
por representar percentual insignificante em relação ao valor global da
contratação (R$ 125.902.307,88), o sobrepreço apontado pelo TCU
encontra-se dentro da faixa de aceitação e reflete oscilações normais de
mercado. Na verdade, não existe percentual de
sobrepreço aceitável. A Lei define os preços máximos das obras e serviços
contratados pela Administração. Valores excedentes são ilegais e devem
ser rejeitados por esta Corte, cuja atuação se pauta, entre outros, pelos
princípios da legalidade e da indisponibilidade do interesse público.
A Lei 11.768/2008 estabelece que, somente em condições especiais,
devidamente justificadas, podem os custos unitários de serviços ou
insumos exceder o valor obtido a partir do Sinapi. Tais condições não estão
evidenciadas nestes autos.
Nesse ponto, aliás, coloco-me inteiramente de acordo com o Ministro
Raimundo Carreiro, Relator da decisão recorrida, quando afirma que “este
Tribunal pode, eventualmente, admitir preços de determinados itens acima
dos referenciais de preços oficiais em situações comprovadamente
justificadas; jamais estabeleceu um limite ‘tolerável’ de sobrepreço global
em um determinado empreendimento”.

Acórdão 1155/2012-Plenário
Sobrepreço e Superfaturamento
Consideração do BDI

A análise de preços deve se dar sempre mediante a comparação de


preço contratado/orçado com o preço paradigma de mercado, da
seguinte forma:
Preço contratado/orçado <= Preço de mercado ou
Custo contratado/orçado + BDI contratual/orçado <= Custo
paradigma + BDI paradigma.
A análise isolada de apenas um dos componentes do preço (custo
direto ou BDI) não é suficiente para a caracterização de
sobrepreço. Assim, um BDI contratual elevado pode ser compensado
por um custo direto contratual abaixo do paradigma e não ensejar a
imputação de sobrepreço. Contudo, deve-se tomar cuidado com os
casos de aditivos incluindo novos serviços, cujos preços devem ser
negociados entre as partes. A incidência de um BDI elevado pode
tornar o preço dos novos serviços superiores aos de mercado,
ocasionando um tipo peculiar de “jogo de planilha”.
Sobrepreço e Superfaturamento
Método da Limitação dos Preços Unitários

Contrato Paradigma
item Quant. Final $ Uniário $ Total $ Uniário $ Total Sobrepreço
1 400 30,00 12.000,00 25,00 10.000,00 2.000,00
2 300 30,00 9.000,00 20,00 6.000,00 3.000,00
3 300 20,00 6.000,00 10,00 3.000,00 3.000,00
4 200 10,00 2.000,00 25,00 5.000,00 -
Totais 29.000,00 24.000,00 8.000,00

- O preço unitário de nenhum serviço pode ser injustificadamente


superior ao paradigma
- O preço para acréscimo de serviço deve ser o menor entre o preço
paradigma e o contratado
Sobrepreço e Superfaturamento
Método da Limitação do Preço Global
• 3. Na avaliação econômica do contrato, o eventual sobrepreço existente deve ser
apurado de forma global, isto é, fazendo-se as compensações do preços excessivo de
alguns itens com os descontos verificados em outros, principalmente se os preços são
os mesmos oferecidos na licitação da obra e se pode constatar que a proponente
sopesou de forma diferenciada o custo dos diversos serviços, tirando proveito das
possíveis vantagens comparativas, desde que de forma legítima. Situação diversa ocorre
com itens eivados de ilegalidade, tais os que apresentaram modificação sensível dos
parâmetros eleitos na licitação, justificando a impugnação individual do item anômalo

Acórdão 1551/2008-Plenário
Contrato Paradigma
Item Quant. final $ Unitário $ Total $ Unitário $ Total Sobrepreço
1 400 30,00 12.000,00 25,00 10.000,00 2.000,00
2 300 30,00 9.000,00 20,00 6.000,00 3.000,00
3 300 20,00 6.000,00 10,00 3.000,00 3.000,00
4 200 10,00 2.000,00 25,00 5.000,00 (3.000,00)
Totais 29.000,00 24.000,00 5.000,00
Sobrepreço e Superfaturamento
Método do Desconto
SITUAÇÃO ORIGINAL APÓS ADITIVOS

PARADIGMA
ORÇAMENT
QUANT. FINAL

CONTRATO
QUANT.
INICIAL
ORÇAMENTO
ITEM

O
CONTRATO
PARADIGMA

$ unit $ total $ unit $ total $ total $ total


1 100 30,00 3.000,00 25,00 2.500,00 400 12.000,00 10.000,00
2 200 30,00 6.000,00 20,00 4.000,00 300 9.000,00 6.000,00
3 300 20,00 6.000,00 10,00 3.000,00 300 6.000,00 3.000,00
4 400 10,00 4.000,00 25,00 10.000,00 200 2.000,00 5.000,00
TOTAIS 19.000,00 19.500,00 29.000,00 24.000,00
Desconto original 2,56%

MÉTODO DO DESCONTO
Orçamento paradigma final 24.000,00
-Desconto de 2,56% (615,38)
Valor final do contrato 23.384,62

Valor contratado com aditivos 29.000,00


Valor final do contrato (23.384,62)
Desequilíbrio do contrato em prejuízo à Administração: 5.615,38
Sobrepreço e Superfaturamento
Método do Balanço

CONDIÇÕES ORIGINAIS PÓS ADITIVOS MÉTODO DO BALANÇO

ORÇAMENTO

preços unitários
QUANT. INICIAL

PARADIGMA
CONTRATO

Débito/crédito
Diferença dos

Diferença nos
quantitativos
ORÇAMENTO
ITEM

CONTRATO QUANT.
PARADIGMA
FINAL

$ unit $ total $ unit $ total $ total $ total


1 100 30,00 3.000,00 25,00 2.500,00 400 12.000,00 10.000,00 5,00 300,00 1.500,00
2 200 30,00 6.000,00 20,00 4.000,00 300 9.000,00 6.000,00 10,00 100,00 1.000,00
3 300 20,00 6.000,00 10,00 3.000,00 300 6.000,00 3.000,00 10,00 0,00 0,00
4 400 10,00 4.000,00 25,00 10.000,00 200 2.000,00 5.000,00 -15,00 -200,00 3.000,00
TOTAIS 19.000,00 19.500,00 29.000,00 24.000,00 5.500,00
Valor final do
Desc. original: 500,00 contrato 29.000,00
2,56% - Débito (5.500,00)
Valor do contrato
após MB 23.500,00
Desconto final 500,00
2,08%
Sobrepreço e Superfaturamento
Aplicabilidade dos métodos
MÉTODO DE MÉTODO DA
LIMITAÇÃO DOS MÉTODO DE MANUTENÇÃO
MÉTODO DO
PREÇOS LIMITAÇÃO DO DO EQUILÍBRIO
BALANÇO
UNITÁRIOS PREÇO GLOBAL ECONÔMICO-
AJUSTADO FINANCEIRO
a) empreitadas por a) empreitadas por a) contratos a) contratos
preço unitário; e preço global; ou com aditivos com aditivos
b) certames b) situações que alterem a que alterem a
licitatórios ainda jurídicas planilha planilha
não concluídos constituídas orçamentária; orçamentária;
(não adjudicados e (contrato e e
contratados). celebrado), b) quando há b) quando não
compensando os sobrepreço há sobrepreço
serviços com inicial. inicial.
subpreços com os
sobrepreços
apurados.
Sobrepreço e Superfaturamento
Aplicabilidade dos métodos
Qual a
situação da
Obra

Qual o Regime Houve


de Execução Aditamento
Contratual? Contratual?

Sim
O contrato
Apresentou
Sobrepreço
Original?

Método da Método da
Limitação do Limitação do
Preço Unitário Preço Global
Método do Método do
Desconto Balanço
Sobrepreço e Superfaturamento
Lei 8.666/93

• Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação ou


vantagem, inclusive prorrogação contratual, em favor do adjudicatário,
durante a execução dos contratos celebrados com o Poder Público,
sem autorização em lei, no ato convocatório da licitação ou nos
respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar fatura com C
preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade, observado o r
disposto no art. 121 desta Lei: i
Pena - detenção, de dois a quatro anos, e multa.
m
e
• Art. 96. Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, licitação instaurada
para aquisição ou venda de bens ou mercadorias, ou contrato dela
decorrente:
I - elevando arbitrariamente os preços; (...)
IV - alterando substância, qualidade ou quantidade da
mercadoria fornecida; (...)
V - tornando, por qualquer modo, injustamente, mais onerosa a
proposta ou a execução do contrato:
Pena - detenção, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
Sobrepreço e Superfaturamento

Lei 8429/92

• Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando


enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial
indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego
ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e
notadamente:
(...)
II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar
a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou a
contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por preço
superior ao valor de mercado;
(...)
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou
indireta, para fazer declaração falsa sobre medição ou avaliação em obras
públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida,
qualidade ou característica de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer
das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;”
Sobrepreço e Superfaturamento
Superfaturamento por antecipação de pagamentos

- Os artigos 62 e 63 da LF nº 4320/64 definem que os pagamentos somente


poderão ser efetuados após a sua regular liquidação de despesa.
- Portanto, é vedada a antecipação de pagamentos no contratado sem que haja a
efetiva comprovação da sua prévia contrapartida, salvo em casos excepcionais,
conforme Acórdão nº 606/2006 do TCU, “mediante as indispensáveis cautelas ou
garantias, efetuando-se, posteriormente, os respectivos descontos nos créditos da
empresa contratada em valores atualizados na forma do contrato”.
- Ainda, conforme Acórdão nº 1442/03:
“Quanto ao pagamento antecipado, forçoso reconhecer que ele não é vedado pelo
ordenamento jurídico. Em determinadas situações ele pode ser aceito. Mas esta
não é a regra. Ordinariamente o pagamento feito pela Administração é devido
somente após o cumprimento da obrigação pelo particular... Julgo mais adequado
condicionar a possibilidade de pagamento antecipado à existência de interesse
público devidamente demonstrado, previsão no edital e exigência de garantias.”
Sobrepreço e Superfaturamento
Superfaturamento por antecipação de pagamentos

- Realmente a possibilidade de pagamentos antecipados encontra-se prevista no


art. 40, inc. XIV, alínea "d" da Lei 8.666/93. Entretanto, não tão raramente
percebem-se pagamentos antecipados não previstos em edital sem a prévia
contrapartida do contratado, os quais representam diminuição da parcela de
custos financeiros da empresa inicialmente previstos para a realização do objeto
contratual, estes normalmente alocados na composição do BDI. Tal prática, mesmo
que o serviço seja prestado em período posterior ao seu pagamento, fere a própria
legislação e resulta em aumento da margem de lucro da empresa por ganhos
financeiros em detrimento da Administração, provocando irregularmente um
desequilíbrio econômico-financeiro no contrato em favor da empresa.
- Para se calcular essa parcela de superfaturamento, primeiro devemos estabelecer
o período de tempo entre a antecipação do pagamento e a data da sua devida
cobrança. Definido esse período, sugere-se utilizar a taxa Selic para descontar os
pagamentos desde a data da efetiva prestação dos serviços até a data em que os
pagamentos foram realizados. Poderão ser calculadas várias sub-componentes,
uma vez que pode ocorrer mais de uma antecipação no mesmo contrato.
Sobrepreço e Superfaturamento
Superfaturamento por antecipação de pagamentos

SERVIÇOS “A”

VALOR DESCONTADO
PAGAMENTOS ANTECIPADOS EFEIVA REALIZAÇÃO DOS PELA TAXA SELIC
(VALOR NOMINAL) SERVIÇOS PRESTADOS (1% a.m)

PREÇO PREÇO PREÇO PREÇO


DATA QUANT. UNIT. TOTAL (A) QUANT. UNIT. TOTAL PREÇO TOTAL (B)
30/12/2010 1.000 15.000,00 15.000.000,00

31/5/2011 300 15.000,00 4.500.000,00 4.281.595,59


31/7/2011 400 15.000,00 6.000.000,00 5.596.308,33
30/9/2011 300 15.000,00 4.500.000,00 4.114.529,21
Total 15.000.000,00 13.992.433,13
Superfaturamento por pagamentos antecipados (A – B) 1.007.566,87
Notas explicativas:

1) adotou-se a fórmula do desconto racional composto (por dentro) para calcular o valor total descontado;
2) adotou-se a taxa mensal Selic equivalente a 1% para fins de simplificação do exemplo; e
3) adotou-se a data-base do adiantamento dos pagamentos como origem do débito (30/12/2010).
Sobrepreço e Superfaturamento
Superfaturamento por reajustes irregulares

- A legislação proíbe expressamente a previsão ou da concessão de reajustes em prazo


inferior a 12 (doze) meses, contados a partir da data prevista para apresentação da
proposta, ou do orçamento a que essa proposta se referir. Portanto, pode ocorrer a prática
de pagamentos indevidos por reajustamento em prazo inferior a um (um) ano. Nesse caso,
todo o reajuste pago antes do prazo legal é caracterizado como dano.
- Esse tipo de dano também pode ocorrer em virtude de erros de cálculo de reajustamento,
intencionais ou não, ou pela a adoção de critérios de reajustamento com índices que não
reflitam da melhor forma a variação dos custos do objeto contratado, situação em que o
montante de superfaturamento pode ser calculado por meio de novos cálculos de reajuste,
baseados em índices adequados e isentos de erros.
- Mesmo que o índice de reajustamento usado seja correto é necessário verificar, nos
contratos de longa duração, se o índice realmente tem conseguido refletir a variação de
preços do mercado, pois quando há um lapso muito grande entre a licitação e o pagamento
dos serviços, os preços devem, durante toda a execução do contrato, estar em consonância
com os preços praticados no mercado, de forma a manter o equilíbrio econômico-financeiro
inicialmente pactuado. O cálculo necessitará de análises anuais nas datas-bases do contrato
e sua comparação com preços de mercado e os índices devidos.
Sobrepreço e Superfaturamento
Superfaturamento decorrente de alteração da metodologia executiva

- Essa modalidade de superfaturamento é semelhante ao superfaturamento de


qualidade e ocorre quando o projeto especifica um equipamento ou uma
metodologia claramente antieconômica ou ultrapassada para a execução de
um determinado serviço. Por exemplo, pensem em um orçamento prevendo
confeccionar todo o concreto necessário para a construção de um estádio de
futebol em betoneiras de 320 litros.
- Apresentando outro exemplo, em obras rodoviárias, as vezes pode-se
constatar que o projeto prevê operações de escavação, carga e transporte com
motoscrapers para distâncias muito longas, representando antieconomicidade
na elaboração do orçamento, enquanto deveria haver previsão da utilização de
pá carregadeiras e caminhões basculantes para as distâncias mais longas. Foi o
caso enfrentado no Acórdão 2065/2007-P
Sobrepreço e Superfaturamento
Superfaturamento decorrente da prorrogação injustificada do prazo contratual

- O superfaturamento devido à prorrogação injustificada do prazo contratual


corresponde aos valores pagos indevidamente pela administração local da obra e
pela manutenção e operação do canteiro de obras, bem como da(s) fatura(s) de
reajustamento paga(s) em decorrência da prorrogação injustificada do prazo
contratual. Nesse valor não estão incluídas a devida multa contratual e demais
penalidades legais decorrentes do descumprimento do prazo de execução da
obra pela construtora.
Sobrepreço e Superfaturamento
Espécies
a) pelo pagamento de obras, bens e serviços por preços manifestamente superiores aos tomados como
paradigma de mercado (superfaturamento de preços);

b) pela quebra do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato em desfavor do contratante por


meio da alteração de quantitativos e/ou preços durante a execução da obra (superfaturamento por jogo
de planilha);

c) pela medição de quantidades superiores às efetivamente executadas/fornecidas; pelo pagamento de


serviços ou bens não executados/fornecidos ou, ainda, pelo pagamento em duplicidade de bens e/ou
serviços (superfaturamento de quantidade);

d) pela substituição de insumos por outros de qualidade inferior ou pela deficiência na execução de
obras e serviços de engenharia que resulte em diminuição da qualidade, vida útil ou segurança
(superfaturamento de qualidade);

e) pela alteração da metodologia executiva da obra ou serviço;

f) pelo pagamento de reajustamentos irregulares de preços ou pela recomposição do reequilíbrio


econômico-financeiro dos contratos fora das hipóteses previstas em lei (superfaturamento decorrente
de reajustes irregulares de preços);

g) pela distorção do cronograma físico-financeiro, também denominado “jogo de cronograma”;

h) pela antecipação ilegal de pagamentos; e

i) pela prorrogação injustificada do prazo contratual com custos adicionais para o contratante.
Jogo de Planilha

CONDIÇÕES ORIGINAIS PÓS ADITIVOS

PARADIGMA
ORÇAMENT
CONTRATO
QUANT.
INICIAL
ORÇAMENTO
ITEM

O
CONTRATO QUANT.
PARADIGMA
FINAL

$ unit $ total $ unit $ total $ total $ total


1 100 30,00 3.000,00 25,00 2.500,00 400,00 12.000,00 10.000,00
2 200 30,00 6.000,00 20,00 4.000,00 300,00 9.000,00 6.000,00
3 300 20,00 6.000,00 10,00 3.000,00 300,00 6.000,00 3.000,00
4 400 10,00 4.000,00 25,00 10.000,00 200,00 2.000,00 5.000,00
TOTAIS 19.000,00 19.500,00 29.000,00 24.000,00
Sobrepreço após
Desconto original: 2,56% alterações: 20,83%

Projeto básico
mal elaborado Inexistência de critérios Alterações
de aceitabilidade de injustificadas
preços unitários nos e corriqueiras
editais de projetos
Jogo de Planilha

Decreto 7.983/2013

• Art. 14. A diferença percentual entre o valor global do


contrato e o preço global de referência não poderá ser
reduzida em favor do contratado em decorrência de
aditamentos que modifiquem a planilha orçamentária.
Jogo de Cronograma

- Origina-se em orçamentos que apresentam preços unitários


superiores aos de mercado nos serviços a serem executados
inicialmente, compensados por reduções significativas nos preços dos
serviços a executar no final do contrato, de forma a manter o valor
global do contrato dentro dos valores de mercado.

- Essa distorção no cronograma físico-financeiro da obra propicia ao


contratado auferir ganhos financeiros às custas da Administração, ou
até mesmo paralisar a obra após ter executado os serviços que lhe
beneficiam, sob a alegação de que os serviços restantes encontram-se
em desequilíbrio econômico-financeiro.
Jogo de Cronograma
ORÇAMENTO-BASE PLANILHA CONTRATUAL DIFERENÇA (B-A)
ITEM DESCRIÇÃO UNID. QUANT.
UNITÁRIO TOTAL (A) UNITÁRIO TOTAL (B) (R$) Desconto (%)
1 INSTALAÇÃO DA OBRA 40.704,63 48.845,56 8.140,93 -17%
1.1 Tapume de chapa de madeira compensada (6mm) m2 1.163,80 22,85 26.592,83 27,42 31.911,40 5.318,57 -17%
1.2 Instalações Provisórias cj 1 12.856,00 12.856,00 15.427,20 15.427,20 2.571,20 -17%
1.3 Mobilização de obra cj 1 1.255,80 1.255,80 1.506,96 1.506,96 251,16 -17%
2 ADMINISTRAÇÃO DA OBRA 479.592,00 527.551,20 47.959,20 -9%
2.1 Administração local mês 12 39.966,00 479.592,00 43.962,60 527.551,20 47.959,20 -9%
3 SERVIÇOS PRELIMINARES 21.520,99 25.825,18 4.304,19 -17%
3.1 Demolição de alvenaria de tijolo comum, sem reaproveitamento m3 476,15 14,39 6.851,80 17,27 8.222,16 1.370,36 -17%
3.2 Demolição mecânica de concreto armado c/retirada m3 167,85 67,83 11.385,27 81,40 13.662,32 2.277,05 -17%
3.3 Locação da Obra m2 4.829,29 0,68 3.283,92 0,82 3.940,70 656,78 -17%
4 FUNDAÇÕES E ESTRUTURA 150.282,42 161.557,29 11.274,87 -7%
4.1 FUNDAÇÃO -
4.1.1 Concreto usinado bombeado fck=30mpa m3 49,51 306,79 15.189,17 429,51 21.264,84 6.075,67 -29%
4.1.2 Forma pinho 3a p/concreto em fundação m2 35,50 32,00 1.136,00 44,80 1.590,40 454,40 -29%
4.1.3 Armadura CA-50 kg 1.660,00 5,70 9.462,00 7,98 13.246,80 3.784,80 -29%
4.1.4 Estaca broca tipo hélice contínua Ø60cm m 40,00 60,00 2.400,00 84,00 3.360,00 960,00 -29%
4.2 SUPERESTRUTURA -
4.2.1 Concreto usinado bombeado fck=25mpa m3 162,72 282,50 45.968,40 282,50 45.968,40 - 0%
4.2.2 Forma com chapa compensada plastificada 12mm m2 869,50 18,51 16.094,45 18,51 16.094,45 - 0%
4.2.3 Armadura CA-50 kg 10.532,00 5,70 60.032,40 5,70 60.032,40 - 0%
5 ESTRUTURA METÁLICA 585.215,48 585.215,48 - 0%

5.1 Estrutura de aço para cobertura : fabricação, transporte e montagem Kg 68.848,88 8,50 585.215,48 8,50 585.215,48 - 0%

6 PAREDES E FECHAMENTOS 111.111,40 133.333,67 22.222,27 -17%


6.1 Alvenaria em bloco cerâmico e=14 cm m2 1.417,43 36,81 52.175,60 44,17 62.610,72 10.435,12 -17%
6.2 Vidro temperado incolor 10mm m2 43,81 160,06 7.012,23 192,07 8.414,67 1.402,44 -17%
Divisória sanitária de granito cinza andorinha, com 2 cm de
6.3 m2 14,64 189,54 2.774,87 227,45 3.329,84 554,97 -17%
espessura
6.4 Parede de gesso acartonado com emassamento e pintura m2 954,90 51,47 49.148,70 61,76 58.978,44 9.829,74 -17%
7 PORTAS E ESQUADRIAS 28.665,83 28.665,83 - 0%
7.1 Porta de Abrir 01 folha - madeira - com ferragens (80x210) und 35,00 158,00 5.530,00 158,00 5.530,00 - 0%
7.2 Janela de Alumínio - Vidro liso 4mm - 4 folhas m2 42,00 517,82 21.748,44 517,82 21.748,44 - 0%
7.3 Janela Basculante de Alumínio - Vidro liso 4mm m2 2,40 578,08 1.387,39 578,08 1.387,39 - 0%
8 COBERTURA 78.432,47 56.023,19 (22.409,28) 40%
8.1 Telha metálica m2 1.705,44 45,27 77.205,27 32,34 55.146,62 (22.058,65) 40%
8.2 Calha em chapa galvanizada nº 24 m 52,00 23,60 1.227,20 16,86 876,57 (350,63) 40%
9 REVESTIMENTOS 695.435,79 514.380,74 (181.055,05) 35%
Jogo de Cronograma

VALOR DOS Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6


ORÇAMENTO-BASE
SERVIÇOS % R$ % R$ % R$ % R$ % R$ % R$
INSTALAÇÃO DA OBRA R$ 40.704,63 100,00% R$ 40.704,63 0,00 0,00 0,00 0,00 R$ -
ADMINISTRAÇÃO DA OBRA R$ 479.592,00 16,67% R$ 79.932,00 16,67% R$ 79.932,00 16,67% R$ 79.932,00 16,67% R$ 79.932,00 16,67% R$ 79.932,00 16,67% R$ 79.932,00
SERVIÇOS PRELIMINARES R$ 21.520,99 35,00% R$ 7.532,35 65,00% R$ 13.988,64 R$ - R$ - R$ - R$ -
FUNDAÇÕES E ESTRUTURA R$ 150.282,42 R$ - 55,00% R$ 82.655,33 35,00% R$ 52.598,85 10,00% R$ 15.028,24 R$ - R$ -
ESTRUTURA METÁLICA R$ 585.215,48 R$ - 55,00% R$ 321.868,51 35,00% R$ 204.825,42 10,00% R$ 58.521,55 R$ -
PAREDES E FECHAMENTOS R$ 111.111,40 R$ - 10,00% R$ 11.111,14 30,00% R$ 33.333,42 30,00% R$ 33.333,42 30,00% R$ 33.333,42 R$ -
PORTAS E ESQUADRIAS R$ 28.665,83 R$ - 50,00% R$ 14.332,92 50,00% R$ 14.332,92 R$ - R$ - R$ -
COBERTURA R$ 78.432,47 R$ - R$ - 30,00% R$ 23.529,74 40,00% R$ 31.372,99 25,00% R$ 19.608,12 5,00% R$ 3.921,62
REVESTIMENTOS R$ 695.435,79 R$ - R$ - 10,00% R$ 69.543,58 20,00% R$ 139.087,16 70,00% R$ 486.805,05 R$ -
INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS E SANITÁRIAS R$ 17.058,38 R$ - R$ - 10,00% R$ 1.705,84 20,00% R$ 3.411,68 35,00% R$ 5.970,43 35,00% R$ 5.970,43
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E DE TELEFONIA R$ 127.805,29 30,00% R$ 38.341,59 40,00% R$ 51.122,12 30,00% R$ 38.341,59 R$ -
SISTEMA DE AR CONDICIONADO R$ 27.275,20 R$ - R$ - R$ - R$ - 30,00% R$ 8.182,56 70,00% R$ 19.092,64
LIMPEZA R$ 2.248,48 100,00% R$ 2.248,48
TOTAIS R$ 2.365.348,36 5,42% 128.168,98 8,54% 202.020,03 26,85% 635.186,44 23,60% 558.113,02 30,89% 730.694,72 4,70% 111.165,18

VALOR DOS Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6


PLANILHA CONTRATUAL
SERVIÇOS % R$ % R$ % R$ % R$ % R$ % R$
INSTALAÇÃO DA OBRA R$ 48.845,56 100,00% R$ 48.845,56 0,00 0,00 0,00 0,00 R$ -
ADMINISTRAÇÃO DA OBRA R$ 527.551,20 16,67% R$ 87.925,20 16,67% R$ 87.925,20 16,67% R$ 87.925,20 16,67% R$ 87.925,20 16,67% R$ 87.925,20 16,67% R$ 87.925,20
SERVIÇOS PRELIMINARES R$ 25.825,18 35,00% R$ 9.038,81 65,00% R$ 16.786,37 R$ - R$ - R$ - R$ -
FUNDAÇÕES E ESTRUTURA R$ 161.557,29 R$ - 55,00% R$ 88.856,51 35,00% R$ 56.545,05 10,00% R$ 16.155,73 R$ - R$ -
ESTRUTURA METÁLICA R$ 585.215,48 R$ - 55,00% R$ 321.868,51 35,00% R$ 204.825,42 10,00% R$ 58.521,55 R$ -
PAREDES E FECHAMENTOS R$ 133.333,67 R$ - 10,00% R$ 13.333,37 30,00% R$ 40.000,10 30,00% R$ 40.000,10 30,00% R$ 40.000,10 R$ -
PORTAS E ESQUADRIAS R$ 28.665,83 R$ - 50,00% R$ 14.332,92 50,00% R$ 14.332,92 R$ - R$ - R$ -
COBERTURA R$ 56.023,19 R$ - R$ - 30,00% R$ 16.806,96 40,00% R$ 22.409,28 25,00% R$ 14.005,80 5,00% R$ 2.801,16
REVESTIMENTOS R$ 514.380,74 R$ - R$ - 10,00% R$ 51.438,07 20,00% R$ 102.876,15 70,00% R$ 360.066,52 R$ -
INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS E SANITÁRIAS R$ 12.184,54 R$ - R$ - 10,00% R$ 1.218,45 20,00% R$ 2.436,91 35,00% R$ 4.264,59 35,00% R$ 4.264,59
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E DE TELEFONIA R$ 91.289,48 30,00% R$ 27.386,84 40,00% R$ 36.515,79 30,00% R$ 27.386,84 R$ -
SISTEMA DE AR CONDICIONADO R$ 19.482,28 R$ - R$ - R$ - R$ - 30,00% R$ 5.844,68 70,00% R$ 13.637,60
LIMPEZA R$ 1.606,06 100,00% R$ 1.606,06
TOTAIS R$ 2.205.960,50 6,61% 145.809,57 10,03% 221.234,36 27,99% 617.522,11 23,26% 513.144,57 27,11% 598.015,28 5,00% 110.234,60

VALOR DOS Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6


DIFERENÇA
SERVIÇOS 1,19% 17.640,60 1,49% 19.214,33 1,14% -17.664,33 -0,33% -44.968,45 -3,78% -132.679,44 0,30% -930,57
Jogo de Cronograma

- O jogo de cronograma é uma prática bastante difícil de ser evitada pela


Administração Pública. Ainda que o edital tenha estabelecido critérios de
aceitabilidade de preço unitário, as licitantes dispõem de artifícios para inflar o preço
dos serviços iniciais da obra.

- Por exemplo, determinada licitante pode apresentar 20% de desconto em relação ao


orçamento da Administração, e com todos os preços unitários inferiores aos previstos
pela Administração. No entanto, a proposta da licitante pode adotar os preços dos
serviços da primeira metade da obra sem nenhum desconto em relação ao orçamento-
base, enquanto os preços da segunda metade da obra foram cotados com 40% de
desconto.

