Sei sulla pagina 1di 50

SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DO CEARÁ

CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO NO CARGO DE PROFESSOR PLENO I


PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL

DIDÁTICA APLICADA
À
SOCIOLOGIA

cespeUnB
Centro de Seleção e de Promoção de Eventos
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DO CEARÁ
CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO NO CARGO DE PROFESSOR PLENO I
PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL

DIDÁTICA APLICADA
À
SOCIOLOGIA

Autora
Maria Célia da Silva Gonçalves

3
Reitor
José Geraldo de Sousa Junior
Vice-Reitor
João Batista de Souza

cespeUnB
Centro de Seleção e de Promoção de Eventos

Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (CESPE)

Ricardo Carmona
Diretor-Geral

Rosalina Pereira
Diretora-Executiva

Roger Werkhäuser Escalante


Coordenadoria de Educação Corporativa e Eventos

Roberta Freitas Soares


Gerência de Formação de Pessoas

Equipe Técnico-Pedagógica
Ana Maria da Silva Peixoto
Danielle Xabregas Pamplona Nogueira
Lady Sakay
Luís Fernando Tavares Santos
Michelle Galdino da Silva
Milene de Fátima Soares
Nayara César Santos de Morais
Vera Lúcia de Jesus

Endereço
Campus Universitário Darcy Ribeiro
Edifício Sede CESPE/UnB
Caixa Postal 04488
CEP: 70904-970 – Asa Norte, Brasília/DF
Telefone: (61) 3448-0100
Fax: (61) 3448-0110
Site: www.cespe.unb.br
E-mail: sac@cespe.unb.br

AUTORA: Maria Célia da Silva Gonçalves

Graduada em História; possui especializações em Metodologia do Ensino e Tecnologias para a EAD;


Psicopedagogia; História do Mundo Moderno e Contemporâneo e Supervisão Escolar. É mestre em
História pela Universidade de Brasília. Atualmente está concluindo doutorado em Sociologia também
pela Universidade de Brasília. É professora em Faculdades particulares no Noroeste de Minas. Tem
experiência na área de História e Sociologia, atuando como professora de Ensino Médio e Fundamental
há 25 anos e no Ensino Superior há 15 anos.

4 Módulo 5 - Didática aplicada à Sociologia


Apresentação

Caro(a) Professor(a) esse é o módulo de Didática aplicada à Sociologia. Ele tem por
objetivo promover uma reflexão sobre o papel do professor de Sociologia no Ensino
Médio. Ele está dividido em quatro unidades, que de forma alguma têm a pretensão
de esgotar o assunto apenas objetiva desencadear um processo de estudos e reflexões
sobre essa prática pedagógica.

Foi escrito por uma professora que partilha de algumas coisas com você! Acredito
que a paixão pela Sociologia, pela educação assim a vontade de ver o Brasil melhorar,
crescer e se tornar um país que oferece oportunidades de vida com dignidade a todos
os seus filhos, seja a principal. Este sonho me faz acreditar que todo(a) professor(a)
deve ser/estar eternamente apaixonado(a).

Sobre ensinar com paixão, aconselhou o grande educador Rubens Alves aos novos
professores:

Que a educação é absolutamente apaixonante. Paixão para uma vida. Em


primeiro lugar eu diria que eles se considerem afortunados por serem
tocados por esta vocação. Segunda coisa, é preciso que amem as crianças.
Frequentemente os professores têm a preocupação com um programa.
Meu filósofo favorito, Nietzsche, dizia que o verdadeiro educador é aquele
que leva a sério questões relacionadas com seus alunos, inclusive a si
mesmo. Logo a preocupação do educador não pode ser com o programa,
deve ser com o aluno, e por isso, ele deve ter um olho para cada aluno,
porque está lidando com ser humano e não com o número para exame. A
primeira tarefa do educador é seduzir o aluno para o fascínio do seu objeto.
Se ele não for seduzido não terá vontade de aprender. A Adélia Prado,
uma grande pedagoga dizia, "não quero faca e nem queijo, eu quero é
fome". Significa que a primeira tarefa é fazer o aluno ter fome do que você
pretende ensinar. [...] A grande tarefa é dizer "está ali, está ali – perceba!
Olhe!" –Fernando Pessoa diz, não basta não ser cego pra ver as árvores e as
cores, há pessoas que têm vistas excelentes e não percebem nada. É preciso
ensinar os nossos alunos a enxergar o mundo. (ALVES, 2002)

Inspirada por Rubens Alves, acredito que o meu papel, enquanto professora, é despertar
cada aluno para se tornar um novo mestre. Mestre no sentido amplo da palavra:
aquele que ensina, mas também muito aprende... aquele que sonha, mas também faz
acontecer... aquele que é apaixonado pela arte de ensinar. A esse propósito, escreveu
Gabriel Perissé:

Professores e professoras apaixonadas acordam cedo e dormem tarde, movidos pela idéia fixa
de que podem mover o mundo. Apaixonados, esquecem a hora do almoço e do jantar: estão
mais preocupados em combater as múltiplas fomes que, de múltiplas formas debilitam as
inteligências.

5
As professoras apaixonadas descobriram que há homens no magistério igualmente
apaixonados pela arte de ensinar, que é a arte de dar contexto a todos os textos.
Não há pretextos que justifiquem, para os professores apaixonados, um grau a menos de paixão,
e não vai nisso nem um pouco de romantismo barato.
Apaixonar-se sai caro!
Os professores apaixonados, com ou sem carro, buzinam o silêncio comodista,
dão carona para os alunos, que moram mais longe do conhecimento,
saem cantando o pneu da alegria.
Se estão apaixonados, e estão, fazem da sala de aula um espaço de cânticos,
de ênfases, de sínteses que demonstram, pela via do contraste, o absurdo que é viver sem paixão,
ensinar sem paixão.
Dá pena, dá compaixão ver o professor desapaixonado, sonhando acordado com a
aposentadoria, contando nos dedos os dias que faltam para as suas férias, catando no
calendário os próximos feriados, jogando seu dinheiro em loterias para,se Deus quiser, poderem
parar de trabalhar e viver de um golpe de sorte. Os professores apaixonados muito bem sabem
das dificuldades, do desrespeito, das injustiças, até mesmo dos horrores que há na profissão.Não
deixa de professar, e seu protesto é continuar amando apaixonadamente.
Continuar amando é não perder a fé,palavra pequena que não se dilui no café ralo, não foge pelo
ralo, não se apaga como um traço de giz no quadro.
Ter fé impede que o medo esmague o amor, que as alienações antigas e novas substituam a
lúcida esperança.
Dar aula não é contar piada, mas quem dá aula sem humor não está com nada, ensinar é uma
forma de oração.
Não essa oração chacoalhar de palavras sem sentido, com voz melosa ou ríspida. Mera oração
subordinada, e mais nada.
Os professores apaixonados querem tudo, todas as operações.
Querem multiplicar o tempo, somar esforços, dividir os problemas para solucioná-los.
Querem analisar a química da realidade. Querem traçar o mapa de inusitados tesouros.
Só não querem diminuir sua paixão.
Os olhos dos professores apaixonados brilham quando no meio de uma explicação, percebem o
sorriso do aluno que entendeu algo que eles mesmos, professores, não esperavam explicar.
Mas é também indisfarçável. A paixão é inexplicável, bem sei.[...]
Estar apaixonado é apaixonante. (PERISSÉ, 2004)

6 Módulo 5 - Didática aplicada à Sociologia


INTRODUÇÃO

Caro(a) professor(a)

Somos homens e mulheres do século XXI, vivemos em um mundo que promete muito
para o futuro, tecnologias, ciências, sonhos, qualidade de vida, mas também um mundo
profundamente marcado por conflitos tensões e principalmente por divisão social. A
ciência que constrói é a mesma que pode destruir, a produção de riquezas que gera
qualidade de vida é a mesma que pode finalizar com a natureza , a vida humana e até
o planeta. No entanto sabemos que podemos procurar moldar as nossas vidas para
viver em sociedade de uma forma melhor, legando um mundo melhorado para as
gerações futuras.

Muitas questões existem a nos atormentarem neste início de século, eternos


questionamentos, vivemos nos perguntando: como esse mundo surgiu? Por que
muda tanto? Porque a nossa forma de viver é tão diferente das condições de nossos
pais e avós? Em que direção o futuro apontará?
Leia atentamente a letra da música abaixo:
O Amanhã
Simone
Composição: João Sérgio
A cigana leu o meu destino
Eu sonhei
Bola de cristal, jogo de búzios, cartomante
Eu sempre perguntei
O que será o amanhã
Como vai ser o meu destino
Já desfolhei o mal-me-quer
Primeiro amor de um menino
E vai chegando o amanhecer
Leio a mensagem zodiacal
E o realejo diz
Que eu serei feliz
Sempre feliz
Como será o amanhã
Responda quem puder
O que irá me acontecer
O meu destino será como Deus quiser

7
Como será o amanhã? Este é um questionamento feito não apenas pelos compositores
e cantores, mas é também o ponto central da Sociologia, um campo de estudo
com papel fundamental na cultura intelectual moderna. O Professor, o sociólogo,
o cantor o compositor, o artista e também o povo vive a interrogar como será o
amanhã perante as modificações do nosso planeta que vem sofrendo um processo
de transformações muito aceleradas que foram estabelecidas há poucas décadas? A
revolução tecnológica, com a entrada, em grande escala, da decodificação do DNA,
da informática acessível ao povo, da utilização robótica para aceleração da produção
industrial, das telecomunicações, tem modificado muito a vida das pessoas.

Essas transformações refletem diretamente na maneira como o homem produz os bens


necessários a sua sobrevivência. As invasões científicas, infelizmente, não são usufruídas
por toda a humanidade. Muitas vezes elas são aplicadas no processo produtivo e estão
substituindo boa parte da mão de obra humana que antes era utilizada na fabricação de
artigos industrializados, na agricultura, na prestação de serviços e em uma série de atividades
cuja presença do trabalho humano antes era indispensável e agora se torna dispensável.

Essas mudanças tendem a causar um grande volume de desigualdades sociais. Fazendo


surgir o fenômeno do desemprego. O exército de desempregados cresce e soma-se a
milhões de seres humanos que são expostos à fome, à miséria, ou contraem doenças
que poderiam ser evitadas. Falta moradia e são milhares de analfabetos, sem falar do
grande quantitativo dos que não têm acesso a uma assistência à saúde digna. Sem
falar dos moradores de nossas florestas que sofrem com a devastação ambiental, com
a poluição dos rios e mares, contribuindo assim para que essas pessoas passem por
grandes privações materiais, enquanto no outro extremo alguns poucos venturosos
usufruem os benefícios da modernidade. O nosso país é um excelente exemplo
dessas contradições. O Brasil tem crescido e se destacado na economia desenvolvido
tecnologias de ponta na fabricação de aviões, na produção do aço, no desenvolvimento
de tecnologias agrícolas, e, por outro, ainda não encontrou solução para os problemas
básicos como a fome, a miséria, a mortalidade infantil, a falta de educação e saúde de
qualidade para a maioria dos seus habitantes. É possível pensar em uma saída para essa
situação? Num primeiro momento, parecemos seres incapazes de encontrar solução
para problemas tão grandes. Não obstante, organizados e conscientes de nosso papel
na construção da cidadania, podemos influir e colaborar para a construção de um
mundo justo, igualitário, sensível, humano e melhor de se viver.

Como a educação pode ajudar na construção de uma sociedade mais humana, fraterna
e cooperativa? Onde buscar as soluções para os problemas sociais do nosso país? Qual
a sua função, professor, nesse processo de descobrir alternativas para a edificação de
uma vida mais justa para todos os membros da nossa enorme nação?

8 Módulo 5 - Didática aplicada à Sociologia


Os objetivos deste material são:

• Compreender o papel da Sociologia do Ensino Médio e suas contribuições para


a formação do educando;
• Investigar as possíveis maneiras de construir essa formação no contexto das
salas de aulas do Ensino Médio;
• Discutir as atribuições do professor de Sociologia no Ensino Médio.

