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SANCHO I
Português 11º ano
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Cesário Verde
Características realistas:
Características modernistas:
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Características estilísticas:
Características temáticas:
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Eduardo Lourenço
Óscar Lopes
«É, porém, em «O Sentimento dum Ocidental» (...) que o poeta ultrapassa com maior
fôlego estrutural o seu naturalismo positivista, no mesmo momento em que parecia, aliás,
consumá-lo em poesia. (...) Cesário não se desprende da imanência aos dados da perceção
sensível, mas articula-o com um modo inteiramente novo, precursor do Cubismo ou
Interseccionismo.»
«Para Cesário, como depois para Pessoa, o eu, o tu, o nós, o tempo irreversível e as
dimensões reversíveis do espaço, as coisas mais simples constituem problemas e
despertam ânsias que a poesia apreende antes mesmo de se formularem em teoria.»
Luís Mourão
«... a sua poesia aparece, por isso, como um filtro por onde passa a cultura da «Geração
de 70» para o Modernismo. E que Cesário seja um personagem singular e sem escola, só
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mostra essa verdade «natural» de que entre o nascer e o morrer o mais difícil talvez seja
o espaço que vai de um ponto ao outro...
CESÁRIO VERDE
TEMÁTICAS
A cidade e o campo
A natureza, ávida mas “honesta”, “salutar” e sempre jovem, aparece-nos pintada nos
seus poemas como nas evocações da pintura geral (“pinto quadros por letras, por sinais”)
– característica impressionista, porque é nas letras como um artista plástico.
Identifica-se com a cidade presente, deambulando pelas ruas e becos; revive por
evocação da memória todo o passado e os seus dramas; acha sempre assuntos e sofre uma
opressão que lhe provoca um desejo “absurdo de sofrer”: ao anoitecer, ruas soturnas e
melancólicas, com sombras, bulício...; o enjoo, a perturbação, a monotonia (“Nas nossas
ruas, ao anoitecer,/ Há tal soturnidade, há tal melancolia,/ Que as sombras, o bulício do
Tejo, a maresia/ Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.” – Sentimento de um
ocidental)
A cidade surge viva com homens vivos; mas nela há a doença, a dor, a miséria, o
grotesco, a beleza e a sua decomposição fatal... No campo há a saúde, o refúgio durante
a peste na cidade...
No campo, a vida é ativa, saudável, natural e livre, por oposição à vida limitada,
reprimida e doentia na cidade. (“Que de fruta! E que fresca e temporã./ Nas duas boas
quintas bem muradas, /Em que o Sol, nos talhões e nas latadas,/ Bate de chapa, logo de
manhã” – Nós)
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Binómio cidade/campo
O contraste cidade/campo é um dos temas fundamentais da poesia de Cesário e revela-nos o seu
amor ao rústico e natural, que celebra por oposição a um certo repúdio da perversidade e dos
valores urbanos a que, no entanto, adere.
A cidade personifica a ausência de amor e, consequentemente, de vida. Ela surge como uma
prisão que desperta no sujeito “um desejo absurdo de sofrer”. É um foco de infeções, de doença,
de MORTE. É um símbolo de opressão, de injustiça, de industrialização, e surge, por vezes, como
ponto de partida para evocações, divagações
O campo é, para Cesário, uma realidade concreta, observada tão rigorosamente e descrita tão
minuciosamente como a própria cidade o havia sido: um campo em que o trabalho e os
trabalhadores são parte integrante, um campo útil onde o poeta se identifica com o povo (Petiz).
É no poema Nós que Cesário revela melhor o seu amor ao campo, elogiando-o por oposição à
cidade e considerando-o “um salutar refúgio”.
A humilhação
- a humilhação sentimental:
a mulher burguesa, rica, distante e altiva/a humilhação do sujeito poético que não
ousa aproximar-se devido à sua baixa condição social (Humilhações);
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a mulher fatal, pálida e bela, fria, distante e impassível que o poeta deseja e
receia/a humilhação e a necessidade de controlar os impulsos amorosos (Frígida).
- a humilhação estética:
- a humilhação social:
o abandono a que são votados os doentes (“Uma infeliz, sem peito, os dois pulmões
doentes (...)/ O doutor deixou-a...”, Contrariedades);
- A preocupação com:
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A imagética Feminina
A mulher fatal, altiva, aristocrática, “frígida” que atrai/fascina o sujeito poético, provocando-
lhe o desejo de humilhação. É o tipo citadino artificial, surge portanto associada à cidade servindo
para retratar os valores decadentes e a violência social. Esta mulher surge na poesia de Cesário
incorporando um valor erótico que simultaneamente desperta o desejo e arrasta para a morte
conduzindo a um erotismo da humilhação (Esplêndida, Vaidosa, Frígida).
A mulher angélica, “tímida pombinha”, natural, pura, acompanhada pela mãe, embora
pertencente à cidade, encarna qualidades inerentes ao campo. Desperta no poeta o desejo de
proteção e tem um efeito regenerador (Frágil).
Questão Social
O poeta coloca-se ao lado dos desfavorecidos, dos injustiçados, dos marginalizados e admira a
força física, a pujança do povo trabalhador.
A poesia do quotidiano despoetiza o ato poético, daí que a sua poesia seja classificada
como prosaica, concreta. O poeta pretende captar as impressões que os objetos lhe
deixam através dos sentidos.
