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CAPÍTULO 1
FORMAÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS E O PROCESSO DA INDEPENDÊNCIA
AMERICANA
Nesse contexto as 13 colônias inglesas foram pioneiras em
contestar o domínio europeu, promovendo uma guerra contra a maior
potência da época: a Inglaterra. Com o sucesso da Revolução Americana
das 13 colônias as outras áreas do continente iniciam seus processos de
libertação colonial, fazendo com que grande parte do continente se visse
livre do jugo político do Velho Mundo até o final do primeiro quartel do século
XIX.

A Guerra de Independência dos EUA


Em 1776 nascia a primeira nação livre das Américas, os Estados Unidos da América, antigas
colônias inglesas.

A Independência dos Estados Unidos, ou Revolução Americana, foi um marco na História


Mundial. Influenciada pelos ideais iluministas de igualdade, liberdade e fraternidade, influenciaria até
mesmo a Revolução Francesa, assim como influenciou as independências das colônias da América
Latina.

Podemos destacar como alguns antecedentes desse processo:

 Colonização diferenciada no período colonial, quando as Treze Colônias tiveram mais autonomia do que
o restante de nosso continente;
 Desenvolvimento do Comércio Triangular, que permitiu às 13 Colônias o crescimento comercial e
econômico;
 Desenvolvimento da Revolução Industrial na Inglaterra, que passava a buscar mercados consumidores e
via nas 13 Colônias uma boa possibilidade.
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O Estreitamento dos laços coloniais


Em fins do século XVIII, a Inglaterra passou a procurar reforçar o seu mando sobre as colônias, que
até então tinham tido relativa autonomia. Duas causas básicas nos ajudam a compreender esse reforço:

A Revolução Industrial: com o advento da Indústria na Inglaterra, este país buscava maiores
mercados consumidores. Um mercado desenvolvido e propício eram as próprias colônias.
A Guerra dos Sete Anos (1756-63): Conflito que envolveu várias nações europeias e opôs França e
Inglaterra em disputa por possessões coloniais. A Inglaterra venceu a guerra e recebeu o Canadá, as
Antilhas, o Vale do Ohio e parte da Luisiana. Para sanar as dívidas contraídas com a guerra, a Inglaterra
criou novos e pesados tributos sobre as colônias.

Leis sobre as Colônias


Lei do Açúcar (1764) – taxava todo carregamento de açúcar que não fosse proveniente das Antilhas inglesas,
prejudicando a maioria dos colonos que adquiriam do Caribe o melaço para a produção de rum.
Lei do Aquartelamento (1764) – os colonos deviam dar abrigo e alimentação às tropas inglesas que permaneceram no
continente depois da Guerra dos Sete Anos.
Lei do Selo (1765) – todo material impresso publicado nas colônias deveria receber um selo vendido pela metrópole.
Leis Townshend (1767) – o ministro Charles Townsehend criou impostos sobre o chá, o papel, o vidro e as tintas.
Lei do Chá (1773) – através dessa lei, era concedido o monopólio do comércio do chá para a Companhia das Índias
Orientais, sediada em Londres. Como reação, os colonos atacaram três navios ingleses carregados de chá no porto de
Boston, no episódio conhecido como “festa do chá de Boston”.
Leis Intoleráveis (1774) – depois da “festa do chá de Boston”, a Inglaterra ordenou o fechamento do porto de Boston,
a ocupação militar de Massassuchets e o julgamento de funcionários ingleses apenas em outras colônias ou na
Inglaterra.
Ato de Quebec (1774) – proibia a ocupação das terras à Oeste das 13 colônias e que pertenciam à Inglaterra.

A luta pela independência

I Congresso da Filadélfia (1774): reuniu representantes das 13 colônias, com exceção da


Geórgia, e ia contra as Leis Intoleráveis. Não foi um congresso separatista, apenas pedia
representatividade das colônias no parlamento inglês.
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II Congresso da Filadélfia (1775): como as reivindicações do I Congresso não foram atendidas e


a repressão continuava, os norte-americanos declararam guerra contra a sua metrópole. George
Washington foi nomeado comandante-em-chefe das tropas coloniais. Neste mesmo congresso começou
a ser redigida a declaração de independência por Thomas Jefferson, a qual seria concluída em
04.07.1776.

A Guerra
Inicialmente as 13 colônias lutaram sozinhas contra a Inglaterra, conseguindo consideráveis
vitórias. A partir de 1777, França e Espanha, interessadas em acabar com o poderio inglês, se aliaram
na luta ao lado das colônias. Em 1781, os ingleses tiveram seu último exército em terras americanas
derrotado. Em 1783, com o Tratado de Versalhes (ou Tratado de Paris), a Inglaterra reconhecia a
independência das 13 colônias.

A República dos EUA


Em 1789 iniciou a república dos estados unidos, cujo
primeiro presidente foi George Washington. Sua Constituição foi
proclamada em 1787, prevendo um Estado do tipo República
Federativa Presidencialista, com a tripartição dos poderes
(executivo, legislativo e judiciário).
A Constituição dos EUA tem
inspiração iluminista, principalmente de John Locke, que defendia
as leis naturais, o contrato entre governantes e governados e o
direito a revolta.

Os Estados Unidos foram a Primeira colônia americana


livre, influenciando as lutas de independência em toda a América e também a
Revolução Francesa. Dava-se o início do rompimento do sistema colonial.

Escravidão e a contradição iluminista


A independência dos EUA teve forte influência iluminista, sendo considerada o primeiro
movimento inspirado por estas ideias que tomou grande proporção, a ponto de influenciar a Revolução
Francesa posteriormente. Porém, no caso dos Estados Unidos (assim como vai ocorrer em todo o
continente americano), o pensamento liberal do iluminismo chegou de forma adaptada e permitiu algumas
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concessões. No caso norte americano o grande destaque foi a manutenção da escravidão, que
contrastava com o fato de os EUA serem considerados a “primeira democracia moderna”. O entrave
escravista seria apenas removido à época da Guerra de Secessão, em 1865.

EXTRA: Trecho da declaração de independência dos EUA

“Quando, no curso dos acontecimentos humanos, se torna necessário um povo dissolver laços políticos que o
ligavam a outro, e assumir, entre os poderes da Terra, posição igual e separada, a que lhe dão direito as leis da
natureza e as do Deus da natureza, o respeito digno às opiniões dos homens exige que se declarem as causas
que os levam a essa separação.
Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens foram criados iguais, foram
dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a busca da
felicidade.
Que a fim de assegurar esses direitos, governos são instituídos entre os homens, derivando seus justos poderes
do consentimento dos governados; que, sempre que qualquer forma de governo se torne destrutiva de tais fins,
cabe ao povo o direito de alterá-la ou aboli-la e instituir novo governo, baseando-o em tais princípios e
organizando lhe os poderes pela forma que lhe pareça mais conveniente para realizar lhe a segurança e a
felicidade. Na realidade, a prudência recomenda que não se mudem os governos instituídos há muito tempo por
motivos leves e passageiros; e, assim sendo, toda experiência tem mostrado que os homens estão mais
dispostos a sofrer, enquanto os males são suportáveis, do que a se desagravar, abolindo as formas a que se
acostumaram. Mas quando uma longa série de abusos e usurpações, perseguindo invariavelmente o mesmo
objeto, indica o desígnio de reduzi-los ao despotismo absoluto, assistem-lhes o direito, bem como o dever, de
abolir tais governos e instituir novos-Guardas para sua futura segurança. Tal tem sido o sofrimento paciente
destas colônias e tal agora a necessidade que as força a alterar os sistemas anteriores de governo. A história
do atual Rei da Grã-Bretanha compõe-se de repetidos danos e usurpações, tendo todos por objetivo direto o
estabelecimento da tirania absoluta sobre estes Estados. Para prová-lo, permitam-nos submeter os fatos a um
cândido mundo”.
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ATIVIDADES
1. (Puccamp) As ordens já são mandadas, já se apressam os meirinhos. Entram por salas e alcovas,
relatam roupas e livros:
(...)
Compêndios e dicionários, e tratados eruditos sobre povos, sobre reinos, sobre invenções e Concílios...
E as sugestões perigosas da França e Estados Unidos, Mably, Voltaire e outros tantos, que são todos
libertinos...
(Cecília Meireles, Romance XLVII ou Dos sequestros. "Romanceiro da
Inconfidência")
A Independência dos Estados Unidos teve grande repercussão no século XVIII porque
I. pela primeira vez princípios iluministas foram incorporados a uma Constituição contribuindo para
acelerar a derrocada do Antigo Regime.
II. instituiu oficialmente a República Federativa Presidencialista, a divisão em três poderes e a abolição
da escravidão.
III. significou a primeira emancipação de uma colônia no Continente Americano, servindo de modelo para
outras lutas por independência.
IV. disseminou a postura anticolonialista ao se configurar como um movimento pacífico que contou com
o apoio da França e da Espanha.

