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UNIÃO DAS FACULDADES DOS GRANDES LAGOS

Psicologia

Transtornos Psicopatológicos II

João Luiz Andreta

Transtornos de Personalidade do Grupo A

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO


2019
1. Introdução

Os Traços de Personalidade pode, resumidamente, ser definida como as características


individuais correspondentes a um padrão persistente de pensamentos, emoções e comportamentos. Os
traços da personalidade têm consequências, no sentindo de que suas características estão associadas a
uma variedade de indicadores importantes nos níveis individual, interpessoal e social, tais como:
felicidade, saúde física e psicológica, espiritualidade e identidade; qualidade das relações familiares,
amorosas e com colegas; escolha, satisfação e desempenho profissionais; envolvimento na
comunidade, atividade criminosa, e ideologia política.
Um transtorno da personalidade é um padrão persistente de experiência interna e
comportamento que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo, é difuso e
inflexível, começa na adolescência ou no início da fase adulta, é estável ao longo do tempo e leva a
sofrimento ou prejuízo. Os transtornos de personalidade variam significativamente em suas
manifestações, mas acredita-se que todos sejam causados por uma combinação de fatores genéticos e
ambientais. Muitos tornam-se menos graves com a idade, mas certos traços podem persistir com
alguma intensidade após os sintomas agudos que levaram ao diagnóstico de um transtorno diminuírem.
O diagnóstico é clínico. O tratamento é feito com terapias psicossociais e, algumas vezes, terapia
medicamentosa.
O DSM-5 lista dez tipos distintos de transtornos da personalidade, reunidos em três grupos, com
base em semelhanças descritivas.

Grupo A: indivíduos com esses transtornos frequentemente parecem esquisitos ou excêntricos,


tipificados pela dificuldade de relacionamento, confiabilidade em outras pessoas e isolamento social.
Inclui os seguintes transtornos de personalidade:
- Paranoide: desconfiança e suspeita
- Esquizoide: desinteresse em outras pessoas
- Esquizotípico: ideias e comportamentos excêntricos

Grupo B: indivíduos com esses transtornos costumam parecer dramáticos, emotivos ou erráticos.
Iinclui os seguintes transtornos de personalidade:
- Antissocial: irresponsabilidade social, desrespeito por outros, falsidade e manipulação dos outros para
ganho pessoal
- Bordeline: intolerância de estar sozinho e desregulação emocional
- Histriônico: busca atenção
- Narcisista: autoestima desregulada e frágil subjacente e grandiosidade aparente

Grupo C: indivíduos com esses transtornos com frequência parecem ansiosos ou medrosos. Inclui os
seguintes transtornos de personalidade:
- Esquivo: evitar contato interpessoal por causa de sensibilidade à rejeição
- Dependente: submissão e necessidade de ser cuidado

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- Obsessivo-compulsivo: perfeccionismo, rigidez, e obstinação

Deve-se observar que esse sistema de agrupamento, embora útil em algumas pesquisas e
situações educacionais, apresenta sérias limitações e não foi consistentemente validado.
Dados do National Epidemiologic Survey on Alcohol and Related Conditions de 2001-2002
sugerem que cerca de 15% dos adultos dos Estados Unidos apresentam pelo menos um transtorno da
personalidade.
Os custos diretos de cuidados de saúde e custos indiretos da perda de produtividade associados
a transtornos de personalidade, particularmente transtorno de personalidade borderline e obsessivo-
compulsivo, são significativamente maiores do que os custos semelhantes associados com transtorno
depressivo maior ou transtorno de ansiedade generalizada.

2. Transtorno da Personalidade

2.1 Sinais e sintomas

De acordo com o DSM-5, os transtornos de personalidade são principalmente problemas com:


Autoidentidade e Relacionamentos interpessoais. Os problemas de autoidentidade podem se manifestar
como uma autoimagem instável (p. ex., as pessoas flutuam entre verem-se como bondosas ou cruéis)
ou como inconsistências nos valores, objetivos e aparência (p. ex., as pessoas são profundamente
religiosas na igreja, mas profanas e desrespeitosas em outros lugares).
As questões interpessoais normalmente se manifestam quando não conseguem desenvolver ou
manter relações íntimas e/ou insensibilidade em relação aos outros (p. ex., incapaz de criar empatia).
Pessoas com transtornos de personalidade parecem muitas vezes incoerentes, confusas e frustrantes
para aqueles que estão em volta delas (incluindo médicos). Essas pessoas podem ter dificuldade em
entender os limites entre elas mesmas e os outros. Sua autoestima pode ser inapropriadamente alta ou
baixa. Elas têm estilos inconsistentes, desconectados, sobre-emocionais, abusivos ou irresponsáveis de
paternidade/maternidade, o que pode levar a problemas físicos ou mentais em seus cônjuges ou filhos.