9
Sumário

UNIDADE I - QUAL O SIGNIFICADO DO SER PROFESSOR NO SÉCULO XXI 11


Rererências Bibliográficas 17

UNIDADE II - POR QUE ENSINAR SOCIOLOGIA? 18


2.1 Mas o que é Sociologia? 20
Rererências Bibliográficas 25

UNIDADE III - O QUE E COMO ENSINAR EM CIÊNCIAS SOCIAIS 26


Rererências Bibliográficas 34

UNIDADE IV - COMPETÊNCIAS E HABILIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS


NO ENSINO DE SOCIOLOGIA 35
Sugestão de como trabalhar em aulas de sociologia 38
Rererências Bibliográficas 49

10 Módulo 5 - Didática aplicada à Sociologia


UNIDADE I

QUAL O SIGNIFICADO DO SER PROFESSOR NO SÉCULO XXI

Caro(a) professor(a), nesta unidade retomaremos velhos


questionamentos de nossa profissão. Trabalharemos com questões
como: o que é ser professor? Qual o papel do professor no século XXI?
O que a sociedade espera do professor de sociologia? Essas e outras
questões são retomadas nesta unidade como forma de provocar debates
sobre o ofício do (a) professor (a) de Sociologia no estado do Ceará.
Bons estudos!

Refletir sobre nossa formação e nossa prática deve ser um ato constante em nossas
vidas profissionais, porque o professor do século XXI deve ser um profissional
diferente, deve ser um professor que percebe as inovações do seu tempo e se adéqua
a elas. Esse novo perfil deve ser marcado pela capacidade de aprender a aprender,
como queria o grande educador brasileiro Paulo Freire. Aprender é uma das coisas
mais importantes da vida “em resumo, poderíamos dizer que o professor se tornou um
aprendiz permanente, um construtor de sentidos, um cooperador, e, sobretudo, um
organizador da aprendizagem (GADOTTI, 2003, p. 8).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) definem claramente esse perfil do novo


profissional da educação no século XXI ao estabelecer o desejo de um professor
reflexivo, sonhador no sentido de ser idealista, humano, capaz de construir sentido para
a sua prática educacional. Um professor que paute a sua vida na busca do “ser”, como
objetivo máximo da educação, exercitando a sua paciência histórica e cronológica,
mas acima de tudo que seja comprometido com o bem maior, a vida e que acredite em
alguns valores como a ética, a sensibilidade, a cidadania, a solidariedade, o respeito, a
verdade e que tenha bom senso.

Ainda nessa direção, os PCNs destacam alguns princípios básicos que a educação
básica brasileira deve privilegiar, são eles:

• Princípios éticos: estes princípios têm por objetivos contemplar a ética e a


identidade, buscando a inserção no tempo e no espaço, o ponto primordial é
perceber aprender a ser;
• Princípios políticos: têm por objetivos a fundamentação de uma política de
igualdades, do direito e da democracia, visando a aprender a conviver;

Unidade I - Qual o Significado do Ser Professor no Século XXI 11


• Princípios estéticos: buscam desenvolver a estética da sensibilidade,
estimulando a criatividade e o espírito inventivo.

O que é ser professor no Ceará no século XXI? Certamente a resposta para esta
indagação não difere muito do que é esperado para o professor no restante do país
no mesmo espaço temporal. Espera-se que esse seja um profissional que valorize os
princípios da educação elencados acima, ou como quer o grande educador brasileiro,
Moacir Gadotti,
Ser professor hoje é viver intensamente o seu tempo com consciência e
sensibilidade. Não se pode imaginar um futuro para a humanidade sem
educadores. Os educadores, numa visão emancipadora, não só transformam
a informação em conhecimento e em consciência crítica, mas também
formam pessoas. Diante dos falsos pregadores da palavra, dos marqueteiros,
eles são os verdadeiros “amantes da sabedoria”, os filósofos de que nos
falava Sócrates. Eles fazem fluir o saber - não o dado, a informação, o puro
conhecimento - porque constroem sentido para a vida das pessoas e para
a humanidade e buscam, juntos, um mundo mais justo, mais produtivo
e mais saudável para todos. Por isso eles são imprescindíveis. (GADOTTI,
op.cit., p.09)

Porém, não poderíamos esquecer os pontos básicos definidos pela UNESCO para a
educação do século XXI. De acordo com a UNESCO, todo professor comprometido
com uma educação que visa à promoção do bem estar social, da vida, da dignidade,
da identidade devem conhecer e se empenhar em promover em seus alunos esses
quatro pontos:

OBJETIVA PROMOVER O
• APRENDER A CONVIVER DESENVOLVIMENTO SOCIAL.

O objetivo desse princípio é promover uma educação que verdadeiramente contribua


para a transformação da história humana, que sempro foi marcada por conflitos
étnicos, raciais e religiosos, dentre outros, portanto deve ser ensinado ao aluno a não
violência e o respeito ao outro. Essa educação deve enfatizar o projeto de sociedade
que propõe o bem estar comum e o respeito a diversidades.

VISA PROMOVER O
• APRENDER A SER DESENVOLVIMENTO PESSOAL.

12 Módulo 5 - Didática aplicada à Sociologia


Esse princípio enfatiza que a ideia de que a educação deve preparar a pessoa de
forma que ela seja capaz de tornar-se agente de sua própria história, que esteja apta
a agir de forma segura nas condições adversas da vida, portanto a educação tem a
obrigatoriedade de contribuir com o desenvolvimento total dos seres humanos.

TEM COMO PONTO


• APRNDER A FAZER PRICIPAL DESENVOLVER A
COMPETÊNCIA PRODUTIVA

Aprender e colocar em prática são as grandes preocupações desse princípio, portanto


podemos concluir que ele está ligado diretamente à formação profissional. Porém
aprender a fazer aqui, não significa apenas ensinar ao nosso aluno uma profissão, é
necessário instrumentalizá-lo para a vida em sociedade.

OBJETIVA PROMOVER O
• APRENDER A CONHECER DESENVOLVIMENTO SOCIAL.

Como você sabe, muito já foi escrito, investigado na busca de uma resposta para o
questionamento: como devemos aprender? A aprendizagem aqui proposta visa
compreender, descobrir e conhecer. Como professores, devemos desenvolver em
nossos alunos esses princípios para que eles adquiram mais prazer em estudar. Para
que isto aconteça é necessário que o aluno tenha acesso às metodologias de ensino
que o conduzam para o mundo da ciência em questão. Pois sabemos que para aprender
a conhecer, o aluno deverá aprender a aprender. Essa aprendizagem deverá ser pela
vida inteira na busca constate de aperfeiçoamento e especializações relativas à sua
profissão. Para que isso se efetive é necessário formar hábitos de leituras e pesquisa e
principalmente o gosto pelo aprendizado constante na vida.

Caro(a) Professor(a), consideramos esse ponto extremamente importantes para a


reflexão de um profissional comprometido com a transformação da sociedade na
qual está inserido, portanto faze-se necessário nos perguntarmos: O que significa ser
professor de Sociologia no século XXI? O que a sociedade espera de nosso trabalho?
Por que ensinar Sociologia? Como ensinar? O que ensinar?

A promulgação da lei 11.684, no dia 02 de Junho de 2008, tornando obrigatórias a


Filosofia e a Sociologia no ensino médio brasileiro, foi sem sombras de dúvidas um
grande avanço para os professores que travaram lutas para garantir o retorno dessas
disciplinas no currículo escolar. No entanto apenas a lei não garante um ensino de
Sociologia de qualidade, outros entraves ainda precisam ser vencidos. Como sociólogo
você sabe das dificuldades em refletir sobre a nossa prática. Primeiro a produção de
Sociologia no Brasil ainda não atingiu ao patamar desejável, segundo a produção de

Unidade I - Qual o Significado do Ser Professor no Século XXI 13


uma Metodologia ou Didática da Sociologia no Brasil é praticamente incipiente, como
observaram as Orientações Curriculares para o Ensino Médio, documento oficial da
Secretaria de Educação Básica (OCNs),
As pesquisas sobre o ensino de Sociologia ainda são bastante incipientes,
contando-se cerca de dez títulos, entre artigos, dissertações e teses, o
número de investigações efetuadas nos últimos vinte anos. Boa parte
trata do processo de institucionalização da disciplina no ensino médio, o
que demonstra que por um lado são pesquisas que buscam um enfoque
sociológico sobre esses processos, e algumas poucas tentam discutir mais
os conteúdos, as metodologias e os recursos do ensino, aproximando-se um
tanto mais de questões educativas e curriculares ou relacionadas à história
da disciplina. Cremos que isso também é fruto daquela intermitência da
presença da disciplina no ensino médio, o que provocou um desinteresse
de pesquisadores sobre o tema, quer no viés sociológico quer no viés
pedagógico. Assim, não houve de modo sistemático nem debates nem
registros dos processos de institucionalização da disciplina, sendo isso feito
só muito recentemente. Essas pesquisas alimentariam o próprio processo,
dando-lhe uma dinâmica diversa, o que também tem acontecido com as
demais disciplinas (BRASIL.MEC/SEB, 2006,p.104).

Vale ressaltar o esforço da Sociedade Brasileira de Educação (SBS) que no seu último
congresso (2009) tinha um Grupo de Trabalho (GT) dedicado aos estudos do Ensino
de Sociologia.

Para mudarmos esse quadro precisamos pensar no ensino através da pesquisa. Porque,
como afirma Pedro Demo, “Quem ensina carece pesquisar, quem pesquisa carece
ensinar. Professor que apenas ensina jamais o foi” (2003, p.17). As ORIENTAÇÕES
CURRICULARES PARA O ENSINO MÉDIO enfatizam a importância de uma prática
pedagógica pautada pela pesquisa.

A pesquisa sociológica no ensino médio


A pesquisa deve estar presente nos três recortes (CONCEITOS- TEMAS E TEORIAS),
ou seja, ela pode ser um componente muito importante na relação dos alunos
com o meio em que vivem e com a ciência que estão aprendendo. Assim, partindo
de conceitos, de temas ou de teorias, a pesquisa pode ser um instrumento
importante para o desenvolvimento da compreensão e para explicação dos
fenômenos sociais.
A pesquisa pode ser feita depois das apresentações teóricas, conceituais ou
temáticas, como um elemento de verificação ou de aplicação (ou não) do que
foi visto anteriormente. Mas pode ser utilizada como elemento anterior às
explicações por meio dos três recortes. Podem-se encaminhar os alunos para que
realizem uma pesquisa antes de discutirem qualquer teoria, conceito ou tema, e,

14 Módulo 5 - Didática aplicada à Sociologia


a partir do que encontrarem, problematizar os resultados no contexto de cada
um dos recortes.
Aqui também deve haver certo cuidado. Há uma prática comum de mandar
os alunos pesquisarem qualquer coisa e de qualquer modo, ou seja, se o tema
em discussão é o desemprego, por exemplo, diz-se para os alunos procurarem
desempregados e perguntarem a eles por que estão desempregados, o que
acham disso e quem é o culpado por essa situação. Ora, o resultado dessa
“pesquisa” será normalmente um conjunto de idéias soltas, de senso comum,
explicações individualistas e, ademais, sem nenhuma perspectiva social para se
entender seu resultado.
Antes de usar esse expediente, é necessário que o professor explique o que é
uma pesquisa sociológica, os padrões mínimos de procedimentos que devem ser
utilizados, os cuidados que devem ser tomados, enfim, passos e procedimentos
objetivos para que o resultado dela possa ser de alguma valia no entendimento
do fenômeno a ser observado.
Assim, é necessário fazer ao menos um esboço de projeto de pesquisa exploratória,
ou seja, não se pretende aqui desenvolver uma pesquisa para que no final se tenha
uma monografia, mas apenas alertar o aluno para a necessidade, antes de tudo,
de ele se conscientizar daquilo que quer pesquisar. E isso serve também para as
pesquisas bibliográficas: não adianta dizer para os alunos: vão até a biblioteca e
pesquisem sobre o desemprego; ou então: para a semana que vem, quero que vocês
me tragam tudo o que acharem nas revistas e nos jornais sobre desemprego.
Para se fazer uma pesquisa em materiais impressos, é necessário antes saber
pesquisar em livros, revistas e jornais. O professor deve explicar, por exemplo,
a diferença entre livros de referência, de literatura, manuais e livros específicos
sobre o tema; como ensinar a pesquisar num jornal e mostrar a diferença entre um
editorial, uma reportagem, um artigo ou uma entrevista. Ou seja, uma pesquisa
em materiais impressos requer um mínimo de orientação e conhecimento sobre a
natureza dessas fontes. Cabe também uma orientação sobre o modo de escrever
a notação bibliográfica dentro das normas padrão.
Para uma pesquisa de campo, isto é, na qual os alunos vão levantar dados
diretamente com a população-alvo, é preciso que eles tomem outros cuidados,
tais como preparar a pesquisa com antecipação, o que engloba discutir o tema,
definir o objeto, os instrumentos; fazer um roteiro; aplicar um pré-teste nos
instrumentos; enfim, todas as precauções para que a pesquisa não seja viciada.
Assim, ao utilizar a história de vida, o questionário, a entrevista, é necessário que
o aluno conheça cada uma dessas técnicas, seus limites e possibilidades, para
saber o que está fazendo e como fazer, o que vai encontrar em cada uma delas

Unidade I - Qual o Significado do Ser Professor no Século XXI 15


e por que elas são, muitas vezes, usadas complementarmente. Com isso, desde
o ensino médio, o professor deve ensinar que fazer pesquisa requer uma série
de procedimentos prévios, e isso constitui, certamente, um tópico do programa
da disciplina.
(BRASIL.MEC/SEB, 2006, pp.125-127).

cespeUnB
Centro de Seleção e de Promoção de Eventos

Ao final da unidade 1, vá ao Ambiente Virtual de Aprendizagem e participe


do Fórum referente a esta unidade.