- Apesar de não haver dano ao erário decorrente de superfaturamento, há o risco de a


construtora abandonar a obra, depois de executar a parte que lhe é interessante. Além
disso, o abandono do contrato leva à ocorrência de jogo de planilha, pois os valores
pagos pelos serviços que foram executados estão com desconto inferior ao desconto
médio contratado.
Jogo de Cronograma

Decreto 7.983/2013

• Art. 13. Em caso de adoção dos regimes de empreitada por preço


global e de empreitada integral, deverão ser observadas as seguintes
disposições para formação e aceitabilidade dos preços:
I - na formação do preço que constará das propostas
dos licitantes, poderão ser utilizados custos unitários diferentes
daqueles obtidos a partir dos sistemas de custos de referência
previstos neste Decreto, desde que o preço global orçado e o de cada
uma das etapas previstas no cronograma físico-financeiro do contrato,
observado o art. 9o, fiquem iguais ou abaixo dos preços de referência
da administração pública obtidos na forma do Capítulo II, assegurado
aos órgãos de controle o acesso irrestrito a essas informações; e
Parágrafo único. Para o atendimento do art. 11, os
critérios de aceitabilidade de preços serão definidos em relação ao
preços global e de cada uma das etapas previstas no cronograma
físico-financeiro do contrato, que deverão constar do edital de
licitação.
Regime Jurídico Próprio

Segundo Bandeira de Mello, o contrato administrativo é


"um tipo de avença travada entre a Administração e
terceiro na qual, por força de lei, de cláusulas pactuadas
ou do tipo de objeto, a permanência do vínculo e as
condições preestabelecidas sujeitam-se a cambiáveis
imposições de interesse público, ressalvados os interesses
patrimoniais do contratante privado.”
Contrato Administrativo X Contrato de
Direito Privado

Peculiaridades em relação ao princípio da autonomia


da vontade e da força obrigatória dos contratos;
cláusulas pré-redigidas unilateralmente pela
Administração;
regime jurídico próprio - princípio da supremacia do
interesse público sobre o particular e da
indisponibilidade do interesse público.
Prerrogativas da Administração

Em função da preeminência do interesse público, o


ordenamento jurídico conferiu à Administração certas
prerrogativas na celebração de contratos
administrativos, que a colocam num patamar
diferenciado em face do particular que com ela
contrata.
Prerrogativas da Administração
Lei nº 8.666/1993
Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos
instituído por esta Lei confere à Administração, em
relação a eles, a prerrogativa de:
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor
adequação às finalidades de interesse público,
respeitados os direitos do contratado;
II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos
especificados no inciso I do art. 79 desta Lei;
III - fiscalizar-lhes a execução;
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total
ou parcial do ajuste;
Prerrogativas da Administração
Lei nº 8.666/1993
Art. 58 (...)
V - nos casos de serviços essenciais, ocupar
provisoriamente bens móveis, imóveis, pessoal e
serviços vinculados ao objeto do contrato, na hipótese
da necessidade de acautelar apuração administrativa
de faltas contratuais pelo contratado, bem como na
hipótese de rescisão do contrato administrativo.
§ 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias
dos contratos administrativos não poderão ser
alteradas sem prévia concordância do contratado.
§ 2º Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusulas
econômico-financeiras do contrato deverão ser
revistas para que se mantenha o equilíbrio contratual.
1Prerrogativas da Administração

não aplicação da regra da “exceção do contrato não


cumprido” contra a Administração, por prazo inferior
a 90 dias no caso de atraso no pagamento e 120
dias na hipótese de suspensão da execução do
contrato (art. 78, XIV e XV, da Lei nº 8.666/1993);

declarar a nulidade contratual (art. 59 da nº Lei


8.666/1993);
1Prerrogativas da Administração

no caso de rescisão unilateral do contrato:


 reter créditos decorrentes do contrato até o montante dos
prejuízos causados à Administração (art. 80, IV, da Lei nº
8.666/1993);
 assumir o objeto contratado (art. 80, I, da Lei nº
8.666/1993).
Noções Gerais

O contrato administrativo pode ser alterado nos casos


previstos no art. 65 da Lei nº 8.666/1993, desde que
haja interesse da Administração.
Para que as modificações contratuais sejam válidas,
elas devem ser justificadas por escrito e previamente
autorizadas pela autoridade competente.
De acordo com o art. 65 da Lei de Licitações, as
alterações contratuais podem ser unilaterais, quando
procedidas pela Administração, ou por acordo entre as
partes (Administração e contratado).
1Alteração Unilateral

A alteração unilateral pode ocorrer nas seguintes


situações:
 alteração quantitativa: modificação do valor do contrato em
razão de acréscimo ou diminuição nos quantitativos do seu
objeto;
 alteração qualitativa: modificação do projeto ou das
especificações para melhor adequação técnica aos seus
objetivos.
As alterações qualitativas somente são admitidas
quando não importem modificação das características
básicas do objeto ou redução de seus atributos,
estando limitadas a acrescer ou detalhar as
especificações originais.
1Alteração Unilateral

 É pacífica a jurisprudência do TCU de que as


eventuais alterações de projeto devem ser
precedidas de procedimento administrativo no qual
fique adequadamente consignada a motivação das
alterações tidas por necessárias, que devem ser
embasadas em pareceres e estudos técnicos
pertinentes, bem como deve restar caracterizada a
natureza superveniente, em relação ao momento da
licitação, dos fatos ensejadores das alterações.
 Nesse sentido, citam-se os Acórdãos Plenários
2.161/2011, 517/2011, 1.597/2010, 2.588/2010,
2.032/2009, 2.053/2015 e 2.714/2015.
Alteração por Acordo das Partes

A alteração por acordo das partes pode ocorrer nas


seguintes situações:
 quando for conveniente substituir a garantia para a
execução do contrato;
 quando for necessário modificar:
 o regime de execução, pela constatação técnica de que os
termos originais do contrato não se aplicam mais;
 a forma de pagamento, por imposição de circunstâncias que
surgirem após a assinatura do contrato, devendo ser mantido
seu valor inicial atualizado;
 para restabelecer a relação inicialmente pactuada, visando
manter o equilíbrio econômico-financeiro inicial do
contrato;
Alteração Contratual
Interesse Público x Interesse do Particular
Acórdão 852/2016-Plenário:
21. Em função da preponderância do interesse público, o ordenamento
jurídico conferiu à Administração certas prerrogativas na celebração de
contratos administrativos, que a colocam num patamar diferenciado em face
do particular que com ela contrata. Dessa maneira, não subsiste amparo
normativo para um termo aditivo onerar injustificadamente o contratante ou
para permitir a alteração do serviço com perda de qualidade para o
contratante ou com aumento de preço, quando a solução especificada
atende satisfatoriamente os requisitos da obra. É o que se dessume do art.
58, inciso I, da Lei 8.666/1993, in verbis: (...)
22. Interpreta-se da disposição acima, que o atendimento ao interesse
público é finalidade de toda contratação firmada pelo Poder Público. Esse é
o critério fundamental a ser adotado na interpretação dos contratos
celebrados com a Administração. Portanto, nesses contratos não há como
interpretar suas cláusulas voltadas a atender exclusivamente interesses
individuais do contratado.
Alteração Contratual
Interesse Público x Interesse do Particular
Acórdão 852/2016-Plenário:
23. Assim, o acolhimento de pleitos de aditamento contratual apresentados
pelas empresas contratadas deve ser visto com extrema cautela, pois, em
muitos casos, representa uma completa inversão da ordem jurídica que rege
os contratos administrativos. Primeiro porque a alteração do projeto
contratado ou de suas especificações é unilateral, não necessitando ser
solicitada pela contratada, e sim imposta ao contratado pelo contratante.
Segundo porque a modificação unilateral do contrato decorre da supremacia
do interesse público em relação ao privado, bem assim de sua
indisponibilidade, e não visa meramente atender interesses subjetivos e
patrimoniais privados do contratado.
24. Por óbvio, não há nenhuma ilegalidade na celebração de aditivos
contratuais, previstos nos incisos I e II do art. 65 da Lei de Licitações e
Contratos. No entanto, a modificação deve ocorrer dentro do âmbito da
discricionariedade do gestor. Esse é o ensinamento de Marçal Justen Filho
[Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos, 10ª edição, fl.
524]:
Alteração Contratual
Interesse Público x Interesse do Particular
Acórdão 852/2016-Plenário:
“(…) A alteração do contrato retrata, sob alguns ângulos, uma competência
discricionária da Administração. Não existe, porém, uma liberdade para a
Administração impor a alteração como e quando melhor lhe aprouver. (…) a
contratação é antecedida de um procedimento destinado a apurar a forma
mais adequada de atendimento ao interesse público. Esse procedimento
conduz à definição do objeto licitado e à determinação das regras do futuro
contrato. Quando a Administração pactua o contrato, já exercitou a
competência ‘discricionária’ correspondente. A Administração, após realizar
a contratação, não pode impor alteração da avença mercê da simples
invocação da sua competência discricionária. (...)
A Administração tem de evidenciar, por isso, a superveniência de motivo
justificador da alteração contratual. Deve evidenciar que a solução
localizada na fase interna da licitação não se revelou, posteriormente, como
a mais adequada. Deve indicar que os fatos posteriores alteraram a situação
de fato ou de direito e exigem um tratamento distinto daquele adotado. Essa
interpretação é reforçada pelo disposto no art. 49, quando ressalva a
faculdade de revogação da licitação apenas diante de ‘razões de interesse
público decorrente de fato superveniente…”.
Alteração Contratual
Interesse Público x Interesse do Particular
Acórdão 852/2016-Plenário:
25. O particular, exercendo o seu direito de petição, pode formular pedidos
de aditamento contratual que versem sobre a alteração do projeto ou das
especificações ou, ainda, de recomposição do equilíbrio econômico-
financeiro do ajuste, pois a execução do objeto pressupõe expertise do
contratado, o qual pode vislumbrar melhores soluções técnicas para a obra,
e propô-las para a Administração.
26. Avaliando que as modificações sugeridas pela empresa contratada
proporcionariam qualidade superior, antecipação do prazo de conclusão,
redução dos valores contratuais ou outros benefícios mensuráveis, poderia
haver a alteração do ajuste, observados os limites legais e mantendo
intangível o objeto pactuado. Porém, não haveria interesse público em
realizar alterações nas especificações que tornassem a execução do ajuste
injustamente mais onerosa ou com perda de qualidade para a
Administração. Tais alterações contratuais são ilegais e devem ser anuladas
quando constatadas, eis que estão eivadas de vício.
Interesse Público x Interesse do Particular
27. Outrossim, é muito frequente que seja observada pela construtora alguma
deficiência no projeto básico licitado, o que exigirá a celebração de termo de
aditamento para formalizar as alterações tidas por necessárias, ainda que
aumentando o encargo a ser suportado pelo Poder Público. Porém, não pode
deixar a Administração de realizar um exame pormenorizado dos
apontamentos realizados pela contratada, sob pena de se caracterizar a
prática ilegal da revisão de projeto básico ou a elaboração de projeto executivo
que transfigure o objeto originalmente contratado em outro de natureza e
propósito diversos, o que é condenado por pacífica jurisprudência desta Corte
de Contas, consubstanciada na Súmula 261.
28. Faço todas essas considerações, pois percebo na execução das obras
públicas em geral um amplo espectro de ilegalidades e de abusos no poder de
alterar as condições contratuais advindas da licitação. Consoante expôs
magistralmente o Ministro Augusto Nardes no voto condutor do Acórdão
1.874/2007-Plenário, “perdeu-se de vista que as alterações substantivas do
contrato estão condicionadas a um ganho qualitativo ou quantitativo para o
interesse público. Longe disso, as revisões são aplicadas via de regra para a
refeitura praticamente integral do projeto previamente aprovado, geralmente
com aumento do custo inicialmente previsto, sem que disso resulte para os
usuários finais qualquer benefício adicional em relação ao que lhe era dado
esperar no início da contratação”.
Interesse Público x Interesse do Particular
29. O sumário da referida deliberação também nos trouxe importantes
ensinamentos que podem ser aplicados ao caso em exame:
“6. As alterações contratuais fora das hipóteses relacionadas no art. 65, inciso
II, da Lei 8.666/1993, subordinam-se a um ganho quantitativo ou qualitativo
palpável para os usuários finais das obras, não se admitindo a reformulação do
projeto, em virtude de erro, omissão, obsolescência ou qualquer outro motivo
que acarrete aumento do custo do empreendimento”.
30. Este último entendimento relaciona-se com outra fonte frequente de
aditamentos irregulares de contratos. Muitas vezes, por inépcia da empresa
contratada, esta formula sua proposta eivada de erros de avaliação e de
omissões de custos de serviços necessários à completa execução contratual.
Baseando-se em supostas deficiências do orçamento estimativo elaborado
pelo órgão contratante para servir como referencial da contratação, o
construtor pleiteia a celebração de termos de aditamento contratual com vistas
a corrigir tais erros ou omissões. Tais pedidos, em geral são improcedentes,
eis que passam ao largo do fato de que o orçamento contratado não foi aquele
elaborado pela Administração, e sim o apresentado na proposta do particular.
É o que dispõe o art. 55, inciso XI, da Lei 8666/1993, que vincula o contrato à
proposta ofertada pelo licitante vencedor.
Formalização das Alterações Contratuais

As alterações contratuais devem ser formalizadas por


meio dos seguintes instrumentos jurídicos:
 termo de aditamento
 apostila contratual

O termo de aditamento deve ser utilizado nas


hipóteses em que o ajuste tenha sido formalizado por
meio de termo de contrato e a alteração não possa
ser realizada por apostilamento (art. 65, § 8º).
As alterações formalizadas por meio de termo de
aditamento exigem prévio exame do órgão jurídico da
Administração contratante.
Formalização das Alterações Contratuais

As hipóteses de apostilamento são restritas e estão


expressas no art. 65, § 8º, da Lei 8.666/1993, a saber:
a) variação do valor contratual para fazer face ao reajuste de
preços previsto no próprio contrato;
b) atualizações, compensações ou penalizações financeiras
decorrentes das condições de pagamento previstas em
contrato;
c) empenho de dotações orçamentárias suplementares até o
limite do seu valor corrigido.
Formalização das Alterações Contratuais
Nos casos de prorrogação do prazo de vigência
contratual, os termos de aditamento devem ser
celebrados previamente à expiração do prazo previsto
na avença, de modo a evitar a execução de serviços
sem cobertura contratual (Acórdão nº 740/2004 -
Plenário).
Já o aumento de quantitativos e serviços ou a inclusão
de serviços inicialmente não previstos somente poderá
ocorrer após a formalização do correspondente termo
de aditamento, tendo em vista o disposto no art. 60,
parágrafo único, da Lei nº 8.666/1993 (Acórdão nº
1489/2004 -Plenário).
Alterações de projeto

Lei 8666/93

• Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser


alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes casos:
I - unilateralmente pela Administração:
a) quando houver modificação do projeto ou das
especificações, para melhor adequação técnica aos seus
objetivos;
b) quando necessária a modificação do valor
contratual em decorrência de acréscimo ou diminuição
quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por esta
Lei;

Alteração Alteração
qualitativa quantitativa
Alterações de projeto

• Embora provoquem
alterações em quantidades
de serviços, não alteram a
dimensão – volume de
Qualitativas
serviço – do objeto
• Admissíveis, em regra,
tanto para EPU quanto para
EPG

Alterações

• Influenciam diretamente na
dimensão – volume de
serviço – do objeto
Quantitativas

• Admissíveis, em regra,
somente para EPU
Alterações de projeto

• 8.1 (...) responder à consulta formulada pelo (...) nos seguintes termos:

a) tanto as alterações contratuais quantitativas - que modificam


a dimensão do objeto – quanto as unilaterais qualitativas - que
mantêm intangível o objeto, em natureza e em dimensão, estão
sujeitas aos limites preestabelecidos nos §§ 1º e 2º do art. 65 da Lei nº
8.666/93, em face do respeito aos direitos do contratado, prescrito no
art. 58, I, da mesma Lei, do princípio da proporcionalidade e da
necessidade de esses limites serem obrigatoriamente fixados em lei;

Decisão 215/1999-P
Limites de alteração contratual

Lei 8.666/93

• Art. 65
§ 1o O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas
condições contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem
nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por
cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular
de reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50%
(cinquenta por cento) para os seus acréscimos.
Limites de alteração contratual

• 9.2. determinar ao [...] que, em futuras contratações, para efeito de


observância dos limites de alterações contratuais previstos no art. 65
da Lei nº 8.666/1993, passe a considerar as reduções ou supressões
de quantitativos de forma isolada, ou seja, o conjunto de reduções e
o conjunto de acréscimos devem ser sempre calculados sobre o valor
original do contrato, aplicando-se a cada um desses conjuntos,
individualmente e sem nenhum tipo de compensação entre eles, os
limites de alteração estabelecidos no dispositivo legal;

Acórdão 749/2010-Plenário
No mesmo sentido, os Acórdãos 1.428/2003,
2.206/2006, 2.048/2008, 1.981/2009, 749/2010,
1.200/2010, 1.924/2010, 2.530/2011, 2.738/2011,
510/2012, 645/2012, 906/2012, 1.498/2015,
1.536/2016, 2.005/2016, todos do Plenário, e
outros.
Limites de alteração contratual

Situação (2)- Adotado TCU


Situação (1) (Acórdão 749/2010-PL)
(A) Valor Inicial: R$100.000,00 (A) Valor Inicial: R$100.000,00
(B) Supressão: R$20.000,00 (B) Supressão: R$20.000,00
(C) Acréscimo: R$30.000,00 (D) Acréscimo: R$30.000,00
(D) Valor Final: R$110.000,00 (C) Valor Final: R$110.000,00
(E) Aditivo considerado: 10% (E) Aditivo considerado: 30%
(30.000/100.000)
Limites de alteração contratual

Questão:
É possível extrapolar os limites legais de acréscimos contratuais em obras
públicas? Em que casos?
Limites de alteração contratual

• 8.1 (...) responder à consulta formulada pelo (...) nos seguintes termos:

b) nas hipóteses de alterações contratuais consensuais,


qualitativas e excepcionalíssimas de contratos de obras e serviços, é
facultado à Administração ultrapassar os limites aludidos no item
anterior, observados os princípios da finalidade, da razoabilidade e da
proporcionalidade, além dos direitos patrimoniais do contratante
privado, desde que satisfeitos cumulativamente os seguintes
pressupostos:

Decisão 215/1999-Plenário
Limites de alteração contratual

• (cont.)
I - não acarretar para a Administração encargos contratuais
superiores aos oriundos de uma eventual rescisão contratual por
razões de interesse público, acrescidos aos custos da elaboração de
um novo procedimento licitatório;

II - não possibilitar a inexecução contratual, à vista do nível de


capacidade técnica e econômico-financeira do contratado;

III - decorrer de fatos supervenientes que impliquem em


dificuldades não previstas ou imprevisíveis por ocasião da contratação
inicial;

IV - não ocasionar a transfiguração do objeto originalmente


contratado em outro de natureza e propósito diversos;
Decisão 215/1999-Plenário
Limites de alteração contratual

• (cont.)
V - ser necessárias à completa execução do objeto original do
contrato, à otimização do cronograma de execução e à antecipação
dos benefícios sociais e econômicos decorrentes;

VI - demonstrar-se - na motivação do ato que autorizar o


aditamento contratual que extrapole os limites legais mencionados na
alínea "a", supra - que as consequências da outra alternativa (a
rescisão contratual, seguida de nova licitação e contratação)
importam sacrifício insuportável ao interesse público primário
(interesse coletivo) a ser atendido pela obra ou serviço, ou seja
gravíssimas a esse interesse; inclusive quanto à sua urgência e
emergência;

Decisão 215/1999-Plenário
Estudo de Caso – Cálculo do Limite
de Aditamento Contratual
Motivos para o Entendimento do TCU

30. Diante da necessidade de se estabelecer uma interpretação


coerente do art. 65, §§ 1º e 2º, da Lei 8.666/1993 com os princípios
insculpidos no art. 3º do mesmo diploma legal, em particular da
isonomia, da vinculação ao edital e do julgamento objetivo para a
escolha da proposta mais vantajosa, é inevitável concluir pela
impossibilidade de compensação entre acréscimos e supressões de
serviços. Caso contrário, o contrato administrativo seria uma espécie
de cheque em branco para o gestor, em conjunto com a licitante
vencedora, realizar quaisquer alterações contratuais, ainda que
desvirtuando por completo o objeto contratado.
31. Dada a recalcitrância observada na aceitação desse entendimento,
permito-me realizar uma breve exposição dos fundamentos e práticas
irregulares observadas ao longo do tempo que levaram à
consolidação da jurisprudência do TCU nesse sentido, pois
normalmente as extrapolações dos limites legais de aditamento
contratual estão atreladas às ocorrências arroladas a seguir:

Acórdão 2614/2016-Plenário
Motivos para o Entendimento do TCU

a) Descaracterização do objeto licitado, como se observa no caso em


exame e no Acórdão 1.428/2003-Plenário, o qual apreciou situação de
contrato que previa construção de uma barragem de terra e o aditivo
modificou o objeto para uma barragem de concreto. Outros casos de
alteração do objeto licitado atrelados à extrapolação dos limites legais
foram tratados nos Acórdãos 2.714/2015 e 2.195/2016, ambos do
Plenário, os quais apreciaram outras obras do Inea em situação
semelhante.
b) Supressão de serviços essenciais à funcionalidade do objeto licitado
ou que colocam em risco os serviços já concluídos, a exemplo do
ocorrido na Ferrovia Norte-Sul, no Estado de Goiás, situação
verificada nos Acórdãos Plenários 1.498/2015 e 2.005/2016. No
presente caso, houve redução da abrangência e dimensão da obra
com a intenção declarada de aumentar a margem para o acréscimo
de novos serviços.
c) “Jogo de Planilha” ou desequilíbrio econômico-financeiro do contrato
de forma desfavorável à Administração, que ocorre mediante o
acréscimo/inclusão de serviços com sobrepreço e/ou a supressão de
itens com elevado desconto.
Acórdão 2614/2016-Plenário
Motivos para o Entendimento do TCU
d) Inclusão deliberada de quantitativos superestimados na planilha
orçamentária da obra com o intuito de aumentar a margem para a inclusão
de novos serviços, mediante compensação com a supressão de serviços
cujo quantitativo foi superestimado. Tal prática foi observada, a título de
exemplo, no Acórdão 1.874/2007-Plenário, em que este Tribunal entendeu
que falece de fundamentação legal e respaldo técnico a elaboração de
planilhas orçamentárias de obras públicas com injustificada superestimativa
dos quantitativos dos serviços previstos. Igualmente foi a situação
observada no Acórdão 2.206/2006-Plenário, no qual o Ministro Nardes, com
a lucidez que lhe é peculiar, observou que “não raro, as supressões têm
sido processadas com o visível intuito de abrir espaço para a inclusão de
outros serviços, o que não deixa de ser uma forma de burlar a legislação”.
e) Realização de aditamentos injustificados e/ou sem fundamento legal, com
o intuito de atender meramente interesse privados e reivindicações dos
construtores em prejuízo ao princípio da supremacia do interesse público.
Inexiste interesse público em realizar alterações unilaterais nas
especificações ou projetos que tornem a execução da avença injustamente
mais onerosa ou com perda de qualidade para a Administração, conforme
entendimento que deixei consignado no Acórdão 852/2016-Plenário.

Acórdão 2614/2016-Plenário
Motivos para o Entendimento do TCU
f) Fuga ao dever de licitar, mediante a inclusão de itens estranhos ao
objeto licitado, e por meio de substanciais alterações na planilha
licitada, a exemplo do caso que ora se examina, as quais fazem com
que a maior parte do serviço efetivamente executado e liquidado sequer
tenha passado pelo crivo de um certame. Neste caso, após a supressão
de 64,44% dos serviços, remanesceu na planilha apenas 35,56% do
objeto originalmente licitado. Após o acréscimo ocorrido de 89,4% em
relação ao valor inicial contratado, é forçoso concluir que a maior parte
dos quantitativos medidos e pagos não foram objeto de um regular
procedimento licitatório.

Acórdão 2614/2016-Plenário
Modulação Temporal
“é juridicamente viável a compensação entre o conjunto de
acréscimos e supressões ao objeto dos contratos referentes a
obras de infraestrutura celebrados antes do trânsito em
julgado do Acórdão 749/2010 - Plenário por órgãos e
entidades vinculados ao Ministério dos Transportes”.

Acórdão 3105/2013-Plenário
Consequências
39. A respeito dos acréscimos contratuais superiores aos limites legais
previstos no art. 65, §1º, da Lei 8666/1993, registrados nos Contratos
14/2006 e 16/2006, foram ouvidos em audiência os senhores José Francisco
das Neves e Ulisses Assad.
40. No Contrato 14/2006, o terceiro, quinto e sétimo termos de aditamento
promoveram, em conjunto, supressões e acréscimos de serviços de,
respectivamente, 71,49% e 96,45% em relação ao valor original do contrato.
Por sua vez, no valor inicial do Contrato 16/2006 foram procedidas
supressões de 30,55% e acréscimos de 51,08%.
41. Tais percentuais foram calculados pela equipe de auditoria segundo
jurisprudência consolidada desta Corte de Contas, no sentido de que as
reduções ou supressões de quantitativos devem ser consideradas de forma
isolada, ou seja, o conjunto de reduções e o conjunto de acréscimos devem
ser sempre calculados sobre o valor original do contrato, aplicando-se a cada
um desses conjuntos, individualmente e sem nenhum tipo de compensação
entre eles, os limites de alteração estabelecidos no art. 65 da Lei 8.666/1993.
42. Os responsáveis alegaram, em síntese, que foi observada a disposição
da Lei 8.666/1993, que não especifica que os acréscimos e supressões
devam ser contabilizados de forma individual e sim sobre o valor contratual.

Acórdão 1498/2015-Plenário
Consequências
(...)45. Conforme registrado pela equipe de auditoria, a situação
encontrada alterou significativamente os quantitativos dos projetos
inicialmente contratados, ocasionando relevantes alterações em relação
ao projeto básico originalmente licitado. Do contrato 14/2006, por
exemplo, permaneceu na planilha menos de 29% do objeto originalmente
licitado. Embora não tenha ocorrido variação superior a 25% do valor
inicial do contrato, o objeto licitado foi profundamente alterado.
46. No âmbito da auditoria realizada no Fiscobras/2012, apreciada
recentemente pelo Acórdão 1.351/2015-TCU-Plenário, também foi
verificada que a assinatura de aditivos contratuais promoveu a exclusão
de serviços descaracterizando funcionalmente o objeto inicialmente
licitado. (...)
46. É de se observar também que há evidências de que houve supressão
de itens que eram essenciais para a conclusão do objeto ou à integridade
da ferrovia (proteção vegetal de taludes e drenagem) em alguns pontos,
causando perda de serviços já realizados, conforme relatado no relatório
que fundamentou o Acórdão 1.351/2015-TCU-Plenário.
47. Foi observado que no lote 1 da FNS (Contrato 14/2006) ficaram
pendentes de execução os seguintes serviços:

Acórdão 1498/2015-Plenário
Consequências
a) a execução da superestrutura no Túnel 2;
b) o reparo e complemento da infraestrutura e execução da superestrutura
do trecho final de aproximadamente 7 km entre o Túnel 2 e o Pátio
Intermodal do Porto Seco;
c) a solução para as oito interferências com redes elétricas de 69 kV e 138
kV existentes entre o Túnel 2 e o pátio Intermodal do Porto Seco; e
d) a execução do Pátio Intermodal de Anápolis, junto ao Porto Seco, motivo
de existência do Ramal Ouro Verde – Anápolis formado pelos lotes S/N e 1.
48. No Lote 3, objeto do Contrato 16/2006, o relatório que embasa
o Acórdão 1.351/2015-TCU-Plenário informa que houve modificação por
termo aditivo que retirou 100% dos dormentes com bitola mista e, em seu
lugar, permitiu a construção do lote apenas com dormentes de bitola larga,
ou seja, sem os shoulders para a instalação do terceiro trilho, criando para
a Valec ou para a futura concessionária a necessidade de substituição de
todos os dormentes do lote para levar a ferrovia à sua condição operacional
de projeto.
49. Assim, a supressão de serviços indispensáveis para a operação da
ferrovia teve como único objetivo aumentar a margem para acréscimos de
serviços, de forma que o valor final do contrato não superasse em mais de
25% o seu valor original.
Acórdão 1498/2015-Plenário
Consequências
51. Dessa forma, adoto na presente deliberação o mesmo
posicionamento acolhido no Acórdão 1.910/2012-Plenário, que multou os
referidos responsáveis por falha idêntica.

Acórdão 1498/2015-Plenário
Comentários sobre o Ac. 749/2010-Plenário
● Trata-se de mera interpretação com uma regra algébrica de como calcular
os limites legais de aditamento.
● A bem da verdade, o TCU adota tal premissa desde 2003, conforme se
depreende do Acórdão 1428/2003-Plenário.
● Os gestores públicos não deveriam se importar tanto com o critério de não
compensar os acréscimos e supressões de serviços.
● O entendimento do TCU realmente importante é aquele contido na Decisão
215/1999-Plenário, o qual estabelece em que situações os limites legais de
aditamento podem ser ultrapassados.
● Ainda que se admitisse compensar acréscimos e supressões de serviços, o
problema não deixaria de existir. Dada a qualidade precária de vários
projetos, é muito comum haver a extrapolação dos limites legais. E o que
fazer? Paralisar a obra? Licitar o remanescente? Aditar o contrato acima do
limite legal?
● Vai acabar sendo necessária a utilização da Decisão 215/1999.
Comentários sobre o Ac. 749/2010-Plenário
● Enfatiza-se que os limites de 25% ou 50% se referem ao valor global do
contrato. Não há absolutamente nenhum óbice para um determinado
serviço ser aditado em percentual muito superior.
● Explicando melhor, os limites de 25% ou 50% estão relacionados com os
critérios de adjudicação da licitação (por item ou por lote). Por exemplo,
numa licitação para a merenda escolar, foram adjudicados 100 abacates e
100 melancias em um mesmo lote, então cada gênero alimentício poderá
ser aditado em mais de 25%, desde que respeitado o tal percentual em
relação ao valor global da contratação.
● Caso a adjudicação fosse por item, tendo a mesma empresa se sagrado
vencedora do item “abacate” e do item “melancia”, entende-se que cada
quantitativo só poderia ser acrescido em 25%.
● Importante ressaltar que os aditamentos enquadrados no art. 65, inciso II,
alínea “d” (reequilíbrio econômico-financeiro) não são computados no
cálculo dos limites legais de 25% (ou 50%, no caso de reformas).
Comentários sobre o Ac. 749/2010-Plenário
● Em contratos de caráter continuado, o TCU, ao examinar caso que
envolvia a verificação do percentual de alteração contratual quantitativa
nessa espécie de contrato, entendeu que a base de cálculo deve ser o
valor original da avença, sem qualquer acréscimo oriundo das
prorrogações:
“20. No caso sob exame, os acréscimos de valor se deveram a alterações
quantitativas de objeto e não simplesmente a sucessivas prorrogações de
serviços contínuos. Assim, nos termos do art. 65 da Lei de Licitações, o
cálculo do limite previsto nos §§ 1º e 2º do dispositivo, deve tomar como base
o valor inicial atualizado do contrato, sem os acréscimos advindos das
prorrogações.” (Acórdão 1.550/2009-Plenário).
● Exemplificando, se o contrato de prestação de serviço contínuo foi
pactuado por um valor hipotético de 100, e foi, posteriormente, prorrogado
cinco vezes, o valor global da contratação será de 500. Nessa linha, para
fins de cálculo do percentual de alteração, a Administração deverá
considerar não o valor 500, mas sim o valor 100, atualizado –reajustado
ou revisado -, para aplicar o limite contido no Art. 65, §1º da Lei de
Licitações.
Comentários sobre o Ac. 749/2010-Plenário
● Por meio do Acórdão 1.733/2009-Plenário o TCU entendeu que os termos
aditivos que modifiquem o valor originalmente contratado devem observar
o seguinte balizamento:
"I - tais limites não se referem ao saldo dos acréscimos menos os
decréscimos, mas ao total tanto dos acréscimos quanto dos decréscimos;
II - para se efetuar o cálculo do valor possível a ser aditado, deve-se, além
de atualizar o valor inicial do contrato, atualizar também os valores dos
aditivos já efetuados;
III - o valor encontrado considerando a atualização do contrato se refere ao
valor possível de ser aditado na data em questão, mas, para se efetuar o
aditivo a preços iniciais, deve-se deflacionar o valor encontrado até a data-
base".
● A despeito de tal precedente, recomenda-se trabalhar com todos os
preços originais (a P0), pois é uma forma mais pragmática para calcular
os percentuais de aditamento.
● Utilizar preços contratuais reajustados podem fazer o gestor cair em
algumas “armadilhas”, conforme tabelas a seguir:
Comentários sobre o Ac. 749/2010-Plenário
Comentários sobre o Ac. 749/2010-Plenário
Comentários sobre o Ac. 749/2010-Plenário
● Dependendo de como a planilha orçamentária é estruturada, pode haver a
necessidade de aditar mais ou menos o contrato.
● Por exemplo, considere que uma planilha orçamentária contém, dentre
outros serviços, os seguintes itens:

Item Descrição Unid Quantidade Preço Unit


1 Bloco A
1.1 Revestimento de piso em M2 100 R$ 150,00
porcelanato
...
2 Bloco B
2.1 Revestimento de piso em M2 180 R$ 150,00
porcelanato
...

