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Rio de Janeiro
Agosto de 2015
PLANEJAMENTO E CONTROLE DOS CONTRATOS DE INSUMOS DE
UMA USINA DE ASFALTO
Examinado por:
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________________________________________________
________________________________________________
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Rocha, Renato Carneiro
Planejamento e controle dos contratos de insumos de uma usina de
asfalto – Rio de Janeiro: UFRJ/Escola Politécnica, 2015.
vii, 48f: il.;29,7cm
Orientador: Eduardo Galvão de Moura Jardim
Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de
Engenharia de Produção, 2015.
Referências bibliográficas: f 53
1. Usina de Asfalto 2. Planejamento e Controle de Contratos 3. MRP.
I. Jardim, Eduardo Galvão de Moura Jardim. II. Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Escola Politécnica. III. Planejamento e controle dos
contratos de insumos de uma usina de asfalto
iii
Agradecimentos
Por último, gostaria de agradecer aos colegas da Visagio Consultoria por todo
apoio durante a realização deste trabalho, em especial Guilherme Franco, Breno Jácome
e José Nascimento.
iv
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção.
Agosto / 2015
Foi desenvolvida uma ferramenta, que apoiada por um processo padronizado para
a coleta de dados da operação das usinas, apresentasse indicadores-chave da performance
(KPIs) das usinas e gerasse uma previsão de produção a partir de dados históricos, para
então alimentar o sistema MRP de contratos, onde o usuário é alertado sobre o momento
em que o saldo do contrato esgotará, o momento em que deve ser iniciada uma nova
licitação e a quantidade de insumo que deve ser contratada para o próximo período de
vigência.
v
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Industrial Engineer.
August / 2015
The Rio de Janeiro’s asphalt plants are going through difficulties in its operation
and management of contracts. Contract planning is carried out only by manually filled
spreadsheets and the experience of managers. Saying that, the objective of this study is to
perform a diagnosis of the current situation of the plants and propose an action plan to
improve the planning and control of contracts.
A tool was developed in order to present the key-performance indicators from the
plants operation, generates a production forecast based on historical data, and then feed
the contracts MRP system. Through the MRP, the user is alerted when the contract
balance is running out, the moment a new bid should be initiated and the amount of
material that should be hired for the next period.
Based on a simulation conducted on the MRP system, it was found that there will
be a surplus of R$ 4.3 million at the end of the terms of the current contracts. Another
simulation identified a surplus of R$ 500,000 for the year of 2014.
Key Words: Asphalt Plant, Production Planning and Control, MRP, JIT
vi
Sumário
1. Introdução.................................................................................................................. 8
2. Abordagem adotada................................................................................................. 10
5. Proposta ................................................................................................................... 25
8. Desdobramentos ...................................................................................................... 53
9. Conclusão ................................................................................................................ 54
vii
1. Introdução
Pretende-se com este trabalho, fornecer um plano de ação real às usinas de asfalto
de forma a melhorar suas práticas de gestão e controle da operação.
Foi mencionado que a dificuldade para planejar e controlar os contratos das usinas
ocorre desde o início da operação das mesmas. Logo na primeira conversa, os processos
e planilhas de registro de dados já aparentaram ser informais e desorganizados. A maioria
dos funcionários entrevistados também não possuíam capacitação em práticas de gestão.
Este dilema para o planejamento e controle dos contratos é ainda amplificado em
organizações públicas, devido às restrições orçamentárias e à necessidade de passar por
todo o longo processo licitatório para a aquisição de materiais.
8
apenas visualmente pelo volume e não há como verificar se as perdas são significativas
para o processo.
9
2. Abordagem adotada
A abordagem adotada para este estudo foi baseada na metodologia utilizada por
empresas de consultoria de gestão e processos, sempre com o foco no cliente.
O primeiro passo foi o entendimento do real problema do cliente, o que nem sempre
é exatamente o que eles expõem. Foram realizadas entrevistas com os principais
stakeholders, tanto nas usinas quanto no escritório da coordenadoria, envolvendo os
funcionários da operação das usinas do Caju e Jacarepaguá, assim como seus gerentes e
também a coordenadoria de produção.