16 Módulo 5 - Didática aplicada à Sociologia


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. MEC/CNE. Orientações Curriculares Nacionais – Conhecimentos de


Sociologia. Brasília/DF, 2006.

GADOTTI, Moacir. Boniteza de um sonho: Ensinar-e-aprender com sentido. São


Paulo: GRUBHAS, 2003.

Unidade I - Qual o Significado do Ser Professor no Século XXI 17


UNIDADE II

POR QUE ENSINAR SOCIOLOGIA?

A estrutura da proposta do PCN de Sociologia para o Ensino Médio


pretende, antes de qualquer coisa, reforçar o compromisso da educação
em não apenas apreender, mas também em compreender o contexto
contemporâneo. Nesse sentido, apresenta-se como um meio por
intermédio do qual se formará um cidadão no sentido amplo da palavra.
Acreditamos que uma boa maneira de começar uma disciplina tão importante
como a nossa, passa pelo conhecimento dos documentos que fundamentam
a prática docente em nosso país e, principalmente, pelo questionamento
desta prática. Um dos documentos importantes são os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN), elaborados pelo Ministério da Educação, e que
têm por finalidade apresentar diretrizes para o ensino de um determinado
conteúdo, no nosso caso o de Sociologia. Neste guia, conheceremos de perto
as premissas do PCN Sociologia para o Ensino Médio.

Caro(o) Professor(a)

Por que ensinar sociologia? Essa é uma pergunta muito específica, quando se trata
de Ciências Sociais, nunca ouvimos o questionamento: por que ensinar Matemática,
Química ou Física? As pessoas conhecem o valor dessas ciências e sabem da importância
de conhecer esses campos de saberes, mas quando se trata de Ciências Sociais, pouca
gente conhece o seu devido valor e/ou atribui significado à sua aprendizagem.

Cabem a nós, professores de Sociologia, a busca de um significado para a nossa


atuação, a construção de um motivo para se ensinar e aprender Sociologia.

De acordo com o PCN do Ensino Médio os estudos das Ciências Sociais, de forma mais
ampla objetiva introduzir o aluno nas principais questões conceituais e metodológicas
das disciplinas de Sociologia, Antropologia e Política.

Sabemos que a Sociologia é a ciência que estuda a vida social da humanidade, como
o seu objeto de estudo é o comportamento dos seres humanos, ela se torna um
empreendimento fascinante e irresistível. “A abrangência do estudo sociológico é
extremamente vasta, incluindo desde a análise de encontros ocasionais entre indivíduos
na rua até investigação de processos sociais globais”. (GIDDENS, 2005, p.24)

18 Módulo 5 - Didática aplicada à Sociologia


De uma forma geral a nossa maneira de ver o mundo revela características de nossas
famílias e da nossa própria vida. A Sociologia se ocupa em mostrar a necessidade de
investigar de forma metódica porque somos assim e porque agimos da forma que
agimos.
Ela nos ensina que aquilo que encaramos como natural, inevitável, bom
ou verdadeiro, pode não ser assim e que os “dados” de nossa vida são
fortemente influenciados por forças históricas e sociais. Entender os modos
sutis, porém complexos e profundos, pelos quais nossas vidas individuais
refletem os contextos de nossa experiência social é fundamental para a
abordagem sociológica. (GIDDENS, op.cit., p.24)

Aprender Sociologia é desenvolver a capacidade de pensar de forma imaginativa


e de nos distanciarmos de idéias preconcebidas sobre as relações sociais. A tarefa
da Sociologia é investigar a ligação que há entre o que a sociedade faz de nós e o
que fazemos de nós mesmos. “Um sociólogo é alguém que é capaz de se libertar da
imediatidade das circunstâncias pessoais e apresentar as coisas num contexto mais
amplo.” (GIDDENS, 2005, p.24)

Para explicar a imaginação sociológica Giddens, (2005) em seu livro intitulado


Sociologia, trabalha com o exemplo de tomar uma xícara de café. Segundo o autor
esse ato pode ser examinado do ponto de vista sociológico, tendo-se em vista o
envolvimento simbólico que existe na cultura ocidental em torno do café, pois quando
convidamos alguém para um café o que menos importa é o café e sim a companhia, o
que será discutido, o encontro, o sorriso, o negócio, etc.

Podemos chegar à conclusão de que o café não é apenas uma bebida, ele tem todo
um valor simbólico que se insere em nossas atividades diárias.

Observe atentamente o que escreveu o Sociólogo Giddens,

Frequentemente, o ritual associado a beber café é muito mais importante do


que o ato de consumir a bebida propriamente dita. Para muitos ocidentais,
a xícara de café pela manhã é o centro de uma rotina pessoal. [...] O café
bebido de manhã é muitas vezes seguido depois, durante o dia, por um café
em companhia de outras pessoas - a base de um ritual social. Duas pessoas
que combinam de se encontrar para o café estão, provavelmente, mais
interessadas em ficarem juntas e conversar do que naquilo que realmente
bebem. Na realidade, comer e beber, em todas as sociedades, fornecem
ocasiões para a interação social e para a encenação de rituais, oferecendo
um assunto rico para o estudo sociológico. (GIDDENS, op.cit., p. 24)

Unidade II - Por Que Ensinar Sociologia? 19


Outro ponto a ser pensado no caso do café, é o fato dele ser considerando droga em
algumas culturas, por conter cafeína, criar dependência, mas, no entanto os viciados
em café não são discriminados e marginalizados como os viciados em outras drogas.
Como o álcool, o café é uma droga socialmente aceita, enquanto a maconha, por
exemplo, não é. Existem saciedades que permitem o uso da maconha e repudia o uso
do café. Essas diferenças de valores interessam aos sociólogos.

Ainda poderíamos dizer que o ato de beber café envolve os indivíduos numa complexa
trama de relacionamentos sociais e econômicos que existem em todo o mudo. O café
é um elo entre pessoas ricas e pobres. Já parou para pensar sobre isso? Ele geralmente
é produzido nos países pobres e consumido largamente em países ricos. O café
divide com o petróleo o posto de uma das mercadorias mais valiosas no comércio
internacional. Para alguns países ele é a maior fonte de renda. Para produzir o café e
transportá-lo é necessário construir relações sociais globais, entre pessoas que estão a
milhares de quilômetros de distância. Estudar essas relações é tarefa da Sociologia.

Ensinar Sociologia é buscar descortinar o universo de meu aluno, é mostrar para ele
as possibilidades de questionamento da realidade, é desvelar as relações sociais e os
jogos de poder que vão tecendo as nossas realidades, cearense e brasileira.

2.1- Mas o que é Sociologia?

Para Demo (1985, p.11):

Sociologia significa o tratamento teórico e prático de desigualdade


social[...] qualquer ciência, para se constituir como tal, necessita de objeto
suficientemente delineável e de método adequado à abordagem das
peculariedades do objeto” (p.11) [...] A sociologia tem pecado pela excessiva
generalidade do objeto, quando se aproxima da idéia abusivamente vaga
de ‘estudo da sociedade’, porque não é prerrogativa sua. Outras ciências
sociais também tratam da sociedade.

Segundo esse autor o esforço dos clássicos foi importante, alguns colaboraram na
superação de modos muito fluidos, especulativos e subjetivos de ver a realidade social,
sobretudo quando a Sociologia derivava da Filosofia.

Toda ciência tem um problema específico. E qual seria o problema propriamente


sociológico? Para Demo “o enigma sociológico é a questão da desigualdade social.
Não se trata de reduzir a Sociologia ao problema da desigualdade social, assim como
não se reduz a Economia ao problema da organização da sobrevivência material.
Trata-se tão somente de identificar uma proposta tendencialmente unificadora e

20 Módulo 5 - Didática aplicada à Sociologia Unidade II - O que ensinar em Física


convergente, capaz de traduzir características suficientemente delineáveis do objeto.”
(DEMO, op.cit., p.12)

De acordo com Pedro Demo,

dizemos que sociologia é o tratamento teórico e prático da desigualdade


social. Por tratamento teórico entendemos a produção de teorias explicativas
de fenômeno fundamental que formam um corpo sistematizado de
enunciados. Toda teoria busca entender, explicar, explicitar e pesquisar a
realidade, a partir de hipóteses de relevância que imagina ver nela. É um
modo de sistematizar conhecimento, de arrumar as idéias, de construir
uma reflexão ordenada, com começo, meio e fim. Não contem apenas
enunciados ditos científicos que traduzem a problemática real de forma
objetivada, mas, igualmente, ideologias, mundivisões, pontos de partida
sempre discutíveis, e assim por diante. (DEMO, op.cit., p.13)

Conforme (MARTINS, 2006, p.10-11) podemos “entender a sociologia como uma das
manifestações do pensamento moderno. A evolução do pensamento científico, que
vinha se constituindo desde Copérnico, passa a cobrir, com a sociologia, uma nova
área do conhecimento ainda não incorporada ao saber científico, ou seja, o mundo
social. [...]”.

A sua formação constitui um acontecimento complexo para o qual concorre uma


constelação de circunstâncias, históricas e intelectuais, e determinadas intenções
práticas. O seu surgimento ocorre num contexto histórico específico, que coincide com
os derradeiros momentos da desagregação da sociedade feudal e da consolidação da
civilização capitalista. Sua criação não é obra de um único filósofo ou cientista, mas
representa o resultado da elaboração de um conjunto de pensadores que se empenham
em compreender as novas situações de existência que estavam em curso.

Mas esse é um assunto que você conhece muito bem, passemos então a refletir como
ela poderia ser usada para transformar a educação e a sociedade? Não lhe parece um
projeto fascinante?

Para o PCN do Ensino Médio de Sociologia,

Ao se tomar os três grandes paradigmas fundantes do campo de


conhecimento sociológico – Karl Marx, Max Weber e Emile Durkheim
–, discutem-se as questões centrais que foram abordadas, bem como os
parâmetros teóricos e metodológicos que permeiam tais modelos de
explicação da realidade. No entanto, a grande preocupação é promover
uma reflexão em torno da permanência dessas questões até hoje, inclusive
avaliando a operacionalidade dos conceitos e categorias utilizados por
cada um desses autores, no que se refere à compreensão da complexidade
do mundo atual. (BRASIL,1999, p.317)

Unidade II - Por Que Ensinar Sociologia? 21


Muito mais que conhecer os conceitos dos paradigmas fundantes da Sociologia, nós
professores devemos utilizar estes conceitos para propor que nossos alunos analisem a
sociedade na qual estão inseridos, buscando entender suas mudanças e permanências.

