Sei sulla pagina 1di 8

,_

SUMÁRIO

Ficha catalográíica elaborada pela Associação Brasileira das Editoras 11 Apresentação


Universitárias (Abeu). Adaptada conforme normas da Edusp.

Machado, Maria Helena Pereira Toledo PARTE 1


Emancipação, Inclusão e Exclusão: Desafios do Passado e
do Presente / Maria Helena Pereira Toledo Machado e l.ilia 17 A Emancipação e seu Legado nos Estados Unidos: De Lincoln
Moritz Schwarcz (organizadoras). - São Paulo: Editora da Uni- a Obama
versidade de São Paulo, 2018. ERIC FONER
400 p.; il.; 2515 cm.

Inclui imagens e tabelas. 31 Raça, Racismo e Psicopatologia: Da Viena Antissernita à Tim


ISBN 978-85-314-1680-4.
Pós-Direitos Civis nos Estados Unidos
1. Emancipação. 2. Inclusão. 3. Exclusão Social. 4. Escravi- SANDER L. GILMAN
dão -Américas. 5. Racismo. 1. Schwarcz, Lilia Moritz. li. Titulo.

CDD 326 51 Nem Raça, nem Racismo: O que Racializar Significa


DIDIER FASSIN

73 Polícia Militar e Justiça Criminal como Promotoras de


Desigualdades
LUIZ EDUARDO SOARES

87 Mulatos no Brasil e em Angola: Uma Abordagem


Comparativa, do Século xvuao Século XXI
LUIZ FELIPE ALE N CASTRO

117 Saúde, Segurança, Educação, População Negra: A Ro tina das


Desigualdades como Desafios do Passado e do Presente
lltHlilll 11 ,.liVtldON h CYNTHIA GREIVE VEIGA
1rl11 p 1 11f1n1t1tlu U11lvmsldudc de Sno Paulo
lhhl 1h1 l'111ç11 tln Jl1•luln, 111y A, C.itludc Universitária 131 Escravidão e Bd ucaçiio: Oúrigatoriedadc• Bscofm ·1• <I
llMOU o o Sno l'aulo - 81'- Urn sil
lllvlHA•J t:um crcln l:Tcl. (11) 30!JH000 / 3091-4150
Construção do S1-{ieil0 J\lun.o 11.0 JJrm;ll Oilocwll lsfa
www.cdusp.com .br - e-m ail:edusp@usp.br SURYA AAR ONOVIC H POMBO OI:! UAltHOS ll

l'rlntcd in 13razil 2018 DIANA GONÇALVES VlDAL

Foi feito o depósito legal


ABOLIÇÕES: A CONSTRUÇÃO DOS CONCEITOS
DE LIBERDADE, RAÇA E TUTELA NAS AMÉRICAS
Lilia M. Schwarcz
Maria Helena P.T. Machado

