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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS


Processo Nº. : 0001482-74.2016.8.05.0141
Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : COELBA COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO
ESTADO DA BAHIA
Recorrido(s) : JOELSON FERNANDES SANTOS
Origem : 2ª VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS - JEQUIÉ

Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

VOTO- E M E N T A

RECURSO INOMINADO.CONSUMIDOR. COELBA. FORNECIMENTO DE ENERGIA


ELÉTRICA. COBRANÇA INDEVIDA.. IMPUTAÇÃO À PARTE AUTORA DA PRÁTICA DE
DESVIO DE ENERGIA. AVERIGUAÇÃO UNILATERAL. PRÁTICA ABUSIVA.
INOBSERVÂNCIA DAS NORMAS REGULAMENTARES. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
( ART.6º INCISO VIII DO CDC) INEXIGIBILIDADE DA DÍVIDA. CORTE DE ENERGIA.
AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO PRÉVIA . DANOS MORAIS CONFIGURADOS. QUANTUM A
SER ARBITRADO. SENTENÇA REFORMADA .

1. Trata-se de recurso inominado interposto contra sentença que julgou


parcialmente procedente os pedidos formulados na exordial, nestes termos:
“Destarte, à vista do exposto, JULGO PROCEDENTE os pedidos formulados, com base no art. 269
inc. I do CPC, para:a) declarar a nulidade do débito no importe de R$ 56,46 (-), devendo ser
restituído em dobro o valor pago, corrigido monetariamente pelo INPC, a partir do arbitramento,
acrescido de juros legais de 1% (um por cento) ao mês, a partir da data da citação;b) restituir o
valor pago pela taxa de religação R$ 30,72(-), em dobro, corrigido monetariamente pelo INPC, a
partir do arbitramento, acrescido de juros legais de 1% (um por cento) ao mês, a partir da data da
citação;c) determinar que a Ré, no prazo de dez dias após a intimação da sentença, realize a
inspeção no local, inclusive, com a instauração do devido processo administrativo, com
observância do contraditório e ampla defesa, devendo ser precedida de perícia por órgão idôneo,
como por exemplo, o INMETRO, facultando-se ao consumidor a nomeação de assistente técnico ou,
ao menos, pessoa de sua confiança, para acompanhá-la, para regularizar a situação e as
conclusões do processo, poderá ensejar, por parte da Ré as cobranças devidas, sendo necessário
para tanto, outra via judicial. Advirta-se que a não inspeção nos moldes legais implicará
renúncia do direito de a Ré cobrar por possíveis irregularidades existentes;c) condenar a Ré a
pagar a título de danos morais o valor de R$ 3.000,00 (-) atualizados e corrigidos monetariamente
com juros de mora de 1% ao mês e correção monetária pelo INPC devidos do arbitramento .”
2. A parte recorrente busca a reforma da sentença , reiterando a
argumentação exposta na exordial, aduzindo ainda que houve a suspensão do
fornecimento de energia elétrica pela ré , em virtude de cobrança excessiva,
decorrente de procedimento de averiguação unilateral, requerendo a inexigibilidade
da dívida bem como indenização pelos danos morais sofridos.
3. A sentença recorrida merece reforma. A demonstração do fato básico para
o acolhimento da pretensão é ônus do autor, segundo o entendimento do art. 373,
inciso I, do CPC, partindo daí a análise dos pressupostos da ocorrência de
indenização por danos morais, recaindo sobre o réu o ônus da prova negativa do
fato, segundo o inciso II do mesmo artigo supracitado.

4. Em que pese o quanto alegado pelo réu, não consta dos autos a prova de
fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da parte autora. De fato, restou
comprovado nos autos que a concessionária de serviços públicos procedeu à
cobrança indevida de valor em duplicidade, bem como que suspendeu o
fornecimento de energia da parte acionante, sem qualquer aviso prévio, conforme
termo de corte colacionado aos autos, datado de 26/12/2015, sendo que a ré não
comprova ter procedido ao aviso na forma especificada na resolução, e nem
concedera o prazo de 15 ( quinze) dias à parte autora para que a mesma
providenciasse o pronto pagamento do débito.