São corretas SOMENTE


a) I e II.
b) I e III.
c) III e IV.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV.

2. (Ufrgs) A partir da segunda metade do século XVIII, o chamado antigo sistema colonial, baseado nas
práticas e nos princípios mercantilistas, enfrentou uma profunda crise. Desta crise resultou um conjunto
de movimentos de independência nas áreas coloniais da América Latina. Considere os seguintes
elementos.
I - A Revolução Industrial na Inglaterra.
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II - A luta pela liberdade de comércio e pela autonomia.


III - O desenvolvimento socioeconômico das colônias.
IV - A influência das ideias iluministas.
V - A política napoleônica.
VI - A rivalidade entre a elite local e os representantes da elite metropolitana.
Quais dentre eles contribuíram para a emancipação das colônias e rompimento do pacto colonial?
a) Apenas I e II.
b) Apenas I e IV.
c) Apenas I, III e V.
d) Apenas II, IV e VI.
e) I, II, III, IV, V e VI.

3. (Fatec) Dentre os motivos da independência americana, destacam-se:


a) a Guerra dos Sete Anos, a política monopolista da Grã-Bretanha e a influência das ideias liberais
iluministas.
b) a Guerra dos Setes Anos, a política liberal da Grã-Bretanha e a influência das ideias liberais iluministas.
c) a Guerra dos Setes Anos, a política monopolista da Grã-Bretanha, a independência do Brasil e a influência
do fisiocratismo americano.
d) a Guerra dos Sete Anos, a política monopolista da Grã-Bretanha, a aliança com os indígenas da costa
oeste americana e a influência das ideias monopolistas francesas.
e) a Guerra das Duas Rosas, a política monopolista da Grã-Bretanha, a independência do Brasil e a
influência da Revolução Francesa.

4. (Mg) Uma forma de arrecadação de imposto e de censura foi imposta pela metrópole inglesa aos
colonos das Treze Colônias, em 1765, através da(s): a) leis denominadas, pelos colonos, intoleráveis;
b) Lei do Selo;
c) Lei Townshend;
d) criação de um tribunal metropolitano de averiguação de preços e documentos na colônia.
e) permissão de circulação exclusiva de jornais ingleses metropolitanos.
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5. (Fgv) As disputas entre França e Inglaterra mantiveram-se fora do continente europeu. A Guerra dos
Sete Anos (1756-1763) é um desses momentos que teve por origem a(s):
a) solução para o impasse do trono irlandês sob tutela de Elizabeth I desde a morte de
Mary Stuart desaprovada pelo governo francês;
b) áreas na América do Sul - as Guianas;
c) intolerância religiosa praticada pelos colonos ingleses;
d) autonomia das Treze Colônias Inglesas não reconhecida pela França;
e) áreas na América do Norte, principalmente a leste do Mississipi.

CAPÍTULO 2
A REVOLUÇÃO FRANCESA

(...) “Como a Revolução Francesa não teve apenas


por objetivo mudar um governo antigo, mas abolir a
forma antiga da sociedade, ela teve de ver-se a
braços a um só tempo com todos os poderes
estabelecidos, arruinar todas as influências
reconhecidas, apagar as tradições, renovar
costumes e os usos e, de alguma maneira, esvaziar
o espírito humano de todas as ideias sobre as quais
se tinham fundado até então o respeito e a
obediência.”(...)

(TOCQUEVILLE, A. O antigo Regime e a Revolução. Brasília, Ed UNB, 1989)

As instituições feudais do Antigo Regime iam sendo superadas à medida que a burguesia, a partir
do século XVIII, consolidava cada vez mais seu poder econômico.

A sociedade francesa exigia que o país se modernizasse, mas o entrave do absolutismo


apagava essa expectativa.

O descontentamento era geral, todos achavam que essa situação não podia continuar.
Entretanto, um movimento iniciado há alguns anos, por um grupo de intelectuais franceses, parecia ter a
resposta. Esse movimento criticava e questionava o regime absolutista. Eram os iluministas, que achavam
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que a única maneira possível de a França se adiantar em relação à Inglaterra era passar o poder político
para as mãos da nova classe, isto é, a burguesia (comerciantes, industriais, banqueiros). Era preciso
destituir a nobreza que, representada pelo Rei, se mantinha no poder.

A monarquia absoluta que, antes, tantos benefícios havia trazido para o desenvolvimento do
comércio e da burguesia francesa, agora era um empecilho. As leis mercantilistas impediam que se
vendessem mercadorias livremente. Os grêmios de ofício impediam que se desenvolvessem processos
mais rápidos de fabricação de mercadorias. Enfim, a monarquia absoluta era um obstáculo, impedindo a
modernização da França. Esse obstáculo precisava ser removido. E o foi pela revolução.

A Revolução Francesa significou o fim da monarquia absoluta na França. O fim do antigo


regime significou, principalmente, a subida da burguesia ao poder político e também a preparação para
a consolidação do capitalismo. Mas a Revolução Francesa não ficou restrita à França. suas ideias
espalharam-se pela Europa, atravessaram o oceano e vieram para a América latina, contribuindo para a
elaboração de nossa independência política. Por esse seu
caráter ecumênico é que se convencionou ser a Revolução Francesa o marco da passagem para a Idade
Contemporânea.

A situação da França antes da revolução a economia


A situação econômica da França era crítica. A maioria da renda vinha da agricultura, onde as
técnicas eram atrasadas em relação ao consumo do país. Dos 26 milhões de habitantes, 20 milhões
viviam no campo em condições de vida extremamente precárias. Uma parte dos camponeses estava
ainda sob o regime de servidão.

Um comerciante, para transportar suas mercadorias de um lado para outro do país, teria que
passar pelas barreiras alfandegárias das propriedades feudais, pagando altíssimos impostos, o que
impedia os comerciantes de venderem livremente suas mercadorias.

Para piorar a situação, parece que até a natureza ajudou a revolução: entre os anos de 1784 a
1785 houve inundações e secas alienadamente, fazendo com que os preços dos produtos ora subissem,
não dando condições para que os pobres comprassem, ora descessem, levando alguns pequenos
proprietários à falência.

A situação da indústria francesa não era melhor, pois parte dela ainda estava sob o sistema rural
e doméstico, e as corporações (grêmios) impediam o desenvolvimento de novas técnicas. Como se não
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bastasse, o governo francês assinou o seguinte tratado com o governo inglês: os franceses venderiam
vinhos para os ingleses, e estes venderiam panos para os franceses, sem pagar impostos, o que levou
as manufaturas francesas a não suportarem a concorrência dos tecidos ingleses, entrando numa grave
crise.

