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Russel Champlin
ESBOÇO
1. A Palavra Cânon
2. Influências na Formação do Cânon (esboço)
a. Do Velho Testamento
b. Da Vida e Das Palavras de Jesus
c. Do Cristianismo
d. Dos Apóstolos
e. Dos Pais Apostólicos
f. Dos concílios
3. Resumo Da História do Cânon
4. Princípios que formaram o cânon
5. Os livros Disputados Nos Pais,
Concílios e Catálogos
6. Bibliografia
1. A PALAVRA "CÂNON" - Essa palavra é uma forma latina da palavra kanon, que, no grego,
significa cana. Tratava-se de uma planta usada de várias maneiras para medir e pautar. Assim
sendo, o termo passou a significar "regra" ou "pauta", e, mais tarde, uma lista de coisas ou itens
escritos em uma coluna. O vocábulo kanon, por extensão, passou a significar "regra" ou "padrão".
Quando falamos sobre o Cânon das Escrituras (e, nesse caso, o N.T.), referimo-nos à lista de
livros aceitos pela igreja em geral como livros que foram escritos sob a inspiração divina, os quais,
por isso mesmo, são usados como regra de fé e experiência prática da religião cristã.
2) Já no "começo do II século D.C.", de modo geral, ainda não universal, treze epístolas de
Paulo eram recebidas como Escrituras, como também os quatro evangelhos, as epístolas de I João e
I Pedro, e também o livro de Apocalipse - totalizando vinte livros ou mais. Irineu aceitava vinte e
dois livros (185).
Alguns livros não aceitos hoje em dia foram aceitos por certos elementos dos primeiros
séculos, especialmente a epístola de Barnabé, as epístolas de Clemente e o Pastor de Hermas.
3) "Durante o século III D.C.", eram aceitos, quase universalmente, os vinte e sete livros do
N.T., com exceção da epístola de Tiago. Contudo, alguns aceitavam essa epístola também. Orígenes
foi o primeiro dos Pais da Igreja a aceitar a epístola de Tiago (245), mas também aceitava a epístola
de Barnabé e o Pastor de Hermas, pelo que seu N.T. constava de vinte e nove livros.
4) "No século IV d.C.", chegou-se à fixação quase universal do Cânon do N.T., tal como existe
hoje em dia.
5) "Os Concílios", tanto os antigos quanto os da Idade Média, em geral, aprovaram o Cânon
de vinte e sete livros, tal como os conhecemos na atualidade.
1) Circulação Universal: Alguns livros jamais foram aceitos por falta de circulação, enquanto
outros foram aceitos tardamente por falta de circulação na igreja universal, pois circulavam somente
EM CERTOS SETORES da igreja.
2) Autoria dos Apóstolos ou dos discípulos dos apóstolos. Dentre os apóstolos temos as
epístolas de Paulo e de Pedro, e o Evangelho de João. Dentre os discípulos temos os Evangelhos de
Marcos e de Lucas, o livro de Atos, a epístola aos Hebreus, etc..
4) Houve rejeição de livros escritos mais tarde, após o tempo dos apóstolos. Isso explica a
rejeição final das epístolas de Clemente etc..
6) Houve rejeição de literatura escrita que visava propagar "heresias", como o Evangelho de
Tomé, diversos outros evangelhos, epístolas falsas e apócrifas.
7) Uso universal por parte da igreja universal - alguns livros foram aceitos apenas por
determinados setores da igreja, ou somente por alguns indivíduos. Finalmente os vinte e sete atuais
livros do N.T. foram aceitos e passaram a ser universalmente usados na igreja cristã.
CONSIDEREMOS, FINALMENTE, (voltando para o ponto "2" do esboço) alguns fatores que
contribuíram na história do cânon e na formação dos princípios que dirigiram a formação do cânon
do N.T..
a. Influência do V.T. - A história do cânon do V.T. é longa e complexa, e não é tema deste
estudo. É importante notar aqui apenas que, depois de alguns séculos de desenvolvimento, o cânon
do V.T. foi finalmente estabelecido antes do fim do século I a.C.
