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À SINTAXE
DA LÍNGUA
PORTUGUESA
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INTRODUÇÃO À SINTAXE
DA LÍNGUA PORTUGUESA
Caríssimos e Caríssimas,
Nos dias atuais, quando a tecnologia permite que as distâncias sejam medidas em
segundos, o tempo se confunde com o espaço. As transformações todas por que passa a
humanidade, cada vez mais globalizada, se fazem sentir, também, no uso e no estudo da
linguagem.
Assim, aprofundar nossa compreensão sobre a característica que mais nos torna humanos -
a capacidade de abstratizar o mundo real e processar a expressão do outro, atribuindo-lhe
significados através da língua natural - é algo provocante, instigante, estimulante...
Dessa maneira, este encontro que a EAD agora facilita se materializará na condução de
atividades dialógicas atreladas a um objetivo que se desfolha em vários outros: conhecer a língua;
acessar o conhecimento produzido por diferentes posturas teóricas; vislumbrar as estruturas
lingüísticas e averiguar as regularidades e especificidades de seu funcionamento.
Nesse lugar, a Sintaxe, que contém em sua própria concepção, enquanto área do
conhecimento, o estudo das combinações entre os termos constitutivos dos enunciados pode
sugerir-nos uma já desgastada mas inevitável metáfora: a ligação entre nós que estamos cá e
vocês que estão do outro lado. Entretanto, mais do que em lados opostos ou distanciados pela
geografia, a virtualidade que hora nos aproxima faz convergir ideais de compartilhamento, de
permuta, de câmbio de saberes e experiências, cuja vivência nos anima e impulsiona.
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Neste ensejo, ressaltamos que a Sintaxe, preocupada que é com os elos, sugere-nos que
estendamos a mão e que estejamos receptivos ao outro, num sentimento revelador de que o
desejo de aprender é determinante em qualquer processo de formação.
Reconhecemos que a tarefa ora encarada não é das menos árduas: a linguagem verbal é
tão complexa quanto simples; pode fluir na espontaneidade do falar coloquial ou rebuscar-se em
torneios sintáticos e estilísticos altamente elaborados... As teorias que se propõem a desvelá-la
vão avolumando informações, por vezes, facilmente assimiláveis, outras tantas forjadas em densa
impenetrabilidade.
Nosso esforço convergirá para uma proposta que apresente as idéias nucleares dos
estudos na área em tela, fazendo-o de forma introdutória, mas sem perder de vista a possibilidade
de aprofundamento – ao gosto do estudante – com a exposição de referências que sinalizam a
verticalização dos estudos sobre a língua.
Assim, cabe-nos, de antemão, reforçar o convite ao estudo da Sintaxe, disponibilizando-nos
a mediar a construção de uma jornada que seja, ao mesmo tempo, instrutiva e prazerosa.
Oxalá seja bem sucedida nossa experiência...
Com um abraço!
Camilo Rosa Silva
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Para início de conversa...
Nosso plano de estudo para a disciplina Sintaxe está organizado em três unidades. Em cada
uma delas, abordamos aspectos distintos, mas viselvemente interrelacionados, com o objetivo de
contemplar pontos teóricos, somados às referências históricas e algumas análises de elementos
terminológicos pertinentes à disciplina. Para completar a abordagem, direcionamos a atenção à
reflexão sobre o ensino e a apredizagem da língua, tendo em mente seu uso nos diversos
contextos que envolvem os processos interacionais.
A Unidade III traz uma reflexão sobre a diversidade de abordagens que analisam a
línguagem, ressaltando a contribuição que perspectivas distintas podem imprimir ao ensino da
língua.
Este capítulo de Sintaxe é permeado por uma tentativa de dialogar com aspectos
linguísticos da Lingua Brasileira de Sinais, vislumbrando possíveis convergências entre as
estruturas e respectivas funções sintáticas de Libras e da Língua Portuguesa.
O percurso que agora iniciamos é pontuado por uma preocupação recorrente, a qual
tentamos impor como nosso propósito mais instigador: realizar uma reflexão sobre a sintaxe,
considerando a relevância que o conhecimento sobre a gramática representa nesse permanente
dinamismo caracterizador da língua, de seu uso, de seu estudo... e da própria vida!