Como uma última etapa, a implementação das propostas do plano de ação também
deveria constar neste trabalho, entretanto, como não houve tempo suficiente para
realização da mesma, ela não foi incluída no escopo deste trabalho, apesar de estar
prevista para ocorrer em breve nas usinas.
10
3. Descrição do contexto estudado
11
é constituído por agregados minerais e emulsão asfáltica (ligante) de ruptura lenta ou
média. Sua aplicação pode ser imediata ou ainda pode ser estocado (devidamente
protegido contra chuva) por um período de até cinco dias, preservando a umidade da
massa a um nível mais baixo, o que é um fator essencial para as operações de
espalhamento e compactação no local de aplicação. O PMF é utilizado basicamente nas
obras de recapeamento na cidade do Rio de Janeiro.
12
Contextualizando o modelo de orçamento público, o PPA com vigência de quatro anos
tem como função estabelecer as diretrizes, objetivos e metas de médio prazo da
administração pública. Cabe à LDO, anualmente, enunciar as políticas públicas e
respectivas prioridades para o exercício seguinte. Já a LOA tem como principais objetivos
estimar a receita e fixar a programação das despesas para o exercício financeiro1.
Atualmente a Coordenadoria de Produção utiliza uma planilha com a composição de cada
tipo de asfalto por insumo e estima uma produção para os anos subsequentes em cada
unidade. Esta composição, também chamado de traço de massa asfáltica, foi definida em
2013 e é a mesma utilizada até hoje. Já a previsão de produção é estimada mais em função
do conhecimento tácito dos envolvidos do que em algum modelo técnico. De acordo com
as informações da coordenadoria, a demanda para recapeamento é diretamente afetada
pelos investimentos de grande porte em infraestrutura pública, e geralmente é mais
previsível, já a demanda por asfalto para a operação tapa-buraco é influenciada pelas
reclamações na ouvidoria da Prefeitura e também em épocas de eleição. De acordo com
o coordenador das usinas, o insumo mais crítico na operação é o CAP e, portanto, ele
geralmente é superdimensionado para que não ocorra falta no estoque dos contratos.
1
13
Disponível em www2.camara.leg.br
insumo utilizado. Insumos fornecidos por diferentes empresas geralmente possuem
características diferentes, e até mesmo os materiais fornecidos pela mesma empresa
podem sofrer alterações com o tempo. Portanto a elaboração dos traços também é um
processo recorrente e é classificado como um processo de negócio. O terceiro e último
processo de negócio é “Realizar Produção”. Para este presente estudo, foi analisada a
produção de asfalto do tipo CBUQ na usina do Caju, a qual o autor teve mais acesso. Uma
ilustração da operação da unidade pode ser vista na Figura 2.
Figura 2 – Fluxo de materiais no processo de produção de asfalto do tipo CBUQ na usina do Caju. Fonte: o autor
Existem ainda os processos de apoio que suportam as atividades das usinas, como
pode ser visto na parte inferior da Figura 1. O primeiro é “Gerar Relatórios e Análises”
que colaboram para o planejamento e controle da atividade produtiva das usinas. Uma
crítica a este processo é que ele ocorre de forma descentralizada e não otimizada. Todos
os dados são inseridos manualmente, assim como a geração dos relatórios. Existem
diversas planilhas em Excel tanto nas usinas como na coordenadoria que repetem
informações e exigem esforços dobrados.
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4. Referencial teórico
Nesta seção será feita uma apresentação do referencial teórico que será utilizado
no desenvolvimento deste trabalho para solucionar o problema das usinas de asfalto da
SECONSERVA, comparando sempre a teoria com o contexto apresentado na seção
anterior. Serão apresentados os conceitos de just in time, programação puxada, kanban e
MRP.
SLACK et al. (1999) ainda completa que devido à abrangência dos objetivos da
filosofia JIT para a gestão da operação, existem diversos termos para descrevê-la:
manufatura de fluxo contínuo, manufatura de alto valor agregado, produção sem (com
pouco) estoque, manufatura enxuta (Lean Manufacturing), manufatura de tempo de ciclo
reduzido. Para os autores, o JIT é uma filosofia de manufatura, uma coleção de
ferramentas e técnicas para a gestão da produção, além de um conjunto de métodos de
planejamento e controle da produção. Cada uma dessas abordagens apresentadas pelos
autores pode ser vista na Figura 5.
