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CAPITULO I
CAPITULO II
Não cumprimento- é a não realização da prestação devida, por causa imputável ao devedor, sem
que se verifique qualquer causa de extinção da obrigação.
Em ambos os casos se verifica a não realização da prestação por causa imputável ao devedor,
sendo que no incumprimento, a realização da prestação ainda é possível no momento do
cumprimento, mas esta não vem a ocorrer por culpa do devedor, enquanto que na
impossibilidade culposa já não é possível realizar a prestação no momento do cumprimento,
sendo que tal se deve á culpa do devedor.
O não cumprimento pode ser definitivo ou temporário A prestação não foi realizada no
momento devido, mas ainda é
possível a sua realização através
Quando já não é concebível do cumprimento retardado, nesse
Não cumprimento temporário a caso:
realização da prestação ou porque:
- SeMora do devedor
impossibilitou (impossibilidade - Sendo o atraso imputável ao
do cumprimento) devedor (mora do devedor) o
804º nº2- consiste na situação em que a prestação ainda é possível,credor
mas não foiexigir
pode realizada
a no
-o tempo
credor devido,
perdeu por
o interesse nela ao devedor.
facto imputável indemnização, mas apenas pelo
(incumprimento definitivo). atraso da prestação, já que
Para ocorrer mora é necessário: mantem o seu direito á prestação
em falta.
- a prestação seja ainda possível ou seja é necessário que ainda seja possível realizar a
- Se o atraso for devido ao credor
prestação em data futura. É por este motivo que em certo tipo de obrigações não é possível
(mora do credor), a
cabe-lhe
suportareosdiretamente
ocorrência de mora, visto que leva á violação do vinculo obrigacional riscos e despesas
ao
resultantes.
incumprimento definitivo. (obrigação de conteúdo negativo art.808º).
- Depende de a prestação não ter sido realizada no tempo devido.
A regra é a que as obrigações são puras, ou seja, não tem prazo estipulado, cabendo a qualquer
das partes determinar o momento do cumprimento. ( art 777º nº1). O devedor só fica
constituído em mora depois de ter sido judicialmente ou extrajudicialmente interpelado para
cumprir (art805º)
Há no entanto casos em que a mora do devedor depende apena de fatores objetivos, e torna-
se irrelevante a existência ou não de interpelação pelo credor.
Obrigação ter prazo certo- se a obrigação tiver um certo prazo, a interpelação torna-se
desnecessário, uma vez que de acordo com o art.805º nº2 o decurso do prazo acarreta,
só por si, o vencimento da obrigação.
Mesmo tendo sido estipulado prazo certo, se estivermos perante as obrigações de
colocação, o simples decurso desse prazo não basta para constituir o devedor em mora,
na medida em que o cumprimento pressupõe uma atividade do credor, que tem que se
deslocar ao local onde deveria receber a prestação. Apenas nas obrigações de entrega
ou de envio, a simples omissão da prestação pelo devedor no decurso do prazo
determina a constituição em mora.
Se a obrigação provier de facto ilícito- 805º nº2 b), uma vez que se o devedor tiver
praticado um ilícito a regra é de que deve imediatamente proceder á reparação das suas
consequências, independentemente de interpelação, contando-se por isso, a mora
desde a data da prática do facto ilícito.
Em qualquer destas situações, o art.805º nº3 exige que para que ocorra uma situação
de mora que a obrigação seja liquida, ou seja, que o seu quantitativo já se encontre
determinado, uma vez que enquanto tal não suceder, a mora não se verifica. Esta
solução só é quebrada em algumas circunstâncias.
- a falta de liquidez ser imputável ao devedor, caso em que não deixa de se considerar
verificada a mora para evitar que o devedor beneficie de uma situação pela qual ele
próprio é responsável.
-situação de responsabilidade p0or facto ilícito ou mora a partir da citação para a ação
de responsabilidade, a menos que já ocorra mora com base na situação anterior.
Nos prejuízos- que não teriam ocorrido se a obrigação tivesse sido cumprida em tempo.
Caberá ao credor demonstrar que suportou danos com a não realização pontual da prestação.
No entanto tratando-se de obrigações pecuniárias, a lei resolve fixar legalmente uma tarifa
indemnizatória por considerar o dano como necessariamente equivalente á perda da
remuneração habitual do capital durante esse período, o juro. Art 806º no caso das obrigações
pecuniárias, a indeminização corresponde aos juros desde a data da constituição em mora (juros
moratórios), não se permitindo ao credor a exigência de qualquer outra indeminização, e
dispensando-o da prova dos requisitos do dano e do nexo de causalidade entre o facto e o dano.
No entanto as partes podem ter estipulado como remuneração do capital um juro mais elevado
ou um juro moratório diferente do legal, sendo essa nesse caso a taxa aplicável (art806º nº1).
No caso porém de responsabilidade por facto ilícito ou pelo risco, concede-se ao credor a
possibilidade de provar que a mora lhe causou o dano superior a estes juros e exigir a
indeminização correspondente.
Nos contratos reais, o risco pela perda ou deterioração da coisa p0or causa não imputável ao
alienante corre por conta do adquirente (art796º nº1), pelo que o devedor, em caso de
prestação de coisa, fica exonerado se se verificar a sua perda ou deterioração, mantendo-o o
credor o dever de efetuar a contraprestação.
No caso de venda de determinado objeto, a lei faz correr o risco por conta do comprador
a partir da data da celebração do contrato (art 796º nº1 e 408º nº1), se a coisa perecer
ou se deteriorar casualmente, o vendedor fica exonerado de proceder á sua entrega e
o comprador continua a ter de pagar o preço correspondente.
Estando o vendedor em mora, o risco inverte-se pelo que ele terá de indemnizar o
credor caso se verifique a perda ou deterioração do objeto que deveria entregar (art
807º nº1), a menos que demonstre que o dano se teria continuado a verificar, mesmo
que a obrigação tivesse sido cumprida em tempo (art807º nº2).
-Quando esta não é realizada num prazo suplementar qye seja razoavelmente fixado
pelo credor- o credor mantem o interesse na realização da prestação, não obstante a
mora, mas apesar disso não se considera justificado admitir a possibilidade de
eternização da situação. O credor tem a faculdade de determinar a transformação da
mora em incumprimento definitivo, através da fixação, em termos razoáveis, de um
prazo suplementar de cumprimento, com a advertência de que a obrigação se terá p0or
definitivamente incumprida apos o decurso deste (INTIMIDAÇÃO ADMONITÓRIA). Caso
este não seja respeitado pelo devedor, importará então o incumprimento definitivo da
obrigação.