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UNIDADE I
O QUE É SINTAXE
Entendemos por sintaxe a relação estabelecida entre os elementos linguísticos que atuam
na formação dos enunciados. Assim, a constituição de frases, orações e períodos, considerando-se
os diversos contextos em que se usa a língua, é o objeto de estudo dessa disciplina. De fato, por
constituir-se enquanto fenômeno que ativa a relação entre os itens linguísticos, atuando na
estruturação e organização dos textos, a sintaxe assume, entre as diversas correntes teóricas que
se preocupam com o estudo da linguagem, uma grande importância.
No dicionário de linguística organizado por Jean Dubois et al. (1997, p. 559), encontramos a
seguinte definição para sintaxe:
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Nesse exercício comparativo, no entanto, é importante destacar que a preocupação da
morfolgia se restringe aos limites da estruturação das palvaras, enquanto a sintaxe se preocupa
com a combinação que estas realizam na linearidade do discurso.
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oração não deixa de ser uma “forma” (na lição tradicional, ela não pertence ao
domínio da morfologia). (p. 54)
DE OLHO NA LÍNGUA
Se observarmos atentamente a fotografia abaixo, veremos que o modo como as pessoas se ligam
umas às outras para formarem uma corrente, constituindo um todo no qual cada parte tem sua
importância, mas funciona na dependência do outro, podemos afirmar que se trata de um processo
sintático.
Assim também ocorre com os elementos linguísticos. Eles têm seu valor, o qual se atualiza quando
se organizam em relações lineares, ou seja, sintáticas.
Algumas vezes, as mãos que se unem são elementos meramente gramaticais, outras vezes, os
próprios itens lexicais dão conta dessa relação.
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DIALOGANDO COM LIBRAS
A sintaxe da Língua Portuguesa não é igual à sintaxe da Língua Brasileira de
Sinais. De fato, a disposição como as línguas organizam, particularmente,
seus elementos linguísticos, sejam lexicais ou gramaticais, é específica.
Isso não que dizer que haja menor ou maior complexidade numa língua
oralizada, como o português, em relação a Libras ou a qualquer outra
língua.
Na realidade, cada sistema linguístico tem suas especificidades, suas
singularidades, o que torna as diversas línguas, cada uma a sua maneira,
complexas para os que não as têm como língua materna.
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combinações ilimitadas, respeitando as condições estruturais impostas pelos próprios sistemas
linguísticos.
Chomsky assegura que a sintaxe ocupa um papel central na língua, já que está relacionada
à capacidade que o falante tem de elaborar sentenças. Ele defende que o homem já nasce com
essa capacidade, ou seja, ela é algo inerente à condição humana.
As línguas naturais são constituídas por um lado físico, estrutural, que é o próprio material
linguístico, e por outro componente, que é o funcional, responsável pela atribuição de sentidos ao
que se fala e se escreve, ou seja, aos usos da língua, considerando-se os contextos sociais de
interação. Desse modo, historicamente, à medida que se privilegia um ou outro desses aspectos,
os estudos vão apontando tendências e construindo conhecimentos que se tornam
representativos de abordagens diversas, conhecidas por nomes mais gerais, como Estruturalismo,
Gerativismo, Funcionalismo e Sociointeracionismo.
Nos estudos que se preocupam com a sintaxe das línguas, em geral, há contribuições
consistentes formuladas por essas variadas teorias. Todas elas e os muitos autores que as
representam têm seu valor e, embora apontem descrições e resultados distintos em suas
abordagens, são responsáveis pelo que se sabe hoje a respeito da natureza complexa e
multifuncional das línguas humanas. Não se trata, portanto, de eleger esta ou aquela teoria por se
entender que uma seja mais correta que a outra. O fato é que cada abordagem observa a língua a
partir de um ponto de vista específico e, em conseqüência da especificidade do lugar de onde se
lança o olhar sobre os fenômenos e fatos linguísticos, enxergam-se comportamentos também
específicos.