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Figura 3 - O JIT é um filosofia, um conjunto de técnicas e um método de planejamento e controle
Fonte: SLACK et al. (1999)
Como foi dito na seção anterior, o sistema de produção das usinas de asfalto da
SECONSERVA pode ser classificado como um sistema puxado. A produção só é iniciada
no momento que o caminhão que irá transportar a massa asfáltica para o local de aplicação
chega à usina. A partir desse momento, se as máquinas não estiverem em operação, inicia-
se o processo de aquecimento das mesmas, que demora em torno de 30 minutos, e após a
produção da massa asfáltica. O fluxo entre cada estágio do processo de produção é puxado
pela demanda do estágio anterior. O fator fundamental para que a produção seja puxada
pela demanda é a perecibilidade da massa asfáltica, que não pode ser estocada.
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O kanban é um dos instrumentos utilizados num sistema de planejamento e
controle puxado. A palavra kanban, derivada do japonês, significa cartão ou sinal, que é
usado como um meio de comunicação, de transmissão de dados e informações. Na
prática, o kanban funciona como um sistema de controle de fluxo de materiais, onde um
estágio cliente avisa o estágio fornecedor que mais material deve ser enviado. O
recebimento de um kanban dispara o transporte, a produção ou o fornecimento de uma
unidade ou lote para o estágio seguinte.
A próxima seção tratará do sistema MRP, que tem como objetivo antecipar
necessidades futuras de material.
19
4.2. MRP
O desenho esquemático elaborado por SLACK et al. (1999), possui como entrada
a carteira de pedidos e a previsão de vendas. A primeira é referente a pedidos
programados para o futuro, enquanto a segunda é uma estimativa de vendas no futuro. O
MRP utiliza os dados dessas duas componentes para cálculo da demanda futura por
produtos. A lógica de cálculo seguinte é toda baseada nesta demanda. Devido a isso, o
MRP é considerado um sistema de demanda dependente. A demanda dependente é aquela
20
que a partir de algum evento sob o controle do planejador, pode ser calculada (CORRÊA
E CORRÊA, 2010). Portanto, as necessidades por material (insumos) para a fabricação
de um determinado produto, depende apenas da quantidade deste produto demandada no
futuro. Por outro lado, a demanda independente é a demanda futura por um item, que por
não se ter como calcular, faz-se uma previsão (CORRÊA E CORRÊA, 2010), e é
exatamente a demanda pelo produto final.
Semana
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Demanda 10 10 10 10 15 15 15 20 20
Disponível 20 10 0 0 0 0 0 0 0
MPS 0 0 10 10 15 15 15 20 20
Em mãos 30
Uma aplicação do MPS para as usinas de asfalto pode ser vista na Tabela 2. Como
já foi mencionado, as usinas trabalham com um sistema enxuto, onde não há estoque de
produtos acabados devido à perecibilidade do asfalto. Devido a isso, toda a demanda por
asfalto no mês deve ser produzida no próprio mês para ser atendida.
21
Semana
Massa VA - Fina
1 2 3 4 5 6 7 8
Demanda 434 407 431 408 509 474 602 633
Disponível 0 0 0 0 0 0 0 0
MPS 434 407 431 408 509 474 602 633
Em mãos 0
Semana
Item X
1 2 3 4 5 6 7 8
Tamanho do lote 1 Demanda 6 11 10 5 7 8 8 9
Lead time 2 Recebimentos pendentes 5 10 - - - - - -
Estoque de segurança 5 Estoque projetado 3 2 5 5 5 5 5 5
Estoque inicial 4 Recebimentos planejados - - 13 5 7 8 8 9
Recebimentos de ordens liberadas 13 5 7 8 8 9 - -
Como foi dito na seção, o controle do estoque físico é de certo modo irrelevante
para as usinas. O ponto crítico para as usinas de asfalto da SECONSERVA se encontra
no estoque virtual, que é o saldo líquido dos contratos de fornecimento de insumos. Como
não existe um planejamento e controle formalizado dos contratos com os fornecedores e
o lead time de fechamento de um novo contrato demora até três meses, há casos em que
um determinado insumo sofra stockout. Esta situação permite que o MRP seja utilizado
como um sistema de controle das necessidades consolidadas dos insumos no futuro,
antecipando o momento de início da elaboração de um novo contrato e a quantidade que
deverá ser solicitada.