A realização da prestação não é possível sem que ocorra uma colaboração do credor.
Assim nas prestações de coisa o credor tem sempre que aceitar a prestação, podendo
mesmo ter que ir ou mandar recebe-la, quando esta não é efetuada no seu domicílio.
Em certos casos de prestação de facto positivo, o credor pode ter que fornecer ao
devedor os meios necessários para que o devedor preste o serviço. Noutras situações
pode-lhe ser atribuída a faculdade de determinar a prestação (art.400º). se o devedor
assim o solicitar é obrigatório a prestação de quitação no momento de da receção da
prestação (art 787º nº2).
Ora nessas situações em que o cumprimento da obrigação pressupõe a colaboração do credor,
a não realização dessa colaboração por parte dele importa a constituição do credor em mora
(art.813º), uma vez que a não realização da prestação pelo devedor nessas circunstancias não
lhe pode ser imputada.
A lei já não exige que a mora do credor seja devida a culpa deste, os efeitos com a mora do
credor são independentes de culpa, já que, se não se impõe ao credor um dever de colaborar
no cumprimento, também não se exige que a sua omissão da colaboração seja censurável. Caso
se torne impossível ao credor prestar a colaboração necessária para o cumprimento, não deverá
ser aplicado o regime da impossibilidade da prestação (art.790º e ss). Mas antes o da mora do
credor (art.813º e ss).
FALTA A DOUTRINA
O credor é obrigado a indemnizar o devedor das maiores despesas que este seja obrigado a fazer
com o oferecimento infrutífero da prestação e a guarda e conservação do respectivo objeto
(art816º). Visto que não se pode considerar que o credor tenha o dever de aceitar a prestação,
esta obrigação não tem por fonte um facto ilícito por este praticado, seja de natureza contratual
ou extracontratual.
Assim a lei estabelece um padrão de diligencia quase nulo do devedor, em caso de mora
do credor, estabelecendo que ele não responde por negligencia, mas apenas pela sua
atuação intencional. E não se aplicará o disposto no art 799º cabendo antes ao credor
em mora demonstrar que o devedor atuou intencionalmente na destruição ou
deterioração do objeto da prestação.
É a inversão do risco pela impossibilidade superveniente da prestação, quando esse risco resulte
de facto não imputável a dolo ao devedor (art.815º). Regra geral, o risco da impossibilidade
superveniente da prestação já é atribuído ao credor, ficando o devedor exonerado se a
prestação se impossibilitar por causa que não lhe seja imputável (art.790º nº1).
Em certos casos no entanto, a lei atribui esse risco ao devedor (art.796º nº2), continuando assim
este vinculado à obrigação, apesar de se verificar a impossibilidade superveniente da prestação
por causa que não lhe seja imputável. (art.801º nº1).
II. Consignação em depósito- em caso de prestação de coisa, a lei prevê que o devedor
possa exonerar-se através da consignação em deposito da conta devida. 8art 841º). A
obrigação considera-se extinta a partrir da data do deposito se este não foi impugnado
ou o tribunal julga improceder a impugnação.
Não sendo possível a consignação em deposito e não dando o credor indícios de alterar a sua
posição de não realização sa colaboração necessária ao cumprimento?
- por analogia ao art 808º e com o art411º, deve-se admitir que o devedor possa requerer ao
tribunal que fixe um prazo para o credor colaborar no cumprimento, sob pena de a obrigação
se considerar extinta.
III. No caso em que a prestação esta determinada impreterivelmente para uma certa
localização temporal. EX: o professor que tem que ir a casa do credor dar uma lição
numa certa data a uma certa hora. A mora do credor deve acarretar a automática
extinção da obrigação. Ao se limitar a prestação temporalmente a um certo momento,
atribui-se ao credor o risco da sua não utilização, pelo que a mora do credor acarreta
automaticamente a extinção do seu direito á contraprestação (art. 815º nº2), ainda que
possa ter nela um benefícios obtido com a exoneração.
Incumprimento definitivo
Verifica-se quando o devedor não realiza a obrigação no tempo devido por facto que lhe é
imputável, mas já não lhe é permitida a sua realização, em virtude de o credor ter perdido o
interesse na prestação ou ter fiado após a mora, um prazo suplementar de cumprimento que o
devedor desrespeitou (art.808º).
Consequências
Pressupostos
Culpa- para que o devedor se constitua em responsabilidade, a sua falta de cumprimento tem
que ser culposa . (art 798º), ainda que a culpa do devedor se presuma (art 799º nº1). Caberá
portanto ao devedor demonstrar que não teve culpa na violação obrigacional, o que sucederá
sempre que esse não cumprimento seja devido a facto do credor, de terceiro, ou caso fortuito
de força maior. Também aqui a culpa pode revestir a forma de dolo ou negligência, haverá dolo
e o devedor não visar diretamente o incumprimento, mas soube que ele será consequência
necessária da sua conduta (dolo necessário), haverá ainda dolo no caso de o devedor atuar,
conformando-se com a possibilidade da verificação do incumprimento (dolo eventual), e caso o
devedor vise intencionalmente o incumprimento (dolo direto). Quanto á negligencia esta
existirá sempre que o devedor represente a possibilidade de ocorrência do incumprimento, mas
atue sem se conformar com a sua verificação.
No entanto em certos casos a lei limita a responsabilidade do devedor ao dolo, como sucede na
hipótese de ocorrência de mora do credor (814º 815º), ou no âmbito dos contratos gratuitos de
que são exemplo, o regime de responsabilidade do doador (956º e 957) do comodante ( 1134º),
ou do mutuante a titulo gratuito (1151º).
Nexo de causalidade- art 798º exige um nexo de causalidade entre o facto e o dano na
responsabilidade obrigacional. As regras para o estabelecimento do nexo de casualidade são
exatamente as mesmas que vigoram no âmbito da responsabilidade delitual, uma vê que o art
563º é igualmente aplicável a esta sede.
Em principio a responsabilidade do devedor cessa sempre que este se demostrar que o facto é
imputável a terceiro, uma vez que nesse caso não se pode considerar que ele tenha atuados
com culpa na violação da sua obrigação (art 799º nº1).
Não seria correto no entanto, que essa regra se aplicasse sempre que o terceiro fosse um
representante legal do devedor ou alguém por este utilizada para o cumprimento da obrigação,
uma vez que nestes casos a atuação do terceiro se exerce em beneficio ou debaixo do controle
do devedor. Por isso o art. 800º nº1 estabelece uma situação de responsabilidade objetiva do
devedor que assenta numa equiparação da conduta do auxiliar ou representante legal á conduta
do próprio devedor, de modo a evitar que este se pudesse exonerar da sua responsabilidade.