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DIALOGANDO COM LIBRAS
A análise da American Sign Language (ASL), realizada por Stokoe,
em 1960, constitui o estudo pioneiro que vai reconhecer as
línguas de sinais como constituídas por componentes básicos
comuns a todas as línguas, ou seja, o fonológico, o morfológico e o
sintático. Isso é importante porque ratifica as línguas de sinais
como possuidores de uma gramática própria.
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
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UNIDADE II
Neste capítulo, nos dedicaremos ao estudo da sintaxe numa abordagem considerada tradicional.
Em outras palavras, estudaremos, basicamente, a organização da estrutura do discurso, referindo a
terminologia já consagrada pelos estudos da gramática do português. Historicamente, esse tipo de
abordagem parte da tríplice classificação nas unidades enunciativas em frase, oração e período.
Frase
É a menor unidade de comunicação com sentido completo. Pode ser formada por apenas uma
palavra, ou por um grupo de palavras, conforme os exemplos a seguir:
(1) Silêncio!
(2) Que Calor!
(3) Você?
(4) Meu time ganhou o campeonato.
(5) Repita o exercício tantas vezes quanto seja necessário.
(6) O Congresso aprovou o código florestal sem pensar nas consequências.
As construções de (1) a (6) permitem observar que a frase pode ou não organizar-se em
torno de um verbo. Na língua oral, ela é caracterizada pela entoação, que pode ser acompanhada
pela mímica, além de ser complementada pela situação ou contexto em que o falante se encontra,
como é o caso dos dois primeiros exemplos.
Muitas vezes, o que constitui uma frase em um contexto pode não fazer nenhum sentido
em outro e, por não funcionar comunicativamente, deixa de ser frase. Por exemplo: um cartaz
com a palavra “Silêncio” é uma frase, se estiver na parede de uma biblioteca ou de um hospital,
mas não faria sentido se fosse colocado em uma feira livre ou na porta de uma boate.
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Dependendo das intenções de quem as produz, as frases tem diversas classificações.
Muitas vezes, essa classificação não é determinada apenas pela forma, ou seja, pelos elementos
linguísticos, mas recebe forte influência do contexto de uso. A frase do exemplo (2), se
pronunciada em uma sala fechada, pode ser uma solicitação para que se abram as janelas,
deixando de ser uma frase meramente declarativa e passando a ser apelativa.
Não há ponto de interrogação no final nem uma entonação semelhante ao padrão das
frases interrogativas, mas fica claro que a intenção do autor da frase é formular uma pergunta.
Portanto, o que determina o tipo a que pertence uma determinada frase é um conjunto de
fatores dependentes do contexto, das intenções dos falantes e das condições de recepção e
interpretação por parte dos interlocutores.
Oração
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Pode existir oração sem sujeito, mas não há oração sem predicado. Na frase a seguir, não
há identificação de um termo que corresponda ao que se entende por sujeito 6, portanto, a oração
é formada apenas por predicado:
Apesar de haver oração sem sujeito, a classificação tradicional considera essas duas
funções (sujeito e predicado) como Termos Essenciais da Oração.7
DE OLHO NA LÍNGUA
Nem sempre a oração corresponde exatamente à frase. Por exemplo, em Convém que te apresses há duas
orações e uma só frase, pois somente o conjunto das duas é que traduz um pensamento completo;
isoladas, elas constituem simples fragmentos de frase, ou seja, uma é parte constitutiva da outra: que te
apresses é o sujeito de convém. Vale salientar, também, que é comum usar-se os termos estrutura,
sentença e enunciado, de forma genérica, como sinônimos para frase, período e oração.
Período
Chamamos de período ao enunciado formado por uma ou mais orações. Segundo a classificação
tradicional, o período pode ser:
7
Essa discussão será retomada adiante.
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Ø Composto - quando constituído de duas ou mais orações:
A presença do verbo é que define a existência ou não de oração. Um período tem tantas
orações quantos forem os verbos nele presentes. Em (10), temos um verbo e, portanto, uma
oração; em (11), há dois verbos e, consequentemente, duas orações.