2.2 Critérios

A. Um padrão persistente de experiência interna e comportamento que se desvia acentuadamente das


expectativas da cultura do indivíduo. Esse padrão manifesta-se em duas (ou mais) das seguintes áreas:
1. Cognição (i.e., formas de perceber e interpretar a si mesmo, outras pessoas e eventos).
2. Afetividade (i.e., variação, intensidade, labilidade e adequação da resposta emocional).
3. Funcionamento interpessoal.
4. Controle de impulsos.
B. O padrão persistente é inflexível e abrange uma faixa ampla de situações pessoais e sociais.
C. O padrão persistente provoca sofrimento clinicamente significativo e prejuízo no funcionamento
social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
D. O padrão é estável e de longa duração, e seu surgimento ocorre pelo menos a partir da adolescência
ou do início da fase adulta.

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E. O padrão persistente não é mais bem explicado como uma manifestação ou consequência de outro
transtorno mental.
F. O padrão persistente não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de
abuso, medicamento) ou a outra condição médica (p. ex., traumatismo craniencefálico).

2.3 Características Diagnósticas

Nos transtornos de personalidade esses traços se tornam tão pronunciados, rígidos e mal-
adaptativos que prejudicam o trabalho e/ou funcionamento interpessoal. Essas mal-adaptações sociais
podem causar sofrimento significativo em pessoas com transtornos de personalidade e naqueles em
volta delas. Para pessoas com transtornos de personalidade (ao contrário de muitos outros que
procuram aconselhamento), o sofrimento causado pelas consequências dos seus comportamentos
socialmente mal-adaptativos, geralmente, é a razão pela qual eles buscam tratamento, em vez de
qualquer desconforto com seus próprios pensamentos e sentimentos. Assim, os médicos devem
inicialmente ajudar os pacientes a ver que seus traços de personalidade são a raiz do problema.
Transtornos de personalidade geralmente começam a tornar-se evidentes durante o final da
adolescência ou início da idade adulta, e seus traços e sintomas variam consideravelmente em termos
de quanto tempo eles persistem; muitos desaparecem com o tempo.
O diagnóstico de transtornos da personalidade exige avaliação dos padrões de funcionamento de
longo prazo do indivíduo, e as características particulares da personalidade devem estar evidentes no
começo da fase adulta. Os traços de personalidade que definem esses transtornos devem também ser
diferenciados das características que surgem em resposta a estressores situacionais específicos ou
estados mentais mais transitórios (p. ex., transtornos bipolar, depressivo ou de ansiedade; intoxicação
por substância). O clínico deve avaliar a estabilidade dos traços de personalidade ao longo do tempo e
em diversas situações. Embora uma única entrevista com o indivíduo seja algumas vezes suficiente
para fazer o diagnóstico, é frequentemente necessário realizar mais de uma entrevista e espaçá-las ao
longo do tempo. A avaliação pode ainda ser complicada pelo fato de que as características que definem
um transtorno da personalidade podem não ser consideradas problemáticas pelo indivíduo (i.e., os
traços são com frequência egossintônicos). Para ajudar a superar essa dificuldade, informações
suplementares oferecidas por outros informantes podem ser úteis.

2.4 Questões Diagnósticas

a) Relativas à Cultura
Juízos acerca do funcionamento da personalidade devem levar em conta os antecedentes
étnicos, culturais e sociais do indivíduo, porém não devem ser confundidos com problemas associados
à aculturação após imigração ou à expressão de hábitos, costumes ou valores religiosos e políticos
professados pela cultura de origem do indivíduo.

b) Relativas ao Gênero
Alguns transtornos da personalidade (p. ex., transtorno da personalidade antissocial) são

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diagnosticados com maior frequência em indivíduos do sexo masculino. Outros (p. ex., transtornos da
personalidade borderline, histriônica e dependente) são diagnosticados mais frequentemente em
indivíduos do sexo feminino.