esde finais do século XVIII, passando pelas abolições do tráfico de escra-

D vos e processos de emancipação e pós-emancipação, as diferentes so-


ciedades da América escravista produziram ideias, conceitos e projetos
que refletiram a respeito da liberdade dos afrodescendentes. Já senhores de es-
cravos, seus ideólogos e os ascendentes Estados nacionais, juntam ente com os
cientistas naturais, viajantes e pensadores sociais, procuraram conceituar os lu-
gares geográficos e sociais nos quais os afrodescendentes poderiam gozar de uma
liberdade restrita e tutelada. Essa era sem dúvida uma tentativa de atenuar a
abrangência da ideia de igualdade e de liberdad e e, de alguma maneira, desfazer
ou nuançar a prevalência do texto da lei.
Ao mesmo tempo, escravos, libertos e outros grupos sociais menos comprome-
tidos com a escravidão buscaram requalificar o conceito de liberdad e colocado
em pauta pelas elites, preenchendo-o com significados políticos, sociais e cultu-
rais amplos evariados. O objetivo do seminário Emancipações, Inclusão, Exclusão:
Desafios do Passado e do Presente, na sua fase nacional (que ocorreu em junho
de 2013), quando alunos de pós-graduação apresentaram um balanço crítico de
suas investigações - que foram comentados por professores especialmente con-
vidados para esse fim -, era justamente animar o espaço de reflexão dentre no-
vos pesquisadores e divulgar os resultados de suas investigações.
Passados dois anos do evento, osmestrandos edoutorandos participantes da
experiência tiveram tempo de absorver sugestões, desenvolver suas perspecti -
vas, assim como terminar suas teses e dissertações. O que se apresenta a seguir
são os textos finais, produtos amadurecidos dos apresentados naquela ocasião,
contendo um balanço das respectivas pesquisas.
Essas contribuições refletem a importân cia da experiência pioneira levada a Cada uma dessas abordagens, em função de seus perfis amplos e complexos,
cabo na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (PPLCH) da U niversi- merece uma reflexão maisconsistente, tarefa além do escopo da inicia tiva do se-
dade de São Paulo (usP), que foi a de construir um núcieo interinstitucional e in- minário. No entanto, buscaremos, a seguir, apresentar uma reflexão preliminar
terdisciplinar de debate a respeito das emancipações e seus larguíssimos proces- sobre cada um desses pontos, apenas cumprindo com nosso objetivo mais geral:
sos sociais. Participaram desse seminário alunos e alunas das pós-graduações da estimular uma visão mais plural e crítica sobre os processos de abolição qu e ca-
FFLCH-USP, engloba ndo os cursos de história, antrop0logia e sociologia, alunos racterizaram o século x1x.
do Museu Nacional da Universidade federal do Rio d e Janeiro (UFRJ) e do pro-
grama de pós-graduação em história da UFRJ e da pós-graduação em história da
Universid ade de Michigan (Estados Unidos). Buscando novos atores: a questão da centralidade política da agência
Assim, o objetivo dessa iniciativa foi refletir sobre o processo de emancipa- histórica dos afrodescendentes nos processos de emancipação
ção dos escravos nas Américas a partir do ponto de vista da história social e das Um amplo debate tem tomado corpo na historiografia social da escravidão e
ideias, da antropologia e da sociologia, com especial ênfase no Brasil, nos Estados do pós-abolição no Brasil das últimas décad as.Isso porqu e, após um longo silên-
Unidos e no Caribe. Para ati ngir tal meta, o seminário colocou em discussão in- cio historiográfico a respeito dos processos de abolição que tiveram lugar em di-
vestigações sobre os temas das abolições da escravidão e do tráfico de escravos, ferentes contextos regionais e escravistas brasileiros, silêncio esse justificado pela
processos de emancipação dos escravos e africanos livres e conceitos de raça/cli- ideia compartilhada por movimentos sociaise por certos setores intelectuais de
ma e mestiçagem no períod o, tomados como indicadores das diferentes percep- que a penada da princesa havia sido apenas uma manipulação política, repre-
ções sociais a respeito da inserção/exclusão dos libertos nas sociedad es ameri- sentando exatamente o contrário do que dizia, o tema da abolição parece ter vol-
canas pós-emancipação. A reflexão sobre os processos de emancipação e de tado à pauta. O processo de descarte da abolição como fato relevante para a his-
abolição da escravidão, colocada em pauta por esse seminário, esperou, assim, tória dos movimentos sociais afrodescendentes e nacionais, de maneira geral,