Por uma necessidade superveniente, foi necessário suprimir 50 unidades do


item 1.1 e acrescer outras 50 unidades no item 2.1. Será necessário celebrar
aditivo? SIM
Comentários sobre o Ac. 749/2010-Plenário
● Digamos que a planilha orçamentária tivesse sido estruturada com um
único serviço “Revestimento de piso em porcelanato”. A alteração
procedida, que não tem impacto financeiro, precisaria ser formalizada
por meio de um aditivo?
● Veja que existem três vertentes numa alteração de projeto:
● A) A técnica. Indiscutivelmente a alteração do piso de porcelanato
mudou fisicamente o objeto executado. A rigor seria necessário um novo
projeto e uma ART de alteração.
● B) A financeira, que não existe no caso em discussão, pois a supressão
do serviço correspondeu a inclusão de idêntica quantidade do mesmo
serviço em outro local.
● C) A jurídica, que exige a análise da alteração do objeto à luz de
disposições legais, princípios de direito e cláusulas contratuais e
editalícias. No nosso exemplo, imagine que o Bloco A está em Macapá e
o Bloco B está em Porto Alegre. Será que tal alteração não prejudicaria
a isonomia do certame? Ou favoreceria/prejudicaria a empresa. E se a
construtora fosse sediada em Macapá.
Comentários sobre o Ac. 749/2010-Plenário
● É situação recorrente durante a execução contratual que existam pequenas
alterações no projeto executivo, tais como eliminação de interferências,
encaminhamentos das instalações, mudanças de paginação de
revestimentos, mudanças de locação de pontos de hidráulica, luminárias,
dutos de insuflamento de ar condicionado etc.
● Seria necessário celebrar aditivo para todas essas alterações? Veja o que
Decidiu o TCU no Acórdão 2053/2015-Plenário:
13. Com relação à execução de serviços em desacordo com o projeto executivo, a
equipe de auditoria confrontou as previsão dos principais elementos construtivos do
empreendimento no projeto executivo com o as built, identificando diversas
modificações não justificadas, conforme apresentado na tabela do relatório que
fundamenta esta deliberação.
14. Considero que algumas modificações são possíveis, até mesmo esperadas, entre
o objeto executado e o seu projeto, sem que exista necessidade de haver
justificativas técnicas ou celebração de aditivos contratuais. Seria o caso de
modificações pontuais de locação dos elementos construtivos ou de encaminhamento
das redes e instalações diversas. Porém, tais mudanças não podem trazer reflexo
nos quantitativos, nas especificações técnicas ou no dimensionamento dos serviços
contratados, o que exigiria necessariamente a prévia celebração de aditamento
contratual, nos termos do art. 65, inciso I, alínea “a”, da Lei 8.666/1993.
Exercício sobre o Ac. 749/2010-Plenário

 Considere um contrato em execução com aditivo já


formalizado de 20%. Constatada a impossibilidade de
execução de parte do escopo contratado, o
percentual acima indicado seria altarado com a
possível redução do escopo contrado? O que se
considera valor original do contrato?
Exercício sobre o Ac. 749/2010-Plenário

Resolução:
 Valor original contratado: R$ 100,00
 Valor acrescido pelo 1º Aditivo R$ 20,00 (Obs: já pode ter
havido extrapolação do limite legal).
 Valor do contrato aditado: R$ 120,00.
 Margem teórica máxima para a inclusão de novos
serviços ou acréscimos dos quantitativos existentes: R$
5, ou 5% do valor original contratado.
 Adianta alguma coisa suprimir uma parte do objeto? Não,
Pois não é realizada compensação entre acréscimos e
supressões.
Particularidades de Aditamentos
Contratuais no RDC
Algumas Inovações e Pontos Polêmicos do RDC
● Inversão das fases de habilitação e apresentação das propostas de preço;
● Fase recursal única;
● Sigilo do orçamento;
● Contratação integrada a partir de anteprojeto de engenharia;
● Remuneração variável vinculada ao desempenho do contratado;
● Negociação de condições mais vantajosas com as licitantes;
● Contratação simultânea para o mesmo objeto;
● Possibilidade de disputa por lances;
● Procedimento de disputa aberto ou fechado, permitindo a combinação de
ambos os modos de disputa;
● Formato eletrônico ou presencial;
● Possibilidade de lances intermediários ou de o edital estabelecer intervalo
mínimo entre dois lances subsequentes de uma mesma licitante.
Algumas Inovações e Pontos Polêmicos do RDC
● Divulgação eletrônica do edital, acabando com a obrigatoriedade de
publicação de avisos de licitação em jornais.
● Novos critérios de julgamento das propostas: (i) menor preço ou maior
desconto; (ii) técnica e preço; (iii) melhor técnica ou conteúdo artístico; (iv)
maior oferta de preço; (v) maior retorno econômico;
● Catálogo eletrônico de padronização de compras, serviços e obras;
● Contratos de eficiência;
● Pré-qualificação permanente;
● Acesso a documentos contábeis da contratada;
● Novos critérios para exame da exequibilidade e economicidade das
propostas;
● Uso do Sinapi e de outras fontes de preços referenciais.
As duas opções do RDC
Contratação Integrada (Lei 12.462/2011)
Art. 9o Nas licitações de obras e serviços de engenharia, no
âmbito do RDC, poderá ser utilizada a contratação integrada,
desde que técnica e economicamente justificada e cujo
objeto envolva, pelo menos, uma das seguintes condições:
I - inovação tecnológica ou técnica;
II - possibilidade de execução com diferentes metodologias;
ou
III - possibilidade de execução com tecnologias de domínio
restrito no mercado.
§1o A contratação integrada compreende a elaboração e o
desenvolvimento dos projetos básico e executivo, a execução
de obras e serviços de engenharia, a montagem, a realização
de testes, a pré-operação e todas as demais operações
necessárias e suficientes para a entrega final do objeto.
Contratação Integrada (Lei 12.462/2011)
§ 3o Caso seja permitida no anteprojeto de engenharia a
apresentação de projetos com metodologias diferenciadas
de execução, o instrumento convocatório estabelecerá
critérios objetivos para avaliação e julgamento das
propostas.
Contratação Integrada (Lei 12.462/2011)
§ 4o Nas hipóteses em que for adotada a contratação integrada, é
vedada a celebração de termos aditivos aos contratos
firmados, exceto nos seguintes casos:
I - para recomposição do equilíbrio econômico-financeiro
decorrente de caso fortuito ou força maior; e
II - por necessidade de alteração do projeto ou das
especificações para melhor adequação técnica aos objetivos
da contratação, a pedido da administração pública, desde que
não decorrentes de erros ou omissões por parte do contratado,
observados os limites previstos no § 1o do art. 65 da Lei no
8.666, de 21 de junho de 1993.
§ 5o Se o anteprojeto contemplar matriz de alocação de riscos
entre a administração pública e o contratado, o valor estimado
da contratação poderá considerar taxa de risco compatível com
o objeto da licitação e as contingências atribuídas ao
contratado de acordo com metodologia predefinida pela
entidade contratante.
Limites de Legais de Aditamento em Contratos
Derivados do RDC

● Aplicam-se os limites previstos nos §§ 1º e 2º do art. 65 da


Lei 8.666/1993.
● Desta feita, os contratos não poderão sofrer acréscimos e/ou
supressões contratuais superiores a 25% (nos casos gerais)
ou 50% (nos casos de reforma de edifícios ou
equipamentos).
O uso da Matriz de Riscos na Contratação Integrada
● A contratação integrada é complexa, pois envolvem a realização de um
negócio jurídico que têm por objeto empreendimentos de grande vulto e
partes com interesses antagônicos e incompletos, haja vista que a
previsão de forma exaustiva das diversas situações possíveis é tarefa
bem difícil.
● Para que a contratação integrada mostre-se eficaz, é fundamental que
os diversos riscos associados ao empreendimento sejam elencados e
analisados.
● A contratação integrada tem como objetivo atribuir maior
responsabilidade ao contratado e diminuir os riscos assumidos pela
Administração Pública em atividade que possa ser melhor
desempenhada pela iniciativa privada.
● Para que se consiga tal intento, a Administração Pública deverá alocar
de todos os riscos possíveis do empreendimento.
O uso da Matriz de Riscos na Contratação Integrada
● A matriz de riscos é uma das formas de se fazer a análise dos riscos
previstos para o empreendimento, servindo como diretriz para redação
das cláusulas contratuais. Nela, todos os riscos são indicados de forma
genérica, para serem futuramente regulamentados no contrato
administrativo.
● Assim, o equilíbrio econômico-financeiro do contrato será avaliado de
forma conjunta com a matriz de riscos.
● Para haver maior eficiência ao processo de contratação pública, deve-
se evitar que o contratado assuma riscos que seriam melhor geridos
pela Administração Pública, pois o princípio geral da alocação de risco
estabelece que o risco deve ser atribuído a quem tem melhor
capacidade de gerenciá-lo.
● Além disso, a matriz de riscos é informação indispensável para a
caracterização do objeto e das respectivas responsabilidades
contratuais, como também essencial para o dimensionamento das
propostas pelas licitantes.
O uso da Matriz de Riscos na Contratação Integrada
Risco Alocação Mitigação
Dificuldade de contemplar no projeto Contratado Cláusula contratual impondo a
básico as especificações constantes obrigação de alteração do projeto pelo
do anteprojeto. contratado.

Possibilidade de ultrapassar o prazo Contratado Exigência de garantia contratual ou


previsto para a elaboração dos seguro garantia (performance bond).
projetos básicos e/ou executivo, Cláusula contratual prevendo a
gerando custos adicionais. aplicação de penalidades e de rescisão
unilateral do contrato.

Não aprovação dos projetos pelo Contratado Exigência de garantia contratual ou


contratante. seguro garantia (Performance Bond).

Cláusula contratual impondo a


obrigação de alteração do projeto pelo
contratado.
O uso da Matriz de Riscos na Contratação Integrada
Risco Alocação Mitigação

Mudanças de projeto básico e/ou executivo Contratante Celebração de aditivo contratual.


por solicitação do contratante.

Mudanças de projeto por determinação de Contratante Celebração de aditivo contratual.


outras entidades públicas (prefeitura, corpo de
bombeiros etc.) ou exigidas para obtenção do
licenciamento ambiental do empreendimento.

Erros nos projeto elaborado pelo contratado. Contratado Cláusula contratual impondo a correção dos
erros por conta do contratado.

Cláusula contratual prevendo a aplicação de


penalidades e de rescisão unilateral do
contrato.

Detecção de condições geológicas que Contratado Seguro contra riscos de engenharia.


ensejem a alteração da solução das fundações
previstas no anteprojeto, gerando novos
custos para a conclusão da obra.
O uso da Matriz de Riscos na Contratação Integrada
Risco Alocação Mitigação
Erro na estimativa de custo da obra, inclusive os Contratado Seguro contra riscos de engenharia.
decorrentes de omissão de serviços no orçamento
e de previsões insuficientes de quantitativos de
serviços.

Erro na estimativa de prazo da obra. Contratado Seguro contra riscos de engenharia.


Alteração da legislação, regulamentos e normas Contratante Celebração de aditivo contratual.
que causem alteração do projeto.

Atraso na liberação da obra por fatos não Contratante Cláusula contratual prevendo revisão do
imputáveis ao contratado, gerando custos cronograma e/ou recomposição do equilíbrio
adicionais. econômico-financeiro.
Roubos e furtos na obra. Contratado Seguro contra riscos de engenharia.
Atrasos causados por demora na obtenção de Contratado Cláusula contratual prevendo a aplicação de
licenças ambientais por culpa do contratado penalidades e de rescisão unilateral do contrato.

Risco de inadimplência do contratante. Contratante Cláusula prevendo que o contratado pode


suspender os serviços e rescindir o contrato após
inadimplência superior a 90 dias.
O uso da Matriz de Riscos na Contratação Integrada
Risco Alocação Mitigação
Prejuízos advindos de quebra de máquinas ou Contratado Seguro contra riscos de engenharia.
de perda de materiais
Aumento de custos, perda de serviços e/ou Contratado/Contratante Cláusula contratual dispondo que o contratado
materiais, danos às instalações e atraso da arca com os prejuízos advindos chuvas
obra causados por chuvas ou outros eventos ocorridas dentro das médias históricas nos
climáticos e ambientais. últimos 12 meses, arcando o contratante com
os danos advindos de chuvas acima da média
histórica.
Danos e atrasos causados por inadimplência Contratado
dos fornecedores de materiais e
equipamentos.
Danos causados por acidentes de trabalho ou Contratado
por segurança inadequada do canteiro de
obras.
Prejuízos causados a terceiros devido à Contratado Seguro de Responsabilidade Civil
realização das obras
Eventos seguráveis caracterizados como Contratado Seguro de Riscos de Engenharia.
forçam maior ou caso fortuito, que
prejudiquem a continuidade da obra ou
elevem os custos incorridos pelo contratado.
O uso da Matriz de Riscos na Contratação Integrada
Risco Alocação Mitigação
Eventos seguráveis caracterizados como Contratado Seguro de Riscos de Engenharia.
forçam maior ou caso fortuito, que
prejudiquem a continuidade da obra ou
elevem os custos incorridos pelo contratado.
Eventos não seguráveis caracterizados como Contratante Recomposição do Equilíbrio Econômico-
forçam maior ou caso fortuito, que Financeiro.
prejudiquem a continuidade da obra ou
elevem os custos incorridos pelo contratado.
Aumento dos custos em virtude de alterações Contratado
das distâncias médias de transporte entre
jazidas, bota-foras e áreas de depósito de
materiais
Alteração da legislação, regulamentos e Contratante Recomposição do Equilíbrio Econômico-
normas que causem aumento no custo das Financeiro.
obras.
Mudanças tributárias alterando os custos da Contratante Recomposição do Equilíbrio Econômico-
obra, exceto alterações do imposto de renda e Financeiro.
da contribuição social sobre o lucro líquido.
Alteração das alíquotas do imposto de renda e Contratado
da contribuição social sobre o lucro líquido.
O uso da Matriz de Riscos na Contratação Integrada
Risco Alocação Mitigação
Gerenciamento e administração inadequada da Contratado
construção, causando aumento dos custos ou
descumprimento dos prazos contratuais.

Prejuízos causados por subcontratados. Contratado


Danos e atrasos causados por greves, Contratado/Contratante Cláusula contratual prevendo que o contratado
manifestações sociais e/ou públicas. arca com os prejuízos ocorridos em um prazo
até 30 dias, a cada período de 12 meses,
enquanto o contratante assume o ônus
decorrente das paralisações além desse prazo.

Custos associados ao atraso na conclusão da Contratado Cláusula contratual prevendo a aplicação de


obra por culpa do contratado. penalidades e de rescisão unilateral do contrato.

Atrasos causados por demora na obtenção de Contratante Recomposição do Equilíbrio Econômico-


licenças ambientais por culpa do contratante. Financeiro.

Revisão do prazo de execução contratual.

Atrasos causados por demora na obtenção de Contratado Cláusula contratual prevendo a aplicação de
licenças ambientais por culpa do contratado penalidades e de rescisão unilateral do contrato.
O uso da Matriz de Riscos na Contratação Integrada
Risco Alocação Mitigação
Aumentos nos custos com salários e materiais Contratado
de construção não decorrentes de alterações
tributárias ou políticas públicas, ensejando
aumentos de custos superiores aos índices de
reajuste contratual.
Prejuízos causados por erros e defeitos na Contratado Cláusula contratual prevendo a aplicação de
execução da obra ensejando reconstrução total penalidades e de rescisão unilateral do contrato.
ou parcial.
Problemas de liquidez financeira do construtor Contratado Cláusula contratual prevendo a aplicação de
ou de subcontratados. penalidades e de rescisão unilateral do contrato.
Não atendimento dos parâmetros mínimos de Contratado
performance estabelecidos no anteprojeto.
Custos adicionais gerados por ações judiciais Contratado
contra o construtor e os seus subcontratados
por força da execução da obra.
Interposição de ações judiciais contra o Contratado Cláusula contratual prevendo a retenção de
contratante por conta da realização da obra por parte dos pagamentos devidos ao contratado no
fatores atribuíveis ao contratado. caso do contratante ser acionado judicialmente
por fatores imputáveis ao contratado.
O uso da Matriz de Riscos na Contratação Integrada
● Acórdão TCU nº 1.510/2013 – Plenário:
9.1.3. a "matriz de riscos", instrumento que define a
repartição objetiva de responsabilidades advindas de
eventos supervenientes à contratação, na medida em que é
informação indispensável para a caracterização do objeto e
das respectivas responsabilidades contratuais, como
também essencial para o dimensionamento das propostas
por parte das licitantes, é elemento essencial e obrigatório
do anteprojeto de engenharia, em prestígio ao definido no
art. 9º, § 2º, inciso I, da Lei 12.462/2011, como ainda nos
princípios da segurança jurídica, da isonomia, do
julgamento objetivo, da eficiência e da obtenção da melhor
proposta;
Os Fundamentos da Contratação Integrada

Valoração e
Remuneração do Risco
(Métodos Qualitativos ou Quantitativos)

Mitigação do Risco
(Seguros, Performance Bond, Reequilíbrio
Econômico-Financeiro)

Matriz de Risco
Como Alocar os Riscos?
● Em geral, o particular deve assumir os riscos que atendam aos
seguintes critérios:
● Se refiram a uma obrigação finalística, em que possam adotar metodologias e
soluções alternativas para adimplemento do objeto;

● Não quebrem a isonomia do certame;

● Sejam preferencialmente passíveis de cobertura no mercado privado de seguros.

● O contratante deve assumir os riscos que atendam aos seguintes


critérios:
● Se refiram a uma obrigação de meio, em que não exista liberdade para modificar o
anteprojeto;

● Possam prejudicar a isonomia do certame, a exemplo dos riscos de informações


incompletas/imprecisas sobre as condições de contorno da obra;

● Não possam ser coberto no mercado privado de seguros.


Como Alocar os Riscos?
● A distribuição dos riscos deve ser coerente com a decisão de se utilizar
a contratação integrada.
● Se a Administração já sabe de antemão qual é a melhor solução para o
empreendimento, torna-se oneroso transferir maiores riscos (e custos)
à contratada, pois se pagará mais caro pela entrega do mesmo objeto.
● Logo para as parcelas do empreendimento em que a Administração
fixou e detalhou as soluções no anteprojeto, deve arcar com os riscos
decorrentes.
● Para as frações em que a contratada poderá propor metodologias
executivas de execução, tais riscos devem ser alocados ao particular.
● É possível prever riscos compartilhados, podendo-se instituir
mecanismos de remuneração variável para criar uma regra de “ganha-
ganha”, em que tanto o contratante quanto o contratado busquem os
mesmos objetivos.
Mitigação dos Riscos
● São instrumentos para mitigação dos riscos:
● Seguros de risco de engenharia – garante proteção contra riscos que afetam a
construção civil, tais como danos causados por incêndio, vendaval, chuvas e outros
eventos climáticos, erros de execução, sabotagens, roubos e furto qualificado.

● Performance bonds – seguro de garantia do contratante contra o risco de


descumprimento de contratos pelo contratado (construtor, fornecedor e prestador de
serviço). No Brasil é exigido pela legislação de licitações e contratos.

● Hedge – instrumento que visa a proteger operações financeiras contra o risco de


grandes variações de preço de determinado ativo.

Por exemplo, a construtora tem que realizar uma compra de uma mercadoria
importada no prazo de 90 dias. Para se proteger da oscilação do câmbio, pode
comprar hoje no mercado de futuros, um montante dessa divisa em valor equivalente
ao da compra.;

● Seguro de responsabilidade civil – seguro que garante o reembolso de quantias


pelas quais o segurado possa vir a ser responsabilizado civilmente em decorrência de
danos causados por terceiros. Podem ser contratadas as seguintes coberturas:
operações e instalações, produtos no Brasil e exterior; danos morais, responsabilidade
civil profissional, danos ambiental, custos de defesa na esfera judicial, dentre outros.
Mitigação dos Riscos
● São instrumentos para mitigação dos riscos:
● Depósitos em garantia – caução em dinheiro ou outros bens para assegurar o
cumprimento de obrigações contratuais e outros tipos de risco.

● CDS – Credit default swaps – é um tipo de derivativo de crédito por meio do qual há
uma troca de posições, em que o titulara de um crédito paga a uma contraparte
garantidora uma taxa anual, que varia na proporção em que oscilam os riscos, em
troca de uma proteção devida na ocorrência de um evento pré-definido. Essa proteção
pode consistir na liquidação em dinheiro do valor de face da dívida, na desvalorização
de um título ou no pagamento de um valor fixo ou variável, sendo, em geral, devida em
casos de inadimplência, insolvência ou diminuição de rating de crédito.

● Reequilíbrio Econômico-Financeiro - para os eventos alocados exclusivamente ao


contratante na matriz de riscos.

● Aditivos contratuais alterando o prazo e os quantitativos de serviços – para os


eventos decorrentes de alteração do projeto/especificações a pedido do contratante ou
decorrentes de riscos alocados ao contratante na matriz de riscos.

● Todo o risco que foi alocado para o contratado e que não


possa ser mitigado deve ser quantificado e remunerado.
Aditamento Contratual no RDC: Diferenças em
Relação à Lei 8.666/93
•Os contratos administrativos celebrados com base no RDC
reger-se-ão pelas normas da Lei 8.666/93, com exceção das
regras específicas previstas na Lei do RDC.
•Existem algumas diferenças no tocante ao prazo de vigência
contratual e nos aditamentos dos contratos celebrados no
regime de contratação integrada.
•Existe a hipótese de os contratos no RDC conterem
cláusulas de remuneração variável. Assim, existem algumas
conotações específicas em alterações contratuais nesse tipo
de contratação.
•O Regulamento do RDC (§2º, art. 70) estabelece que, em
ajustes com remuneração variável, ganhos advindos de ações
decorrentes da Administração Pública não serão considerados
no cômputo do desempenho do contratado.
Aditamento Contratual no RDC: Diferenças em
Relação à Lei 8.666/93
•Nas contratações integradas, há uma primeira etapa de
execução contratual em que o contratado irá desenvolver o
projeto básico para aprovação pela Administração.
•Nesse regime de execução contratual, os pleitos de
reequilíbrio econômico-financeiro e algumas alterações de
projeto devem ser analisados de acordo com a alocação
positivada na matriz de riscos.
•Nas contratações integradas, as alterações de escopo são
mais problemáticas, devido a não existir previamente uma
planilha orçamentária com quantitativos e preços unitários,
exigindo que algumas alterações contratuais tenham
condições negociadas entre as partes.
•Por fim, o fato de a obra ter sido licitada com orçamento
sigiloso torna automaticamente totalmente inócuo qualquer
pleito futuro apontando erro no orçamento base da licitação.
Execução de Serviços sem Cobertura Contratual
Questão:
Considere uma obra de extrema urgência, com grande apelo social e econômico,
durante a qual é constatada a necessidade de realizar a alteração do seu
projeto, exigindo a celebração de um aditivo contratual para suprimir alguns
serviços e acrescer outros necessários à execução do objeto.
Considerando o histórico do contratante, termos aditivos costumam levar três
meses em sua tramitação entre as diversas repartições envolvidas (consultoria
jurídica, setor orçamentário, serviço de gestão contratual e autoridade que
autorizará o aditivo). Todavia, a espera por tal prazo resultará na paralisação da
obra e no atraso de sua conclusão, causando prejuízos incalculáveis para a
sociedade.
Como deve proceder o fiscal? Autorizar a execução dos novos serviços antes da
celebração do aditivo? Ou suspender a execução do contrato até que o
instrumento seja formalizado?
Formalização do contrato
Lei 8.666/93

• Art. 60. Os contratos e seus aditamentos serão lavrados


nas repartições interessadas, as quais manterão arquivo
cronológico dos seus autógrafos e registro sistemático
do seu extrato, salvo os relativos a direitos reais sobre
imóveis, que se formalizam por instrumento lavrado em
cartório de notas, de tudo juntando-se cópia no
processo que lhe deu origem.

Parágrafo único. É nulo e de nenhum efeito o


contrato verbal com a Administração, salvo o de
pequenas compras de pronto pagamento, assim
entendidas aquelas de valor não superior a 5% (cinco
por cento) do limite estabelecido no art. 23, inciso II,
alínea "a" desta Lei, feitas em regime de adiantamento.
Formalização do contrato

• Voto Condutor:

É nulo o contrato verbal com a administração pública (Lei


8.666/93, art. 60, parágrafo único) e, por óbvio, são nulas as
alterações contratuais verbais e ilegais os pagamentos amparados
em tais alterações. Além disso, o pagamento de qualquer despesa
somente pode ser efetuado quando ordenado após sua regular
liquidação, assim entendido o ato de verificação do direito
adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos
comprobatórios do respectivo crédito (arts. 62 e 63 da Lei
4.320/64), isto é, no caso de obras públicas, tendo por base o
contrato e o projeto para o qual a empresa foi contratada para
executar (com suas alterações).

Acórdão 600/2007-1ª Câmara


Formalização do contrato
Ausência de cobertura contratual
• Trecho da Ementa:

• 1 - a prestação de serviço e o fornecimento de bens amparados em contrato


verbal constituem irregularidades que podem ensejar a aplicação de multa.

Acórdão 282/2008-Plenário

• Trecho da Ementa:

• 1. Embora a autorização para prestação de serviços sem cobertura contratual,


em princípio, seja irregular e sujeite o responsável à multa, as circunstâncias
do caso concreto, quando constatada a boa-fé e a necessidade de prevenir
prejuízos à administração, podem, excepcionalmente, afastar a aplicação da
sanção.

Acórdão 493/2008-Plenário
Formalização do contrato
Ausência de cobertura contratual
• 9.1. determinar a audiência dos responsáveis a seguir relacionados, para que
apresentem, no prazo de 15 (quinze) dias, razões de justificativa sobre os fatos
indicados:
(...)
9.1.5.2. atestação da 24ª medição provisória do contrato, com a
execução de quantitativos de serviços sem cobertura contratual, a saber:
Tapa-buraco (19,404m³), Microrrevestimento (5.315,90m²), Renovação da
sinalização horizontal (47,101m²) e Corte e limpeza das áreas gramadas
(33.512,71m²), com infração do art. 60 da Lei n° 8.666/1993;

Acórdão 1655/2010-Plenário
• Trecho do Voto:

• 10.2 O pagamento de itens que, apesar de constantes da planilha contratual,


não estavam previstos para os trechos da obra em que foram aplicados,
caracteriza-se como extracontratual;
Acórdão 583/2011-Plenário
Formalização do contrato
Ausência de cobertura contratual

• Sumário:

• 2. É possível afastar a obrigatoriedade de licitação com base na


urgência da prestação dos serviços, evidenciada no caso concreto, a
teor do art. 24, inciso IV, da Lei de Licitações.

• 3. Mesmo no caso de dispensa de licitação, é dever do contratante


formalizar o respectivo processo, caracterizando a situação
emergencial, a razão da escolha do prestador de serviço e a justificativa
do preço, e publicar o ato de dispensa na imprensa oficial, conforme
prevê o art. 26, caput, parágrafo único e incisos I, II e III, da Lei n.
8.666/1993, sendo vedada a prestação de serviços sem a cobertura de
contrato devidamente formalizado, por expressa previsão do art. 60,
parágrafo único, do Estatuto das Licitações.

Acórdão 3083/2007-1ª Câmara


Formalização do contrato
Ausência de cobertura contratual

• (...) Segundo a recorrente, (...) “por que uma empresa que sabe que
será contratada para apresentar o desenho do prêmio e que tem
obrigação de apresentar o produto no ato da contratação, há de ser
considerada como prestadora de serviço sem contrato”.

• No caso concreto, a empresa fora contratada por inexigibilidade de


licitação, ao amparo do art. 25, inciso II, da Lei 8.666/93. A relatora, ao
rejeitar a alegação de omissão, destacou trechos do relatório e do voto
condutor da deliberação recorrida que fundamentam a irregularidade:
“Ainda que o pagamento tenha ocorrido em data posterior à da
assinatura do contrato, a contratação do serviço se deu em data
anterior a celebração do contrato e sem a formalização do termo
contratual...“ Destacou ainda a relatora que "a assinatura do contrato
representou mera formalidade, já que na verdade as partes já haviam
celebrado antes um contrato verbal", o que afronta a legislação, que
só o admite em situações excepcionais (arts. 60, parágrafo único, e 62
da Lei 8.666/1993)

Acórdão 2380/2013-Plenário
Formalização do contrato
Ausência de cobertura contratual

• 9.2.2. não firme contratos e/ou termos aditivos com data retroativa, de forma a
evitar contratação verbal com a Administração, o que é vedado pelo art. 60,
parágrafo único, da Lei n. 8.666/93;

Acórdão 1811/2007-Plenário
Pagamento por Química

• Trecho do Voto:

• 29. A obra real baseada em um projeto diferente do licitado,


inacabado e sem se ter, ainda, a noção exata de seus custos,
estava sendo paga de forma irregular, com faturamento de
serviços da obra licitada, como constatado pela Unidade Técnica
do TCU. Tal prática, conhecida no jargão da engenharia como
"química" consiste em realizarem-se pagamentos de serviços
novos, sem cobertura contratual, fora do projeto originalmente
licitado, utilizando-se para faturamento outros serviços, estes
sim, constantes da planilha de preços original, sem a respectiva
execução destes últimos, para futura compensação. Trata-se,
evidentemente, de irregularidade gravíssima.

Acórdão 1606/2008-Plenário
Formalização do contrato
Publicação
Lei 8.666/93

• Art. 61
Parágrafo único. A publicação resumida do
instrumento de contrato ou de seus aditamentos na
imprensa oficial, que é condição indispensável para sua
eficácia, será providenciada pela Administração até o
quinto dia útil do mês seguinte ao de sua assinatura, para
ocorrer no prazo de vinte dias daquela data, qualquer que
seja o seu valor, ainda que sem ônus, ressalvado o
disposto no art. 26 desta Lei.
3.3 Admissibilidade de aditivos em empreitada
por preço global
Decreto nº 7983/2013
Art. 13. Em caso de adoção dos regimes de empreitada por
preço global e de empreitada integral, deverão ser
observadas as seguintes disposições para formação e
aceitabilidade dos preços: (...)
II - deverá constar do edital e do contrato cláusula expressa
de concordância do contratado com a adequação do projeto
que integrar o edital de licitação e as alterações contratuais
sob alegação de falhas ou omissões em qualquer das peças,
orçamentos, plantas, especificações, memoriais e estudos
técnicos preliminares do projeto não poderão ultrapassar, no
seu conjunto, dez por cento do valor total do contrato,
computando-se esse percentual para verificação do limite
previsto no § 1º do art. 65 da Lei nº 8.666, de 1993.
Admissibilidade de aditivos em empreitada por
preço global

E quando os erros e as omissões traduzirem


alteração do valor do contrato superior a 10% (dez
por cento)?