A sociedade
A sociedade francesa, na época, estava dividida em três partes, conhecidas como Estados:

• Primeiro Estado - era o clero francês e estava dividido em alto e baixo. O alto clero era composto por
elementos vindos das ricas famílias da nobreza, possuindo toda a sorte de privilégios, inclusive o de não
pagar impostos. O baixo clero era o pobre, estando ligado ao povo em geral e não à nobreza, como o
primeiro.
• Segundo Estado - era a nobreza em geral. Os privilégios eram incontáveis, sendo que o mais
importante era a isenção de impostos. Ha que se salientar aqui que a nobreza também estava dividida: a
nobreza cortesã, que vivia no palácio, e outros setores da nobreza, que viviam na corte, recebendo
pensões do Rei, onerando os seus castelos, no campo, as custas do trabalho de seus servos. À medida
que a crise aumentava, essa nobreza que viviam no campo aumentava a pressão sobre seus servos,
favorecendo o clima de insatisfação.
• Terceiro Estado - era constituído de todos aqueles que não pertenciam nem
ao Primeiro nem ao Segundo Estado. Afinal, o que era o Terceiro Estado?
Era o setor da sociedade francesa composto pela maioria
esmagadora da população, sobre cujos ombros recaia todo o peso de
sustentação do reino francês. Esse setor era composto, na sua maioria, pelos
camponeses que, com um árduo trabalho, forneciam os alimentos para toda a
França, além de terem de pagar pesadíssimos impostos.
Finalmente, os membros mais destacados do Terceiro Estado, quanto a
liderança: a burguesia. Esta se dividia em pequenos burgueses (pequenos
comerciantes, artesãos), uma camada média (composta de lojistas, profissionais
liberais) e a alta burguesia (grandes banqueiros, comércio exterior).
O Terceiro Estado será aquele que, pelo peso das responsabilidades, se levantará contra a
opressão do Estado Absolutista. Os camponeses terão papel importante, os pobres das cidades
também, mas a liderança e os frutos dessa revolução caberão a uma fração do Terceiro Estado: a
burguesia.
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A política na França pré-revolucionária mostrava os sinais da decadência acumulada dos outros


Reis absolutos, principalmente um déficit crônico no reinado Luís XVI, que subiu ao trono em 1774.

As críticas ao regime aumentavam dia-a-dia. Os intelectuais, baseando-se nas teorias dos


iluministas, não poupavam seus escritos para criticar exasperadamente o regime.

Os antecedentes da revolução
O Rei, diante dessa situação, tenta alguns expedientes para resolver a questão. Convidou um
iluminista de nome Neckerque começou a trabalhar imediatamente, pois queria ver sanado o mal do país.
Necker, um homem de confiança do Rei, que pensa numa solução para a crise, era preciso que todos
pagassem impostos na França.

Necker faz seu primeiro ato: manda publicar as contas do Estado, onde fica claro o enorme Déficit
de 126 milhões de libras Em seguida, com a anuência do Rei e da nobreza, convoca os Estados Gerais,
única solução encontrada para discutir uma saída.

Os Estados Gerais, uma assembleia de todos os Estados que desde 1614 não eram convocados,
deveriam discutir mais ou menos abertamente uma solução para a crise financeira e achar uma saída
para que todos pagassem impostos iguais. Todavia, o Terceiro Estado não pensava só nisso, mas
também em aproveitar a oportunidade e fazer exigências de caráter político.

A notícia da convocação dos Estados Gerais caiu como uma bomba sobre a França. Da noite
para o dia todo o país foi invadido por milhares de jornais, panfletos e cartazes. Os bares e os cafés
tornaram-se centro de agitação, como o famoso Café Procope. A nobreza e o Rei viam isso tudo
apavorados:

“Já se propõe a supressão dos direitos feudais... Vossa Majestade estaria acaso
determinado a sacrificar e humilhar sua brava e antiga ... nobreza?”; este era um
desesperado apelo da nobreza ao Rei.

Como reagia o Terceiro Estado? Organizava-se ainda mais e queria as transformações


imediatamente. Os Estados Gerais começaram sua reunião de abertura no dia 5 de maio de 1789, sendo
que daí em diante foi impossível deter a revolução.
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A revolução estourou: as jornadas


O Rei abre a sessão dos Estados Gerais fazendo um discurso de advertência contra as
pretensões políticas: “Estamos aqui para tratar de problemas financeiros e não para tratar de
política”.

O Terceiro Estado reagiu prontamente, exigindo a qualquer custo que as reuniões fossem
conjuntas e não separadamente por Estados. Diante da negação, o Terceiro Estado proclama-se em
Assembleia Geral Nacional. O Rei, desesperado diante do atrevimento dos representantes populares,
manda fechar a saia de reuniões. Mas o
Terceiro Estado não se dá por vencido e seus deputados se dirigem para um salão que a nobreza utilizava
para jogos. Lá mesmo fizeram uma reunião, onde ficou estabelecido que permaneceriam reunidos até
que a França tivesse uma Constituição. Esse ato ficou conhecido com o nome de O Juramento do Jogo
de Pela.

No dia 9 de julho de 1789, reúne-se uma Assembleia Nacional Constituinte, incumbida de


elaborar uma Constituição para a França. Isso significava que o Rei deixaria de ser o senhor absoluto do
reino.

A burguesia francesa, por sua vez, apelou para o povo. No dia 14 de julho de 1789, toda a
população parisiense avança, num movimento nunca visto, para a Bastilha, a
prisão política da época, onde o responsável pela prisão foi preso e enforcado.

O momento agora e dos camponeses, que percebem a fraqueza da


nobreza e invadem os castelos, executando famílias inteiras de nobres numa
espécie de vingança, de uma raiva acumulada durante séculos. Avançam
sobre a propriedade feudal e exigem reformas. A burguesia, na Assembleia,
temerosa de que as exigências chegassem também às suas propriedades,
propõe que se extingam os direitos feudais como única saída para conter o
furor revolucionário dos camponeses. A 4 de agosto de 1789, extingue-se
aquilo que por muitos séculos significou a opressão sobre os camponeses.

A burguesia, preocupada em estabelecer as bases teóricas de sua revolução, fez aprovar, no dia
26 de agosto do mesmo ano, um documento que se tornou mundialmente famoso: A Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão.
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O processo revolucionário
1o Fase - Assembleia Nacional Constituinte
Um dos atos mais importantes da Assembleia foi o confisco dos bens do clero francês, que
seriam usados como uma espécie de lastro para os bônus emitidos para superar a crise financeira. Parte
do clero reage e começa a se organizar
Como resposta, a Assembleia decreta a Constituição Civil do Clero, isto é, o clero passa a ser
funcionário do Estado, e qualquer gesto de rebeldia levara a prisão.

A situação estava muito confusa. A Assembleia não conseguia manter a disciplina e controlar o
caos econômico. O Rei entra em contato com os emigrados no exterior (principalmente na Prússia e na
Áustria) e começam a conspirar para invadir a França, derrubar o governo revolucionário e restaurar o
absolutismo.

Para organizar a contrarrevolução, o monarca foge da França para a Prússia, mas no caminho e
reconhecido por camponeses, é preso e enviado à Paris. Na capital, os setores mais moderados da
Assembleia conseguiram que o Rei permanecesse em seu posto.

A partir daí uma grande agitação tem início, pois seria votada e aprovada a Constituição de 1791. Esta
constituição estabelecia, na França, a Monarquia Parlamentar, ou seja, o Rei ficaria limitado pela
atuação do poder legislativo (Parlamento).

Neste poder legislativo era escolhido através do voto censitário e isso equivalia dizer que o poder
continuava nas mãos de uma minoria, de uma parte privilegiada da burguesia. Resumindo, o que temos
é uma Monarquia Parlamentar dominada pela alta burguesia e pela aristocracia liberal, liderada, por
exemplo, pelo famoso La Fayette, é o total afastamento do povo francês.

Os setores populares estavam descontentes, porque continuavam ainda sob o despotismo, não
o da monarquia absoluta, mas o despotismo dos homens do dinheiro, setores tradicionais da nobreza e
do clero conspiravam, com a anuência do Rei, para tentar restaurar o antigo regime.

Os grupos políticos organizavam-se para definir suas posições:

No recinto da Assembleia, sentava-se à esquerda o partido liderado por Robespierre, que se


aproximava do povo: eram os Jacobinos ou Montanheses (assim chamados por se sentarem nas
partes mais altas da Assembleia); ao lado, um pequeno grupo ligado aos Jacobinos, chamados
Cordeliers, onde apareceram nomes como Marat, Danton, Hebert e outros; no centro, sentavam-se os
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constitucionalistas, defensores da alta burguesia e a nobreza liberal, grupo que mais tarde ficará
conhecido pelo nome de planície; à direita, ficava um grupo que mais tarde ficará conhecido como
Girondinos, defensores dos interesses da burguesia francesa e que temiam a radicalização da
revolução; na extrema direita, encontram-se alguns remanescentes da aristocracia que ainda não
emigrara, conhecidos pelo nome de negros ou aristocratas, que pretendiam a restauração do poder
absoluto.