Deve se enfatizar dois eixos muito importantes, em torno dos quais vem se construindo
grande parte da tradição sociológica: a relação entre indivíduo e sociedade, a partir da
influência da ação individual sobre os processos sociais, bem como a importância
do processo inverso, e a dinâmica social, pautada em processos que envolvem, ao
mesmo tempo, porém em gradações variadas, a manutenção da ordem e, por outro
lado, a mudança social.

Como bem observou Carlos Benedito Martins “é fundamental que o sociólogo quebre
o seu isolamento e passe a interagir com os grupos, as classes e as organizações que
procuram recriar a sociedade.” (MARTINS, 2006, p.93), porque, de acordo com esse
autor, “a função do sociólogo de nossos dias é libertar sua ciência do aprisionamento
que o poder burguês lhe impôs e transformar a sociologia em um instrumento de
transformação social.” (MARTINS, op.cit., p.93)

Ao discutir a questão da desigualdade social, é atribuída ao sociólogo a função de indagar


sobre sua natureza, suas causas, assim como os motivos pelos quais elas diferem de uma
sociedade para outra, se políticas sociais têm ou não sido eficazes e por quê. Portanto, o
ensino de Sociologia tem que propiciar ao aluno um ensejo para aprender esses aspectos
básicos da crítica dos fenômenos sociais e do conhecimento sociológico.

Os PCN de Sociologia estabelecem a necessidade de problematizar os fenômenos sociais,


no processo de ensino-aprendizagem. Para tal tarefa ele lança três questionamentos:

a) De que maneira explicar a existência e a manutenção das coletividades


humanas? De que modo acontece a interação entre o indivíduo e essas
coletividades?
b) Que mecanismos interferem na organização e estruturação dos quadros
sociais da vida humana?
c) Como a mudança social é produzida e pode ser explicada? (BRASIL, 1999,
p. 318)

Professor(a), para responder a esse questionamento, nós devemos levar em conta que
a Lei 9.394/96 estabeleceu como uma das finalidades primordiais do Ensino Médio
Brasileiro a edificação da cidadania do aluno, corroborando, assim, a importância do
ensino da Sociologia no Ensino Médio. Levando-se em conta que o conhecimento
sociológico tem como funções básicas “investigar, identificar, descrever, classificar
e interpretar/explicar todos os fatos relacionados à vida social, logo permite
instrumentalizar o aluno para que possa decodificar a complexidade da realidade
social.” (BRASIL, op.cit., p. 318)

22 Módulo 5 - Didática aplicada à Sociologia Unidade II - O que ensinar em Física


Portanto, pelo acesso do conhecimento sociológico sistematizado, o aluno poderá
arquitetar uma maneira mais reflexiva e crítica diante da complexidade do mundo
moderno. Compreendendo de maneira eficiente a dinâmica da sociedade na qual está
inserido, ele poderá sentir-se como agente de sua própria história, como um ser dotado
de força política e capacidade de transformar o mundo, até mesmo, tornar possível,
através do exercício pleno de sua cidadania, mudanças estruturais que colaborem
efetivamente para a construção de uma sociedade mais justa, humana e solidária.

Pensar na transformação da sociedade e na construção da cidadaniaé extremamente


importante, mas sem perder de vista que

o ensino da Sociologia no Ensino Médio também deve fornecer instrumentais


teóricos para que o aluno entenda o processo de mundialização do capital,
em correspondência com as sucessivas revoluções tecnológicas. Processo
amplo que acabou gerando um reordenamento nas dimensões políticas e
sócio-culturais. (BRASIL, op.cit., p. 318)

Entendendo melhor o contexto mundial é possível entender porque importantes


instituições sociais, como a família e o Estado, adotam novos significados: surgem
novos atores sociais e ampliam-se os cenários. “O modelo de família nuclear e patriarcal
vai perdendo espaço, tendo em vista as conquistas advindas do próprio movimento
feminista. No Estado de Direito, enfatiza-se que o cidadão e o poder público devem ter, ao
mesmo tempo, direitos e deveres. E há que considerar também o papel das Organizações
Não-Governamentais como novo agente político” (BRASIL, op.cit., p. 318).

As relações sociais inseridas no contexto da mundialização fazem emergir, por exemplo,


novas organizações no trabalho, o que antes era regido por vínculos empregatícios,
estabilidade por tempo de serviço, passa agora ser flexibilizado, surgido as categorias
do trabalho autônomo, terceirizado ou temporário. Essas mudanças geram profundas
transformações em nossa sociedade, pois

este mesmo processo de flexibilização das relações de produção, além


do advento de novas tecnologias, despadroniza as relações de trabalho e
acaba interferindo no próprio perfil da qualificação exigida pelo mercado
de trabalho. Resulta daí um mundo de contrastes extremos, de abundância
e escassez, riqueza e penúria, que acabam por reforçar e expandir conflitos
regionais com motivações étnicas. (BRASIL, op.cit., p. 318)

Neste contexto social desenhado, torna-se papel primordial do professor oferecer


orientação para seus alunos, para que eles compreendam e avaliem o impacto dessas
transformações, nos seus cotidianos, na suas formas de serem e de pensarem enfim
no seu viver.

Unidade II - Por Que Ensinar Sociologia? 23


Segundo o PCN de Sociologia

Sociologicamente, a problematização da categoria trabalho, para além do


modelo marxista, também é uma tarefa que exige um significativo esforço
intelectual. A análise do mercado de trabalho requer que se entenda o problema
do desemprego estrutural, isto é, a diminuição constante e irreversível de
cargos em empresas, enquanto uma realidade percebida, sobretudo, nos
países industrializados da Europa. (BRASIL, op.cit., pp. 318-319)

De acordo com esse contexto de transformações intensas, nas relações sociais e nos
valores que as confirmam, é atribuído à Sociologia um função analítica primordial,
tendo em vista os resultados de suas pesquisas. São esses conhecimentos produzidos
por sociólogos que irão nortear outros profissionais a procurarem novas alternativas
de agirem frente aos problemas sociais oriundos desta nova ordem política, econômica
e social. Portanto, a Sociologia tem duplo papel, ao mesmo tempo em que objetiva
um empenho para entender a realidade social, deverá também oferecer subsídios a
outros agentes sociais na solução dos problemas.

Caro(a) professor(a), percebemos nesse momento, a importância de nossa profissão,


pois a reflexão feita pelo sociólogo na tentativa de interpretar a sociedade, não pode-
se portar como a produção dos conhecimentos do sensos comum, ela deve-se
pautar no parâmetros da cientificidade, ou seja, deve ser conduzida pela mediação
metodológica, no nosso caso da Sociologia, para que esse seja um conhecimento
sistematizado e organizado da realidade social, pautando-se portanto por um conjunto
pluriparadigmático de conceitos e categorias própria de nossa ciência.

cespeUnB
Centro de Seleção e de Promoção de Eventos

Vamos, agora, ao Ambiente Virtual de Aprendizagem e responda ao


questionário da Unidade 2.

24 Módulo 5 - Didática aplicada à Sociologia Unidade II - O que ensinar em Física


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. MEC/CNE. Orientações Curriculares Nacionais – Conhecimentos de


Sociologia. Brasília/DF, 2006.

DEMO, P. Sociologia: uma introdução crítica. 2ed. São Paulo: Atlas, 1995.

GIDDENS, A, Sociologia. 4. ed. Porto Alegre: Artmed,2005

MARTINS, Carlos Benedito. O que é sociologia. 68. ed. São Paulo : Brasiliense, 2006.

Unidade II - Por Que Ensinar Sociologia? 25


UNIDADE III

O QUE E COMO ENSINAR EM CIÊNCIAS SOCIAIS

Professor(a),
Na Unidade II discutimos os motivos de ensinar Ciências Sociais,
especificamente os conhecimentos da Sociologia no Ensino Médio. Vimos
que no Brasil existe uma grande carência de estudos e reflexões nessa
área, nessa unidade refletiremos sobre o que e como ensinar Sociologia.
Nesta unidade tentaremos pensar no que e como ensinar Sociologia.

Embora seja importante registrar “que diferentemente das outras disciplinas escolares,
a Sociologia não chegou a um conjunto mínimo de conteúdos sobre os quais haja
unanimidade, pois sequer há consenso sobre alguns tópicos ou perspectivas” (BRASIL.
MEC/SEB, 2006, p.115).

Nesta ausência de uma pré-determinação do que ensinar é necessário refletir sobre


essas possibilidades, porque

Se, genericamente, considerarmos a Sociologia como ciência da sociedade,


temos que ter a clareza de que não há um consenso em torno do conceito
que aparece como matriz deste campo de conhecimento. Entretanto, é
possível trabalhar contextualmente, entendendo o conceito de sociedade
nos termos das condições do capitalismo contemporâneo, que engloba
processos sociais, dentre eles a socialização total1 (BRASIL, 1999, p.319).

Com o objetivo de melhor definir sociedade, aqui será adotada a idéia de relação
social como unidade elementar. Em certa medida, a definição de sociedade aparece,
convencionalmente, associada à expressão rede de relações sociais, dentro da qual
apontamos a importância do processo de interação social.

O termo relação social será usado para indicar o comportamento de uma


pluralidade de atores à medida que, em seu conteúdo significativo, a ação de
cada um leve em conta a de outros e seja orientada nesses termos. Assim, a
relação consiste inteira e exclusivamente na existência de uma probabilidade
de haver, em algum sentido significativamente compreensível, uma linha
de ação social (WEBER, 1947 apud BRASIL, 1999, p.319).

1
Entende-se pela expressão socialização total uma rede de relações sociais cada vez mais complexa e densa, que
reduz a possibilidade de autonomia do indivíduo. (ver HORKHEIMER, M. e ADORNO, T. (orgs.) Temas Básicos da
Sociologia. São Paulo: Cultrix/USP, 1973.) Ao contrário de Durkheim e de outros teóricos que trabalham com uma
abordagem “macroteórica”, alguns autores, por outro lado, sobretudo aqueles ligados ao movimento teórico
chamado “Individualismo Metodológico”, reforçam o papel dos indivíduos na explicação dos fenômenos sociais.
Para o aprofundamento dessa discussão, ver: ELSTER, Jon. Peças e Engrenagens das Ciências Sociais. Rio de Janeiro:
Relume-Dumará, 1994.(Brasil, 1999, p.319)

26 Módulo 5 - Didática aplicada à Sociologia Unidade II - O que ensinar em Física


Partindo desse princípio, outro alvo recorrente e muito questionado pela Sociologia é
como se deu a formação, a manutenção e as possíveis mudanças dos sistemas sociais, que
são frutos da dinâmica do processo de interação. Acreditamos ser de grande importância
que a Sociologia do Ensino Médio contemple o estudo/questionamento das diferentes
formas de estratificação social: as castas, os estamentos e as classes sociais.

Essa prática de ensino, ambientada no sistema social brasileiro, enquanto uma


estrutura baseada em classes sociais cria oportunidades em sala de aula para um
debate questionador do processo histórico de construção das desigualdades sociais,
que sinaliza para problemas, como a exclusão, quer seja ela social, econômica ou
política. Assim como criar também um instrumental nos alunos para discutir a questão
da concentração de poder ou de renda. Nesse momento o professor de Sociologia
deve aproveitar discutir, mesmo que não seja de forma muito profunda, a noção de
estrutura e a escola estruturalista de pensamento2 .

O PCN de Sociologia alerta que

Em linhas gerais, parece se constituir uma nítida correspondência entre


a Sociologia (estudo dos sistemas sociais produzidos pela interação) e
a Psicologia (estudo dos sistemas de personalidade). No entanto, muito
embora ambas preocupem-se com o comportamento, a Sociologia analisa
a relação entre as ações de um indivíduo e a coletividade, enquanto a
Psicologia tenta entender a relação entre as diferentes condutas do mesmo
indivíduo, em si mesmo e em relação a outros indivíduos e grupos (BRASIL,
op.cit., p.320).

Pensando dessa maneira, o ensino de Sociologia poderia assumir como objeto


de estudo o papel das normas e padrões, congregadas por meio do processo de
socialização, no tocante ao processo de interação.
Dessa forma, justifica-se a importância da teoria de
Emile Durkheim, quando define fatos sociais3 .