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
O Coveiro
Millôr Fernandes
Ele foi cavando, cavando, cavando, pois sua profissão - coveiro - era cavar. Mas, de repente, na
distração do ofício que amava, percebeu que cavara demais.Tentou sair da cova e não conseguiu.
Levantou o olhar para cima e viu que sozinho não conseguiria sair. Gritou. Ninguém atendeu.
Gritou mais forte. Ninguém veio. Enrouqueceu de gritar, cansou de esbravejar, desistiu com a
noite. Sentou-se no fundo da cova, desesperado. A noite chegou, subiu, fez-se o silêncio das horas
tardias. Bateu o frio da madrugada e, na noite escura, não se ouviu um som humano, embora o
cemitério estivesse cheio de pipilos e coaxares naturais dos matos. Só pouco depois da meia-noite
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é que vieram uns passos. Deitado no fundo da cova o coveiro gritou. Os passos se aproximaram.
Uma cabeça ébria apareceu lá em cima, perguntou o que havia: "O que é que há?"
O coveiro então gritou, desesperado: "Tire-me daqui, por favor. Estou com um frio terrível!" "Mas,
coitado!" - condoeu-se o bêbado - "Tem toda razão de estar com frio. Alguém tirou a terra de cima
de você, meu pobre mortinho!" E, pegando a pá, encheu-a e pôs-se a cobri-lo cuidadosamente.
Moral: Nos momentos graves é preciso verificar muito bem para quem se apela.
A propósito do texto.
a. Retire duas frases;
b. Retire uma oração formada apenas por um verbo;
c. Identifique um período composto.
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
2 Os constituintes oracionais
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2.1 Definindo o sujeito
É IMPORTANTE LEMBRAR:
Ø O sujeito nem sempre inicia a oração, ou seja, ele pode estar anteposto ou posposto ao
verbo.
Ø O verbo concorda em número e pessoa com o sujeito.
Ø Quando o sujeito não está presente, diz-se que o sujeito é oculto, implícito ou desinencial
– porque pode ser identificado no contexto pela terminação do verbo.
Ø Identificado o sujeito, o restante da oração constitui o predicado.
DE OLHO NA LÍNGUA
Essa classificação tem valor didático para identificar formas possíveis de estruturação das frases
do português, mas é bastante questionada pelos especialistas. Eles criticam as abordagens que as
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escolas fazem desses conteúdos, afirmando que são inconsistentes e improdutivas, deixando de
valorizar o domínio sobre os usos da língua e cobrando dos alunos a memorização de
terminologias que não desenvolvem suas habilidades linguísticas.
Sujeito é o ser que pratica a ação. Então, na frase “Miguel apanhou de João” o sujeito teria que ser
João (mas não é).
Ou ainda:
Sujeito é o ser sobre o qual se declara algo. Então na frase: Segundo Flávia, João é incompetente,
o sujeito teria que ser Flávia que é quem faz a declaração (mas não é).
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
A Morte Devagar
Martha Medeiros
Morre lentamente quem não troca de idéias, não troca de discurso, evita as próprias contradições.
Morre lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto e as
mesmas compras no supermercado. Quem não troca de marca, não arrisca vestir uma cor nova,
não dá papo para quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru e seu parceiro diário. Muitos não podem
comprar um livro ou uma entrada de cinema, mas muitos podem, e ainda assim alienam-se diante
de um tubo de imagens que traz informação e entretenimento, mas que não deveria, mesmo com
apenas 14 polegadas, ocupar tanto espaço em uma vida.
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Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos nos is a
um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e
soluços, coração aos tropeços, sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o
certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos
sensatos.
[...]
Identifique os sujeitos presentes no texto acima. Lembre-se de que para cada oração deve (ou
pode) haver um sujeito e um predicado.