23
4.3. MRP e JIT
Figura 5 - Utilização do MRP para controlar as compras e o JIT para controlar o fluxo interno
Fonte: Adaptado de SLACK et al. (1999)
Como foi descrito nas seções 4.1 e 4.2, esta aplicação conjunta de MRP e JIT se
encaixa num modelo ideal para as usinas de asfalto da SECONSERVA.
24
5. Proposta
Figura 6 - Fluxo lúdico do processo de registro de entrada e saída de material. Fonte: o autor
25
o peso líquido do material no relatório de balança já utilizado por eles e imprimir os
comprovantes. Diariamente, após o registro de todas as entradas e saídas de materiais na
usina, o mesmo funcionário será o responsável por enviar o relatório diário de balança
para o gerente da usina, que irá então registrar todos os fluxos de materiais no Formulário
Mensal de Operação da unidade. Neste formulário, serão registradas as entradas de
insumos, assim como as saídas de massas asfálticas e também saídas de insumos, que
corresponde à transferência de material entre unidades da SECONSERVA. O formulário
pode ser visto na Figura 7, Figura 8 e Figura 9.
Figura 7 - Tela inicial do formulário de controle de entrada e saída de material. Fonte: o autor
26
Figura 8 - Tela do formulário para registro de entrada de insumos. Fonte: o autor
Figura 9 - Tela do formulário para registro de saída de massa asfáltica. Fonte: o autor
27
formulário. A Figura 9 apresenta o formulário para registro de saída de produto asfáltico,
devendo ser registrada data, o tipo de aplicação (recapeamento ou tapa-buraco), o tipo de
massa e o peso, dentre outros campos.
Figura 10 - Fluxo lúdico do processo de registro de novo traço ou contrato. Fonte: o autor
28
Figura 11 - Esquema funcional da ferramenta. Fonte: o autor
29
contratos, que indicará quando cada contrato deverá começar a ser negociado e quanto de
insumo deve ser previsto no contrato.
30
Figura 12 - Painel de indicadores de controle da produção das usinas. Fonte: o autor
31
Produção mensal por tipo de massa asfáltica por usina desde 2014 (Apêndice 3)
Como foi levantado, não há fragmentação das informações num nível mais micro,
de forma a analisar a influência dos diversos fatores na demanda. Isto está previsto no
Formulário Mensal de Operação, onde será registrada a produção mensal de cada massa
asfáltica em cada usina, destinada para cada tipo de aplicação.
Apesar de não haver uma previsão de produção formalizada por parte das usinas,
os funcionários possuem importantes insights que foram desenvolvidos com a
experiência. Inicialmente, foi mencionado que existe uma diferença na curva de produção
do asfalto aplicado em obras de recapeamento e na operação tapa-buraco, embora eles
não utilizem esta divisão para estimar a produção futura. As obras de grande porte que
demandam um asfalto específico para recapeamento são geralmente planejadas com
antecedência e, portanto, deveriam possuir uma pequena variação do estimado para o real.
Além disso, são obras realizadas pela própria Secretaria, ou seja, esta é uma demanda
interna e muito mais previsível. Um ponto importante nesta análise é que a massa
asfáltica aplicada para recapeamento exige um controle de qualidade muito mais rigoroso
do que a massa para tapa-buraco. E um dos principais fatores de alteração da qualidade
da massa é o seu teor de umidade, o que faz com que em meses mais chuvosos o volume
de asfalto destinado ao recapeamento sofra uma redução. O asfalto considerado não
conforme nesses casos é então destinado às gerências que realizam a operação de tapa-
buraco. Por causa disso, as obras geralmente já são planejadas para ocorrerem mais
32
durante os meses menos chuvosos. Como se pode ser visto na Figura 13, existe uma
relação entre o volume de asfalto aplicado e a quantidade de chuva registrada no período.