Uma leitura preliminar do Decreto nº 7983/2013 permite


a interpretação de que o contratado assumiria os riscos
adicionais. Ou seja, não teria direito ao acréscimo
contratual que excedesse os 10% do valor do contrato.
Admissibilidade de aditivos em empreitada por preço global
No entanto, artigo de Joel Menezes Niebuhr faz as seguintes ponderações
sobre tal disposição:

“Ele prescreve que, em regime de empreitada pelo preço global, o edital e o


contrato devem prever cláusula expressa de concordância do contratado com
a adequação do projeto básico. Tal prescrição traz consigo a aceitação da
tese segundo a qual, em empreitada pelo preço global, os interessados em
acorrer ao certame devem refazer todo o projeto básico, dado que eles
devem aquiescer formal e expressamente com o projeto básico..(...)
Em seguida, (...)incorre em contradição ao prescrever que “as alterações
contratuais sob alegação de falhas ou omissões em qualquer das peças,
orçamentos, plantas, especificações, memoriais e estudos técnicos
preliminares do projeto não podem ultrapassar 10% (dez por cento) do valor
total do contrato, computando-se esse percentual para verificação do limite
do art. 65, §1º da Lei nº 8.666, de 1993.”

(www.investidura.com.br/biblioteca-juridica/artigos/administrativo/180748)
Admissibilidade de aditivos em empreitada por preço global
“A tese corrente, aceita pela jurisprudência e pela maioria da doutrina, com a
qual o autor deste estudo não concorda, é de que, em empreitada por preço
global, o licitante oferece proposta pela totalidade da obra ou serviço ou
etapas deste, pelo que ele não é remunerado em razão das unidades
efetivamente executadas. Portanto, para os partidários deste entendimento, o
dimensionamento insuficiente dos quantitativos da obra ou do serviço não
autoriza alteração contratual, qualquer espécie de recomposição ou
incremento da remuneração do contratado. Ele é obrigado a arcar as suas
expensas, em que pese o defeito do projeto básico, com o que for necessário
para executar a obra ou serviço em sua totalidade.
Dessa sorte, percebe-se que a norma encartada (...) é contrária ao
entendimento corrente, porque admite, nestes casos, a alteração contratual,
desde que limitada a 10% do valor do contrato. Ou seja, em empreitada por
preço global, o erro da Administração Pública no dimensionamento do
quantitativo gera, sim, o direito dos contratantes à alteração do contrato,
acréscimo ou supressão, conforme o caso. “
Admissibilidade de aditivos em empreitada por preço global
“De todo modo, causa estranheza as razões pelas quais o dispositivo legal
em comento limitou a alteração contratual, para a correção do
dimensionamento equivocado do projeto básico, em 10% do valor do
contrato, sobremodo tomando em conta que o limite entabulado no §1º do art.
65 da Lei nº 8.666/93 é, em regra, de 25% do valor inicial atualizado do
contrato. Trocando-se em miúdos, o que poderia, sob a égide da Lei nº
8.666/93, ser de 25%, foi reduzido (...) para apenas 10%.
E resta a dúvida: se os 10% forem insuficientes, qual a solução? Rescinde-se
o contrato ou o contratado terá que arcar com a diferença as suas expensas?
Ora, partindo da premissa de que o erro no dimensionamento dos
quantitativos em empreitada por preço global confere direito aos contratantes
à alteração contratual para acrescer ou suprimir o objeto, (...) não é
defensável a tese de que em montante superior a 10% o contratado deve
assumir os custos para si e desonerar a Administração Pública. Logo, se os
10% não forem suficientes para executar o objeto em sua totalidade e sendo
proibido acréscimo superior a tal percentual, não há outra opção afora a
rescisão contratual, o que, diga-se de passagem, deve causar celeumas e
litígios invencíveis, que onerarão pesadamente os cofres públicos e
importarão na descontinuidade de muitos projetos e obras.
Admissibilidade de aditivos em empreitada por preço global
Ao fim e ao cabo, o (...) é contraditório. Ele inicia preceituando que a
Administração Pública deve exigir nos editais e contratos a concordância
expressa dos licitantes e contratado com os termos do projeto básico — o
que corrobora a tese corrente, aqui refutada, segundo a qual o erro no
dimensionamento dos quantitativos do projeto básico é de responsabilidade
do contratado, deve ser suportado por ele e não pela Administração Pública.
Em seguida, o mesmo inciso prescreve que o defeito do projeto básico no
dimensionamento do objeto pode ser corrigido por meio de alteração
contratual, limitada a 10% do valor do contrato — o que desfaz a tese
corrente e corrobora a defendida neste estudo, segundo a qual o erro no
dimensionamento dos quantitativos do projeto básico é de responsabilidade
da Administração Pública e não pode pesar sobre os ombros do contratado,
pelo que, se o quantitativo for insuficiente, deve-se promover alteração
contratual para acrescer o objeto.
Parece ser inesgotável a capacidade do legislador de complicar as licitações
públicas e os contratos administrativos e a atuação dos agentes
administrativos e órgãos de controle.
Alterações contratuais em EPG
Questão:
Considere que uma empreitada por preço global previa em projeto a execução
de 1000 m² de piso de granito. Durante a execução da obra, sem que houvesse
qualquer alteração de projeto, verificou-se que o quantitativo efetivamente
executado foi de 1004 m² de piso. Tal diferença deveu-se a esperadas
imprecisões no processo de locação da obra e a pequenas discrepâncias no
esquadro das paredes.
A construtora apresentou pleito solicitando o pagamento adicional de 4 m²,
além dos 1000 m² originalmente contratados.
Como deve proceder o fiscal? Deve pagar 1000 m², negando o pleito da
construtora? Ou deve pagar 1004 m²?
E se a área de piso efetivamente executada fosse de 996 m². Paga-se 1000 m² ou
996 m²?
Alterações contratuais em EPG

- A Lei não diferencia as empreitadas por preço unitário das globais quando
define as situações que ensejarão termo aditivo.
- Alterações ou correções do projeto devem ensejar a formalização de aditivo
contratual, pois alteram o encargo do contratado.
- Por exemplo, em uma edificação licitada a partir de um projeto básico
prevendo sua implantação em dez pavimentos, se em virtude de necessidade
superveniente da administração contratante houver a alteração do projeto,
incluindo-se, por exemplo, a execução de uma nova guarita, obviamente será
exigido ajuste no valor contratual adequando-o ao novo projeto,
independentemente do regime de execução contratual utilizado.
- Caso se trate de fato respectivo à álea extraordinária ou extracontratual,
definida no art. 65 da Lei 8.666/93, haverá de se providenciar a revisão do
contrato, pois o equilíbrio entre os encargos e a justa remuneração definida
no ato da contratação tem suporte constitucional.
Alterações contratuais em EPG

- Erro não é sinônimo de imprecisão (esta sim tida como álea ordinária nas
empreitadas globais).
- “Pequenos lapsos na quantificação dos serviços (até certo ponto comum, visto que
cada orçamentista não apresentaria, nas vírgulas, quantidades idênticas), levando em
conta a característica das empreitadas globais – em estabelecer imprecisões
quantitativas como álea ordinária da contratada –, não conduzem à mácula no
procedimento licitatório, tanto por não afetar essa "livre manifestação de vontade",
como, principalmente, por não inviabilizarem a obtenção da "melhor proposta".” (voto
condutor do Ac. 1977/2013-Plenário).
- pequenos erros/omissões/imprecisões de quantitativos não ensejam a celebração
de termos aditivos em empreitadas globais
- Caso contrário, o regime de empreitada global seria letra morta, pois toda obra seria
executada como empreitada por preço unitário.
Alterações contratuais em EPG
Questão:
Considere novamente que uma empreitada por preço global previa em projeto a
execução de 1000 m² de piso de granito. Durante a execução da obra, sem que
houvesse qualquer alteração de projeto, verificou-se que o quantitativo
efetivamente necessário era de 1600 m² de piso. Tal diferença deveu-se a um
erro de quantificação do orçamentista.
A construtora apresentou pleito solicitando o pagamento adicional de 600 m²,
além dos 1000 m² originalmente contratados
Como deve proceder o fiscal? Deve pagar 1000 m², negando o pleito da
construtora? Ou deve pagar 1600 m², formalizando aditivo com acréscimo de
600 m²?
E se a área de piso efetivamente executada fosse de 400 m². Paga-se 1000 m² ou
400 m²?
Alterações contratuais em EPG

• 9.1.8. excepcionalmente, de maneira a evitar o enriquecimento sem causa de


qualquer das partes, como também para garantia do valor fundamental da
melhor proposta e da isonomia, caso, por erro ou omissão no orçamento, se
encontrarem subestimativas ou superestimativas relevantes nos
quantitativos da planilha orçamentária, poderão ser ajustados termos
aditivos para restabelecer a equação econômico-financeira da avença,
situação em que se tomarão os seguintes cuidados:
9.1.8.1. observar se a alteração contratual decorrente não supera ao
estabelecido no art. 13, inciso II, do Decreto 7.983/2013, cumulativamente
com o respeito aos limites previstos nos §§ 1º e 2º do art. 65 da Lei 8.666/93,
estes últimos, relativos a todos acréscimos e supressões contratuais;
9.1.8.2. examinar se a modificação do ajuste não ensejará a ocorrência
do "jogo de planilhas", com redução injustificada do desconto inicialmente
ofertado em relação ao preço base do certame no ato da assinatura do
contrato, em prol do que estabelece o art. 14 do Decreto 7.983/2013, como
também do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal;

Acórdão 1977/2013-Plenário
Alterações contratuais em EPG
• (cont.)
9.1.8.3. avaliar se a correção de quantitativos, bem como a inclusão de serviço
omitido, não está compensada por distorções em outros itens contratuais que tornem
o valor global da avença compatível com o de mercado;
9.1.8.4. verificar, nas superestimativas relevantes, a redundarem no eventual
pagamento do objeto acima do preço de mercado e, consequentemente, em um
superfaturamento, se houve a retificação do acordo mediante termo aditivo, em prol
do princípio guardado nos arts. 3º, caput c/c art. 6º, inciso IX, alínea "f"; art. 15, § 6º;
e art. 43, inciso IV, todos da Lei 8.666/93;
9.1.8.5. verificar, nas subestimativas relevantes, em cada caso concreto, a
justeza na prolação do termo aditivo firmado, considerando a envergadura do erro em
relação ao valor global da avença, em comparação do que seria exigível incluir como
risco/contingência no BDI para o regime de empreitada global, como também da
exigibilidade de identificação prévia da falha pelas licitantes – atenuada pelo erro
cometido pela própria Administração –, à luz, ainda, dos princípios da vedação ao
enriquecimento sem causa, da isonomia, da vinculação ao instrumento convocatório,
do dever de licitar, da autotutela, da proporcionalidade, da economicidade, da
moralidade, do equilíbrio econômico-financeiro do contrato e do interesse público
primário;

Acórdão 1977/2013-Plenário
Alterações contratuais em EPG

Celebra-se o
termo aditivo
ajustando a
quantidade
Os serviços estão
estimados a
Tais erros são
maior ou a
compensados menor? Celebra-se o
por discrepâncias termo aditivo
de quantidades ajustando a
em outros quantidade,
serviços? caso o valor do
Há erros
erro seja
relevantes
superior ao valor
de declarado como
quantitativos? riscos no BDI.
Não se adita o
contrato. Paga-se Celebra-se aditivo
exatamente o apenas da parte
que não foi Observar a
quantitativo manutenção do
acordado, nem compensada.
desconto após o
mais, nem aditivo e a
menos. observância aos
limites de
aditamento
contratual
Por que as Obras não são Executadas nos Prazos?
•Deficiência dos projetos utilizados na licitação;
•Insuficiência de recursos orçamentários destinados ao
empreendimento;
•Problemas diversos no licenciamento do empreendimento, nos
diversos órgãos competentes, conforme o caso (órgão ambiental,
prefeitura, corpo de bombeiros, IPHAN, vigilância sanitária, ANA,
Funai etc.);
•Atrasos nas desapropriações e na regularização fundiária;
•Incapacidade técnica e deficiência de planejamento do órgão
contratante ou da empresa contratada;
•Prazos contratuais irrealistas e/ou estimados sem nenhum critério
técnico;
•Burocracia do órgão contratante ou deficiência da fiscalização
contratual;
Por que as Obras não são Executadas nos Prazos?
•Má-fé da empresa contratada, por exemplo, realizando jogo de
cronograma, apresentando pleitos que sabe ser improcedentes, ou
ofertando preços inexequíveis na licitação;
•Impunidade das empresas inadimplentes;
•Ausência de premiação/incentivo para a antecipação de prazos;
•Eventos climáticos, surgimento de interferências não previstas e
fatos de terceiro;
•Antecipações de pagamento;
•Demora no repasse de recursos pelo órgão concedente.
Como assegurar a conclusão da obra no prazo pactuado?
O que fazer se os prazos não forem cumpridos?

•Toda obra precisa de três insumos determinantes para ser


executada com sucesso: “dinheiro”, “projeto” e “engenheiros”.
•Então, a disponibilidade de recursos orçamentários e
financeiros, assim como a presença de uma fiscalização
contratual eficiente e de um projeto completo de engenharia
são condições fundamentais para executar uma obra no
prazo.
•Estabelecer o prazo de execução dos serviços em dias
corridos, contado a partir da expedição da Ordem de Serviço
Inicial.
•Assim o prazo de vigência contratual deve contemplar uma
folga para e expedição da OS inicial, assim como de algumas
OS de suspensão, e outros 90 dias, no mínimo, para o
recebimento definitivo do objeto.
Como assegurar a conclusão da obra no prazo pactuado?
O que fazer se os prazos não forem cumpridos?

•O edital deve prever que a licitante inadimplente ou que


execute o objeto em atraso fique sujeita à cominação de
multa e inabilitação para contratar com a Administração, além
de responder por perdas e danos ao contratante, inclusive
lucros cessantes.
•O edital deve ter cláusula que obrigue a contratada a utilizar
os equipamentos e as equipes técnica e administrativa que
forem necessárias para a perfeita execução dos serviços,
conferindo poderes para a fiscalização contratual determinar
a substituição ou acréscimos de quantidade dos
equipamentos e do pessoal, para o cumprimento das
obrigações assumidas.
Como assegurar a conclusão da obra no prazo pactuado?
O que fazer se os prazos não forem cumpridos?

•Exigir apólice de Seguro de Risco de Engenharia com


cobertura de Responsabilidade Civil Geral e Cruzada, tendo o
órgão contratante como BENEFICIÁRIO, com importância
segurada e prazo de vigência não inferior ao do contrato.
•O edital deve obrigar a contratada a manter a validade da
apólice de seguros e da garantia contratual até a expedição,
pelo Contratante, do Termo de Recebimento Definitivo dos
Serviços.
•O CRONOGRAMA FÍSICO-FINANCEIRO, apresentado pela
CONTRATADA e aprovado pela FISCALIZAÇÃO, deve ser
parte integrante do instrumento contratual.
• O cronograma deve apresentar informações suficientes e
necessárias para o monitoramento e controle das etapas da
obra, sobretudo do caminho crítico.
Como assegurar a conclusão da obra no prazo pactuado?
O que fazer se os prazos não forem cumpridos?
•O CRONOGRAMA FÍSICO-FINANCEIRO deverá representar
todo o caminho crítico do projeto/empreendimento, não
podendo ser alterado sem motivação circunstanciada e sem o
correspondente aditamento do Contrato, independente da não
alteração do prazo final.
•O cronograma deverá identificar, previamente, as etapas mais
relevantes para o cumprimento dos prazos pactuados, de
modo a permitir o acompanhamento da execução parcial do
objeto contratado e aplicação das sanções descritas na nas
cláusulas de penalidades.
•O contrato deve conter cláusula exigindo as entregas de cada
etapa da obra nas datas estabelecidas no CRONOGRAMA
FÍSICO-FINANCEIRO, sujeitando a CONTRATADA a
penalidades a título de multa, incidente no percentual não
realizado de cada etapa da obra.
Como assegurar a conclusão da obra no prazo pactuado?
O que fazer se os prazos não forem cumpridos?
•As multas aplicadas por atraso no cronograma serão
aplicadas com base na seguinte fórmula e poderão ser
cumulativas:
Como assegurar a conclusão da obra no prazo pactuado?
O que fazer se os prazos não forem cumpridos?
•Prever que o atraso superior a 90 dias corridos causará
rescisão unilateral do Contrato, incidindo todas as sanções
estabelecidas no Contrato.
•O edital deve prever o desconto da multa nos valores das
medições e a execução das garantias contratuais para honrar
as multas.
•Prever aplicação de multa para serviços executados com
qualidade deficiente ou fora das especificações, que não
forem aprovados pela fiscalização, ainda que sejam refeitos
dentro do prazo contratualmente estabelecido.
•Prever multa para paralisação ou desmobilização não
autorizada dos serviços, ainda que não exista
descumprimento do cronograma.
Como assegurar a conclusão da obra no prazo pactuado?
O que fazer se os prazos não forem cumpridos?
•O CRONOGRAMA FÍSICO-FINANCEIRO é uma peça técnica,
devendo ser elaborada com seriedade e de acordo com o
orçamento e programação da obra (vide tópico a seguir).
•O prazo de execução da obra depende dos seguintes fatores:
adequado gerenciamento; alocação dos recursos (materiais,
mão de obra e equipamentos) necessários para a execução
dos trabalhos; quantidades de serviços e encadeamento das
etapas; produtividades das equipes e condições ambientais
diversas (clima, geologia, hidrologia etc.).
•Assim, não é a bronca do fiscal, aplicação de multa, ou
vontade política que vão fazer a obra entrar nos eixos. Também
não adianta trabalhar com “deadlines” ou querer estabelecer
um prazo de conclusão “por decreto”.
•É fundamental que a Administração honre seus compromissos
em dia. Porém, deve-se evitar a antecipação de recursos para
o construtor.
Como assegurar a conclusão da obra no prazo pactuado?
O que fazer se os prazos não forem cumpridos?
•Se houver amparo legal, utilize o RDC e preveja remuneração
variável no contrato, instituindo bonificações para as empresas
que anteciparem os prazos de execução ou entregarem o
objeto com parâmetros de desempenho ou qualidade
superiores aos especificados.
Responsabilização pelos Atrasos
a) Imputáveis ao construtor - são os atrasos causados pelo próprio
construtor devido a delongas na aquisição de materiais, problemas de
gestão de subempreiteiros, retrabalho, baixa produtividade, etc. Os efeitos
deste tipo de atraso devem ser arcados pelo próprio construtor, não
devendo ser cobrados do contratante (embora muita gente tente...);
b) Imputáveis ao contratante - são os atrasos causados pelo contratante,
geralmente devido a delongas de desapropriação, revisão de projetos, falta
de verba para a obra, etc. O construtor tem o direito à dilação do prazo de
execução da obra;
c) Imputáveis a terceiros - são os atrasos causados por agente externo
ao contrato. É o caso, por exemplo, de uma obra vizinha lançar grande
quantidade de terra sobre a praça onde o construtor iria concretar uma
peça. Outro exemplo é uma greve que pare todas as obras da região. A
quem cabe pagar os custos? Depende do que defina o contrato;
d) Concorrentes - são os atrasos causados simultaneamente pelas duas
partes do contrato. É o caso, por exemplo, de o proprietário revisar a
paginação do piso na mesma época em que houve atraso na compra das
pedras pelo construtor - "o primeiro atrasaria o segundo, mas o segundo
atrasaria o primeiro". É o caso mais difícil de ser tratado.
Prazos de Vigência x Execução

• Validade do contrato e consecução


de todas as suas obrigações,
Prazo de Vigência inclusive pós-obra, como devolução
da garantia, recebimento
• Recomenda-se que seja 6 meses >
prazo de execução
• A partir da data do contrato

• Tempo necessário para a


conclusão do objeto
Prazo de Execução • A partir da data da ordem de
início dos serviços
Prazos de Vigência x Execução

• Torna-se, em princípio, indispensável a fixação dos limites de


vigência dos contratos administrativos, de forma que o tempo
não comprometa as condições originais da avença, não havendo,
entretanto, obstáculo jurídico à devolução de prazo, quando a
Administração mesma concorre, em virtude da própria natureza
do avençado, para interrupção da sua execução pelo
contratante.

Súmula 191
Prazos de Vigência x Execução
Lei 8.666/93
• Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará
adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários,
exceto quanto aos relativos:
I - aos projetos cujos produtos estejam contemplados
nas metas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais poderão
ser prorrogados se houver interesse da Administração e desde
que isso tenha sido previsto no ato convocatório;
Segundo interpretação literal do caput, se assinássemos um contrato de obra com
prazo de conclusão de 4 anos em 01/12, este teria a vigência de 1 mês

Orientação Normativa 39/2011 - AGU


• a vigência dos contratos regidos pelo art. 57, caput, da Lei
8.666, de 1993 pode ultrapassar o exercício financeiro em que
celebrados, desde que as despesas a eles referentes sejam
integralmente empenhadas até 31 de dezembro, permitindo-
se, assim, sua inscrição em restos a pagar
Prorrogação de Prazo
Lei 8.666/93
•Art. 57.
§ 1o Os prazos de início de etapas de execução, de conclusão e de
entrega admitem prorrogação, mantidas as demais cláusulas do contrato e
assegurada a manutenção de seu equilíbrio econômico-financeiro, desde que
ocorra algum dos seguintes motivos, devidamente autuados em processo:
I - alteração do projeto ou especificações, pela Administração;
II - superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estranho
à vontade das partes, que altere fundamentalmente as condições de execução
do contrato;
III - interrupção da execução do contrato ou diminuição do
ritmo de trabalho por ordem e no interesse da Administração;
IV - aumento das quantidades inicialmente previstas no
contrato, nos limites permitidos por esta Lei;
V - impedimento de execução do contrato por fato ou ato de
terceiro reconhecido pela Administração em documento contemporâneo à sua
ocorrência; VI - omissão ou atraso de providências a cargo da
Administração, inclusive quanto aos pagamentos previstos de que resulte,
diretamente, impedimento ou retardamento na execução do contrato, sem
prejuízo das sanções legais aplicáveis aos responsáveis.
Prorrogação de Prazo
Lei 8.666/93
• Art. 57. (cont.)

• 2o Toda prorrogação de prazo deverá ser justificada por escrito e previamente


autorizada pela autoridade competente para celebrar o contrato.

• Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação ou vantagem,


inclusive prorrogação contratual, em favor do adjudicatário, durante a execução
dos contratos celebrados com o Poder Público, sem autorização em lei, no ato
convocatório da licitação ou nos respectivos instrumentos contratuais, ou,
ainda, pagar fatura com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade,
observado o disposto no art. 121 desta Lei:
• Pena - detenção, de dois a quatro anos, e multa.
• Parágrafo único. Incide na mesma pena o contratado que, tendo
comprovadamente concorrido para a consumação da ilegalidade, obtém
vantagem indevida ou se beneficia, injustamente, das modificações ou
prorrogações contratuais
Verificações nos Casos de Prorrogação de Prazo

•Se houver necessidade de prorrogar o prazo de execução ou de vigência


contratual, verificar se estão presentes as condições previstas no §1º, do
art. 57, da Lei 8.666/93.
•A própria Administração contratante pode prorrogar de ofício os prazos,
na ocorrência de fatos previstos nas hipóteses dos incisos I, III, IV e VI do
§1º do art. 57 da Lei 8.666/93.
•No caso dos incisos II e V, o contratado deve requerer a prorrogação,
provido de provas.
•A prova se torna principalmente um ônus do contratado, quando tem
relação com uma ação gerada por um terceiro que não seja a própria
Administração contratante, ou seja, se o atraso se dá em decorrência de
caso fortuito (eventos naturais) ou força maior (eventos gerados pelo
homem).
•Deve haver a necessária justificação por escrito e previamente
autorizada por autoridade competente de prorrogação de contrato,
consoante prescreve o art. 57, § 2º, da Lei 8.666/1993.
Verificações nos Casos de Prorrogação de Prazo
•A Administração contratante deve ser rigorosa na exigência de
cumprimento dos prazos contratados, sob pena de violação ao próprio
contrato e de princípios administrativos como da indisponibilidade do
interesse público e da isonomia (igualdade ente os licitantes).
•Se houver elevação do valor contratual, exigir o reforço de garantia.
•Exigir a prorrogação da garantia contratual, caso seja prestada mediante
seguro garantia ou carta de fiança.
•Dar publicidade ao termo aditivo.
•Cuidado com o superfaturamento devido à prorrogação injustificada do
prazo contratual, que corresponde aos valores pagos indevidamente pela
administração local da obra e pela manutenção e operação do canteiro de
obras, bem como da(s) fatura(s) de reajustamento paga(s) em
decorrência da prorrogação injustificada do prazo contratual. Nesse valor
não estão incluídas a devida multa contratual e demais penalidades
legais decorrentes do descumprimento do prazo de execução da obra
pela construtora.
•Não prorrogar contrato expirado ou com data de vigência retroativa.
Prorrogação
Contratos expirados

Questão:
Uma obra está prestes a ser concluída. No entanto, houve um ligeiro atraso na
execução dos serviços e a fiscalização não atentou para o fim da vigência do
contrato.
Como deve proceder o órgão contratante? Prorroga-se o contrato expirado? Ou
deixa a obra inconclusa e promove nova contratação? É possível que a
contratada termine a obra com o contrato expirado?
Prorrogação de Contratos Expirados
•Trata-se de tema de enorme complexidade jurídica, cuja jurisprudência
do TCU até o momento não está claramente delineada. Para evitar
problemas, jamais deixe o contrato expirar.
•Ante o exposto, o mais prudente é a Administração fazer um correto
planejamento, de forma a estabelecer prazos compatíveis com a
execução do contrato e, havendo necessidade de prorrogação, tomar
todas providências cabíveis para realizar a prorrogação dentro do prazo
de vigência.
•Se o objeto não estiver concluso e houver necessidade de prorrogar o
contrato, realize uma avaliação objetiva de quem deu culpa ao atraso.
•Entendendo que houve culpa da administração, prorroga-se o prazo de
ofício.
•Entendendo que houve culpa do empreiteiro, prorroga-se o contrato, se
houve interesse em dar continuidade ao objeto com aquele contratado. É
decisão discricionária a ser fundamentada no processo de fiscalização
contratual. Caso contrário, deve-se deixar o contrato expirar e iniciar os
procedimentos para a contratação de outro construtor para o término da
obra.
Prorrogação de Contratos Expirados
•Em qualquer hipótese, a instauração de procedimento administrativo
para aplicar penalidade ao construtor inadimplente é ato administrativo
vinculado.
•Na eventualidade da contratada concluir a obra ou o serviço depois de
expirado o prazo de vigência, sem que tenha havido prorrogação do
contrato, as despesas deverão ser objeto de reconhecimento de divida,
sob pena de enriquecimento ilícito da Administração Pública. Nesse caso,
incide a ON/AGU nº 04/2009:
•“A despesa sem cobertura contratual deverá ser objeto de
reconhecimento da obrigação de indenizar nos termos do art. 59,
parágrafo único, da Lei nº 8.666, de 1993, sem prejuízo da apuração da
responsabilidade de quem lhe der causa.”
Contratos de Escopo x Contratos de Duração Continuada
Contratos de escopo
• Obtenção de um bem determinado
• Fixação do prazo é relevante – eficiência e celeridade para a
satisfação do interesse público
• O tempo de execução não é parte do objeto contratado
• O contratado é obrigado a aceitar a prorrogação
• O contrato pode ser prorrogado indefinidamente até a conclusão
do objeto

Contratos de duração continuada


• Prestação de um serviço ininterrupto durante
período determinado
• Prazo faz parte do objeto do contrato
• Serviços ou potencial fornecimento durante certo
tempo
• A prorrogação não é obrigatória para o contratado.
• Só pode ser prorrogado por até 60 meses (+12
meses no caso do art. 57, §4º, da Lei 8.666/93).
Contratos de Escopo x Contratos de Duração
Continuada

•Nos contratos por escopo aplicam-se as regras previstas no art. 57, §1º,
da Lei 8666/93. Já nos contratos de duração continuada a prorrogação é
regulada no inciso II do mesmo artigo.
• Em vista dessa diferenciação, parte significante da doutrina defende que
os contratos de escopo se extinguem pela conclusão do seu objeto e não
pelo mero esgotamento do prazo, subsistindo enquanto não concluído o
objeto. Nesse caso, o prazo de execução previsto no contrato é apenas
moratório, não representando a extinção do ajuste, mas tão somente o
prazo estipulado para sua execução.
•Ou seja, ainda que expirado o prazo de vigência previsto no contrato, o
contrato subsistiria enquanto não concluído seu objeto, operando o prazo
como limite de tempo para entrega da obra ou do serviço sem sanções
contratuais.
•Helly Lopes Meirelles, por sua vez, defende que “nestes contratos o
prazo é apenas limitativo do cronograma físico, e será prorrogado (com ou
sem mora das partes) tantas vezes quantas sejam necessárias para a
conclusão da obra independentemente de previsão contratual”
Contratos de Escopo x Contratos de Duração Continuada

•Porém, o entendimento predominante do TCU é no sentido de se exigir a


formalização de termo aditivo para prorrogação dos prazos de vigência,
mesmo em se tratando de contratos de escopo.
•Portanto, o prazo de vigência constitui formalidade essencial, não
importando se o contrato é de escopo ou de execução continuada, de
forma que eventual continuidade da execução do contrato depois de
expirado o prazo de vigência representa situação equivalente a de um
contrato verbal, expressamente vedado pelo art. 60, da Lei nº 8.666/93.
•No mesmo sentido, é a Orientação Normativa AGU nº 3, com o seguinte
verbete:
•“Na análise dos processos relativos à prorrogação de prazo, cumpre aos
órgãos jurídicos verificar se não há extrapolação do atual prazo de
vigência, bem como eventual ocorrência de solução de continuidade nos
aditivos precedentes, hipóteses que configuram a extinção do ajuste,
impedindo a sua prorrogação”.
Prorrogação de Prazo

• 9.3. determinar à Funai, Coordenação Regional de Dourados/MS, que


não mais admita a realização de serviços fora da vigência de seu
respectivo contrato, em respeito ao art. 66 da Lei 8.666/93;

Acórdão 1537/2011-Plenário
• 9.1. nos termos do art. 43, inciso I, da Lei n.º 8.443/1992, determinar
ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – Dnit que:

• 9.1.2. não celebre termo aditivo após a vigência do contrato original,


circunstância que pode caracterizar infringência aos arts. 2º e 3º da Lei
n.º 8.666/1993;

Acórdão 1866/2008-Plenário
Prorrogação de Prazo

• O Tribunal Pleno, diante das razões expostas pelo Relator, Decide:


• 8.2 – pela possibilidade jurídica de manutenção do Contrato NCO nº 223/1983
para a conclusão das obras civis relativas à construção da Usina de Angra III,
deixando assente que a decisão quanto à continuidade dos serviços deverá ser
adotada pelo Governo Federal com base nos estudos que evidenciem a
oportunidade, a conveniência e o interesse público na conclusão do
empreendimento

Decisão 1685/2002-Plenário

• No entanto, ao meu ver, inexistindo motivos para sua rescisão ou anulação, a


extinção de contrato pelo término de seu prazo somente se opera nos ajustes
celebrados por tempo determinado, nos quais o prazo constitui elemento essencial
e imprescindível para a consecução ou eficácia do objeto avençado, o que não é o
caso do contrato firmado pelo DER/MG, no qual a execução da obra é o seu
objetivo principal. Dessa forma, não havendo motivos para a cessação prévia do
ajuste, a extinção do contrato firmado com o DER/MG operar-se-ia apenas com a
conclusão de seu objeto e recebimento pela Administração, o que ainda não
ocorreu.
Decisão 732/1999-Plenário
Prorrogação de Prazo

• Nesse sentido, vale trazer à colação o seguinte excerto da consagrada Obra


do mestre Hely Lopes Meirelles, Licitação e Contrato Administrativo, 10ª
edição, p. 234, que diz: “...A renovação do contrato pode exigir ou dispensar
licitação, conforme as circunstâncias ocorrentes em cada caso. Normalmente,
a renovação do contrato é feita através de uma nova licitação em busca do
melhor proponente para continuidade da atividade anteriormente
contratada (...). Mas pode ocorrer que as circunstâncias justifiquem uma
recontratação direta com o atual contratado, renovando-se apenas o
contrato vigente em prazo e outras condições de interesse da Administração.
Nesse caso, a Administração deverá enquadrar a renovação de contrato na
permissão cabível de dispensa de licitação, como se fora um contrato inicial,
embora escolha o mesmo contratado do ajuste anterior pelas vantagens
resultantes de sua continuidade. Isso é muito frequente quando o contrato
original se extingue faltando pequena parte da obra ou do serviço para
concluir, ou quando surge em meio da execução a necessidade de uma
ampliação não contratada, mas que é facilmente executável com o pessoal e
equipamento da contratação anterior, o que justifica a sua renovação com o
mesmo contratado no interesse da própria Administração."
Decisão 606/1996-Plenário
Prorrogação de Prazo

• (...) a prorrogação contratual configura mera expectativa de


direito, não constituindo direito subjetivo do contratado, motivo
suficiente para não se exigir o contraditório.