Representação legal – apesar da equiparação no art 800º,a doutrina não tem deixado de
distinguir a situação do representante legal ou dos auxiliares do cumprimento em relação à
justificação da atribuição da responsabilidade pelo risco. a representação legal, é estabelecida
em função da incapacidade do devedor, e apenas garante atividades licitas, como o exercício o
dos direitos e o cumprimento da obrigação. Só que ao não se estender a representação ao
incumprimento das obrigações, admitir-se-ia que o incumprimento das obrigações determinado
pelo representante legal viesse a beneficiar o devedor ou o seu património, sem que o credor
pudesse exigir qualquer indeminização ao património do devedor, podendo contar apenas com
o património do seu representante. Através do art 800º pretende-se estabelecer que os atos de
incumprimento determinados pelo representante legal equivalem a atos determinados pelo
próprio devedor, sendo o seu património a responder pelo incumprimento.
Não se exige que a atuação do representante legal ou auxiliar represente uma violação
do vinculo obrigacional. (a doutrina discute se é apenas abrangida a violação do dever
de prestar principal ou tbm os deveres acessórios. sendo que esta norma pretende
evitar a irresponsabilização do devedor com basse na alegação da responsabilidade do
representante legal ou auxiliar, faria sentido admitir-se que ela abrangesse todas as
situações em que ocorre essa responsabilidade do devedor, incluindo a violação dos
deveres acessórios de conduta.)
A nossa lei admite a responsabilidade do devedor por atos dos seus representantes
legais ou auxiliares possa ser limitada ou excluída mediante acordo prévio dos
interessados desde que a exclusão ou limitação não compreenda atos que representem
a violação de deveres impostos por normas de ordem publica. Esta exceção estende-se
até a comportamentos dolosos, visto que não confere ao devedor a irresponsabilidadse
por factos próprios seus.
No entanto a exclusão de responsabilidade por atos dos auxiliares não pode representar
a violação de deveres impostos por normas de ordem publica.
A revogação é de exercício livre, ficando os seus efeitos na disponibilidade das partes, que
podem inclusivamente estipular ou não a sua retroatividade. A revogação retroativa deixa de
ser possível sempre que se tenha criado uma situação em beneficio de terceiro ou quando o ato
esteja sujeito a registo e este tenha sido realizado.
Resolução- art.432º, consiste na extinção da relação contratual por declaração unilateral dae
um dos contraentes, baseada num fundamento ocorrido posteriormente á celebração do
contrato.
Quanto aos fundamentos contratuais é livre a sua estipulação através das clausulas resolutivas
expressas, pelas quais se indicam as circunstancias cuja verificação permite o recurso á
resolução do contrato. A lei exclui o direito de resolução do contrato nos casos em que não haja
possibilidade de restituir o que se houver recebido (art432º nº2) dado que a impossibilidade
extingue a sua obrigação de restituir, a parte que exerce a resolução obteria a restituição da
prestação realizada á outra parte sem ser onerada com qualquer contrapartida.
Art433º determina que a resolução é equiparada, na falta de disposição especial, á nulidade ou
anulabilidade do contrato. Aplicando-se o art 289º que ao estabelecer uma ineficácia
superveniente do contrato com eficácia retractiva, visa colocar as partes na situação em que
estariam se o contrato não tivesse sido celebrado. Institui-se para esse efeito, uma relação de
liquidação através da qual se restituem as prestações já efetuadas. (art 290º).
Implica que esta determine, não apenas a extinção para o futuro das obrigações das partes, mas
também o surgimento de obrigações de restituição, destinadas a colocar as partes no mesmo
estado em que se encontravam antes da celebração do contrato. A retroatividade não pode
ocorrer caso seja contraria á vontade das partes ou a finalidade da resolução.
Tutela de terceiros;
Ao contrário da invalidade do negócio que permite em certos casos a afetação de terceiros (art.
291º) a resolução não pode prejudicar terceiros Art 435º nº1.
Se um contrato for estipulado com um prazo de vigência de 6 meses, decorrido esse prazo,
caducará. São também exemplos :
Aplica-se o art 328º, os prazos de caducidade são contínuos, não se suspendendo nem
interrompendo.
O contrato vigora por períodos limitados de tempo, que preveem a sua renovação tácita, se não
houver declaração em contrário. A oposição á renovação consiste precisamente nessa
declaração e é de exercício livre e não retroativa, mas só pode ser exercida num certo lapso de
tempo, antes de ocorrer a renovação do contrato.
Consignação em deposito
A lei não considera justo que nestes casos o devedor fique indevidamente vinculado ao
cumprimento, em virtude de o credor não prestar a colaboração necessária para esse
cumprimento, pelo que confere ao devedor um meio de produzir a extinção da obrigação sem
a colaboração do credor.
Trata-se no entanto de uma faculdade do devedor, que este não é obrigado a exercer (art.841º
nº2), pelo que é ilicita a atuação do devedor de não realizar a prestação nas hipoteses do art
841º nº 1.
Pressupostos
Ter a obrigação por objeto uma prestação de coisa, podendo ser uma quantia
pecuniaria, ou uma coisa de qualquer outra natureza.
Art.916º nº1 CPC. Já que as prestações de facto positivo são insusceptiveis de deposito e em
relação as prestações de facto negativo, ocorre o cumprimento da obrigação
independentemente da cooperação do credor.
Ex: o facto de se ignorar o paradeiro do credor, de o credor se encontrar incapaz sem que tenha
representanter legal, etc..
Não ser possivel ao devedor realizar a prestação por um motivo relativo ao credor.
Regime
Instituição de uma relação processual entre o consignante e o credor. Inicia-se com uma
petição inicial, onde o devedor deve mencionar o motivo pelo qual requer o deposito.
Este é em principio realizado na CGD. Após efetuado o deposito, o credor é chamado a
contestar. o deposito só pode ser impugnado por 3 fundamentos:
o Ser inexato o motivo invocado ;
Esta relação tem grandes semelhanças com o contrato a favor de terceiro (art 443º), uma
vez que através dela o credor adquire imediatamente um direito á entrega da coisa por parte
do consignatário (art.844º). Temos:
O consignante será o devedor, mas a lei, à semelhança do que ocorre com o cumprimento (art
76º), estende a legitimidade para a consignação em deposito a qualquer terceiro, a quem seja
licito efetuar a prestação (art.845º).
