Sei sulla pagina 1di 3

Positivismo jurídico normativo de Hans Kelsen e a Teoria Tridimensional de Miguel Reale:

Estudo comparado.

O positivismo jurídico é espécie jurídica do gênero positivismo, sendo assim, projeção do


positivismo filosófico no ramo do Direito. O positivismo filosófico – corrente teórica difundida
pelo francês Augusto Comte – floresceu no século XIX, época em que o método experimental
passou a ser largamente empregado nas ciências da natureza. Nesse sentido, o positivismo
pretendia mudar a aplicação do método para as ciências sociais. Assim, o trabalho científico
deveria ter por base a observação dos fatos capazes de serem comprovados, no qual não havia
espaço para a mera dedução, o raciocínio abstrato e a especulação.
O positivismo jurídico rejeita os elementos abstratos na concepção do Direito (ideia de
Direito Natural, por ser metafísica e anticientífica). A metodologia adotada pelo positivismo possui
três fases: a observação, a formulação de hipótese e a experimentação. Essa corrente despreza os
juízos de valor e tem como objeto da Ciência do Direito: estudar as normas jurídicas vigentes. Em
relação à justiça, por ser considerada um ideal irracional, acessível somente pelas vias da emoção,
a ação do positivismo é de um ceticismo absoluto, assim, não considera os juízos de valor. A única
ordem jurídica aceita pelo positivismo jurídico é a comandada pelo Estado, baseada na norma
como elemento único e autossuficiente.
Hans Kelsen (1881-1973), jurista e filósofo austríaco, adotou uma ideologia
essencialmente positivista no setor jurídico, desprezando os juízos de valor e rejeitando a ideia do
Direito Natural, combatendo a metafísica. A tese criada por ele, Teoria Pura do Direito, reduz à
expressão do Direito a um só elemento, a norma jurídica. Kelsen, situou o Direito na ordem do
dever ser, diferenciando do ser. Essa ordem jurídica formaria uma pirâmide normativa
hierarquizada, onde cada norma se fundamentaria em outra e a chamada Norma Fundamental
legitimaria toda a estrutura normativa. Sendo assim, o objeto da Ciência do Direito seria o estudo
apenas da norma jurídica. A intenção de Kelsen não foi rejeitar a importância dos fatos sociais e
dos valores jurídicos, seu intento maior foi criar uma teoria que impusesse o Direito como ciência,
objetivo, e não mais fosse abordado como seção da Sociologia, da Ciência Política ou da
Psicologia.
Para Kelsen, o Direito seria um grande esqueleto de normas, onde o centro de gravidade
da Teoria Pura localiza-se na norma jurídica. As normas jurídicas, desde a base, formam uma
pirâmide apoiada em seu vértice. A graduação dessa pirâmide seria: constituição, lei, sentença,
atos de execução. Exemplificando essa hierarquia: a sentença se fundamenta na lei e esta, apoia-
se na constituição. Acima desta, acha-se a Norma Fundamental ou Norma Hipotética. O Estado
não seria mais do que a personalização da ordem jurídica porque não é mais do que uma ordem
coativa da conduta humana, ordem que é jurídica. A Teoria Pura, nega a existência do direito
subjetivo, e também o dualismo direito interno e direito internacional.
Assim, pode-se afirmar que Kelsen exclui da apreciação do direito como ciência quaisquer
considerações, sociais, históricas, políticas ou éticas e atribui a essência da ordem legal à “letra da
lei”, ou seja, a lei promulgada. Com Kelsen, ocorre uma mudança no aspecto central do direito,
que passa de material para formal. A mudança vai da validade para a legitimidade. Enquanto antes
o que importava era o valor do conteúdo da norma, para Kelsen o que deve prevalecer é o
procedimento, que deve partir de uma legalidade institucional, via de regra, o Estado.
Contrapondo-se a Teoria Pura, surgem nos idos da década de 1930, as Teorias
Tridimensionalistas, que se proliferaram em diversos países. No entanto, essas teorias
apresentavam diferenças e peculiaridades, sempre adaptadas as características culturais dos
espaços onde eram produzidas. Os primeiros trabalhos nesse sentido são dos juristas alemães Emil
Lask e Gustav Radbruch. Entretanto, como afirma Reale, essas teorias consideravam a tríade fato-
valor-norma como autônomas, considerando que cada uma de forma independente possuía plena
juridicidade. Reale chamou essas teorias de Tridimensionais “Genéricas” ou “Abstratas”.
Já a Teoria Tridimensional do Direito de Miguel Reale – jusfilósofo brasileiro – é dita
como uma concepção integral do fenômeno jurídico. Tal fenômeno jurídico, qualquer que seja a
sua forma de expressão, requer a participação dialética do fato, valor e norma, ou seja, “um
elemento de fato, ordenado valorativamente em um processo normativo" (NADER, 2017, p. 390).
Por exemplo, sempre que houver um fenômeno jurídico, haverá tambem um fato e um valor