5. Ante a constituição irregular da dívida impugnada, e como decorrência,


houve o corte no fornecimento da energia da acioanante, fato este que não foi
negado pela demandada.
6. Cumpre salientar que estamos diante de uma relação de consumo, impondo-
se a aplicação das normas do Código de Defesa do Consumidor, as quais
possuem interesse social e são de ordem pública, sendo a responsabilidade da
recorrente objetiva e fundada na teoria do risco do empreendimento.
7. Mister se faz ressaltar que, o Código de Defesa do Consumidor somente
afasta a responsabilidade do prestador de serviços, nas hipóteses de culpa
exclusiva do consumidor ou fato de terceiro, situações que não ocorreram nos
presentes autos.
8. Ademais, milita em favor do consumidor, uma vez que subsidiado por indícios
veementes, a presunção de vício a justificar a insurgência da cobrança que lhe é
feita. Portanto, em torno dessas irregularidades, cabia à fornecedora de serviços
proceder a demonstração probatória do aumento do consumo de energia na
residência do autor. Não o fez, nem mesmo trouxe à baila demonstrativo
tecnológico dando conta de que o referido consumo foi realizado pelo recorrido, e
nem fez prova da imputação de desvio de energia, sendo assente em sede
jurisprudencial o reconhecimento da ilegalidade do procedimento administrativo
unilateral. Sucumbiu, dada a vigência da teoria do risco do empreendimento, às
vicissitudes da operacionalização dos serviços prestados, notadamente em face da
omissão.
9. O conjunto probatório demonstrou cabalmente a ocorrência do dano moral
que muito mais que aborrecimento e contratempo, resultou em situação que por
certo lhe trouxe intranqüilidade e sofrimento, máxime em virtude dos transtornos
causados pela cobrança indevida, originada de procedimento unilateral , e que
resultou no corte no fornecimento de energia sem aviso prévio.
10. Reconhecida a existência dos danos morais por parte da ré contra o autor,
esses devem ser fixados com equilibrada reflexão, examinando a questão relativa
à fixação do valor da respectiva indenização.
11. No particular, o prudente arbítrio do magistrado exige não deva ser
considerada, apenas, a situação econômica do causador do dano, porque, se tal
for o critério, resvalar-se-á para o extremo oposto, com amplas possibilidades de
propiciar ao ofendido o enriquecimento sem causa. Há que se atender, porém, e
também com moderação, ao efeito inibidor da atitude repugnada.

12. ISTO POSTO, voto no sentido de CONHECER e DAR PROVIMENTO ao


recurso interposto, para condenar o réu em R$ 2.000,00 ( dois mil reais) a título de
danos morais, corrigidos desde a data do arbitramento, nos termos da súmula 362
do STJ e juros de mora desde o evento danoso, nos termos da súmula 54 do STJ.
Sem custas processuais e honorários advocatícios, pelo êxito da parte no recurso
Salvador, Sala das Sessões, 13 de Abril de 2017.
BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza Relatora
BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
Juíza Presidente
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Processo Nº. : 0001482-74.2016.8.05.0141


Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : COELBA COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO
ESTADO DA BAHIA
Recorrido(s) : JOELSON FERNANDES SANTOS

Origem : 2ª VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS - JEQUIÉ

Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

ACÓRDÃO
Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais
Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, CÉLIA MARIA
CARDOZO DOS REIS QUEIROZ –Presidente, MARIA AUXILIADORA SOBRAL
LEITE – Relatora e ALBÊNIO LIMA DA SILVA HONÓRIO, em proferir a seguinte
decisão: RECURSO CONHECIDO E PROVIDO . UNÂNIME, de acordo com a ata do
julgamento. Sem custas processuais e honorários advocatícios pelo êxito da parte no
recurso.

Salvador, Sala das Sessões, 13 de Abril de 2017.


BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza Relatora
BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
Juíza Presidente

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