Durante o decurso do processdo, a obrigação persiste, recaindo sno entanto sobre o credor o
risco da perda ou deterioração da coisa, e deixando a divida de vencer juros, sempre que se
verifique ter o devedor motivo legitimo para proceder á consignação. Caso contrário a
consignação não será eficaz, pelo que não deve alterar as regras relativas à distribuição do risco.
Sendo a consignação aceite pelo credor ou declarada válida judicialmente, libera o devedor
como sre este tivesse realizado a prestaçãp á data do depósito (art.846º).
Compensação
Art 847º é quando duas pessoas estejam reciprocamente obrigadas a entregar coisas fungíveis
da mesma natureza, é admissível que as respetivas obrigações sejam extintas, total ou
parcialmente, pela dispensa de ambas de realizar as suas prestações ou pela dedução a uma das
prestações da data devida pela outra parte. A extinção das obrigações por compensação
assegura 2 importantes vantagens:
Pressupostos
Da mesma forma, o declarante não pode, em princípio, através da conpensação com um crédito
seu, extinguir uma divida que outrem tenha perante o seu devedor, mesmo que pudesse, em
razão da sua fungibilidade, realizar a prestação em lugar dele (arti 851º nó 1). Essa possibilidade
só-lhe é reconhecida no caso de estar em risco de perder os seus bens em consequencia de
execução por dívida de terceiro, o que sucederá, por exemplo, na hipótese de ter garantido esse
cumprimento através de fiança, penhor ou hipoteca.
Para que a compensação se possa verificar é ainda necessário que o crédito do-declarante seja
judicialmente exigível, e que o devedor não lhe possa opor qualquer excepção, peremptória ou
dilatória, de direito material (art. 8479, ne 1 a)). ser Só podem ser assim compensados os
créditos em relaçao aos quais o declarante esteja em condições de obter a realização coativa da
prestação.
Assim, não podem ser compensados créditos de obrigação natural com dívidas respeitantes a
uma obrigação civil. Também não pode ser efectuada a compensação se o crédito ainda não
estiver vencido, mesmo que a falta de vencimento decorra de moratória concedida
gratuitamente pelo credor (art.849º), ou a outra parte puder recusar o cumprimento, por
exemplo, através da invocação da excepção de não cumprimento-do contrato (arts. 428º e ss),
ou da prescrição (arts. 300º e ss.).
Em relação a esta última exige-se, porém, que ela tenha ocorrido antes do momento em que se
verificou a compensabilidade dos créditos (art. 850º).
Da mesma forma que o declarante, também o declaratário tem que ser titular de um crédito
válido, sem oque a compensação nunca poderia operar, já que o declarante nem sequer seria
devedor. Para além disso, esse crédito do declaratário tem que estar na situação de poder ser
cumprido pelo devedor, uma vez que só nesse caso é legítimo ao declarante invocar a
compensação.
Não pode assim o declarante pretender compensar uma dívida sua ainda não vencida, se o prazo
tiver sido estabelecido em benefício do credor.
A lei esclarece no art. 853º, que não podem extinguir-se por compensação:
C)os créditos do Estado ou de outras pessoas colectivas públicas, excepto quando a lei autorize;
O facto de não se poderem extinguir por compensação os créditos provenientes de factos ilícitos
dolosos resulta de a lei pretender reprimir este tipo de comportamentos e retirar os benefícios
que deles poderiam resultar. Assim, quem, sendo credor de outra pessoa, furtou o dinheiro dela
ou destruiu os seus bens não pode depois evitar a restituição das quantias ou a indemnização
devida, declarando a compensação do seu crédito com a obrigação em que se constituiu. No
entanto, nada impede que o lesado venha, nessa circunstância, invocar a compensação para
extinguir a sua dívida444. Já se ambos os créditos respeitarem a factos ilícitos dolosos, nenhum
dos seus titulares poderá invocar a compensação.
Finalmente não é admitida a compensação, sempre que o devedor a ela tenha renunciado. A
renúncia à compensação, que pode-ser expressa ou tácita nos termos gerais (art. 217) impede
igualmente a possibilidade de ela ser_deçlarada. Assim se as partes expressamente afastam a
possibilidade de compensação ou se comprometem a realizar um_efectivo pagamento ou um
pagamento em dinheiro, ou a intregar imperativamente a mercadoria num lugar e tempo
determinados, a compensação será excluída devendo o cumprimento ser realizado.
Regime da compensação
O primeiro, adoptado pelo Código Civil francês (art. 12909) e, em sua sequência, pelos
Código civil italiano (art. 1242Q e 1202) é o sistema da compensação automática, que
implica que, verificados os respectivos pressupostos, a compensação opera de direito,
sem necessidade de qualquer declaração negocial nesse sentido.
O segundo adoptado pelo Código Civil alemão, é o de que para a compensação ser
eficaz, se exige uma declaração da parte que pretende a compensação, retroagindo,
porém, os seus efeitos ao momento em que se verificou a compensabilidade dos
créditos.
Enquanto o Código Civil de 1867 tinha adoptado o primeiro sistema (art. 768º), o atual Código
Civil veio adoptar manifestamente o segundo. Por esse motivo, o art.48º vem referir que a
compensação se torna efetiva mediante declaração de uma das partes à outra. No entanto, uma
vez efetuada essa declaração, os créditos consideram-se extintos desde o momento em que se
tornaram compensáveis (art. 854º). Assim, apesar de se exigir uma declaração de compensação,
os ereitos desta retroagem à data da compensabilidade dos créditos, pelo que é esse o momento
relevante para a extinção da obrigação. Se após essa data um dos créditos for cedido a terceiro,
arrestado ou penhorado, o declarante pode continuar a invocar a compensação (art.853º,nº 2 u
contrario), ocorrendo, no entanto, uma maior limitação a essa faculdade em caso de e
insolvência do devedor (art.99º CIRE). Se algum ou ambos os créditos vencerem juros, eles
deixam de ser contados a partir desse momento, como também não se tomará em consideração
a mora do devedor ocorrida após essa data.
Também a prescrição da obrigação não releva se ela ainda não tinha ocorrido no momento em
que os créditos se tornara compensáveis (art.850º).
Para a compensação se tornar efetiva é necessária a declaração de uma das partes à outra
(art.848º nº1) qual pode ser feita judicialmente.
No primeiro caso, a compensação pode ser realizada quer em notificação avulsa (arts. 219º, no
2 e 256º CPC) quer no âmbito da ação judicial.