Grande parte da congregação judaica aceitava diversos livros apócrifos, pelo que não havia
OPINIÃO UNÂNIME sobre o assunto. Seja como for, com ou sem esses livros apócrifos, nossa
investigação sobre o cânon do N.T. em nada se modifica.
A verdade é que então já existia o fato de que comunidades religiosas compilavam listas de
livros dotados de autoridade religiosa. Aqueles que estudam a história e a literatura dos povos
antigos notam que todos esses povos contaram com sua LITERATURA SAGRADA.
Por semelhante modo, a nova religião cristã sentiu a necessidade de contar com uma fonte
escrita de "autoridade", que servisse de base à fé e à prática cristãs. Não queremos dizer, com isso,
que as novas ESCRITURAS não usufruíram da orientação e da inspiração do Espírito Santo; mas é
óbvio que a formação do cânon sofre influências da esfera humana também. Igualmente, é claro
que nessa esfera humana, Deus usa indivíduos e circunstâncias para efetuar Suas obras e Sua
vontade.
ASSIM É QUE A IGREJA primitiva aceitava os livros do V.T. como dotados de - autoridade
religiosa - e de "inspiração divina". Esses livros formaram o cânon mais primitivo da igreja cristã,
embora seja evidente que nesses livros estavam ausentes determinados ensinos - os ensinos
distintos do cristianismo, emanados de Cristo e dos Apóstolos.
Portanto, os livros que continham as palavras de Jesus e dos apóstolos facilmente foram
aceitos como parte do cânon das Escrituras. Houve um processo longo e complexo antes de que
todos os livros que hoje temos no N.T. constituíssem, individual ou coletivamente, o N.T. Neste
encontramos grande número de citações e alusões tomadas por empréstimo do V.T. Também vemos
que os autores do N.T. aceitaram a idéia que Jesus era o Cristo prometido no V.T., pelo que, os
profetas do V.T. são, ao mesmo tempo, os profetas antigos da fé cristã.
O cristianismo, ao usar tanto o V.T. como o N.T., para formar a "Bíblia", fez uma ligação entre
as antigas e as novas revelações divinas. Dessa maneira é que estabeleceu a base histórica do
cristianismo. Contudo, essa base não foi unicamente histórica, porquanto é claro que muitas das
idéias, especialmente éticas, do N.T., foram derivadas do V.T.
PODE-SE DIZER, por conseguinte, que o V.T. foi, não somente o precedente que exerceu
influência na formação de um "novo" testamento (documento escrito), mas também que exerceu
notável influência no caráter e nas idéias dessa nova coleção de livros sagrados.
b. Influência da vida e das palavras de Jesus Cristo - Nunca homem algum falou como Jesus.
Ninguém jamais viveu como ele. Considerando sua vida e suas palavras, achamos não somente uma
explicação para a existência do N.T., mas também entendemos que seria impossível que, depois da
vida de um homem assim, não tivessem sido escritos muitos livros acerca dele.
O sentido e a ilustração desse fato pode ser observado pelo leitor na existência não só do N.T.,
mas também na existência de livros apócrifos do N.T., porquanto muitos "evangelhos", "atos", e
"epístolas" foram escritos por diversos indivíduos, descrevendo as vidas dos doze apóstolos ou outros
cristãos antigos.
A referência que se acha em Lucas 1:1-3 mostra que muitos escreveram livros sobre Cristo e
suas palavras, e que o próprio Lucas usou partes desses livros como base do evangelho que
escreveu. Dizendo isto, porém, não queremos afirmar que Lucas usou livros "apócrifos", porquanto
não se sabe da existência de qualquer livro "apócrifo" escrito antes de Lucas. Esses livros que Lucas
usou são desconhecidos hoje em dia, com exceção do evangelho de Marcos.
No artigo intitulado "O Problema Sinótico", no Novo Testamento Interpretado, abordamos as
origens dos evangelhos. Devemos notar que a vida e as palavras de Jesus não deixaram de ser
observadas pelo mundo, e que até hoje o mundo continua a observá-las, e muitos continuam
escrevendo a respeito do assunto.