Decisão 771/2005-2ª Câmara


Prorrogação de Prazo
Acórdão 1.936/2014-Plenário:

9.4 dar ciência à Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do


Estado do Piauí que a retomada do Contrato 001/1999, cujo prazo de
vigência encontra-se expirado, configura recontratação sem licitação, o
que infringe a Lei 8.666/1993, art. 2º e 3º, e a Constituição Federal/88,
art. 37, inciso XXI;
Prorrogação de Prazo

Acórdão 1.746/2009-Plenário:
Enunciado:No caso de prorrogação de contrato administrativo, deve ser
observada a vigência do ajuste originário, evitando-se a assinatura
extemporânea de aditivo.

9.2. determinar ao Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão - TRE/MA que:

[...]

9.2.9. observe os prazos de vigência dos contratos, evitando celebrar


termos de prorrogação com data retroativa;
Prorrogação de Prazo

Acórdão 2032/2009-Plenário
Enunciado: No caso de prorrogação contratual, o termo de aditamento
deve ser providenciado até o término da vigência da avença originária.
Transposta tal data, não será mais possível a prorrogação ou
continuidade da execução, sendo considerado extinto o contrato.

[ACÓRDÃO]
9.6. determinar à Superintendência Regional do Sudeste -
INFRAERO/SRGR, [...], que:
[...]
9.6.2. nas prorrogações contratuais, promova a assinatura dos
respectivos termos de aditamento até o término da vigência contratual,
uma vez que, transposta a data final de sua vigência, o contrato é
considerado extinto, não sendo juridicamente cabível a prorrogação ou a
continuidade de sua execução;
Prorrogação de Prazo
Acórdão 4465/2011-2ª Câmara
Enunciado: Deve ser celebrado termo aditivo em contratos de obras e
serviços de engenharia, sempre que ocorrer alteração do cronograma
físico-financeiro respectivo, mencionando-se explicitamente no novo
termo a modificação ocorrida.

[VOTO]
[...]. Duas questões, porém, merecem algumas considerações.
A primeira concerne à determinação [...] no sentido de que a Câmara dos
Deputados "passe a celebrar termo aditivo aos contratos de obras e
serviços de engenharia sempre que ocorrer alteração do cronograma
físico-financeiro respectivo, mencionando explicitamente no novo termo a
modificação ocorrida“.
Prorrogação de Prazo
Acórdão 4465/2011-2ª Câmara (continuação)

(...) entendo que o cronograma físico-financeiro, em muitos casos,


determina o sucesso ou o fracasso de uma execução contratual,
conforme esta Corte tem constatado nos inúmeros processos julgados
nos quais foram constatados os mais variados problemas decorrentes do
não-cumprimento do cronograma físico-financeiro. A própria Lei nº
8.666/93 traz preocupações quanto a essa matéria em diversos
dispositivos, como, por exemplo, no artigo 65, inciso II, alínea c, ao tratar
da alteração contratual, ou ainda nos artigos 66 e 67, ao cuidar da
execução contratual e de sua fiscalização. [...]:
Prorrogação de Prazo
Acórdão 127/2016 - Plenário

10. Com efeito, a jurisprudência desta Corte de Contas se consolidou ao


longo do tempo no sentido de considerar irregular o aditamento feito após
o término da vigência contratual, ainda que amparado em um dos motivos
do art. 57, § 1º, da Lei nº 8.666, de 1993, uma vez que o contrato original
estaria formalmente extinto, de sorte que não seria juridicamente cabível
a sua prorrogação ou a continuidade da sua execução (v.g.: Acórdãos
66/2004, 1.717/2005, 216/2007, 1.335/2009, 1.936/2014 e 2.143/2015,
todos do Plenário do TCU).
11. Como se sabe, a Lei de Licitações e Contratos permite a prorrogação
do contrato nas situações em que a contratante determina a paralisação
da obra, autorizando, inclusive, a prorrogação do cronograma de
execução, por igual período, contudo, tal previsão não dispensa a
formalização do aditamento, a fim de ajustar os prazos de conclusão das
etapas e de entrega da obra, até porque toda e qualquer prorrogação de
prazo deve ser previamente justificada e autorizada (§ 2º, do art. 57, da
Lei nº 8.666, de 1993).
Prorrogação de Prazo
12. Nessa esteira também é o entendimento consubstanciado na Súmula
nº 191 do TCU, segundo a qual é indispensável a fixação dos limites de
vigência dos contratos administrativos, de forma que o tempo não
comprometa as condições originais da avença, bem como na Orientação
Normativa nº 3/2009 da Advocacia-Geral da União (AGU), que aduz: “na
análise dos processos relativos à prorrogação de prazo, cumpre aos
órgãos jurídicos verificar se não há extrapolação do atual prazo de
vigência, bem como eventual ocorrência de solução de continuidade nos
aditivos precedentes, hipóteses que configuram a extinção do ajuste,
impedindo a sua prorrogação”.
13. Ocorre que, nos chamados contratos por escopo (em que o objeto
consistiria na obtenção de um bem ou na construção de uma obra), o
prazo de execução só seria extinto quando o objeto fosse definitivamente
entregue à administração e as demais obrigações fixadas no ajuste
fossem plenamente satisfeitas, de modo que, inexistindo motivos para
rescisão ou anulação, a extinção desse tipo de ajuste somente se
operaria com a conclusão do objeto e com o seu recebimento definitivo
pela administração, diferentemente do que ocorreria nas avenças por
tempo determinado (em que o objeto consistiria na prestação de serviços
contínuos), nos quais o prazo constituiria elemento essencial e
imprescindível para a consecução ou a eficácia do objeto avençado.
Prorrogação de Prazo
14. Considerando tal raciocínio, o TCU tem acolhido, em caráter
excepcional, na análise de alguns casos concretos, a tese de diferenciar
os efeitos da extinção do prazo de contratos de obra, como se verifica nos
seguintes julgados: Decisão 606/1996-Plenário; Decisão 732/1999-
Plenário; Acórdão 1.740/2003-Plenário; Acórdão 1.980/2004-1ª Câmara;
Acordão 2.068/2004-Plenário; Acórdão 1.808/2008-Plenário; Acórdão
3.131/2010-Plenário; Acórdão 5.466/2011-2ª Câmara; e Acórdão
778/2012-Plenário; e Acórdão 1.674/2014-Plenário.
15. Importa destacar que nesses casos o Tribunal identificou a presença
de circunstâncias objetivas atenuantes da conduta dos gestores, tais
como: descontinuidade na liberação de recursos orçamentários;
paralisação da obra motivada pela contratante; aplicabilidade do art. 57
da Lei nº 8.666, de 1993, inclusive a contrato celebrado sob a égide do
Decreto-Lei nº 2.300, de 21 de novembro de 1986; fundamentação do
aditamento em parecer jurídico; prorrogação do cronograma de execução
por tempo igual ao da paralisação, com suporte no art. 79, § 5º, da Lei nº
8.666, de 1993; e adoção de providências para o cumprimento do
contrato, evitando prorrogação indefinida ou abusiva. contratual formal.
Prorrogação de Prazo
16. Bem se vê que neste caso concreto também estão presentes algumas
dessas circunstâncias pontuadas na jurisprudência do Tribunal, em
especial, o fato de os aditamentos considerados ilegais (posteriores ao
término de vigência da avença) terem decorrido da premissa equivocada
do governo estadual no sentido de que os prazos de vigência dos
contratos por escopo seriam prorrogados automaticamente em
decorrência dos sucessivos períodos de paralisação, com espeque nos
arts. 57, § 1º, inciso III, e 79, § 5º, da Lei nº 8.666, de 1993, sem a
necessidade do tempestivo aditamento.
17. Assim, mostra-se adequada a solução proposta pelo dirigente da
unidade técnica, a fim de autorizar, em caráter excepcional e em sintonia
com os precedentes mencionados, a continuidade dos aludidos contratos,
isso porque, como se sabe, a regra é a prorrogação do contrato
administrativo mediante a formalização do respectivo termo aditivo, antes
do término do prazo de vigência do ajuste, já que o aditamento não pode
produzir efeitos retroativos, mas a falta dessa providência tempestiva
deve ser analisada sob a ótica do interesse público, mesmo porque não
seria razoável prejudicar a comunidade destinatária do investimento
estatal em razão da inércia do agente em evitar a execução do objeto de
inquestionável interesse social sem a devida cobertura contratual formal.
Prorrogação
Pagamentos indevidos

- Os gastos com administração local de obras devem constar na


planilha orçamentária da respectiva obra como custo direto, assim
como despesas de mobilização/desmobilização e de instalação e
manutenção de canteiro (Acórdãos plenários 325/2007, 2369/2011 e
2622/2013).

- Como motivos para tal orientação podem ser citados: a apresentação


do detalhamento dos valores orçados, proporcionando parâmetros
para eventuais aditivos contratuais; e a possibilidade de evitar aditivos
com remuneração dessas rubricas, sem que os serviços aditados
necessariamente justifiquem acréscimos desses serviços
Prorrogação
Pagamentos indevidos
• 9.3.2. oriente os órgãos e entidades da Administração Pública Federal
a:

• 9.3.2.2. estabelecer, nos editais de licitação, critério objetivo de


medição para a administração local, estipulando pagamentos
proporcionais à execução financeira da obra, abstendo-se de utilizar
critério de pagamento para esse item como um valor mensal fixo,
evitando-se, assim, desembolsos indevidos de administração local em
virtude de atrasos ou de prorrogações injustificadas do prazo de
execução contratual, com fundamento no art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal e no arts. 55, inciso III, e 92, da Lei n. 8.666/1993;

Acórdão 2622/2013-Plenário
Prorrogação
Pagamentos indevidos
• Trecho do Voto:

• Sobre o pagamento irregular decorrente de sucessivas dilações de


prazo para a construção, o assunto merece ponderações. A questão é
recorrente nos contratos para execução de obras públicas.

• Em uma visão geral, constatada a impossibilidade de término da obra


no tempo avençado, deve-se proceder, obrigatoriamente, uma
avaliação objetiva das razões do atraso. Existem, por lógica, três
situações possíveis: a mora ocorreu por razões alheias a qualquer das
partes; por culpa da contratada; ou por atos e omissões da própria
Administração.

Acórdão 3443/2012-Plenário
Prorrogação
Pagamentos indevidos
• Trecho do Voto (cont.):

• No último caso – o da concorrência do órgão contratante –, o aditivo é


devido, como também eventuais consequências pecuniárias
decorrentes do atraso, como os gastos com administração local e
manutenção do canteiro. Eventual apuração de responsabilidades dos
gestores é cabível, principalmente quando a dilação for consequência
de negligência, imperícia ou imprudência dos gestores. Igualmente, se
a dilação for advinda de fatos imprevisíveis, ou previsíveis de
consequências incalculáveis, sob a luz da teoria da imprevisão, a
alteração do contrato faz-se devida.

Acórdão 3443/2012-Plenário
Prorrogação
Pagamentos indevidos
• Trecho do Voto (cont.):

• Outro caso são os atrasos ocorridos unicamente em decorrência da


incapacidade da contratada em cumprir o prazo ajustado. Mesmo
quando a má avaliação provenha do projeto – e isso é recorrente –, se
não existir modificação do cenário inicialmente pactuado, a empresa
não faz jus à revisão do valor contratado; e nem, imediatamente, à
dilação do prazo. O fato não encontra enquadramento nos ditames do
art. 65 da Lei 8.666/93. Não houve situação imprevista ou agressão às
das condições primeiramente avençadas que motivem a recomposição
do equilíbrio econômico-financeiro do contrato.

Acórdão 3443/2012-Plenário
Prorrogação
Pagamentos indevidos
• Trecho do Voto (cont.):

• Ademais, aquele prazo inicialmente previsto era exigência uniforme a


todas as licitantes, que estimaram equipamentos e mão de obra para
formarem seus preços. O relaxamento desta obrigação, portanto, é
altamente anti-isonômica.

• Nessas situações, portanto, a Administração poderia, sim, recompor o


prazo; mas não sem antes aplicar as multas contratuais pelo
adimplemento das obrigações avençadas. E jamais recomporia o valor
do empreendimento em razão dos custos aumentados com
administração e canteiro.

Acórdão 3443/2012-Plenário
Prorrogação
Condições para ressarcimento de despesas
- Comprovação da realização das despesas.
- Demonstração da existência de fato da administração (ação ou
omissão do Poder Público, relacionada ao contrato, que impede ou
retarda sua execução).
- Quebra do equilíbrio econômico-financeiro do contrato,
caracterizado, entre outros fatores, pela alteração das condições
inicialmente pactuadas e pela assunção de ônus insuportável à
execução contratual por uma das partes. Por exemplo, que o encargo
adicional a ser suportado pela contratada deve ser superior aos
valores das rubricas “lucro”, “riscos” ou “contingências” declaradas na
composição do BDI.
- Que o eventual desequilíbrio econômico-financeiro não seja
compensado por ganhos/economias obtidas na execução de outros
serviços. A avaliação da equidade do contrato deve ser resultado de
um exame global da avença, haja vista que outros itens podem ter
passado por diminuições de preço.
Prorrogação
Chuvas

Questão:
Uma empreiteira foi contratada para construir uma escola. Alegando motivos de
caso fortuito decorrentes das chuvas que caíram na região, o construtor solicita
prorrogação do prazo de execução contratual.
Como deve proceder o fiscal? Prorroga-se ou não o contrato?
Prorrogação
Chuvas

- A influência de condições climáticas adversas deve ser considerada


tanto pelo gestor público na montagem do cronograma da obra
quanto pelo empreiteiro na formulação de sua proposta.

- Deve-se adotar média pluviométrica na região na definição do prazo.

- A prorrogação por motivo das chuvas somente é admissível pela


Administração quando estas ultrapassarem a média histórica na
região da execução da obra. Caso contrário, é motivo para imposição
das penalidades previstas no contrato.

- Observar que há serviços que não são impactados pelas chuvas, por
exemplo, na parte interna da edificação.
Prorrogação
Chuvas
- Caso a chuva realmente impeça o regular andamento das obras,
deve-se avaliar o real impacto que estes dias parados acarretarão na
obra, pois, se necessária for a prorrogação do prazo, esta, no máximo,
deverá ser concedida pelo prazo correspondente aos dias em que a
empresa comprovadamente foi prejudicada ou impedida de executar
os serviços.

- Também não é qualquer nível de chuva que impacta nos serviços.


Geralmente apenas precipitações superiores a 10 mm têm influência
na produtividade, exigindo a interrupção de alguns serviços,
notadamente a terraplanagem.

- Notar que muitas vezes não chove “o dia inteiro” e podem ocorrer
interrupções parciais, as quais devem ser devidamente registradas no
diário de obras.
Prorrogação
Chuvas

- Há algumas situações peculiares que podem justificar a prorrogação,


mesmo quando chove abaixo da média histórica. Por exemplo,
quando a obra foi prevista para ser executada na época da seca, mas,
por motivos alheios às partes, seu início acabou postergado para a
época das chuvas.

- Em outras circunstâncias, embora tenha chovido menos do que a


média histórica, as chuvas foram concentradas em poucos dias (ou
horas), ocasionando alagamentos, erosões ou perdas dos serviços
executados. Trata-se de uma situação previsível (a chuva), porém, de
efeitos incalculáveis (os danos).
Prorrogação
Chuvas
Prorrogação
Greves

Questão:
Uma empreiteira foi contratada para reformar e ampliar um terminal de
passageiros de um aeroporto. Alegando motivos de força maior decorrentes das
greves dos operários da construção civil, o construtor solicita prorrogação do
prazo de execução contratual.
Como deve proceder o fiscal? Prorroga-se ou não o contrato?
Prorrogação
Greves

- A greve pode ser culpa exclusiva do contratado, quando este, por


exemplo, descumpre algum direito trabalhista. Nesse caso, não há de
se falar em prorrogação.

- Pode ser considerada fato excepcional ou imprevisível, estranho à


vontade das partes, ensejando a prorrogação.

- Caberá ao contratado demonstrar a causa impactante no atraso e sua


impossibilidade de contorno por outros meios.
Prorrogação
Greves

- Deve-se avaliar se a greve foi geral, atingindo todas as empresas ou se


atingiu apenas a obra contratada, situação que dificulta a aceitação do
pedido de prorrogação.

- Deve-se comprovar o percentual de trabalhadores que aderiram à


greve, que deve ser relevante a ponto de justificar o pleito.

- A apresentação do requerimento de prorrogação de prazos deve ser


sempre anterior ao término do prazo contratualmente previsto.
Prorrogação
Atrasos de fornecedores

Questão:
Uma empreiteira foi contratada para pavimentar uma via pública com piso
intertravado de concreto. Alegando indisponibilidade de os fornecedores de
blokets de concreto atenderem o quantitativo necessário no prazo acordado, o
construtor solicita prorrogação do prazo de execução contratual.
Como deve proceder o fiscal? Prorroga-se ou não o contrato?
Prorrogação
Atrasos de fornecedores

- Em regra o motivo do atraso é culpa exclusiva do contratado, mas


pode-se admitir a prorrogação em algumas circunstâncias excepcionais.
- Necessita-se demonstrar que o atraso no fornecimento do material
independeu da vontade do construtor e efetivamente atrasou a
conclusão da obra.
- Existem vários serviços/materiais que não estão no caminho crítico do
cronograma da obra, cujo atraso no fornecimento não gerará
necessariamente atraso no cronograma.
- Necessita-se demonstrar que outros fornecedores não tinham o
material disponível para entrega, mesmo que por um preço superior.
Prorrogação
Falta de recursos

- Eventualmente, a obra pode ser paralisada por falta de recursos


financeiros por parte da contratante ou pela não adoção de
providências por parte da Administração Pública.
- Essas hipóteses encontram-se previstas nos incisos XIV a XVI do art.
78 da Lei 8.666/93 e são motivos para a rescisão do contrato, sendo
consideradas culpa do contratante.
- Nas situações em que não haja a rescisão contratual, nos termos do
§5º, art. 79, da Lei 8666/93, ocorrendo impedimento, paralisação ou
sustação do contrato, o cronograma de execução será prorrogado
automaticamente por igual tempo.
- Por óbvio, que a prorrogação de prazo será igual à quantidade exata
de dias em que a execução do contrato ficou paralisada.
Prorrogação
Falta de recursos

- Eventualmente, a obra pode ser paralisada por falta de recursos


financeiros por parte da contratante ou pela não adoção de
providências por parte da Administração Pública.
- Essas hipóteses encontram-se previstas nos incisos XIV a XVI do art.
78 da Lei 8.666/93 e são motivos para a rescisão do contrato, sendo
consideradas culpa do contratante.
- Nas situações em que não haja a rescisão contratual, nos termos do
§5º, art. 79, da Lei 8666/93, ocorrendo impedimento, paralisação ou
sustação do contrato, o cronograma de execução será prorrogado
automaticamente por igual tempo.
- Por óbvio, que a prorrogação de prazo será igual à quantidade exata
de dias em que a execução do contrato ficou paralisada.
Prorrogação
Contratos emergenciais
Lei 8.666/93
• Art. 24. É dispensável a licitação:

IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública,


quando caracterizada urgência de atendimento de situação que
possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de
pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos
ou particulares, e somente para os bens necessários ao
atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as
parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no
prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e
ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou
calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos;
Prorrogação
Contratos emergenciais

• Trecho da Ementa:

O limite de 180 dias para execução de serviços emergenciais,


referido no inciso IV do art. 24 da Lei nº 8.666/1993, pode ser
ultrapassado se isso for indispensável para a preservação do bem
protegido.

Acórdão 2024/2008-Plenário
Alteração de objeto x Alteração de prazo

Dependendo da situação concreta, a alteração de


prazo de execução pode significar a execução de um
objeto substancialmente distinto do licitado.

A modificação substancial do prazo configura


alteração do objeto licitado, já que a caracterização
deste último não se limita às especificações técnicas
do produto desejado (Acórdão nº 292/2008-Plenário).
Alteração de objeto

Acórdão nº 396/2008 – Plenário


Situação concreta: mais da metade dos serviços na nova
planilha decorrente do projeto executivo não foram
licitados.
[VOTO] Com efeito, diante das graves irregularidades
apontadas, que macularam as obras em questão desde a
origem, uma vez que o objeto da licitação, baseado em
projeto básico deficiente não corresponde à obra que se
pretende realizar, além de apresentar sobrepreço,
considero que a solução que melhor atende o interesse
público, neste caso, é a fixação de prazo à (omissis) para
que cumpra os exatos termos da lei, adotando as
providências necessárias para a anulação dos atos e
contratos irregulares.
Alteração de objeto
Acórdão n.º 1428/2003 – Plenário
Situação concreta: contrato previa construção de uma barragem de terra
e o aditivo passou a prever a construção de uma barragem de concreto.
[VOTO](...) não posso concordar com o raciocínio simplista de que a
alteração realizada no projeto inicialmente licitado não ultrapassou o
limite de 25% e, por isso mesmo, não existiu nenhuma ilegalidade.
Muito menos posso concordar com os fundamentos apresentados pela
(omissis) quando defende que 'se uma barragem de terra (...) tem seu
método construtivo alterado para uma de concreto compactado a rolo
(CCR), não se pode de modo algum afirmar que houve alteração do
objeto'. Por certo continuará sendo uma barragem, mas jamais poderá
ser considerado o mesmo objeto licitado.
Alteração de objeto
Acórdão n.º 1428/2003 – Plenário

(...) Não se alegue que não houve alteração do projeto


básico, mas apenas o seu detalhamento no projeto
executivo, pois, apesar de reconhecer que este possa
fazer algumas correções naquele, não pode alterá-lo
de modo a se constituir objeto completamente distinto
do inicialmente licitado. Alterações significativas, antes
de iniciada a obra exige a realização de novo
procedimento licitatório e não assinatura de termo
aditivo.
Alteração de Projetos
Conflitos na Alteração de Projetos
 Durante a execução da obra pode surgir a necessidade
de alteração e/ou adequação dos projetos licitados.
 Tais alterações podem decorrer de
erros/omissões/imprecisões identificados nos projetos ou
de necessidades supervenientes do contratante.
 No âmbito administrativo a medida a ser adotada é a
celebração de aditamento contratual, nos termos do art.
65 da Lei 8.666/93, o que em alguns casos pode,
também, exigir a prorrogação do prazo de execução.
Conflitos na Alteração de Projetos
 Todavia, durante esse processo, podem surgir alguns
conflitos:
1) O construtor apresenta suposto erro no projeto, mas o
projetista não concorda com tal apontamento.
2) O projetista se nega a realizar a alteração solicitada pela
Administração.
3) O construtor se nega a executar o projeto da forma como
foi elaborado.
4) A Administração não concorda com a solução projetada
ou com o dimensionamento realizado pelo projetista.
5) O projetista se nega a fornecer memória de cálculo.

Como proceder?
Alteração de Projetos
 Lei 5194/66:
Art. 18 - As alterações do projeto ou plano original só poderão
ser feitas pelo profissional que o tenha elaborado.
Parágrafo único - Estando impedido ou recusando-se o autor
do projeto ou plano original a prestar sua colaboração
profissional, comprovada a solicitação, as alterações ou
modificações deles poderão ser feitas por outro profissional
habilitado, a quem caberá a responsabilidade pelo projeto ou
plano modificado.
(...)
Art. 22 - Ao autor do projeto ou aos seus prepostos é
assegurado o direito de acompanhar a execução da obra, de
modo a garantir a sua realização, de acordo com as condições,
especificações e demais pormenores técnicos nele
estabelecidos.
Parágrafo único - Terão o direito assegurado neste Artigo, o
autor do projeto, na parte que lhe diga respeito, os
profissionais especializados que participarem, como co-
responsáveis, na sua elaboração.
Alteração de Projetos

Resolução Confea 1025/2009 (Regulamenta a ART):


Art. 10. Quanto à forma de registro, a ART pode ser
classificada em:

I – ART complementar, anotação de responsabilidade técnica


do mesmo profissional que, vinculada a uma ART inicial,
complementa os dados anotados nos seguintes casos:
a) for realizada alteração contratual que ampliar o objeto, o
valor do contrato ou a atividade técnica contratada, ou
prorrogar o prazo de execução; ou

Art. 31. A substituição, a qualquer tempo, de um ou mais


responsáveis técnicos pela execução da obra ou prestação do
serviço obriga ao registro de nova ART, vinculada à ART
anteriormente registrada.
Alteração de Projetos
Lei 12378/2010:
Art. 15. Aquele que implantar ou executar projeto ou qualquer trabalho técnico
de criação ou de autoria de arquiteto e urbanista deve fazê-lo de acordo com as
especificações e o detalhamento constantes do trabalho, salvo autorização em
contrário, por escrito, do autor.
Parágrafo único. Ao arquiteto e urbanista é facultado acompanhar a implantação
ou execução de projeto ou trabalho de sua autoria, pessoalmente ou por meio de
preposto especialmente designado com a finalidade de averiguar a adequação
da execução ao projeto ou concepção original.
Art. 16. Alterações em trabalho de autoria de arquiteto e urbanista, tanto em
projeto como em obra dele resultante, somente poderão ser feitas mediante
consentimento por escrito da pessoa natural titular dos direitos autorais, salvo
pactuação em contrário.
§ 1ª No caso de existência de coautoria, salvo pactuação em contrário, será
necessária a concordância de todos os coautores.
Alteração de Projetos
Havendo modificação de projeto, a Administração deve providenciar a
atualização da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) da obra junto
ao Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea)
competente, de modo a deixar registrada a alteração. (Acórdão
2581/2009-Plenário).

A Administração deve identificar cada peça técnica que compõe o Projeto


Básico/Executivo (plantas, orçamento-base, composições de custos
unitários, cronograma físico-financeiro etc.) por meio das Anotações de
Responsabilidade Técnica (ART) dos responsáveis por sua autoria, e
também com a identificação dos últimos revisores, em conformidade com a
Resolução CONFEA 425 (arts. 1º e 2º), atualizando-as a cada modificação
de projeto, com o intuito de permitir a identificação e imputação de
responsabilidade do projeto inicial e após suas alterações, em
conformidade com o disposto no caput, c/c § 1o, do art. 18 da Lei
5.194/1966. (Acórdão 1981/2009-Plenário).

É vedada a alteração contratual de projeto em fase de obras sem a devida


justificativa técnica. (Acórdão 2436/2007-Plenário).
Alteração de Projetos
Lei 12378/2010:

§ 3o Ao arquiteto e urbanista que não participar de alteração em obra ou


trabalho de sua autoria é permitido o registro de laudo no CAU de seu domicílio,
com o objetivo de garantir a autoria e determinar os limites de sua
responsabilidade.
§ 4o Na hipótese de a alteração não ter sido concebida pelo autor do projeto
original, o resultado final terá como coautores o arquiteto e urbanista autor do
projeto original e o autor do projeto de alteração, salvo decisão expressa em
contrário do primeiro, caso em que a autoria da obra passa a ser apenas do
profissional que houver efetuado as alterações.
Acompanhamento da Obra pelo Projetista
Súmula TCU 185:

“A Lei nº 5.194, de 24/12/66, e, em especial, o seu art. 22, não atribuem


ao autor do projeto o direito subjetivo de ser contratado para os serviços
de supervisão da obra respectiva, nem dispensam a licitação para a
adjudicação de tais serviços, sendo admissível, sempre que haja
recursos suficientes, que se proceda aos trabalhos de supervisão
diretamente ou por delegação a outro órgão público, ou, ainda, fora
dessa hipótese, que se inclua, a juízo da Administração e no seu
interesse, no objeto das licitações a serem processadas para a
elaboração de projetos de obras e serviços de engenharia, com
expressa previsão no ato convocatório, a prestação de serviços de
supervisão ou acompanhamento da execução, mediante remuneração
adicional, aceita como compatível com o porte e a utilidade dos
serviços.”
Inclusão de Serviços Novos – Lei 8666/93

Art. 65 (...)

