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A forma operacionalizada nesta introdugdo — 0 uso da relacéo principios/prdticas — pretendeu colocar-se enquanto exercicio sociolégico viabilizador de um ‘Percurso entre os. textos da coletanea, acompanhando permanéncias/alteragées referidas & familia, tanto nas praxis quanto nos modelos, tomados os valores, a um s6 tempo, como produtos sociais € modelos de praticas. Um esforgo de apropriagio daquilo que é, cotidiana- mente, considerado como “crise de valores”, juntando as re- Jagdes de produgéo & produgfo das relagdes. Um esboco interpretativo visando aproximar inteng&o e gesto, como su- gerem os poetas, RIBEIRO Suter. (og e rb 8 One . Famille ¢ Velster . SOB abe « Ck loy ote , A4ZL, AS MEDIAGOES NA PRODUGAO DAS PRATICAS. O CONCEITO DE HABITUS NA OBRA DE PIERRE BOURDIEU JORGE 0. ROMANO" No presente trabalho pretendemos agrupar, ordenar e situar num “discurso tinico”, continuo e néo-conclusivo, um Conjunto de colocagées e reflexSes em torno da nogio de habitus — nogio mediadora por exceléncia — que estio espalhadas na profusa obra de Pierre Bourdieu. © primeiro momento desse “discurso unico", a partir da perspectiva do “conhecimento praxloldgico”, ‘apresenta a nogdo de habitus e uma série de nogdes que a’ela se arti eulam: “disposigées", “gosto”, ethos, “heris corporal”. 0 se: gundo trata do processo histérico-social de produgéo e aquisicao dos habitus. © seguinte procura identificar o papel mediador dos habitus na produgdo das mais diversas praticas. O quarto detalha algumas das principais caracte risticas que os habitus apresentam. O quinto, e ultimo, des. taca sucintamente o espago privilegiado que Bourdieu outor- ga & nogao de habitus em suas pesquisas futuras. De maneira proposital, procuramos excluir ao méximo nossas opiniGes e reflexdes sobre essas colocagdes em fungao do cardter instrumental que esta na origem deste trabalho Assim, a procura consciente de que “so Bourdieu fale” se Professor. do curso de posraduagio em Desenvolvimento Agricola (CPDA) da UFR ¢ doutorando em antropologia social do Museu Nacional da UFny 8 bide “reencontra” com a disposigéo do habitus profissional, tra- dicional, do antropdlogo em Telac&o ao “culto” pelo discurso do informante. Finalmente gostariamos de explicitar que temos clareza de que este “‘agrupamento” (que implica inclusGes e exclu- sdes), esta “ordenago” (que introduz critérios de organi- zagao estranhos aos objetivos e as especificidades das dife- rentes obras), em resumo, esta “‘construgéo de um discurso tinico” forma parte de uma “leitura”, de nossa leitura de Pierre Bourdieu, conformada apés 4 familiarizagéo com grande parte de sua obra. A noc&o de habitus no “conhecimento praxiolégico” © principal defsito do materilismo dos filésofos — incluindo © de Feuerbach — & que o objeto, a realldade, o mundo sen- sivel $6 6 captado sob a forma de objeto ou de intulcso, 9 como atividade humana conereta e prética, de modo suble- E isto que explica por que 0 aspecto ative foi desenvol vid> pelo idealisma, em oposigie 20 materlalismo, mas unica monte de modo abstrato porque o idealismo néo conhece natu: ralmente & atividade real, concreta como tal Karl Marx, Teses sobre Feuerbach Nessa tese de Marx, que preside enquanto epfgrafe o Esquisse d'une théorie de la pratique (Bourdieu, 1972), le- vanta-se 0 problema central da reflexao de Bourdieu sobre a prética: contribuir para a construcio de um modo de conhe: cimento que permita dar conta do “aspecto ativo da prética” como uma atividade real, conereta. Em fungiio desse objeti- vo, ele vai debater com 0 “materialismo mecanicista”, com © “conhecimento fenomenoldgico”, com 0 “idealismo” e com © “conhecimento objetivista”, em ‘especial com sua variante “estruturalista” (B, 1972: 162163 e 169-174; B, 19792: 544-545). Para Bourdieu, construir 0 modo de geracdo das prati- cas, ir do opus operantum ao modus operandi — isto é, sair da regularidade estatistica ou da estrutura algébrica para aleangar o principio da produgéo dessa ordem — implica nao cair no “realismo da estrutura”, e construir a “‘teoria at gght@ourando taciltar a leitura do trabalho, em decorréncia da pro: fusdo de citacdes do mesmo autor, dacidimos adotar, como convengao, letra “8° para designer as referéncias a Pierre Bourdieu, seguida do ano" ¢ da “pagina”. Assim, como exemplo: (P. Bourdieu, 1979a: 548) seré expressado come (8. 