Quanto a situação externa, o clima era de total apreensão. As monarquias absolutas vizinhas
olhavam para o que estava acontecendo na França com grande temor. Tanto é verdade, que alguns
elementos emigrados da nobreza francesa pretendiam que países como a Áustria e a Prússia iniciassem
imediatamente uma guerra contra a França. A Assembleia Legislativa, sabedor dessa situação,
raciocinava da seguinte forma: ou expandimos o ideal revolucionário para esses países ou, então, a
França Revolucionaria ver-se-á isolada e condenada ao fracasso. Daí a Assembleia também pensar na
guerra.

2o fase - Assembleia Legislativa


A Assembleia Legislativa francesa exigiu da Áustria e da Prússia um compromisso de não
invasão e, como não foi atendida pelas monarquias absolutas, declarou guerra à 20 de abril de 1792.

Luís XVI exultava, pois esperava que os exércitos franceses fossem derrotados para que ele pudesse
voltar ao poder como Rei absoluto; dessa forma, o Rei e a Rainha, a famosa Maria Antonieta, entram em
contato com os inimigos, passando-lhes segredos de guerra.

A atuação dos exércitos franceses foi um fracasso no campo de batalha.

Na assembleia, Robespierre denuncia a traição do Rei e dos generais ligados a ele, que também
estavam interessados na derrota da França Revolucionaria. Num discurso aos jacobinos, Robespierre
dizia:

“Não! Eu não me fio nos generais e, fazendo exceções honrosas, digo que quase todos
têm saudades da velha ordem, dos favores de que dispõe a Corte. Só confio no povo,
unicamente o povo.”

Nas ruas de Paris e das grandes cidades, os sans culottes (maneira como os pobres das cidades
se identificavam) se agitavam pedindo a prisão dos responsáveis pelas derrotas da França diante dos
exércitos austríacos e prussianos.
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3o fase - A Convenção Nacional


Em 2 de setembro, pela manhã, chegou a Paris a notícia de que Verdun estava sitiada; Verdun,
a última fortaleza entre Paris e a fronteira. Imediatamente, foi lançada uma
proclamação aos cidadãos: “À s armas cidadãos, às armas! O inimigo está às
portas!” Vários prisioneiros, suspeitos de ligação com o antigo regime, foram
massacrados pela população.

No dia 20 de setembro de 1792, chegou a Paris a notícia da esmagadora


vitória dos exércitos franceses sobre os exércitos prussianos e, no mesmo dia. foi
oficializada a proclamação da República, a primeira da França. Agora, o órgão
que governará a França será a Convenção eleita por voto universal.

A situação dos “partidos” políticos ficou mais nítida com a Convenção:

 À direita, o grupo dos girondinos defendendo os interesses da burguesia, que nesse momento
estava dominando a Convenção.
 No centro, o grupo da planície (ou pântano), defendendo os interesses da burguesia financeira,
mas tendo uma atitude oportunista dizia-se estar do lado de quem estava no poder.
 À esquerda e no alto, a montanha (jacobinos), defensores dos interesses da burguesia e do
povo.
O que fazer com o Rei? Os girondinos queriam mantê-lo vivo, pois temiam que sua execução
fizesse com que o povo quisesse mais reformas, o que ia contra seus interesses. Os jacobinos queriam
que o Rei fosse julgado e executado como traidor da pátria. A proposta jacobina saiu vencedora e o Rei
foi executado. Os jacobinos tornavam-se cada vez mais populares e eram apoiados pelos sans culottes.

Por sua vez, os exércitos franceses aproveitavam suas vitorias para propagar os ideais da
revolução, e os países de governos absolutistas se sentiam cada vez mais sujeitos à propaganda liberal.

O novo governo revolucionário francês fez reformas de vários níveis, mas todas elas
extremamente moderadas, de tal forma que não questionassem o poder dos girondinos.

Entretanto, os girondinos no poder viam na guerra uma forma de aumentarem suas fortunas e, por isso,
quanto mais altos os preços dos produtos (alimentos, roupas), melhor para eles. Na verdade, eram eles
que os vendiam e quem os comprava era o povo que, em sua extrema pobreza, não podia comprar
mercadorias caras. E nessa contradição que vamos entender o porquê da queda do governo da
Convenção dos jacobinos.
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Os sans culottes, nas ruas de Paris, exigiam reformas, controle dos preços, mercadorias
baratas, salários altos, e os girondinos exigiam exatamente o contrário. Nesse momento, os jacobinos
(montanheses) começam a liderar as reivindicações e conseguem que se forme a Comissão de
Salvação Publica, tendo por obrigação controlar os preços e denunciar os abusos feitos pelos altos
comerciantes girondinos.

A agitação aumenta, os girondinos ficam cada vez mais temerosos diante das manifestações dos
sans culottes. Aumentando a crise, uma região inteira da França, chamada Vendéia, instigada pelo clero
e pelos ingleses, levanta-se num movimento contrarrevolucionário.

Entre maio e junho de 1793, o povo se levanta em Paris, cerca o prédio da Convenção e exige a prisão
dos Deputados traidores, isto é, dos girondinos. Os jacobinos (montanheses) aproveitaram as
manifestações de apoio dos sans culottes e depuseram os girondinos, instaurando um novo governo.

A fase do terror - a ditadura dos jacobinos


Agora que os jacobinos estavam no poder, era preciso controlar os
movimentos populares. O governo dos jacobinos terá como característica
principal sua posição moderada na esquerda. Os jacobinos fazem parte de um
governo popular, mas não tomam medidas que atendam aos interesses de todas
as faixas da população e sim medidas mais ligadas à pequena burguesia
francesa.

No dia 13 de julho de 1793, o ídolo popular Marat é assassinado por


uma mulher membro do partido girondino. A partir daí a população exige a
radicalização da revolução. Inicia-se o terror: todos os elementos suspeitos de
ligações com os girondinos e com a aristocracia contrarrevolucionária são
massacrados ou executados nas guilhotinas, depois de julgamentos populares.

Reformas imediatas são feitas: a principal foi a redistribuição da propriedade, surgindo condições
para o aparecimento de três milhões de pequenas propriedades na França. As reformas atingem até
mesmo o calendário oficial, que adquire características marcadas e anticlericais e passa a basear-se
nos fenômenos da natureza. Por exemplo, o mês do calor (julho, na Europa) transforma-se no mês do
Termidor; dezembro, o mês das neves (inverno), transforma-se no Nevoso.

Robespierre tenta, com alguma habilidade inicial, manter-se no centro para governar. Aos poucos
começa a atacar seus aliados da esquerda: foram presos e executados elementos como Hebert e
16

Jacques Roux. Com a liquidação dos elementos de extrema esquerda, Robespierre não pode contar
com um apoio seguro dos sans culottes. Quer, a todo custo manter-se no meio da esquerda,
incorruptivelmente. Golpeia depois seus companheiros que tinham uma posição mais próxima da direita
moderada; como exemplo, temos a execução de Danton.

Robespierre, durante a ditadura dos jacobinos, consegue uma série de êxitos: liquida a
contrarrevolução da Vendeia e obtém várias vitórias contra os inimigos externos da revolução (entre esses
inimigos, contava-se não só a Prússia e a Áustria, mas também a poderosa Inglaterra); acelera os
processos do segundo terror, que executa, na guilhotina, vários contrarrevolucionários.