33
Figura 14- Produção total das usinas para aplicação em recapeamento. Fonte: SECONSERVA
34
Figura 15 - Produção total das usinas para aplicação em tapa-buraco. Fonte: SECONSERVA
35
suficientes para realizar uma estimativa de tais massas, elas foram consideradas como um
conjunto apenas. Os valores podem ser vistos na Tabela 5.
Recapeamento Tapa-buraco
Massa VA - Fina 0% 96%
Massa IV C - Grossa 40% 3%
PMF 47% 0%
Outros 13% 1%
Total 100% 100%
Tabela 5 - Composição percentual da aplicação do asfalto por tipo de massa. Fonte: o autor
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Fator
Índice
Sazonalidade - % Massa IV C - Grossa % Massa VA - Fina
Mês Pluviométrico
(Valor do Mês / para Tapa-buraco para Tapa-buraco
(Média histórica)
Média)
Jan 193 1,75 5% 94%
Fev 95 0,86 3% 96%
Mar 147 1,34 4% 95%
Abr 116 1,05 3% 96%
Mai 92 0,84 3% 96%
Jun 59 0,54 2% 97%
Jul 76 0,69 2% 97%
Ago 43 0,39 1% 98%
Set 87 0,79 2% 97%
Out 110 1,00 3% 96%
Nov 133 1,21 4% 95%
Dez 169 1,54 5% 94%
38
Figura 17 - Produção mensal de massa fina para aplicação em tapa-buraco sem sazonalidade em anos de eleição.
Fonte: o autor
Figura 18 - Produção mensal de massa fina para aplicação em tapa-buraco sem sazonalidade mensal.
Fonte: o autor
39
A partir destes novos valores, foi necessário extrapolar estes números para os
meses futuros. Utilizou-se o método da média móvel para realizar o cálculo, com tamanho
de amostra de seis meses. Verificou-se que a utilização de seis meses para o cálculo da
média móvel, e não um ano completo, retornou melhores resultados e uma minimização
do erro. Uma comparação entre a produção real (aproximada) e a previsão calculada pelo
método de decomposição clássica pode ser vista na Figura 19. Os valores previstos para
os meses futuros serão utilizados na próxima seção no sistema MRP.
Figura 19 - Produção real aproximada x previsão - massa fina para tapa-buraco. Fonte: o autor
Esta seção abordará um dos principais objetivos deste trabalho, que é a utilização
do MRP para antecipar necessidades futuras de material. É importante deixar claro que o
MRP é um sistema de apoio à decisão e não pode ser usado como uma ferramenta que
por si só defina o futuro completamente, é sempre necessária a análise dos números pelos
gerentes para que acrescentem seus conhecimentos intrínsecos a sua experiência no
sistema. Além do mais, o MRP também apresenta restrições como por exemplo, a
necessidade de um longo horizonte de planejamento, o que reduz a confiabilidade na
previsão da demanda ao longo do tempo.
40
Retornando à seção 4.2, onde foi abordada a metodologia para desenvolvimento
de um sistema MRP, o primeiro passo é a geração do programa-mestre de produção
(MPS). Como foi mostrado na Tabela 2, o MPS para as usinas de asfalto da
SECONSERVA é definido pela previsão de produção de cada massa asfáltica, já que não
há estoque de asfalto e, consequentemente, toda a demanda por asfalto em um
determinado mês deve ser produzida no mesmo mês. Portanto, o MPS para este trabalho
são os próprios valores previstos na seção 5.3. As quantidades estimadas para os meses
futuros são apresentadas numa das telas da ferramenta, mostrada na Figura 20, assim
como os gráficos comparando os valores reais passados ao previsto. É importante
ressaltar, que nesta tela é possível que o usuário altere os valores previstos para
complementar o modelo de previsão que não consegue contemplar todas as variáveis
atuantes da realidade. Os valores são separados entre a aplicação de recapeamento e tapa-
buraco.
41
modificado tenha seu registro feito numa nova linha e que seja marcado como “ativo” na
tabela.
42
contratação” determina o mês em que se deve iniciar o processo de licitação de novo
contrato, dado o lead time definido anteriormente.
