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Medidas de Segurança aplicadas ao caso concreto

 Exposição, teorização e análise comparativa


No âmbito da matéria sobre medidas de segurança, inserida na disciplina de
consequências jurídicas do crime, debrucei-me sobre a análise e comentário do Acórdão
da Relação de Lisboa, nº 3835/12 de 20-06-2017.
De modo breve e sumário, iriei proceder à enunciação e descrição do Acórdão
supramencionado.
Este Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa pronunciou-se sobre a sentença
de um arguido (identificado como arguido B) pelos crimes previstos e punidos pelos
artigos 153º, nº1 e 155º, nº1, alínea a), do Código Penal, e de um crime de detenção de
arma proibida, este previsto e punido pelo artigo 86º, alínea c), do Regime Jurídico das
Armas e Munições, com menção aos artigos 2º, nº1, alínea add) e 3º, nº 4º, alínea b), do
mesmo diploma legal.
O arguido em causa foi julgado incapaz, pelo tribunal da 1ª instância, no
momento da prática dos factos, de avaliar a ilicitude da sua conduta e, deste modo, foi
considerado inimputável perigoso ao abrigo do Artigo 20º, nº1 do Código Penal: “É
inimputável quem, por força de uma anomalia psíquica, for incapaz, no momento da
prática do facto, de avaliar a ilicitude deste ou de se determinar de acordo com essa
violação.” A sua inimputabilidade é baseada na psicose esquizofrénica tipo paranóide de
que padece e que lhe foi diagnosticada aquando do seu internamento no Departamento
de Psiquiatria do Hospital de São Francisco Xavier, de 20 de setembro de 2012 a 29 de
outubro de 2012, após os acontecimentos que o conduziram ao julgamento.
Uma vez que o arguido foi considerado inimputável, foi absolvido da prática de
um crime de ameaça agravada, previsto e punido pelos artigos já referidos.
Assim sendo, foi aplicada ao arguido uma medida de segurança de internamento
pelo período de tempo máximo de cinco anos, sabendo que o tribunal poderia, após dois
anos, declarar finda a medida, caso verificasse que cessou a perigosidade do arguido.
Após tal desfecho determinado pelo Tribunal, o arguido decidiu interpor recurso
da decisão já que considerou terem existido lacunas durante o processo do seu
julgamento, tais como: uma vez considerado inimputável, não deveria sequer ter sido
julgado ( incapacidade essa conhecida em todos as fases do inquérito, instrução e dado
provado em julgamento); o arguido sempre se tratou, de modo voluntário, acompanhado
pelos seus familiares mais diretos, mãe, avó e tia; no caso vertente está provado que o
recorrente na prática dos factos não estava consciente destes e este considera que tais
atos só se sucederam porque o próprio estado fechou a unidade de saúde mental que o
arguido deveria frequentar por falta de meios.
Este alega que a sua inimputabilidade previamente declarada, impossibilitaria,
indubitavelmente, a sua condenação e, tendo sido condenado, o internamento a que foi
sujeito resulta desproporcionado e desconforme com a jurisprudência.

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Para além disso, quanto ao prazo do internamento, poderia ter sido fixado o
limite mínimo legalmente previsto de dois anos, e porventura nos termos legais,
suspensa na sua execução mediante aval de médicos do foro.
Por todos estes motivos, o recorrente considera que lhe deveria ter sido aplicada
um internamento próximo do limite mínimo legalmente considerado, e porventura
suspensa na sua execução através de parecer médico e não da DGRSP. A escolha e
determinação da pena no sentido referido, permitiria atingir as finalidades da pena ao
caso em apreço, bem como a prevenção geral e especial aqui exigida.
De acordo com os argumentos apresentados pelo recorrente e factos dados como
provados, o Tribunal da Relação concluiu ser possível efetuar um juízo de prognose
favorável quanto ao recorrente.
O Ministério Público, em sede de contra-alegações pugnou pela sua improcedência
tendo concluído que, sendo considerada a conduta do recorrente objetivamente grave,
na medida em que poem em causa o sentimento da comunidade em geral, mostra-se
adequada e proporcional a medida de segurança de internamento e de tratamento em
estabelecimento adequado pelo período máximo de cinco anos, suspenso na sua
execução pelo mesmo período mediante sujeição a regras de conduta.
Neste sentido, o Tribunal da Relação (através do acordo dos Juízes na 5ª secção)
decidiu que deveria ser mantida a sentença recorrida.
Após esta breve referência aos pontos cruciais do Acórdão, em que evidenciei
inimputabilidade do arguido enquanto fundamento para a aplicação da medida de
segurança (internamento) e estipulação do seu prazo, importa apresentar alguns aspetos
teóricos de modo a obter um comentário mais consistente da matéria vertida no já
referido Acórdão.
O contexto histórico-cultural em que surgiu a discussão sobre a aplicação de
medidas de segurança, enquanto uma outra vertente da reação criminal, é fulcral para
melhor procedermos a um juízo de valor sobre a sua legitimidade, eficácia e finalidade.
A Escola Positiva que surgiu nas últimas décadas do século XIX e durou até às
primeiras décadas do século XX, foi a responsável por transferir para a ciência penal a
mentalidade positivista que pretendia substituir a razão pela experimentação científica.
Deste modo, o comportamento humano, individual e coletivo, e
consequentemente, o comportamento criminoso, passou a ser encarado enquanto um
fenómeno natural, explicado através da investigação experimental. Esta Escola
proclamou a trilogia “determinismo, perigosidade, medidas de segurança” em que toda
a política criminal se passou a basear na perigosidade do delinquente.
Isto, já que definido o determinismo da conduta humana, a perigosidade do
infrator é o único pressuposto e critério justificativo da intervenção da sociedade através
do estado.
Assim, foi nesta altura que a aplicação das penas (que refletiam um castigo e
pressuponham uma liberdade inexistente) foram afastadas pelas medidas de segurança