O predicado nominal tem como núcleo significativo um nome; esse nome atribui uma
qualidade ou estado ao sujeito, daí ser chamado de predicativo do sujeito:
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O predicado pode ser também verbo-nominal: apresenta dois núcleos significativos: um
nome e um verbo. No predicado verbo-nominal, o predicativo pode referir-se ao sujeito
(predicativo do sujeito) ou ao complemento verbal (predicativo do objeto):
DE OLHO NA LÍNGUA
Assim como ocorre com o sujeito, a análise do predicado se dá, nas gramáticas tradicionais,
geralmente, em orações isoladas, construídas com essa finalidade, ou em exemplos
descontextualizados, retirados de textos da literatura. Como podemos observar nos exemplos
apresentados até aqui, não há grandes dificuldades em identificar esses termos nesses tipos de
ocorrências.
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DIALOGANDO COM LIBRAS
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
Retomando o fragmento do texto O Coveiro, de Millor Fernandes, retire dele cinco orações e
classifique os predicados que as constituem.
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3 A transitividade verbal
(22) Amanheceu.
Neste exemplo, temos um verbo intransitivo, pois expressa uma idéia completa e, por isso,
dispensa complemento.
Neste caso, diz-se que o verbo (confia) é transitivo já que seu significado não se esgota em
si mesmo, mas se estende a outra palavra que lhe serve de complemento.
a - Transitivos diretos (VTD): quando exigem um complemento sem preposição obrigatória. Esse
complemento é o objeto direto.
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b - Transitivos indiretos (VTI): quando pedem um complemento com preposição obrigatória. Esse
complemento é o objeto indireto.
c - Transitivos diretos e indiretos (VTDI): quando exigem dois complementos, um sem preposição
e outro com preposição obrigatória (o objeto direto e o objeto indireto).
Atenção: Os verbos de ligação (VL) servem como elo entre o sujeito e seu atributo. Eles não
recebem complementos verbais, os chamados objetos, e sim predicativos do sujeito.
DE OLHO NA LÍNGUA
c. Diante disso, papai virou uma fera. (verbo de ligação – predicado nominal)
Observe que o verbo virar, como tantos outros na língua portuguesa, possui uma transitividade
relativa. Além disso, ele pode mudar sua predicação; ora ele é predicado verbal, ora nominal.
Reiteramos aqui a necessidade de considerar que nos fatos da língua em situações de uso, a
realidade é bem diferente de quando utilizamos exemplos construídos como virtualidades que
servem de modelo para ilustrar determinadas classificações. Em um diálogo entre pessoas que
estejam frente a frente, a repetição de determinadas estruturas linguísticas torna-se
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desnecessária. Isso significa que o contexto pode ter interferência direta na presença ou ausência
de alguns complementos verbais, mas isso não faz com que o verbo mude sua transitividade.
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
Texto:
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4 Estudo do Período Composto
Sabemos que num período composto, normalmente estruturado – isto é, não constituído
por frases de situação ou contexto - as orações se interligam mediante dois processos sintáticos
universais: a coordenação e a subordinação.
A ligação de uma oração com a outra se faz, muitas vezes, por meio de uma conjunção
coordenativa, se as orações forem da mesma natureza (ou categoria), ou seja, se elas tiverem a
mesma estrutura sintático-gramatical, apresentando um processo de encadeamento de idéias. É o
que ocorre em (28).
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AMPLIANDO O CONHECIMENTO
Sabemos que a conjunção mas, conforme atesta a maioria de suas ocorrências na língua
portuguesa, é adversativa. No entanto, percebemos em (30) que, semanticamente, ela não traduz
a idéia de oposição; apenas tem a função de chamar a atenção do ouvinte, ou é usada para dar
início a uma conversa. No exemplo (31), a conjunção e indica uma oposição, podendo ser
substituída pela conjunção mas. Já em (32), o e tem valor semântico de conclusão, tarefa
normalmente atribuída às conjunções logo, portanto, então.
DE OLHO NA LÍNGUA
Os itens linguísticos, também, podem mudar de categoria, ou seja, deixarem suas funções
originais para assumirem outras funções. Vejamos:
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Fica evidente neste exemplo que o termo mal, tradicionalmente usado como substantivo (ex.: O
mal prevaleceu), ou advérbio (ex.: Ele jogou muito mal) muda de categoria, passando a funcionar
como uma conjunção conclusiva equivalente a assim que, logo que, etc. (ex.: Assim que saiu de
casa, começou a chover).
