Sei sulla pagina 1di 2

BALCÃO DE REDAÇÃO

Tema 7 – 2017 EFII 8O E 9O ANO | PERÍODO DE 3 A 9 DE ABRIL

O INIMAGINÁVEL

PROPOSTA DE PRODUÇÃO DE TEXTO Ora, comigo não havia razão para semelhante cousa, porque, justa-
mente [...] na véspera, lembro-me bem, [...] não passariam de onze
Os contos fantásticos são como todos os contos: têm enredo, e meia quando peguei no sono.
personagens, narrador, tempo e espaço; e contêm um elemento “fan- Sim! não havia dúvida que era bem singular não ter amanheci-
tástico”, ou seja, algo que foge à realidade conhecida de todos – do!... pensei, indo abrir uma das janelas da varanda.
assombrações, magia, invenções mirabolantes etc. Por ser conto, são Qual não foi, porém, a minha decepção quando, interrogando
narrativas curtas; por ser fantástico, os personagens e acontecimentos o nascente, dei com ele ainda completamente fechado e negro, e,
dessa história saem do entendimento cotidiano que nós – leitores – abaixando o olhar, vi a cidade afogada em trevas e sucumbida no
temos da vida em geral. Normalmente, o conto fantástico começa mais profundo silêncio!
com um cenário comum, um evento normal do dia a dia, incluindo — Oh! Era singular, muito singular!
nele algum fator surpreendente (por exemplo, uma visita à casa da No céu as estrelas pareciam amortecidas, de um bruxulear di-
avó que termina na descoberta de um misterioso objeto, ou com a fuso e pálido; nas ruas os lampiões mal se acusavam por longas
casa engolindo os visitantes etc.). É essa “quebra” da realidade narrada reticências de uma luz deslavada e triste. Nenhum operário passava
que causa o estranhamento da leitura – e sua empolgação. para o trabalho; não se ouvia o cantarolar de um ébrio, o rodar de
Exemplo: um carro, nem o ladrar de um cão.
Singular! muito singular!
TEXTO Acendi a vela e corri ao meu relógio de algibeira. Marcava meia-
-noite. Levei-o ao ouvido, com avidez de quem consulta o coração
Demônios de um moribundo; já não pulsava: tinha esgotado toda a corda. [...]
O meu quarto de rapaz solteiro era bem no alto; um mirante — É singular! muito singular! repetia, calculando que, se o reló-
isolado, por cima do terceiro andar de uma grande e sombria casa gio esgotara toda a corda, era porque eu então havia dormido muito
de pensão da rua do Riachuelo [...]. Um pobre quarto, mas uma mais ainda do que supunha! Eu então atravessara um dia inteiro sem
vista esplêndida! [...]. acordar e entrara do mesmo modo pela noite seguinte.
Meu prazer era trabalhar aí, de manhã bem cedo, depois do Mas, afinal que horas seriam?...
café, olhando tudo aquilo pelas janelas abertas defronte da minha Tornei à varanda, para consultar de novo aquela estranha noite,
velha e singela mesa de carvalho [...]. em que as estrelas desmaiavam antes de chegar a aurora. E a noite
Quase nunca trabalhava à noite; às vezes, porém, quando me nada me respondeu, fechada no seu egoísmo surdo e tenebroso.
sucedia acordar fora de horas, sem vontade de continuar a dormir, [...]
ia para a mesa e esperava lendo ou escrevendo que amanhecesse. — Ilusão minha, com certeza! que louca és tu, minha pobre
Uma ocasião acordei assim, mas sem consciência de nada, fantasia! Daqui a nada estará amanhecendo, e todos estes teus
como se viesse de um desses longos sonos [...]; desses profundos e caprichos, teus ou da noite, essa outra doida, desaparecerão aos
silenciosos, em que não há sonhos [...]. primeiros raios do sol. O melhor é trabalharmos! Sinto-me até bem
Olhei em torno de mim, admirado do longo espaço que me disposto para escrever! [...] Trabalhemos! Trabalhemos!
separava da vida e, logo que me senti mais senhor das minhas facul- Acendi mais duas velas, porque só com a primeira quase que
dades, estranhei não perceber o dia através das cortinas do quarto, me era impossível enxergar; arranjei-me ao lavatório; fiz uma xícara
e não ouvir, como de costume, pipilarem as cambachirras defronte de café bem forte, tomei-a, e fui para a mesa de trabalho. [...]
das janelas por cima dos telhados. Daí a um instante, vergado defronte do tinteiro, [...], não pensa-
— É que naturalmente ainda não amanheceu. Também não va absolutamente em mais nada [...]! As primeiras folhas encheram-
deve tardar muito... calculei, saltando da cama e enfiando o roupão -se logo. [...] E páginas e páginas se sucederam. [...]
de banho, disposto a esperar sua alteza o sol, assentado à varanda De repente acordo desta vertigem, como se voltasse de um pe-
a fumar um cigarro. sadelo estonteado [...]. Dei um salto da cadeira; varri inquieto o olhar
Entretanto, cousa singular! parecia-me ter dormido em demasia; em derredor. Ao lado da minha mesa havia um monte de folhas de
ter dormido muito mais da minha conta habitual. Sentia-me estranha- papel cobertas de tinta; as velas bruxuleavam a extinguir-se [...].
mente farto de sono; tinha a impressão lassa de quem passou da sua
hora de acordar e foi entrando, a dormir pelo dia e pela tarde [...].