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que detinham a finalidade de proteger a sociedade e reforçar o sentimento de segurança
e paz e, se possível, o tratamento do delinquente (prevenção especial).
Visto isto, a Escola Positiva estipulou, pela primeira vez, que a finalidade das
consequências jurídicas não deveria ser a de retribuição (que pressupõe culpa), nem de
prevenção geral (que pressupõe a intimidabilidade dos potencias delinquentes), mas
apenas de prevenção especial de tratamento da perigosidade, ou de neutralização do
delinquente (no caso de delinquentes incorrigíveis).
Efetivamente, a medida de segurança é, a par da pena, uma reação criminal que
surge para dar resposta à ineficácia e insuficiência, sob o ponto de vista preventivo-
especial, da aplicação de uma mera pena a delinquentes de imputabilidade diminuída e
imputáveis especialmente perigosos. É aplicável também aos delinquentes inimputáveis
em relação aos quais a pena é desproporcionada e desadequada.
De facto, o pressuposto da aplicação de uma medida de segurança é a
perigosidade criminal do agente. No caso referente ao Acórdão é aplicada ao arguido
uma medida de segurança, em razão de este ter sido julgado um inimputável perigoso,
logo, este princípio legal basilar é respeitado.
O intuito principal da aplicação de medidas de segurança é a prevenção especial
(motivar e levar o indivíduo a recuperar da sua delinquência/ perigosidade e reintegra-lo
de novo no seio da sociedade), todavia, é também discutível hoje em dia se também
prosseguem uma finalidade de prevenção geral positiva (de reintegração do delinquente
no seio da sociedade), nomeadamente através do internamento do agente inimputável
em razão de anomalia psíquica (Artigo 91º, CP).
A aplicação das medidas de segurança está subordinada ao princípio jurídico-
constitucional da proibição do excesso (princípio da proporcionalidade em sentido
amplo análogo ao princípio da culpa em matéria de penas).
Assim sendo, na medida em que a aplicação de uma medida de segurança
acarreta uma restrição ao direito à liberdade, esta consequência jurídica deve ser
adequada, necessária e proporcionada (Artigo 40º,nº 3 CP).
No processo em análise, Ministério Público na sua contra-alegação, posicionou-
se defendendo que a decisão já proferida era jurídico-penalmente legítima e correta
pois, à luz dos factos, a medida de segurança a aplicar e o prazo de duração da mesma,
respeitavam o princípio da proibição do excesso. Assim, decidiu também o Tribunal da
Relação.
Existem vários tipos de medidas de segurança, porém, a que é aplicada de modo
mais preponderante é o internamento.
De facto, o nº1 do artigo 91º do Código Penal dispõe o seguinte “Quem tiver praticado
um facto ilícito típico e for considerado inimputável, nos termos do artigo 20º, é
mandado internar pelo tribunal em estabelecimento de cura, tratamento ou segurança,
sempre que, por virtude de anomalia psíquica e da gravidade do facto praticado houver
fundado receio de que venha a cometer outros factos da mesma espécie.” Ou seja, os
pressupostos de aplicação deste artigo são o arguido padecer de uma anomalia psíquica
(declaração de inimputabilidade) e ter praticado um facto ilícito típico; e houver

