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ASSISTENTE SOCIAL
CENTRO UNIVERSITÁRIO
LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040, Bairro Benedito
89130-000 - INDAIAL/SC
www.uniasselvi.com.br
Organização
Vera Lúcia Hoffmann Pieritz
Autora
Cristiana Montibeller
Denise da Silva Vieira
Joelma Crista Sandri Bonetti
Marines Selau Lopes
Silvana Braz Wegrzynovski
Reitor da UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch
Diagramação e Capa
Letícia Vitorino Jorge
Revisão
Harry Wiese
IMPLICAÇÕES DAS EXPRESSÕES SOCIAIS DA QUESTÃO SOCIAL E A
FORMULAÇÃO, IMPLEMENTAÇÃO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS,
SERVIÇOS, PROGRAMAS E POLÍTICAS SOCIAIS
APRESENTAÇÃO DA ETAPA
ETAPA 3
SERVIÇO SOCIAL 3
O social, segundo Donzelot (1992), foi uma “invenção” do século XIX. Através
de uma ampla e minuciosa análise, o autor faz a demonstração de que a “in-
venção do social” se impõe como uma necessidade política, no momento em
que o ideal republicano – forjado no Século das Luzes – se vê confrontado à
primeira forma democrática colocada em prática na França, após a Revolução
de 1848. Naquela conjuntura, com a adoção do sufrágio universal, quando são
retomados os princípios democráticos norteadores da “Revolução Gloriosa”
de 1789, por um lado, reavivam-se as certezas e as promessas contidas no ideal
republicano de liberdade e de igualdade; ao mesmo tempo, por outro lado,
aparecem claramente as contradições e o conflito de interesses que obstaculizam
a realização desse ideal. O autor defende o argumento de que a emergência
do social com um domínio específico de preocupações e de intervenção está
profundamente articulada ao surgimento da “questão social”.
exploratória e excludente.
A “questão social” – designação que aparecera por volta de 1830 – será definida
principalmente neste sentido: como reduzir a distância entre o novo funda-
mento da ordem política e a realidade da ordem social, a fim se assegurar a
credibilidade da primeira e a estabilidade da segunda, se não quiser “que o
poder republicano seja de novo investido de esperanças desmedidas e, depois,
vítima do desencantamento destruidor daqueles mesmos que a ele deveriam
ser mais apegados”. A “questão social” aparece como a “constatação de um
déficit da realidade social, com relação ao imaginário político da República.
Um déficit gerador de desencantamento e de temor: desencantamento daque-
les que esperavam dessa extensão da soberania política (a todo o povo) uma
modificação imediata de sua condição civil; temor, e mesmo pânico, daqueles
que receavam que esse poder através do povo servisse para instaurar o poder
do povo de Paris sobre o resto da Nação”.
Nesse sentido, vamos entendendo que a “questão social” surge por volta de
1830, e emerge com questionamentos sobre como diminuir a relação entre o público e
o privado, entre a política e a realidade social, com o intuito de efetivar a credibilidade
e comprometimento político e a harmonia social. Assim, a questão social surge numa
esfera de desencantamento e decepção de uma democracia disfarçada e numa esfera
de medo do que estaria por vir. Com o surgimento do capitalismo, a nova divisão do
trabalho social trouxe aos trabalhadores e suas famílias diversos prejuízos e riscos, além
de evidenciar a desigualdade social e um contingente de miseráveis, os mesmos eram
iludidos por um imaginário político ideológico de modernidade, progresso e riqueza
para todos (MONTIBELLER, 2015).
Assim, vamos compreender então que a questão social representa uma perspectiva
de análise da sociedade, pois não vemos a questão social em si, mas sim suas expressões,
ou seja, percebemos as inúmeras e incômodas manifestações e expressões sociais, onde
o assistente social, por sua vez, ocupa um espaço e importância que lhe é próprio,
procurando dar respostas nas mais variadas formas de expressão da questão social via
políticas sociais dos mais variados segmentos da sociedade.