www.sistemapoliedro.com.br página 1
BALCÃO DE REDAÇÃO – TEMA 7 – 2017

Oh! muitas horas deviam ter decorrido durante essa minha au- Faça a revisão e passe-a a limpo, levando em conta se:
sência [...]. Parecia-me impossível haver trabalhado tanto, sem dar o • o conto tem começo, meio e fim;
menor acordo do que se passava em torno de mim. • o conto tem os elementos típicos da narração: personagens,
Corri à janela. enredo, narrador, tempo e espaço;
Meu Deus! o nascente continuava fechado e negro; a cidade • o texto está compreensível pelo leitor;
deserta e muda. As estrelas tinham empalidecido ainda mais, e as • o texto está dentro da linguagem padrão;
luzes dos lampiões transpareciam apenas, através da espessura da • há um elemento fantástico na cena narrada, e esse elemento
noite, como sinistros olhos que me piscavam da treva. é o centro da narrativa.
Meu Deus! Meu Deus, que teria acontecido?!...
[...] Dê um título para seu conto e entregue-o ao professor!
Fui à varanda; apalpei as minhas queridas plantas [...]. Debru-
cei-me sobre as minhas estremecidas violetas e procurei respirar-lhes
a alma embalsamada. Já não tinham perfume! Bom trabalho!
Atônito e ansioso volvi os olhos para o espaço. As estrelas, já Profa. Ana Latgé
sem contornos, derramavam-se na tinta negra do céu, como indeci-
sas nódoas luminosas que fugiam lentamente.
Orientações para o professor
Meu Deus! Meu Deus, que iria acontecer ainda?
Voltei ao quarto e consultei o relógio. Marcava dez horas. O conto fantástico é um gênero de tipo narrativo (e descritivo) que atrai
[...] muitos leitores, tornando-o um ótimo incentivador da leitura. Apresente
Aluísio Azevedo. Demônios. Disponível em: <www.dominiopublico. outros exemplos de contos fantásticos para os alunos e estimule-os a ler
gov.br/download/texto/bi000025.pdf>. mais esse tipo de texto. Em grupo, mostre como o elemento fantástico
aparece no conto lido (e em outros), esclarecendo para os alunos
como eles poderão reproduzir esse aspecto em sua produção autoral.
Glossário:
Na questão narrativa, cobre os elementos tradicionais da narração
Pipilarem as cambachirras (ou cambaxirras): o verbo pipilar se
refere ao canto dos pássaros, e cambaxirra é uma espécie de ave. (tempo, espaço, enredo etc.) e coesão e coerência.
Lassa: cansada, entediada.
Bruxulear: tremeluzir, como se as estrelas estivessem com a luz fraca
e “tremida”.
Ébrio: bêbado.
Algibeira: bolso.

* O link foi acessado em 21 mar. 2017.

ORIENTAÇÕES PARA O ALUNO


Escreva um conto fantástico de acordo com as orientações a
seguir:
• Escolha o acontecimento fantástico que será o elemento
central do seu conto.
• Pense no contexto para esse acontecimento ocorrer.
• Elabore um cenário comum, para início da narrativa (ante-
rior ao acontecimento fantástico).
• Anote o tempo e o espaço da narrativa.
• Imagine os personagens necessários para o acontecimento
ocorrer.
• Em um rascunho, escreva seu conto, considerando os pon-
tos anotados anteriormente.

www.sistemapoliedro.com.br página 2

Potrebbero piacerti anche