Tabela 1. Prevalência estimada para cada tipo de transtorno de personalidade


Transtorno de Personalidade Prevalência %
Grupo A 5,7
– Paranóide 2,3 - 4,4
– Esquizóide 3,1 - 4,9
– Esquizotípica 0,6 - 4,6
Grupo B 1,5
– Narcisista 0 - 6,2
– Histriônica 1,84
– Borderline 1,6 - 5,9
– Antissocial 0,2 - 3,3
Grupo C 6
– Obsessivo-compulsiva 2,1 - 7,9
– Dependente 0,49 - 0,6
– Evitattiva 2,4

3. Transtornos da Personalidade do Grupo A

3.1 Transtorno da Personalidade Paranoide

3.1.1 Critérios Diagnósticos


A. Um padrão de desconfiança e suspeita difusa dos outros, de modo que suas motivações são
interpretadas como malévolas, que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos,
conforme indicado por quatro (ou mais) dos seguintes:
1. Suspeita, sem embasamento suficiente, de estar sendo explorado, maltratado ou enganado por outros.
2. Preocupa-se com dúvidas injustificadas acerca da lealdade ou da confiabilidade de amigos e sócios.
3. Reluta em confiar nos outros devido a medo infundado de que as informações serão usadas
maldosamente contra si.
4. Percebe significados ocultos humilhantes ou ameaçadores em comentários ou eventos benignos.
5. Guarda rancores de forma persistente (i.e., não perdoa insultos, injúrias ou desprezo).
6. Percebe ataques a seu caráter ou reputação que não são percebidos pelos outros e reage com raiva ou
contra-ataca rapidamente.

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7. Tem suspeitas recorrentes e injustificadas acerca da fidelidade do cônjuge ou parceiro sexual.
B. Não ocorre exclusivamente durante o curso de esquizofrenia, transtorno bipolar ou depressivo com
sintomas psicóticos ou outro transtorno psicótico e não é atribuível aos efeitos fisiológicos de outra
condição médica.
Nota: Se os critérios são atendidos antes do surgimento de esquizofrenia, acrescentar “pré-mórbido”,
isto é, “transtorno da personalidade paranoide (pré-mórbido)”.

3.1.2 Características associadas

Indivíduos com transtorno da personalidade paranoide são geralmente de difícil convivência e


apresentam frequentes problemas nos relacionamentos íntimos. Sua desconfiança e hostilidade
excessivas podem se expressar sob a forma de argumentações ostensivas, queixas recorrentes ou, ainda,
indiferença calma e aparentemente hostil. Como são hipervigilantes em relação a ameaças potenciais,
podem agir de maneira discreta, secreta ou indireta e parecer “frios” e sem sentimentos afetivos. Ainda
que possam parecer objetivos, racionais e não emotivos, frequentemente demonstram labilidade afetiva,
com predomínio de expressões hostis, inflexíveis e sarcásticas. Sua natureza combativa e desconfiada
pode provocar uma resposta hostil em outras pessoas, a qual, então, serve para confirmar suas
expectativas originais.
Visto que indivíduos com o transtorno carecem de confiança nos outros, apresentam
necessidade excessiva de autossuficiência e forte senso de autonomia. Precisam, ainda, de elevado grau
de controle sobre as pessoas ao seu redor. Frequentemente são rígidos, críticos em relação aos outros e
incapazes de trabalhar em conjunto, embora eles mesmos tenham grande dificuldade de aceitar críticas.
Podem culpar os outros por suas próprias deficiências. Devido à rapidez no contra-ataque em resposta
às ameaças que percebem ao seu redor, podem ser beligerantes e frequentemente se envolver em
disputas judiciais. Indivíduos com esse transtorno buscam confirmar suas ideias negativas
preconcebidas em relação às pessoas e às situações com as quais se deparam, atribuindo motivações
malévolas aos outros, as quais são projeções dos próprios medos. Podem apresentar fantasias irreais e
pouco disfarçadas de grandeza, estão frequentemente ligados a questões de poder e posição e tendem a
desenvolver estereótipos negativos dos outros, em especial aqueles de grupos populacionais diferentes
do seu. Atraídos por formulações simplistas do mundo, costumam se precaver de situações ambíguas.
Podem ser vistos como “fanáticos” e formar “cultos” ou grupos muito unidos com outros indivíduos
que compartilham seus sistemas paranoides de crença.
Especialmente em resposta ao estresse, indivíduos com esse transtorno podem apresentar
episódios psicóticos breves (durando de minutos a horas). Em certos casos, o transtorno da
personalidade paranoide pode surgir como o antecedente pré-mórbido de transtorno delirante ou
esquizofrenia. Indivíduos com transtorno da personalidade paranoide podem desenvolver transtorno
depressivo maior e podem estar sob risco aumentado de agorafobia e transtorno obsessivo-compulsivo.
Transtornos por uso de álcool e outras substâncias ocorrem com frequência. Os transtornos da
personalidade concomitantes mais comuns parecem ser: esquizotípica, esquizoide, narcisista, evitativa
e borderline.