43
Figura 23 - O período de referência do sistema MRP. Fonte: o autor
Para este MRP, foi adotado como 12 meses o horizonte de planejamento. Este
horizonte poderia ser maior, embora que um horizonte maior torna a previsão de produção
mais frágil e suscetível a erros. Por outro lado, se o horizonte fosse muito pequeno, não
seria possível estimar as necessidades futuras de insumo para definir a quantidade que
deverá ser contratada. Este MRP só consegue fornecer a quantidade a ser contratada
quando esta negociação deve iniciar nos dois primeiros meses de referência do sistema
MRP. Utilizando como exemplo a Figura 22, se o saldo do contrato esgotar em outubro
de 2015, a negociação de um novo contrato deverá ser iniciada em julho de 2015 (3 meses
de lead time), e neste mês temos um horizonte suficiente para determinar um valor que
deverá ser contratado (outubro + 8 meses). Entretanto, caso o contrato zere seu saldo em
novembro, temos apenas 7 meses à frente e não é possível indicar uma quantidade precisa
para o novo contrato. Neste caso, o sistema apenas indica o momento em que deverá ser
iniciado, e a partir do momento que este contrato chega a um nível mais baixo e mais
próximo de esgotar, o sistema então fornecerá um valor ao usuário.
Uma diferença deste MRP para os tradicionais se encontra no fato de não ser
possível realizar replanejamento das quantidades solicitadas para adequar o sistema a uma
nova demanda. Como este MRP é aplicado para antecipar a necessidade de elaborar um
novo contrato, a partir do momento em que este é definido e assinado, não há como
modificar seu valor para os próximos 8 meses. Esta é uma fraqueza do MRP de contratos
perante os demais, visto que a reprogramação de ordens de compra (ou ordens de
fabricação) é uma das principais vantagens proporcionadas por um sistema MRP.
44
6. Implementação e resultados
Em primeiro lugar, será apresentada a seguir tabela que foi utilizada em 2013 para
a formulação dos contratos, os quais vêm sendo aditivados até hoje.
USINA CAJU
Composição Produção média mensal
Material Insumo
Percentual estimada
100,00% 4.000,00
CAP 30/45 6,40% 256,00
Massa VA - Fina
Pó de pedra 51,48% 2.059,20
Brita 0 42,12% 1.684,80
100,00% 3.000,00
CAP 30/45 5,80% 174,00
Massa IV C -
Pó de pedra 47,10% 1.413,00
Grossa
Brita 0 22,60% 678,00
Brita 1 24,50% 735,00
98,24% 1.000,00
CAP Polímero 6,40% 64,00
SMA Pó de pedra 16,00% 160,00
Brita 0 52,96% 529,60
Brita 1 22,88% 228,80
100,00% 1.000,00
AR 3,00% 30,00
Reciclada Pó de pedra 29,10% 291,00
Brita 0 19,40% 194,00
Relevagem 48,50% 485,00
Tabela 7 - Tabela para estimar as quantidades que deverão ser contratadas (em toneladas). Fonte: SECONSERVA
Como se pode ver, os contratos atuais levam em consideração que a previsão média
mensal de produção de massa fina é de 4 mil toneladas, 3 mil toneladas de massa grossa,
além de mil de massa tipo SMA e mais mil de massa reciclada. Todos esses insumos
tiveram seus contratos renovados a partir do dia primeiro de janeiro de 2015, com exceção
45
do CAP 30/45 e CAP Polímero que foram aditivados a partir de abril de 2015.
Analisando-se os dados reais para os meses iniciais de 2015, como pode ser visto na
Tabela 8, notamos que os valores realizados estão muito distantes do referencial utilizado
no contrato, o que talvez pudesse ter sido previsto e considerado pela coordenadoria caso
houvesse um planejamento mais bem arquitetado.
Tabela 8 - Produção realizada nos primeiros meses de 2015 na usina do Caju. Fonte: SECONSERVA
Para a massa fina, a média nos 5 primeiros meses foi de 1.738 toneladas, o que
equivale a apenas 43% das 4 mil toneladas estimadas. Para a massa grossa acontece a
mesma coisa, a média é de 1.245 toneladas, o que corresponde a apenas 41% das 3 mil
toneladas previstas. Apenas para a massa reciclada que a média fica acima do contratado.