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fundado receio de que venha a cometer outros atos do mesmo teor em virtude da
anomalia psíquica e da gravidade do facto (juízo de prognose desfavorável quanto à
perigosidade criminal do agente).
Estes requisitos constantes da referida disposição legal traçam a distinção entre a sanção
penal privativa da liberdade e o internamento compulsivo de portadores de anomalia
psíquica (Artigo 27º, nº3, alínea h), CRP e Lei nº 36/98 de 24 de julho- Lei da Saúde
Mental). A mencionada privação da liberdade resulta da existência de um modelo misto
de decisão médica e judicial, que tem especial relevância e aplicação quando o portador
da anomalia psíquica grave gere uma situação de perigo para os bens jurídicos de alto
valor, próprios ou alheios, de natureza pessoal ou patrimonial, e recuse submeter-se ao
tratamento médico; ou ainda quando a ausência de tratamento deteriore o estado do
portador da anomalia psíquica grave que não detenha discernimento necessário para
avaliar o sentido e alcance do seu consentimento ( Artigos 7º,alíena a),8º.12º,25º e 33º
da mesma Lei).
Relativamente à sentença proferida pelo Tribunal da 1ª instância , a medida de
segurança aplicada ao arguido foi, do mesmo modo, o internamento, (confirmada pelo
Tribunal da Relação) e os requisitos do artigo 91º, nº 1 estão presentes: foi
diagnosticado uma anomalia psíquica grave ao indivíduo que praticou factos ilícitos
considerados graves e em detrimento dessa situação é esperado que, na ausência de
qualquer tratamento, este venha a reproduzir as mesmas condutas lesivas e criminosas.
Quanto à duração das medidas de segurança, as alterações introduzidas pelo
Decreto-Lei nº 48º/95 levaram à consagração da regra segundo a qual o internamento
não pode exceder o limite máximo da pena correspondente ao tipo de crime cometido
pelo inimputável (Artigos 92º, nº2, CP e 501º, nº1, CPP). À luz do nº2 do artigo 91º do
Código Penal “Quando o facto praticado por um inimputável corresponder a crime
contra as pessoas ou a crime de perigo comum puníveis com pena de prisão superior a
cinco anos, o internamento tem a duração mínima de três anos (…)”, este limite
estipulado, verificando-se determinadas condições, deve constar da decisão que decreta
o internamento (Artigo 501º, nº1, CPP). O tribunal não pode, por outro lado, fixar um
período mínimo superior nem qualquer outro limite mínimo fora dos casos previstos em
disposições legais.
Todavia, a duração do internamento poderá ser inferior a três anos se, cessado o
estado de perigosidade, “a libertação se revelar compatível com a defesa da ordem
jurídica e da paz social.” (Artigo 91º, nº1, in fine, CP).
Quanto a isto, o professor Figueiredo Dias adota uma posição em que é
sustentada a decisão do Tribunal e que merece uma menção sumária.
Segundo o autor, no propósito que determina a medida de segurança –
prevenção especial de socialização ou de segurança – “deve, em regra, prevalecer o
propósito da socialização sobre o da segurança, mas sempre com o limite máximo
fixado pelo princípio constitucional da proporcionalidade e o limite mínimo resultante
da tutela da ordem jurídica, isto é, da prevenção geral positiva. O propósito da
socialização prefere tratando-se de agentes em relação aos quais se verifique uma
possibilidade de tratamento, de acordo com o estado atual da ciência médica. Já o