Foi apenas natural, portanto, que parte das seções aceitas como "escritura sagrada" relatassem
as palavras de Jesus e descrevessem a sua vida. - Esses livros foram designados desde o princípio
com o nome de "Evangelhos". Mas houve outros "evangelhos" que foram rejeitados. No princípio
desse artigo tratamos dos princípios que nortearam a aceitação ou rejeição dos livros que viriam a
compor o cânon do N.T..
c. Influência da nova religião cristã, e a conseqüente necessidade de novas escrituras:
O cristianismo teve por berço o judaísmo, mas desde seus primórdios, os novos elementos dos
ensinos de Cristo e dos apóstolos exerceram grande influência sobre os cristãos. Mui dificilmente um
Judeu estrito aceitaria os ensinamentos de Cristo sobre a lei das cerimônias, sobre o divórcio, etc.;
mas o mais intragável seria aceitar as declarações de Cristo sobre a sua própria pessoa, ou seja, a
sua divindade.
Jesus mesmo disse: "...edificarei a minha igreja". Jesus, tal como Lutero, foi separado da
organização religiosa, que estava na mão das autoridades religiosas da época, e, tal como o mesmo
reformador, logo contou com uma igreja estabelecida em seu nome. Nota-se, igualmente, que nas
epístolas dos apóstolos, desde o princípio penetraram elementos não judaicos.
Apesar do fato de que, a princípio, o povo cristão tivesse permanecido no meio das sinagogas
judaicas, quando Cristo ressuscitou dentre os mortos, já havia notáveis dessemelhanças entre os
israelitas e os cristãos. A principal diferença era feita pelo próprio Cristo. Cristo foi mais do que um
reformador - Ele é o Deus-Homem, e com a sua ressurreição provou ser o primeiro homem imortal,
tornando-se, dessa maneira, o padrão da vida e do destino de todos os cristãos. Essas explicações
encontramos nas palavras de Jesus e dos apóstolos.
É natural, pois, que a nova religião cristã tivesse adotado os livros e as epístolas que continham
essas diferenças como as "Escrituras Sagradas". Pode-se dizer, também, que bastava a existência da
nova religião para que também se impusesse a existência de novas "escrituras", que servissem de
base à nova religião revelada.
d. Influência dos apóstolos - Não há que duvidar que as epístolas de Paulo, como também as
dos demais escritores sagrados, apresentam matéria que eles reputavam ser de inspiração divina.
Por muitas vezes Paulo fala das revelações que recebeu, dando a entender que as crenças ali
apresentadas não eram propriamente suas. (Ver: Gál.1:8,9,11; Ef.1:8-11; I Co.15:51; II Co.12:7-13).
Certas epístolas mostram grande cuidado em sua preparação, como as epístolas aos Romanos
e aos Hebreus. É impossível que os autores dessas epístolas pensassem que suas obras fossem
jogadas no lixo por seus destinatários. O autor do livro do Apocalipse mostra claramente que queria
que a igreja lesse, cresse e usasse o seu livro (Ver Ap.22:19,20).
Não é provável que Marcos tivesse composto seu livro, contando a história de "Jesus Cristo", o
Filho de Deus, pensando que a igreja haveria de lê-lo só por uma vez, para em seguida jogá-lo fora.
Não é provável que Lucas tivesse efetuado tanto trabalho e pesquisa para escrever seu livro a um
oficial do governo romano com a idéia de que os próprios cristãos logo jogariam fora essa magistral
obra histórica. Aquele que lê o N.T. pode sentir o forte propósito que seus autores tiveram que
estabelecer, comunicar e glorificar a mensagem da nova religião revelada.
DIFICILMENTE alguém poderia aceitar a idéia de que tudo isso fora fruto de um impulso
momentâneo, sem qualquer grande anelo ou finalidade. O fato que Mateus e Lucas usaram o
evangelho de Marcos como alicerce de seus próprios livros, mostra que confiavam na veracidade da
narrativa apresentada por Marcos. Assim sendo, podemos ver como a influência dos próprios
apóstolos e de outras autoridades da igreja primitiva serviu de importante fator na formação do
cânon do N.T..
e. Influência dos pais apostólicos, que criaram os cânones primitivos - Marciano, perto do fim
do século II d.C., pregou uma doutrina de dois deuses: o Deus do V.T., que seria um Deus de juízo,
e o Deus do N.T., que seria um Deus bondoso e misericordioso, e mais exaltado que o primeiro.