Nós, professores de Sociologia, devemos ser

2
Para Lévi-Strauss, as relações sociais constituem a matéria-prima que torna manifesta a própria estrutura social.
Tal modelo concebe estrutura enquanto um sistema integrado de partes, que permite tornar inteligível todos
os fatos observáveis. Embora não possam ser chamados de estruturalistas, outros autores também trabalham
com uma noção implícita de estrutura. É o caso de Marx, ao formular a idéia de sistema ou modo de produção
capitalista. E também o caso de Durkheim, para quem os “fatos sociais” são realidades independentes de outros
planos da existência humana, porém devendo ser analisados como um sistema que supõe uma totalidade
(BRASIL, 1999, p.320).
3
Para Durkheim, fatos sociais são maneiras de agir, pensar e sentir exteriores ao indivíduo, e dotadas de um
poder coercitivo.

Unidade III - O Que e Como Ensinar em Ciências Sociais 27


cautelosos, pois estudar normas e padrões, através do processo de socialização
não pode significar assumir uma postura de “naturalização” desses padrões vigentes
em nossa sociedade, pelo contrário, essa prática deve motivar uma reflexão que leve
ao aluno a entender o caráter de “construção cultural” dessas normas. Tendo em
vista que o conceito de cultura, elaborado em sua dimensão antropológica, surge
“enquanto um recurso teórico capaz de viabilizar uma atitude comparativa, através da
chamada observação participante, que nos permite compreender as relações entre
um conjunto de normas e outro conjunto diferente”. (BRASIL, op.cit., p.320)

Assim como a cultura, o seu conceito também é fruto da construção humana, e ao longo
da história da humanidade esse conceito tem variado, estando ligado à vertente e à
abordagem que se propõe a caracterizá-lo. De modo geral, este termo foi assumindo e
congregando vários significados ao longo do tempo: ele surgiu, provavelmente, ainda
na Idade Média, por volta do século XI, só que naquele comento cultura era sinônimo
de agricultura; como o movimento do Humanismo, no Renascimento por volta do
século XVI, o conceito passou a ser ligado à cultura do espírito; com a chegada do
movimento do Iluminismo no século XVIII, o termo recebeu a importância de o cultivo
em ciências, letras e artes; apenas no advento do século XIX, os pensadores começaram
a se preocupar em constituir um refinamento conceitual para cultura. A partir desse
momento “o termo pode ser entendido como civilização (Kultur, em alemão) ou ainda
como desenvolvimento mental e organizacional das sociedades (nos termos de E. F.
Tylor)” (BRASIL, op.cit., p.320).

Mas foi o florescer da sociedade de massas, sustentada nas transformações tecnológicas,


que efetivou a necessidade de reavaliar a funcionalidade deste conceito para uma
melhor compreensão da realidade social, no tocante aos estudos/questionamento
das ideologias, normas e tecnologias.

Neste contexto o trabalho passa ser uma categoria primordial para melhor
compreensão da cultura, valorizada “enquanto dimensão material envolvida na
regulação das relações sociais, que também gera significados, ou seja uma dimensão
conceitual. O trabalho é um fato cultural. Nesse sentido, tanto a produção quanto o
seu produto têm significado na cultura” (BRASIL, op.cit., p.320).

Pensando a cultura como uma teia de significado e resultante do trabalho humano, os


PCN de Sociologia escolheu o conceito de cultura definido pelo antropólogo Clifford
Geertz, como o que melhor pode nortear o nosso trabalho em sala de aula atualmente.
Nas palavras do autor,
o conceito de cultura que eu defendo, (...) é essencialmente semiótico.
Acreditando,como Max Weber, que o homem é um animal amarrado a
teias de significados que ele mesmo teceu, assumo a cultura como sendo
essas teias e sua análise; portanto, não como uma ciência experimental em

28 Módulo 5 - Didática aplicada à Sociologia Unidade II - O que ensinar em Física


busca de leis, mas como uma ciência interpretativa, à procura do significado
(GEERTZ, 1973, p.15).

Partido desta concepção de cultura é necessário mencionar o trabalho realizado pelo


sociólogo brasileiro Gilberto Velho, que procurou investigar o conceito como “áreas de
significado aberto”. Para ele, o termo é resultante das construções simbólicas de uma
dada sociedade, mas também não devemos esquecer-nos da atuação do indivíduo,
que edifica um “projeto” de acordo com as motivações sociais. Baseados nessa reflexão
ancorada nos princípios da Antropologia, devemos levar em conta as mudanças no
sistema social também como representações simbólicas, universo de valores que são
internalizados depois de socialmente legitimados.

Sendo assim, proporcionaríamos ao aluno a possibilidade de transpor


uma postura etnocêntrica (que produz atitudes preconceituosas e
discriminatórias, sobretudo ao lidar com as diferenças e com as minorias
sociais), tendo como referência a prática de relativizar a realidade social.
Nesse sentido, o saber antropológico nos fornece instrumentais de suma
importância que possibilitam modificar as relações interpessoais cotidianas.
Em suma, relativizar significa conviver com a diversidade de forma plena
e positiva. Isso implica compreender que o “alter” tem uma lógica própria
de percepção da realidade, que não pode ser desqualificada ou vista como
“superior” ou “inferior”, num mundo ainda marcado pela intolerância. E
este relativizar seria, dentro de nosso entendimento, um dos caminhos de
construção e consolidação da cidadania plena (BRASIL, 1999, p.322).

Os novos estudos de Antropologia também oferecem elementos teórico-


metodológicos para se investigar as sociedades complexas. Esses novos estudos
trabalham com as noções como experiências culturais, categoria responsável por
nortear os nossos padrões de vida social, rede de relações, papéis sociais, que são as
formas como nos percebemos, ou seja, é o processo de constituição das identidades
sociais, num estável fluxo, na maior parte das vezes etnocêntrico, de caracterizações/
diferenciações, entre “nós” e os “outros”.

Os PCN de Sociologia ainda salientam a necessidade do entendimento da complexidade


do conceito ideologia.

De tal maneira, pode-se tomar como ponto de partida para o entendimento


do conceito a concepção de ideologia em Marx, enquanto “um sistema de

Unidade III - O Que e Como Ensinar em Ciências Sociais 29


crenças ilusórias relacionadas a uma classe social determinada”. O discurso
da classe dominante sobre a realidade acaba prevalecendo, no sentido
de preservar certos privilégios. Sendo assim, considerando, de maneira
articulada, os vários conceitos discutidos no processo de aprendizagem,
o aluno teria elementos para entender a aplicabilidade e as limitações do
preceito de que “as idéias dominantes de uma época representam as idéias
da classe dominante” (BRASIL, op.cit., p.322).
Partido desse princípio, a reflexão acerca da ideologia deverá privilegiar o
questionamento da influência da indústria cultural, assim como dos meios de
comunicação de massa, que são elementos que acabam por transformarem os
indivíduos em consumidores compulsivos, promovendo assim a alienação e
consequentemente um menor valor da conscientização.

Se, por outro lado, a vida social pode ser entendida como um conjunto
de práticas (re)produzidas, analogicamente podemos tomar a vida social
como um tipo de linguagem. Em outros termos, como um sistema de
comunicação, de cuja constituição e atribuição de sentido participamos.
Sendo assim, a linguagem é falada por atores e utilizada como meio de
comunicação e interação, formando uma estrutura dotada de sentido
(BRASIL, op.cit., p, 322).

Cabe a Sociologia, portanto trabalhar em parcerias com todas as ciências da área de


Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, buscando uma definição e, consequentemente,
o entendimento para o conceito de instituição social, não como algo dado e sim como
um modelo imposto pela sociedade. “Peter e Brigite Berger analisam a linguagem
como sendo a instituição fundamental da sociedade, que permite a objetivação, a
interpretação e a justificação da realidade” (BRASIL, op.cit., p.322).

Se tomarmos como referência o pensamento de Emile Durkheim quando propôs uma


definição para o seu conceito chave fato social, vamos entender e fazer o nosso aluno
perceber as características fundamentais de uma instituição social: a exterioridade, a
objetividade, a coercitividade, a autoridade moral e a historicidade. Esse entendimento
permite um rico debate em sala de aula. Sendo possível levar o aluno a questionar os
papéis das instituições sociais no controle dos indivíduos, reforçando a ordem vigente.
É muito importante que o aluno perceba que refletir sobre a ordem social é tomar
partido quer seja pela manutenção da sociedade na qual ele está inserido, quer por
sua fragmentação.

A explicação da ordem social enfatiza a coerção – a ordem como produto


da ameaça ou uso concreto da coerção física, simbólica ou moral; os
interesses – a ordem como resultado de um contrato estabelecido entre os
homens; e os valores – a ordem como resultado do comprometimento com
determinados valores morais, estéticos e científicos, que interferem nas
condutas. Ao analisar as diferentes abordagens que envolvem a questão
da ordem, o educando deverá formar uma opinião política, teoricamente

30 Módulo 5 - Didática aplicada à Sociologia Unidade III - A Iniciação à Física (I)


subsidiada, em argumentos, categorias e conceitos. Um outro objetivo é
ampliar a concepção de política, entendida como algo também presente
no cotidiano, e permitir uma reflexão sobre as relações de poder, que
estruturam o contexto social brasileiro atual ( BRASIL, op.cit., p.323).

A preocupação com a noção de política é de extrema importância, uma vez que ela
gera no aluno a capacidade de tomada de decisões acerca dos problemas sociais
que afetam a sociedade na qual está inserido. Permitindo a esse aluno, por um lado,
compreender como o poder se mostra também nas relações sociais do dia a dia e nos
diversos grupos sociais com os quais ele mesmo se depara: a escola, a família, a fábrica
etc.. E por outro, evidencia o equívoco que é o de adotar uma postura que não valorize
ou negue a política enquanto uma prática socialmente válida, tendo-se em vista que,
para a maioria dos brasileiros, política é apenas engodo, enganação, corrupção. É
muito importante que o aluno perceba que negar a política seria contestar a lógica
da cidadania, tendo em vista que para uma cidadania seja efetiva é necessário que
os cidadãos participem dos diversos espaços da sociedade. Assim a Sociologia deve
contribuir para uma reflexão que busque identificar práticas políticas pautadas na
ética, muito embora a História do Brasil seja marcada por exemplos contrários, como
práticas paternalistas, clientelistas, fisiológicas, corrupção, abuso de poder, descaso
com a educação e a saúde do brasileiro, etc.

Faz-se mister discutir nas aulas de Sociologia o conceito de Estado; levar os alunos
a perceberem que o ser-homem é um ser histórico e cultural, portanto sua vida é
sempre conduzida por determinada ordem normativa e política. “Dentro do campo
do Direito, da Política e da própria Economia, o conceito de Estado aparece enquanto
uma instância que, ao mesmo tempo, racionaliza a distribuição do poder legítimo
dentro de uma nação e desenvolve sistemas econômicos complexos para distribuir
bens, muitas vezes de maneira desigual” (BRASIL, op.cit., p.323).

No tocante aos sistemas econômicos, as aulas de Sociologia devem proporcionar


reflexões que considerem a

atualidade de algumas proposições marxistas, como por exemplo, relações


sociais e condições objetivas de existência; historicidade das relações
sociais objetivas, de acordo com as condições materiais de existência, sendo
o modo de produção o limite que condiciona a estrutura social; a divisão
social do trabalho, a propriedade privada e a luta de classes como condições
objetivas que demarcam os modos-de-produção e as transformações
históricas; a função estrutural do Estado, da instância jurídica e ideológica,
enquanto formas de reprodução social; e, por fim, questões de método,
tais como objetividade e crítica e materialismo dialético (BRASIL, op.cit.,
p.323).

Uma boa teorização do conceito deve levar o aluno a entender o que é um Estado e

Unidade III - O Que e Como Ensinar em Ciências Sociais 31


qual a sua função, assim como se deu a sua origem e qual a sua finalidade. Comparando
o Estado brasileiro atual com as formas históricas de Estado, o Absolutista, o Liberal, o
Democrático, o Socialista, o Welfare-State (o do Bem- Estar) e o Neoliberal.