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objetivo da segurança incide sobre agentes em relação aos quais se não verifique essa
possibilidade. Cessando as necessidades de prevenção especial, deve cessar também a
medida de segurança, salvo se as necessidades de prevenção geral se opuserem à
libertação do inimputável” (Direito Penal Português, As Consequências Jurídicas do
Crime, Aequitas, p. 424 e ss.). Por isso é que este autor defende que “em nenhum caso o
tribunal de julgamento pode estipular um período fixo para a medida de internamento”
(ob. citada, p. 475).
Assim, tendo presente as finalidades da medida de segurança aplicada, quer na vertente
da prevenção especial do agente, quer na vertente da prevenção geral da sociedade, não
interessa tanto fixar o limite mínimo da medida de internamento, mas antes o limite
máximo que o mesmo não pode ultrapassar, sendo certo que dentro desses limites
sempre pode cessar o internamento, por existir causa justificativa da sua cessação.
De facto, o período máximo de cinco anos de internamento aplicado ao arguido
no caso do Acórdão, suscetível a uma redução para dois anos mediante intervenção do
tribunal, através de uma avaliação da conduta e perigosidade do inimputável, foi justa.
Isto, pois a moldura penal prevista pelo artigo 153º, nº1, CP vai até um ano; a constante
do artigo 155º, nº1, alínea a), CP vai até aos dois anos e a presente no Artigo 86º, nº1,
alínea c), do Regime Jurídico das armas e munições vai de um a cinco anos.
Posto isto, todos os requisitos legais estudados são respeitados no caso do presente
Acórdão, o internamento não excede o limite máximo da pena correspondente ao tipo de
crime cometido pelo inimputável (crime de detenção de arma proibida), que é de cinco
anos; a duração do internamento declara-se poder ser inferior a três anos se, cessado o
estado de perigosidade, “a libertação se revelar compatível com a defesa da ordem
jurídica e da paz social.” (Artigo 91º, nº1, in fine, CP).
Para além disto, o nº 2 do artigo 91º, CP é apenas aplicável quando o agente
tenha sido declarado inimputável, nos termos do artigo 20º, nº 2 e 3, CP, já que nesta
hipótese de inimputabilidade jurídica, são relevantes as exigências de prevenção geral
positiva. Neste cenário, deve ser descontada no período mínimo de duração a medida
processual (detenção, prisão preventiva ou internamento preventivo e obrigação de
permanência na habitação) que o internamento tenha sofrido anteriormente.
Uma vez excluídos do Código Penal os institutos de libertação a título de ensaio
e da liberdade experimental (Artigos 94º e 95º da versão primitiva do CP) e previsto o
instituto da liberdade da prova (Artigos 94º e 95º, CP), passou a consagrar-se que,
salvaguardando os casos aos quais é aplicável o nº2 do Artigo 91º, CP, “o internamento
finda quando o tribunal verificar que cessou o estado de perigosidade criminal que lhe
deu origem.” (Artigo 92º, nº1, CP). Através do instituto da revisão da situação do
internado, esta causa justificativa do internamento pode ser apreciada a qualquer
momento, se for invocada, sendo obrigatoriamente revista a situação do internado,
decorridos dois anos sobre o início do internamento ou sobre a decisão que o tiver
mantido (Artigo 93º, nº 1 e 2 e Artigos 158º e 159º do CE).
Numa diferente hipótese, o internamento findará, ainda, pelo decurso do tempo, a partir
do momento em que é atingida a duração máxima do mesmo (Artigo 479º do CPP, por
remissão do Artigo 506º do mesmo Código), salvaguardando os casos previstos pelo nº3

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do artigo 92º, CP. Esta disposição, ainda que esteja conforme com o disposto no nº2 do
artigo 30º, CRP (“Em caso de perigosidade baseada em grave anomalia psíquica, e na
impossibilidade de terapêutica em meio aberto, poderão as medidas de segurança
privativas ou restritivas da liberdade ser prorrogadas sucessivamente enquanto tal estado
se mantiver, mas sempre mediante decisão judicial.”), é controverso e questionável, por
permitir na prática, que o internamento possa ser perpétuo.
Face a essa problemática, o professor Taipa de Carvalho defende que pode haver a
necessidade, em nome da defesa social, de se manter o internamento do inimputável;
não através prorrogação sucessiva da medida de segurança (que é uma consequência
jurídica da prática de um ilícito criminal), mas sim através de um internamento
compulsivo, com base na Lei da Saúde Mental (Lei nº 36/98, de 24 de julho). Assim,
esta autor defende uma medida não criminal, mas administrativa ou pré-delitual.
Quanto à inimputabilidade, esta é assumida como um pressuposto da culpa, pode
definir-se como uma perturbação grave da personalidade (determinada por fatores ou
doenças biopscicológicas), problemas do foro psicológico que impedem o juiz de
afirmar a culpabilidade do agente na prática do facto ilícito típico.
O professor Figueiredo Dias avança que a comprovação da culpa jurídico-penal supõe
um ato de “comunicação pessoal” e, portanto, de “compreensão” da pessoa ou
personalidade do agente, impedindo que esta se submeta à contemplação compreensiva
do juiz.
Já o professor Taipa de Carvalho, a par da posição de Figueiredo Dias, desenvolve pelas
suas palavras “a decisão judicial de inimputabilidade não significa, necessariamente,
incapacidade de culpa ou inexistência de culpa, mas sim incapacidade ou
impossibilidade de o Tribunal formular um juízo de culpa, dada a opacidade da
personalidade do agente, provocada pela anomalia psíquica.”
A inimputabilidade pressupõe um duplo elemento: o elemento intelectual (capacidade
de avaliação da ilicitude do facto praticado) e o elemento volitivo (capacidade de
autodeterminação de acordo com a avaliação feita sobre a ilicitude do facto).
Assim, há anomalias psíquicas que impedem o tribunal de saber qual o sentido que o
agente atribuiu ao facto ilícito praticado. Por vezes, há situações que, embora não
impeçam um juízo do tribunal sobre a idoneidade do agente compreender a ilicitude e
gravidade do seu ato, não permitem afirmar a capacidade de o agente seguir, na sua
ação, a avaliação correta que ele tinha sobre a ilicitude do ato praticado.
Por sua vez, a competência para a decisão, ou não da inimputabilidade é uma
função exclusiva do juiz. Apesar disso, estas diferentes competências não devem ser
tomadas como partes estanques, mas sim, como componentes de um juízo global,
devendo existir, na declaração ou não de imputabilidade, uma cooperação entre os
peritos e o tribunal, devendo este último assumir nos pareceres, um auxílio essencial à
decisão normativa que lhe cabe tomar.
É de referir que um indivíduo pode, por força de uma certa anomalia psíquica, ser
considerada inimputável (insuscetível de um juízo de culpa) em relação a um