ampliar a compreensão do significado histórico das abolições e da agência dos aparecia como resposta a u ma apropriação política e h istoriográfica desse movi-
afrodescendentes na construção desse processo. mento pelos setoresconservadores. Dizia-se então que a abolição refletia somen-
Três recortes teóricos mais amplos animaram a organização do seminário. te os interesses das elites humanitário-paternalistas e de seus seguidores das
Uma primei ra intenção subjacente a essa iniciativa foi a de discutir, em uma pers- camadas médias urbanas, que buscavam apenas consolidar uma visão civiliza-
pectiva multidisciplinar, as mudanças ocorridas nos estudos a respeito dos pro- tória - sempre entendida como uma trajetória que culminava no branqueamen-
cessos de emancipação a partir da perspectiva teórica qu e colocou em foco a to e na europeização social e biológica. A abolição era assim entendida como um
agência histórica e a capacidade de atuação política, formal e informal, dos afri- "presente'; uma dádiva, no sentido de Marcel Mauss', e dessa maneira esvaziada
canos e seus descendentes escravizados, livres e libertos na construção das so- de seu sentido participa tivo, político e cidadão. Além do mais, reafirmava-se o
ciedades americanas. Uma segunda perspectiva, também bastante inovadora, foi caráter diretivo das elites brancas, contraposto ao perfil dependente das popula-
a de estimular o investimento na elaboração de trabalhos voltados para a repre- ções negras, a fricanas e de seus descendentes. Isso tudo combinado com uma
sentação visual numa perspectiva compreensiva e dialógica com os cânones da clara forma de silenciam ento; do apagamento do fato de o país ter sustentado
antropologia, da sociologia e da história. Esse recorte é capaz de enriquecer nos- esse sistema até i888, quando os demaispaíses já haviam extirpado o escravismo
sa abordagem dos temas, motivos e questões implicados nos processos de eman- de sua agenda. Éimplicitamente contestando essas visões, ainda hoje repetidas
cipação estabelecidos por meio de códigos visuais nos diferentes suportes de re- por uma historiografia a qual, embora se apresente com nova roupagem, se man-
presentação visual, como pintura, fotografia e cinema. Finalmente, uma terceira tém conservadora, que buscamos discutir essa questão.
perspectiva animou a composição desse seminário. Foi a de estimular uma abor- Como bem afirma Wlamyra Alburquerq ue, a questão da crise da escravidão
dagem transna cional, capaz de, para além de uma visão comparativa, colocar em no Brasil encontra sua referência maisna discussão do domínio do que propria-
um quadro amplo e conectado diferentes processos e temporalidade sque pro-
moveram as emancipações nacionais e seus desdobramentos no tempo nova-
1. Marcel Mauss, Ensaio sobre a Dád iva: Forma e Razão da Troca nas Sociedades Arcaicas,
mente em uma perspectiva dialógica. em Sociologia e Antropologia, São Paulo, Edusp, 1974.
mente na eternização da escravidão, já em si ideologicamente desacreditada des- teorias racia is recolocou o estatuto da "diferença" no cenário intelectual nacional.
de a década de i870, amparando-se apenas no argumento da necessidade ime- Não mais uma diferença cultural, mas dessa vez biológica e garantida pela certeza
diata das lavouras para atravessar as inúmeras crises, além da crescente oposição de um projeto científico que prometia aferir a desigualdade na própria natureza.
dos próprios escravos2 • Nessa direção é que a historiografia vem produzindo uma Teorias como o darwinismo racia l e o determinismo ci entífico alegavam que
importante crítica a respeito da linearidade do chamado processo de transição o livre-arbítrio era balela e que, se os homens nasciam diferentes, deveriam ser
da escravidão à liberdade, destacando a precarização da liberdade que acompa- considerados e responsabilizados de forma diferente3• Escolas de medicina (como
nhou a entrada dos libertos no trabalho livre, no contexto de uma sociedade es- a da Bahia, mas também a do Rio de Janeiro), instituições médicas, alguns insti-
cravista senhorial como era a brasileira da segunda metade do século x1x. tutos históricos e museus nacion '.'.is comprometiam -se com o modelo, desfazen-
A questão da eternização do domínio patern alista escravista, na forma de re- do, de certa maneira, dos ganhos da República•. Como mostra Antônio Sérgio
lações de dependência que subsistiram devido à existência de um trabalhador Guimarães, à época, "se a liberdade era negra, a igualdade era branca"s. Ou, nes-