subjacente dando significação para o fato, levando os homens a terem uma ação no sentido de
presevar ou atingir algo, e finalmente será estabelecida uma regra ou norma representando uma
medida para o fato. Reale descreve o relacionamento entre os três componentes: os três elementos
se vinculam como em uma adição, quase sempre com prevalência de algum deles. Em sua
concepção, chamada Teoria Tridimensional “Específica” ou “Concreta”, a realidade fático-
axiológico-normativa se apresenta como unidade, havendo nos três elementos uma implicação
dinâmica. Cada qual se refere aos demais e por isso só alcança sentido no conjunto. As notas
dominantes dos três elementos, respectivamente, estão na eficácia, fundamento e vigência.
O Direito não possui uma estrutura simplesmente factual, como querem os sociólogos;
valorativa, como proclamam os idealistas/moralistas; normativa, como defendem os norma-
tivistas/positivistas. Para Reale, essas visões são parciais e não revelam toda a dimensão do fenô-
meno jurídico. Este congrega aqueles componentes, juntos formam uma síntese integradora, na
qual “cada fator é explicado pelos demais e pela totalidade do processo” (NADER, 2017, p. 390).
O fato é o acontecimento social referido pelo Direito objetivo. É o fato interindividual que
envolve interesses básicos para o homem e, por isso, enquadra-se dentro dos assuntos regulados
pela ordem jurídica. Já o valor é o elemento moral do Direito; é o ponto de vista sobre a justiça.
Segundo a dialética de complementaridade aplicada à experiência Jurídica, o fato e o valor se
mantém inalteráveis e se exigindo mutuamente. E a norma expressa um dever jurídico omissivo.
Fato, valor e norma, acham-se intimamente vinculados. Somente por abstração o Direito pode ser
apreciado em três perspectivas: o Direito como: valor do justo, norma jurídica, e fato social.
Em função de Reale, o pensamento jurídico-filosófico brasileiro começou a depender
menos das fontes externas de conhecimento e a explorar mais o seu potencial criador. O autor da
Teoria Tridimensional definiu o Direito como “realidade histórico-cultural tridimensional,
ordenada de forma bilateral atributiva, segundo valores de convivência” (NADER, 2017, p. 391).
O Direito, para Reale, é fruto da experiência social e localiza-se no mundo cultural porque é
resultado da experiência do homem. Graças a esse ponto de vista, no Brasil, Reale está entre os
fundadores do culturalismo jurídico. Além do culturalismo Reale defende apresentou a
bilateralidade. Segundo ele, a bilateralidade é essencial ao Direito. A bilateralidade-atributiva é
específica do fenômeno jurídico, de vez que apenas ele confere a possibilidade de se exigir um
comportamento.
Em outras palavras, o Direito é a realização ordenada e garantida do bem comum numa
estrutura tridimensional bilateral atributiva, ou, de forma analítica, o Direito é a ordenação
heterônoma, coercível e bilateral atributiva das relações de convivência, segundo uma integração
normativa de fatos segundo valores.
Na tentativa de afirmar o direito como ciência, e baseado no positivismo filosófico, Hans
Kelsen formula sua Teoria Pura do Direito, na qual o Direito estaria afastado das demais ciências
e sua caracterização se limitaria a apenas o estudo da norma jurídica. Com isso, Kelsen reduz o
racionalismo a um relativismo do positivismo, apresentando assim uma postura unilateral. Em
outro sentido, entende Reale que a ciência jurídica vai além de uma teoria meramente racional e
lógica, estando intimamente vinculada à realidade cultural e aos valores de determinada sociedade.
Desta forma, as normas surgem através de um processo em que o Estado é condicionado por um
conjunto de fatos e valores. Isto é, enquanto para Kelsen o Direito deve ser analisado com base
nele mesmo, para Reale, a referida ciência decorre de um processo existencial estabelecido entre
o indivíduo e a coletividade em que está inserido.

Referências Bibliográficas

KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. 6ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

MENEGAZZI, Gustavo Rafael; DIAS, Maria da Graça dos Santos. A teoria tridimensional do
direito de Miguel Reale e a política Jurídica. Revista Eletrônica Direito e Política. Programa de
Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência Jurídica da UNIVALI, Itajaí, v. 3, n. 2, abr.-jun. 2008.
Disponível em: http://www.univali.br/direitoepolitica. Acesso em: 31 de jul. 2018.

NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito. 40ª. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017.

REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 27ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.

REALE, Miguel. Teoria Tridimensional do Direito. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 1994.

Potrebbero piacerti anche