Marciano rejeitava o V.T. como "escritura" autêntica para a igreja, e expôs doutrinas que não
poderiam ser aceitas pela igreja em geral. Pensava ele que os apóstolos, com exceção de Paulo,
tinham pervertido o evangelho que haviam recebido de Jesus. Por esse motivo, Marciano aceitava
somente o evangelho de Lucas (que ele modificou onde bem quis) e dez das epístolas de Paulo,
ficando omissas: Hebreus, I e II Timóteo, Tito e Filemom). Pode-se dizer que esse foi o primeiro
cânon do N.T., ainda que não tenha sido aceito pela igreja de modo geral.
Outrossim, esse cânon do Marciano foi usado como base para aqueles que se seguiram, a
despeito do fato de que os pais apostólicos escreveram violentamente contra Marciano. Antes dessa
data é certo de que algumas das epístolas de Paulo e dos evangelhos eram usados e reputados como
"escritura sagrada"; mas, até então, ninguém se pronunciara a respeito, à semelhança de marciano.
Como exemplo disso temos provas de que Clemente conhecia os evangelhos e até mesmo os
empregou em suas epístolas (90 d.C.). A epístola de II Clemente e a epístola de Barnabé usam
porções das epístolas de Paulo (130 d.C.). Provavelmente já se tinham fixado opiniões diversas,
entre os pais apostólicos, no tocante a determinadas porções do N.T. como "escritura"; mas foi
preciso esperar que Marciano fizesse uma declaração definida e compreensível a respeito. Assim
sendo, Marciano é quem forçou os pais da igreja e se pronunciarem.
IRINEU LEÃO (185 d.C.), em seu livro "Sabedoria, falsamente chamada", que refutava o
gnosticismo, e às vezes é intitulada de "Contra Heresias", mostra que os quatro evangelhos eram
recebidos como "escritura", com a autoridade do V.T.. Irineu também cita o livro de Atos dos
Apóstolos como "escritura". Isso indica que ele também aceitava as epístolas de Paulo, o Apocalipse
e algumas das epístolas universais como "escritura sagrada".
Contudo, rejeitava a epístola aos Hebreus, por não ter sido escrita por Paulo. Em contraste com
a maioria dos pais apostólicos, Irineu citou o Pastor de Hermas como parte das "escrituras"
(provavelmente 200 d.C.). O cânon dele se compunha de 22 livros.
HIPÓLITO DE ROMA (234 d.C.), citou a maior parte do N.T. como escritura e também falou de
dois "testamentos" - o Velho e o Novo. Também aludiu aos "quatro" evangelhos. Alguns acham que
foi ele quem fez a lista de livros canônicos encontrada no Fragmento Muratoriano, ainda que não
haja provas dessa afirmação.
O CÂNON MURATORIANO (170 - 210 d.C.) - O nome desse fragmento provêm do primeiro
editor desse manuscrito, Ludovico Muratori. Uma lista de livros considerados canônicos foi
encontrada em um manuscrito em latim, na cidade de Milão. Essa lista inclui as epístolas de Paulo,
duas epístolas de João e uma de Judas, mas não menciona nenhuma das epístolas de Pedro nem a
de Tiago.
Outros livros aceitos pelo cânon Muratoriano, mas que não temos no canon atual, são a
Sabedoria de Salomão, e o Pastor de Hermas, o qual, todavia, não era recomendado para ser lido
publicamente pela igreja. O Fragmento Muratoriano reveste-se de grande importância porque mostra
diversas coisas:
TERTULIANO de Cartago (200 d.C.) - Cartago foi o primeiro centro do cristianismo latino e que
teve um cânon quase igual ao de Irineu. Ambos aceitavam os quatro evangelhos e treze epístolas de
Paulo. Em contraste com Irineu, porém, Tertuliano rejeitava o Pastor de Hermas como livro
pertencente à coleção sagrada. Pode-se ver, pelos fatos mencionados, que os cânones do N.T., ate o
fim do século III d.C.- ou seja, o de Roma, o de Leão e o de Cartago - parecem ter variado um pouco
entre si.