1972. 544) 44 da prética”, condicéo de uma ciéncia experimental da dia- lética da interioridade e da exterioridade (B, 1972: 174-175). Ele critica tanto o pré-juizo antigenético, que leva a ndo pes. quisar na histria individual ou coletiva as géneses das es- truturas objetivas e das estruturas interiorizadas, como tam. bém 0 pré-juizo antifuncionalista, que impede de tomar em conta as fungées préticas que podem exercer os sistemas simbélicos (B, 1972: 221). Como alternafiva, propée aprofundar o “conhecimento praxioldgico” que tem como objeto nao s6 as relacGes obje- tivas, mas também, e principalmente, as relagdes dialéticas entre essas estruturas e os sistemas de disposigdes estrutu- radas, os habitus. .Dessa maneira, pretende dar conta do duplo’processo de interiorizacdo da exterioridade e de exte- riorizag&o da interloridade, e assim tentar procurar o prin- cfpio gerador das praticas, situando-se no préprio movimento de sua efetivacdo (B, 1972: 190-191). Na proposta de’“conhecimento praxioldgico”, a nogdo de habitus é uma categoria-chave. O conhecimento do mundo social teria que tomar em conta o “conhecimento prético” que Ihe preexiste (se bem que, num primeiro momento, deva constituir-se contra as representacdes parciais e inte. ressadas desse “‘conhecimento pratico”). ‘Trabalhar com a nogio de habitus permitiria incluir no objeto esse conheci. mento que os agentes, que fazem parte do objeto, tem do objeto, resgatando a ‘contribuigéo que este conhecimento faz & realidade do objeto, devido a seu poder propriamen- te constituinte (B, 1979c:'544-545). ‘A nocéo de habitus, especialmente enquanto “matriz prética”, poderia lembrar a descricio dos “modelos incons- cientes” de Sapir, e 0 conceito de “arte” de Durkheim (aqui- lo que é “pratica pura”, “sem teoria”).’ Mas os usos his- toricos do conceito o “predispuseram” a ser uma nogdo “disposicional", designando um sistema de disposig6es ad- quiridas, permanentes generativas (B, 1980b: 88-89). & no postface & traducéo da obra de E. Panofsky (Architecture gothique et pensée scolastique, Minuit, Paris, 1967) que Bour- dieu comega a aprofundar sua reflexo sobre a relacdo entre habitus, préticas e obras. Ante o paralelismo que apresenta a evolugo da arte g6tica a respeito do pensamento escoldstico, Panofsky, em 2. Com relagao @ no¢do de “modelos inconsclentes’, Bourdieu remete 2 Sapir (1967: 41). Com respeito a0. conceito de ver Durkhel (1968: 66-69) seu trabalho, tenta encontrar os princfpios determinantes das homologias estruturais que esse paralelismo aponta. \Descobre a resposta nas caracteristicas da institui¢go escolar Mescoldstica”, a qual “produziria” individuos dotados de um Jeonjunto de esquemas fundamentais, sistemas inconscientes {que engendrariam uma infinidade de esquemas particulares, Idiretamente aplicdvels a situagSes especificas: os habitus. Panofsky usa esse conceito disposicional de origem aris- totélica, retomado pela escoldstica, para designar a cultura inculcada pela escola, que faria o criador particular de sua coletividade, de sua época, sem que ele tenha consciéncia de que é “orientado” e “dirigido” em seus atos de criaco, ou seja, 0 habitus permitiria transformar a heranca coletiva em inconsciente individual e comum. A relacéo principal stibjacente se estabeleceria entre as Obras de uma época e as praticas e as representagdes