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A PRÁXIS PROFISSIONAL DO

ASSISTENTE SOCIAL
CENTRO UNIVERSITÁRIO
LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040, Bairro Benedito
89130-000 - INDAIAL/SC
www.uniasselvi.com.br

Curso sobre Serviço Social


Centro Universitário Leonardo da Vinci

Organização
Vera Lúcia Hoffmann Pieritz

Autora
Cristiana Montibeller
Denise da Silva Vieira
Joelma Crista Sandri Bonetti
Marines Selau Lopes
Silvana Braz Wegrzynovski

Reitor da UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch

Pró-Reitoria de Ensino de Graduação a Distância


Prof.ª Francieli Stano Torres

Pró-Reitor Operacional de Ensino de Graduação a Distância


Prof. Hermínio Kloch

Diagramação e Capa
Letícia Vitorino Jorge

Revisão
Harry Wiese
IMPLICAÇÕES DAS EXPRESSÕES SOCIAIS DA QUESTÃO SOCIAL E A
FORMULAÇÃO, IMPLEMENTAÇÃO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS,
SERVIÇOS, PROGRAMAS E POLÍTICAS SOCIAIS

Profª. Cristiana Montibeller

APRESENTAÇÃO DA ETAPA

Caro(a) acadêmico(a)! Seja muito bem-vindo a esta nova etapa de estudo e


aperfeiçoamento que é a práxis profissional do assistente social, curso proposto para
reforçar o seu entendimento e relembrá-lo de alguns aspectos importantes sobre a
questão social, tópico importantíssimo de análise, estudo, aprofundamento, pesquisa
e intervenção profissional, visto o acirramento gradativo das expressões sociais que se
manifesta de formas diversas na sociedade.

Vários aspectos relacionados à nossa profissão como assistente social precisam


ser compreendidos e reforçados em sua análise mais ampla na atual conjuntura e
contemporaneidade, no que diz respeito à questão social e sua relação com o serviço
social, bem como o entendimento de suas múltiplas e complexas expressões sociais na
atualidade em nossa realidade brasileira, demanda de nossas intervenções.

Existem muitos desafios profissionais em relação às múltiplas e complexas


expressões sociais no Brasil. Assim, dentro de um perspectivismo de enfrentamento e
redução, de redução e resolução, podemos e devemos nos impor enquanto profissionais
na busca de possibilidades e alternativas de reversão do agravamento das manifestações
da questão social. Os desafios e enfrentamentos das expressões multifacetadas da questão
social são inúmeros e parecem se tornar irreversíveis e acirradas, porém precisamos
propor alternativas possíveis na construção de uma nova ordem societária.

Prontos para começar a estudar, pesquisar, analisar e a compreender o significado


e a amplitude da questão social?

Então, mãos à obra!

Profª. Cristiana Montibeller


IMPLICAÇÕES DAS EXPRESSÕES
SOCIAIS DA QUESTÃO SOCIAL E A
FORMULAÇÃO, IMPLEMENTAÇÃO,
EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DE
PROJETOS, SERVIÇOS, PROGRAMAS
E POLÍTICAS SOCIAIS

ETAPA 3
SERVIÇO SOCIAL 3

TÓPICO 1 – A AMPLITUDE DA TERMINOLOGIA DO


TERMO DA QUESTÃO SOCIAL
Cristiana Montibeller

A questão social está intrinsecamente vinculada com a história do surgimento e


desenvolvimento do capitalismo, visto o desenrolar dos acontecimentos que mudaram
o curso da história da humanidade. Por isso precisamos conhecer o passado para
compreender e refletir sobre aspectos do cenário contemporâneo mundial e da nossa
própria realidade enquanto profissionais que atuam diretamente com as expressões
da questão social e não mais no aspecto da filantropia e com pobres desajustados
(MONTIBELLER, 2015).

Do feudalismo se instaurou o capitalismo gradativamente, assim a Revolução


Industrial que teve início na Inglaterra, emergindo aproximadamente em 1775, se
espalhou por toda a Europa. Sem precedentes e concomitantemente com o crescimento
econômico, crescia também um número exorbitante de homens, mulheres e crianças em
situações desumanas e degradantes, de desigualdade social, pobreza e exclusão social.

A questão social e suas expressões, na época do surgimento e desenvolvimento


do capitalismo, era designada como problemas ou disfunções sociais. Assim percebiam
e consideravam todos os problemas sociais como desvios de conduta, que estavam
vinculados e relacionados com a cultura, a moral, a religião, a família, com a característica
pessoal da própria pessoa. A pobreza era relacionada a causas individuais e psicológicas,
pensava-se o pauperismo como mendicância e como crime, assim a repressão se instituía
como forma de tentar harmonizar, equilibrar, por ordem na sociedade industrial da época
que estava emergindo.

Segundo Montaño (2012, p. 274):

[...] a partir de 1834, existem algumas características e problemas dessa con-


cepção de “questão social”, pobreza e tratamentos:
a. A “questão social” é separada dos seus fundamentos econômicos (a con-
tradição capital/trabalho, baseada na relação de exploração do trabalho pelo
capital, que encontra na indústria moderna seu ápice) e políticos (as lutas de
classes). É considerada a “questão social” durkheimianamente como proble-
mas sociais, cujas causas estariam vinculadas a questões culturais, morais e
comportamentais dos próprios indivíduos que os padecem.
b. A pobreza é atribuída a causas individuais e psicológicas, jamais a aspectos
estruturais do sistema social.
c. O enfrentamento, seja a pobreza considerada como carência ou déficit (onde
a resposta são ações filantrópicas e beneficência social). Ou seja, ela entendida
como mendicância e vadiagem (onde a resposta é a criminalização da pobreza,
enfrentada com repressão/reclusão), sempre remete à consideração de que as
causas da “questão social” e da pobreza encontram‑se no próprio indivíduo.
Trata‑se das manifestações da “questão social” no espaço de quem os padece,
no interior dos limites do indivíduo, e não como questão do sistema social.
Essa é a perspectiva pós‑1835, século XIX — que, a partir da constituição do

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proletariado como sujeito e de suas lutas desenvolvidas particularmente entre
1830‑48, pensa o pauperismo como mendicância e como crime, tratando assim
dela com repressão.

O aumento da pobreza e da exclusão social, das desigualdades sociais, da


expansão de situações de risco social, a precarização do trabalho, baixos salários,
trabalho infantil, carga horária excessiva, falta de garantia de condições mínimas de
trabalho, crescimento excessivo de imigrações e migrações, explorações diversas eram
evidenciados na época do surgimento e desenvolvimento do capitalismo.

Nesse sentido, é necessário que a compreensão e análise crítica da “questão


social” em sua gênese e contemporaneidade se faça valer, bem como a identificação das
várias formas em que se manifestam as expressões da “questão social” na sociedade, a
fim de que se possa construir estratégias diversas de enfrentamento das desigualdades
sociais e propor a conquista, efetivação, garantia e ampliação dos direitos sociais. Assim,
vamos contando que a sociedade é mutável e, consequentemente, se desenvolve e exige
adequações, adaptações, mudanças, readaptações, novas interpretações, pois também
vão se configurando e surgindo novas formas de vida e situações, novas expressões
sociais que se modificam e se alteram, se intensificam e exigem novos olhares e novas
ações.