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determinado tipo de crime e não ser em relação a um outro. Por este motivo, é de
concluir que o juízo de inimputabilidade é relativo.
Em suma, todos estes aspetos levam a afirmar que “Mesmo quando o indivíduo
julga conhecer perfeitamente os motivos que o levaram a agir, pode haver razões
subjacentes aos seus atos e das quais nem ele próprio se apercebe.”

 Análise pessoal com base no que foi supra desenvolvido


Após desenvolver o tema da aplicação de medidas de segurança, no sistema penal
português, em relação ao caso concreto do Ac. TRL, proc. 3835/12, de 20-06-2017 irei
proceder a uma análise sustentada acerca da temática deste trabalho.
Numa área que visa determinar as consequências jurídicas a aplicar a um
indivíduo que comete uma infração (que se quer um facto ilícito típico) é crucial que
várias áreas do saber se juntem e cooperam com a finalidade de aplicar uma medida que
respeite o princípio da proibição do excesso, que se mostre justa à luz do Direito vigente
e idónea a permitir a recuperação do agente, bem como a salvaguardar o sentimento de
segurança da comunidade onde este se encontra.
Isto acontece, já que o nosso sistema Penal tem em atenção todas as variáveis
que conduzem o potencial criminoso a, efetivamente, praticar o crime, e como tal, há
uma perspetiva humanitarista que tem em vista “salvar” os delinquentes e/ou
inimputáveis, atribuindo-lhes uma oportunidade para ajustarem a sua conduta conforme
o direito, de modo a que possam ser reintegrados com base no respeito dos ditames da
sociedade e do ordenamento.
É para isto fulcral que a medicina, a psicologia, a psiquiatria e o Direito se
cruzem na procura de uma resposta sobre a capacidade do indivíduo e a melhor maneira
de o reabilitar.
Quaisquer que sejam os comportamentos de um indivíduo, estes andam sempre
associados a motivações específicas constituídas por um conjunto de determinantes
inatas ou adquiridas, fisiológicas, psicológicas ou sociais que, consciente ou
inconscientemente, levam o indivíduo a comportar- de determinada forma.
No caso do Tribunal da Relação, todos os factos dados como provados
conduziram a que se considerasse como medida de segurança mais capaz de produzir o
efeito pretendido, o internamento. Medida esta que considero ser razoável e prudente
uma vez que o inimputável padecia de uma doença que “pode produzir no mesmo a
elaboração de ideias delirantes de conteúdo grandioso e persecutório que não
correspondem à realidade e que podem levar a uma avaliação errada dessa mesma
realidade e a condutas que derivam dessa avaliação” , logo, acredita-se que tal condição
provocou uma deturbação na sua vontade e intelecto, afetando a sua capacidade de
avaliar a ilicitude dos seus atos
Posto isto, as medidas de segurança conferem a possibilidade de recuperação do
indivíduo que não se considera estar no mesmo patamar de discernimento de um
imputável, mas que não deve, por essa diferença, ser lesado, esquecido ou ignorado
sendo essencial que se tentem todas as vias de recuperação. Considero esta solução

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harmonizadora, atenta aos aspetos mais profundos do ser humano e, claro está, justa de
acordo com os conhecimentos postos à disposição de quem vai tomar a decisão.

Bibliografia:
 ABRUNHOSA, Antónia Maria e LEITÃO, Miguel; Introdução à psicologia;
Edições ASA,1980.
 ANTUNES, João Maria; Penas e Medidas de Segurança; Almedina,2017.
 CARVALHO; de Taipa Américo; Direito Penal Parte Geral- Questões
fundamentais teoria geral do crime; Universidade Católica Editora-Porto,2016.

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