Ao vaguear, ao deambular, o poeta perceciona a cidade e o “eu” é o resultado daquilo que vê.
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Cesário não hesita em descrever nos seus poemas ambientes que, segundo a conceção da poesia,
não tinham nada de poético.
Cesário não só surpreende os aspetos da realidade como sabe perfeitamente fazer uma reflexão
sobre as personagens e certas condições.
A representação do real quotidiano é, frequentemente, marcada pela captação perfeita dos efeitos
da luz e por uma grande capacidade de fazer ressaltar a solidez das formas (visão objetiva),
embora sem menosprezar uma certa visão subjetiva – Cesário procura representar a impressão
que o real deixa em si próprio e às vezes transfigura a realidade, transpondo-a numa outra.
Linguagem e Estilo:
Cesário Verde é caracterizado pela utilização do Parnasianismo que é a busca da perfeição formal
através de uma poesia descritiva e fazendo desta algo de escultórico, esculpindo o concreto com
nitidez e perfeição. O parnasianismo é também a necessidade de objetivar ou despersonalizar a
poesia e corresponde à reação naturalista que aparece no romance. Os temas desta corrente
literária são temas do quotidiano com um enorme rigor a nível de aspeto formal e há uma
aproximação da poesia às artes plásticas, nomeadamente a nível da utilização das cores e dos
dados sensoriais.
Através deste parnasianismo ele propõe uma explicação para o que observa com objetividade e,
quando recorre à subjetividade, apenas transpõe, pela imaginação transfiguradora, a realidade
captada numa outra que só o olhar de artista pode notar.
Cesário utiliza também uma linguagem prosaica, ou seja, aproxima-se da prosa e da linguagem
do quotidiano.
A obra de Cesário caracteriza-se também pela técnica impressionista ao acumular pormenores das
sensações captadas e pelo recurso às sinestesias, que lhe permitem transmitir sugestões e
impressões da realidade.
Vocabulário concreto
Linguagem coloquial
Predomínio do uso do decassílabo e do Alexandrino
Uso do assíndeto que resulta da técnica de justaposição de várias perceções
Técnica descritiva assente em sinestesias, hipálages, na expressividade do advérbio, no
uso do diminutivo e na utilização da ironia como forma de cortar o sentimentalismo
(equilibrar).
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de um amigo, no Lumiar (às portas de Lisboa), onde vem a morrer a 19 de Julho. – 1887:
Silva Pinto edita O Livro de Cesário Verde.
Releio Malraux. Quando Perkens, uma das suas personagens, compara o tempo a
um cancro, recordo os versos de Cesário Verde escritos em 1874:
(...)
Vai-nos minando o tempo - o cancro enorme
Que te há-de corromper o corpo de vestal.
(...)
Coincidência?
Pouso o livro, pego noutro. Folheio Las Uvas y el Viento de Pablo Neruda, editado em
1954. No poema Lámpara Marina, diz o chileno:
Cuando tú desembarcas
en Lisboa
(...)
las casas,
las puertas,
los techos,
las ventanas
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(...)
E o sol estende, pelas frontarias,
Seus raios de laranja destilada.
(...)
Coincidência, ao repetir-se, deixa de o ser. Mastigo a dedução e é quanto basta para saltar
para a segunda metade do século XIX em busca do realista, do impressionista, do poeta
conciso tão ignorado pelos seus contemporâneos. É o que normalmente acontece àqueles
que se afastam do rebanho das convenções. Fernando Pessoa conhece bem tais
desencontros. No Livro do Desassossego irá escrever:
“Vivo numa época anterior àquela em que vivo; gozo de sentir-me coevo de Cesário
Verde, e tenho em mim, não outros versos como os dele, mas a substância igual à dos
versos que foram dele.”
PESTE
José Anastácio Verde tem uma loja de ferragens na Rua dos Fanqueiros, em
Lisboa. É um comerciante bem sucedido e dono ainda de uma quinta em Linda-a-Pastora
(a uns quinze quilómetros da capital). Em 1852 casa com Maria da Piedade dos Santos.
O casal vai morar num andar de um prédio na Rua da Padaria, próximo da velha Sé de
Lisboa. Em 1853 nasce-lhes Maria Júlia, a primogénita. Em 1855 o segundo filho, José
Joaquim CESÁRIO. E no ano seguinte, Adelaide Eugénia, menina que morrerá com 3
anos. Em 1858, Joaquim Tomás, o quarto filho. E em 1862, Jorge, o quinto e último filho.
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(...)
Foi quando em dois verões, seguidamente, a Febre
E o Cólera também andaram na cidade,
Que esta população, com um terror de lebre,
Fugiu da capital como da tempestade.
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MARIA JÚLIA
(...)
Unicamente, a minha doce irmã,
Como uma ténue e imaculada rosa,
Dava a nota galante e melindrosa
Na trabalheira rústica, aldeã.
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Resumo:
Poesia:
- parnasianismo: “arte pela arte” -> Tendência artística que procura a confeção perfeita
através da poesia descritiva. Preocupação com a perfeição, o rigor formal, a regularidade
métrica, estrófica e rimática. Retorno ao racionalismo e às formas poéticas clássicas.
Busca da impessoalidade e da impassibilidade.
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- Não canta motivos idealistas, mas coisas que observa a cada instante; descreve
ambientes que nada têm de poético.
Cidade Campo
Morte Vida
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