Assim, o pensar sobre o social está relacionado com o desenvolvimento do


capitalismo, especificamente, em meados do século XIX, na Europa, conforme especifica
de forma clara sobre esse assunto a assistente social e doutora em sociologia Marilena
Jamur (1997, p. 19-20), onde vem descrevendo e interpretando o sociólogo francês
Jacques Donzelot:

O social, segundo Donzelot (1992), foi uma “invenção” do século XIX. Através
de uma ampla e minuciosa análise, o autor faz a demonstração de que a “in-
venção do social” se impõe como uma necessidade política, no momento em
que o ideal republicano – forjado no Século das Luzes – se vê confrontado à
primeira forma democrática colocada em prática na França, após a Revolução
de 1848. Naquela conjuntura, com a adoção do sufrágio universal, quando são
retomados os princípios democráticos norteadores da “Revolução Gloriosa”
de 1789, por um lado, reavivam-se as certezas e as promessas contidas no ideal
republicano de liberdade e de igualdade; ao mesmo tempo, por outro lado,
aparecem claramente as contradições e o conflito de interesses que obstaculizam
a realização desse ideal. O autor defende o argumento de que a emergência
do social com um domínio específico de preocupações e de intervenção está
profundamente articulada ao surgimento da “questão social”.

Assim como o social, a questão social também está vinculada à história do


desenvolvimento do capitalismo, ou mais especificamente, com as consequências
do novo sistema econômico que estava surgindo na Europa, um déficit social de
desencantamento, temor e pânico, pois o capitalismo para se instalar não foi de modo
pacífico, harmonioso ou glorioso, mas de forma coercitiva, manipulatória, autoritária,

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SERVIÇO SOCIAL 5

exploratória e excludente.

Segundo Donzelot (1992, p. 33-34, apud JAMUR, 1997, p. 21),

A “questão social” – designação que aparecera por volta de 1830 – será definida
principalmente neste sentido: como reduzir a distância entre o novo funda-
mento da ordem política e a realidade da ordem social, a fim se assegurar a
credibilidade da primeira e a estabilidade da segunda, se não quiser “que o
poder republicano seja de novo investido de esperanças desmedidas e, depois,
vítima do desencantamento destruidor daqueles mesmos que a ele deveriam
ser mais apegados”. A “questão social” aparece como a “constatação de um
déficit da realidade social, com relação ao imaginário político da República.
Um déficit gerador de desencantamento e de temor: desencantamento daque-
les que esperavam dessa extensão da soberania política (a todo o povo) uma
modificação imediata de sua condição civil; temor, e mesmo pânico, daqueles
que receavam que esse poder através do povo servisse para instaurar o poder
do povo de Paris sobre o resto da Nação”.

Nesse sentido, vamos entendendo que a “questão social” surge por volta de
1830, e emerge com questionamentos sobre como diminuir a relação entre o público e
o privado, entre a política e a realidade social, com o intuito de efetivar a credibilidade
e comprometimento político e a harmonia social. Assim, a questão social surge numa
esfera de desencantamento e decepção de uma democracia disfarçada e numa esfera
de medo do que estaria por vir. Com o surgimento do capitalismo, a nova divisão do
trabalho social trouxe aos trabalhadores e suas famílias diversos prejuízos e riscos, além
de evidenciar a desigualdade social e um contingente de miseráveis, os mesmos eram
iludidos por um imaginário político ideológico de modernidade, progresso e riqueza
para todos (MONTIBELLER, 2015).

A questão social representa uma perspectiva de análise da sociedade. [...] nós


não vemos a questão social, vemos suas expressões: o desemprego, o analfabe-
tismo, a fome, a favela, a falta de leitos em hospitais, a violência, a inadimplên-
cia, etc. Assim é que a questão social só se nos apresenta nas suas objetivações,
em concretos que sintetizam as determinações prioritárias do capital sobre o
trabalho, onde o objetivo é acumular capital e não garantir condições de vida
para toda a população (MACHADO, 2014, p. 1).

Assim, vamos compreender então que a questão social representa uma perspectiva
de análise da sociedade, pois não vemos a questão social em si, mas sim suas expressões,
ou seja, percebemos as inúmeras e incômodas manifestações e expressões sociais, onde
o assistente social, por sua vez, ocupa um espaço e importância que lhe é próprio,
procurando dar respostas nas mais variadas formas de expressão da questão social via
políticas sociais dos mais variados segmentos da sociedade.

Como já foi referido, o Serviço Social tem na questão social a base de sua
fundação como especialização do trabalho. Questão social apreendida como
o conjunto das expressões das desigualdades sociais da sociedade capitalista
madura, [...]. Os assistentes sociais trabalham com a questão social nas suas
mais variadas expressões quotidianas, tais como os indivíduos as experimentam
no trabalho, na família, na área habitacional, na saúde, na assistência social

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pública etc. (IAMAMOTO, 2014, p. 27-28).

Percebemos que na atualidade uma questão social é uma questão político-social,


visto que não é algo isolado do sistema no qual vivemos. Nesse sentido, podemos
nos referir à reprodução das relações sociais na sociedade capitalista, que pode ser
compreendida em suas contradições de desigualdade econômica, visto que o crescimento
do capital corresponde à crescente pauperização relativa da população, dependente do
trabalho, do capital, do sistema que necessita desta lógica de ganho e exploração.

Para Iamamoto (2014), a gênese da questão social está diretamente relacionada


e intrínseca ao capitalismo e suas relações de produção, dominação e exploração e
desigualdade social. Nessa perspectiva, a questão social requer uma compreensão não
apenas de manifestação da desigualdade social no capitalismo, mas como um elemento
político e social mediador das ações das distintas realidades sociais no desenvolvimento e
desdobramento do modo de produção capitalista, que para se manter explora e domina.

Percebe-se que a questão social é considerada de forma errônea. Assim, é


considerada como disfunções ou problemáticas sociais, situações sociais, problemas
isolados, tais como: a pobreza, desemprego, violência, mendicância, favelas, doenças,
exploração infantojuvenil, discriminação, pedofilia, analfabetismo, dependência química,
entre outras inúmeras situações, porém todas essas situações são expressões, são
manifestações da questão social. Por exemplo, quando questionamos uma das inúmeras
questões sociais é por que algo nos impulsiona para isto, visto que estamos presenciando
ou percebendo uma, duas ou mais de suas expressões ou manifestações na sociedade.

A questão social em si não é algo negativo, como, por exemplo, o trabalho, a


habitação, a educação, entre outras diversas questões sociais; o que perturba são as
manifestações negativas destas, tais como: o desemprego ou o emprego informal,
baixos salários, não garantia de direitos trabalhistas, a falta de moradias e saneamento
básico, as favelas, o descaso com a educação, a evasão escolar, dentre outras inúmeras
expressões sociais que se evidenciam na sociedade.

Assim, vamos compreender e analisar as expressões da questão social, visto


que o serviço social tem na questão social a base de sua fundamentação enquanto
especialização do trabalho, por isso que a intervenção profissional deve estar pautada
em uma perspectiva que vise ao enfrentamento das expressões da questão social
não no sentido de apaziguamento, mas essencialmente de redução e eliminação
(MONTIBELLER, 2015).

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TÓPICO 2 – A GLOBALIZAÇÃO E O ACIRRAMENTO DAS


EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL
Cristiana Montibeller

Não tem como deixar de analisar questões sociais e as expressões que se tornam
visíveis na sociedade capitalista, dita moderna e globalizada e altamente complexa, não
tem como deixar de visualizar uma perspectiva de amplitude onde a complexidade se
torna parte integrante da paisagem nas sociedades contemporâneas.

Por isso que as questões sociais vão ganhando novas formas, novas expressões
e contradições sociais, conforme especifica Pieritz (2013, p. 105):

Em cada momento histórico, as questões sociais vão ganhando novas formas.


Formas estas que chamamos de expressões da questão social, ou seja, a questão
social sempre foi a mesma desde os tempos mais remotos da humanidade e
independe de classe social. O que vem mudando são suas formas de apre-
sentação, pois, de acordo com as transformações do modo de produção, vão
surgindo contradições sociais, que se transformam nas diversas formas de
expressão da questão social.