É muito importante que o professor de Sociologia provoque discussões em sala de aula


sobre alguns conceitos extremamente importantes para se entender o funcionamento
de um Estado. Esses conceitos são: a soberania, sua estrutura de funcionamento, os
sistemas de poder, as formas de governo no mundo atual, as características dos
diferentes regimes políticos. E, por fim, algumas questões relevantes no contexto
social brasileiro, tais como as relações entre o público e o privado e a dinâmica entre
centralização e descentralização do poder” (BRASIL, op.cit., p.324).

Historicamente, também, é muito importante a reflexão sobre a relação entre Estado


e sociedade, buscando compreender como são construídas na prática as múltiplas
formas de exercício da democracia, como é percebida a questão da legalidade e
da legitimidade do poder, os direitos dos cidadãos e suas diferentes formas de
participação política. Também não podemos negligenciar o papel extremamente
relevante dos movimentos sociais no processo histórico da construção da cidadania
brasileira. Principalmente nos dias atuais esses movimentos estão se constituindo
em canais importantes de diálogos com o poder público, podemos perceber essa
importância desde o movimento operário até os chamados “novos movimentos
sociais”, como é o caso dos movimentos feministas, ecológicos, pacifistas, etc..

A análise do cotidiano é de fundamental importância na Sociologia do Ensino Médio,


uma vez que os PCNs sinalizam para a necessidade do ensino partir das experiências
culturais dos alunos, objetivado a construção do conhecimento científico, levando
sempre em consideração que este tem uma natureza diferente da explicação do
senso comum. Uma vez que na construção do conhecimento científico sociológico
a análise da realidade deve ser pautada em princípios teóricos e metodológicos. De
acordo com a abordagem de Berger e Luckmann, a produção de conhecimento é um
processo que deve considerar a vida cotidiana, tendo como objetivo elaborar modelos

32 Módulo 5 - Didática aplicada à Sociologia Unidade III - A Iniciação à Física (I)


teóricos de explicação da realidade social: “A vida cotidiana apresenta-se como uma
realidade interpretada pelos homens e subjetivamente dotada de sentido para eles,
na medida em que forma um mundo coerente” (BERGER; LUCKMANN, apud BRASIL,
1999, p.324).

Partido dessa premissa, a realidade da vida cotidiana é construída através do processo


de interação, no qual a linguagem apresenta um papel fundamental em termos de
objetivação e subjetivação. A objetivação implica a exteriorização da realidade, a partir
da institucionalização (consolidação de um padrão pela tradição), da configuração de
papéis sociais (tipificação de formas de ação) e da legitimação dos universos simbólicos
e seus respectivos mecanismos de manutenção. A subjetivação implica a interiorização
da realidade, através do processo de socialização (BRASIL, op.cit., p.324).

cespeUnB
Centro de Seleção e de Promoção de Eventos

Para finalizarmos esta unidade, vá ao Ambiente Virtual de Aprendizagem e


responda ao questionário da Unidade 3.

Unidade III - O Que e Como Ensinar em Ciências Sociais 33


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. MEC/CNE. Orientações Curriculares Nacionais – Conhecimentos de


Sociologia. Brasília/DF, 2006.

GEERTZ, Clifford. A interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: Zahar,1973.

34 Módulo 5 - Didática aplicada à Sociologia Unidade III - A Iniciação à Física (I)


UNIDADE IV

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS NO ENSINO DE SOCIOLOGIA

Professor(a),
Na unidade anterior procuramos fazer uma reflexão sobre o que ensinar
e como ensinar Sociologia no Ensino Médio. Nesta unidade iremos
discutir alguns saberes necessários à prática educativa. Ser professor
é ser um artista apaixonado pelo que faz. A arte de ensinar requer
comprometimento, conhecimento, coragem, formação continuada,
capacidade de aprender a aprender, e muito amor, como diria o grande
educador Paulo Freire.

Moacir Gadotti ressalta que

Há consenso quando se afirma que nossa profissão deve abandonar a


concepção predominante no século XIX de mera transmissão do saber
escolar. O professor não pode ser um mero executor do currículo oficial e a
educação já não é mais propriedade da escola, mas de toda a comunidade.
O professor e a professora precisam assumir uma postura mais relacional,
dialógica, cultural, contextual e comunitária. Durante muito tempo a
formação do professor era baseada em “conteúdos objetivos”. Hoje o
domínio dos conteúdos de um saber específico (científico e pedagógico) é
considerado tão importante quanto as atitudes (conteúdos atitudinais ou
procedimentais) (GADOTTI, 2003, p.13).

Você já parou para pensar, que muito mais que saber Sociologia, a sociedade brasileira,
espera que nós, professores do século XXI assumamos os desafios de instrumentalizar
os nossos alunos para que sejam seres mais humanos, mais justos, mais éticos , enfim
que os eduquemos para vida, e que para isto são necessários novos saberes. “Entre
eles, saber planejar, saber organizar o currículo, saber pesquisa, estabelecer estratégias
para formar grupos, para resolver problemas, relacionar-se com a comunidade, exercer
atividades socioantropológicas, etc.” (GADOTTI, op.cit., p.14)

A mentalidade é o que muda mais lentamente em um povo, o professor do século


XXI recebeu uma formação “atrasada” baseada na transmissão do conhecimento, mas
precisa ensinar de acordo as mudanças do novo século, como praticar tal tarefa? Talvez
a educação continuada seja a alternativa mais acertada, pois

Essas mudanças essenciais para a formação inicial e continuada da(o)


professora(r) supõem uma nova cultura profissional. O maior desafio

Unidade IV - Competências e Habilidades a Serem Desenvolvidas no Ensino de Sociologia 35


desta profissão está na mudança de mentalidade que precisa ocorrer tanto
no profissional da educação quanto na sociedade e, principalmente, nos
sistemas de ensino. A noção de qualidade precisa mudar profundamente:
a competência profissional deve ser medida muito mais pela capacidade
do docente estabelecer relações com seus alunos e seus pares, pelo
exercício da liderança profissional e pela atuação comunitária, do que na
sua capacidade de “passar conteúdos” (GADOTTI, op.cit., p.14).

O autor é categórico ao afirmar que esse profissional deve desenvolver os


novos saberes, através de sua formação, pois

Em síntese, a nova formação do professor deve estar centrada na escola


sem ser unicamente escolar, sobre as práticas escolares dos professores,
desenvolver na prática um paradigma colaborativo e cooperativo entre
os profissionais da educação. A nova formação do professor deve basear-
se no diálogo e visar à redefinição de suas funções e papéis, à redefinição
do sistema de ensino e à construção continuada do projeto político-
pedagógica da escola. O próprio professor precisa construir também o seu
projeto político-pedagógico (GADOTTI, op.cit., p.18).

Na visão dos PCN do Ensino Médio Brasileiro, não existe uma dicotomia ente habilidade
e competências, elas se complementam, são duas faces de uma mesma moeda, são
inseparáveis na ação, embora exijam domínios de conhecimentos específicos. Nesta
direção, até o Dicionário de Língua Portuguesa assim define competência: “Qualidade
de quem é capaz de apreciar e resolver certo assunto, fazer determinada coisa;
capacidade, habilidade, aptidão, idoneidade” (AURÉLIO, 2003).

Partido desse princípio, pode-se pensar que as competências do professor deverão


ser constituídas por um conjunto de conhecimentos, atitudes, capacidades e aptidões
que o tornem um profissional do sentido. E, para essa prática educativa aconteça de
fato faz imperativo que ele desenvolva habilidades.

De acordo como o mesmo dicionário, habilidades são “notável desempenho e


elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou combinados:
capacidade intelectual geral, aptidão específica, pensamento criativo ou produtivo,
capacidade de liderança, talento especial para artes, e capacidade psicomotora”
(AURÉLIO, 2003).

As habilidades de um professor de Sociologia devem ser ligadas não somente ao saber-


conhecer, mas acima de tudo ao saber-convier e ao saber-ser. E suas competências
devem ser entendidas como capacidade mental, empreendimento de ação coerente
na execução de sua prática.

Trabalhar com a teoria das competências exige que os professores pratiquem uma
pedagogia diferenciada, buscando construir essas competências e as exercitar em

36 Módulo 5 - Didática aplicada à Sociologia


situações reais do seu cotidiano em sala de aula. Segundo Perrenoud (2000), as
principais competências exigidas do professor são:

A. Considerar os conhecimentos como recursos a serem mobilizados;


B. Trabalhar regularmente por problemas;
C. Criar ou utilizar outros meios de ensino;
D. Negociar e conduzir projetos com seus alunos;
E. Adotar um planejamento flexível e indicativo e improvisar;
F. Implementar e explicitar um novo contrato didático;
G. Praticar uma avaliação formadora em situação de trabalho;
H. Dirigir-se para uma menor compartimentação disciplinar.

Nesta direção a pesquisadora Nelcy Teresinha Lubi Finck, afirma em sua dissertação
de mestrado que:

Uma abordagem por competências determina o lugar dos conhecimentos


na ação: eles constituem recursos para identificar e resolver problemas, para
preparar e para tomar decisões. A formação de competências exige uma
pequena revolução cultural para passar de uma lógica do ensino para uma
lógica do treinamento, onde constroem se as competências exercitando-se
em situações complexas (FINCK, 2003, p. 34).

Um professor de Sociologia, guiado pela idéia de competência, deverá promover


situações que os alunos formulem metas, busquem resolver problemas, guie pelo
bom senso. Sem ser necessariamente um ativista este profissional deve estabelecer
uma prática que contemple a realidade de seu aluno.

Moacir Gadotti alerta que

Fala também muito hoje de competências profissionais do professor. Fala-se


menos de saberes. Virou moda falar de “novas competências” ou do “enfoque por
competências”, que lembra um pouco o debate da década de 80 entre “competência
técnica” e “compromisso político”. Como em toda moda, em toda ideologia, ela tem
um fundamento. Por isso, é preciso buscar, nesse “senso comum”, o “bom senso”,
como queria Antonio Gramsci. É preciso reconhecer que o contexto atual coloca novos
desafios para a escola, para o ensino, o professor, o aluno, etc. O professor precisa saber
organizar o seu trabalho e orientar o do aluno a organizar o seu, saber trabalhar em
equipe, participar da gestão da escola, envolver os pais, utilizar novas tecnologias, ser
ético, continuar sua formação... mas esses saberes não foram desde sempre os saberes
necessários à prática educativa?(GADOTTI, 2003, p.23)

Independente das questões conceituais aqui levantas pelos pesquisadores acerca dos
termos competência, habilidades e saberes, o professor de Sociologia do estado do

Unidade IV - Competências e Habilidades a Serem Desenvolvidas no Ensino de Sociologia 37


Ceará “precisa continuar, como sempre, “saber porque” está ensinando e o que está
ensinando, precisa “saber pensar” necessita associar ensino, pesquisa e envolvimento
comunitário” (GADOTTI, op.cit.,p.23).

t Identificar, analisar e comparar os diferentes


discursos sobre a realidade: as explicações das
Ciências Sociais, amparadas nos vários paradigmas
teóricos, e as do senso comum.
Representação e comunicação
t Produzir novos discursos sobre as diferentes
realidades sociais, a partir das
observações e reflexões realizadas.
t Construir instrumentos para uma melhor
compreensão da vida cotidiana, ampliando a “visão
de mundo” e o “horizonte de expectativas”, nas
relações interpessoais com os vários grupos sociais.

t Construir uma visão mais crítica da indústria cultural


e dos meios de comunicação de massa, avaliando o
papel ideológico do marketing enquanto estratégia
Investigação e compreensão
de persuasão do consumidor e do próprio eleitor.

t Compreender e valorizar as diferentes


manifestações culturais de etnias e segmentos
sociais, agindo de modo a preservar o direito à
diversidade, enquanto princípio estético, político e
ético que supera conflitos e tensões do mundo atual.

t Compreender as transformações no mundo do


trabalho e o novo perfil de qualificação exigida,
gerados por mudanças na ordem econômica.