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3.1.3 Prevalência
Uma estimativa de acordo com o National Comorbidity Survey Replication sugere prevalência
de 2,3%, enquanto dados do National Epidemiologic Survey on Alcohol and Related Conditions
sugerem prevalência do transtorno de 4,4%. Mais comum no sexo masculino.

3.1.4 Desenvolvimento e Curso


O transtorno da personalidade paranoide pode aparecer pela primeira vez na infância e
adolescência por meio de solidão, relacionamento ruim com os colegas, ansiedade social, baixo
rendimento escolar, hipersensibilidade, pensamentos e linguagem peculiares e fantasias
idiossincrásicas. Essas crianças podem parecer “estranhas” ou “excêntricas” e atrair provocações.

3.1.5 Fatores de Risco e Prognóstico


Genéticos e fisiológicos. Existem algumas evidências de prevalência aumentada de transtorno da
personalidade paranoide em parentes de probandos com esquizofrenia, além de evidências de uma
relação familiar mais específica com transtorno delirante do tipo persecutório.

3.1.6. Diagnóstico Diferencial


Deve ser diferenciado de outros transtornos mentais com sintomas psicóticos, como transtorno
delirante do tipo persecutório, da esquizofrenia e do transtorno bipolar ou depressivo com sintomas
psicóticos pelo fato de esses transtornos serem todos caracterizados por um período de sintomas
psicóticos persistentes (p. ex., delírios e alucinações); mudança de personalidade devido a outra
condição médica, atribuíveis a efeitos diretos de outra condição médica no sistema nervoso central;
transtornos por uso de substância; traços paranoides associados a deficiências físicas (p. ex., deficiência
auditiva); outros transtornos da personalidade e traços de personalidade por terem algumas
características comuns.

3.2 Transtorno da Personalidade Esquizoide

3.2.1 Critérios Diagnósticos


A. Um padrão difuso de distanciamento das relações sociais e uma faixa restrita de expressão de
emoções em contextos interpessoais que surgem no início da vida adulta e estão presentes em vários
contextos, conforme indicado por quatro (ou mais) dos seguintes:
1. Não deseja nem desfruta de relações íntimas, inclusive ser parte de uma família.
2. Quase sempre opta por atividades solitárias.
3. Manifesta pouco ou nenhum interesse em ter experiências sexuais com outra pessoa.
4. Tem prazer em poucas atividades, por vezes em nenhuma.
5. Não tem amigos próximos ou confidentes que não sejam os familiares de primeiro grau.
6. Mostra-se indiferente ao elogio ou à crítica de outros.

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7. Demonstra frieza emocional, distanciamento ou embotamento afetivo.
B. Não ocorre exclusivamente durante o curso de esquizofrenia, transtorno bipolar ou depressivo com
sintomas psicóticos, outro transtorno psicótico ou transtorno do espectro autista e não é atribuível aos
efeitos psicológicos de outra condição médica.
Nota: Se os critérios são atendidos antes do surgimento de esquizofrenia, acrescentar “pré-mórbido”,
isto é, “transtorno da personalidade esquizoide (pré-mórbido)”.

3.2.2 Prevalência
Segundo o National Comorbidity Survey Replication sugere uma prevalência de 4,9%. Dados
do National Epidemiologic Survey on Alcohol and Related Conditions de 2001-2002 sugerem uma
prevalência de 3,1%, mais frequente no sexo masculino.