Conforme o economista Dowbor (2014, p. 101), a sociedade sofre inúmeras


mudanças, inúmeras configurações, vindo a se configurar em segmentos variados e
complexos sob vários aspectos, que não envolvem somente a questão econômica, mas
política, jurídica, cultural, educacional, ambiental, entre outras:

A própria dinâmica social mudou profundamente. Não somos mais sociedades


compostas por camponeses, operários e burguesias. As classes se desdobraram
em segmentos variados e complexos, à medida que as pirâmides econômicas
se foram tornando mais diferenciadas, interdependentes e verticalizadas. Há
uma classe assalariada milionária, e temos hoje numerosos estudos desta com-
plexidade crescente, como a tecnoburocracia, a elitização operária, o complexo
militar industrial, a classe dirigente transnacional e outros fenômenos de uma
sociedade onde as técnicas, a globalização e os ritmos de transformação eco-
nômica avançam muito mais rapidamente do que a nossa capacidade de criar
as instituições e a regulação correspondentes. Isto sem falar do marco jurídico
que constitui uma colcha de retalhos com cerca de 200 legislações nacionais
diferenciadas segundo os países.

A mundialização da economia se intensificou de maneira extraordinária, sendo


que, em pouquíssimo tempo, o surgimento desenfreado de empresas multinacionais e o
desenvolvimento de novas tecnologias de informação, comunicação e telecomunicações,
e o fortalecimento dos grandes centros financeiros se tornaram frequentes e inevitáveis.
Assim, sobre a globalização:

Trata-se de um conceito ao mesmo tempo complexo, ambíguo e ideológico.


Comumente, ele é compreendido como um processo crescente de mudanças
que mundializa os mercados, as finanças, informação, a comunicação, os valores
culturais, criando um sistema de vasos comunicantes entre países e continen-
tes. Parece consensual que o capitalismo, desde suas origens, desenvolveu um

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8 SERVIÇO SOCIAL
processo de internacionalização do capital, desigual e combinado, rompendo
e integrando fronteiras geográficas. Nesse sentido, alguns sustentam que o
movimento de mundialização ou globalização (termos para eles utilizados
como sinônimos) é constante, adquirindo novas formas e conteúdos em con-
sequência das transformações socioeconômico-político-culturais em curso.
(WANDERLEY, 2013, p. 72-73).

É em torno da noção de mundialização da economia e do processo de globalização


que o capitalismo se intensificou enquanto sistema econômico do ponto de vista de
integração e interação para obter maior e melhor exploração e dominação. Assim, a
tendência à integração, entre vários países, se tornou uma necessidade do capital ou,
melhor dizendo, do processo de mundialização do capital (MONTIBELLER, 2015).

A globalização especifica-se pelo processo e por uma nova etapa no


desenvolvimento do capitalismo contemporâneo, representa a mundialização da
economia e uma nova configuração de exploração e dominação capitalista em escala
global, maior e de forma intensa, por isso não representa apenas um processo político-
econômico, mas também sociocultural.

Nesse sentido, podemos enfatizar várias questões sociais e inúmeras expressões,


conforme segue.

QUADRO 2 – QUESTÕES SOCIAIS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO

QUESTÕES SOCIAIS DO PONTO DE VISTA


EXPRESSÕES SOCIAIS
ECONÔMICO

A QUESTÃO CAPITALISMO DIGITAL Aumento das desigualdades sociais, competitividade


acirrada, marginalização social, falta de acesso a
A QUESTÃO DA SOCIEDADE novas tecnologias, exclusão digital, mal-estar social
TECNOLÓGICA e bem-estar econômico, novas expressões sociais,
expansão de situações de risco social, aumento de
A QUESTÃO GLOBALIZAÇÃO situações de vulnerabilidade social, exploração de
países periféricos e de mão de obra, marginalização
A QUESTÃO DO DESENVOLVIMENTO da ética, detrimento de valores humanos e sociais,
SOCIAL individualismo, intolerância, insegurança social.
A QUESTÃO DESENVOLVIMENTO E
Aumento da exploração, injustiça social,
CRESCIMENTO ECONÔMICO
concentração de renda, desigualdades sociais,
surgimento e aumento da pobreza, consumismo
A QUESTÃO ECONÔMICA
alienado, inconsciente e supérfluo, prostituição/
turismo sexual/o tráfico de mulheres...
A QUESTÃO JUSTIÇA SOCIAL
FONTE: MONTIBELLER (2015)

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QUADRO 3 – QUESTÕES SOCIAIS SOB O PONTO DE VISTA TRABALHO E RENDA


QUESTÕES SOCIAIS DO PONTO DE
EXPRESSÕES SOCIAIS
VISTA TRABALHO
A QUESTÃO TRABALHO
Exploração, supranumerários (desempregados),
precarização do trabalho, baixo salário, diminuição de
A QUESTÃO SOCIEDADE SALARIAL
postos de trabalho, desvalorização salarial, trabalho
informal, trabalho escravo, trabalho infantil, imigrações,
A QUESTÃO CONDIÇÃO HUMANA
crescimento excessivo de imigrações e migrações,
exploração dos profissionais do sexo.
A QUESTÃO SEGURIDADE SOCIAL
FONTE: MONTIBELLER (2015)

O trabalho, a renda e o salário têm se destacado na agenda de discussão da


população, onde é vivenciado por todos o caráter polissêmico e multifacetado do trabalho
e onde a desvalorização profissional e os chamados “inúteis” estão se tornando comuns.

QUADRO 4 – QUESTÕES SOCIAIS SOB O PONTO DE VISTA AMBIENTAL


QUESTÕES SOCIAIS DO PONTO DE VISTA
EXPRESSÕES SOCIAIS
AMBIENTAL
Mudanças climáticas, aquecimento global,
mercantilismo florestal, degradação ambiental,
A QUESTÃO DO DESENVOLVIMENTO
destruição dos recursos naturais, escassez e poluição
SUSTENTÁVEL
das águas, desperdício de alimentos, alimentos
geneticamente modificados, poluição de modo geral,
desmatamento, produção demasiada de materiais
A QUESTÃO AMBIENTAL
não recicláveis, resíduos nucleares, má qualidade de
vida, falta de educação ambiental,
Emigração/imigração/migração, êxodo rural/
êxodo urbano, falta de estrutura nos grandes
centros (mobilidade urbana), falta de planejamento
A QUESTÃO SUPERPOPULAÇÃO urbano, falta de alimentos, água potável, poluição
ambiental, produção excessiva de lixo, aglomerações
habitacionais, aumento de favelas e condições sub-
humanas de moradia.
Favelas, cortiços, moradores de rua, grandes
A QUESTÃO TERRITÓRIO/HABITAÇÃO
latifundiários, má distribuição da terra, falta de
moradias dignas, falta de saneamento básico, falta
de planejamento urbano, movimentos sociais (sem-
A QUESTÃO REFORMA AGRÁRIA
terra, sem teto, barragens...), segregação urbana.
FONTE: MONTIBELLER (2015)