Contextualização sociocultural t Construir a identidade social e política, de modo a


viabilizar o exercício da cidadania plena, no contexto
do Estado de Direito, atuando para que haja,
efetivamente, uma reciprocidade de direitos e
deveres entre o poder público e o cidadão e também
entre os diferentes grupos.
FONTE: (BRASIL, 1999, p.325)

SUGESTÃO DE COMO TRABALHAR EM AULAS DE SOCIOLOGIA

Prezado (a) Candidato transcrevemos aqui as principais sugestões das ORIENTAÇÕES


CURRICULARES PARA O ENSINO MÉDIO no que tange Práticas de ensino e recursos
didáticos, são elas:

38 Módulo 5 - Didática aplicada à Sociologia


Aula expositiva – Sempre que se pensa em aula, imediatamente se pensa
em aula expositiva. Na realidade, essa é a forma mais conhecida e praticada,
o que recentemente tem produzido críticas, sobretudo por parte dos que
defendem um “ensino ativo” e quase negam a necessidade da aula expositiva,
centralizando a aula no aluno, uma vez que concebem o aprendizado como
construção do sujeito – o aluno. Pois bem, a aula expositiva tem seu lugar ainda,
não naquela imagem da aula discursiva como magister dixit, “o mestre disse”, da
escolástica. Não há mais a preleção do mestre, ininterrupta, que ao fim recebe
os comentários, as dúvidas, as questões. Mesmo a aula expositiva é um diálogo.
Aliás, todo o trabalho – e a esperança – do professor é transformá-la num
diálogo, não pretendendo que seja o esclarecimento absoluto do tema do dia,
mas o levantamento de alguns pontos e a apresentação de algumas questões
que incentivem os alunos a perguntar. Pode ser também um discurso aberto,
aliás conscientemente aberto, para provocar a necessidade de questões.
A aula não se reduz à exposição por parte do professor. Há uma variedade
fenomênica de que as pessoas pouco se dão conta, mas que é praticada por boa
parte dos professores. Apenas a título de lembrança, seguem-se algumas citações:
seminário, estudo dirigido de texto, apresentação de vídeos, dramatização,
oficina, debate, leitura de textos, visita a museus, bibliotecas, centros culturais,
parques, estudos do meio, leitura de jornais e discussão das notícias, assembléia
de classe, série e escola, conselho de escola, etc. Tudo isso é praticado, mas ou
há uma estreiteza conceitual ou uma rotinização das práticas, de tal modo que
só se reconhece ou se pratica como aula, a expositiva.

Unidade IV - Competências e Habilidades a Serem Desenvolvidas no Ensino de Sociologia 39


Seminários – É certo que algumas dessas variações dependem de algum
cuidado porque senão também acabam sendo deturpadas no seu uso e têm
resultado muito aquém do esperado. É o caso dos seminários, que muitas
vezes são entendidos como uma forma de o professor descansar, pois eles são
realizados de modo que o mestre define vários temas sobre um determinado
assunto, divide a turma em tantos grupos quantos forem os temas e depois diz:
agora vocês procurem tudo o que existe sobre este tema e apresentem segundo
o calendário predeterminado. Assim, nos dias definidos, os grupos de alunos
trazem o que encontraram e “apresentam” o que “pesquisaram” para o conjunto
da sala. É preciso dizer que um seminário é algo completamente diferente e
requer um trabalho muito grande do professor. Ele deve organizar os grupos,
distribuir os temas, mas orientar cada um deles a respeito de uma bibliografia
mínima, analisar o material encontrado pelos grupos, estar presente, intervir
durante a apresentação e “fechar” o seminário. Dessa forma, o professor auxiliará
os alunos na produção e na apresentação do seminário, complementando o que
possivelmente tiver sido deixado de lado. Possibilitará aos alunos a oportunidade
de pesquisarem e de exporem um determinado tema, desenvolvendo uma
autonomia no processo e na exposição dos resultados da pesquisa.

Excursões, visitas a museus, parques ecológicos – É possível afirmar que


essas práticas são as mais marcantes para a vida do estudante. Guardam em
si a expectativa de se desviar completamente da rotina da sala de aula e de se
realizar uma experiência de aprendizado que jamais será esquecida. A escola
que puder propiciar a seus alunos esse tipo de experiência deve fazê-lo. Mas
quando o custo da excursão é impraticável, uma simples caminhada ao redor do
quarteirão ou pelas ruas do bairro da escola, se forem levados em conta aqueles

40 Módulo 5 - Didática aplicada à Sociologia


procedimentos críticos de estranhamento e desnaturalização, pode guardar
riquezas visuais interessantíssimas e capazes de propiciar discussões voltadas
para a questão dos direitos e dos deveres do cidadão, a preservação ambiental,
as políticas públicas, a cultura, enfim, um leque de possibilidades voltadas aos
objetivos da Sociologia no ensino médio.

Leitura e análise de textos – Os textos sociológicos (acadêmicos ou didáticos), de


autores ou de comentadores, devem servir de suporte para o desenvolvimento
de um tema, ou para a exposição e análise de teorias, ou, ainda, para a explicação
de conceitos. Eles não “falam” por si sós, dependem de ser contextualizados e
analisados no conjunto da obra do autor, precisando da mediação do professor.
Ou seja, os alunos precisam saber quem escreveu, quando e em vista do que foi
escrito o texto, a fim de que este não seja tomado como verdade nem tenha a
função mágica de dizer tudo sobre um assunto. A leitura e a interpretação do
texto devem ser encaminhadas pelo professor, despertando no aluno o hábito
da leitura, a percepção da historicidade e a vontade de dizer algo também
sobre o autor e o tema abordado, sentindo-se convidado a participar de uma
“comunidade”.

Cinema, vídeo ou DVD, e TV – Entende-se aqui o ensino visual em dois níveis, que
não podem ser separados sob pena de se perderem os frutos quando tratados
parcialmente. Por um lado, quando se passa um vídeo ou DVD (filme de ficção
ou documentário), tem-se a ilustração, o exemplo para a ação, o entretenimento
e até o poder catártico que pode provocar a visão de um fato reconstruído pela
sua representação – atualização. Por outro, tem-se o “estudo” dessa ilustração,
da ressurreição, do entretenimento e da catarse, da representação do fato, isto
é, a análise e a interpretação da mensagem e do meio.
Trazer a TV ou o cinema para a sala de aula não é apenas buscar um novo

Unidade IV - Competências e Habilidades a Serem Desenvolvidas no Ensino de Sociologia 41


recurso metodológico ou tecnologia de ensino adequados aos nossos dias,
mais palatáveis para os alunos – e o público –, que são condicionados mais a
ver do que a ouvir, que têm a imagem como fonte do conhecimento de quase
tudo. Trazer a TV e o cinema para a sala de aula é submeter esses recursos a
procedimentos escolares – estranhamento e desnaturalização.
Não se pode entender uma “educação para a vida”, de que tantos falam, como
simples reiteração dos fatos da vida na escola, isto é, repetição dos fatos da vida
e vagos comentários – clichês convencionados – acerca desses. Não é porque
se fala de problemas sociais e políticos na escola – corrupção, fome, favela,
desemprego,etc. – que se está cumprindo essa obrigação de trazer a vida para
a escola e com isso “preparar para a vida”. Do mesmo modo, a TV e o cinema na
escola têm essa dupla disposição: entrar e se chocar com as formas tradicionais
do ensino, incorporando as imagens ao ensino predominantemente auditivo;
mas entrar na escola para sair de outro modo: sair da escola para se chocar com
as formas convencionais da assistência. Assim como os diversos aspectos da
vida entram na escola na forma de disciplinas – Sociologia, História, Geografia,
Física, Língua, etc. – e sofrem aí uma releitura científica, passando a constituir
uma visão de mundo, uma perspectiva diante da vida, a formação do homem

42 Módulo 5 - Didática aplicada à Sociologia


não pode ocorrer como se quer – crítica e cidadã – se não concorrer para uma
perspectiva crítica e cidadã dos meios de comunicação. Ver TV e filmes em sala
de aula é rever a forma de vê-los na sala de estar, de jantar ou nos quartos de
casa e nas salas de cinema dos shopping centers. Aqui, um recurso didático
favorece a discussão de um tema, os meios de comunicação de massa, enão
pode ser tratado separadamente.
O uso de filmes na escola tem sido realizado segundo a necessidade de
inovação dos recursos didáticos,e o filme como objeto de análise, e portanto
como reflexão sobre a realidade – uma modalidade de pensamento– tem se
reduzido a pesquisas acadêmicas e à crítica de jornais. Assim, não se visa apenas
a reforçar, legitimando, a incorporação de uma nova tecnologia de ensino – a
TV, o vídeo e o DVD, o cinema – à sala de aula. Pretendemos levar a uma reflexão
sobre o uso do filme como recurso e observar seus efeitos e defeitos; pois aqui,
diferentemente do que se diz sobre a TV de modo geral – que o meio é neutro
e que tudo depende das intenções de quem o usa –, acredita-se que o próprio
meio também “é uma mensagem”, porque os elementos de sua constituição, no
caso do filme, já determinam a sua recepção.
Fotografia – As imagens fotográficas estão presentes na vida desde cedo.Hoje
muito mais com máquinas fotográficas digitais, presentes em todos os lugares.
Mas as fotografias estão também no passado. Quantas vezes, ao se reunir com a
família ou os amigos, surge um álbum de fotografias, onde estão registrados os
primeiros momentos e passos na vida, a vida dos pais, parentes e amigos, que
permitem analisar fenômenos do universo privado. Mas a fotografa pode ser
utilizada também para analisar fenômenos sociais públicos, como manifestações
coletivas, situações políticas e sociais importantes, presentes em revistas, jornais
ou coleções fotográficas de órgãos públicos, sindicatos e associações, que podem
esclarecer muito do que aconteceu no país. As fotografias não são documentos
neutros: sempre expressam o olhar do fotógrafo e o que ele quis documentar.
Assim, funcionam como uma espécie de testemunho de alguém que se dispôs
a tornar perene momentos da vida privada ou social de uma pessoa, grupo ou
classe, do ponto de vista doméstico, local, regional, nacional ou internacional.
O uso da fotografia em sala de aula requer alguns cuidados para sua análise.A autoria
e a data são sempre importantes. Elas informam cenários,personagens,roupas
e acontecimentos que permitem contextualizar a época a que se referem.
Integram um sistema simbólico e os códigos culturais de um determinado
momento histórico. É necessário, portanto, estar atento a esses aspectos para
entender as fotografias.

Unidade IV - Competências e Habilidades a Serem Desenvolvidas no Ensino de Sociologia 43


Charges, cartuns e tiras – Encontrados quase diariamente nos jornais e nas
revistas, são dispositivos visuais gráficos que veiculam e discutem aspectos da
realidade social, apresentando-a de forma crítica e com muito humor. Mas as
charges, os cartuns e as tiras não são todos iguais. Existem alguns que apenas
apresentam uma situação engraçada ou procuram fazer rir. Outros, entretanto,
podem fazer rir, mas também fazem pensar sobre o tema ou a realidade que
apresentam. É esse tipo de humor gráfico que interessa ao professor que quer
introduzir uma determinada questão, seja conceitual ou temática. Ao projetar
em sala de aula uma charge ou tira de humor, é bem possível que os alunos se
sintam instigados a saber o porquê de o professor fazer aquilo. A partir dessa
situação, já se cria um ambiente para colocar em pauta o que se pretendia discutir
naquela aula. Aí começa a motivação, e a imagem projetada serve de estímulo.
Inicia-se, então, uma segunda parte, que é analisar a imagem, seus elementos,
por que provoca o riso, de que modo esse discurso se aproxima e se distancia
do discurso sociológico, como a “deformação” sugerida pela imagem acerca da
realidade representa uma realidade em si mesma “deformada” (BRASIL.MEC/
SEB, 2006,pp127 -132).

44 Módulo 5 - Didática aplicada à Sociologia


Caro(a) professor(a), baseado em nossa prática de 25 anos de sala de aula na condição
de professora, vamos apresentar algumas sugestões de aulas com a disciplina de
Sociologia. São apenas sugestões, em momento algum tem a pretensão de “ser
receitas de como dar aula”.

Acreditamos que o primeiro contato dos alunos com a Sociologia tem que ser um
momento marcante e carregado de significados, para que esse aluno possa gostar da
disciplina e principalmente compreender a importância do conteúdo na sua vida e na
sua formação.