A primeira simulação feita no MRP foi a partir dos valores previstos de produção
na seção 5.3, e a quantidade de insumo disponível em contrato (dado real ao final do mês
de maio), além dos traços de massa asfáltica ativos no mês de análise. Vale lembrar, que
como rotina do coordenador de produção, ele deve alterar valores que podem não estar
condizentes com a realidade (por exemplo, já é previsto que haja um pico por causa de
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uma determinada obra). Os dados foram então inseridos no sistema para retornar o tempo
que os contratos ainda seriam capazes de durar, dado à demanda estimada. Os resultados
foram incluídos no Apêndice 4. O valor contratado (aditivado) a partir de 1º de janeiro de
2015 para o material pó de pedra foi de 30.400 toneladas, sendo este sempre o mesmo
valor utilizado em todas as renovações desde 2013, quando foi originalmente iniciado
este contrato. É importante lembrar novamente que todos os contratos foram planejados
para um período de vigência de 8 meses. Ao final do mês de maio, este contrato de pó de
pedra possui um saldo de 16.684 toneladas, e irá zerar seu saldo apenas em novembro de
2015, de acordo com a previsão realizada, devendo ser iniciada uma nova contratação a
partir de agosto (dado os 3 meses de lead time). Estes três meses a mais de material
sobrando no contrato é um custo de oportunidade para a Secretaria e todo o setor público,
pois corresponde a um dinheiro do orçamento municipal empatado e que poderia estar
sendo utilizado em outras funções. Analisando o saldo do contrato ao final do mês de
agosto, teríamos 7.318 toneladas que “sobraram” no contrato. Considerando o preço
unitário fornecido pela Secretaria de R$ 79,00, chegamos a um resultado de
R$ 578.122,00, que corresponde ao valor que poderia ter sido reduzido do orçamento.
Para a brita 0, a situação é ainda pior. O valor contratado em janeiro de 2015 foi de
20.800 toneladas, e de acordo com a previsão, este saldo só iria se esgotar em fevereiro
de 2016, 14 meses após o início do mesmo. Em agosto, o valor restante é de 9.160
toneladas, e para o preço unitário fornecido de R$ 127,00, equivale a R$ 1.163.320,00.
Tanto para o insumo pó de pedra, quanto para a brita 0, não foi possível determinar a
quantidade prevista para o novo contrato pois o horizonte de planejamento não aborda 8
meses à frente a partir do mês em que o saldo zera.
Como último insumo analisado, o CAP 30/45 não irá se esgotar para os próximos
12 meses de acordo com a previsão, por isso não aparece no horizonte de planejamento
47
do MRP o momento em que ele será totalmente consumido. Como este contrato se iniciou
no dia primeiro de abril, após seus 8 meses de vigência, em novembro de 2015, restarão
ainda 1.830 toneladas de CAP 30/45. Seu custo unitário é de R$ 1.314,00, resultando num
custo total de R$ 2.404.620,00. A tabela abaixo apresenta os valores excedentes dos
contratos de insumos para o ano de 2015.
Tabela 9- Análise dos custos dos insumos contratados para o ano de 2015. Fonte: o autor
48
Figura 24 - Produção total da usina do Caju. Fonte: o autor
Uma segunda simulação também foi realizada para analisar como reagiria o
sistema se este fosse utilizado no ano de 2014. Assumiremos que todos os contratos
tiveram início no dia 1º de janeiro de 2014. Atualizamos os traços ativos na ferramenta
para aqueles que estavam em uso durante o ano de 2014. Os valores utilizados no
programa-mestre de produção foram os dados calculados pelo método de decomposição
clássica na seção 5.3. O estado atual do sistema se encontra no dia 1º de janeiro de 2014,
quando todos os contratos estão renovados.
O sistema MRP para esta simulação foi incluído no Apêndice 5. Como podemos
ver, os dados para esta segunda simulação estão muito mais condizentes com os contratos
utilizados. Apenas o insumo pó de pedra não seria capaz de atender toda a demanda para
os meses iniciais de 2014, e se esgotaria em julho, um mês antes do previsto pelo contrato.