§ 3º Se no contrato não houverem sido contemplados


preços unitários para obras ou serviços, esses serão
fixados mediante acordo entre as partes, respeitados
os limites estabelecidos no § 1º deste artigo.
Inclusão de Serviços Novos - Decreto 7.983/2013

•Art. 14. A diferença percentual entre o valor global do


contrato e o preço global de referência não poderá ser
reduzida em favor do contratado em decorrência de
aditamentos que modifiquem a planilha orçamentária.
•Parágrafo único. Em caso de adoção dos regimes de
empreitada por preço unitário e tarefa, a diferença a que se
refere o caput poderá ser reduzida para a preservação do
equilíbrio econômico-financeiro do contrato em casos
excepcionais e justificados, desde que os custos unitários
dos aditivos contratuais não excedam os custos unitários do
sistema de referência utilizado na forma deste Decreto,
assegurada a manutenção da vantagem da proposta
vencedora ante a da segunda colocada na licitação.
Inclusão de Serviços Novos - Decreto 7.983/2013

•Art. 17...§1º Em caso de celebração de termo aditivo, o


serviço adicionado ao contrato ou que sofra alteração em
seu quantitativo ou preço deverá apresentar preço unitário
inferior ao preço de referência da administração pública,
mantida a proporcionalidade entre o preço global contratado
e o preço de referência, ressalvada a exceção prevista no
parágrafo único do art. 14 e respeitados os limites previstos
no §1º do art. 65 da Lei 8.666/93.
•Art. 17...§2º O preço de referência a que se refere o §1º
deverá ser obtido na forma do Capítulo II, considerando a
data-base de elaboração do orçamento de referência da
Administração, observadas as cláusulas contratuais.
Inclusão de Serviços Novos

Acórdão 855/2016-Plenário (enunciado):

Os aditivos para inclusão de serviços novos (art. 65, § 3º, da


Lei 8.666/1993) devem observar, no mínimo, o mesmo
desconto inicial do ajuste, ou seja, a mesma diferença
percentual entre o valor global contratado e aquele obtido a
partir dos custos unitários do sistema de referência aplicável.
Inclusão de Serviços Novos
•O Acórdão 2.622/2013-Plenário orientou os jurisdicionados a
estabelecerem, nos editais de licitação, que, na hipótese de
celebração de aditivos contratuais para a inclusão de novos
serviços, o preço desses serviços será calculado considerando
o custo de referência e a taxa de BDI de referência
especificada no orçamento-base da licitação, subtraindo desse
preço referencial a diferença percentual entre o valor do
orçamento-base e o valor global do contrato obtido na licitação,
com vistas a garantir o equilíbrio econômico-financeiro do
contrato e a manutenção do percentual de desconto ofertado
pelo contratado, em atendimento ao art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal e aos artigos 14 e 15 do Decreto
7.983/2013.
Inclusão de Novos Serviços
•Por exemplo, considere a seguinte licitação:
Rubrica Orçamento Proposta da Proposta da
Base da Licitante 1 Licitante 2
Administração
Custo Direto 100 80 100
BDI 25% 50% 23%
Preço de Venda 125 120 123
Inclusão de Serviços Novos – Item existente no Sinapi

•A título de exemplo, durante a execução da obra, planejada


inicialmente para apresentar estrutura em concreto aparente,
entendeu-se, de forma justificada, em aplicar duas demãos de
pintura epoxi sobre o concreto.
•Considerando que a data-base do contrato era de julho/2014,
em atendimento ao disposto no art. 17, §2º, do Decreto
7983/1993, pesquisou-se o Sinapi e obteve-se o seguinte
custo unitário para o serviço:
Inclusão de Serviços Novos – Item existente no Sinapi

•O desconto da licitante 1 em relação ao orçamento de


referência foi de 4% (R$ 5/R$ 125).
•Se o custo do serviço no Sinapi, na data-base do contrato,
equivale a R$ 29,57, o valor do serviço a ser incluído no
contrato é de:

P = 29,57 x 1,25 x 0,96 = R$ 35,48

•Reparem que foi aplicado o BDI do orçamento de referência e


não o BDI da proposta da licitante.
•Recomenda-se que esta regra esteja prevista no contrato.
Inclusão de Serviços Novos – Item cotado no mercado

•Considere que em um contrato reajustado pelo INCC, com


data base em maio/2015, foi necessário incluir um switch de
24 portas de 10/100 Mbits.
•A pesquisa de mercado foi realizada em fevereiro de 2016,
quando o INCC sofreu uma variação acumulada de 5,03%
Inclusão de Serviços Novos – Item cotado no mercado
•A pesquisa de preço realizada pela Administração com os
menores valores para várias marcas/modelos encontra-se
sintetizada a seguir:
Inclusão de Serviços Novos – Item cotado no mercado
•Considerando que todos os modelos atenderiam aos
requisitos de desempenho especificados, foi incluído o switch
de R$ 190,90 na planilha orçamentária da obra seguindo os
seguintes procedimentos:

•Deflação até a data base do contrato: R$ 190,90/1,0503


= R$ 181,76

• Aplicação do BDI do orçamento-base: R$ 181,76 x 1,25


= R$ 227,20

(admitindo que não seja o caso de aplicar um BDI reduzido,


pois o fornecimento não era materialmente relevante)

• Aplicação do desconto obtido na licitação: R$ 227,20 x 0,96


= R$ 218,11
Inclusão de Serviços Novos – Regra prevista no edital
•Para evitar discussões com a empresa sobre os critérios a
serem adotados, é relevante que o instrumento convocatório
preveja a aplicação do Decreto 7983/2013 bem como das
seguintes regras:

a) Itens existentes no Sinapi:


1) Será pesquisado o valor do serviço mais apropriado,
obtido a partir da mediana do Sinapi, extraído do relatório
de serviços da data-base do contrato.
2) Se necessário, serão realizados ajustes nas
composições do Sinapi para adequar o serviço às
particularidades executivas da obra.
3) Será aplicado o BDI de referência do orçamento-base da
Administração sobre o custo do Sinapi.
4) Será aplicado o fator de desconto apresentado pela
licitante em relação ao orçamento-base.
Inclusão de Serviços Novos – Regra prevista no edital
b) Itens não existentes no Sinapi, pesquisados no
mercado:
1) A administração realizará pesquisa de mercado do
serviço/insumo em pelos menos três prestadores de
serviço/fornecedores, adotando o menor preço pesquisado
como parâmetro.
2) O valor obtido será deflacionado pelo índice de reajuste
contratual até a data-base da contratação.
3) Será aplicado o BDI de referência do orçamento-base da
Administração sobre o custo do Sinapi.
4) Será aplicado o fator de desconto apresentado pela
licitante em relação ao orçamento-base.
Inclusão de Serviços Novos – Regra prevista no edital
c) Itens não existentes no Sinapi, pesquisado em outros sistemas
referenciais ou orçados com composição própria.
1) A administração utilizará a composição do sistema de referência,
realizando os ajustes pertinentes e substituindo os preços dos insumos por
aqueles do Sinapi.
2) Para os insumos novos, não existentes na proposta da contratada e no
Sinapi, será realizada cotação, adotando o menor preço cotado como
referência.
3) Para os insumos não existentes no Sinapi, será adotado o valor dos
insumos da proposta da contratada.
4) Conforme o caso, a composição deverá ser elaborada na mesma data-
base do contrato. Caso inviável, em vista da adoção de insumos cotados
no mercado, será deflacionada até a data-base do contrato pelo índice de
reajuste contratual.
5) Será aplicado o BDI de referência do orçamento-base da Administração
sobre o valor obtido na etapa anterior.
6) Será aplicado o fator de desconto apresentado pela licitante em relação
ao orçamento-base.
Quando a alteração de metodologia executiva
justifica a celebração de aditivo?
•Um projeto/especificação pode trazer dois tipos de obrigação
para o construtor:
Obrigações de meio (“Como Fazer”), em que a contratada
deve seguir fielmente a metodologia e a solução
especificadas pela Administração.
Obrigações de fim ou finalísticas (“O que Fazer”), em que
a contratada tem liberdade para inovar em termos de
metodologia executiva.
•Em geral, quando o serviço envolvido adota somente uma
obrigação do “que fazer”, o construtor está livre para adotar o
método que bem entender para executar o objeto, desde que
cumpridas todas as regras legais/ambientais/trabalhistas
cabíveis.
•Nesse caso, nenhum pleito formulado, alegando supostas
dificuldades, pode ser acolhido.
Quando a alteração de metodologia executiva
justifica a celebração de aditivo?
•Por outro lado, as vezes a Administração estabelece uma
obrigação de meio “como fazer”, de forma que a imposição
unilateral de outro método executivo enseja a realização de
aditamento, reduzindo ou aumentando o valor do serviço,
conforme a solução especificada seja menos ou mais onerosa.
•Ainda que não tenha sido estabelecida uma obrigação de
meio no edital, se a Administração impor o método executivo,
poderá ser necessário aditar o ajuste.
•Por exemplo, na execução de uma rede coletora de esgoto,
posteriormente, a Administração impõe a travessia de uma
avenida utilizando método não destrutivo para assentamento
da tubulação, sem a necessidade de abertura de valas.
Quando a alteração de metodologia executiva
justifica a celebração de aditivo?
•Outra situação que exige o aditamento contratual é quando há
risco de superfaturamento por alteração de metodologia
executiva. Nesse caso, o orçamento da licitação considerou
metodologia executiva claramente ineficiente, antieconômica,
ultrapassada ou contrária à boa técnica da engenharia, e,
posteriormente, durante a execução da obra, a empresa
contratada adota outro método construtivo, mais racional e
econômico, sem que se proceda ao reequilíbrio econômico-
financeiro da avença.
Quando a alteração de metodologia executiva
justifica a celebração de aditivo?
•Por exemplo, uma rede coletora de esgoto pode ter a
escavação de valas executada de forma mecanizada, com o
uso de uma escavadeira hidráulica, ao custo unitário
aproximado de R$ 5,61/m3, conforme parâmetro obtido no
Sistema Nacional de Custos e Índices da Construção Civil
(Sinapi), mantido pela Caixa Econômica Federal (Composição
90091 do Sinapi – Brasília – setembro/2015). Em
contraposição, o serviço de escavação manual de valas possui
custo unitário de R$ 55,21/m3, na mesma localidade e data-
base (Composição 73965/004 do Sinapi – Brasília –
setembro/2015).
•Assim, uma companhia de saneamento que orça a obra
considerando que a escavação das valas será realizada
manualmente, estará superestimando em aproximadamente
10 vezes o custo de execução dos serviços!
Quando a alteração de metodologia executiva
justifica a celebração de aditivo?
•Cabe esclarecer, entretanto, que esse tipo de
superfaturamento não ocorre quando o orçamento do serviço
considerou metodologia executiva eficiente e compatível com o
estado da arte da engenharia e, ainda assim, o construtor,
valendo-se de sua expertise ou de equipamentos mais
modernos e produtivos, consegue executar o serviço com
maior produtividade e, consequentemente, a um menor custo.
Nesse caso houve um legítimo e até desejável ganho de
eficiência, cujos benefícios podem ser apropriados
exclusivamente pelo contratado.
•Por isso, o Roteiro de Auditoria de Obras Públicas do TCU
sugere o seguinte procedimento para identificar a ocorrência
do superfaturamento por alteração de metodologia executiva:
Quando a alteração de metodologia executiva
justifica a celebração de aditivo?
Manutenção do equilíbrio econômico-financeiro
A Lei nº 8.666/1993 prevê que o valor pactuado
inicialmente entre as partes pode sofrer três espécies
de alterações:
- atualização financeira em decorrência de atraso no
pagamento, em consonância com o disposto no art.
40, XIV, “c”;
- reajuste, que está previsto nos arts. 40, XI, e 55, III;
- reequilíbrio econômico-financeiro, consoante
dispõe o art. 65, II, “d”.
Atualização financeira

A atualização financeira tem por objetivo repor a


perda de poder aquisitivo que a moeda sofre com o
passar do tempo.

Trata-se de medida de justiça ao evitar que o


contratante sofra prejuízos em decorrência da mora
da Administração.

Decorre do disposto nos arts. 40, inciso XIV, “c”, e 55,


inciso III, da Lei 8.666/93.
Atualização financeira
Art. 40. O edital conterá [...] e indicará, obrigatoriamente, o
seguinte:
XIV - condições de pagamento, prevendo: [...]
c) critério de atualização financeira dos valores a serem
pagos, desde a data final do período de adimplemento de
cada parcela até a data do efetivo pagamento;
Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que
estabeleçam: [...]
III - o preço e as condições de pagamento, os critérios, data-
base e periodicidade do reajustamento de preços, os critérios
de atualização monetária entre a data do adimplemento
das obrigações e a do efetivo pagamento;
Reajuste de preços
Reajuste de preços - decorre da álea ordinária e está
vinculado a um índice previamente definido no contrato.
Tem como ideia central a reposição da perda do poder
aquisitivo da moeda por meio do emprego de índices de
preços prefixados no contrato administrativo. Tem
fundamento no art. 40, XI, da Lei nº 8.666/1993:
Art. 40. O edital conterá [...] e indicará, obrigatoriamente,
o seguinte:
XI - critério de reajuste, que deverá retratar a variação
efetiva do custo de produção, admitida a adoção de
índices específicos ou setoriais, desde a data prevista
para apresentação da proposta, ou do orçamento a que
essa proposta se referir, até a data do adimplemento de
cada parcela;
Reajuste de preços
A Lei nº 10.192, de 14/2/2001, admite, para reajustar
os contratos, a utilização de índices de preços
gerais, setoriais ou que reflitam a variação dos
custos de produção ou dos insumos utilizados.
Para sua aplicação, exige-se o interregno mínimo de
um ano, a contar da data de apresentação da
proposta ou do orçamento a que se referir a proposta
ou da data do último reajustamento.
Reajuste de preços

A ausência de previsão contratual da possibilidade


de reajuste dos valores contratados afasta a sua
concessão?
O direito à manutenção do equilíbrio econômico-
financeiro do contrato tem raiz constitucional (art. 37,
XXI), não deriva de cláusula contratual ou de
disposição editalícia.
Assim, a ausência de previsão contratual não afasta a
possibilidade de concessão do reajuste, caso devido,
na forma prevista na legislação pertinente.
Reequilíbrio econômico-financeiro
Reequilíbrio econômico-financeiro do contrato -
decorrente de álea extraordinária e extracontratual -
trata do reestabelecimento da relação contratual
inicialmente ajustada pelas partes, desde que a
alteração tenha sido provocada por álea extraordinária
superveniente ao originalmente contratado. Instituto
previsto no artigo 65, inciso II, alínea “d”, da Lei nº
8.666/1993, é concedido ao contratado pela
Administração, desde que se verifique a ocorrência das
hipóteses específicas de sua admissibilidade apontadas
pela lei.
Reequilíbrio econômico-financeiro

O reequilíbrio econômico-financeiro do contrato tem por


fundamento a Teoria da Imprevisão.
Deve ser aplicado:
a) quando ocorrerem fatos imprevisíveis ou previsíveis
de conseqüências incalculáveis, que retardem ou
impeçam a execução do ajuste;
b) em caso de força maior, caso fortuito ou fato do
príncipe;
c) quando esses fatos provocarem impactos
significativos na equação econômico-financeira do
contrato.
Reequilíbrio econômico-financeiro
A disciplina básica sobre a manutenção do equilíbrio
econômico-financeiro dos contratos administrativos
está contida no inciso XXI do art. 37 da Constituição
Federal.

Constituição
• Art. 37 Federal
XXI – Ressalvados em casos específicos na legislação, as
obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante
processo de licitação pública, que assegure igualdade de
condições a todos os concorrentes, com cláusulas que
estabeleçam condições de pagamento, mantidas as condições
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá
as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à
garantia do cumprimento das obrigações.
Reequilíbrio econômico-financeiro
Lei 8.666/93
• Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as
devidas justificativas, nos seguintes casos:
(...) II - por acordo das partes:
(....)
• d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicialmente entre R
os encargos do contratado e a retribuição da administração para a justa
remuneração da obra, serviço ou fornecimento, objetivando a i
manutenção do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato, na s
hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém de c
consequências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do
ajustado, ou, ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato do o
príncipe, configurando álea econômica extraordinária e extracontratual s
Reequilíbrio econômico-financeiro
Definições
• Força maior: evento humano que, por sua imprevisibilidade e
inevitabilidade, torna impossível a regular execução do contrato. Pode-se
até conhecer a causa que deu origem ao acontecimento, mas não há como
evitá-la.
• Caso fortuito: evento imprevisível da natureza que impacta na execução
contratual, sem que haja interferência da vontade humana. Por exemplo,
terremoto, queda de meteorito, furacão, tornado, deslizamentos e queda
de barreiras, inundações, e chuvas muito acima das médias históricas.
• Fato de príncipe: Ato do Poder Público, determinação estatal, sem relação
direta com o contrato administrativo, que onera a execução do contrato de
forma imprevista ou imprevisível, por exemplo, aumento de encargos e
tributos, embargos ambientais e judiciais, alteração de leis e regulamentos
com impacto no contrato.
• Fatos da administração: Omissão ou atraso de providências a cargo da
Administração contratante, inclusive quanto aos pagamentos previstos,
que impeçam ou retardem a execução do contrato (ordens de interrupção
ou diminuição do ritmo de trabalho por interesse da administração,
alterações de projeto, atrasos na liberação de áreas ou pagamento de
faturas, demora na celebração de aditivos, atrasos em desapropriações).
Alocação de Riscos: Fatos Contratuais x
Extracontratuais
- SCHWIND observa que o artigo 65, II, “d”, da Lei 8.666/93 não contém uma
sistemática impositiva de alocação de riscos. Na verdade, é plenamente
possível que um contrato administrativo preveja uma sistemática de alocação
de riscos específica, em que o contratado assuma os riscos relacionados a
determinados eventos futuros e incertos.
- Maurício Portugal RIBEIRO e Lucas Navarro PRADO argumentam que “a
partir da leitura do art. 65, II, “d”, da Lei 8.666/93, pretende-se atribuir à
Administração Pública os riscos de força maior, caso fortuito, fato de príncipe
etc. nos contratos de obras e de prestação de serviço, como se o contrato não
pudesse dispor de forma diferente. Todavia, essa interpretação passa ao largo
do fato de que o dispositivo menciona tratar-se de evento extracontratual.
Ora, se o contrato dispuser de forma distinta, portanto, deverá prevalecer.
Pensamos que não há – seja na Lei 8.666/93 ou em qualquer outro diploma
legal – um sistema de distribuição de riscos positivado. Aliás, assim que deve
ser, pois a distribuição de riscos é uma questão de eficiência econômica, e não
de valor.”
Excludentes da Aplicação da Teoria da
Imprevisão:

“A Administração pode recusar o restabelecimento da


equação apenas mediante invocação da ausência dos
pressupostos necessários. Poderá invocar:
- ausência de elevação dos encargos do particular;
- ocorrência do evento antes da formulação das propostas;
- ausência de vínculo de causalidade entre o evento
ocorrido e a majoração dos encargos do contratado;
- culpa do contratado pela majoração dos seus encargos (o
que inclui a previsibilidade da ocorrência do evento).”
Alterações contratuais
Necessidade de exame global do contrato
• Trecho do Voto:
22. O laudo do perito judicial trazido pelo (...) em sua defesa (peças 11 e 12)
reitera a inexecução dos serviços de esquadrias de alumínio e de sistemas de ar
condicionado, bem como assinala que a empresa foi remunerada pelos mencionados
itens. No tocante ao desequilíbrio econômico-financeiro na avença, defendido pela
construtora, a peça técnica indica que apenas teriam sido apresentadas evidências de
variação excessiva do preço das esquadrias de alumínio. Além de não terem sido
indicadas oscilações desproporcionais de preços para os equipamentos de ar
condicionado, não foram comprovadas variações excessivas que ofendessem a
justeza do contrato como um todo.
23. Importa destacar que eventual desequilíbrio econômico-financeiro não
pode ser constatado a partir da variação de preços de apenas um serviço ou insumo.
A avaliação da equidade do contrato deve ser resultado de um exame global da
avença, haja vista que outros itens podem ter passado por diminuições de preço.
Diferentemente do alegado pela empresa, em que pese as diversas modificações no
objeto inicialmente licitado, não restou demonstrado desequilíbrio no contrato,
especialmente em face das repactuações procedidas.

Acórdão 1466/2013-Plenário
Alterações contratuais
Mera variação de preços de mercado
• Trecho do Voto:
6. A análise empreendida pela Codevasf para motivar a
celebração do 5º Termo Aditivo, que promoveu o reequilíbrio
econômico-financeiro do contrato, contemplou a comparação entre os
preços unitários contratuais e os preços dos mesmos serviços dois
anos após a contratação, considerando pesquisa de mercado do custo
dos insumos e mantendo o desconto ofertado pela contratada à época
da licitação.
7. A adoção de tal sistemática motivou um incremento de 4,86%
ao valor contratual até então não executado, equivalente a R$
1.399.126,57, que foi incorporado adicionalmente aos percentuais de
reajustamento contratualmente previstos.

Acórdão 3024/2013-Plenário
Alterações contratuais
Mera variação de preços de mercado
• (cont.):
8. A esse respeito, observo que a mera variação de preços, para
mais ou para menos, não é suficiente para determinar a realização de
reequilíbrio econômico-financeiro do contrato, sendo essencial a
presença de uma das hipóteses previstas no art. 65, inciso II, alínea
“d”, da Lei 8.666/1993, a saber: fatos imprevisíveis, ou previsíveis
porém de consequências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da
execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força maior, caso fortuito
ou fato do príncipe, configurando álea econômica extraordinária e
extracontratual.
9. Entendo ser previsível a ocorrência de pequenas variações
entre os preços contratuais reajustados e os preços de mercado, já
que dificilmente os índices contratuais refletem perfeitamente a
variação de preços do mercado.

Acórdão 3024/2013-Plenário
Alterações contratuais
Mera variação de preços de mercado
• (cont.):
10. Além disso, considero que a sistemática adotada pela Codevasf para a
formalização do 5º Termo Aditivo não encontra amparo no art. 65, inciso II, alínea
“d”, da Lei 8.666/1993.
11. Insta destacar que o art. 40, inciso XI, da Lei 8.666/1993 estabelece
que os editais de licitação devem prever o critério de reajuste dos preços
contratuais, admitida a adoção de índices específicos ou setoriais.
12. Os índices de reajustamento previstos no contrato são calculado pela
Fundação Getúlio Vargas, Colunas 5 e 38 (concreto armado e terraplenagem), e
deveriam ser capazes de recompor os preços unitários contratuais ao longo do
tempo, em especial por retratarem a maior parte do objeto pactuado, o que
restou comprovado diante da pequena variação anual observada.
13.Por fim, ressalto que caso a metodologia adotada pela Codevasf fosse
considerada adequada, o art. 40, inciso XI, da Lei 8.666/1993 restaria inócuo, já
que qualquer variação de preço seria capaz de ensejar a obrigatoriedade da
realização de reequilíbrio econômico-financeiro, o que substituiria o
reajustamento dos contratos.

Acórdão 3024/2013-Plenário
Necessidade de comprovação dos gastos extraordinários
• 25. Com efeito, a desvalorização da moeda nacional ocorrida no início de 1999
já foi reconhecida pela Justiça e por este Tribunal como evento extracontratual
impactante nos contratos administrativos em vigor na época. Contudo, não pode
ser tida como uma condição suficiente e autônoma para justificar a revisão
contratual.
• 26. Explico melhor, a aplicação da cláusula rebus sic stantibus aos contratos
administrativos também requer demonstração objetiva de que ocorrências
supervenientes tornaram a sua execução excessivamente onerosa para uma
das partes. A simples variação cambial, por si só, não justifica a revisão
contratual por um motivo simples: o particular contratado pode ter adquirido os
insumos ou incorrido nas despesas impactadas pelo câmbio antes da ocorrência
do evento. Em tal situação, ao contrário do alegado, a posterior desvalorização
da moeda favoreceria ao contratado, pois os índices de reajuste contratual
supervenientes captariam em maior ou menor grau o fato ocorrido.
• 27. Assim, o construtor seria beneficiado, pois teria sua remuneração majorada
por índices que foram afetados ao menos parcialmente pelo câmbio, mas não
incorreria em custos adicionais, haja vista que adquiriu os bens importados
antes da depreciação do Real. Em outra circunstância, na qual o contratado
ainda não tivesse incorrido nos gastos atrelados ao câmbio, certamente uma
variação anômala da moeda poderia justificar o reequilíbrio.

Acórdão 1085/2015-Plenário
Necessidade de comprovação dos gastos extraordinários
• 28. Portanto, pleitos do gênero não podem se basear exclusivamente
nos preços contratuais ou na variação de valores extraídos de sistemas
referenciais de custos, sendo indispensável que se apresentem outros
elementos adicionais do impacto cambial, tais como a comprovação
dos custos efetivamente incorridos no contrato, demonstrados mediante
notas fiscais.
• 29. Aferir a quebra do equilíbrio contratual não é uma tarefa simples,
posto que a doutrina explicita a indispensabilidade de que seja
comprovado o prejuízo do particular. Nesse sentido é válido citar o
ensinamento de Bandeira de Mello:
• "Para tanto, o que importa, obviamente, não é a "aparência" de um
respeito ao valor contido na equação econômico-financeira, mas o real
acatamento dele. De nada vale homenagear a forma quando se agrava
o conteúdo. O que as partes colimam em um ajuste não é a satisfação
de fórmulas ou de fantasias, mas um resultado real, uma realidade
efetiva que se determina pelo espírito da avenca; vale dizer, pelo
conteúdo verdadeiro do convencionado" (Celso Antônio Bandeira de
Mello, "Curso de Direito Administrativo", 8ª ed., pág. 393).

Acórdão 1085/2015-Plenário
Alterações contratuais
Reequilíbrio de contrato com preços inexequíveis

Questão:
Determinado ajuste foi formalizado com base em planilha orçamentária
contendo preços unitários inexequíveis. Após o início da obra, a construtora
apresenta pleito de reequilíbrio econômico-financeiro solicitando a adequação
dos preços unitários inexequíveis aos valores de mercado.
Existe amparo legal em tal solicitação?
Alterações contratuais
Reequilíbrio de contrato com preços inexequíveis
- Também Marçal Justen Filho, em seu Comentários à lei de Licitações e
Contratos Administrativos, 11ª edição, sustenta que:
A equação econômico-financeira delineia-se a partir da elaboração do ato
convocatório. Porém, a equação se firma no instante em que a proposta é
apresentada. Aceita a proposta pela Administração, está consagrada a
equação econômico-financeira dela constante. A partir de então essa equação
está protegida e assegurada pelo Direito.
(...) O restabelecimento da equação econômico-financeira depende da
concretização de um evento posterior à formulação da proposta,
identificável como causa do agravamento da posição do particular. Não
basta a simples insuficiência da remuneração. Não se caracteriza
rompimento do equilíbrio econômico-financeiro quando a proposta do
particular era inexequível. A tutela à equação econômico-financeira não visa
a que o particular formule proposta exageradamente baixa e, após vitorioso,
pleiteie elevação da remuneração.
Exige-se, ademais, que a elevação dos encargos não derive de conduta
culposa imputável ao particular. Se os encargos tornaram-se mais
elevados porque o particular atuou mal, não fará jus à alteração de sua
remuneração. (grifos acrescidos)
Alterações contratuais
Reequilíbrio de contrato com preços inexequíveis
Acórdão 5886/2010-2ª Câmara (Resumo):
No âmbito da auditoria realizada com vistas a fiscalizar a aplicação de recursos
federais repassados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
(FNDE) à Prefeitura Municipal de Matão/SP, objetivando a construção de uma
escola de educação infantil na referida municipalidade, foi promovida a oitiva
do Prefeito e do Assessor Jurídico da Prefeitura, bem como da empresa
contratada, em razão de ocorrências verificadas na execução contratual, entre
elas a "revisão de cláusulas financeiras com justificativa irregular de reequilíbrio
econômico-financeiro, por meio do 4º Termo Aditivo ao contrato". Tendo em
vista que "os preços relativos à presente contratação quedaram-se aquém
daqueles praticados no mercado", houve a majoração linear, a título de
reequilíbrio econômico-financeiro, dos preços inicialmente pactuados. Em seu
voto, o relator observou que a matéria é regida pela alínea 'd' do inciso II do art.
65 da Lei n.º 8.666/93, tratando-se de hipótese em que se busca o
reestabelecimento da relação contratual inicialmente ajustada pelas partes, a
qual teria sofrido alteração por álea extraordinária superveniente ao
originalmente contratado. No caso concreto, os responsáveis, "além de não
apontarem nenhum fato superveniente à celebração do contrato,
expressamente afirmam que o suposto problema decorreu de subavaliação dos
preços constantes do orçamento efetuado pela Prefeitura e adotado como
referência para a proposta da empresa.
Alterações contratuais
Reequilíbrio de contrato com preços inexequíveis

Acórdão 5886/2010-2ª Câmara (Resumo):


Assim, aparentemente a empresa foi beneficiada pelo fato dela, no entender
dos gestores, haver apresentado uma proposta desconectada dos preços de
mercado.". O relator concluiu não haver amparo legal para procedimentos da
espécie, "mesmo que, apenas por argumentar, estivesse demonstrada a
inadequação da proposta aos preços de mercado". Segundo o relator, em
havendo erro em determinada proposta de empresa licitante, deve ela
responder por isso, rescindindo eventual contrato, por exemplo, e arcando com
as consequências daí decorrentes. Para ele, não importa "que o orçamento
base esteja equivocado, pois as licitantes devem elaborar as propostas de
acordo com o seu conhecimento do mercado e não de acordo com o
conhecimento da Administração". Ademais, tal espécie de alteração contratual
acabaria por descaracterizar o processo licitatório, pois afetaria o princípio da
isonomia, "ao se propiciar uma vantagem à contratada que não era de
conhecimento dos demais potenciais licitantes".
Alterações Tributárias e Superveniência de
Disposições Legais

Lei 8666/93, art. 65:


§ 5º Quaisquer tributos ou encargos legais criados, alterados
ou extintos, bem como a superveniência de disposições
legais, quando ocorridas após a data da apresentação da
proposta, de comprovada repercussão nos preços
contratados, implicarão a revisão destes para mais ou para
menos, conforme o caso.
Alterações Tributárias e Superveniência de
Disposições Legais
Acórdão 45/1999-Plenário (TRT-SP)
31.(...)Há que se observar, contudo, que a aplicação do fato do
príncipe deve ser tida com comedimento. Novamente, valendo-nos da boa
doutrina, assentamos nossa afirmação no magistério de Marçal Justen
Filho:
"É necessário, porém, um vínculo direto entre o encargo e a prestação.
Por isso, a lei que aumentar a alíquota do imposto de renda não
justificará alteração do valor contratual. O imposto de renda incide
sobre o resultado das atividades empresariais, consideradas globalmente
(lucro tributável). O valor percebido pelo particular será sujeito,
juntamente com o resultado de suas outras atividades, à incidência
tributária. Se a alíquota for elevada, o lucro final poderá ser
inferior. Mas não haverá relação direta de causalidade que caracterize
o rompimento do equilíbrio econômico-financeiro." (....)
Alterações Tributárias e Superveniência de
Disposições Legais
Acórdão 45/1999-Plenário (continuação)
32. Os limites da aplicação do fato do príncipe também foram
determinados por Caio Tácito, ao destacar: "Quando a medida
administrativa atinge, especial e diretamente, o contratante
particular, tornando mais onerosa a execução contratual e gerando
benefício para a administração, a teoria do fato do príncipe autoriza
seja indenizado o prejuízo" (...), entendendo que os reflexos decorrentes de
leis ou regulamentos de ordem geral não se enquadram na teoria do fato do
príncipe, mas na da imprevisão.
33.Vê-se, pois, que três são os requisitos necessários à aplicação do
fato do príncipe:
a) o nexo direto de causalidade entre o encargo criado e os bens
vendidos/serviços prestados
b) a imprevisibilidade do ônus; e
c) a materialidade do ônus imposto ao particular contratante.
Alterações Tributárias e Superveniência de Disposições Legais
Acórdão 45/1999-Plenário (continuação)
(...)35.Pleiteia a Incal seja aplicado o fato do príncipe em função das
seguintes variações, introduzidas durante a vigência do contrato:
criação do IPMF - Imposto Provisório sobre a Movimentação ou a
Transmissão de Valores e Direito de Natureza Financeira; criação da
CPMF - Contribuição Provisória sobre a Movimentação ou a Transmissão de
Valores e Direito de Natureza Financeira; Retenção na Fonte do Imposto
de Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ; da Contribuição Social sobre o
Lucro - CSSL; da Contribuição para a Seguridade Social - Cofins e da
Contribuição para o PIS/PASEP.
36.Vê-se, de plano, que a criação do IPMF e da CPMF não preenche os
requisitos ensejadores de uma revisão contratual, resumidos no item 33
deste Voto: embora imprevisíveis, tais tributos são de natureza
genérica, alcançando a economia do país como um todo, não possuindo
estreita correlação com a produção de bens ou de serviços específicos;
tampouco se pode dizer que o setor de construção civil tenha sido
prejudicado, se comparado a outros setores da economia, em decorrência
de seu advento - o que seria visível, por exemplo, no caso do setor
importador em um momento de desvalorização cambial.
Alterações Tributárias e Superveniência de Disposições Legais
Acórdão 45/1999-Plenário (continuação)
37.Ademais, há que se ver da pouca materialidade desses impostos no
cômputo do contrato celebrado entre o TRT e a Incal. (...). Do exposto, não
pode ser alegado significativo desequilíbrio econômico-financeiro do
contrato inicial.
38.Quanto à Retenção na Fonte do IRPJ, da CSSL, da Cofins, e do
PIS/PASEP, não constituem, em absoluto, fatos ensejadores de desequilíbrio
econômico-financeiro do contrato. Veja-se que tais despesas já existiam
à época da assinatura do contrato. A Lei nº 9.430, de 27.12.96, não
criou ônus novo para as empresas, mas apenas antecipou o pagamento de
encargos já existentes, na medida em que previu que "os pagamentos
efetuados por órgãos, autarquias e fundações da administração pública
federal a pessoas jurídicas, pelo fornecimento de bens ou prestação de
serviços, estão sujeitos à incidência, na fonte, do imposto sobre a
renda, da contribuição social sobre o lucro líquido, da contribuição
para seguridade social - COFINS e da contribuição para o PIS/PASEP." A
mencionada lei não criou tributos e tampouco alterou as alíquotas
anteriormente praticadas. Apenas disciplinou que aqueles seriam
deduzidos diretamente na fonte.
Alterações Tributárias e Superveniência de Disposições Legais
Porém, na extinção da CPMF, o entendimento do TCU foi diametralmente
oposto:

Acórdão 2993/2011-Plenário:
Com base no art. 65 § 5º, da Lei 8.666/1993, a Administração deve efetuar a
revisão dos contratos, a fim de expurgar o valor da extinta CPMF de todos os
pagamentos realizados a partir de 1º de janeiro de 2008.