Mas o problema persistia. Robespierre tomava algumas medidas que, ao povo, pareciam
antipopulares, e outras, que desagradavam a burguesia (como, por exemplo, o fato de não haver
liberdade de comércio). Conspirava-se. A alta burguesia financeira, que na sua posição oportunista dentro
do partido da planície, conseguiu sobreviver ao período do terror, conspirava contra o governo jacobino.
Robespierre apela para os sans culottes, a fim de salvar seu governo. Mas onde estavam os líderes que
podiam mobilizá-los? Todos executados. O governo jacobino estava só.

A reação termidoriana: o golpe do 9 do Termidor


No dia 27 de julho de 1794 (9 do Termidor, pelo novo calendário revolucionário), ao iniciar-se
mais uma reunião da Convenção, Robespierre e seus partidários foram impedidos de falar, e contra eles
foi imediatamente decretada a prisão. Seus partidários ainda fizeram uma desesperada tentativa de salvá-
los, conclamando os sans culottes para se manifestarem publicamente e pegarem em armas contra o
golpe de Estado que estava sendo dado. Mas poucos atenderam aos seus apelos. O partido da planície
liderava o golpe. A alta burguesia, que havia suportado o domínio do governo jacobino, de tendência
popular, queria agora se libertar e acabar de uma vez por todas com ele, para estabelecer um governo
dos ricos.

Aos poucos, o partido da planície vai dominando a situação, e uma das primeiras medidas foi
executar Robespierre e todos os seus adeptos, sem ao menos julgá-los. A guilhotina funcionou sem parar:
todos os elementos que poderiam exercer alguma liderança junto ao povo eram sumariamente
executados. Jovens de famílias ricas organizavam-se em bandos para perseguir todos aqueles que eram
considerados suspeitos de atividades revolucionarias.

Que estava fazendo esse movimento antipopular? “Financistas, banqueiros, municiona dores,
agiotas contidos antes pelo Terror voltaram à preeminência, enquanto os nobres, os grandes burgueses
17

e também os emigrados retomavam a tradição mundana do Velho Regime. E começou a formar-se,


assim, a burguesia nova pela fusão das antigas classes dirigentes e dos homens enriquecidos na
especulação (...) e nos fornecimentos de guerra. “

O novo governo apressa-se em tomar uma série de medidas para salvaguardar seus interesses:
restaura a escravidão nas colônias (havia sido abolida anteriormente), acaba com a Lei do Máximo, que
regulava os preços das mercadorias,(agora, poder-se-ia vender as mercadorias a preços os mais altos
possíveis), e proíbe que se cante nas ruas a Marselhesa, o hino da revolução.

4o fase - O Diretório
Em setembro de 1795, prepara-se a nova Constituição. A Convenção Revolucionaria
desaparecia e cedia lugar a um tipo de governo exercido por um Diretório, composto por cinco membros
representando o poder executivo, e duas Câmaras; uma delas era o Conselho dos Anciãos, e a outra, o
Conselho dos Quinhentos, ambos representando o poder legislativo. O governo do Diretório suprimiu o
voto universal, implementado pela Convenção e restabeleceu o voto censitário. Isto significa que todos
os esforços feitos pela maioria do povo francês foram aproveitados pelas novas classes ricas.

A política interna do Diretório


Internamente, a política do Diretório era totalmente voltada às novas classes ricas. O comércio
ficou totalmente liberado e sem restrições, significando que os setores pobres da população arcavam com
a alta dos preços e com a inflação. A corrupção havia se tornado quase oficial. A alta burguesia jogava
desenfreadamente na bolsa para auferir lucros cada vez maiores.

Alguns antigos militantes jacobinos, liderados por Gracus Babeuf, exprimiam suas insatisfações
no jornal A Tribuna do Povo, de propriedade do líder. Esse jornal clamava pela volta da Constituição
de 1793 e pelo fim dos privilégios. Pedia também que o que fora proposto na Declaração dos Direitos do
Homem não continuasse só no papel, como até então. Babeuf começa a conspirar e a organizar uma
grande rebelião popular para tomar o poder e estabelecer uma sociedade mais justa e sem privilégios.

Mas, um dos seus agentes militares denunciou a Conjuração dos Iguais (movimento assim
conhecido). No dia l0 de maio de 1796, imediatamente, Babeuf e seu companheiro Buonarotti foram
presos. Depois de um ano, Babeuf foi condenado à morte pela guilhotina. Esta tentativa de estabelecer
um governo popular na França foi violentamente reprimida pelas altas classes enriquecidas.
18

A política externa do Diretório


Essa política pautava-se pela tentativa de vencer os inimigos da França e, se possível, aumentar
os domínios franceses na Europa, numa tentativa de anexação dos territórios conquistados,
principalmente a leste (pedaços da atual Alemanha até o Rio Reno) e ao sul (a anexação de uma região
chamada Lombardia, ao norte da Itália). O militar encarregado dessas anexações foi o jovem e habilidoso
General Napoleão Bonaparte, que cumpriu perfeitamente a missão expansionista, já delineada nessa
nova fase do capitalismo. Napoleão garantiu todos esses territórios ao governo do Diretório assinando
um tratado com a Áustria, na cidade de Campo Fórmio, no qual está reconhecia o direito da França de
se apossar dessas regiões em troca de outras concessões.

18 de Brumário - o golpe em nome da burguesia

A situação era extremamente grave. A burguesia, em geral, apavorada com a instabilidade,


esquecia seus ideais de liberdade, pregados alguns anos antes, e pensava num governo forte, numa
ditadura, se fosse preciso, para restaurar a lei e a ordem, para restabelecer as condições de se ganhar
dinheiro de uma forma segura. Todos sabiam que a única pessoa que poderia exercer um governo desse
tipo deveria ser um elemento de prestigio popular e ao mesmo tempo forte o suficiente para manter com
mão de ferro a estabilidade exigida pela burguesia. Nesse momento, quem reunia essas condições era o
jovem general que tantas glórias já havia trazido para a França (e outras mais ainda estavam por ser
conseguidas): Napoleão Bonaparte.

No dia 10 de novembro de 1799 (18 de Brumário, pelo calendário revolucionário), Napoleão


retorna do Egito, e, com o apoio de dois outros políticos, dissolvem o Diretório e estabelecem um governo
conhecido pelo nome de O Consulado.

ATIVIDADES

1) A queda da Bastilha representou:


(a) A vitória do rei sobre os revolucionários jacobinos.
(b) O início da Revolução Francesa.
(c) A união dos Estados ingleses e franceses contra os revolucionários girondinos.
(d) A derrota de jacobinos e girondinos.
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2) A Revolução Francesa representou um marco da história ocidental pelo caráter de ruptura em relação
ao Antigo Regime. Dentre as características da crise do Antigo Regime, na França, está
(a) a crescente mobilização do Terceiro Estado, liderado pela burguesia contra os privilégios do clero e
da nobreza.
(b) o desequilíbrio econômico da França, decorrente da Revolução Industrial.
(c) a retomada da expansão comercial francesa, liderada por Colbert.
(d) o apoio da monarquia às sucessivas rebeliões camponesas contrárias à nobreza.

3) Observe a imagem:
A charge acima retrata que
(a) havia privilégio para o Terceiro Estado.
(b) o Terceiro Estado sustentava todos os privilégios da
Nobreza e do alto Clero.
(c) o Primeiro e Segundo Estados se preocupavam com o
bem-estar do Terceiro Estado
(d) os impostos eram pagos pela nobreza, deixando isento
o clero e a burguesia

4) Sobre o contexto histórico da França pré-revolução, é verdadeiro afirmar que:


(a) o clero e a nobreza possuíam muitos privilégios, entre eles a isenção tributária (não pagavam
impostos).
(b) a estrutura social da população francesa não era estratificada.
(c) havia igualdade de direitos, sendo que não havia camadas sociais privilegiadas.
(d) não havia pobreza, nem miséria, pois existia uma justa distribuição de renda.

5) Observe a imagem:
Um dos fatos históricos mais importantes e tida como o início da
Revolução Francesa, retratado na imagem, foi
(a) a decretação de leis que garantiam igualdade de direitos na
França em 1789.
(b) a união do clero e da burguesia em prol da derrubada da
monarquia e implantação da República.
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(c) a Queda da Bastilha (principal prisão política da monarquia francesa) em 14 de julho de 1789.
(d) o apoio de Napoleão Bonaparte ao governo do monarca Luís XVI.