O processo de negociação de um novo contrato deveria ser iniciado a partir de abril. Os
demais insumos, brita 0, brita 1 e CAP 30/45, estariam disponíveis até o mês de setembro,
apenas 1 mês a mais do que o previsto. Recalculando todos os custos de materiais
excedentes nos contratos, temos um valor de R$ 360.553,00 para brita 0, R$ 9.652,00
para a brita 1 e R$ 140.598,00 para o CAP 30/45, o que totaliza em R$ 510.803,00. Este
valor é bem inferior ao projetado para o ano de 2015 na seção anterior. Aqui não foi
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incluído o custo de falta do pó de pedra, pois este é mais difícil de quantificar. Embora se
possa criar aditivos para o contrato quando este se esgota antes do fim do período de
vigência, este é um processo complicado de se passar pois impacta o orçamento da
Secretaria e geralmente é mais caro do que a elaboração de um novo contrato bem
planejado. A tabela abaixo apresenta os dados analisados acima.
Tabela 10 - Análise dos custos dos insumos contratados para o ano de 2014. Fonte: o autor
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7. Análise crítica prospectiva
Embora não tenha sido possível realizar a implementação da ferramenta nas usinas
de asfalto, é possível prever alguns ganhos como resultado. Em primeiro lugar, a partir
do momento em que a ferramenta e o processo descrito na Figura 6 sejam colocados em
prática, não se faz necessário a utilização de um funcionário dedicado integralmente à
organização dos dados e a geração de relatórios. Todo o processo desenhado foi elaborado
para organizar os dados à medida em que o processo corre, e para que as informações não
fiquem dispersas em várias planilhas e de forma não padronizada. Além disso, a rotina de
atualização da ferramenta foi desenvolvida para que seja realizada automaticamente sem
a necessidade de um colaborador dedicado integralmente. O único requisito para que a
atualização e geração do relatório pela ferramenta seja automatizada, é que as planilhas
de input estejam corretamente preenchidas. Dado que o funcionário não é então mais
necessário, e a responsabilidade de atualização da ferramenta possa ser absorvida por
outro funcionário sem dedicação integral, a Secretaria obteria um saving relativo ao custo
da mão de obra deste funcionário. Fazendo uma estimativa por alto, levando em
consideração que o colaborador receba um salário mínimo, seu custo anual para a
Secretaria gira em torno de R$ 20 mil, o que seria convertido imediatamente em saving.
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o amadurecimento do modelo de previsão, o nível de acurácia seja mais alto e a variação
entre o valor consumido e o contratado seja bem menos significante.
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8. Desdobramentos
Este trabalho teve como escopo desenvolver soluções para as usinas de asfalto
que já retornassem alguns ganhos expressivos tanto em termo de custo quanto em
melhoria de gestão. Entretanto, algumas melhorias são sugeridas para refinamento da
ferramenta e do processo.
Outro estudo que também pode ser realizado mais a frente, é a revisão do prazo
de vigência dos contratos. Atualmente é utilizado um período de 8 meses que foi
definido pela coordenadoria em 2013. Entretanto, não se sabe se este é o período ótimo
que minimize a variabilidade entre o valor contratado (previsto) e o valor consumido
(real). A partir de dados mais completos e confiáveis, é possível determinar para quais
períodos de vigência se consegue reduzir o erro do dimensionamento dos contratos.
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9. Conclusão
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10. Referência bibliográfica
BRITO, V., CAMPOS, A., LEONARDO, B., 2006. Técnicas Quantitativas de Previsão
de Demanda, In: Previsão de Vendas Processos Organizacionais & Métodos
Quantitativos e Qualitativos, Coleção COPPEAD de Administração, Ed. Atlas
CORRÊA, H., CORRÊA, C., 2010. Administração de Produção e Operações. 2 ed., São
Paulo, Ed. Atlas.
SLACK et al., 1999, Administração da Produção. 1 ed., São Paulo, Ed. Atlas.
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11. Apêndice
Apêndice 1
Apêndice 1 - Produção mensal total de cada usina, desde 2012. Fonte: SECONSERVA
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Apêndice 2
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Apêndice 3
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Apêndice 4
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Apêndice 5
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