Acórdão 1515/2010-Plenário:
Nos termos do art. 65, § 5º, da Lei 8.666/1993, a Administração deve
formalizar termo aditivo ao contrato, possibilitando à empresa contratada o
prévio contraditório, com vistas a reduzir os percentuais de BDI aplicáveis aos
pagamentos efetuados após 31/12/2007 em decorrência da extinção da
CPMF e adotar medidas para, nas faturas vincendas, compensar eventuais
valores indevidamente pagos.
Será necessário repactuar os contratos em andamento
em virtude da elevação da alíquota de CPRB de 2%
para 4,5%?
 Há um tratamento diferenciado entre as empresas de
edificação (412, 432, 433 e 439 da CNAE 2.0) e as empresas
de infraestrutura (421, 422, 429 e 431 da CNAE 2.0).
 Art. 9o ........................................................................
 § 13. A opção pela tributação substitutiva prevista nos arts. 7o e 8o será
manifestada mediante o pagamento da contribuição incidente sobre a
receita bruta relativa a janeiro de cada ano, ou à primeira competência
subsequente para a qual haja receita bruta apurada, e será irretratável
para todo o ano calendário.[empresas de infraestrutura]
 (...)
 § 16. Para as empresas relacionadas no inciso IV do caput do art. 7o, a
opção dar-se-á por obra de construção civil e será manifestada mediante
o pagamento da contribuição incidente sobre a receita bruta relativa à
competência de cadastro no CEI ou à primeira competência subsequente
para a qual haja receita bruta apurada para a obra, e será irretratável até
o seu encerramento. [empresas de edificação]
Será necessário repactuar os contratos em
andamento em virtude da elevação da alíquota de
CPRB de 2% para 4,5%?
• Obras de Edificação
• Nas obras de edificação em andamento na época da
aprovação da Lei 13.161/2015, a alíquota permanece em
2% até o término da obra.
• Nas licitações processadas antes de 31 de agosto/2015
(antes da aprovação da Lei 13.161/2015), mas cujas
obras foram matriculadas na CEI após a vigência da nova
alíquota de 4,5% pode ser admitido o reequilíbrio do
contrato.
• Nas licitações processadas após 31/8/2015, ainda que
orçadas com a alíquota de 2%, não houve superveniência
de alteração legislativa, o que impede a aplicação do
disposto no art. 65, §5º, ainda que a empresa tenha
registrado a CEI já na vigência da nova alíquota.
Será necessário repactuar os contratos em
andamento em virtude da elevação da alíquota de
CPRB de 2% para 4,5%?
• Obras de Infraestrutura
• Nesse caso, não existe nexo direto de causalidade entre a
alteração procedida pela Lei 13.161/2015 e eventual
elevação de encargo procedida do construtor, pois este
pode alterar o regime de recolhimento em cada ano civil.
• Outrossim, cada obra será influenciada de maneira
diversa, sendo possível que em algumas haja redução do
encargo, dependendo o percentual de mão de obra no
contrato.
Reajuste – Edital de Licitação

 Art. 40 da Lei de Licitações:


XI - critério de reajuste, que deverá retratar a
variação efetiva do custo de produção,
admitida a adoção de índices específicos ou
setoriais, desde a data prevista para
apresentação da proposta, ou do orçamento a
que essa proposta se referir, até a data do
adimplemento de cada parcela;
 Não confundir Reajuste com Revisão. São dois
institutos jurídicos distintos.
Cláusulas do Contrato - Lei 8.666/93

Art. 54. Os contratos administrativos de que trata


esta Lei regulam-se pelas suas cláusulas e pelos
preceitos de direito público, aplicando-se-lhes,
supletivamente, os princípios da teoria geral dos
contratos e as disposições de direito privado.
Cláusulas do Contrato - Lei 8.666/93

Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as


que estabeleçam:
(...)
III - o preço e as condições de pagamento, os critérios,
data-base e periodicidade do reajustamento de preços,
os critérios de atualização monetária entre a data do
adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento;
Reajuste - Apostilamento

 Art. 65 da Lei de Licitações:

§ 8º A variação do valor contratual para fazer


face ao reajuste de preços previsto no
próprio contrato, as atualizações,
compensações ou penalizações financeiras
decorrentes das condições de pagamento nele
previstas, bem como o empenho de dotações
orçamentárias suplementares até o limite do
seu valor corrigido, não caracterizam alteração
do mesmo, podendo ser registrados por
simples apostila, dispensando a celebração
de aditamento.
Reajuste
Lei nº 10.192, de 14 de fevereiro de 2001 - Dispõe sobre medidas
complementares ao Plano Real e dá outras providencias:

Art. 2º É admitida estipulação de correção monetária ou de reajuste por índices de


preços gerais, setoriais ou que reflitam a variação dos custos de produção ou dos
insumos utilizados nos contratos de prazo de duração igual ou superior a um ano.
§ 1º É nula de pleno direito qualquer estipulação de reajuste ou correção
monetária de periodicidade inferior a um ano.
§ 2º Em caso de revisão contratual, o termo inicial do período de correção
monetária ou reajuste, ou de nova revisão, será a data em que a anterior revisão
tiver ocorrido.
(...)
Art. 3º Os contratos em que seja parte órgão ou entidade da Administração Pública
direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, serão
reajustados ou corrigidos monetariamente de acordo com as disposições desta Lei, e, no
que com ela não conflitarem, da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.
§ 1º A periodicidade anual nos contratos de que trata o caput deste artigo será contada
a partir da data limite para apresentação da proposta ou do orçamento a que essa se
referir.
Cálculo do Reajuste com Índice Unitário

Os preços permanecerão válidos pelo período de um ano. Após este


prazo, os preços serão reajustados, aplicando-se a seguinte fórmula:

R = V.[(Ii-Io)/Io]

onde:

R = o valor do reajustamento procurado;


V = o valor contratual a ser reajustado;
Ii = o índice correspondente ao mês do reajuste;
Io = o índice inicial correspondente ao mês de apresentação da
proposta.
Cálculo do Reajuste com Índice Unitário

Exemplo:

 Preço global da obra: R$ 8.000.000,00


 Prazo contratual: 28 meses
 Data do orçamento: setembro de 2005
 Soma dos pagamentos realizados nos primeiros doze meses
contados a partir da data do orçamento: R$ 5.000.000,00
 Parcelas a pagar, após 12 meses contados a partir da data do
orçamento:
 R$ 1.000.000,00 em novembro de 2006;
 R$ 800.000,00 em fevereiro de 2007;
 R$ 1.200.000,00 em janeiro de 2008.
Cálculo do Reajuste com Índice Unitário
Vamos calcular os reajustes da obra:

1) Datas-marco e valores de indicadores econômicos a adotar no


cálculo:
Io = INCC – setembro/2005: 324,164
I1 = INCC – setembro/2006: 340,670
I2 = INCC – setembro/2007: 359,276

2) Cálculo do Reajuste (R1) da parcela de R$ 1.000.000,00, a ser paga


em novembro de 2006:

IR1 = (INCCset-2006 – INCCset-2005)/INCCset-2005


IR1 = ( 340,670 – 324,164)/324,164 = 0,050
R1 = V x IR
R1 = 1.000.000 x 0,050 = R$ 50.000,00
Parcela reajustada: 1.000.000 + 50.000 = R$ 1.050.000,00
Cálculo do Reajuste com Índice Unitário
3) Cálculo do reajuste (R2) da parcela de R$ 800.000,00, a ser paga em
fevereiro de 2007:
A data do pagamento desta parcela não ocorre depois de doze meses a
partir da data do primeiro reajuste, portanto, o seu IR será o mesmo R1.
IR1 = 0,050
R2 = V x IR1
R2 = 800.000 x 0,050 = R$ 40.000,00
Parcela reajustada: 800.000 + 40.000 = R$ 840.000,00
Cálculo do Reajuste com Índice Unitário
4) Cálculo do reajuste (R3) da parcela de R$ 1.200.000,00, a ser paga em
janeiro de 2008:

A data do pagamento desta parcela ocorre depois de doze meses a partir


da data do primeiro reajuste, portanto, o seu IR será:

IR2 = (INCCset-2007 – INCCset-2005)/INCCset-2005


IR2 = ( 359,276 – 324,164)/324,164 = 0,108

E o seu R será:
R3 = V x IR2
R3 = 1.200.000 x 0,108 = R$ 129.600,00

Parcela reajustada: 1.200.000,00 + 129.600 = R$ 1.329.600,00.


Cálculo do Reajuste com “cesta” de Índices
 As obras públicas variam bastante quanto à natureza dos serviços
contratados. Por exemplo, uma construção de rodovia de pavimento
flexível possui preponderância de serviços de terraplenagem e de
materiais betuminosos. Já a construção de uma adutora pode ser
intensiva em material de ferro fundido.
 Portanto, apesar do fato de que em alguns casos, citando exemplo
de obras de edificações, a utilização de um índice geral de variação
de preços ser adequada, a utilização generalizada desse mesmo
índice para todos os tipos de obras raramente resultará em uma
aproximação razoável da variação real, tendo em vista que os
insumos não possuem variação de preços linear.
Cálculo do Reajuste com “cesta” de Índices
 Para ilustrar a distorção decorrente utilização de índice geral de
variação de preços, considere a situação hipotética de uma obra
para construção de uma adutora cujos serviços a serem executados
possuem os seguintes percentuais de participação no preço global:
% de
Índices Setoriais da Fundação participação Mai/2008 a
Valores
Getúlio Vargas - FGV no preço Mai/2009
global
Índice de Custo de Edificações - Total
- Média Geral 1,8% 8,9757% 687.772,29
Índice de Obras Hidrelétricas -
Equipamentos Nacionais 18,7% 5,1239% 7.306.182,22
Índice de Obras Hidrelétricas -
Produtos de Ferro Fundido 65,1% 7,6685% 25.417.831,38
Índice de Obras Hidrelétricas -
6,5016% 1.861.956,42
Escavação em Rocha a Céu Aberto 4,8%
Índice de Obras Hidrelétricas -
Concreto Armado 4,6% 10,6838% 1.799.988,13
Índice de Obras Hidrelétricas -
Escavação Comum 4,1% 3,9807% 1.616.614,98
Índice de Obras Rodoviárias -
Pavimentação 0,9% 7,6818% 345.319,46
Valor original do contrato (Preço 39.035.664,88
Global)
Cálculo do Reajuste com “cesta” de Índices
 Dos valores apresentados calcula-se uma média
ponderada de 7,15% de variação entre maio/2008 e
maio/2009. Utilizando-se o INCC-M resultaria numa
variação de 8,98%. Ou seja, 1,83% maior. Nesse caso, a
diferença representa R$ 714.352,67.
Cálculo do Reajuste com “cesta” de Índices

Exemplo:

O presente contrato tem por objeto a execução


das obras e serviços relativos aos sistemas de
esgotamento sanitário, nos Municípios de
Botuporã, Paramirim; e Rio do Pires, do Estado
de Bahia, situados na Bacia do Rio São
Francisco, distribuídos em 03 (três) lotes, a saber:

Lote 01 – Município de Botuporã;


Lote 02 – Município de Paramirim; e
Lote 03 – Município de Rio do Pires
Cálculo do Reajuste com “cesta” de Índices
Os preços permanecerão válidos por um período de um ano. Após este prazo serão reajustados, por
responsabilidade da CODEVASF, aplicando-se a seguinte fórmula (desde que todos os índices tenham a
mesma data base):

R = V.[N1.(Ti–To)/To+N2.(Ei-Eo)/Eo+N3.(CAi-CAo)/CAo+N4.(MPi-MPo)/Mpo+N5.(Fi-Fo)/Fo+N6.(MOi-
MOo)/MÔO+N7.(MEi-Meo)/Meo]

Onde :

R - valor do reajustamento
V - valor a ser reajustado
N1 - percentual de ponderação de serviços de Terraplenagem frente à totalidade dos serviços a executar.
N2 - percentual de ponderação de serviços de Edificações frente a totalidade dos serviços a executar.
N3 - percentual de ponderação de serviços de Concreto Armado frente à totalidade dos serviços a executar.
N4 - percentual de ponderação de serviços de Materiais Plásticos frente à totalidade dos serviços a
executar.
N5 - percentual de ponderação de serviços de Ferro, aço e derivados frente à totalidade dos serviços a
executar.
N6 – percentual de ponderação de serviços de Mão de obra especializada frente à totalidade dos serviços a
executar.
N7 – percentual de ponderação de serviços de Máquinas e equipamentos industriais frente à totalidade dos
serviços a executar.
Ti – Refere-se à coluna 38 da FGV – Terraplenagem, cód. AO157956, correspondente ao mês de
aniversário da proposta.
To – Refere-se à coluna 38 da FGV – Terraplenagem, cód. AO157956, correspondente ao mês de
apresentação da proposta.
Cálculo do Reajuste com “cesta” de Índices
Ei – Refere-se à coluna 35 da FGV – Edificações Total, cód.AO159428, correspondente ao mês
de aniversário da proposta.
Eo – Refere-se à coluna 35 da FGV – Edificações Total, cód. AO 15948, correspondente ao mês
de apresentação da proposta.
CAi – Refere-se à coluna 5 da FGV – Obras Hidroelétricas – Concreto Armado, cód. AO160116,
correspondente ao mês de aniversário da proposta.
CAo – Refere-se à coluna 5 da FGV – Obras Hidroelétricas – Concreto Armado, cód.
AO160116, correspondente ao mês de apresentação da proposta.
MPi – Refere-se à coluna 56 da FGV – Química materiais Plásticos, cód.AO160752,
correspondente ao mês de aniversário da proposta.
MPo – Refere-se à coluna 56 da FGV – Química materiais Plásticos, cód. AO160752,
correspondente ao mês de apresentação da proposta.
Fi – Refere-se a coluna 32 da FGV – Ferro, aço e derivados, cód. AO160515, correspondente ao
mês de aniversário da proposta.
Fo – Refere-se a coluna 32 da FGV – Ferro, aço e derivados, cód. AO160515, correspondente
ao mês de apresentação da proposta.
MOi – Refere-se a coluna 13 da FGV Mão de obra Especializada, cód. AO159886,
correspondente ao mês de aniversário da proposta.
MOo – Refere-se a coluna 13 da FGV Mão de obra Especializada, cód. AO149886,
correspondente ao Mês de apresentação da proposta.
MEi - Refere-se a coluna 36 da FGV Máquinas e equipamentos industriais, cód. AO160558,
correspondente ao mês de aniversário da proposta
MEo - Refere-se a coluna 36 da FGV Máquinas e equipamentos industriais, cód. AO160558,
correspondente ao mês de apresentação da proposta.
Cálculo do Reajuste com “cesta” de Índices

Os valores considerados referente aos fatores N1, N2,


N3, N4, N5, N6 e N7, serão os a seguir, apresentados:

Município FATOR FATOR FATOR FATOR FATOR FATOR FATOR


N1 N2 N3 N4 N5 N6 N7

Botuporã 31,2 38,8 2,21 14,5 2,6 4,9 5,8

Paramirim 21,19 34,5 14,5 14,9 3,5 4,3 7,2

Rio do 30,9 35,9 2,4 16,0 3,0 4,5 7,3


Pires
Reajustes Diferenciados para Cada Preço Unitário

 Os métodos já ilustrados tratam da aplicação de um


índice único ou de uma “cesta” de índices de forma
linear sobre todos os serviços por executar.
 Por isso, é possível haver desequilíbrio econômico-
financeiro do ajuste no caso de o preço unitário de
algum serviço ainda não executado deixar de
acompanhar a variação do índice de reajuste.
 Para se obter um reajustamento que reflita o mais
fielmente possível a efetiva variação de preços dos
insumos dos serviços contratados, seria necessário
aplicar a variação de preços cada insumo ao
orçamento original.
Reajustes Diferenciados para Cada Preço Unitário

 Os serviços seriam reajustados individualmente,


aproximando o reajuste de uma revisão de preços
“automática” após transcorrer o prazo anual
estabelecido pela lei.
 Como essa abordagem implica em grande
complexidade nos cálculos, uma solução é a adoção
de índices (ou “cestas” de índices) de variação de
preços distintos a serem aplicados em determinados
grupo de serviços. Dessa forma, há controle no
incremento do nível de complexidade nos cálculos e
há uma aproximação bastante razoável da efetiva
variação de preços.

Reajustes Diferenciados para Cada Preço Unitário
 Como exemplo de utilização de vários índices para reajuste de
grupos de serviços, pode-se citar a Instrução de
Serviço/DG/DNIT nº 02/2002, publicada pelo Dnit.
 Na citada norma, aplicável aos contratos e obras rodoviárias,
os reajustamentos de preços deverão ser realizados utilizando
nove índices de variação de preços de nove grupos de
serviços, assim agrupados:
 terraplenagem;
 drenagem;
 sinalização;
 pavimentação;
 pavimentação de concreto de cimento portland;
 conservação;
 obras de arte especiais;
 consultoria; e
 ligantes betuminosos.
Regionalização de Índices

 Outro ponto importante diz respeito à regionalização


dos índices a serem utilizados para reajuste.
 A variação de preços dos insumos em cada região
do país não se dá de forma linear.
 Há fatores que influenciam no preço que atingem
diferentemente o preço dos insumos quando
destinados a cada estado. Por exemplo pode-se citar
o custo do frete de onde o insumo é fabricado à obra,
diferenças de ICMS entre estados, convenções
coletivas de trabalho com diferentes datas-bases,
entre outros.
Questões Controversas sobre os Reajustes
 Omissão do Critério de Reajuste:
Acórdão 592/2016-Plenário:
9.2. com fundamento no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU,
determinar à Fundação Oswaldo Cruz que:
9.2.1. no prazo de 15 (quinze) dias, providencie, em consonância com o que
dispõem os arts. 40, inciso XI, e 55, inciso III, da Lei 8.666/1993, a assinatura
de termo aditivo ao Contrato 104/2015, [...]., fixando o índice de reajuste para
a contratação e, em seguida, encaminhe cópia da documentação
comprobatória a esta Corte de Contas;

Voto:
36. Com relação a ausência de previsão contratual de reajuste a Fiocruz
refutou tal constatação afirmando que o item 3.3 da Minuta do Contrato teria
previsto o critério de reajustamento, in verbis:
“3.3. O valor consignado neste Termo de Contrato é fixo e irreajustável, porém
poderá ser corrigido anualmente mediante requerimento da contratada,
observado o interregno mínimo de um ano, contado a partir da data limite para
a apresentação da proposta, pela variação do índice [em branco] ou outro que
vier a substituí-lo.”
Questões Controversas sobre os Reajustes
 Omissão do Critério de Reajuste:

Acórdão 592/2016-Plenário (voto):


37. Tal redação, além de ambígua, não fixa o índice ou conjunto de índices
que seriam utilizados no reajustamento, tampouco estabelece equação de
cálculo do reajustamento e outras informações igualmente importantes e
obrigatórias, por força do Decreto 1.054/1994, que regulamenta o reajuste de
preços nos contratos da Administração Pública Federal.
(...)
39. A respeito da irregularidade ora em apreciação, a [empresa] alegou que
seria uma falha meramente formal e que tal lacuna não exoneraria a
Administração da aplicação do reajuste de preços quando forem preenchidos
os requisitos legais, nos termos do art. 2º da Lei 10.192/2001. No entender da
empresa, não existirão maiores divergências entre as partes acerca do índice
a ser aplicado no futuro, o qual poderá ser extraído de publicações oficiais que
tenham por objeto a variação do custo de aquisição dos equipamentos e
insumos aplicados na execução do referido serviço.
Questões Controversas sobre os Reajustes
 Omissão do Critério de Reajuste:
Acórdão 592/2016-Plenário (voto):
40. (...) não se pode olvidar que o direito à manutenção do equilíbrio
econômico-financeiro do contrato tem raiz constitucional (art. 37, XXI), não
derivando de cláusula contratual ou de disposição editalícia. Assim, a
ausência de previsão contratual não afasta a possibilidade de concessão do
reajuste, caso devido, na forma prevista na legislação pertinente.
41. (...) vejo que podem surgir diversos embates entre o contratante e o
contratado sobre o índice de reajuste a ser aplicado. Tal constatação se
coaduna com o fato de existirem dezenas de índices gerais ou setoriais que
poderiam ser cogitados, os quais muito provavelmente apresentarão variações
distintas após o interregno de um ano a contar da data-base de
reajustamento, o que poderia trazer repercussões financeiras muito relevantes
em um contrato de elevado vulto como o que ora se examina. Tal fato poderá
inclusive a gerar a judicialização de eventuais pleitos da contratada.
42. Assim, afigura-se que a única forma equânime para as partes seja dispor
sobre o assunto previamente, mediante a celebração de termo de aditamento
contratual ao Contrato 104/2015, como forma de efetivar o cumprimento do
disposto no art. 40, inciso XI, e o art. 55, inciso III, da Lei de Licitações e
Contratos.
Questões Controversas sobre os Reajustes
 Data-base do reajuste:

 Acórdão 1.707/2003-Plenário:
 “9.2.1 estabeleça já a partir dos editais de licitação e em seus
contratos, de forma clara, se a periodicidade dos reajustes terá como
base a data-limite para apresentação da proposta ou a data do
orçamento, observando-se o seguinte:
 9.2.1.1 se for adotada a data-limite para apresentação da proposta, o
reajuste será aplicável a partir do mesmo dia e mês do ano seguinte;
 9.2.1.2 se for adotada a data do orçamento, o reajuste será aplicável a
partir do mesmo dia e mês do ano seguinte se o orçamento se referir a
um dia específico, ou do primeiro dia do mesmo mês do ano seguinte
caso o orçamento se refira a determinado mês;
 9.2.2 para o reajustamento dos contratos, observe que a contagem do
período de um ano para a aplicação do reajustamento deve ser feita a
partir da data base completa, na forma descrita no item 9.1.1, de modo
a dar cumprimento ao disposto na Lei nº 10.192/2001, em seus arts. 2º
e 3º, e na Lei nº 8.666/93, em seu art. 40, inciso XI;”
O problema da correção do orçamento
por índices
Variação acumulada
do INCC maio/2015
a fev/2016: 5,03%

Variação do serviço
90086: 5,06% OK

526
O problema da correção do orçamento por
índices
Problema:
Variação acumulada do INCC maio/2015 a fev/2016: 5,03%
Variação do serviço 73963/044: - 51,2%

527
Então, como tratar o problema da defasagem dos
preços entre a data-base do orçamento e a data da
licitação?
 Como visto, mesmo que em curtos períodos, o uso de
índices para atualizar o orçamento pode causar grandes
distorções nos preços unitários e global.
 Assim, ou se atualiza todo o orçamento novamente,
utilizando os relatórios do Sinapi da nova data-base e
obtendo cotações de preços atualizadas junto aos
fornecedores (o que é bem trabalhoso)...
 Ou mantém-se o orçamento com os seus preços e data-base
originais, ainda que defasados.
 Apenas para efeito de critério de aceitabilidade de preços
unitário e global pode-se aplicar índices sobre os valores
orçados para verificar se as propostas das licitantes estão
adequadas.
528
Então, como tratar o problema da defasagem dos
preços entre a data-base do orçamento e a data da
licitação?
 Ver o método do edital de Concorrência
014/DALC/SBFL/2008 da Infraero a seguir:
“6.7. O orçamento global estimado para o objeto da
licitação é de R$ 114.568.141,60 (...), referidos a data-base
de Janeiro de 2008;
6.7.1 para fins de atualização dos valores do orçamento de
referência para a data da apresentação das propostas
serão observados os critérios estabelecidos no item
Reajuste de Preços. constante da minuta do Contrato
Anexo V deste Edital;
(...)
6.7.2 o valor máximo que a INFRAERO admite pagar para a
execução dos serviços objeto desta licitação, é o global
estimado no subitem 6.7 devidamente corrigido na forma
presente no subitem 6.7.1; 529
Então, como tratar o problema da defasagem dos
preços entre a data-base do orçamento e a data da
licitação?

530
Então, como tratar o problema da defasagem dos preços
entre a data-base do orçamento e a data da licitação?
Acórdão 19/2017-Plenário:
2. A empresa representante se insurgiu contra os seguintes aspectos no
certame em tela:
a) defasagem entre a data-base do orçamento estimado (janeiro de 2016)
e a data do reajuste, o qual ocorreria após um ano a contar da entrega
da proposta (13/9/2016), o que supostamente resultaria em prejuízo aos
licitantes e ensejaria desequilíbrio contratual, uma vez que o interregno
entre as referidas datas seria de oito meses;
(...)
9. .... No entender da empresa representante, tal defasagem teoricamente
não traria qualquer problema caso a data-base para efeitos de
reajustamento contratual também fosse referenciada a janeiro/2016. Ocorre
que a cláusula 15.1 do edital previu como marco inicial para a realização do
reajuste a data da entrega da proposta, e não a data do orçamento de
referência elaborado pela Administração. Assim, de fato, verificou-se
considerável defasagem, de nove meses, entre o orçamento estimado e a
abertura das propostas.
531
Então, como tratar o problema da defasagem dos preços
entre a data-base do orçamento e a data da licitação?
Acórdão 19/2017-Plenário:
14. ...o transcurso de muito tempo entre a data de elaboração do orçamento
estimativo da licitação e a data de abertura das propostas é um problema
recorrente na licitação de obras públicas.
15. Primeiramente, é forçoso reconhecer que não existe um prazo ou
período máximo que esteja positivado na Lei de Licitações e Contratos
limitando a defasagem temporal entre a data de elaboração do orçamento
estimativo da contratação e a data de divulgação da licitação ou de abertura
das propostas.
16. De acordo com o art. 43, inciso IV, da Lei 8.666/1993, os preços da
proposta vencedora deverão estar de acordo com aqueles praticados pelo
mercado. Desse modo, antes da realização de qualquer procedimento
licitatório cabe ao gestor público realizar pesquisa de mercado com a
finalidade de elaborar orçamento, o qual será utilizado para se definir a
modalidade de licitação, bem como proceder à necessária adequação
orçamentária da despesa.

532
Então, como tratar o problema da defasagem dos preços
entre a data-base do orçamento e a data da licitação?
Acórdão 19/2017-Plenário:
17. Além disso, o aludido orçamento estimativo servirá como parâmetro de
controle da exequibilidade e economicidade das propostas, constituindo-se
instrumento essencial e obrigatório para que a comissão de licitação e a
autoridade superior - que homologa o procedimento licitatório - verifiquem a
pertinência dos preços contratados com aqueles praticados pelo mercado.
18. Embora não seja aplicável à confecção do orçamento estimativo de obras
públicas, a Instrução Normativa SLTI/MPOG 5/2014, que dispõe sobre os
procedimentos administrativos básicos para a realização de pesquisa de
preços para a aquisição de bens e contratação de serviços em geral, pode ser
aplicada por analogia. O citado normativo estabelece que, para serem
utilizadas como fonte de pesquisa de preços, as contratações similares de
outros entes públicos devem estar vigentes ou terem sido concluídos nos 180
dias anteriores à data da pesquisa de preços. A referida IN ainda dispõe que
no caso da pesquisa com fornecedores somente serão admitidos os preços
cujas datas não se diferenciem em mais de 180 dias.
19. Esse prazo de seis meses também já havia sido utilizado em alguns
julgados desta Corte de Contas, a exemplo do Acórdão 3.516/2007-1ª
Câmara, ..., e do Acórdão 1.462/2010-Plenário, o qual apreciou situação533

semelhante à tratada nos autos. ...


Então, como tratar o problema da defasagem dos preços
entre a data-base do orçamento e a data da licitação?
Acórdão 19/2017-Plenário:
20. Considerando que o interregno de seis meses entre a elaboração do
orçamento e a abertura do certame seja aceitável para a licitação de obras
públicas, cabe perquirir quais os procedimentos exigíveis quando tal prazo
fosse ultrapassado e a estimativa de custos se tornasse desatualizada.
Obviamente, o procedimento desejável seria realizar a atualização do
orçamento estimativo com base nos últimos relatórios do Sinapi disponíveis e
proceder a nova cotação com fornecedores e/ou prestadores de serviços, nos
casos em que os serviços/insumos a serem orçados não fossem abrangidos
pela referida tabela de custos. Outras fontes referenciais de preços, como
publicações técnicas especializadas, contratações realizadas por outros entes
públicos, sistemas referenciais de custos mantidos pelas esferas estadual e
municipal também poderiam ser consultadas no processo de atualização do
orçamento, conforme previsão constante do art. 6º do Decreto 7.983/2013.
21. Todavia, não se pode olvidar que tal procedimento pode ser bastante
árduo e trabalhoso, notadamente em obras de grande vulto e complexidade
como o caso ora avaliado, cuja planilha orçamentária é composta por
centenas de serviços distintos.
534
Então, como tratar o problema da defasagem dos preços
entre a data-base do orçamento e a data da licitação?
Acórdão 19/2017-Plenário:
22. Sopesando os problemas advindos da falta de atualização do orçamento e
o ônus de realizar nova pesquisa de mercado, parece-me adequada uma
terceira opção, aventada pela peça inicial da empresa representante, pois o
problema seria mitigado caso a data-base para efeitos de reajustamento
contratual fosse referenciada à data de elaboração do orçamento estimativo
da contratação, e não à data da entrega da proposta – critério utilizado no
edital do MPOG.
23. Enfatizo que não há nenhuma ilegalidade no critério de reajuste previsto
na Concorrência nº 2/2015, que se encontra integralmente aderente ao
disposto nas Leis 8.666/1993 e 10.192/2001:
“Art. 40. O edital conterá ...
(...)
XI - critério de reajuste, que deverá retratar a variação efetiva do custo de
produção, admitida a adoção de índices específicos ou setoriais, desde a data
prevista para apresentação da proposta, ou do orçamento a que essa
proposta se referir, até a data do adimplemento de cada parcela;”

535
Então, como tratar o problema da defasagem dos preços
entre a data-base do orçamento e a data da licitação?
Acórdão 19/2017-Plenário:
“Art. 3º Os contratos em que seja parte órgão ou entidade da Administração
Pública direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, serão reajustados ou corrigidos monetariamente de acordo com
as disposições desta Lei, ...
§ 1º A periodicidade anual nos contratos de que trata o caput deste artigo será
contada a partir da data limite para apresentação da proposta ou do
orçamento a que essa se referir”.
24. Como se vê, o gestor público pode adotar discricionariamente dois marcos
iniciais distintos para efeito de reajustamento dos contratos: (i) a data limite
para apresentação da proposta; e (ii) a data do orçamento. Ocorre que o
segundo critério se mostra mais robusto, pois reduz os problemas advindos
de orçamento desatualizados em virtude do transcurso de vários meses entre
a data-base da estimativa de custos e a data de abertura das propostas.
25. Por esse motivo, entendo pertinente recomendar ao MPOG que, em
futuras licitações de obras públicas, quando se demonstrar
demasiadamente complexa a atualização da estimativa orçamentária da
contratação, adote como marco inicial para efeito de reajustamento
contratual a data-base de elaboração da planilha orçamentária. 536
Então, como tratar o problema da defasagem dos preços
entre a data-base do orçamento e a data da licitação?