6) No período antecedente à Revolução Francesa, uma das classes sociais era o clero, que se
apresentava
(a) como uma classe homogeneamente em oposição à monarquia absoluta, em nome dos direitos
humanos.
(b) dividido em um clero alto e rico, comprometido com a monarquia absoluta e um baixo clero pobre.
(c) cindido em um segmento alto, de oposição ao governo absoluto e um segmento baixo, que o apoiava.
(d) dividido em relação ao poder absoluto, mas à margem dos privilégios do Antigo Regime.

7)General escolhido para comandar a França por ser um líder forte:


(a) D. Pedro II
(b) Luís XV
(c) Napoleão Bonaparte
(d) Voltaire

CAPÍTULO 3

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Usamos essa expressão para nos referirmos a todas
as mudanças no trabalho industrial, que se deram a partir dos
meados do século XVIII. A mais importante dessas
alterações, ocorridas em primeiro lugar na Grã-Bretanha, foi
a invenção de máquinas que produziam muito mais que o
trabalho manual. As primeiras foram as máquinas de fiação e
tecelagem. Homens, mulheres e até mesmo crianças
trabalhavam nas novas fábricas, onde grande parte das
máquinas funcionavam, a princípio, pela força hidráulica,
passando depois a ser movida a vapor. Newcomen inventou
21

uma máquina a vapor, mais tarde aperfeiçoada por James Watt.

Surgiram então, no séc. XIX, as estradas de ferro, que facilitaram muito o transporte dos produtos
manufaturados, tomando-os mais baratos. A invenção dos autoformo desenvolveu muito as indústrias de
ferro e aço. A população das cidades aumentou demais: um número cada vez maior de pessoas deixava
o campo para trabalhar nas fábricas. O povo sofreu bastante com os vários problemas ligados a salários
e condições de vida, tendo a Grã-Bretanha que importar cada vez mais gêneros alimentícios para suprir
sua população sempre crescente.

Os Grandes Avanços Tecnológicos

Na primeira metade do século os sistemas de transporte e de comunicação desencadearam as


primeiras inovações com os primeiros barcos à vapor (Robert Fulton/1807) e locomotiva
(Stephenson/1814), revestimentos de pedras nas estradas McAdam/1819), telégrafos (Morse/1836). As
primeiras iniciativas no campo da eletricidade como a descoberta da lei da corrente elétrica (Ohm/1827)
e do eletromagnetismo (Faraday/1831). Dá para imaginar a quantidade de mudanças que estes setores
promoveram ou mesmo promoveriam num futuro próximo. As distâncias entre as pessoas, entre os
países, entre os mercados se encurtariam. Os contatos mais regulares e frequentes permitiriam uma
maior aproximação de mundos tão distintos como o europeu e o asiático. No setor têxtil a concorrência
entre ingleses e franceses permitiu o aperfeiçoamento de teares (Jacquard e Heilmann). O aço tornou-se
uma das mais valorizadas matérias-primas. Em 1856 os fornos de Siemens-Martin, o processo Bessemer
de transformação de ferro em aço. A indústria bélica sofreu significativo avanço (como os Krupp na
Alemanha) acompanhando a própria tecnologia metalúrgica.

A explosão tecnológica conheceu um ritmo ainda mais frenético com a energia elétrica e os
motores a combustão interna. A energia elétrica aplicada aos motores, a partir do desenvolvimento do
dínamo, deu um novo impulso indústria l. Movimentar máquinas, iluminar ruas e residências, impulsionar
bondes. Os meios de transporte se sofisticam com navios mais velozes. Hidrelétricas aumentavam, o
telefone dava novos contornos à comunicação (Bell/1876), o rádio (Curie e Sklodowska/1898), o telégrafo
sem fio (Marconi/1895), o primeiro cinematógrafo (irmãos Lumière/1894) eram sinais evidentes da nova
era industrial consolidada. E, não podemos deixar de lado, a invenção do automóvel movido à gasolina
(Daimler e Benz/1885) que geraria tantas mudanças no modo de vida das grandes cidades. O motor à
diesel (Diesel/1897) e os dirigíveis aéreos revolucionavam os limites da imaginação criativa e a tecnologia
avançava a passos largos.
22

A indústria química também se tornou um importante setor de ponta no campo fabril. A obtenção
de matérias primas sintéticas a partir dos subprodutos do carvão- nitrogênio e fosfatos. Corantes,
fertilizantes, plásticos, explosivos, etc. Entrava-se no século XX com a visão de universo totalmente
transformada pelas possibilidades que se apresentavam pelo avanço tecnológico.

Etapas da industrialização

Podem-se distinguir três períodos no processo de industrialização em escala mundial:

 1760 a 1850 – A Revolução se restringe à Inglaterra, a "oficina do mundo". Preponderam a


produção de bens de consumo, especialmente têxteis, e a energia a vapor.
 1850 a 1900 – A Revolução espalha-se por Europa, América e Ásia: Bélgica, França, Alemanha,
Estados Unidos, Itália, Japão, Rússia. Cresce a concorrência, a indústria de bens de produção
se desenvolve, as ferrovias se expandem; surgem novas formas de energia, como a hidrelétrica
e a derivada do petróleo. O transporte também se revoluciona, com a invenção da locomotiva e
do barco a vapor.
 1900 até hoje – Surgem conglomerados industriais e multinacionais. A produção se automatiza;
surge a produção em série; e explode a sociedade de consumo de massas, com a expansão dos
meios de comunicação. Avançam a indústria química e eletrônica, a engenharia genética, a
robótica.

Artesanato, manufatura e maquinofatura

O artesanato, primeira forma de produção industrial, surgiu no fim da Idade Média com o
renascimento comercial e urbano e definia-se pela produção independente; o produtor possuía os meios
de produção: instalações, ferramentas e matéria-prima. Em casa, sozinho ou com a família, o artesão
realizava todas as etapas da produção.

A manufatura resultou da ampliação do consumo, que levou o artesão a aumentar a produção e


o comerciante a dedicar-se à produção industrial. O manufatureiro distribuía a matéria-prima e o artesão
trabalhava em casa, recebendo pagamento combinado. Esse comerciante passou a produzir. Primeiro,
contratou artesãos para dar acabamento aos tecidos; depois, tingir; e tecer; e finalmente fiar. Surgiram
fábricas, com assalariados, sem controle sobre o produto de seu trabalho. A produtividade aumentou por
causa da divisão social, isto é, cada trabalhador realizava uma etapa da produção.

Na maquinofatura, o trabalhador estava submetido ao regime de funcionamento da máquina e à gerência


direta do empresário. Foi nesta etapa que se consolidou a Revolução Industrial.
23

O pioneirismo inglês

Quatro elementos essenciais concorreram para a industrialização: capital, recursos naturais,


mercado, transformação agrária.

Na base do processo, está a Revolução Inglesa do século XVII. Depois de vencer a monarquia,
a burguesia conquistou os mercados mundiais e transformou a estrutura agrária. Os ingleses avançaram
sobre esses mercados por meios pacíficos ou militares. A hegemonia naval lhes dava o controle dos
mares. Era o mercado que comandava o ritmo da produção, ao contrário do que aconteceria depois, nos
países já industrializados, quando a produção criaria seu próprio mercado.

Até a segunda metade do século XVIII, a grande indústria inglesa era a tecelagem de lã.
Mas a primeira a mecanizar-se foi a do algodão, feito com matéria-prima colonial (Estados Unidos, Índia
e Brasil). Tecido leve, ajustava-se aos mercados tropicais; 90% da produção ia para o exterior e isto
representava metade de toda a exportação inglesa, portanto é possível perceber o papel determinante
do mercado externo, principalmente colonial, na arrancada industrial da Inglaterra. As colônias
contribuíam com matéria-prima, capitais e consumo.

