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Total – 50 pontos
Escrita
a) Planificar a escrita de textos a) Planificação
(E12; 10)
b) Escrever textos de diferentes b) Texto de opinião
géneros e finalidades
(E12; 11)
1 item de resposta
c) Redigir textos com coerência c) Redação / Grupo III Item
extensa
e correção linguística textualização 30% único – 50 pontos
(200 a 300 palavras)
(E12; 12)
d) Rever os textos escritos d) Revisão
(E12; 13)
A
Lê o texto.
O avô e o neto
_ Ao ver o neto a brincar,
_ Diz o avô, entristecido,
_ «Ah, quem me dera voltar
_ A estar assim entretido!
Fernando Pessoa, Poesia do eu, edição de Richard Zenith, Lisboa, Assírio & Alvim, 2014, pp. 165 e 166.
Lê o texto.
_ «Vós», diz Cristo Senhor nosso, falando com os Pregadores, «sois o sal da terra»; e
_ chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é
_ impedir a corrupção, mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo
_ tantos nela, que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou
5 é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não
_ salga, e os Pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa
_ salgar, e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina, que lhes dão, a não querem receber; ou
_ é porque o sal não salga, e os Pregadores dizem uma coisa, e fazem outra; ou porque a
_ terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o
10 que dizem; ou é porque o sal não salga, e os Pregadores se pregam a si, e não a Cristo; ou
_ porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes em vez de servir a Cristo servem a seus
apetites. Não é tudo isto verdade? Ainda mal!
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Padre António Vieira, «Sermão de Santo António», in Obra completa (dir. José Eduardo Franco e Pedro Calafate),
tomo II, volume X, Lisboa, Circulo de Leitores, 2014, p. 137.
4. Apresenta os vários motivos segundo os quais, para o pregador, a palavra de Deus não surte efeito.
GRUPO II
_ 6-janeiro (terça). Um ano veio, outro se foi. Não se conta já o que um ano traz, mas o
_ que o outro leva. Com o correr do tempo, creio que todo o balanço é negativo. Do capital
_ acumulado em ideias, projetos, interesses, o que nos define as contas é sempre uma
_ tremenda delapidação1. Na velhice, uma ou duas ideias fazem já muito barulho. E do que
5 se precisa é de sossego. Que o fim da vida coincida com o esgotamento das reservas. É
_ exemplar, eu sei, afirmar uma perene «juventude». Os que conheço e o fazem são apenas
_ ridículos. A senilidade pode mostrar-se no gosto de jogar o pião. É mesmo normalmente a
_ sua prova. O elogio que um Eça faz de certos velhos é serem «asseados ». O «asseio» é de
_ facto a correção da velhice. Limpeza, sensatez, compreensão da justa medida, saber o que
10 nos pertence e o que é para a vida dos outros. E todavia que fazer? Assalta-me ainda o
_ desejo de escrever dois livros. Só que a morte raro vem na hora própria e corta-nos quase
_ sempre um projeto pelo meio. Terá isso a vantagem de se morrer vivo e não morto? Terá.
_ Decidi largar o liceu este ano. É-me insuportável dar aulas: trabalhosa a sua
_ preparação, trabalhoso o «número» que tenho de fazer. Mas sobretudo preocupa-me a
15 quebra da unidade, da cumplicidade com as turmas. Sinto ser para os alunos uma
personagem estranha, póstuma à plausibilidade de fazer parte do seu circuito.
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1
estrago, destruição
_ Tolerado, não aceito. E a coisa agrava-se nas relações com os colegas, uma sarilhada
_ de moças a reinventarem a vida que eu já inventei. A minha invenção pertence ao registo
_ dos mortos, não é já utilizável. Nem sequer como ficha de um ficheiro onde não tem razão
20 de estar. […]
_ 12-abril (segunda). De vez em quando lembro-me de que já não venho aqui há muito.