Os pesquisadores têm chamado esse fenômeno, em que há mudança de categoria dos termos ou
expressões linguísticas, de GRAMATICALIZAÇÃO.
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
Procure selecionar frases comuns do dia-a-dia em que algumas conjunções aparecem com sentido
diferente daquele normalmente apresentado nas gramáticas tradicionais.
O Período Misto
Para que vocês entendam o que é período misto, é necessário recuperarmos as noções de período
composto por coordenação e de período composto por subordinação.
As orações que compõem um texto nem sempre apresentam uma formulação que se enquadram
em um ou outro formato, ou seja, a coordenação e a subordinação. Nos usos da língua, no dia a
dia, especialmente, na oralidade, é comum vermos orações que se sucedem ou se superpõem em
combinações que misturam a autonomia da coordenação e a dependência da subordinação.
(33) Os jogadores treinaram de manhã e o técnico orientou aqueles que estavam com dúvidas.
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A primeira oração pode ser considerada sintática e semanticamente completa; a segunda se
soma à primeira, mas apresenta um outro tipo de relação com a terceira. Portanto, entre as duas
primeiras orações, há uma relação de independência, mas a relação que a terceira mantém com a
segunda é de dependência. Temos, então, um exemplo de período misto, no qual encontramos
duas orações coordenadas e uma subordinada.
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
“Ao fazer a leitura do livro, posso, sem demagogia, confessar que fiquei bastante emocionado.
Aos poucos minha memória resgatou meu passado, Parelhas... Lia bastante, principalmente os
romances. Meus prediletos eram aqueles que retratavam o nosso Nordeste. Emocionava-me com
os personagens, envolvia-me na leitura. (Esquecia o feijão de mamãe).
“ Com Notas para uma canção do Exílio, esqueci o tempo, o alimento, as minhas obrigações
passaram alheias ao meu sentido, só para perceber a existência de uma Serra Negra que, sem
dúvidas, é a mesma minha Parelhas adormecida em minha memória.” (Eduardo Eneas – sobre o
livro Notas para uma Canção do Exílio)
A propósito do texto acima, tente classificar os períodos. Em seguida, separe e classifique todas
as orações.
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Se compararmos os enunciados dos exemplos abaixo, veremos
que se enunciam informações similares, utilizando combinações
seqüenciais e escolhas lexicais típicas de cada língua.
Vejamos os exemplos:
1. O professor de Português é insubstituível. (Português)
2. Ninguém professor Português. (língua de sinais)
O predicado, um dos termos essenciais da oração, é constituído por elementos que, relacionados
ao verbo ou a seus objetos, exercem funções sintáticas determinadas. A abordagem tradicional
denomina essas funções de complemento verbal (objeto direto e objeto indireto), complemento
nominal e agente da passiva.
LETRAS LIBRAS|129
(34) A UFPB deu apoio aos pesquisadores.
Sujeito + VTD + objeto direto + objeto indireto
O complemento nominal tem algumas semelhanças com o objeto indireto. Por exemplo,
ambos estão sempre acompanhados de preposição. O que os distingue é o termo a quem cada um
se refere: o objeto complementa um verbo e o complemento nominal, logicamente, preenche o
sentido de um nome (substantivo, pronome, numeral ou oração subordinada completiva
nominal).
E o agente da passiva?
Para entender essa função, é preciso destacar uma característica semântica do sujeito, segundo a
qual esse elemento podem realizar uma ação ou receber os efeitos de uma ação realizada por
outro agente. Daí se classificarem as vozes do verbo com ativa, passiva ou reflexiva.
O termo responsável pela ação expressa pelo verbo e que recai sobre o sujeito é
denominado agente da passiva.
Neste exemplo, como o sujeito sofre a ação, ele é passivo; o ser que realiza essa ação (os
alunos) é o agente da passiva.
O agente da passiva, portanto, é o termo da frase que pratica a ação expressa pelo verbo
quando este se apresenta na voz passiva. Vem acompanhado, comumente, da preposição "por" e,
eventualmente, da preposição "de".