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QUADRO 5 – QUESTÕES SOCIAIS SOB O PONTO DO DIREITO, DA JUSTIÇA, DA LIBERDADE E
PROTEÇÃO SOCIAL
QUESTÕES SOCIAIS EXPRESSÕES SOCIAIS
A QUESTÃO SEGURIDADE SOCIAL Fome, desnutrição, mortalidade infantil, má alimentação,
doenças diversas, drogadição, alcoolismo, tabagismo,
A QUESTÃO SAÚDE depressão, anorexia, doença ocupacional, diversas
psicopatologias (transtornos mentais), falta de leitos/
A QUESTÃO PREVIDÊNCIA SOCIAL medicamentos em hospitais, qualidade e eficiência do
SUS, falta de medicina preventiva, desvalorização dos
A QUESTÃO ASSISTÊNCIA SOCIAL profissionais da saúde, falta de estrutura hospitalar,
prostituição infantojuvenil, falta de direitos sociais a
A QUESTÃO DOS DIREITOS SOCIAIS imigrantes (haitianos), estrangeiros, falta de planejamento
A IMIGRANTES e organização nas regiões fronteiriças.
Analfabetismo, baixa escolarização, evasão/exclusão
A QUESTÃO EDUCAÇÃO escolar, falta de qualidade e investimentos, desvalorização
dos profissionais, bullying, tráfico de drogas nas escolas,
A QUESTÃO DA INCLUSÃO SOCIAL desvalorização e destruição das culturas e tradições locais/
regionais.
Violência urbana/doméstica, depredações do patrimônio
A QUESTÃO SEGURANÇA público, delinquência juvenil, criminalidade, arrastões,
homicídios, terrorismo, tráfico de pessoas, falta de
A QUESTÃO PROTEÇÃO SOCIAL policiamento, hackers, formação de novas formas de
violência e crime, novas gangues de criminosos e traficantes,
A QUESTÃO LIBERDADE HUMANA pedofilia, estupro, aversão homofóbica, Poder Judiciário
lento/moroso/inoperante, leis ineficazes,
A QUESTÃO DE GÊNERO
Violência do homem contra a mulher, diferença salarial,
matriarcalidade, abandono de idosos, de mulheres, de
A QUESTÃO ORIENTAÇÃO/OPÇÃO
crianças, homofobia, discriminação e preconceito frente à
SEXUAL
opção sexual, desrespeito ao livre-arbítrio sexual.

A QUESTÃO ÉTNICA E RACIAL


Cultura coercitiva/mutilação genital feminina, xenofobia
A QUESTÃO NACIONALIDADE (aversão/ódio a estrangeiros), o racismo ou o preconceito
racial levam à discriminação e à intolerância racial, assim a
A QUESTÃO RELIGIÃO discriminação racial é toda ou qualquer quebra do princípio
da igualdade: como distinção, exclusão, restrição ou
A QUESTÃO CLASSE SOCIAL preferências, motivado por raça, cor, sexo, idade, trabalho,
credo religioso, condição social de classe, condição física
A QUESTÃO CONDIÇÃO FÍSICA E e mental, procedência nacional ou convicções políticas
DE IDADE contra negros, pardos, brancos; índios, ciganos, judeus,
americanos, árabes, alemães, haitianos; refugiados;
A QUESTÃO DA MAIORIDADE católicos, evangélicos, muçulmanos, espíritas; nordestinos,
PENAL (CRIMINAL) cearenses, gaúchos; a idosos; a pessoas com deficiência; a
pessoa/família em condição de pobreza; a profissionais do
A QUESTÃO INTERNAÇÃO sexo; ativistas ou partidários; aumento do uso de usuários
COMPULSÓRIA DE USUÁRIOS DE de drogas, especificamente de usuários de crack...
DROGAS
FONTE: MONTIBELLER (2015)

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SERVIÇO SOCIAL 11

Verificamos que inúmeros contextos discriminatórios referentes à composição


étnica e racial e à opção sexual (manifestações homofóbicas) têm se tornado evidentes
na sociedade, a multiplicidade de transtornos psíquicos sociais tem aumentado
drasticamente, bem como as condições de desigualdade, pobreza absoluta e situações
de pobreza relativa, aumento de desaparecimento e tráfico de pessoas, tráfico de drogas
e prostituição, como também a abrangência da violência no mundo e na sociedade
brasileira – são fatos que parecem não ter fim (MONTIBELLER, 2015).

Segundo Ramalho (2012, p. 354-355),

A junção da má qualidade de vida (em consequência da pobreza) e a falta de


oportunidades conjugado com a difusão da “qualidade” nos países desenvol-
vidos através da globalização dos meios de informação e comunicação, fizeram
impulsionar o crescimento massivo do fenômeno das migrações. Segundo dados
da International Organization for Migration (IOM) de 2010, o número de mi-
grantes cresceu de 150 milhões, em 2000, para 215 milhões, em 2010. Estima‑se
que em 2050 haja 405 milhões de migrantes como resultado do crescimento
das disparidades demográficas, os efeitos das mudanças ambientais e a nova
dinâmica política e econômica global, a revolução tecnológica e as redes sociais.
Aliado a esses problemas estão, também, o crescimento populacional, os confli-
tos étnicos e o renascimento da intolerância, o terrorismo e a insegurança social.

QUADRO 6 – QUESTÕES SOCIAIS SOB O PONTO DE VISTA FAMILIAR


QUESTÕES SOCIAIS DO PONTO DE
EXPRESSÕES SOCIAIS
VISTA FAMILIAR
Discórdias familiares, divórcio, negligência, violência
doméstica, abandono infantojuvenil, valores distorcidos,
A QUESTÃO DA FAMÍLIA NUCLEAR, relações frias/hostis/instáveis/frágeis, passageiras,
CONJUGAL OU ELEMENTAR descaso com o outro, deveres familiares inoperantes,
(BIOLÓGICA) fragilização dos vínculos, conflitos/irresponsabilidade
na guarda compartilhada dos filhos, prostituição e
trabalho infantojuvenil, prática do aborto.
Desrespeito, preconceito e discriminação à família
homoafetiva/homoparental (casais do mesmo sexo),
desrespeito, preconceito e discriminação de adoção
por homoafetivos, aumento das famílias recompostas/
ampliadas/famílias reconstituídas (os meus, os teus e
A QUESTÃO DAS NOVAS
os nossos), família unipessoal, famílias mononucleares
CONFIGURAÇÕES FAMILIARES
ou monoparentais (responsabilidade de um só dos
progenitores), família composta (sociedades poligâmicas)
famílias binucleares – guarda compartilhada (alienação
parental), família extensa – incluindo três ou quatro
gerações, grupos domésticos diversificados.
FONTE: MONTIBELLER (2015)

As metamorfoses das configurações familiares também configuram o cenário


mundial, contextos diversificados e complexos, que precisam ser analisados, estudados,
compreendidos, respeitados. Muitas leis estão sendo revistas e criadas para tentar

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12 SERVIÇO SOCIAL
abarcar esse leque de metamorfoses sociais de novas configurações e expressões sociais.

Ianni (1994b, p. 8) descreve que:

A originalidade e a complexidade de globalização, no seu todo ou em seus dis-


tintos aspectos, desafiam o cientista social a mobilizar sugestões e conquistas de
várias ciências. Acontece que a globalização pode ser vista como um vasto pro-
cesso não só político-econômico, mas também sociocultural, compreendendo
problemas demográficos, ecológicos, de gênero, religiosos, linguísticos e outros.

Frente às transformações ocorridas no mundo, no sistema capitalista, na


sociedade, o Serviço Social necessitou avançar rompendo com referenciais teórico-
práticos conservadores, trazendo à tona uma nova proposta de criticidade, de inovação
e acompanhamento teórico e prático de todo o processo. “Pensar o Serviço Social na
contemporaneidade requer os olhos abertos para o mundo contemporâneo para decifrá-
lo e participar de sua recriação”. (IAMAMOTO, 2014a, p. 19).

