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Resumo
Esse trabalho tem por objetivo a obtenção dos coeficientes de penetração de gás
carbônico e íons cloreto e sulfato em estrutura de concreto localizada em ambiente marítimo.
Para tal são realizados ensaios “in loco” para estabelecer a frente de ataque por carbonatação e
em laboratório, com material extraído da estrutura pesquisada, para estabelecer a frente de
ataque de íons cloreto e sulfato. Para definir o teor de íons cloreto que despassiva o aço são
realizadas medições “in loco” de taxa de corrosão e potencial de corrosão do aço e
resistividade do concreto, além de exame visual.
Introdução
Hoje são disponíveis vários modelos de vida útil para concreto em ambiente marítimo
obtidos a partir de ensaios de laboratório ou em corpos de prova expostos a esse ambiente.
Esse trabalho visa elaborar modelos em forma de ábacos com dados extraídos de uma
estrutura existente que tenha disponível o histórico de sua execução (materiais e técnicas),
observando suas condições atuais e as características do ambiente em que está inserido.
Pretende-se dessa forma obter um modelo mais real possível para ambientes, técnicas de
construção e materiais similares aos pesquisados.
Obra selecionada e suas características
Localização da obra e elementos estruturais pesquisados
A pesquisa foi realizada em um cais marítimo localizado no complexo portuário da
cidade do Rio Grande - Brasil (Fig. 1 e Fig. 2). Os elementos estruturais utilizado nesta
pesquisa são a viga (PS) e a face vertical da laje (PI) de um trecho do paramento, dois pontos
de mesmo nível das estacas pranchas porém um na face externa do cais (ES) e outra na face
interna (ESF) e em uma cota mais inferior das estacas pranchas (EI) do cais, todos localizados
no Terminal de Conteiners - TECON (Fig. 2 e Fig. 3).
Assunção
BRASIL
Rio Grande
Argentina
Porto
Alegre
Uruguay Rio Grande
Buenos
Aires
Oceano TECON
Montevideo Atlântico Oceano
Atlântico
Meio Ambiente
Características do concreto
Foram extraídos testemunhos, conforme ASTM C 42-94 - Standart test method for
obtaining and testing drilled cores and sawed beams of concrete, e realizados ensaios de
caracterização, além dos dados obtidos em relatórios de execução da obra.
O concreto da estrutura foi executado com agregado graúdo de origem granítica
britada com diâmetro máximo (Dmáx) de 38 mm e a areia é quartzosa. O aglomerante utilizado
na viga e laje do paramento era pozolânico com 34% de cinza volante (CP IV-32) com um
consumo de 403 kg/m3. A relação a/c é de 0,44 obtendo-se um fck de 24 MPa e 23 MPa para o
concreto da viga e laje do cais respectivamente. Nas estacas pranchas foi utilizado o cimento
CP IV-25 com relação a/c de 0,41 obtendo-se um fck de 19 MPa. Com 22 anos de uso os
concretos da viga e laje do paramento apresentaram massa específica seca de 2275 kg/m3 e
absorção por imersão e após fervura de 5,28 % conforme NBR 9778-87 - Argamassas e
concreto endurecidos-Determinação da absorção de água por imersão-Índice de vazios e
massa específica . O concreto das estacas pranchas apresentaram massa específica seca de
2190 kg/m3 e absorção por imersão e após fervura de 7,10 %.
6 CP IV - 32
cCO2 = 0,4.(t)1/2
4 C = 403 kg/m3
Paramento Inferior -
2 Superfície externa
Zona Predominantemen-
te de Névoa lateral em relação a
0 concretagem
0 20 40 60 80 100 120
t (anos)
Conforme era esperado, nas cotas mais elevadas dos elementos estruturais pesquisados
apresentaram profundidade de carbonatação maior, pois o teor de umidade do concreto é
menor.
Paramento do cais
0,70
0,60 PS - ZTN - 24 MPa
Cloretos (%)
Profundidade (mm)
Os resultados estão de acordo com o esperado, visto que HELENE [4] e o CEB-BI 183
- Durabity of concrete structures–Design Guide (1992) citam que o ataque no ambiente
marítimo normalmente é maior na zona de respingo que na zona de névoa (Fig. 5) e é maior
na zona de maré do que em zona submersa (Fig. 6).