livre fragilizado pela penúria e pelas relações de trabalho frouxas e mal discri- ta versão, se a liberdade viera "como presente" com a abolição e a canetada da
minadas, propõe uma contraleitura: a da existência de formas autônomas de ex- princesa, já a igualdade era outra coisa, e a própria ciência estava aí para desmen-
pressão social e afirmação cultural dos afrodescendentes. Esse longo processo ti-la. Contra o jusnaturali smo, cujo projeto era todo pautado no virtualismo do
social marcou a nossa história bem entrada no século x..x. indivíd uo e em seu arbítrio, agora o modelo previa uma filosofia de grupo como
De fato, vollando à interpretação de Wlamyra Albuque rque, se o ponto de lar- o elemento fundamental no comportamento criminoso, desviante ou cidadão.
gada desse mesmo processo foi uma sociedade escravista em crise, o ponto de Na verdade, o indivíduo era considerado uma expressão passiva de seu grupo de
chegada foi a República higienizadora e civilizatória, capaz de propor uma nova origem, agindo totalmente conforme sua carga biológica. Pior ainda era a mesti-
abordagem das liberdades e direitos civis dos afrod escendentes, agora emoldu- çagem: passara a ser considerada como um sinal de degeneração não só para o
rados não pela questão jurídi ca da propriedade, mas sim por discursos e práticas indivíduo como para toda a nação.
sociais, aberta ou sub-repticiamente racializados.Dessa forma, podemos enten- É, portanto, nesse contexto nervoso que se pode entender o debate que an-
der a articulação do processo de extinção da escravidão com a emergência de um tecipou e se seguiu à abolição de 1888. Em primeiro lugar, é possível dizer que a
novo paradigma social. Tal modelo acabou por ressignificar os conceitos de li- abolição aboliu mais do que - exclusivamente - a escravidão. Colocou abaixo,
berdade e de gozo de cidadania, por meio de discursos racializados, que ju stifi- também, todo um sistema complexo de mecanismos sociais de distinção, pró-
caram a construção de barreiras para a inclusão doslibertos, dos "Treze de Maio" prios e necessários a uma sociedade estamental. Não que existisse maior mobi-
e, de uma maneira mais geral, dos homens livres despossuídos. De certo, ainda lidade absoluta para negros durante o Império. O que defendemos é que nos pró-
temos muito a caminhar nessa vereda analítica. Em termos historiográficos, es- prios fundamentos da escravidão no Brasil previa-se certa mobilid ade e, no
tamos ainda engatinhando na compreensão dos efeitos dos discursos raciais e limite, a alforria. Entretanto, com um detalhe crucial:esta se destinava apenas e
racializados sobre nossas práticas sociais. Nesse contexto, sublinhamos o cará- exclusivamente a indivíduos; não a um grupo, de forma mais ampla. Isso criava,
ter marcante das teorias da hibridação, poligenia e do darwinismo social como pois, em meados do século x1x, uma certa compreensão individualizad a, no sen-
instrumentos utilizados pelas elites senhoriais, pelos políticos, por médicos e ou- tido de que a liberdade nada tinha a ver com a condição geral, e muito menos
tros bem-pensantes, para recolocar o problema da liberdade dos afrodescenden- com o grupo. Ela não era mandatória; portanto, era antes efeito do esforço e mé-
tes em moldes confortáveis à eternização de relações de subserviência e domínio. rito, pessoal e irrevogável, assim como intransmissível.
Nesse momento, com efeito, uma série de teorias raciais começava a colocar
em questão o estatuto jurídi co e igualitário da lei.Se a nova Constituição emesmo J. Mariza Correa, As Ilusõesda Liberdade: A Escola Nina Rodrigues ea Antropologia no Bra-
o Código Penal começavam a propalar aideia de que os homens eram iguais, epor- sil, São Paulo, tese dedoutorado, São Paulo, Universidade de São Paulo, 1982.
4. O tema foi tratado com maisvagar, entre outros, em Lilia Moritz Schwarcz, O Espetáculo
tanto igualmente respon sáveis, a entrada e a subsequente voga de uma série de das Raças, São Paulo, Companhia das Letras, 1987.
s. Antônio Sérgio Guimarães, "La République de 1889: utopie de l'homme blanc, peur de
l'homme noire (la liberté est blanche, l'igalité noire, l'utopie rnétisse'; em Brésil(s), Paris,
2. Wlamyra Albuquerque, OJogo da Dissimulação:Abolição e Cidadania Negra no Brasil, Centre de Recherche sur le Brésil Contemporaine. École de Hautes Études en Sciences So-
São Paulo, Companhia das Letras, 2009. ciales, pp. 149-168, 2012.
( 1