No segundo caso a declaração de compensação não está sujeita a forma especial (art.219º),a
declaração produz efeitos logo que chegue ao poder do declaratario ou seja e conhecida art.
224º.
A lei estabelece que a de e compensação é ineficaz se for feita sob condição ou a termo (art.
848º nº 2º).
Pode, porém, suceder que existam, quer de uma quer de outra parte, vários créditos
compensáveis, podendo a qualquer deles ser referida a declaração de compensação. A escolha
dos créditos que ficam extintos pertence ao declarante (art. 855º, nº1), vigorando na ausência
de escolha as regras relativas á imputação do cumprimento regulados nos art.784º e 785º(art.
8552, nº2).
A outra parte não terá a possibilidade de manifestar oposição à escolha. salvo se esta se referir
a uma divida de capital quando ainda existam juros, despesas ou indemnização, uma vez que
nos parece que a norma do 785º nº2, que determina que neste caso a imputação só se pode
realizar com o consentimento do credor deve ser extensiva à compensação.
Compensação convencional
Ao lado da compensação legal, tem vindo a ser admitida quer pela doutrina, como pela
própria lei.
LER-pag 204
Novação
É objetiva, sempre que a nova obrigação se constitui entre os mesmos credores e devedores
da antiga obrigação (art.857º), e diz-se subjetiva sempre que se verifique mudança de algum
dos sujeitos da obrigação. (art.858º).
A novação pode representar uma mudança de algum dos sujeitos da obrigação, como uma
alteração da sua fonte.
A novação subjetiva por ocorrer por substituição do credor, o que se verifica sempre que um
novo credor é substituído ao antigo vinculando-se o devedor para com ele por uma nova
obrigação (A, que deve 1000 euros a B, contrai perante C uma nova obrigação em
substituição desta).ou por substituição do devedor, o que ocorre quando um novo
devedor. contraindo (A deve 1000 euros a C, vindo B a contrair perante ele uma nova
obrigação em substituição da de A).
Saliente-se, no entanto, que, para que em qualquer dos casos referidos exista novação, terá que
haver sempre intenção das artes de extinguir a anterior obrigação, criando uma nova em sua
substituição.
Efetivamente, na ausência deste elemento, o que as partes realizarão será apenas uma
modificação ou transmissão da obrigação primitiva, e não uma novação.
Pressupostos da novação
Outro pressuposto da novação é que exista e seja válida a obrigação primitiva. O negocio de
constituição da nova obrigação tem como pressuposto fundamental a existência de urna
obrigação antiga, que as partes visam extinguir e substituir por uma nova.
Daí que a novação s torne ineficaz sempre que se verifique que a referida obrigação não existia
ou estava extinta ao tempo em que a segunda foi constituída. e ainda quando essa obrigação
vem a ser declarada nula ou anulável (art.860º nº1).
Caso ainda não se tenha verificado o cumprimento, poderá o devedor recusar a sua realização,
invocando a ineficácia da novação. No entanto caso, o cumprimento já se tenha realizado, o seu
autor terá uma pretensão restitutória, cuja fundamentação variará consoante a natureza da
falta da obrigação pecuniária. Se se verificar a sua inexistência, terá de ser aplicado o regime de
repetição do indevido (art. 476º nº1). No caso de ocorrer a sua invalidade, ela será restituída
com base no regime respetivo (art.289º).
Constituição válida da nova obrigação
A nova obrigação tem que ser validamente constituída, visto que se tal não ocorrer, não se pode
verificar a novação, substituindo assim a obrigação primitiva (art.860º nº2).
A subsistência da obrigação primitiva pode, afetar a situação de terceiros garantes, que deixam
de contar, na sua planificação patrimonial, com a eventualidade de terem que satisfazer essa
obrigação. Por esse motivo, a lei vem titular essa situação de confiança, sempre que a invalidade
da nova obrigação seja imputável ao credor. (art.860º nº2). Se é por culpa do credor que a nova
obrigação vem a ser anulada, continuará ele sem poder dispor das garantias que existam para a
obrigação primitiva.
Regime da novação
salvo convenção em contrário, o novo crédito não recebe as garantias relativas à obrigação
antiga (art.861º), nem lhe podem ser opostos os meios de defesa desta (art.862º).
Relativamente as garantias, a sua extinção compreende-se quer estas tenham sido prestadas
pelo devedor, quer por terceiro, quer mesmo quando resultem da lei (art861º nº1).
A lei admite, porém, a possibilidade de as garantias serem reservadas para a nova obrigação,
desde que essa reserva seja efetuada por declaração expressa. No caso de a garantia dizer
respeito a terceiro, necessária também a reserva expressa deste (art. 861º nº2).
A reserva, quer do devedor, quer do terceiro pode ser prestada previamente à novação,
bastando para tal, por exemplo. que no acto de constituição da obrigação primitiva ou da
garantia se estabeleça que esta se manterá para a obrigação que eventualmente fosse criada
por novação.
na novação os meios de defesa que existam para a obrigação primitiva não se transmitem para
a nova obrigação, o que se justifica pela própria natureza da novação que, ao extinguir a divida
anterior, extingue tbm os meios de defesa a que ela respeitavam. se o devedor podia invocar
perante a obrigação primitiva a existência de um prazo ou a exceção do não cumprimento do
contrato, deixa de o poder fazer em relação á obrigação nova. no entanto admite-se que as
partes convencionem a manutenção das excepções perante a nova obrigação, desde que tal seja
claramente estipulado.
Remissão
art. 863º e ss- consiste no que é vulgarmente designado por perdão de dívida, efectivamente,
direito a exigir a prestação do devedor, pode com o acordo deste abdicar desse direito,
determinando a extinção da dívida, sem que ocorra a realização da prestação. A remissão
consiste assim no acordo entre o redor e o devedor pelo qual aquele prescinde de receber deste
a devida.
Pressupostos da remissão
Efetivamente, a remissão consiste negócio extintivo de obrigação, pelo que a sua celebração
depende da existência da obrigação que se pretendeu extinguir. Não é por isso remissão, o
reconhecimento negativo de divida, onde o credor se limita a declarar determinada pessoa que
não existe qualquer obrigação que esta deva realizar perante ele.
B) um contrato entre credor e devedor pelo qual aquele abdica de receber deste a prestação
devida.
A remissão reveste necessariamente caráter contratual, exigindo-se portanto, para que ocorra
a extinção da obrigação, não apenas a declaração, mas também a declaração do credor de que
abdica de receber a prestação, mas tbm a aceitação dessa abdicação por parte do devedor.