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(37) O vestibular de libras foi aplicado pela COPERVE. (substantivo)
Além dos complementos verbais, complemento nominal e agente da passiva, temos outros termos
que também participam constitutivamente da oração. São os chamados termos integrantes:
adjunto adnominal, adjunto adverbial e aposto.
Adjunto adnominal
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DE OLHO NA LÍNGUA
Adjunto Adverbial
É o termo que representa uma circunstância, expressando ideia de tempo, lugar, modo,
causa, finalidade, entre outras. O adjunto adverbial modifica o sentido de um verbo, de
um adjetivo ou de um advérbio.
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No primeiro exemplo, o termo “amanhã” representa uma informação circunstancial de
tempo; o termo “não” anula a informação veiculada pelo verbo e a expressão “na zona rural”
acrescenta uma informação de lugar. Todos se referem ao verbo e modificam-lhe o sentido,
acrescentando novas informações. No exemplo (42), “muito” é adjunto adverbial de intensidade.
DE OLHO NA LÍNGUA
No exemplo:
“Fervorosamente” pode ser interpretado tanto como o modo como o sujeito torce, como pode
ser tomado como indicador da intensidade com a qual a ação se manifesta. Talvez, nesse caso
específico, se possa atribuir os dois sentidos à informação expressa pelo adjunto adverbial.
Aposto
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A expressão importante instituição nordestina, isolada por vírgulas, apresenta uma
informação acessória, explicativa, sobre o termo que a precede. A função sintática do aposto
equivale à do termo a que ele se refere. Observem que um termo poderia substituir o outro sem
qualquer prejuízo para a interpretação da informação.
É importante ressaltar que o termo a que o aposto se refere pode desempenhar qualquer
função sintática, inclusive a de aposto, como podemos comprovar no exemplo a seguir:
A expressão “time do interior paulista” exerce a função de aposto de “Ídolo do Santos” que,
por sua vez, funciona como aposto do objeto direto “jogador Neymar”
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
Texto:
João e Maria
Chico Buarque
LETRAS LIBRAS|134
Eu enfrentava os batalhões, os alemães e seus canhões
Guardava o meu bodoque e ensaiava o rock para as matinês
Agora eu era o rei
Era o bedel e era também juiz
E pela minha lei a gente era obrigado a ser feliz
E você era a princesa que eu fiz coroar
E era tão linda de se admirar
Que andava nua pelo meu país
Não, não fuja não
Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu pião, o seu bicho preferido
Vem, me dê a mão, a gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade acho que a gente nem tinha nascido
Agora era fatal que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá desse quintal era uma noite que não tem mais fim
Pois você sumiu no mundo sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim?
In http://letras.terra.com.br/chico-buarque
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O sujeito, um nome representando a terceira pessoa do singular leva o verbo
também para a terceira pessoa do singular. Compare com o exemplo seguinte:
O verbo é levado para a terceira pessoa do plural para concordar com o sujeito. Observem
que o verbo não é influenciado pelo seu complemento, o objeto direto:
Há diversos casos especiais nos quais a concordância pode suscitar dúvidas. Entre eles,
podemos destacar os sujeitos formados por nomes coletivos e por pronomes relativos, entre
outros. Também merece atenção o caso em que o sujeito se posiciona depois do verbo,
especialmente, se entre o verbo e o sujeito se apresentam outros elementos linguísticos. É
necessário estar atento a essas construções para não fazer uso inadequado de concordância não
padrão quando o contexto exige formalidade.
A concordância nominal se estabelece entre o substantivo e os termos que a ele se
referem, como o adjetivo, o numeral, o pronome e o artigo. É necessário observar a concordância
em relação ao gênero (masculino ou feminino) e à pessoa do discurso.
Tanto “dois” como “rurais” que estão acompanhando o substantivo “trabalhadores” e por
isso são adjuntos adnominais se apresentam no gênero masculino e no número plural; o mesmo
caso ocorre com o adjetivo “contemplados” - que mesmo estando distante do referido
substantivo, funcionando como predicativo do sujeito-, como se refere ao substantivo
“trabalhadores”, também concorda com ele em gênero e número.