3.2.3 Desenvolvimento e Curso


O transtorno da personalidade esquizoide pode ficar aparente pela primeira vez na infância e
adolescência por meio de solidão, relacionamento ruim com os colegas e baixo rendimento escolar, o
que marca essas crianças ou adolescentes como diferentes e os torna sujeitos a provocações.

3.2.4 Fatores de Risco e Prognóstico


Genéticos e fisiológicos. O transtorno da personalidade esquizoide pode ter prevalência aumentada
entre familiares de indivíduos com esquizofrenia ou transtorno da personalidade esquizotípica.

3.2.5 Questões Diagnósticas Relativas à Cultura


Indivíduos de várias origens culturais podem por vezes mostrar comportamentos e estilos
interpessoais defensivos que podem ser erroneamente rotulados como “esquizoides”. Por exemplo,
pessoas que saem de zonas rurais e vão para centros urbanos podem reagir com uma espécie de
“paralisia emocional” que pode durar vários meses e que se manifesta por meio de atividades solitárias,
afeto constrito e outros deficits de comunicação. Imigrantes de outros países são, às vezes,
incorretamente vistos como frios, hostis ou indiferentes.

3.2.6 Diagnóstico Diferencial


Outros transtornos mentais com sintomas psicóticos como: transtorno delirante, esquizofrenia e
transtorno bipolar ou depressivo com sintomas psicóticos pelo fato de esses transtornos serem todos
caracterizados por um período de sintomas psicóticos persistentes (p. ex., delírios e alucinações). Para
que seja dado um diagnóstico adicional de transtorno da personalidade esquizoide, o transtorno da
personalidade deve ter estado presente antes do aparecimento dos sintomas psicóticos e deve persistir
quando tais sintomas estão em remissão. Quando um indivíduo tem um transtorno psicótico persistente.

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3.3 Transtorno da Personalidade Esquizotípica

3.3.1 Critérios Diagnósticos


A. Um padrão difuso de deficits sociais e interpessoais marcado por desconforto agudo e capacidade
reduzida para relacionamentos íntimos, além de distorções cognitivas ou perceptivas e comportamento
excêntrico, que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado
por cinco (ou mais) dos seguintes:
1. Ideias de referência (excluindo delírios de referência).
2. Crenças estranhas ou pensamento mágico que influenciam o comportamento e são inconsistentes
com as normas subculturais (p. ex., superstições, crença em clarividência, telepatia ou “sexto sentido”;
em crianças e adolescentes, fantasias ou preocupações bizarras).
3. Experiências perceptivas incomuns, incluindo ilusões corporais.
4. Pensamento e discurso estranhos (p. ex., vago, circunstancial, metafórico, excessivamente elaborado
ou estereotipado).
5. Desconfiança ou ideação paranoide.
6. Afeto inadequado ou constrito.
7. Comportamento ou aparência estranha, excêntrica ou peculiar.
8. Ausência de amigos próximos ou confidentes que não sejam parentes de primeiro grau.
9. Ansiedade social excessiva que não diminui com o convívio e que tende a estar associada mais a
temores paranoides do que a julgamentos negativos sobre si mesmo.
B. Não ocorre exclusivamente durante o curso de esquizofrenia, transtorno bipolar ou depressivo com
sintomas psicóticos, outro transtorno psicótico ou transtorno do espectro autista.
Nota: Se os critérios são atendidos antes do surgimento de esquizofrenia, acrescentar “pré-mórbido”,
isto é, “transtorno da personalidade esquizotípica (pré-morbido)”.

4. Tratamento

4.1 Psicoterapia

O padrão ouro para o tratamento de transtornos de personalidade é psicoterapia. Tanto


psicoterapia individual como em grupo são eficazes para muitos desses transtornos, se o paciente
estiver buscando tratamento e estiver motivado para mudar. Os transtornos de personalidade não são
muito responsivos a medicamentos, embora alguns medicamentos possam ser eficazes para sintomas
específicos (p. ex., depressão, ansiedade).
Transtornos que apresentam comorbidades com transtornos de personalidade (p. ex., do humor,
ansiedade, abuso de drogas, sintomas somáticos e os transtornos alimentares) podem tornar o
tratamento mais desafiador, prolongar o tempo até a remissão, aumentar o risco de recaída e diminuir a
resposta ao tratamento eficaz. Na tabela 1, recomendações sobre o tratamento de cada transtorno.