Debruçar-se, então, sobre esse contexto significa entender como foi difícil Não por acaso Hannah Arendt chamou o liberalismo de uma teoria do indi-
para esses indivíduos verem-se novamente vinculados a seus grupos sociais de víduo, contraposta ao racismo científico; certamente u m modelo em que o gru-
origem. O fato é que, até então, tal mobilidade ascendente positiva reforçava , mais po era mais determinante e resumia as potencialidad es dos sujeitos isolados. Para
do que negava, a estrutura de estratificação social, uma vez que destacava a ex- ela, o racismo seria, de fato, um modelo de grupo, necessariamente paradoxal
cepcionalidade de certos sujeitos, q ue se distinguiam por sua cultura, cor mais diante do predom ínio das ideologias do indivíduo voluntarista, herdeiras da
branca ou proeminência social de classe. No e:1tanto, e nesse momento de início Ilustração francesa7 •
do século xx, a história seria outra, com a República inaugurando tanto uma li- Foi também nesse mesmo sentido que Louis Dumont concluiu que o racis-
berdad e cidadã como também um modelo classista que igualava, sob a rubrica mo não significava um desvio social do modelo igualitarista liberal e ocidental.
de libertos, experiências sociais muito distintas, e desigualava raças, a partir de Ele seria, sobretudo, uma perversão interna ao mesmo sistema, uma vez que, se-
novas teorias deterministas científicas de análise. Igualdade e liberdade são, por- gundo esse antropólogo, a Hevolução Francesa impusera uma ideologia iguali-
tanto, termos lidos em perspectivas distintas nesses mome ntos marcados pela tária cm m eio a sociedades profunda e in ternamente hierarquizadas º.
transitoriedade, não só política como social. Não se pode esquecer, ainda, o medo que pairava, nesse contexto, com relação
Em contrapartida, vale notar como esse grupo de homens negros livres era a novas formas de escravização ou da volta das antigas. O final do sistema escravis-
bem mais numeroso do que se poderia imaginar à primeira vista. Não era exata- ta era ainda uma realidade próxima e, nessa época, ainda mais paradoxalmente,
mente uma exceção que confirmava a regra. Assim, nessa sociedade escravista e, muito associado à monarq u ia. Não poucos libertos manifestaram suas lealdades a
portanto, sem classes -ao menos no sentido que a modemid&de ocidental cunhou -, uma monarqu ia, mais alegórica e simbólica do que real, mas também suas descon-
cujo prestígio vinha do capital cultural e social acumulado, novos projetos de ele- fianças em relação ao novo regime republicano. Como tudo era muito recente ein-
vação social e de distinção foram se afirmando. Além do mais, havia uma distin - certo, vivia-se um ambiente de muita ambiguidade e igual insegurança.
ção fundamental entre ser escravo, liberto recente, "Treze de Maio';liberto, filho No seminário em tela, discutimos essas questões a partir dos textos de Pedro
de escravos, neto de escravos ou, simplesmente (se é que há algo de simples nis- Cantisano, "Entre Escravidão e Liberdade: Ficções Jurídicas e Consequên cias
so), um cidadão, alheio à sua origem ou cor social. Com a Hepública, porém, sur- Reais no Brasil do Século x1x';que abraçou um ponto de vista da história do di-
gem novas formas de classificação social - misturando -se o estatuto da lei com a reito; e do ensaio de Manuela Areais Costa, "Participação Política, Identidade
certeza da ciência determinista. O resultado é uma clara instabilidade das posi- Negra e Projeções da Memória nas Músicas e Crônicas de Manoel Tranqu ilino
ções, também implicando a emergência de uma variedade de manifestaç ões e Bastos (Cachoeira-BA, 1884-1935)'; que apresentou urna abordagem da história da
iniciativas, caracterizando, assim, essa ordem social em m11dança. cultura afrodescendente, mostrando a intensa participação de um homem negro
Seriam outros, então, os critérios de classificação - o racial inclusive -; o que na vida cultural de uma importante cidade baiana. O texto de Manuela nos recor-
ocasionou uma espécie de tábula rasa diante das antigas distinções cultivadas da que esse tipo de história de vida foi apagado das narrativa s canônicas, que cos-
durante o Império. Agora, libertos era termo de largo alcance e que nivelava ex- tumam invisibilizar o protagonismo de agentes sociais afrodesccn dentes.
periências - culturais, econômicas e sociais - em tudo distintas. . Já Lívia Antunes, em "Memórias da Abolição: O Lugar do Negro na Construção
Éimportante destacar a relevância e penetração do critério racial nos circu1· da História Nacional'; e Matheus Gato de Jesus, em "Negro, porém Hepublic:rnw';
tos intelectuais e políticos de finais do século XIX. Como mostra Leo Spitzer, esse ao abraçarem, respectivam ente, uma perspectiva da história e da sociologia, dis-
tipo de teoria e prática criariam novas formas de hierarquia e estratificação so- cutem a inserção política e a construção da memória dessa invisibilid ade impos-
cial6.Depois de uma era de libertações, vivia-se novamente o embaraço da ex- ta pelas narrativas dominantes, que tornaram os afrodescendentes ausentes de
clusão e o retorno, em bases renovadas (porque biológicas), de modelos de dife- sua própria identidade e vítimas passivas e inermes da sujeição a que estavam
renciação. E não sóno Brasil. De uma maneira geral, as novas práticas científicas submetidos. Matheus descentraliza a discussão, mostrando como, também no
e sociais serviam para justific ar, de maneira renovada, antigas formas de exclu- pouco estudado Maranhão, o surgimento de um novo regime político foi visto
são social.
7. Hannah Arend t, Origens do Totalitarismo, Sã0 Paulo, Companhia das Letras, 2000.