de uma escola. A escola modificaria 0 contetido e o espfrito da cultura que transmi- te. Panofsky se detém neste ponto, sobrevalorizando o “es- ago” da escola. Bourdieu retoma essa nogéo de habitus e tenta recons- trufla a partir de suas diferentes pesquisas. Para ele, os condicionamentos associados a uma classe particular de condig6es de existéncia produziriam os habitus, sistemas de disposigées duraveis e transponfveis, estruturas estrutu- radas predispostas a funcionar como estruturas éstruturan- tes, isto é, principios geradores e organizadores de praticas e de representacses, que podem ser objetivamente adaptdos as suas metas, sem supor a intengo consciente de fins, nem matria_expressa das operag5es necessérias_para.en- tendé-las, objetivamente “‘regradas” e “regulares”, sem ser © produto de obediéncia as regras e estando, todas elas, coletivamente orquestradas sem ser 0 produto da ago orga: nizativa de um diretor de orquestra (B, 1980b: 88-89). 1. As nogées articuladas Relacionado com 0 conceito de habitus. 0 autor siste matiza, através de suas obras, um conjunto de nogées que conformariam a linguagem com a qual tenta dar conta desse “aspecto ativo da prdtica”. Ao mesmo tempo, é através dessas articulagdes que as nogdes, e a propria’ linguagem, definem melhor seu sentido. Sem pretender esgotar esse conjunto, gostariamos de chamar a atencio sobre quatro 46 Birae conceitos intimamente vinculados a0 de habitus: “disposi- ‘e6es”, “gosto”, ethos e “hezis corporal”. ‘As “disposigdes” seriam uma sorte de “elementos” com- ponentes do sistema, que ¢ 0 habitus. A nogéo de “disposi- eGo” esté relacionada & de ““posicio” num “campo” de re- Tagdes determinado. As diferencas nas disposic6es — do mesmo modo. que as diferengas de posiggo na estrutura do “campo do poder”, por exemplo — estar no_princi- pio de diferencas de percepedo e apreciacéo do mundo so- cial (B, 1980a: 12). © termo disposic&o daria conta do que recobre o con- ceito de habitus, devido a que ele exprime: a) o resultado de uma acdo organizada (apresentando um sentido proximo ao de termos como “estruturas”); b) uma maneira de ser, um estado habitual (em especial do corpo); ¢) particular: mente, uma predisposicéo, uma tendéncia, uma propenséo, uma inelinago (B, 1973: 247). Por exemplo, o “gosto” seria uma disposiggo duradoura e fundante, constititiva do habitus, que implicaria a pro- pensao e eptidao para a apropriagao (material ou simbdli- ca) de uma classe determinada de objetos ou de praticas classificadas ¢ classificantes. § a formula generativa que esta no principio do “estilo de vida”. ¥ 0 operador pratico da transmutagao das coisas em signds distintos e distintivos, das distribuicdes continuas em oposigées descontinuas; ele transporta as diferengas inscritas na “ordem fisica” dos cor- pos & “ordem simbdlica”’ das distingdes significantes. Trans- forma as préticas objetivamente classificadas em préticas classificantes, ou seja, em expresséo simbélica da posigio de classe. _Também € 0 principio d made tragos tintivos que esta voltado a ser percebido como uma expres: so sistemética de uma classe particular de condigées de existéncia, ou seja, como um estilo de vida distintivo. Sendo © produto da incorporagao da estrutura do pave, social tal como se Ihe impe através da experiéncia de uma po- sigdo determinada nesse espaco, o “gosto” esté nos limites das possibilidades e das impossibilidades econdmicas (que ele tende a reproduzir em sua Idgica) — no prinefpio de praticas ajustadas as regularidades inerentes a uma condi- Ao de classe determinada (B, 1979a: 193-194). Da mesma maneira que 0 “gosto” ¢ a estética realizada, 0 ethos seria a ética realizada (B, 1972: 193). ethos se conformaria como uma “disposicAo” geral de uma classe ou de um grupo (ethos burgués, ethos da fragio dominada da a

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