Propiciar a análise e a reflexão na sociedade capitalista, vislumbrando o


agravamento das manifestações da questão social no contexto atual brasileiro é de
extrema importância, como também conhecer e identificar as novas expressões da
questão social relativas a diversas áreas e contextos de relações sociais, sejam elas
étnico- raciais, relacionadas às culturas afro-brasileiras ou indígenas, de imigração no
Brasil, relações de gênero, de novas configurações familiares, dentre outras situações
diversificadas, como a superpopulação, relações como o meio ambiente, situações de
exclusão social, de desigualdade, de não garantia de liberdade, igualdade, justiça e de
direitos humanos.

Como profissionais comprometidos com uma nova ordem societária, precisamos


perceber, analisar, constatar e compreender a realidade social, para assim enfrentar as
inúmeras e multifacetadas expressões da questão social.

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SERVIÇO SOCIAL 13

TÓPICO 3 – ESPAÇOS OCUPACIONAIS DO ASSISTENTE


SOCIAL NO PRIMEIRO, SEGUNDO E TERCEIRO SETORES

Cristiana Montibeller

A sociedade se configura por diversos setores, sendo um deles o primeiro


setor, que se configura pelo sistema social brasileiro de proteção social por meio das
políticas públicas e políticas sociais. Também podemos enfatizar o segundo setor e
toda a engrenagem das técnicas organizacionais e modelos gerenciais de gestão e suas
concepções e análises de processos de gestão para obtenção do lucro; e o chamado
terceiro setor é a sociedade civil organizada, caracterizado pelas instituições sem fins
lucrativos que se desenvolveram na mesma perspectiva de crescimento das expressões
sociais.

Pode-se perceber que todas as implicações das expressões sociais são abordadas,
acolhidas, rebatidas e enfrentadas pelo primeiro, segundo e terceiro setores da sociedade.
Em alguns casos, infelizmente, de forma paliativa e conformista, clientelista e não
democrática e, em outros casos, como realmente deveria ser, de forma intencional,
consciente e crítica, democrática e transformadora na construção de novos valores sociais
e de uma nova realidade social, mais humana, justa e participativa.

Segundo o Dicionário de Termos Técnicos da Assistência Social (2007, p. 91):

A noção de qualidade de vida envolve duas grandes questões: a qualidade


e a democratização dos acessos às condições de preservação do homem, da
natureza e do meio ambiente. Sob essa dupla consideração, entendeu-se que a
qualidade de vida é a possibilidade de melhor redistribuição – e usufruto – da
riqueza social e tecnológica aos cidadãos de uma comunidade, a garantia de um
ambiente de desenvolvimento ecológico e participativo de respeito ao homem
e à natureza, com o menor grau de degradação e precariedade. Sabemos que
existem questões prioritárias que devem ser enfrentadas em todos os sentidos,
pelo Estado, pelas empresas, pelas instituições que congregam o terceiro setor,
enfim, por toda a sociedade civil organizada e por cada cidadão brasileiro.

QUADRO 7– DESAFIOS A SEREM ENFRENTADOS NO BRASIL PELO ESTADO

DESAFIOS FRENTE ÀS QUESTÕES SOCIAIS


NO BRASIL NECESSIDADES E PRIORIDADES

No sentido de uma profunda alteração política


no país, ou seja, uma transformação sistêmica da
EFETIVAR DE FATO A REFORMA POLÍTICA engenharia política atual, e não apenas reformas
NO PAÍS pontuais ou de algumas situações ou casos do
arcabouço institucional político.

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14 SERVIÇO SOCIAL

Distribuir renda não é dar benefícios para as pessoas,


se faz necessário diminuir a desigualdade social e
melhorar e muito no país as condições para obtenção
DISTRIBUIÇÃO DE RENDA
de renda, aumento da renda, investir “pesado” em
educação e saúde, ou seja, enfrentar a pobreza como
ela realmente deve ser enfrentada.
A distribuição de terras e a produção de alimentos
REFORMA AGRÁRIA saudáveis são desafios ao país, a reforma agrária é
proposta antiga no Brasil que não se resolve de fato.
Para garantir moradia, governantes terão de
enfrentar a especulação imobiliária e suprir o déficit
MELHORAR A QUESTÃO HABITACIONAL habitacional, bem como melhorar a qualidade das
construções das moradias que são oferecidas via
programas sociais.
Transporte público e planejamento urbano devem
MOBILIDADE URBANA ser prioridades nos próximos anos, visto o caos de
mobilidade nos centros urbanos no país.
Investimentos diversos de forma contínua e não
MELHORAR A QUALIDADE DO esporádica são essenciais para a área da saúde,
ATENDIMENTO NA SAÚDE financiamento; gestão e formação profissional
devem ser prioridades vitais.
DIMINUIR A VIOLÊNCIA E A Redução de homicídios e presos também deve ser
CRIMINALIDADE prioridade na área de segurança.
O país precisa aumentar investimentos significativos
DEMOCRATIZAR A EDUCAÇÃO E em educação e ampliar matrículas, além da inclusão
MELHORAR A QUALIDADE social de pessoas com deficiência, qualificação dos
professores e infraestrutura.
Há um número insuficiente de equipamentos e
estruturas nas regiões mais pobres do Brasil, como
INVESTIR E AMPLIAR O ACESSO centros culturais, teatros, museus, dentre outros,
DA POPULAÇÃO À CULTURA E quando não, inexistentes. O descaso público com
PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO bens culturais, falta de investimentos, preservação
CULTURAL NAS REGIÕES e divulgação dos patrimônios culturais nas cidades,
eis aí um dos desafios a serem enfrentados na área
da cultura.
Conciliar interesses de índios e produtores rurais é
um dos desafios para o país, bem como valorizar e
REDISCUTIR A POLÍTICA INDÍGENA E
conservar a cultura indígena. Percebe-se que é um
VALORIZAR SUA IDENTIDADE
desafio rediscutir a política indígena, porém não é
vista como prioridade no Brasil.
Se não houver investimentos na questão urbana
de forma efetiva, vamos continuar sofrendo as
EFETIVAR O PLANEJAMENTO URBANO E
consequências no sentido de não termos qualidade
AMPLIAR O SANEAMENTO BÁSICO
de vida, bem-estar coletivo, saúde e um meio
ambiente limpo.

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SERVIÇO SOCIAL 15

Necessário alterar as formas de produção e interação


PRESERVAÇÃO, CONSERVAÇÃO
com o meio ambiente em que vivemos, talvez nesse
E RECUPERAÇÃO AMBIENTAL E
sentido se possa diminuir os efeitos negativos que
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
causamos a nós mesmos.
Carência de recursos e burocracia são entraves
AUMENTAR AS PESQUISAS E OS para a ciência e tecnologia no país, bem como
INVESTIMENTOS EM CIÊNCIA E financiamento contínuo, pois algumas pesquisas não
TECNOLOGIA podem ser feitas a curto prazo, pois os resultados
dependem de tempo.
FONTE: MONTIBELLER (2015) (Adaptado). ALMANAQUE ABRIL. 2015. Ano 41. São Paulo:
Editora Abril. Disponível em: <https://almanaque.abril.com.br/>. Acesso em: 13 mar. 2015.
BERALDO, Lílian. AGÊNCIA BRASIL: Desafios do Brasil. 2014. Disponível em: <http://
agenciabrasil.ebc.com.br/especial/2014-09/desafios-do-brasil>. Acesso em: 13 mar. 2015.

Acredita-se que a reforma de todas as reformas, ou seja, a começar por ela, é a


reforma política, que envolve o primeiro setor, pois tudo depende dos poderes que
congregam a função do Estado, no caso do Brasil, do Estado Democrático de Direito.