Data da Data da Data


Data do Data do
Publicação do Apresentação Assinatura do
Orçamento Primeiro
Edital da Proposta Contrato
(mar/2016) Reajuste (???)
(maio/2016) (ago/2016) (out/2016)

537
Questões Controversas sobre os Reajustes
 Contrato celebrado após mais de um ano da data -
base:
 Acórdão 474/2005 – Plenário:
 “9.1.2. na hipótese de vir a ocorrer o decurso de prazo superior a um ano entre a data da
apresentação da proposta vencedora da licitação e a assinatura do respectivo
instrumento contratual, o procedimento de reajustamento aplicável, em face do disposto
no art. 28, § 1º, da Lei 9.069/95 c/c os arts. 2º e 3º da Lei 10.192/2001, consiste em
firmar o contrato com os valores originais da proposta e, antes do início da execução
contratual, celebrar termo aditivo reajustando os preços de acordo com a variação do
índice previsto no edital relativa ao período de somente um ano, contado a partir da data
da apresentação das propostas ou da data do orçamento a que ela se referir, devendo os
demais reajustes ser efetuados quando se completarem períodos múltiplos de um ano,
contados sempre desse marco inicial, sendo necessário que estejam devidamente
caracterizados tanto o interesse público na contratação quanto a presença de condições
legais para a contratação, em especial: haver autorização orçamentária (incisos II, III e IV
do § 2º do art. 7º da Lei 8.666/93); tratar-se da proposta mais vantajosa para a
Administração (art. 3º da Lei 8.666/93); preços ofertados compatíveis com os de mercado
(art. 43, IV, da Lei 8.666/93); manutenção das condições exigidas para habilitação (art.
55, XIII, da Lei 8.666/93); interesse do licitante vencedor, manifestado formalmente, em
continuar vinculado à proposta (art. 64, § 3º, da Lei 8.666/93);
Questões Controversas sobre os Reajustes
 Medição de Serviços no Mês de Reajuste
 Por ocasião do reajuste anual não se pode admitir a existência serviços
executados, porém, não medidos. Nesse caso, a emissão de boletim de
medição ocorreria posteriormente à data do reajuste. Consequentemente,
haveria uma parcela dos serviços medidos, executados na vigência dos preços
originais, recebendo indevidamente a incidência de reajuste
 Para evitar o surgimento desse problema, tendo em vista que desde o início do
contrato se sabe o data em que o mesmo poderá ser reajustado, o Roteiro de
Auditoria de Obras do TCU prescreve que a execução de medição a ser
realizada na data do reajuste, a fim de identificar todos os serviços executados
sob a vigência dos preços originais (ou anteriores, caso não se trate do
primeiro reajuste).
Questões Controversas sobre os Reajustes
 Reajuste de serviço novo
 Durante a execução do contrato, pode haver inclusão de novos serviços
mediante aditivos contratuais, os quais terão custos com data base distinta
daquela do contrato. Portanto, a aplicação de reajuste a esses serviços
utilizando a data base do contrato acarretaria distorções desfavoráveis à
administração, uma vez que o reajustamento necessariamente ocorreria em
período inferior a um ano.
 Uma alternativa prioritária para solução do problema seria a opção por buscar o
preço dos serviços novos nos sistemas de referência de custos (Sicro, Sinapi
etc.) na mesma data-base do contrato. É o que estabelece o Decreto
7983/2013.
 Entretanto, essa alternativa as vezes é inviável, pois o novo serviço pode não
estar contemplado pelos sistemas referenciais de custos, exigindo que os
preços dos novos serviços sejam obtidos diretamente por meio de pesquisa de
mercado, realizada em data diferente da data-base do reajuste. Nesses casos,
recomenda-se deflacionar o preço do novo serviço para a data base do
contrato pelo mesmo índice de reajuste contratual.
Questões Controversas sobre os Reajustes
 Reajuste de serviço executado com atraso
 Muitas vezes se observa que o contratado atrasa intencionalmente a execução
de alguns serviços com o intuito de executá-los um ou dois meses depois
recebendo os preços reajustados pela aplicação dos índices cabíveis.
 Para evitar tal prática, o Decreto 1.054/1.994 dispõe que, ocorrendo atraso
atribuível ao contratado na execução das obras ou serviços, o reajuste
obedecerá as seguintes condições:
 se os índices aumentarem, prevalecerão aqueles vigentes nas datas
previstas para a realização do fornecimento ou execução da obra ou
serviço;
 se os índices diminuírem, prevalecerão aqueles vigentes nas datas em que
o fornecimento, obra ou serviço for realizado ou executado.
 Obviamente, se houve uma prorrogação regular do contrato, oriunda de
fator alheio à vontade do contratado, exigindo a reformulação do
cronograma físico-financeiro da obra, prevalecerão os índices vigentes nas
novas datas previstas para a realização do fornecimento ou para a
execução da obra ou serviço.
Questões Controversas sobre os Reajustes
 Indisponibilidade do Índice de Reajuste
 Durante a execução do contrato pode ocorrer situação em que o índice
adotado no edital tenha sua publicação descontinuada. Dessa forma o
parâmetro originalmente estabelecido para reajuste se torna
inaplicável.
 Nesses casos, entende-se que a solução é a formalização de termo
aditivo selecionando novo índice ou reformulando a composição da
cesta de índices, conforme o caso. O índice que substituirá aquele cuja
publicação foi descontinuada deverá ser selecionado com cautela,
refletindo da melhor maneira possível a variação de preços dos
serviços cujos preços irá reajustar, assim como deveria ser o índice
original.
 Todavia, costumam surgir litígios entre as partes por conta da escolha
do novo índice. Para evitar tais problemas, os contratos costumam
desde logo indicar índices alternativos a serem utilizados no caso da
descontinuidade da divulgação do índice de reajuste contratual.
Questões Controversas sobre os Reajustes
 Reajuste em Contratos de Duração Continuada
 Deve-se adotar a sistemática de repactuação em contratos de duração
continuada com cessão de mão de obra (terceirização), tomando como base a
variação de custos efetivos de mão de obra, em detrimento da sistemática de
adoção de índices gerais de preço para reajustamento periódico.
 Por outro lado, a jurisprudência do TCU, a exemplo dos Acórdãos 54/2012,
2.760/2012 e 3.388/2012, todos do Plenário, também tem admitido o uso do
instituto do reajuste em contratos de duração continuada em que não exista
cessão de mão de obra ou prevalência de custos associados ao pagamento de
pessoal, como no caso de serviços de telefonia, energia elétrica ou transporte.
Questões Controversas sobre os Reajustes
 Reajustes Subsequentes
 A Lei nº 10.192/2001 dispõe em seu art. 2º, § 2º, que, em
caso de revisão contratual, o termo inicial do período de
correção monetária ou reajuste, ou de nova revisão, será a
data em que a anterior revisão tiver ocorrido.”
 Ou seja, definida a data do primeiro reajustamento de
preços, os demais reajustes deverão ser realizados
anualmente, na mesma data-base.
 Entretanto, pode acontecer de ocorrer alteração do valor
dos serviços em data anterior à data-base do reajuste.
Nesse caso, entende-se que com a formalização do
reequilíbrio econômico-financeiro, há deslocamento da data
base para os próximos reajustes de preço. A nova data
base passa a ser a data da recomposição, com reajustes
anuais a partir de então.
Questões Controversas sobre os Reajustes
 Possível existência de preclusão lógica.
 Há uma importante diferenciação a ser feita entre os contratos de
escopo e os contratos de duração continuada.
 Nos termos do raciocínio desenvolvido no Acórdão 1828/2008-Plenário,
cada prorrogação contratual de ajuste continuado caracteriza uma nova
contratação, de forma que uma vez assinado o termo aditivo, não é
possível mais ocorrer a repactuação.
 Nesse momento, caberia a contratada suscitar o seu direito a
repactuação. Ao assinar o aditivo de prorrogação, houve ratificação de
todas as demais cláusulas da avença originária, inclusive dos preços,
comprometendo-se a executar o objeto por mais 12 meses sem
reajuste.
 Houve preclusão lógica quanto ao direito do reajuste.
 O mesmo não pode ser dito nos contratos por escopo, reajustado pela
aplicação automática de índices, que difere o tratamento a ser
conferido em relação ao instituto da repactuação.
Questões Controversas sobre os Reajustes
 Possível existência de preclusão lógica.
 O requerimento do reajuste por índice pelo contratado não
é uma condição para a fruição do direito e não pode ser
equiparado à aceitação dos preços contratados ou à
renúncia tácita ao direito de reajuste, não se configurando a
preclusão lógica neste caso.
Questões Controversas sobre os Reajustes
 Necessidade de o reajuste ser solicitado pelo
contratado
 O reajuste consiste na aplicação automática de índices gerais,
específicos ou setoriais que reflitam as elevações inflacionárias ou as
reduções deflacionárias.
 Sua concessão não demanda a prévia comprovação. pelo contratado
da alteração de cada um dos custos envolvidos na execução do
contrato; ao revés a ocorrência da variação de custos é presumida.
 O TCU, inclusive, já admitiu o caráter automático do reajuste em
sentido estrito, aduzindo que "A diferença entre repactuação e reajuste
é que este é automático e deve ser realizado periodicamente. mediante
a simples aplicação de um índice de preço, que deve. dentro do
possível. refletir os custos setoriais. Naquela, embora haja
periodicidade anual, não há automatismo. pois é necessária a
demonstração da variação dos custos do serviço" (Acórdão
1374/2006-Plenário).
Questões Controversas sobre os Reajustes
 Necessidade de o reajuste ser solicitado pelo
contratado
 É o mais pura aplicação do princípio do pacta sunt servanda (o
contrato faz lei entre as partes), que também se aplica ao contrato
administrativo, com base no arts. 54 e 66 da Lei 8.666/1993:
Art. 66. O contrato deverá ser executado fielmente pelas partes, de
acordo com as cláusulas avençadas e as normas desta lei,
respondendo cada uma das partes pelas consequências de suas
inexecução total ou parcial.
 Observando que a previsão de reajuste também é cláusula obrigatória
do edital, compre apresentar o art. 41 da Lei 8.666/1993:
Art. 41. A Administração não pode descumprir as normas e
condições do edital, ao qual se acha estritamente vinculada.
 Assim, o reajuste por índices exige sua aplicação de ofício pela
Administração, uma vez atingida a data-base, independentemente de
qualquer solicitação da contratada.
Questões Controversas sobre os Reajustes
 Necessidade de o reajuste ser solicitado pelo
contratado
 Assim, o Parecer nº 2/2016/CPLC/DEPCONSU/PGF/AGU conclui:
a) o reajuste em sentido estrito dos preços contratados, previsto em edital
e contrato, deve ser automática e periodicamente realizado, de ofício, pela
Administração contratante;
b) não se fixou em lei, tampouco na regulamentação infra legal do instituto,
a exigência de prévia solicitação formal como condição para a concessão
do reajuste, muito menos se estabeleceu um prazo específico para que o
contratado exercesse esse seu direito, ao contrário do que se passa
quanto à repactuação de preços;
c) se o requerimento do reajuste por índice pelo contratado não é uma
condição para a fruição do direito, o fato de o particular não solicitar o
reajuste previamente à renovação do contrato ou ao seu encerramento
não pode ser equiparado à aceitação dos preços contratados ou à
renúncia tácita ao direito de reajuste, não se configurando a preclusão
lógica neste caso;
Questões Controversas sobre os Reajustes
 Necessidade de o reajuste ser solicitado pelo
contratado

d) o direito ao reajuste de preços é de natureza patrimonial e disponível,


admitindo a renúncia pelo contratado, desde que realizada de forma
expressa e inequívoca, preferencialmente por meio de disposição
específica no termo aditivo de prorrogação contratual a ser firmado entre
as partes;
e) a Administração deve evitar a previsao, nos editais e contratos, de
disposições que atribuam ao contratado o ônus de pleitear, num
determinado prazo, o reajuste por índices dos preços contratados, já que
esse tipo de exigência não se coaduna com a natureza deste instituto;
f) caso o contrato administrativo contenha cláusula que condicione a
concessão do reajuste ao pedido expresso do contratado, fixando-lhe
prazo para tanto, deve ser assegurada, excepcionalmente, a observância
dessa regra contratual, sendo possível, nesse caso, postular a ocorrência
da preclusão lógica do direito ao reajuste;
Questões Controversas sobre os Reajustes
 Necessidade de o reajuste ser solicitado pelo
contratado

g) admite-se a possibilidade de os contratantes convencionarem, por meio


de termo aditivo, com efeitos ex nunc, a alteração de disposições
contratuais que atribuam ao contratado a iniciativa para o reajuste;
h) o contratado dispõe do prazo prescricional geral de 05 (cinco) anos,
contados desde o momento em que se completam os doze meses a partir
da data limite para a apresentação da proposta na licitação (ou do último
reajuste), para postular o direito de reajuste perante a Administração,
salvo no caso de excepcional previsão de prazos para o exercício desse
direito no instrumento contratual.
Alteração do Índice de Reajustamento Contratual
 Não se trata de uma hipótese de aditamento contratual expressamente
prevista em lei, mas considera-se possível a alteração do índice de reajuste
previsto no contrato, em duas hipóteses:
 1) quando o índice de reajuste contratual tiver sua divulgação
descontinuada;
 2) quando este se demonstrar inadequado para manter o equilíbrio da
equação econômico-financeira pactuada face às variações econômicas
reais.
 Nesse segundo caso, a alteração contratual deve se revestir de extrema
cautela, verificando se estão presentes todos os requisitos da Teoria da
Imprevisão. Deve-se demonstrar, então, que a cláusula de reajuste não
mantém o equilíbrio da equação econômico-financeira originalmente
estatuída.
Alteração do Índice de Reajustamento Contratual
 É o que se depreende da exposição de Celso Antônio Bandeira de Mello:

“Exatamente pelas razões aduzidas, se e quando os índices oficiais a que


se reporta o contrato deixam de retratar a realidade buscada pelas partes
quando fizeram remissão a eles, deve-se procurar o que foi efetivamente
pretendido, e não simplesmente o meio que deveria levar – e não levou –
ao almejado pelos contraentes. Não padece dúvida de que os índices são
um meio e não um fim. A eleição de meio revelado inexato não pode ser
causa elisiva do fim, mas apenas de superação do meio inadequado.
Para que as partes cumpram devidamente o ajuste em toda sua lisura,
boa-fé e lealdade, como de direito, cumpre que atendam ao efetivamente
pretendido, respeitando a real intenção das vontades que se
compuseram.”
Exemplo de Termos de Apostilamento
Exemplo de Termos de Apostilamento
Substituição da Garantia Contratual
 O art. 56, § 1º, inciso I, da Lei 8.666/1993) dispõe sobre a exigência e
possibilidade de escolha por parte do contratado relativamente à
modalidade de garantia que ele pretenda oferecer:

Art. 56. A critério da autoridade competente, em cada


caso, e desde que prevista no instrumento convocatório,
poderá ser exigida prestação de garantia nas contratações de
obras, serviços e compras.
§1º Caberá ao contratado optar por uma das seguintes
modalidades de garantia:
I - caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública,
devendo estes ter sido emitidos sob a forma escritura3,
mediante registro em sistema centralizado de liquidação e de
custódia autorizado pelo Banco Central do Brasil e avaliados
pelos seus valores econômicos, conforme definido pelo
Ministério da Fazenda,
II - seguro-garantia;
III- fiança bancária.
Substituição da Garantia Contratual
 Conclui-se, portanto que a autoridade administrativa tem competência para
avaliar e decidir pela exigência ou não de garantia contratual, e ainda, traz
assertiva no sentido de que a escolha para assegurar a execução contratual
caberá ao contratado, na sua conveniência, entre caução em dinheiro ou
títulos da dívida pública, seguro-garantia, ou fiança bancária.
 Assim, em regra, a substituição de uma modalidade de garantia contratual
por outra, também legalmente prevista, não traz quaisquer riscos ou lesões
aos interesses públicos, podendo ser acolhida pela Administração.
 Todavia, sabe-se que a substituição da garantia tem previsão no artigo 65,
II, "a", da Lei nº 8.666, de 1993, in verbis:

Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as
devidas justificativas, nos seguintes casos:
(...)
II- por acordo das partes:
a) quando conveniente a substituição da garantia de execução;
Substituição da Garantia Contratual
 Assim, observa-se que a substituição da garantia é permitida por lei, por
acordo entre as partes, desde que com: (a) a devida justificativa; e (b)
quando for conveniente a substituição da garantia de execução.
 Além disso, deve-se perquirir as reais intenções do contratado ao solicitar a
substituição de garantia e observar se o prazo da garantia oferecida em
substituição é suficiente para execução contratual e recebimento do objeto,
bem como se as cláusulas de cartas de fiança ou de seguro-garantia são
satisfatórias e resguardam a Administração de todos os riscos contratuais.
 Observar que no caso de aditamento do prazo e do valor contratual,
também deve ser exigido acréscimo no prazo de vigência e no valor da
garantia.
 Por outro lado, a substituição de garantia pode ser obrigatória, no caso de
extinção, desfalque, extravio ou desvalorização da garantia, por exemplo,
no caso de insolvência do prestador de fiança bancária.
Alteração das Condições de Pagamento
 Os contratos administrativos também podem ser alterados por mútuo
acordo entre as partes quando “necessária a modificação da forma de
pagamento, por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o
valor inicial atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com
relação ao cronograma financeiro fixado, sem a correspondente
contraprestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço
(art. 65, II, “c”, da Lei 8666/1993).
 O pagamento antecipado é admitido em situações excepcionais, estando
condicionado à existência de interesse público devidamente demonstrado,
previsão no edital e exigência de garantias.
 Cita-se o Acórdão 1341/2010-Plenário, nesse sentido:
“17. Sobre a antecipação de pagamento, no valor de R$ 251.385,28,
referente ao item 11.060.185-0-superestrutura ponte/viaduto, cuja
execução ainda não havia sido iniciada, tem-se que tal fato foi apurado
mediante o confronto dos itens pagos e medidos até a 12ª planilha de
medição com a verificação in loco da evolução da obra, havendo a
questão sido regularizada posteriormente, mediante a glosa do
mencionado valor.”
Alteração das Condições de Pagamento

18. Não obstante a correção da falha, é pertinente lembrar que a realização de


pagamentos antecipados aos contratados somente poderá ocorrer se
houver a conjunção dos seguintes requisitos: previsão no ato convocatório,
existência no processo licitatório de estudo fundamentado comprovando a
real necessidade e economicidade da medida e estabelecimento de
garantias específicas e suficientes que resguardem a Administração dos
risco inerentes à operação (v.g.: Acórdãos ns. 1.442/2003 - 1ª Câmara, e
1.726/2008 - Plenário).
19. No caso ora examinado, tais requisitos não se fizeram presentes. O Edital
da Concorrência n. 01/2008 e o Contrato dele decorrente, isto é, o de n.
98/2008, dispõem que o pagamento será efetivado à empresa contratada
por serviços efetivamente prestados (fls. 12, Anexo 2, e fl. 270, Anexo 2, v.
1). Inexiste nos autos estudo fundamentado que legitime a medida de
antecipação de pagamento. Assim, importa expedir determinação ao
Município contratante para que se abstenha de realizar, no âmbito do
Contrato n. 098/2008, pagamentos antecipados, porquanto não preenchem
os requisitos acima mencionados.
Alteração das Condições de Pagamento
 A jurisprudência citada está assentada nos arts. 62 e 63 da Lei 4.320/64 e
no Art. 38 do Decreto 93872/1996:
“Art . 38. Não será permitido o pagamento antecipado de fornecimento de
materiais, execução de obra, ou prestação de serviço, inclusive de utilidade
pública, admitindo-se, todavia, mediante as indispensáveis cautelas ou
garantias, o pagamento de parcela contratual na vigência do respectivo
contrato, convênio, acordo ou ajuste, segundo a forma de pagamento nele
estabelecida, prevista no edital de licitação ou nos instrumentos formais de
adjudicação direta.”

 Outros entendimentos estão consubstanciados na Decisão 444/1993-


Plenário:
"Em sessão de 20.08.87, este Tribunal, endossando a Declaração de Voto
do eminente Ministro Carlos Átila, ao apreciar o TC 004.509/84-6 (...)
entendeu que “o pagamento antecipado, parcial ou total, somente se deve
efetuar em caráter excepcional, quando, comprovadamente, seja esta a
única alternativa para obter o bem ou assegurar a prestação do serviço
desejado, ou ainda quando a antecipação propiciar sensível economia
de recursos (...).”
Alteração das Condições de Pagamento
 Vale ressaltar que o art. 65, II, “c”, da Lei 8666/93 permite que a
Administração antecipe pagamentos se também houver antecipação no
fornecimento de bens ou na execução de obra ou serviço, compreendido o
pagamento devido por etapa ou aquele previsto para ocorrer apenas
quando do implemento do termo final do contrato.
 Ainda assim, tal regra deve ser aplicada com extremo cuidado, conforme
comprova o estudo de caso a seguir, de uma relevante obra de mobilidade
urbana que teve o pagamento de suas etapas finais antecipadas.
 Tais etapas possivelmente estavam com preços mais atrativos para o
contratado, de forma que, ao serem pagas, os serviços remanescentes do
contrato perderam a atratividade para o construtor e a obra ficou inacabada
por abandono do contratado.
Alteração das Condições de Pagamento
 Estudo de Caso: Contrato de VLT de R$ 1,477 bilhões.
 A última etapa do contrato, que abrange a construção de estações,
trincheiras, 22 km de linha de VLT, viadutos, melhoramentos em avenidas e
outras OAE, é de R$ 498 milhões, cerca de 33% do valor global do contrato.
 Essa última etapa é o fornecimento do material rodante (trens).
Alteração das Condições de Pagamento
 Estudo de Caso (continuação)
 A sequência de notícias a seguir deixa claro, para “bom entendedor” o que
aconteceu:
Alteração das Condições de Pagamento
Alteração das Condições de Pagamento
Alteração das Condições de Pagamento
 Também é relevante citar trecho da doutrina de Marçal Justen Filho:
“A regra da al. ‘c’ tem de ser interpretada restritivamente, sob pena de
inconstitucionalidade. O art. 37, XXI, da Constituição Federal determina que
as contratações administrativas devem prever cláusulas que ‘estabeleçam
obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta...’.
Logo, não se pode cogitar de uma alteração acerca da forma de
pagamento. Mesmo porque a alteração seria impedida pelos princípios da
moralidade, da isonomia e da vinculação do contrato ao ato convocatório.
Se a alteração tornasse o contrato mais vantajoso, haveria vício porque
outros terceiros poderiam ter manifestado interesse em participar da
licitação.”
Alteração do Regime de Execução Contratual e
do Modo de Fornecimento
 Lei 8666/93:
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as
devidas justificativas, nos seguintes casos:
(. . .)
II - por acordo das partes:
( .. .)
b) quando necessária a modificação do regime de execução da obra ou
serviço, bem como do modo de fornecimento, em face de verificação
técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais originários;
 A modificação contratual derivará da constatação técnica da inadequação
da previsão original, dependendo de critérios técnicos que comprovem que
a solução adotada anteriormente é antieconômica, ineficaz ou inviável.
 Enfim, exige demonstração de que a solução que melhor atende ao
interesse público não é aquela consagrada no contrato original.
Alteração do Índice de Reajustamento Contratual
 Não se trata de uma hipótese de aditamento contratual expressamente
prevista em lei, mas considera-se possível a alteração do índice de reajuste
previsto no contrato, em duas hipóteses:
 1) quando o índice de reajuste contratual tiver sua divulgação
descontinuada;
 2) quando este se demonstrar inadequado para manter o equilíbrio da
equação econômico-financeira pactuada face às variações econômicas
reais.
 Nesse segundo caso, a alteração contratual deve se revestir de extrema
cautela, verificando se estão presentes todos os requisitos da Teoria da
Imprevisão. Deve-se demonstrar, então, que a cláusula de reajuste não
mantém o equilíbrio da equação econômico-financeira originalmente
estatuída.
Alteração do Índice de Reajustamento Contratual
 É o que se depreende da exposição de Celso Antônio Bandeira de Mello:

“Exatamente pelas razões aduzidas, se e quando os índices oficiais a que


se reporta o contrato deixam de retratar a realidade buscada pelas partes
quando fizeram remissão a eles, deve-se procurar o que foi efetivamente
pretendido, e não simplesmente o meio que deveria levar – e não levou –
ao almejado pelos contraentes. Não padece dúvida de que os índices são
um meio e não um fim. A eleição de meio revelado inexato não pode ser
causa elisiva do fim, mas apenas de superação do meio inadequado. Para
que as partes cumpram devidamente o ajuste em toda sua lisura, boa-fé e
lealdade, como de direito, cumpre que atendam ao efetivamente pretendido,
respeitando a real intenção das vontades que se compuseram.”
Alteração do Consórcio Contratado
 Voto Condutor do Acórdão 2.603/2007 – Plenário:
“II.I - Desconstituição do Consórcio Beter/Gautama
6. Entendo, a respeito dessa questão, que a 3ª Secex examinou-a
adequadamente e enunciou consistente conclusão, razão pela qual incorporo-
a como razões de decidir. Considero, contudo, conveniente tecer
considerações sobre seus aspectos mais relevantes. Em primeiro lugar,
registro que houve celebração de Instrumento de Distrato, por meio do qual a
Construtora Gautama declara sua intenção de não mais integrar o referido
consórcio. O mencionado termo aditivo a esse contrato também revela a
anuência da Construtora Beter e da própria Infraero à sub-rogação.
7. Resta, portanto, verificar se essa substituição preserva preceitos
fundamentais estipulados na legislação vigente que disciplinam o
procedimento licitatório e a celebração e condução de contratos
administrativos. Merecem ser reproduzidas as condições enunciadas no
Acórdão nº 634/2007-TCU-Plenário, por fornecerem balizamento para o
exame do presente caso. Nessa ocasião o TCU se pronunciou sobre consulta
formulada pelo Ministro dos Transportes, em que se questionou a
possibilidade de a Administração manter vigentes contratos cujas contratadas
venham a ser submetidas a processo de cisão, incorporação e fusão.
Alteração do Consórcio Contratado
 (continuação)
8. Naquela oportunidade, ao acolher proposta do Relator, Ministro Augusto
Nardes, resolveu o Colegiado admitir essa substituição, desde que:
a) o Edital não a vedasse expressamente;
b) fossem atendidos pela nova empresa, os requisitos de habilitação de que
trata o art. 27 da Lei 8.666/93, originalmente exigidos;
c) fossem mantidas todas as condições estabelecidas no contrato original;
d) não houvesse prejuízo para a execução do objeto pactuado causado pela
modificação da estrutura da empresa; e
e) houvesse expressa [anuência?] da Administração, após a verificação dos
requisitos apontados anteriormente, como condição para a continuidade do
contrato.
9. Entendo que as conclusões enunciadas nessa deliberação podem ser
estendidas para o caso sob exame, com os ajustes pertinentes. [...]
12. Tendo em vista, pois, esses elementos de convicção considero que deve
ser considerada lícita a substituição do Consórcio Beter/Gautama pela
empresa Beter.”
Alteração Societária do Contratado
 As modificações no contrato social da empresa consistem em
mera alteração societária, não atingindo a personalidade
jurídica da sociedade, que permanece intocada, de acordo
com a teoria da identidade ou continuação. A modificação nos
atos constitutivos da empresa não afeta os direitos e
obrigações perante terceiros, nem há qualquer alteração nas
suas relações contratuais e extracontratuais anteriores.
(Acórdão 7532/2013 - Primeira Câmara).
 Alterações na denominação da sociedade ou na composição
societária, sem a criação de uma nova entidade, não
produzem efeitos sobre as obrigações de empresa contratada
pela Administração. (Acórdão 5946/2012 - Primeira Câmara).
Alteração Societária do Contratado
 A sub-rogação de contrato a pessoa jurídica formada a partir
de alteração da estrutura societária de consórcio vencedor de
licitação para constituir Sociedade de Propósito Específico
(SPE), com a incorporação de uma terceira empresa cotista
que não participou do certame, viola o princípio da vinculação
ao instrumento convocatório e caracteriza burla à licitação.
(Acórdão 2342/2011 – Plenário).
Pleito para Rescisão Amigável do Contrato
 Em um exame preliminar, constatada a paralisação injustificada da
execução do ajuste pela empresa contratada, deve-se instaurar
procedimento administrativo para a rescisão contratual e aplicação das
penalidades cabíveis, incluindo multa e suspensão do direito de contratar
com a Administração.
 A rescisão contratual pela própria Administração poderá ocorrer de duas
formas, conforme o art. 79 da Lei 8.666/1993: por ato unilateral da
Administração (inciso I) e por comum acordo entre as partes, também
denominada de amigável (inciso II).
 Existe, ainda, um terceiro tipo de rescisão na lei que afirmar que é a
judicial (inciso III). Consoante o referido dispositivo, a primeira hipótese é
cabível quando ocorrerem os casos enumerados nos incisos I a XII e XVII
do art. 78 da aludida lei, enquanto a segunda situação é admitida desde
que haja conveniência para a Administração.
Pleito para Rescisão Amigável do Contrato
 Compulsando os tipos legais previstos para a rescisão unilateral, os
incisos I a XI referem-se a situações de inadimplemento contratual por
parte do particular, enquanto o inciso XII diz respeito à extinção da avença
por razões de interesse público.
 Trata-se, esta última hipótese, de nítida manifestação do princípio da
supremacia do interesse público sobre o privado, a exigir o desfazimento
do ajuste, independentemente da anuência do contratado.
 Se a empresa se obrigou à execução do objeto, a única maneira de não
cumprir o contrato sem incorrer em sanções administrativas seria nas
hipóteses excepcionais de inadimplência da própria Administração,
previstas no art. 78, incisos XIII a XVI da Lei 8.666/1993. Ainda assim, tal
recusa somente seria possível no âmbito de rescisão judicial ou
administrativa, a qual poderia ser enquadrada no art. 79, inciso II,
preservado o direito de indenização da contratada.
 Portanto, só há possibilidade jurídica de haver rescisão amigável da
avença, especificada no art. 79, inciso II da Lei 8.666/1993, se houver
conveniência para Administração e não ocorrer nenhuma das hipóteses
previstas na lei para a rescisão unilateral da avença.
Obrigado!

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