0,70
Estacas pranchas - 19 MPa
0,60
0,50 ES - ZPR
Cloretos (%)
EI - ZPRM
0,40 ESF-ZPR
0,30 0,07%
0,20
0,10
0,00
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0
Profundidade (mm)
FIGURA 6 - Perfis de teor de íons cloreto em relação a massa de concreto nas estacas
pranchas - ES, ESF e EI : fck = 19 MPa
FIGURA 7 - profundidades da frente de ataque de íons cloreto nos diversos micro ambientes
pesquisados
90
Estaca Superior - Zona Predo- fck,est = 23,5
80 minantemente de Respingo cCl-=7,7.(t)1/2 MPa
cCl-=7,3.(t)1/2
70 Paramento Inferior a/c = 0,44
cCl-=5,9.(t)1/2
60 - Zona Predominan-
temente de Névoa CP IV - 32
cCl- (mm)
cCl-=5,4.(t)1/2
50
C = 403
40 kg/m3
Estaca Inferior - Zona
30 eCl- = 9,338.(t)1/2 Superfície
Predominantemente
de Respingo e maré externa
20 lateral em
Parâmetro Superior - Zona relação a
10 Totalmente de Névoa superfície de
0 concretagem
0 50 100
t (anos)
0,20
PS - ZTN
0,18 PI - ZPN
0,16 ES-ZPR
Sulfatos solúveis (%)
EI-ZPRM
0,14
0,12
0,10
0,08
0,06
0,04
0,02
0,00
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0
Profundidade (mm)
FIGURA 9 - Perfis dos teores de íons sulfato solúveis em água em relação a massa de
concreto para fck de 23,5 MPa (PS e PI) e 19 MPa (ES e EI)
TABELA 2 - Coeficientes de penetração dos íons sulfato para os concretos e micro ambientes
pesquisados
Pontos de Cota Classificação fck cSO4 t kSO4
extração DHN dos micro (MPa) (mm) (anos) mm.ano-1/2
(cm) ambientes
PI 210 ZPN - SL 23 36,3 22 0,8
ES 170 ZPR -ST 19 43,8 22 1,6
EI 140 ZPRM - ST 19 35,0 22 2,5
ZPN - Zona predominantemente de névoa; ZPR - Zona predominantemente de respingo;
ZPRM - Zona predominantemente de respingo e maré. SL e ST - Respectivamente sup.
lateral e topo em relação a concretagem.
30
fck,est = 19 MPa
Estaca Inferior - Zona cSO4 = 2,5.t0,5
25
Predominantemente a/c = 0,42
de Respingo e Maré
20
cSO4 (mm)
CP IV - 25
15
cSO4 = 1,6.t0,5 C = 403 kg m3
10
Superfície
Estaca Superior - Zona externa de
5 topo em
Predominantemente de
Respingo relação a
0 concretagem
0 20 40 60 80 100 120
t (anos)
valor do
cobrimento em
10 11%.
Para cimento
Portland comum
aumentar o valor
do cobrimento
em 20%.
* cCl- mínimo
para ambiente
1 marítimo - NBR
1 5 10 50 100 6118 - revisão
idade da estrutura (anos)
10 C20
C25 diminuir o valor
C35C30 do cobrimento
C45C40 em 50%. Para
cimento Portland
comum pode-se
1 diminuir o valor
do cobrimento
em 10%.
* cCO2 mínimo
para ambiente
0,1
marítimo - NBR
1 5 10 50 100
6118 - revisão
idade da estrutura (anos)
C15
Para cimento
C25C20
Portland comum
C35C30
aumentar o valor
C45C40
10 do cobrimento
em 20%.
* cSO4 mínimo
para ambiente
marítimo - NBR
6118 - revisão
1
1 10 100
idade da estrutura (anos)
FIGURA 13 - Espessura de cobrimento das barras de aço em estruturas de concreto armado
dentro do Canal do Rio Grande - Rio Grande - RS, nas proximidades do cais do
Terminal de Conteiners - TECON ou ambiente similar (ambiente marítimo)
Conclusões
Para o ambiente pesquisado, os cloretos apresentaram uma intensidade de ataque
maior que os sulfatos e o gás carbônico.
Outros ambientes marítimos ao logo da costa brasileira devem ser pesquisados,
visando a obtenção de modelos cada vez mais confiáveis, permitindo uma economia na
execução e manutenção de obras portuárias, normalmente de grande porte, além da obtenção
de uma vida útil de 50 a 100 anos, que é uma tendência internacional. Deve-se observar que
estas metas colaboram na preservação dos sistemas ecológicos, quanto a exploração mais
racional de jazidas de materiais utilizados no concreto armado, assim como a redução de
resíduos poluentes na fabricação de cimento.
Agradecimentos
Agradecemos a FAPESP pelo auxílio à pesquisa, o qual viabilizou a realização desse
trabalho.
Referências Bibliográficas
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