Uma vez que extingue o crédito, o contrato de remissão constitui sempre para o credo rum acto
de disposição do seu dt, ao mesmo tempo que representa em relação ao devedor uma atribuição
patrimonial geradora de enriquecimento. Essa atribuição será normalmente realizada a titulo
de liberdade, mas pode ocorrer ainda por outra causa, tal como na hipóteses de o credor se ter
comprometido a remitir a divida, uma vez verificados os pressupostos.
Não é concebível que a remissão seja efetuada como contrapartida da realização da prestação
ou da constituição de uma nova obrigação por parte do devedor, ou da abdicação por ele de um
crédito que tinha sobre o credor.
No caso de ser realizada a titulo de liberdade, a remissão por negocio entre os vivos é havida
como doação (art 863º nº2), e sujeita ao regime dos (art 940º).
Estão neste caso preenchidos todos os pressupostos da doação, já qe este tipo de remissão
constituiu uma atribuição patrimonial geradora de enriquecimento, que produz a diminuição do
patrimônio do doador. Sendo aplicadas as normas doação (art.945º), (art.969º), (art.970º), (art.
2162º) e (art. 2168º).
Efeitos da remissão
Entre as partes, a remissão produz a extinção da obrigação, ficando o devedor liberado e vindo
o credor a perder definitivamente o seu direito de crédito.
A remissão refere-se a toda a divida (remissão in rem), produzindo igualmente a sua extinção
definitiva em relação a todo os sujeitos.
A remissão in personam tem efeitos distintos consoante o regime específico de pluralidade das
partes na relação obrigacional aplicável:
Pode no entanto suceder que o credor declare reservar o seu direito por inteiro contra os
outros devedores, caso em que eles conservarão também o seu direito de regresso por
inteiro contra o devedor exonerado (art.864º nº2).
Se se tratar de uma obrigação plural indivisível, a remissão concedida pelo credor a um dos
devedores implica que aquele só possa exigir a prestação dos restantes se lhes entregar o
valor da parte que compete ao devedor exonerado. (art 865º nº1 e 536º).
da mesma forma se a remissão for concedida por um dos credores, mas estes só podem
exigir-lhe a prestação se lhe entregarem o valor da parte que competia àquele credor. (art
865º nº2).
A extinção destas garantias mantém-se, no caso de a remissão vir a ser declarada nula ou
anulável por causa imputável ao credor, salvo se o responsável pela garantia conhecia o
vicio, na data em que teve noticia da remissão. (art.866º nº3).
Pelo contrario, a renuncia às garantias das obrigações não faz presumir a remissão da
divida (art.867º). O devedor não pode aproveitar do beneficio da renuncia concedido aos
terceiros garantes para dele inferir a remissão da sua obrigação, não só porque a remissão
exige um contrato com ele celebrado, mas tbm porque normalmente quem renuncia
apenas a uma garantia não o faz por pretender abdicar do crédito. Se o credor decidir
remitir a obrigação do fiador, não se considera extinta a obrigação do devedor.
2. Pressupostos da confusão
Regime da confusão
A lei admite, porém a hipótese de a confusão se desfazer determinando que neste caso
renasce a obrigação com os seus acessórios, mesmo em relação a terceiro, quando o facto que
a destroi seja anterior á propria confusão (Art. 873º nº1). Relativamente às garantias prestadas
por terceiros, e por razões de tutela da confiança destes, a extinção destas garantias mantém-
se no caso de a confusão se a imputável ao credor salvo se o responsável pela garantia
conhecia o vício, na data em que teve noticia da confusão art. 873º.
caso se verifique uma pluralidade de partes na ralação obrigacional
Regimes:
Capitulo IV
Consiste numa forma de transmissão do crédito que opera por virtude de um negócio
jurídico, normalmente um contrato celebrado entre o credor e terceiro.
Art.577º, para a cessão de créditos não se exige o consentimento do devedor, nem ele tem
que prestar qualqueer colaboração para que esta venha a ocorrer.
Requisitos
Pode esse negocio juridico consistir numa compra e venda (art.874º), numa doação
(art.940º), numa sociedade (art.984º), numa dação em cumprimento (art.837º).
Daí que a lei determine em função do tipo de negocio que lhe serve de base Art.578º nº1,
nos termos do qual se estabelece ainda a garantia quanto á existencia e exigibilidade do
crédito (art 587º)
o art 578º nº2, a forma de escritura publica ou documento particular autenticado para a
cessão de créditos hipotecários, quando esta não feita em testamento e a hipoteca recaía
sobre bens imóveis.
De acordo com a posição de LARENZ, seguida por ANTUNES VARELA, haverá que distinguir
entre os créditos futuros resultantes de relações já constituídas e os que resultam de relações
a constituir. No primeiro caso, o cedente transmitiria não apenas o crédito futuro, mas
também a expectativa da sua aquisição que já possuiria, pelo que o credito acabaria por se
constituir na esfera do cessionário. no segundo caso, uma vez que não há qualquer negocio
celebrado de onde o credito possa resultar, não poderia ocorrer qualquer transmissão de
expectativas, pelo que o crédito adviria ao cessionário por via da titularidade do cedente, e
apenas no momento em que se constituiria. Se o cedente já tivesse perdido a possibilidade de
disposição do crédito ( por se encontrar em situação de insolvência) a situaçao do
concessionario não seria tutelada. sendo-o sempre na outra situação.
A norma do art .1058º que declara inoponíveis ao sucessor entre vivos na medida em que tais
rendas respeitem a períodos de tempo não decorridos à data da sucessão
A norma do art . 821º , que declara inoponíveis ao exequente a liberação ou cessão, antes da
penhora, de rendas e alugueres não vencidos, que respeitem a períodos de tempo posteriores
à data da penhora.
Destas normas parece resultar claramente que, é de aplicar a teoria da transmissão, uma vez
que a posição do cessionário é sacrificada no confronto com o novo locador ou com o
exequente.
Efectivamente, conforme refere CARLOS MOTA PINTO, seguido por RIBEIRO DE FARIA, a
imediação implicaria que os requisitos de aquisição do crédito se deveriam antes verificar na
pessoa do cessionário, enquanto destas normas resulta que, pelo contrário, o cessionário só virá
a adquirir o direito, se o cedente, sem a cessão, tivesse igualmente adquirido, ficando assim o
crédito sujeito ao mesmo regime que aquele que teria na esfera do cedente.