_ Como quem se lembrasse de já há muito não rezar. Foi assim com intervalos desses que
_ deixei mesmo de ir à missa. Devo estar a perder a crença neste escrito. Como um álcool ou
_ uma febre, vai-me tomando um desejo profundo de passividade. Tudo feito – que resta
25 ainda por fazer? Para as minhas contas e as dos outros, devo começar a estar a mais. Sou
_ uma ficha de um catálogo que já está cheia. Todo o acrescento embaraça a pressa e nitidez
_ de uma classificação. Mas como sobreviver?
_ Hoje já estou de férias. E é duro experimentar como não sei encher o tempo. Mas
_ sentar-me à secretária diante de uma folha de papel e tudo em mim a dizer que não… É-se
30 definitivamente um escritor menor, quando a arte nos não realiza a vida toda. Onde o
_ entusiasmo que me sustentou? E todavia – só mais dois livros... Só, só mais dois. No fundo,
_ não acredito, porque ninguém mais acredita. E eu preciso que os outros acreditem para eu
_ acreditar. De facto? A verdade é que toda a vida me bastei a mim próprio. Foi contra a
_ desconfiança alheia que eu ergui a minha própria. Chove. E há vento. Sozinho em casa, à
35 espera de que o dia passe. Acomodar-me na cova. Quero ir para Mello2. Arranjem-me lá
um sítio em definitivo esquecimento.
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Vergílio Ferreira, Conta-corrente 1, Lisboa, Bertrand Editora, pp. 303, 312 e 313.
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2
terra natal do autor
3. Para o diarista, morre «vivo e não morto» (linha 12) aquele que sendo velho,
(A) já não sonha. (C) resigna-se à sua condição.
(B) não pensa na morte. (D) ainda sonha.
8. Refere o valor modal presente no verbo dever na frase «Para as minhas contas e as dos outros,
devo começar a estar a mais.» (linha 25).
9. Indica a função sintática do pronome pessoal presente em «É-me insuportável dar aulas» (linha 13).
10. Refere a função sintática da oração subordinada presente em «No fundo, não acredito, porque
ninguém mais acredita.» (linhas 31 e 32).
GRUPO III
O bem-estar físico e psicológico de cada um de nós passa por locais, terras ou paisagens que
apreciamos particularmente, aquilo que se chama a nossa «geografia sentimental».
Redige um texto de opinião, no qual comproves esta perspetiva, apresentando, pelo menos, dois
argumentos e respetivos exemplos.
O teu texto deve ter entre 200 e 300 palavras e deve estruturar-se em três partes lógicas.
CRITÉRIOS ESPECÍFICOS DE CLASSIFICAÇÃO
Grupo I ..................................................................................................................... 100 pontos
A
Pergunta 1 ............................................................................................................................ 20 pontos
Aspetos de conteúdo (C) .................................................................................................... 12 pontos
Cenário de resposta:
A primeira dor do avô radica no facto de já não se conseguir entreter como o neto – primeira estrofe; esta
primeira tristeza dá depois origem a uma segunda, mais profunda, que radica no facto de o avô se
consciencializar da impossibilidade de regressar ao passado.
Cenário de resposta:
Este choro deriva da consciência da morte que se aproxima, da consciência de não poder nunca mais ser
menino.
B
Pergunta 4 ........................................................................................................................................ 20 pontos
Aspetos de conteúdo (C) .............................................................................................................. 12 pontos
Cenário de resposta:
Os pregadores são metaforizados na expressão «sal da terra», isto é, eles são, ou deviam ser, aquilo que, tal
como o sal, impede a corrupção.
Pontuação
15 12 9 6 3
Parâmetro
(A) – Trata, sem desvios, o tema – Trata o tema proposto, – Aborda lateralmente o
Tema e proposto. embora com alguns tema proposto.
tipologia – Mobiliza informação desvios. – Mobiliza muito pouca
ampla e diversificada – Mobiliza informação informação relativamente
relativamente à tipologia suficiente, relativamente à à tipologia textual
textual solicitada: produz tipologia textual solicitada: produz um
um discurso coerente e solicitada: produz um discurso geralmente
sem qualquer tipo de discurso globalmente inconsistente e, por vezes,
ambiguidade. coerente, apesar de ininteligível.
algumas ambiguidades.
Pontuação
10 8 6 4 2
Parâmetro
Pontuação
5 4 3 2 1
Parâmetro