Conforme especifico no caderno Questão Social (2015), compreende-se que o
terceiro setor se originou para enfrentar e atender demandas e necessidades sociais que
não estavam sendo abarcadas pelo Estado. Desse modo, a participação de pessoas e
grupos sociais envolvidos com a questão social e suas expressões se constituiu realmente
em um fato no mundo e no Brasil, porém não podemos deixar de considerar a lógica
do capitalismo e do neoliberalismo, que proporciona uma pressão para que a sociedade
resolva os “seus problemas”, diminuindo assim a intervenção e gastos estatais.

Desta forma, percebeu-se um adensamento e envolvimento de interação entre


os três setores da sociedade na questão de enfrentamento à pobreza e na efetivação e
garantia dos direitos sociais no Brasil, visto o agravamento das expressões sociais. Assim
se fizeram comuns os anúncios, cartazes, propagandas e outras ações pressionando para
que as pessoas assumam valores e posturas de solidariedade, de ajuda, de voluntariado,
de engajamento social. Assim, o que as pessoas e as instituições sociais fazem, o Estado
não precisa fazer. Analisando de forma crítica essa perspectiva de função social, vamos
percebendo que as empresas e as ONGs acabam assumindo funções sociais que são
um dever do Estado.

A realidade social foi dividida em três esferas consideradas autônomas: o Estado,


o mercado e as ONGs (instituições não estatais e não mercantis). Essa divisão não deveria
existir, mas surgiu e existe por questões ideológicas e necessárias ao desenvolvimento
do projeto neoliberal para avanço do capitalismo.

Temos aqui a conceituação corriqueira de “terceiro setor”: organizações e/ou


ações da “sociedade civil” (não estatais e não mercantis). Porém, numa pers-
pectiva crítica e de totalidade, este conceito resulta inteiramente ideológico e
inadequado ao real. A realidade social não se divide em “primeiro”, “segundo”

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16 SERVIÇO SOCIAL
e “terceiro” setor – divisão que, [...], consiste num artifício positivista, institucio-
nalista ou estruturalista. [...] No entanto, alguma está efetivamente ocorrendo
na atualidade; a sociedade civil está desenvolvendo atividades atribuídas ao
Estado. [...] A partir das mudanças da realidade contemporânea, promovidas
pelo embate desigual entre o projeto neoliberal e as lutas dos trabalhadores,
verdadeiras transformações estão se processando nas respostas da sociedade
à chamada “questão social” e suas refrações. (MONTAÑO, 2010, p. 182-183).

O terceiro setor é designado privado, porém sem fins lucrativos, com interesse
e função totalmente pública e se tornou corresponsável pelas expressões da questão
social, diferenciando-se da lógica do mercado e do aspecto governamental, visto a
autonomia institucional.

A crítica focada neste termo, enfatizada por Montaño, citado anteriormente, é


que este “setor” não descreve o que realmente constitui e integra também a sociedade
civil, como, por exemplo, os movimentos sociais combativos, que denunciam a ordem,
a dominação e a exploração do capitalismo desenfreado, estes sim possuem uma função
social e valores de solidariedade (não local), mas de solidariedade social, e valores
de universalidade e direitos dos serviços que devem ser prestados pelo Estado, dito
Democrático de Direito. Estes valores é que deveriam fazer parte do projeto político
de qualquer ONG, por isso que temos que analisar criticamente o que está por trás do
chamado “terceiro setor”.

Segundo Montaño (2010, p. 185), “O que na realidade está em jogo não é o âmbito
das organizações, mas a modalidade, fundamentos e responsabilidades inerentes à
intervenção e respostas para a “questão social”.

Sem dúvida, o que preocupa realmente diz respeito ao que as organizações


privadas de interesse público querem fazer, fazem efetivamente e como, quais valores
fundamentam seu existir, planejar e intervir, suas responsabilidades reais e abrangentes,
e não focais e específicas, por vezes ações de mediação ou conformação social. Como
lidam com a questão social, como enfrentam as expressões sociais e qual propósito que
possuem além do que demonstram? (MONTIBELLER, 2015).

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SERVIÇO SOCIAL 17

TÓPICO 4 – PROJETOS DE PESQUISA E PROJETOS


DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL A PARTIR
DA ELABORAÇÃO, EXECUÇÃO, AVALIAÇÃO E
COMUNICAÇÃO (PUBLICAÇÃO DE RESULTADOS)

Muito ainda se tem para fazer da área da pesquisa e intervenção profissional de


forma qualitativa e quantitativa especificamente no que se refere à elaboração, execução,
avaliação e comunicação (elaboração de artigos científicos) de Projetos de pesquisa e
análise da realidade social e de projetos de intervenção profissional.

Frente ao compromisso e ética profissional, questionamentos são constantes,
frente a tantos desafios, expressões sociais antigas, novas e diversas que envolvem
a sociedade atual, como por exemplo, quais são as estratégias mais adequadas de
intervenção para o enfrentamento das expressões? Que pesquisas estamos realizando?
Que projetos almejamos e efetivamos? Como consolidar o projeto ético-político, por meio
do exercício profissional dentro da divisão técnica do trabalho com vistas à construção
de uma nova ordem societária?

O CFESS (2012, p.10-14), especifica as competências da profissão em suas diversas


dimensões, como está exposto a seguir:

As competências específicas são definidas com diversas dimensões interventi­vas,


complementares e indissociáveis. São elas:

1. Uma dimensão que engloba as abordagens individuais, familiares ou gru­pais na


perspectiva de atendimento às necessidades básicas e acesso aos direitos, bens
e equipamentos públicos. Essa dimensão não deve se orien­tar pelo atendimento
psicoterapêutico a indivíduos e famílias (próprio da Psicologia), mas sim à
potencialização da orientação social com vistas à ampliação do acesso dos indivíduos
e da coletividade aos direitos sociais.

2. Uma dimensão de intervenção coletiva junto a movimentos sociais, na pers­pectiva


da socialização da informação, mobilização e organização popular, que tem como
fundamento o reconhecimento e fortalecimento da classe trabalhadora como sujeito
coletivo na luta pela ampliação dos direitos e responsabilização estatal.

3. Uma dimensão de intervenção profissional voltada para inserção nos es­paços


democráticos de controle social e construção de estratégias para fomentar a
participação, reivindicação e defesa dos direitos pelos(as) usuários(as) e Conselhos,
Conferências e Fóruns da Assistência Social e de outras políticas públicas.

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18 SERVIÇO SOCIAL
4. Uma dimensão de gerenciamento, planejamento e execução direta de bens e serviços a
indivíduos, famílias, grupos e coletividade, na perspectiva de fortalecimento da gestão
democrática e participativa capaz de produzir, intersetorial e interdisciplinarmente,
propostas que viabilizem e potenciali­zem a gestão em favor dos(as) cidadãos(ãs).

5. Uma dimensão que se materializa na realização sistemática de estudos e pesquisas


que revelem as reais condições de vida e demandas da classe trabalhadora, e possam
alimentar o processo de formulação, implementação e monitoramento da política de
Assistência Social.

6. Uma dimensão pedagógico-interpretativa e socializadora de informações e saberes


no campo dos direitos, da legislação social e das políticas públicas, dirigida aos(as)
diversos(as) atores(atriz) e sujeitos da política: os(as) gestores(as) públicos(as),
dirigentes de entidades prestadoras de serviços, trabalhadores(as), conselheiros(as)
e usuários(as). (CFESS, 2009, p. 18-19).

Essas diversas dimensões interventivas podem se desdobrar em competências,


estratégias e procedimentos específicos, e são assim apresentadas nos Parâmetros:

• Realizar pesquisas para identificação das demandas e reconhecimento das situações


de vida da população que subsidiem a formulação dos planos de Assistência Social.