6. Leo Spitzer, Vidasde Entremeio, Rio de Janeiro, Editora UERJ,2001. 8. Louis Dumont, Homo J-lierarchicus, São Paulo, Edusp, i992.
com desconfiança pelos africanos e seus descendentes. Estes, porém, pud eram termos nada têm de ingênuos, e seu emprego sempre inaugura uma cartilha so-
se posicionar frente ao republicani sm o de maneira objetiva, quer dizer, muito cial estrita. No caso das cores, e de seu uso visual , o modelo funciona de forma
afastados de uma visão fantasiosa da monarquia e seus rituais, sempre descritos azeitada, com os tons revelando divisões sociais reafin.1adas e confirmadas pe-
como talhados para alimentar a visão de mundo dos primitivos. los discursos visuais.
Papel semelhante cumpriri a a iconografia científica da época, essencializan-
do raça como conceito monolítico, essencial e fixo. A asc;ociação com outros mar-
O regime visual da raça e do racismo cadores sociais da diferença - como região, origem e gênero - seria fundamental
Já faz algum tempo que a academia vem prestando atenção ao papel das ima- para a construção de conceitos rígidos como a natureza. O exemplo da Vênus
gens - inscritas em telas, fotos, esculturas, mas também moedas, desenhos, em- Hotentote - com suas nádega s e lóbulos de orelha protuberantes - serviria para
blemas, vídeo e dísticos -, e não como mera ilustração. Isto é, não apenas como confirmar o que se queria saber previamente: o atraso das raças diferen tes das
documentos que espelham passivamente a realidade - decoram e a lustram -, euroamericanas.
mas como fontes que muitas vezes constituem essa própria realidade. Sabemos Argumento semelhante desenvolve Tatiana Lotierzo em seu ensaio "Uma
bem quão persistentes e influentes são os estereótipos visuais, as representações Pintura Preconceituosa? Racismo e Estética na Tela A Redenção de Cam".A par-
imagéticas oficiais e populares. E, com efeito, nunca é tarde para ler imagens com tir da análise da pintura de Modesto Brocos Gómez, Tatiane recupera diferentes
o mesmo cuidado dispensado aos textos escritos. regime s visua is de época, que davam um lugar especial à mulher negra, marca-
Sobretudo com relação às assim chamad as questões raciais, sabemos que da por uma suposta inferiorid ade social e cultural, confirmada por u m corpo em
verdadeiros discursos visuais foram se constituindo, de maneira a reforçar e criar tudo extremado: na sensualidade, nos membros, nos formatos arredondados e
linguagens iconográficas sobre o tema, a tela, o gesso, a fotografia. O papel das elevados.
imagens é nesse contexto revelador, no sentido de confirmar, mas igualmente Já Luis Felipe Hirano enfrenta os "corpos hollywoodianos" no seu texto
afirmar, reforçar, naturalizar e essencializar, lugares delimitados. "A Segregação na Forma: Raça, Gên ero, Sexualidade e Corpo na Cinematografia
Vários autores vêm mostrando de que maneira regimes coloniais têm se va- Hollywood iana e Brasileira (1930-1950)". Aqui retorna a mesma questão que lan-
lido desse tipo de discurso visual. Se Edward Said, Homi Bhabha e Mary Louise çávamos anteriormente sobre cor social", ou sej a, esse uso pragmático que se faz
Pratt9 nos mostraram a penetração desse tema, sobretudo na literatura, já auto- da cor, de maneira que a partir dela serão definidas diferentes formas de exclusão
res como Anne McClintock e Sander Gilman'° mostraram de que maneira esse social. Hirano joga com a diferença na delimitação das coresno Brasil e nos Estados
tipo de registro entrou naspráticas cotidianas: tanto na propagan da como na pin- Unidos, atentando para o fato de que não se classificavam da mesma maneira os
tura e também na ciência. atores independ entemente do contexto. No Brasil, um ator de cabelo liso, louro,
McClintock mostra como propagandas de sabão, por exemplo, reforçavam a traços de rosto distantes do padrão caucasiano, seria logo considerado bran co. Já
contraposição entre brancura e escuridão, dualidade essa que reforçava valores nos Estados Unidos, passar- se por branco era falta grave e considerada crime du-
como pureza e peiigo; higiene e contaminação. O sabão, por sua vez, uma ofer- rante o período de segregação racia l. Afinal, se no Brasil é uma certa marca exter-
ta da civilização, limpava as degenerações da raça escura, ligada sempre a esse na - essa gradação de tons e semitons - que define o grupo racial a que pertence
regime de cor social. Sabemos que cores, pensadas dessa maneira, são constru- o indivíduo -, sendo a fronteira entre eles mais porosa e fluida (mas não menos
ções sociais, e encontram-se muito associadas a regimes de hierarquia social. Os perversa), nos Estados Unidos é a origem que define o local social. Não por coin -
cidência, o passíng as whíte levou não poucas vezes à prática de linchamentos.
9. Edward Said, Orientalismo, São Paulo, Companhia das Letras, i995; Homi Bhabha, O Lo- No caso dos atores de Hollywood, ainda mais, a imagem se consolidou e cons-
cal da Cultura, Belo Horizonte, Editora da UFMG, 1998; e Mary Louise Pratt, Os Olhosdo truiu estereótipos que definiram os grupos sociais, reiterando lugarese redefi-
império:Relatos de Viageme Transcu/turação, Bauru, Edusc, i999. .
nindo posições. De toda maneira, nesses dois estudos temos uma demonstração
10. Anne McClintock, Couro Imperial, Campinas, Editora Unicamp, 2010; Sandre G1lman,
"Black Bodies, White Bodies:Toward an Iconography ofFemale Sexuallty in Late Nineteen-
-Century Art, Medicine, and Literature'; em Henry Louis Gates e Kwame Anon Appia '
"Race;Writing, and Dijference: A Criticai Inquiry Book, Chicago, Chicago Umvers1ty Press, u. Vr, entre outros, Carlos Hasenbalg, Nelson do Valle Silva e Márcia Lima, Cor e Estratifica -
1986, pp. 223-261. çao Social, Rio de Janeiro, Contracapa, i999.