O negocio jurídico que serve de base à cessão será um contrato, pelo que é necessário para a
sua formação tanto a declaração negocial do cedente como do cessionário .
Não há obstáculos a que a cessão de créditos resulte de negocio jurídico unilateral, é admitido
nos casos do art. 4572ºe ss. Prevendo a lei expressamente essa situação a proposito do negocio
jurídico unilateral mortis causa que é o testamento art.2261º e2262º .
A cessão de créditos não constitui uma forma de transmissão abstrata do crédito. Istol resulta
do art.578º nº1, para o tipo negocial que serve nde base á cessão, com base no qual se molda o
regime da cessão de créditos e do art.585º, que ao permitir ao devedor opor ao cessionário
todas as excepções que possuia contra o cedente, determina que a posição juridica inicial do
cedente delimite a posição juridica obtida pelo cessionário através do negocio transmitido.
Assim se o negocio transmissivo vier a ser declarado nulo ou anulado, tal determinará a anulação
da transmissão do crédito, de acordo com as regras do art 289º e 291º.
Relativamente aos impedimentos legais á transmissão do crédito, verifica-se que a lei proibe
que o crédito seja cedido. Ex: direito de preferencia art.420º; direito a alimentos art 2008º;
cessão de créditos e dt litigiosos art.579º.
É também nula a cessão desses créditos ou direitos feita a peritos ou auxiliares de justiça que
tenham intervenção no respectivo processo. (art. 579º nº1). A lei define ainda que a cessão por
interposta pessoa, já que nela abrange tanto o conjugue do inibido, como a pessoa de que seja
herdeiro presumido e qualquer terceiro que tenha acordado com o inibido a posterior
transmissão da coisa ouj do direito cedido art. 579º nº2. Fora destes casos, a cessão de créditos
litigiosos é plenamente admitida, devendo processar-se a substituição processual do cedente
pelo cessionário.
Se apesar da proibição, vier a ser realizada a cessão, é esta considerada nula art 580º. A lei preve
que a nulidade não pode ser invocada pelo cessionário. (art 580º nº2).
A cessão de créditos pressupõe ainda que não tenha sido convencionado entre o devedor e
credor que o crédito não seria objeto de cessão art 577º nº2.
O credito não esteja, em virtude da propria natureza da prestação ligado á pessoa do credor
O ultimo requesito para a cessão de créditos é que o crédito não esteja, pela propria natureza
ligado á pessoa do credor, uma vez que se tal acontecer, não faria sentido obrigar o devedor a
prestar perante pessoa diferent. Nessa situação os créditos que se constituem para satisfação
das necessidades pessoais do credor, como o dt a alimentos (art.2003º), ou apanagio do
conjugue sobrevivo (art.2018º). os créditos de onde resulte uma dependencia pessoal entre
credor e devedor, como o contrato de serviço doméstico.
Opera apenas por efeito do contrato, determinando logo este a transmissão do crédito para o
cessionário. Esta transmissão não é imediatamente oponivel a terceiros, uma vez que a lei
dispõe que a cessão só produz os seus efeitos em relação ao devedor após a sua notificação , a
aceitação (art.583º), ou conhecimento (art583º nº2)., sendo também a notificação ou aceitação
pelo devedor que decide qual a cessão que vai prevalecer em caso de dupla alienação do mesmo
crédito (art.584º).
A transmissão do crédito verifica-se com todas as vantagens e defeitos que o crédito tinha,
abrabgendo, garantias e outros acessorios art 582º.
Quanto ás garantias, a lei determina que se transmitem as que não forem inseparaveis da pessoa
do cedente, exepto se este as tiver reservado ao consentir na cessão. (art.582º). as garantias de
crédito como a fiança art 627º, a consignação de rendimentos (art 656º), o penhor (art. 666º),a
hipoteca (art.686º). se transmitem para o cessionário, a menos que o cedente as reserve ao
consentir na cessão. As garantias extinguir-se-ão, já que não ficarão a garantir qualquer crédito.
Quanto aos privilégios creditórios, art 733º, a sua concessão atende especificamente à causa do
crédito, pelo que sempre que não constituem uma garantia inseparável da pessoa do cedente,
parece deverem poder ser transmitidos para o cessionário.
Quanto á reserva de propriedade art 409º é duvidoso que esta possa ser transmitida com a
cessão de créditos, uma vez que para o seu exercicio seria necessaria a resolução do contrato
por falta de pagamento do preço, e este é um poder que apenas no ambito da cessão da posição
contratual poderia ser transmitida.
Abrange ainda as excepções que o devedor possuia contra o cedente (art. 585º). A cessão do
crédito ñ pode colocar o devedor em pior situação do que aquela que se encontrava antes de
ela se ter realizado, pelo que ele conserve todas as exceções que possuia.
A garantia a prestar pelo cedente, diz apenas respeito à existencia e exigibilidade do crédito,
consistindo numa garantia por vicios do dt, que compreende o assegurar da subsistencia e
acionabilidade do crédito. (art 582º nº2).
No caso de se estar perante uma venda, o cedente terá que restituir ao cessionário o preço do
crédito (art. 894º), e responde objectivamente pelos danos emergentes (art. 899º), podendo
ainda constituir-se em responsabilidade pelo incmprimento da obrigação da convalidação. (900º
nº1).
Havendo porém dolo, o cedente responderá pelos lucros cessantes, que podem ter por
base o interesse contratual negativo- art.898º, ou o incumprimento da obrigação de
convalidação no caso de o cessionário pretender optar por essa solução (art.900º n.2).
No caso de doação, o cedente ñ responde objectivamente pela existencia da referida
posição contratual, apenas tendo que responder se se tiver expressamente
responsabilizado ou houver atuado com dolo. Art 956º e 957º.
O credor pode exigir de qualquer dos obrigados o cumprimento da obrigação, enquanto nesta
garantia o cedente só responde uma vez comprovada a insolvencia do devedor e apenas nos
limites do prejuizo sofrido pelo cessionário, limitando-se a ter que indeminizar o prejuizo que
lhe cause essa insolvencia.
O cedente deve entregar os doc. E outros meios probatórios de crédito ao cessionário. (art.
586º). Uma vez verificada a transmissão do crédito, devem ser entregues ao cessionário todos
os elementos necessários para que ele possa ser acionado. Daí que só havendo interesse
legitimo ( no caso da cessão parcial), poderá o cedente conservar esses elementos.
A posição do cessionário que veja o seu dt afectado resume-se à possibilidade de instaurar uma
ação de enriquecimento sem causa contra o cedente.