Os capitais também vinham do tráfico de escravos e do comércio com metrópoles colonialistas,


como Portugal. Provavelmente, metade do ouro brasileiro acabou no Banco da Inglaterra e financiou
estradas, portos, canais. A disponibilidade de capital, associada a um sistema bancário eficiente, com
mais de quatrocentos bancos em 1790, explica a baixa taxa de juros; isto é, havia dinheiro barato para
os empresários.

Depois de capital, recursos naturais e mercado, vamos ao quarto elemento essencial à


industrialização, a transformação na estrutura agrária após a Revolução Inglesa. Com a gentry no poder,
dispararam os cercamentos, autorizados pelo Parlamento. A divisão das terras coletivas beneficiou os
grandes proprietários. As terras dos camponeses, os yeomen, foram reunidas num só lugar e eram tão
poucas que não lhes garantiam a sobrevivência: eles se transformaram em proletários rurais; deixaram
de ser ao mesmo tempo agricultores e artesãos.

Duas consequências se destacam: 1) diminuiu a oferta de trabalhadores na indústria doméstica


rural, no momento em que ganhava impulso 0 mercado, tornando-se indispensável adotar nova forma de
produção capaz de satisfazê-lo; 2) a proletarização abriu espaço para o investimento de capital na
agricultura, do que resultaram a especialização da produção, o avanço técnico e o crescimento da
24

produtividade. A população cresceu, o mercado consumidor também; e sobrou mão-de-obra para os


centros industriais.

Mecanização da Produção

As invenções não resultam de atos individuais ou do acaso, mas de problemas concretos


colocados para homens práticos. O invento atende à necessidade social de um momento; do contrário,
nasce morto. Da Vinci imaginou a máquina a vapor no século XVI, mas ela só teve aplicação no século
XVIII.

Para alguns historiadores, a Revolução Industrial começa em 1733 com a invenção da lançadeira
volante, por John Kay. O instrumento, adaptado aos teares manuais, aumentou a capacidade de tecer;
até ali, o tecelão só podia fazer um tecido da largura de seus braços. A invenção provocou desequilíbrio,
pois começaram a faltar fios, produzidos na roca. Em 1767, James Hargreaves inventou a spinning jenny,
que permitia ao artesão fiar de uma só vez até oitenta fios, mas eram finos e quebradiços. A water frame
de Richard Arkwright, movida a água, era econômica, mas produzia fios grossos. Em 1779, S Samuel
Crompton combinou as duas máquinas numa só, a mule, conseguindo fios finos e resistentes. Mas agora
sobravam fios, desequilíbrio corrigido em 1785, quando Edmond Cartwright inventou o tear mecânico.

Cada problema surgido exigia nova invenção. Para mover o tear mecânico, era necessária uma
energia motriz mais constante que a hidráulica, à base de rodas d’água. James Watt, aperfeiçoando a
máquina a vapor, chegou à máquina de movimento duplo, com biela e manivela, que transformava o
movimento linear do pistão em movimento circular, adaptando-se ao tear.

Para aumentar a resistência das máquinas, a madeira das peças foi substituída por metal, o que estimulou
o avanço da siderurgia. Nos Estados Unidos, Eli Whitney inventou o descaroçador de algodão.

Revolução Social

A Revolução Industrial concentrou os trabalhadores em fábricas. O aspecto mais importante, que


trouxe radical transformação no caráter do trabalho, foi esta separação: de um lado, capital e meios de
produção (instalações, máquinas, matéria-prima); de outro, o trabalho. Os operários passaram a
assalariados dos capitalistas (donos do capital).

Uma das primeiras manifestações da Revolução foi o desenvolvimento urbano. Londres chegou
ao milhão de habitantes em 1800. O progresso deslocou-se para o norte; centros como Manchester
abrigavam massas de trabalhadores, em condições miseráveis. Os artesãos, acostumados a controlar o
ritmo de seu trabalho, agora tinham de submeter-se à disciplina da fábrica. Passaram a sofrer a
25

concorrência de mulheres e crianças. Na indústria têxtil do algodão, as mulheres formavam mais de


metade da massa trabalhadora. Crianças começavam a trabalhar aos 6 anos de idade. Não havia garantia
contra acidente nem indenização ou pagamento de dias parados neste caso.

A mecanização desqualificava o trabalho, o que tendia a reduzir o salário. Havia frequentes


paradas da produção, provocando desemprego. Nas novas condições, caíam os rendimentos,
contribuindo para reduzir a média de vida. Uns se entregavam ao alcoolismo. Outros se rebelavam contra
as máquinas e as fábricas, destruídas em Lancaster (1769) e em Lancashire (1779). Proprietários e
governo organizaram uma defesa militar para proteger as empresas.

A situação difícil dos camponeses e artesãos, ainda por cima estimulados por ideias vindas da
Revolução Francesa, levou as classes dominantes a criar a Lei Speenhamland, que garantia subsistência
mínima ao homem incapaz de se sustentar por não ter trabalho. Um imposto pago por toda a comunidade
custeava tais despesas.

Havia mais organização entre os trabalhadores especializados, como os penteadores de lã.


Inicialmente, eles se cotizavam para pagar o enterro de associados; a associação passou a ter caráter
reivindicatório. Assim surgiram as tradeunions, os sindicatos. Gradativamente, conquistaram a proibição
do trabalho infantil, a limitação do trabalho feminino, o direito de greve.

Em fins do século XVIII, o capitalismo consolidar-se-ia como sistema econômico e se


caracterizaria pela acumulação de capital, pela propriedade privada, pela obtenção de lucro e pelo
trabalho assalariado. A Revolução Industrial seria fundamental para esse acontecimento.

PIONEIRISMO INGLÊS

Em meados do século XVIII, a Inglaterra dava os primeiros passos da Revolução Industrial,


transformando-se na maior potência da época até princípios do século XX devido ao seu avanço na
produção. Acompanhe alguns dos fatores que possibilitaram a Inglaterra ser “mãe” da Revolução
Industrial.

1) Políticos:

Parlamentarismo: Desde 1688 foi instalado na Inglaterra o sistema parlamentarista de governo, que
abriu espaço para a ação da burguesia, dando fim ao Absolutismo Monárquico.
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Criação do Banco da Inglaterra: ato do Parlamento que facilitou o


financiamento da burguesia inglesa para implantação de indústrias.

2) Econômicos:

Acúmulo de Capitais: A Idade Moderna é vista como a “fase de acumulação primitiva de


capitais”, onde a burguesia comercial, apoiada pelas ideias mercantilistas, teria acumulado capitais para
investir na produção industrial. A Inglaterra, como teve um bom desenvolvimento comercial nesse
período, reuniu condições para seu desenvolvimento industrial.

Reservas Minerais de carvão e ferro: a Inglaterra encontrava em seu território reservas abundantes
de carvão e ferro, matérias-primas essenciais para a primeira fase da Revolução Industrial.
3) Geográficos: A Inglaterra estava afastada, no sentido territorial, da maioria dos grandes conflitos
europeus, tendo, por isso, um desenvolvimento interno melhorado. Facilidade de transporte naval interno
e internacional.

4) Sociais: Mão-de-obra abundante devido as leis de cercamento (enclosure acts), que


afastavam os camponeses da terra, obrigando-os a partir para a cidade, onde formavam o “exército
industrial de reserva”. Pensamento progressista, por parte da burguesia e da nobreza capitalista
(Gentrys).

Com o advento da Indústria e a má situação do trabalhador fabril, ao longo do século XVIII e


XIX, foram surgindo movimentos sociais que contestavam a estruturação da sociedade capitalista,
denunciando a exploração do proletariado por parte da burguesia. Tais movimentos
atingiram várias formas, indo da reivindicação por maiores direitos
políticos aos trabalhadores à proposta de revolução para pôr fim ao capitalismo e as
desigualdades. Acompanhe as principais manifestações contra essa situação:

 Ludismo: No início do século XIX, grupos de trabalhadores ingleses invadiam as


fábricas e destruíam as máquinas, vistas por eles como culpadas pela sua miséria. O
nome Ludismo vem do suposto líder do movimento, Nedd Ludd. Vários Luditas foram
presos e enforcados, o que acabou dissolvendo o movimento.
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 Cartismo: Movimento que eclodiu na Inglaterra, devido à organização política dos


trabalhadores que faziam reivindicações trabalhistas tais como: redução da jornada
de trabalho para 10 horas/dia; sufrágio universal masculino, imunidade parlamentar,
etc. O movimento tinha apoio de grupos da classe média e de socialistas e liberais.
Em 1848 o movimento teve seu apogeu com a Carta do Povo, documento com as
principais reivindicações entregue ao Parlamento Inglês

Este movimento não obteve sucesso imediato, sendo que apenas no final do século XIX algumas de
suas reivindicações seriam atendidas.