Utilizando o cinema em sala de aula

DICAS DE COMO TRABALHAR COM FILMES EM SALA DE AULA

Depois de uma sensibilização sobre a importância dos estudos da Sociologia, faça


a exibição do filme “OS MISERÁVEIS”. Dirigido por Billie August, rodado nos Estados
Unidos em 1998, com roteiro baseado na obra homônima de Victor Hugo. Essa obra
destaca a situação social francesa no século XIX, uma história cheia de críticas sociais,
por isso é fundamental a noção comparativa do filme com a realidade.

O uso do cinema vem crescendo como um grande aliado em sala de aula, no entanto,
é necessário que o professor faça um bom planejamento de suas aulas, estabeleça
os objetivos, negocie a avaliação, enfim deixe claro todo o processo de produção do
conhecimento a partir da exibição do filme.

Segundo Martins (2007), algumas situações devem ser evitadas em sala de aula:

• Vídeo-tapa buraco: é quando a escola exibe um filme quando acontece um


problema inesperado, exemplo a ausência do professor. A princípio pode parecer
a solução, mas se usado com frequência desvaloriza o uso do cinema e provoca
a associação, na cabeça do aluno, de que ver um filme é não ter aula.
• Vídeo-enrolação: é quando um professor exibe um filme que não tem ligação
como o seu conteúdo. Rapidamente os alunos percebem que o vídeo é usado
como forma de camuflar a aula.
• Vídeo-deslumbramento: é quando o professor que acabou de descobrir o
uso do cinema em sala de aula, se empolgou e passa vídeo em todas as aulas,
esquecendo outras dinâmicas também importantes para a construção do
conhecimento. O uso elevado do cinema acaba por banalizar a metodologia e
consequentemente diminuindo a sua eficácia.

Unidade IV - Competências e Habilidades a Serem Desenvolvidas no Ensino de Sociologia 45


Obs: Nunca exiba um filme sem deixar claro quais são seus objetivos, sem provocar um
debate com seus alunos e principalmente sem voltar para avaliá-los.

Antes da exibição

• Motivar os alunos para a importância do cinema na construção do


conhecimento;
• Informar apenas a ficha técnica do filme (diretor, duração, prêmios, atores,
onde foi filmado, quando). Evite fazer interpretações antes da exibição, não pré-
julgar (para que cada aluno possa fazer a sua leitura);
• O professor necessariamente tem que conhecer o filme que será trabalhado;
• Nada pode ser improvisado, portanto é importante a organização técnica.
Elementos muito simples podem transformar uma aula com filme em um sucesso
ou em um fracasso. É muito importante verificar a sala de projeção, a iluminação,
as cadeiras necessárias para os alunos, deixar o filme no ponto antes da exibição
(quando for fita), certificar-se de o aparelho faz a leitura quando for DVD;
• Verificar com antecedência e fazer os ajustes do som (volume), o canal de
exibição, o tracking (a regulagem de gravação);

Nesta perspectiva (MARTINS, 2007, p.08) alerta que a “seleção é um processo que
implica algumas decisões. Adequação do conteúdo do filme ao tema da aula, custos
de aluguel de fitas; acesso às locadoras com títulos adequados e o conflito com o
“gosto” dos alunos. Outro aspecto a ser considerado é compatibilizar o tempo de aula
(50 minutos) com a duração do filme (duas horas).”

Durante a exibição

• Procure anotar as cenas mais relevantes para o conteúdo estudado,


estabelecendo o máximo possível de conexões com a Sociologia;
• Se considerar muito importante para a compreensão dos alunos, poderão
ser feitas pequenas pausas na exibição do filme para comentários breves. No
entanto é necessário que o tempo de interrupção não seja logo, pois os alunos
ficam ansiosos para verem o final do filme.

Depois da Exibição

• O professor deverá promover um debate envolvendo toda a turma, deverá


fazer questionamentos instigantes para que todos possam participar. Pergunte
sobre o conteúdo do filme e qual a sua relação com a Sociologia.
• O professor deverá ouvir as posições dos alunos primeiro, posteriormente

46 Módulo 5 - Didática aplicada à Sociologia


poderá então se posicionar com suas observações salientando convergências
e divergências oferecidas pelo filme. Torna-se extremamente importante
que o professor alerte aos alunos sobre a constituição da linguagem do
cinema, lembrando que ele possui elementos específicos que o caracterizam:
enquadramentos (planos e angulações), roteiro, sons (diálogos, música e ruídos),
fotografia, personagens, direção de arte, entre outros.
De acordo com (MARTINS, 2007, p.08)

O uso de filmes em sala de aula não tem como propósito a busca de


correspondência entre fatos e representações imagéticas. Deve-se pensar
que filmes são um modo pelo qual pessoas, no caso, cineastas, expressam
suas idéias, concepções de mundo sobre temas, problemas da realidade,
gerando um outro modo de conhecer que é dado através da maneira como
as sociedades se produzem visualmente.

Avaliação

Uma das formas de avaliação extremamente profícua é a produção de um


conhecimento sociológico feito por meio da construção de um jornal escrito.

Pode ser sugerido aos alunos que assumam a posição de repórteres e entrevistem os
principais personagens do filme Os Miseráveis. Perguntas podem ser sugeridas: tais
como as origens dos personagens, como eles se sentem em relação ao trabalho nas
fábricas, a questão da carga horária diária de trabalho, a discriminação contra a mulher,
a forma de tratamento as crianças, as doenças, a prostituição a criminalidade, a revolta
dos operários, as idéias revolucionárias. Enfim eles devem reconstruir o contexto social
da obra. É muito importante que o aluno contextualize o filme com o nascimento da
Sociologia, sempre refletindo sobre a questão da estratificação social, a questão da
legalidade e da legitimidade do poder, os direitos dos cidadãos e suas diferentes
formas de participação política no contexto retratado na obra.

Unidade IV - Competências e Habilidades a Serem Desenvolvidas no Ensino de Sociologia 47


Possibilidades do uso do jornal nas aulas de Sociologia

Jor
nal
da
Pod Com
aos e ser
que aluno ugeri
s
uni
a p assum s
osiç
do
dad
e
rep
ó ão am fáb
ri
ent rt e d e da cas, a
rev res e c
diá arga ques
os p iste h t
ri
pers rincip m a d a de orária ão
o n a is iscri trab
do con min alh da
fi age o
Mis lme O ns a fo tra a m ação o, imp bra. É
Perg eráveis s trat rma d ulher, que ortan muito
e t
ser unta . as c amen con o alu e
s t n
com sugeri pode as d riança o fille textua o
dos o as o das: t m pro oença s, do gitim lize o
a p id
com perso rigen is crim stituiç s, a dir oder, ade
s e
sen o ele nagen a re inalid ão a cid itos d os
s a
ao tem e se s, ope volta ade, dife dãos os
trab m re
alh rev rários dos retra recon e sua
o n lação o
Enfi lucio as idé
, obra tado texto
s
as n na
rec m ele árias ias .
o s .
con nstru deve
tex ir m
to s o
ocia
l

Outro recurso que muito pode auxiliar o professor de Sociologia no Ensino Médio é
a utilização do jornal em sala de aula. O uso do jornal na sala de aula vem crescendo
paulatinamente e se afirmando como uma prática comprovadamente útil no
desenvolvimento de um processo pedagógico comprometido com a cidadania. Se
a escola precisa proporcionar aos alunos a compreensão da sociedade, seus modos
e seus costumes, o jornal se torna uma ferramenta extremamente importante para
anunciar uma leitura da realidade social, seu desenvolvimento, suas contradições e
suas necessidades.

A utilização do jornal é uma maneira de as aulas de Sociologia traduzirem as questões do


mundo atual, que nem sempre ficam tão claras nas teorias e na exposição do professor.
Ao abordar uma leitura dos fatos que converte em notícia, promove-se a compreensão
das coisas do mundo, fazendo que os alunos se percebam como cidadãos, agentes de
suas próprias histórias e, consequentemente, inseridos neste mundo atual.

Na prática da utilização do jornal em sala de aula é possível perceber maior interesse


e participação dos alunos, por se sentirem inseridos no contexto das notícias e
consequentemente terem uma relação mais imediata entre as teorias sociológicas e a
sua realidade.

Um dos conteúdos preconizados no PCN de Sociologia é a análise do cotidiano em


sala de aula. Dessa forma, a utilização do jornal além de criar o hábito da leitura, incita
o desenvolvimento da opinião, a crítica e afasta-se o mito de que Sociologia não faz
parte do cotidiano do aluno. Outro ponto a ser destacado na utilização do jornal em sala
de aula é a possibilidade de seu emprego como fonte para trabalhos interdisciplinares
uma vez que ele abrange vários conteúdos.

O jornal, como ferramenta pedagógica, traz uma visão aberta e atualizada, um espaço
de divulgação de idéias, de comunicação de opinião e interesses e tem contorno

48 Módulo 5 - Didática aplicada à Sociologia


multidisciplinar e interdisciplinar. O jornal reflete o jogo de interesses da sociedade
e o aluno se torna capaz de dimensionar em que sociedade está vivendo e
convivendo. O jornal é uma admirável ferramenta pedagógica porque conduz até
a sala de aula a sociedade e suas necessidades reais. O professor necessita também
favorecer o intercâmbio do aluno com a realidade social cotidiana e ocasionar o
acompanhamento

das notícias publicadas nos jornais.

Normalmente, o jornal ajuíza os valores, a ética, a cidadania, por meio dos mais diversos
temas e se constituindo assim um aparelho admirável para o aluno se perceber e se
introduzir na vida social, através dessa ferramenta de comunicação. Sem mencionar
que o uso do jornal na sala de aula acolhe o que preconiza os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs), pois os assuntos abordados podem subsidiar o trabalho como os
temas transversais, enfatizando-se, por exemplo, a questão da ética e da cidadania
nos enfoques e tendências, que dão aos fatos e notícias. É possível ensinar por meio
da utilização do jornal, a leitura, a interpretação das matérias publicadas sob um
olhar reflexivo e crítico, levando aos alunos a se posicionar no mundo atual como um
cidadão crítico e participativo.

cespeUnB
Centro de Seleção e de Promoção de Eventos

Chegamos ao final do nosso módulo. Finalizando nossas atividades,


participe do Fórum da Unidade 4 no Ambiente Virtual de Aprendizagem.

Unidade IV - Competências e Habilidades a Serem Desenvolvidas no Ensino de Sociologia 49


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, Rubens. O Educador além do seu tempo. Disponível em: <http://www.


revelacaoonline.uniube.br/a2002/educacao/educador.html>. Acesso em: 25 jul. 2007.

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Educação Média e Tecnológica.


Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: MEC/SENTEC, 1999.

BRASIL. MEC/CNE. Orientações Curriculares Nacionais – Conhecimentos de


Sociologia. Brasília/DF, 2006.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa – séc.


XXI. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003. (versão digital)

FINCK, Nelcy Teresinha Lubi. Competências e habilidades relevantes no corpo


docente: estudo de caso. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina.
Dissertação de Mestrado, 2003.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia- saberes necessários à prática educativa.


18.ed. São Paulo: Paz e Terra, 2001.

DEMO, P. Sociologia: uma introdução crítica. 2ed. São Paulo: Atlas, 1995.

GADOTTI, Moacir. Boniteza de um sonho: Ensinar-e-aprender com sentido. São


Paulo: GRUBHAS, 2003.

GEERTZ, Clifford. A interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: Zahar,1973.

GIDDENS, A, Sociologia. 4. ed. Porto Alegre: Artmed,2005

MARTINS, Ana Lucia Lucas. Cinema e Ensino de Sociologia: usos de filmes em sala
de aula.In: XIII Congresso Brasileiro de Sociologia -29 de maio a 1 de junho de 2007
UFPE, Recife (PE). Disponível em: http://www.sbsociologia.com.br/congresso_v02/
papers/GT9%20Ensino%20de%20Sociologia/Cinema_e_Ensino_de_Sociologia-_SBS-
2007.pdf>. Acesso em: 10 nov. 2009.

MARTINS, Carlos Benedito. O que é sociologia. 68. ed. São Paulo : Brasiliense, 2006.
(Primeiros Passos : 57)

PERISSÉ, Gabriel. A arte de ensinar. São Paulo, 2004.

PERRENOUD, Philipe. 10 novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.

50 Módulo 5 - Didática aplicada à Sociologia

Potrebbero piacerti anche