ORÍGENES DE ALEXANDRIA (254 d.C.) - Ele dividia os livros religiosos em duas categoria: os
reconhecidos e os discutidos. Ele mesmo aceitava a todos, mas admitia que nem todos concordavam
com a sua opinião. Os livros reconhecidos eram: os quatro evangelhos, quatorze epístolas de Paulo
(incluindo a epístola aos Hebreus), o livro de Atos, duas epístolas universais, I Pedro, I João e o
Apocalipse de João - ao todo vinte e dois livros.
Os livros discutidos eram: a epístola de Tiago e é notável que nenhum escritor antigo tenha
incluído essa epístola em seu "cânon" do N.T., o que se prolongou até o tempo da Reforma
(porquanto o próprio Lutero chamou-a de "epístola de palha"), II e III João, II Pedro, Judas, epístola
de Barnabé e o Pastor de Hermas.
As divergências nos cânones muitas vezes dependiam da geografia. Por exemplo, a igreja
siríaca aceitava o livro chamado de Evangelho segundo os Hebreus, e também uma outra pseudo-
epístola de Paulo, III Coríntios; mas o Apocalipse de João só foi aceito ali bem mais tarde. A opinião
da igreja cristã de Alexandria parece ter sido idêntica à de Orígenes. A igreja de Roma e de outras
regiões ocidentais provavelmente consideravam que o cânon do N.T. incluía os livros que apareciam
na tradução latina. Assim sendo, figuravam ali os quatro evangelhos, treze epístolas de Paulo, as três
epístolas universais de João, I Pedro, Judas e o Apocalipse de João.
Mais tarde a epístola aos Hebreus também veio fazer parte do "cânon"; mas na antiga versão
latina faltavam II Pedro e Tiago. A versão etíope contava com todos os vinte e sete livros do N.T. que
temos hoje em dia, além de mais outros sete, que eram as epístolas de Clemente, e outros livros que
eram, coletivamente, chamados sínodo, e que incluem o Apocalipse de Pedro.
Além desses, algumas pessoas, ainda que não toda a igreja cristã, aceitavam mais oito livros,
intitulados "Constituições Apostólicas", publicados em nome de Clemente, os quais continham
diversas leis eclesiástica.
EUSÉBIO - As opiniões mantidas pela igreja em geral, até o século IV d.C., se refletem no
resumo preparado por Eusébio, o pai da história eclesiástica, e cuja história foi terminada em 326
d.C.. Ele dividiu a lista em três porções: 1. Livros reconhecidos (homologoumena); 2. Livros
discutidos (antilegomena); 3. Livros espúrios (notha).
Os "reconhecidos" eram - os quatro evangelhos, Atos dos Apóstolos, catorze epístolas de Paulo,
I Pedro, I João, e, de acordo com alguns, o Apocalipse de João.
EUSÉBIO FEZ UMA LISTA de livros que considerava terem sido produzidos só a interesse das
opiniões hereges, que por isso mesmo não figuravam nem entre os livros espúrios. Essa última lista
incluía o evangelho de Tomé, o evangelho de Pedro, o evangelho de Matias, os Atos de André e João,
e outros livros apócrifos.
FIXAÇÃO DO CÂNON - Foi no século IV d.C. que o cânon se fixou de forma quase universal,
com Atanásio de Alexandria (325 d.C.). Naquele tempo, o "cânon" passou a incluir os vinte e sete
livros que temos hoje em nosso N.T..
Além desses livros, Atanásio "recomendava" a leitura do Ensino (Didache) dos Apóstolos e do
Pastor de Hermas, mas como literatura benéfica, e não como livros inspirados divinamente como os
demais. Outros livros que ele reputava como proveitosos, como literatura, foram: A Sabedoria de
Salomão, a Sabedoria de Siraque, Ester (com as adições gregas), Judite e Tobias (livros apócrifos do
V.T.). E assim ficou firmado o cânon das igrejas cristãs do oriente.
