Disciplina: Política, Planejamento e Gestão de Saneamento Docente: Maiara Macêdo
RESENHA CRÍTICA FILME “A GUERRA DE ÁGUA”
“A guerra da água” é um filme documentário disponibilizado em
2015 sobre o movimento popular que ocorreu em Cochabamba na Bolívia no ano 2000. Este movimento foi desencadeado devido uma decisão governamental unilateral que entregava as concessões referentes ao abastecimento de água até então pertencentes a uma companhia estatal para uma transnacional de iniciativa privada. A empresa Águas de Tunari ficou responsável por todos os processos referentes ao abastecimento de água e elevou as tarifas em até 300% o que acarretou a mobilização popular contra a decisão antidemocrática. O desencadeamento da mobilização iniciou-se após de lei boliviana ser aprovada de forma abrupta que permitia o “investimento” de empresas privadas no país. Esta legislação foi aprovada com a intenção de entregar à transnacional todo o direito pela água e gerir como bem entendesse e com isso, cobrar de forma abusiva. Logo após a aprovação da legislação a Águas de Tunari tornou-se a administradora do sistema de abastecimento de água e implantou sua política. Num marco histórico a população cochabambina organizou-se de forma a agregar tanto os moradores das zonas rurais e urbanas e através de movimentos populares que não só foi as vias de fato na guerra contra os desmandos governamentais, como também criou órgãos responsáveis por representá-los politicamente. A guerra da água mostrou a soberania do povo em busca da democracia em sua plenitude. A água é um recurso natural indispensável para a vida humana e a legislação em torno da mesma deve ser suficiente para dar direito a todos os cidadãos de forma que não haja abusos, bem como vista grossa. É necessário o equilíbrio e o movimento popular mostrou como uma sociedade civil deve agir em luta a intolerância e entreguismo governamental para o reestabelecimento da balança. Viu-se inclusive na cidade de Correntina – BA a mobilização popular, claro que em menores proporções de impactos, mas tão importante quanto, de como é indispensável a participação popular em questões sobre recursos hídricos (e demais temáticas sobre o bem público). Afinal, quando o Estado falha é dever da população não ser conivente e passiva. O atual governo brasileiro possui tendências privatizadoras que podem levar a facilitação de empreendimentos privados se ligarem ao comando dos sistemas de saneamento do país. Sabe-se que a iniciativa privada só busca o lucro e consequentemente as cidades que não oferecem margem de capital não despertarão interesse aos olhos destas companhias e serão marginalizadas e esquecidas e os seus moradores, que certamente compõe a parcela mais pobre da população brasileira, serão duramente penalizados. Com isso, faz-se necessária a reflexão de que rumo está se tomando como população brasileira e procurar ver como um movimento em um país latino-americano pode ser referência em busca de nossas próprias conquistas como povo democrático.