das possibilidade s das fontes visuais como documentos influentes, que, como os ficas, que reconstituíram o mundo segundo os conceitos científicos, naturalizan-
demais, devem ser contrastados com outras fontes, mas igualmente usados a par- do as alteridades na linguagem das raças.
tir de suas possibilidad es como registros que estabilizam significados, assim como A maneira como concepções, ideias e conceitos a respeito do lugar dos afro-
os divulgam de forma eficiente. descendentes se deslocaram através dessas viagens, e como influenciaram dife-
rentes formas de ver o mundo, parece ser um dos temas mais desafiadores. Cabe-
-nos, por exemplo, compreender como o Sul dos Estados Unidos, Cuba e Brasil
A perspectiva translocal e transnacional formaram, a partir dos anos de 1830, um grande arco escravista, com suas classes
Uma perspectiva muito produtiv a que vem se estabelecendo nos nossos es- senhoriais solidárias e com interesses similares na manutenção da escravidão e
tudos dos processos de emancipaçã o nas Américas é a da abordagem translocal tolerância ao tráfico de escravos feito de forma ilegal. Como mostrou, por exem-
e transnacion al. Como parece claro para muitos estudio sos das diferentes áreas plo, o historiador Gerald Horne, em O Sul Mais Distante',3 nas décadas que ante-
das ciências humanas, muitas fontes de interesse para o estudo dos acalentados cederam a Guerra Civil norte-americana, Estados Unidos e Brasil estavam tão pro-
movimentos de superação da escravidão se deram em uma perspectiva conecta- fundamente ligados que ele considera que este último era o Sul mais profu ndo
da. Tal evidência, por si própria, já leva a uma série de novos procedimentos. dos Estados Unidos, o cenário no qual as maiores disputas políticas que redunda-
Trata-se, de fato, de impor um desafio ao estudioso, que é o de compreender como ram na Secessão foram jogadas. Tratava-se de estabelecer, com clareza, os negó-
movimentos de ideias, comportamentos, posições políti cas e formas de repre- cios do tráfico de escravos e a permanência de uma sociedade escravista viável.
sentação viaja ram em velocidade maior do que imaginávamos e, já no século XIX, Para o Sul norte-am erica no, a pa rtir da década de 1820 até a anexação do Texas,
achavam-se tão enredados numa perspectiva ampliada, com o mundo atlântico apenas a expansão territorial o salvaria do estrangulamento político interno14 •
surgindo corno meio de difusão e contatos cada vez mais rápidos. Isso nos leva a Ao estabelecer como questão decisiva para as décadas que imediatamente
considerar o problema da montagem de uma infraestrutura de transport e de mas- antecederam e sucederam a Guerra Civil as complexas relações que sulistas e
sas no século XIX e como ela revolucionou as formas de pensar o mundo. nortistas entretiveram com o Império brasileiro, que aparecia na época como o
De fato, a introdução dos trens e navios a vapor, com sua capacidade de trans- grande reduto escravista do hemisfério, O Sul Mais Distante sugere a revisão de
portar pessoas aos milhares, mercadorias às toneladas e ideias novas e frescas muitos temas, entre os quais o da história da própria Guerra Civil. Tendo a ousa-
com uma rapidez impensável, alterou a face do mundo ocidental. Claro que as dia de estabelecer como tema central do palco político e ideológico norte-ame-
Américas já eram resultado, em si mesmas, de uma história do deslocamento de ricano um país estrangeiro, não republicano, visto como pouco civilizado e, so-
europeus, de índios, e, sobretudo, uma história de diásporas - a dos africanos. No bretudo, fortemente miscigenado como era o Brasil, Gerald Horne propõe uma
entanto, até o advento dos trens e do vapor, as viagens oceânicas eram longas, verd adeira reviravolta. Mostrando como o Brasil se tornou tanto o sonhado pa-
penosas e muito arriscadas, e viajar, no geral, era algo raro. Quando Alexander raíso dos interesses expansionistas sulistas que, enlevados pelo Destino Manifesto,
von Humboldt e Aimé Bonpland viajaram pela América do Sul no alvorecer do buscavam novos territórios escravistas, quanto·a meca dos armadores, baleeiros
século xrx, seus relatos foram considerados pelo pú blico europeu como únicos e negociantes nortistas, sediados na Nova Inglaterra, que disfarçados sob a ban-
testemunhos de um mundo distante e desconhecido. Poucas décadas mais tar- deira de comércio internacional com a África ou da pesca da baleia se encarre-
de, literalmente milhares de viajantes escrutinavam o mundo em todos os seus garam da parte do leão do abasteciment o de escravos dos mercados brasileiros
quadrantes, realizando uma nova conquista - ou uma nova forma de conquista, nas décadas de 1830 e i840, e mesmo depois, Gerald Horne mostra cabalmente
a qual Mary Louise Pratt denominou anticonquista por seu perfil aparentemen- que, na verdade, para além do Alabarna ou Mississippi, o Brasil era o verdadeiro
te passivo e classificatório Estamos falando das viagens naturalistas e etnográ-
12
• deep est South - Sul profundo - dos Estados Unidos. Ora reservatório dos negó-
cios e interesses norte-americanos ligados ao tráfico e vinculados aos portos da
Nova Inglaterra; ora espaço preferencial para a expansão territorial sulista, ba-
i2. Mary Louise Pratt, op. cit., i999; e Maria Helena P. T.Machado, "PRATT, Mary Louise.Olhos
do Império: Relatos de Viagem e Transculturação ';Revista Brasileira de História, vol. 20, 13. Gerald I-Iorne, O Sul Mais Distante: Os Estados Unidos, o Brasil e o Tráfico de Escravos Afri-
n. 39 pp. 281-289, 2000. Disponível em: www.scielo.br/pdf/rbh/V2on39/2 990.pdf.Acesso
1
canos, São Paulo, Companhia das Le ras, 2010.
em: 13set. 2017. 14. Gerald Horne, op. cit., 2010.
)