Como já foi referido, o Serviço Social tem na questão social a base de sua
fundação como especialização do trabalho. Questão social apreendida como
o conjunto das expressões das desigualdades sociais da sociedade capitalista
madura, [...]. Os assistentes sociais trabalham com a questão social nas suas
mais variadas expressões quotidianas, tais como os indivíduos as experimentam
no trabalho, na família, na área habitacional, na saúde, na assistência social
Não tem como deixar de analisar questões sociais e as expressões que se tornam
visíveis na sociedade capitalista, dita moderna e globalizada e altamente complexa, não
tem como deixar de visualizar uma perspectiva de amplitude onde a complexidade se
torna parte integrante da paisagem nas sociedades contemporâneas.
Por isso que as questões sociais vão ganhando novas formas, novas expressões
e contradições sociais, conforme especifica Pieritz (2013, p. 105):
Cristiana Montibeller
Pode-se perceber que todas as implicações das expressões sociais são abordadas,
acolhidas, rebatidas e enfrentadas pelo primeiro, segundo e terceiro setores da sociedade.
Em alguns casos, infelizmente, de forma paliativa e conformista, clientelista e não
democrática e, em outros casos, como realmente deveria ser, de forma intencional,
consciente e crítica, democrática e transformadora na construção de novos valores sociais
e de uma nova realidade social, mais humana, justa e participativa.
O terceiro setor é designado privado, porém sem fins lucrativos, com interesse
e função totalmente pública e se tornou corresponsável pelas expressões da questão
social, diferenciando-se da lógica do mercado e do aspecto governamental, visto a
autonomia institucional.
Segundo Montaño (2010, p. 185), “O que na realidade está em jogo não é o âmbito
das organizações, mas a modalidade, fundamentos e responsabilidades inerentes à
intervenção e respostas para a “questão social”.
• Acionar os sistemas de garantia de direitos, com vistas a mediar seu acesso pelos(as)
usuários(as).
Por fim, afirma-se que “o trabalho em equipe não pode negligenciar a responsabilidades
individuais e competências, e deve buscar identificar papéis, atribuições, de modo a estabelecer
objetivamente quem, dentro da equipe multidisciplinar, encarrega-se de determinadas tarefas”.
(CFESS, 2009, p. 27-28).
Ética Profissional (BRASIL, 2012 – grifos da autora), verificamos várias ações que não
são exclusivas do assistente social, mas também podem ser executadas por outros
profissionais que abrangem a pesquisa e intervenção em planos, programas e projetos,
tais como:
Que seu pensar e agir estejam fundamentados nos valores e princípios do Código
de Ética do Assistente Social, pelas competências especificadas e pelas atribuições
particulares e privativas do(a) assistente social, conforme regulamenta a Lei nº 8.662,
de 7 de junho de 1993, assim como também, tenha observância nas orientações da
Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social – ABEPSS.
Visto que, as transformações sociais sempre irão ocorrer, mudanças são inevitáveis
em todas as relações sociais, seja no âmbito do Estado com a economia, com a sociedade,
com meio ambiente, com os movimentos sociais; da sociedade com os outros setores,
instituições e grupos que se interagem e entram em acordos e desacordos, organizações,
participações, conflitos, discriminações; dentre outras situações adversas e condições
de vulnerabilidade na sociedade decorrentes das disparidades e desigualdades sociais
provenientes do sistema capitalista.
Com tudo isso, tem-se que a questão social, que deve ser enfrentada enquanto
expressão das desigualdades da sociedade capitalista brasileira, é construída na
organização da sociedade e manifesta-se no espaço societário onde se encontram
a nação, o Estado, a cidadania, o trabalho. (PIANA, 2009, p. 52).
De fato temos que enfrentar a questão social enquanto expressão das desigualdades
sociais do sistema capitalista, enquanto manifestação das disparidades sociais, pois ela
é construída na própria organização e desenvolvimento da sociedade, e se manifesta
nos novos espaços sociais, espaços de atuação do profissional de serviço social, que se
configuram em novos desafios e novas demandas.