• Formular e executar os programas, projetos, benefícios e serviços próprios da


Assistência Social, em órgãos da Administração Pública, empresas e organizações
da sociedade civil.
• Elaborar, executar e avaliar os planos municipais, estaduais e nacional de Assistência
Social, buscando interlocução com as diversas áreas e políticas públicas, com especial
destaque para as políticas de Seguridade Social.

• Formular e defender a constituição de orçamento público necessário à implementação


do plano de Assistência Social.

• Favorecer a participação dos(as) usuários(as) e movimentos sociais no processo de


elaboração e avaliação do orçamento público.

• Planejar, organizar e administrar o acompanhamento dos recursos orçamentários


nos benefícios e serviços socioassistenciais nos Centro de Referência em Assistência
Social (CRAS) e Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS).

• Realizar estudos sistemáticos com a equipe dos CRAS e CREAS, na perspectiva de


análise conjunta da realidade e planejamento coletivo das ações, o que supõe assegurar
espaços de reunião e reflexão no âmbito das equipes multiprofissionais.

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SERVIÇO SOCIAL 19

• Contribuir para viabilizar a participação dos(as) usuários(as) no processo de


elaboração e avaliação do plano de Assistência Social; prestar assessoria e consultoria
a órgãos da Administração Pública, empresas privadas e movimentos sociais em
matéria relacionada à política de Assistência Social e acesso aos direitos civis, políticos
e sociais da coletividade.

• Estimular a organização coletiva e orientar os(as) usuários(as) e trabalhadores(as) da


política de Assistência Social a constituir entidades representativas.

• Instituir espaços coletivos de socialização de informação sobre os direitos


socioassistenciais e sobre o dever do Estado de garantir sua implementação.

• Assessorar os movimentos sociais na perspectiva de identificação de demandas,


fortalecimento do coletivo, formulação de estratégias para defesa e acesso aos direitos.
• Realizar visitas, perícias técnicas, laudos, informações e pareceres sobre acesso e
implementação da política de Assistência Social.

• Realizar estudos socioeconômicos para identificação de demandas e necessidades


sociais.

• Organizar os procedimentos e realizar atendimentos individuais e/ou cole­tivos nos


CRAS.

• Exercer funções de direção e/ou coordenação nos CRAS, CREAS e Secretarias de


Assistência Social.

• Fortalecer a execução direta dos serviços socioassistenciais pelas prefei­turas, governo


do DF e governos estaduais, em suas áreas de abrangência.

• Realizar estudo e estabelecer cadastro atualizado de entidades e rede de atendimentos


públicos e privados.

• Prestar assessoria e supervisão às entidades não governamentais que constituem a


rede socioassistencial.

• Participar nos Conselhos municipais, estaduais e nacional de Assistência Social na


condição de conselheiro(a).

• Atuar nos Conselhos de Assistência Social na condição de secretário(a) executivo(a).

• Prestar assessoria aos conselhos, na perspectiva de fortalecimento do controle


democrático e ampliação da participação de usuários(as) e trabalhadores(as).

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20 SERVIÇO SOCIAL
• Organizar e coordenar seminários e eventos para debater e formular estratégias
coletivas para materialização da política de Assistência Social.

• Participar na organização, coordenação e realização de conferências municipais,


estaduais e nacional de Assistência Social e afins.
• Elaborar projetos coletivos e individuais de fortalecimento do protagonis­mo dos(as)
usuários(as).

• Acionar os sistemas de garantia de direitos, com vistas a mediar seu acesso pelos(as)
usuários(as).

• Supervisionar direta e sistematicamente os(as) estagiários(as) de Serviço Social.


(CFESS, 2009, p. 19-22).

O chamado trabalho interdisciplinar também é abordado neste documento so­bre o


Serviço Social no SUAS, preservando-se o resguardo das atribuições e do sigilo profissional,
numa perspectiva ética, alertando-se sobre a necessidade de discernir sobre informações,
atribuições e tarefas que estejam no campo de atuação de cada profissão.

No trabalho conjunto com outros/as profissionais, deve-se preservar o caráter confidencial


das informações sob a guarda dos/ as assistentes sociais, registrando-se nos documentos
conjuntos aquilo que for necessário para o cumprimento dos objetivos do trabalho. (CFESS,
2009, p. 25).

Por fim, afirma-se que “o trabalho em equipe não pode negligenciar a responsabilidades
individuais e competências, e deve buscar identificar papéis, atribuições, de modo a estabelecer
objetivamente quem, dentro da equipe multidisciplinar, encarrega-se de determinadas tarefas”.
(CFESS, 2009, p. 27-28).

FONTE: CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL – CFESS. Atribuições privativas do/a


assistente social em questão. 1ª edição ampliada. 2012. Gestão “Tempo de Luta de
Resistência” (2011-2014). CFESS: Brasília (DF), 2012. Disponível em: <http://www.cfess.org.
br/arquivos/atribuicoes2012-completo.pdf>. Acesso em: 15 mar. 2015.

Analisando esta lei que regulamenta a profissão a partir do Código de Ética


Profissional, pode-se perceber que existe certa diferença entre os termos COMPETÊNCIAS
e ATRIBUIÇÕES, que muitas vezes são consideradas como sinônimos no aparato
profissional, porém analisando os artigos quarto e quinto do código, constatamos que
se diferenciam.

As competências são qualificações profissionais para prestar serviços, que a


Lei reconhece, independentemente de serem, também, atribuídas a profissionais de
outras categorias, assim, dentro do item das competências, artigo 4º do Código de

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SERVIÇO SOCIAL 21

Ética Profissional (BRASIL, 2012 – grifos da autora), verificamos várias ações que não
são exclusivas do assistente social, mas também podem ser executadas por outros
profissionais que abrangem a pesquisa e intervenção em planos, programas e projetos,
tais como:

COMPETÊNCIAS DO ASSISTENTE SOCIAL E DEMAIS PROFISSIONAIS

1. Elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais junto a órgãos da


administração pública direta ou indireta, empresas, entidades e organizações
populares;
2. Elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que sejam de
âmbito de atuação do Serviço Social com participação da sociedade civil;
3. Encaminhar providências e prestar orientação social a indivíduos, grupos e à
população;
4. Orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido de identificar
recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na defesa de seus direitos;
5. Planejar, organizar e administrar benefícios e serviços sociais;
6. Planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir para a análise da realidade
social e para subsidiar ações profissionais;
7. Prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta, indireta,
empresas privadas e outras entidades;
8. Prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria relacionada às políticas
sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis, políticos e sociais da coletividade;
9. Planejamento, organização e administração de serviço social e de unidade de serviço
social;
10. Realizar estudos socioeconômicos com os usuários para fins de benefícios e serviços
sociais junto a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas
e outras entidades.