NO OCIDENTE E EM OUTROS lugares, a fixação do "cânon" foi feita por decisão de concílios,
em Cartago, 397 d.C., quando uma lista, idêntica a de Atanásio, foi aprovada. Ao mesmo tempo,
autores latinos mostraram interesse pelo problema e fixaram os limites do cânon como já haviam
feito Atanásio e o concílio de Cartago.
Esses autores latinos foram: Prisciliano, na Espanha; Rufino de Aquiléia, na Gália; e Agostinho,
na África do Norte, cujas opiniões exerceram forte influência na decisão a que se chegou em
Cartago. A versão de Jerônimo - a Vulgata Latina - tornou-se a Bíblia padrão na Europa Ocidental.
Essa versão continha os mesmos vinte e sete livros que hoje temos no N.T..
O concílio de Laodicéia, 363 d.C., proibiu o uso dos livros não-canônicos, pelo que é provável
que uma lista determinada, como aquela que conhecemos atualmente, tenha sido aprovada. (Foram
aceitos todos os vinte e sete livros, com exceção do Apocalipse).
O concílio de Hipona, na África, 393 d.C., aceitou todos os vinte e sete livros que temos hoje
em dia.
O concílio de Cartago, em 419 d.C., confirmou essa posição, mas separou a epístola aos
Hebreus dos escritos de Paulo, não aceitando a idéia que Paulo é quem a escrevera. Agostinho foi
um dos principais personagens desses dois concílios.
O concílio de Nicéia, 325 d.C., aceitou o cânon de Atanásio (todos os vinte e sete livros do
N.T.).
EUSÉBIO, BISPO DE CESARÉIA, na Palestina, aceitou essa decisão do concílio de Nicéia, mas
não sem fazer algumas restrições.
Esse é o chamado "Cânon" Peshitto (versão siríaca), que reflete a tradição de Antioquia. Esse
era o "Cânon" daquela parte do mundo, a despeito da falta de qualquer decisão oficial, tomada em
concílio.
CONCÍLIO DE TRENTO, da igreja Romana (1546) aceitou a Bíblia tal como a temos hoje em
dia, mas, no V.T. incluiu vários livros apócrifos.
É FATO BEM CONHECIDO que, fora dos concílios, muitos indivíduos, em particular, incluindo
entre eles até mesmo muitos líderes da igreja, durante a Idade Média e até ao tempo da Reforma,
não aceitavam certos livros, ou pelo menos não lhes davam o mesmo valor que emprestavam a
outros.
Por exemplo, Lutero rejeitou as epístolas de Tiago e de Judas (considerando este último como
uma cópia inexata de II Pedro), e considerou que a epístola aos Hebreus não era de origem
apostólica. Até mesmo entre as epístolas de Paulo ele estabeleceu categorias de valerdes,
considerando mais a epístola aos Romanos, aos Gálatas e aos Efésios. O evangelho de João era o
que merecia sua maior consideração.
Os representantes da Teologia Liberal, por sua vez, não estão tentando criar um novo "Cânon",
a despeito do fato de que, provavelmente, nutrem dúvidas sobre a validade do cânon atual.
Realmente, há toda a forma de idéias sobre o "cânon", como sempre aconteceu desde o princípio de
sua formação.
Muitos estudiosos, principalmente liberais, acreditam que certos livros aceitos nos tempos
antigos e na idade média como apostólicos, em realidade não o são, como II Pedro, Hebreus,
Apocalipse e Tiago. A maior parte dos conservadores aceita a epístola aos Hebreus como canônica,
mas rejeita a idéia de que foi Paulo que a escreveu.
Todas as idéias modernas, na realidade, são muito antigas, pois toda essa variedade de
opiniões surgiu desde o princípio da formação do "cânon". Porém, quando se fala de grupos
religiosos ou denominações, então a fixação do cânon do século XVI permanece até o dia de hoje.