Tanto a concordância verbal como a nominal apresentam várias especificidades que são
identificadas à medida que os usos linguísticos vão exigindo combinações que fogem à regra geral.
LETRAS LIBRAS|136
Em alguns casos, nem mesmo os estudiosos comungam da mesma opinião sobre quais seriam as
combinações ideais para construções menos recorrentes.
Essas singularidades podem ser conferidas em diversas gramáticas normativas às quais devem
servir como fonte de consulta para esclarecer esses casos.
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
1. “Cabe muitos”
3.“sobrou trinta”
LETRAS LIBRAS|137
II- Reescreva as frases adequando a concordância à norma padrão:
9. É meio-dia e meio.
LETRAS LIBRAS|138
UNIDADE III
Mário Perini, em sua Gramática Descritiva do Português (2001) instiga o leitor, afirmando,
em relação à análise tradicional:
A falta de coerência teórica se manifesta, por exemplo, nas muitas definições que
não podem ser seguidas se se deseja identificar as entidades que elas pretendem
definir.
LETRAS LIBRAS|139
realidade lingüística e avesso à inclusão dos socioeconomicamente desfavorecidos. Em
determinada passagem do seu livro Preconceito Lingüístico, o autor afirma:
Bagno (1999) aponta a confusão feita pelo autor, ao considerar que correto é aquilo usado
pelos portugueses e lembra que a forma mais pequeno não é aceita pela norma culta no Brasil,
que dá preferência à palavra menor em todas as circunstâncias que estabelecem comparação.
Esse é um, dentre numerosos exemplos que o autor apresenta para reforçar seus argumentos
contra o preconceito lingüístico.
Nesse embate entre os que defendem o ensino da norma culta e aqueles que chamam a
atenção para a ineficiência de um ensino de gramática que enxerga a língua como algo congelado
e estanque, algumas vozes surpreendem, ora pela ênfase que imprimem a sua postura, ora pela
lucidez que aflora de seus questionamentos.
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Do nosso ponto de vista, defendemos que, apesar das novidades teóricas que sugerem a
necessidade de valorização pedagógica de todas as variedades de língua, nunca é demais salientar
a importância da língua considerada culta, já que, em diversos momentos de nossas vidas, de
acordo com as exigências sociais e suas gradações de formalidade, ela nos é extremamente
necessária. Por isso, muitos dos conceitos presentes na gramática tradicional não podem ser
desprezados. Essa posição defendida por Ignácio, evidentemente, deve ser relativizada e
contextualizada, situando-se em experiências de usos formais, em relação às quais a escola não
pode fazer nada diferente do que lançar mão dos padrões oficialmente estabelecidos.
Quanto ao ensino de análise sintática é necessário que o professor reflita sobre de que
modo as informações compartilhadas nessa prática podem desenvolver a competência linguística
dos alunos e ajudá-los a aprimorar os diversos usos da língua. Esse aprimoramento está
relacionado com o domínio da língua culta e da língua padrão, como também com a consciência
sobre a adequação aos contextos de usos que cada registro – do mais formal ao mais coloquial –
assume nas relações sociais humanas.
DE OLHO NA LÍNGUA
A gramática deve ser vista como o estudo das condições lingüísticas que sustentam a significação,
ou seja, funciona como recurso sistematizador do conhecimento sobre o que faz as expressões
lingüísticas constituírem os enunciados.
Segundo Travaglia (2001), as gramáticas usadas no ensino de língua portuguesa se baseiam numa
“visão estrita e redutora do que ela [a língua] seja, se eternizam em exercícios que só têm a ver
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com a segmentação de elementos lingüísticos (análise morfológica e sintática), levantamento de
traços de algumas classes e categorias, classificações e nomenclatura”. (p. 236)
Podemos reiterar, então, que já não há mais lugar para o ensino de gramática como mero
exercício de metalinguagem, especialmente, considerando os conhecimentos formulados pelos
estudos de análise lingüística que se preocupam com os usos da língua em contextos reais de
interação.
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
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