Sendo a obrigatoriedade solidária, a notificação deve ser efectuada a todos os devedores, já que
o devedor ñ notificado poderia cumprir perante o credor, sendo o efeito extintivo comunicado
a todos os devedores.
A lei determina que prevaleça a cessão que primeiro tiver sido notificada ao devedor ou por este
ter sido aceite. (art 584º). Sendo a notificação ou aceitação pelo devedor o factor que determina
qual dos cessionários irá efectivamente adquirir o crédito. Se algum dos cessionários decide
notifiar o devedor da cessão, parece que ele perderá a possibilidade de efectuar o pagamento,
quer ao cedente quer a qualquer outro cessionário.
Sub- rogação
Conceito-589º
Situação que se verifica quando, cumprida uma obrigaçãp por 3º, o crédito respectivo ñ
se extingue, mas antes se transmite por efeito desse cumprimento para o 3º que realiza
a prestação ou forneceu os meios necessários para o cumprimento.
Se o 3º se limita a cumprir a obrigação, sem que o credor nada declare, o que se verifica
é apenas um cumprimento por 3º, sem que este venha a adquirir o credito por via da
sub-rogação. Tbm se o credor declarar a sub-rogação, esta ñ ocorrerá enquanto o 3º ñ
efectuar o cumprimento.
A declaração tem que ser expressa (art.219º), tem que ser emitida até ao momento do
cumprimento para evitar que a obrigação se extinga em lugar de se transmitir.
Havendo declaração expressa do credor a determinar a sub-rogação esta tbm ñ se
verifica enquanto o 3º não cumprir a obrigaçã.
A sub-rogação só ocorre com o cumprimento.
Coloca-se aqui algumas dificuldades, uma vez que o devedor ñ é o detentor do crédito,
pelo que dificilmente se compreende que este possa dispor dele e determinar que que
as garantias prestadas por 3º passem para o novo credor.
A lei veio, admiti-la por razões de orem prática, já qeie se considerou merecedor de
tutela o interesse do devedor em obter a intervenção de 3º em ordem a satisfazer
ocrédito reclamado, que sem a possibilidade de sub-rogação dificilmente poderia ser
conseguida.
Considerou-se que o interesse dos garantes ñ vem a ser prejudicados pela
admissibilidade desta sub-rogação.
A declaração tem que ser expressa até ao momento do cumprimento , para evitar que
o crédito se extinga- não se admitindo que o devedor pudesse retroativamente
qualificar como sub-rogação o que tinha apenas sido um cumprimento por 3º.
Neste caso não é o 3º que cumpre a obrigação, mas antes o proprio devedor. Porém, como este
vem a efectuar o cumprimento com dinheiro ou outra coisa fungivel emprestada por 3º, é
admitida a sub-rogação, desde que haja declaração expressa, no documento de empréstimo, de
que a coisa se destina ao cumprimento da obrigação e de que o mutante fica sub-rogado nos dt
do credor.
Sub-rogação legal
Efeitos da sub-rogação
Pressupoe sempre um cumprimento, sendo a medida deste que determina a medida de sub-
rogação. Se o 3º, numa divida de 1000 euros, apenas paga ao credor 600, ñ fica sub-rogado na
totalidade do crédito, mas apenas no montante que foi por ele satisfeito.
Ocorre assim uma sub-rogação parcial. Neste caso como a aquisição do dt de credor art 593º
nº1, o resultado é a divisão do crédito em 2, um do credor originário outro do sub-rogado.
Nesse caso a lei prevê que a sub-rogação ñ prejudica os dt`s do credor originário qd outra coisa
ñ for estipulada (art. 593ºnº2). O que a lei pretende dizer é que o credito do sub-rogado não
concorre com o crédito do credor originário. O fundamento desta norma baseia-se na
presunção de que ao aceitar um pagamento parcial do crédito por 3º, o credor ñ quererá
conceder ao 3º a faculdade de com ele concorrer na cobrança do remanescente, uma vez que
ninguém concede uma sub-rogação. Cabe sempre ao credor a possibilidade de recusar a
prestação parcial (art. 763º).
Se houver vários sub-rogados por satisfações parciais do crédito ainda que em momentos
diferentes, nenhum deles tem preferência sobre os demais (art 593º nº3).
Art.594º a esta transmissão as disposições dos art.582º a 584º, relativas à cessão de créditos,
pelo que a transmissão do crédito acarreta igualmente a transmissão de todas as suas garantias
e acessórios art.582º.
No caso de sub-rogação parcial parece que as garantias passarão a beneficiar ambos os créditos,
ainda que , por força da sua indivisibilidade cada credor tenha que exercer o direito real de
garantia por inteiro, estabelecendo-se, no entanto, a preferência de acordo com as já referidas
regras do art.593º,nºs 2 e3.
O art.594º não efetua, qualquer remissão para o art.585, onde se determina que as exceções
que o devedor tinha contra o cedente podem ser também invocáveis contra o cessionário, a não
ser que provenham de facto posterior à cessão.
Apenas nos casos em que a sub-rogação se realiza sem intervenção do devedor é que se justifica
defender que ela não o possa colocar em pior situação do que aquela em que ele se encontrava
antes da transmissão, aplicando-se o regime da cessão de créditos (art.585º), não por remissão,
mas antes por analogia.
Em caso de vários pagamentos do mesmo crédito por terceiro, prevalece a sub-rogação que
primeiro for levada ao conhecimento do devedor ou que por este seja aceite (art. 584º),
aplicável por força do art.594º.
Natureza da sub-rogação
É discutida, ela corresponde sempre a uma situação de transmissão legal do crédito, em virtude
de um facto jurídico que é o cumprimento. Isto porque, mesmo nos casos em que a lei exige
uma declaração do devedor ou do credor, essa declaração não é a fonte da sub-rogação, mas
antes uma circunstância que leva a lei a considerá-la justificada. Assim uma transmissão legal do
crédito, teria como pressuposto o cumprimento.
Manifestamos a nossa adesão à tese clássica que qualifica a sub-rogação, como uma transmissão
legal do crédito baseada num ato jurídico não negocial que é o cumprimento. O cumprimento
por terceiro normalmente produz a extinção do crédito com a consequente liberação do
devedor, mas pode tal não acontecer sempre que ocorra uma circunstância que determine, em
lugar dessa extinção, a transmissão do crédito para o solvens. Essa circunstância pode ser a
declaração prévia de sub-rogação pelo credor ou devedo, ou de facto proprio,ter interesse
direto na satisfação do crédito .