Também no âmbito das atribuições, no Art. 5º do Código de Ética, especifica as


ações que são especificamente privativas do Assistente Social, assim constatamos que as
ATRIBUIÇÕES PRIVATIVAS também são competências, porém exclusivas, decorrentes,
especificamente, da formação profissional em serviço social, assim não podem ser
desenvolvidas por outros profissionais, mas somente por assistentes sociais. Assim,
conforme o artigo 5º do Código de Ética Profissional (BRASIL, 2012 – grifos da autora),
são atribuições do assistente social:

ATRIBUIÇÕES ESPECÍFICAS SOMENTE DO ASSISTENTE SOCIAL

1. Coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos, pesquisas, planos,


programas e projetos na área de Serviço Social;
2. Planejar, organizar e administrar programas e projetos em Unidade de Serviço Social;

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22 SERVIÇO SOCIAL
3. Assessoria e consultoria a órgãos da Administração Pública direta e indireta, empresas
privadas e outras entidades, em matéria de Serviço Social;
4. Realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações e pareceres sobre
a matéria de Serviço Social;
5. Assumir, no magistério de Serviço Social tanto a nível de graduação como pós-
graduação, disciplinas e funções que exijam conhecimentos próprios e adquiridos
em curso de formação regular;
6. Treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de Serviço Social;
7. Dirigir e coordenar Unidades de Ensino e Cursos de Serviço Social, de graduação e
pós-graduação;
8. Dirigir e coordenar associações, núcleos, centros de estudo e de pesquisa em Serviço
Social;
9. Elaborar provas, presidir e compor bancas de exames e comissões julgadoras de
concursos ou outras formas de seleção para Assistentes Sociais, ou onde sejam aferidos
conhecimentos inerentes ao Serviço Social;
10. Coordenar seminários, encontros, congressos e eventos assemelhados sobre assuntos
de Serviço Social;
11. Fiscalizar o exercício profissional através dos Conselhos Federal e Regionais;
12. Dirigir serviços técnicos de Serviço Social em entidades públicas ou privadas;
13. Ocupar cargos e funções de direção e fiscalização da gestão financeira em órgãos e
entidades representativas da categoria profissional.

Assim, as competências são qualificações profissionais para prestar serviços, que


a Lei reconhece, independentemente de serem, também, atribuídas a profissionais de
outras categorias, segundo o Parecer Jurídico nº 27/98, de Sylvia Helena Terra, assessora
jurídica do CFESS (CFESS, 2009, p.18).

Diz respeito a capacidade decorrente de profundo conhecimento que tem sobre


determinado assunto, especialista em determinado assunto; é formada por um conjunto
de habilidade, atitude e conhecimento; conhecimento e capacidade em determinada área;
aptidão designando qualidade de quem é capaz de desenvolver determinada função;
qualidade de quem é capaz de apreciar e resolver algum assunto.

As atribuições privativas também são competências, porém exclusivas,


decorrentes, especificamente, da formação profissional (CFESS, 2009, p.18), e dizem
respeito ao preenchimento de um requisito qualitativo, um atributo específico, um
encargo peculiar; responsabilidade de um cargo, ou função; envolve deveres e funções
próprias da profissão.

Porém, temos que admitir, que neste contexto de esclarecimento e discussão no


que diz respeito às competências e às atribuições profissionais, infelizmente, existem
muitas práticas burocráticas, funcionais, alienadas e desprovidas de criticidade e visão

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SERVIÇO SOCIAL 23

política, destituídas de referencial histórico-crítico e teórico-prático, que vem sendo


acompanhadas de falta de qualificação profissional (MONTIBELLER, 2015).

Percebe-se que um dos maiores desafios a serem enfrentados pelos profissionais


na sociedade brasileira na atualidade, designa em saber pesquisar, analisar, interpretar,
refletir sobre as antigas e as novas configurações sociais que proliferam na sociedade,
novas expressões sociais que se apresentam de forma multifacetada impondo aos
assistentes sociais um repensar crítico sobre a teoria e a prática profissional, redefinir
e construir propostas de trabalho criativas e diferenciadas, capazes de enfrentar as
demandas emergentes que parecem se consolidar de fato de forma infindáveis.
A ABEPSS – Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social – vem
desempenhando uma significativa função no direcionamento do ensino e da pesquisa em
serviço social no Brasil, impulsionando profissionais para a discussão sobre a qualidade
do ensino, da pesquisa e da extensão.

É de extrema necessidade que o profissional analise, pesquise, decifre, reflita


criticamente, atue de forma propositiva sobre as múltiplas expressões da questão social.
Planeje de forma fundamentada a prática profissional, implemente e execute políticas,
planos, programas e projetos sociais de forma qualificada e coerente, enfim que seja um
profissional comprometido com o projeto ético-político da profissão.

Que seu pensar e agir estejam fundamentados nos valores e princípios do Código
de Ética do Assistente Social, pelas competências especificadas e pelas atribuições
particulares e privativas do(a) assistente social, conforme regulamenta a Lei nº 8.662,
de 7 de junho de 1993, assim como também, tenha observância nas orientações da
Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social – ABEPSS.

Ser um profissional propositivo, ou seja, ser um assistente social centrado na


construção de propostas que possam superar demandas e expressões sociais, não sendo
apenas um trabalhador funcional, burocrático e executivo ou, um profissional que não
se atualiza e trabalha simplesmente por trabalhar no sentido do “faz de conta”, é um
dos maiores desafios a ser evitado, combatido, enfrentado pela profissão (IAMAMOTO,
2014).

A complexidade da sociedade atual exige um repensar contínuo do saber teó-


rico e metodológico da profissão, da ampliação da pesquisa no conhecimento
da realidade social, na produção do conhecimento sobre a organização da
vida social e na busca da consolidação do projeto ético-político, por meio do
exercício profissional nas atividades diárias, na inserção e participação política
nas entidades nacionais de Serviço Social (CFESS/Cress, ABEPSS, Enesso), na
articulação com outros movimentos sociais em defesa dos interesses e neces-
sidades da classe trabalhadora e em luta permanente contra as imposições do
neoliberalismo, contra o predomínio do capital sobre o trabalho, da violência,
do autoritarismo, da discriminação e de toda forma de opressão e de exploração
humana. (PIANA, 2009, p. 55).

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24 SERVIÇO SOCIAL
Precisamos repensar nossa prática profissional, nossas competências e atribuições
frente às transformações sócio-históricas, as demandas postas a serem enfrentadas
cotidianamente, as novas expressões da questão social que se configuram no cenário
contemporâneo, pois toda essa complexidade exige uma postura dialética de ação e
reflexão para uma nova ação. Repensar e redimensionar ações e espaços ocupacionais,
bem como enfrentar os desafios, exigem maior qualificação profissional em todos os
sentidos.

Requer considerar o e redimensionamento dos espaços ocupacionais e das


demandas profissionais que impõem novas competências a esse profissio-
nal. A reconfiguração dos espaços ocupacionais é resultante das profundas
transformações sócio-históricas, com mudanças regressivas nas relações entre
o Estado e sociedade em um quadro de recessão na economia internacional,
submetida à ordem financeira do grande capital. As dificuldades para impul-
sionar o crescimento econômico, o aumento do desemprego e do subemprego
e a radicalização das desigualdades de renda, propriedade e poder, das dispa-
ridades religiosas, raciais, de gênero e etnia comprometem processos e valores
democráticos. Elas são marcas destes tempos adversos, como registra o poeta,
um tempo de aflição e não de aplausos. (CFESS, 2012, p. 33-34).

Visto que, as transformações sociais sempre irão ocorrer, mudanças são inevitáveis
em todas as relações sociais, seja no âmbito do Estado com a economia, com a sociedade,
com meio ambiente, com os movimentos sociais; da sociedade com os outros setores,
instituições e grupos que se interagem e entram em acordos e desacordos, organizações,
participações, conflitos, discriminações; dentre outras situações adversas e condições
de vulnerabilidade na sociedade decorrentes das disparidades e desigualdades sociais
provenientes do sistema capitalista.

Com tudo isso, tem-se que a questão social, que deve ser enfrentada enquanto
expressão das desigualdades da sociedade capitalista brasileira, é construída na
organização da sociedade e manifesta-se no espaço societário onde se encontram
a nação, o Estado, a cidadania, o trabalho. (PIANA, 2009, p. 52).

De fato temos que enfrentar a questão social enquanto expressão das desigualdades
sociais do sistema capitalista, enquanto manifestação das disparidades sociais, pois ela
é construída na própria organização e desenvolvimento da sociedade, e se manifesta
nos novos espaços sociais, espaços de atuação do profissional de serviço social, que se
configuram em novos desafios e novas demandas.

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