A Segunda Revolução Industrial

A energia elétrica está para a segunda revolução industrial assim como a máquina a vapor
esteve para a primeira e com a luz elétrica as taxas de lucratividade foram elevadas, permitindo o
acelerado crescimento industrial. Motores e máquinas menores e toda a parafernália eletrônica
subsequente permitiram o desenvolvimento de um grande número de utilidades domésticas, que
seriam os bens de consumo duráveis que, juntamente com o automóvel, constituem os maiores
símbolos da sociedade moderna.

No contexto de se aumentar a produtividade do trabalho, surge o método de administração


científica de Frederick W. Taylor, que se tornaria mundialmente conhecido como taylorismo: para ele
o grande problema das técnicas administrativas existentes consistia no desconhecimento, pela
gerência, bem como pelos trabalhadores, dos métodos ótimos de trabalho. A busca dos métodos
ótimos, seria efetivada pela gerência, através de experimentações sistemáticas de tempos e
movimentos. Uma vez descobertos, os métodos seriam repassados aos trabalhadores que se
transformavam em executores de tarefas pré-definidas.

Uma segunda concepção teórica, conhecida como fordismo, acelera o conceito de produto
único de forma a intensificar as possibilidades de economia de escala no processo de montagem e se
obter preços mais baixos. Com seu tradicional exemplo do Ford T, ao se valer da moderna tecnologia
eletromecânica, ele desenvolve peças intercambiáveis de alta precisão que elimina a necessidade de
ajustamento e, consequentemente do próprio mecânico ajustador. Sem a necessidade de ajuste, a
28

montagem pode ser taylorizada, levando a que mecânicos semiqualificados se especializassem na


montagem de pequenas partes.

Com a introdução de linhas de montagem, eleva-se a produtividade ao minimizar o tempo de


deslocamento e redução nos estoques. Muito mais importante ainda, são os ganhos dinâmicos de
longo prazo, uma vez que se pode avançar com a taylorização, onde a própria linha de montagem se
transforma no controlador do ritmo de trabalho. Esse cenário leva à substituição de empregados por
máquinas de forma a maximizar a produtividade.

Por fim, com a expansão das escalas e dos ritmos de produção, o avanço da mecanização
em sistemas dedicados se intensificará também nas unidades fornecedoras de peças, assim como
nos fabricantes de matérias-primas e insumos.

ATIVIDADES

1. (Enem 2001)

“... Um operário desenrola o arame, o outro o endireita, um terceiro corta, um quarto o afia nas pontas
para a colocação da cabeça do alfinete; para fazer a cabeça do alfinete requerem-se 3 ou 4 operações
diferentes; ...” (SMITH, Adam. A Riqueza das Nações. Investigação sobre a sua Natureza e suas
Causas. Vol. I. São Paulo: Nova Cultural, 1985. Jornal do Brasil, 19 de fevereiro de1997.)

A respeito do texto e do quadrinho são feitas as seguintes afirmações:

I. Ambos retratam a intensa divisão do trabalho, à qual são submetidos os operários.


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II. O texto refere-se à produção informatizada e o quadrinho, à produção artesanal.

III. Ambos contêm a ideia de que o produto da atividade industrial não depende do conhecimento
de todo o processo por parte do operário.

Dentre essas afirmações, apenas

a) I está correta. c) III está correta.

b) II está correta. d) I e II estão corretas. e) I e III estão corretas.

2. (Enem 2009) A prosperidade induzida pela emergência das máquinas de tear escondia uma
acentuada perda de prestígio. Foi nessa idade de ouro que os artesãos, ou os tecelões temporários,
passaram a ser denominados, de modo genérico, tecelões de teares manuais. Exceto em alguns
ramos especializados, os velhos artesãos foram colocados lado a lado com novos imigrantes,
enquanto pequenos fazendeiros-tecelões abandonaram suas pequenas propriedades para se
concentrar na atividade de tecer. Reduzidos à completa dependência dos teares mecanizados ou dos
fornecedores de matéria-prima, os tecelões ficaram expostos a sucessivas reduções dos rendimentos.

THOMPSON, E. P. The making of the english working class. Harmondsworth: Penguin Books, 1979
(adaptado).

Com a mudança tecnológica ocorrida durante a Revolução Industrial, a forma de trabalhar alterou-se
porque

a) a invenção do tear propiciou o surgimento de novas relações sociais.

b) os tecelões mais hábeis prevaleceram sobre os inexperientes.

c) os novos teares exigiam treinamento especializado para serem operados.

d) os artesãos, no período anterior, combinavam a tecelagem com o cultivo de subsistência.


30

e) os trabalhadores não especializados se apropriaram dos lugares dos antigos artesãos nas
fábricas.

3. (Enem 2010) A Inglaterra pedia lucros e recebia lucros, tudo se transformava em lucro. As cidades
tinham sua sujeira lucrativa, suas favelas lucrativas, sua fumaça lucrativa, sua desordem lucrativa,
sua ignorância lucrativa, seu desespero lucrativo. As novas fábricas e os novos altos-fornos eram
como as Pirâmides, mostrando mais a escravização do homem que seu poder.

DEANE, P. A Revolução Industrial. Rio de Janeiro: Zahar, 1979 (adaptado).

Qual relação é estabelecida no texto entre os avanços tecnológicos ocorridos no contexto da


Revolução Industrial Inglesa e as características das cidades industriais no início do século XIX?

a) A facilidade em se estabelecerem relações lucrativas transformava as cidades em espaços


privilegiados para a livre iniciativa, característica da nova sociedade capitalista.

b) O desenvolvimento de métodos de planejamento urbano aumentava a eficiência do trabalho


industrial.

c) A construção de núcleos urbanos integrados por meios de transporte facilitava o deslocamento


dos trabalhadores das periferias até as fábricas.

d) A grandiosidade dos prédios onde se localizavam as fábricas revelava os avanços da


engenharia e da arquitetura do período, transformando as cidades em locais de experimentação
estética e artística.

e) O alto nível de exploração dos trabalhadores industriais ocasionava o surgimento de


aglomerados urbanos marcados por péssimas condições de moradia, saúde e higiene.

4. (Enem 2012)
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Na imagem do início do século XX, identifica-se um modelo produtivo cuja forma de organização fabril
baseava-se na a) autonomia do produtor direto.

b) adoção da divisão sexual do trabalho.

c) exploração do trabalho repetitivo.

d) utilização de empregados qualificados.

e) incentivo à criatividade dos funcionários.

5. ( Enem 2013) Na produção social que os homens realizam, eles entram em determinadas relações
indispensáveis e independentes de sua vontade; tais relações de produção correspondem a um
estágio definido de desenvolvimento das suas forças materiais de produção. A totalidade dessas
relações constitui a estrutura econômica da sociedade — fundamento real, sobre o qual se erguem as
superestruturas política e jurídica, e ao qual correspondem determinadas formas de consciência
social.

MARX, K. Prefácio à Crítica da economia política. In: MARX, K.; ENGELS, F.Textos 3. São Paulo: Edições Sociais, 1977 (adaptado).

Para o autor, a relação entre economia e política estabelecida no sistema capitalista faz com que

a) o proletariado seja contemplado pelo processo de mais-valia.

b) o trabalho se constitua como o fundamento real da produção material.

c) a consolidação das forças produtivas seja compatível com o progresso humano.

d) a autonomia da sociedade civil seja proporcional ao desenvolvimento econômico.

e) a burguesia revolucione o processo social de formação da consciência de classe.


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