Diagnóstico Psicoterapia Drogas

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Paranoia Psicoterapia de suporte Antidepressivos
Terapia cognitivo-comportamental Antipsicóticos atípicos
Esquizoide Psicoterapia de suporte 0
Treinamento de habilidades sociais
Esquizotípico Psicoterapia de suporte 0
Treinamento de habilidades sociais
Terapia cognitivo-comportamental para o
tratamento da ansiedade
Antissocial Terapia cognitivo-comportamental Antidepressivos (ISRSs)
Manejo de contingências Estabilizadores de humor
(lítio, valproato)
Borderline Tratamento psiquiátrico geral e outras Estabilizadores de humor
abordagens clínicas estruturadas de tratam. (lamotrigina, topiramato) para
Psicoterapia de suporte sintomas do humor,
Terapia comportamental dialética impulsividade e ansiedade
Tratamento baseado em mentalização Antipsicóticos atípicos para
Psicoterapia focada na transferência sintomas psicóticos
Terapia focada em esquema transitórios e problemas de
Sistemas de treinamento para previsibilidade raiva
emocional e resolução de problemas e Antidepressivos (não
resolução de problemas prejudiciais, mas de eficácia
limitada)
Evitar benzodiazepínicos e
estimulantes
Histriônico 0 0
Narcisista Psicoterapia psicodinâmica 0
Tratamento baseado em mentalização
Psicoterapia focada na transferência
Esquivo Psicoterapia psicodinâmica Antidepressivos (IMAOs,
Psicoterapia de suporte ISRSs)
Terapia cognitivo-comportamental Ansiolíticos
Dependente Psicoterapia psicodinâmica 0
Terapia cognitivo-comportamental
Obsessivo-compulsivo Psicoterapia psicodinâmica 0
Terapia cognitivo-comportamental

4.2 Princípios gerais do tratamento

Em geral, o objetivo do tratamento dos transtornos de personalidade é:

1. Reduzir o sofrimento subjetivo (p. ex., ansiedade, depressão). Esses sintomas muitas vezes
respondem a suporte psicossocial intensificado, que muitas vezes inclui retirar o paciente de situações
ou relacionamentos altamente estressantes. Tratamento medicamentoso pode ajudar a aliviar o estresse.
A redução do estresse torna o tratamento do transtorno de personalidade subjacente mais fácil.

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2. Esforçar para permitir que os pacientes percebam que seus problemas são internos: os pacientes
precisam entender que seus problemas com o trabalho ou relacionamentos são causados por suas
formas problemáticas de se relacionar com o mundo (p. ex., tarefas, autoridade ou em relacionamentos
íntimos). Isto requer uma quantidade substancial de tempo, paciência e compromisso por parte do
terapeuta. Os profissionais também precisam compreender as áreas de sensibilidade emocional do
paciente e de sua formas de enfrentamento; familiares e amigos podem ajudar a identificar os
problemas.
3. Comportamentos mal-adaptativos e indesejáveis: p. ex., imprudência, isolamento social, falta de
assertividade, explosões temperamentais, devem ser tratados rapidamente para minimizar os danos
continuados nos empregos e relacionamentos. A mudança comportamental é mais importante para os
pacientes com os seguintes transtornos de personalidade Borderline, Antissocial e Esquiva.
4. Modificar traços de personalidade problemáticos: p. ex., dependência, desconfiança, arrogância,
espírito de manipulação,) leva muito tempo - tipicamente > 1 ano. A base para efetuar essa mudança é
Psicoterapia individual. Durante a terapia, deve-se tentar identificar problemas interpessoais à medida
que eles surgem na vida do paciente. Então, ajudam os pacientes a entender como esses problemas
estão relacionados a seus traços de personalidade, e fornecem treinamento de habilidades para
desenvolver maneiras novas e melhores de interagir. Normalmente, deve-se apontar repetidamente os
comportamentos indesejáveis e suas consequências antes que os pacientes se tornam cientes destes
para, enfim, ajudá-los a mudar seus comportamentos mal-adaptativos e convicções erradas. Embora se
deva agir com sensibilidade, os terapeutas devem estar cientes de que bondade e conselhos sensatos por
si sós não mudam os transtornos de personalidade.

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