seada na escravidão ou em formas de subordinação provisória - como a da apren- Mas não só o Brasil precisa ser levado em conta aqui. Como bem discutiu
dizagem e colonato - em direção a um sul hemisférico, visto como militarmente Matthew Guterl em seu estudo dedicado à análise dos inter-relacion amentos en-
mal defendido e pessimamente ad mi nistrado; ora como senhor de vastas áreas tre as classes senhoriais sulista norte-americana e a cubana, os proprietários es-
tropicais férteis, adequadas como nenhuma outra à ocupação e à submissão dos cravistas do Sul norte-americano voltava m os olhos para a sociedade cubana com
africanos e afrodescendentes, o Brasil do Império aparece corno centro de arti- ambivalência. Almejavam tanto mantê-la inalterada, pois assim ela sempre repre-
culação e, como bem afirmou Matthew Fon taine Maury, válvula de escape dos sentaria um refúgio possível, como a desprezavam por seu caráter miscigenado '6.
Estados Unidos'5• Fin<ilmente, as perspectivas translocal e transnacional para o período pós-
Esses inúmeros aspectos novos levantados parecem sugerir uma séria re\i- -emancipação devem .;er consideradas. Nesse sentido, os esquemas de imigra-
são de nossas interpretações sobre o tráfico de escravos dos anos de 1830 e 1840 ção de chineses, coolies e indianos para Cuba e Caribe podem mostrar como os
e sobre os motivos que levaram à sua proibição em 1850. Estudando minuciosa - processos de sujeição e resistência vividos pelos escravos africanos e seus des-
mente a atuação de Henry Wise - um dos principais políticos sulistasdo período, cendentes se eternizaram nos esquemas de colonização pós-emancipação, que
escravista convicto e governador da Virgínia responsável pela execução de John transportaram m ilhões de asiáticos para o Caribe e Cuba. Em "Bound Coolies: Os
Brown após o ataque de Harpers Perry - como plenipotenciário norte-americano Indianos Sujeitos na Gu iana'; Marcelo Mello enfoca, a part ir de uma perspectiva
no Brasil nosanos de 1840, Horne, mas também Nícia Vilela Luz, mostra a abran- antropológica e contemporânea, o pa pel dos coolies indianos na sociedade pós-
gência do controle norte-americano sobre o tráfico, ao mesmo tempo que docu- -colonial da Guiana, cujos conflitos reencenam processos de sujeição que remon-
menta a luta que sulistas e nortistas dos Estados Unidos entretiveram com rela- tam às emancipações e seu legado.
ção ao Brasil. Wise, escravista virulento, em sua estadia no Brasil, combateu o Com a apresentação de ricas perspectivas de pesquisa em um encontro mul-
tráfico ilegal com todas as suas forças, sem n u nca atacar a escravidão em si. tidisciplinar e interinstitucional, o seminário Emancipação, Inclusão, Exclusão:
Companheiro de Wise, surge o já citado Maury, o qual militou em prol da imple- Desafios do Passado e do Presente, fase nacional, surge com um proje to piloto e
mentação de projetos de anexação da Amazônia ao Sul norte-americano. bem-sucedido a ser mantido. Seus resultados reforçam o papel da u niversidade
Além disso, como aponta a pesquisa apresentada por Maria Clara Carneiro como espaço de discussão e criação e de circulação de ideias e realização de de-
Sampaio, em "Colonização e Migrações no Pós-Abolição: Os Projetos de Coloniza- bates para além das divisões institucionais.
ção da Guerra da Secessão e o Caso da Ilha Haitiana de A'Vache':que aparece
neste livro, no decorrer do governo de Abraham Lincoln, novas tentativas de ocu-
pação territorial e transferência de população afrodescendente foram ensaiadas
pelos norte-americanos, buscando ocupar territórios no Brasil, América Central
e América Latina, como forma de controle imperialista e exportação da popula-
ção negra, entendida como destinada a habitar o mundo tropical, talhado para
ser colonizado por um norte superior e por uma população vista como natural-
mente tutelável.
Da mesma forma, trabalhando com uma perspectiva transnacional, Luciana
Brito, em "Perspectivas sobre as Relações Raciais nos Estados Unidos através do
(Anti)Exemplo da Sociedade Brasileira" discute de que modo o olhar norte-ame-
ricano sobre a pureza racial olhava a sociedade brasileira, miscigenada, como
exemplo negativo, mostrando com sua incúria a necessidade da manutenção da
separação das raças.

is. Maria Helena P.T. Machado, "O Adão Norte-Americano do Éden Amazôn ico'; em Brasil 16. Matthew Pratt Guterl, American Mediterranean: Southem Slaveholders inthe Ageof Emcm-
no Olhar de William James: Cartas, Diários e Desenhos, São Paulo, Ed usp, 2010, pp. 14-87. cipation, Cambridge, Harvard University Press, 2008.

Potrebbero piacerti anche