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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLÓGICAS


DISCIPLINA: TOPOGRAFIA
PROFESSOR: FRANCISCO DE ASSIS DE OLIVEIRA

TOPOGRAFIA

MOSSORÓ-RN
2011
1. APRESENTAÇÃO

A disciplina de Topografia faz parte da grade curricular de vários cursos das áreas de engenharias da Universidade
Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Engenharia Agronômica, Engenharia Agrícola e Ambiental, Engenharia
Civil, Engenharia de Pesca e Engenharia Florestal.
O conteúdo programático da disciplina é ministrado em 60 horas aula, distribuídos em aula teóricas e aulas práticas.
A ementa da disciplina é composta por 11 temas, que englobam as principais atividades que requerem a realização do
levantamento topográfico como ferramenta indispensável na implantação de um projeto.

Conteúdo programático da disciplina

1. Introdução à Topografia 6. Terraplenagem


Aplicações
Conceitos básicos Terraplenagem por Quadriculação
Importância Terraplenagem por seções transversais
Limitações Cálculo de volumes de cortes e de aterros
Aplicações da topografia.
7. Sistematização de terrenos
2. Goniologia Aplicações
Cálculos de volumes de cortes e de aterros
Azimutes
Rumos 8. Estradas Rurais
Ângulo interno, ângulo de flexão e deflexão Locação de curvas circulares
Instrumentos de medição
Declinação magnética 9. Pequenas barragens de terra
Importância
3. Medição de distância Cálculos de volumes
Dimensionamento
Medição Direta
Medição Indireta 10. Noções de Cartografia
Medição eletrônica
Plantas, cartas, mapas, medidas
4. Planimetria Sistema de coordenadas e projeções UTM.
Desdobramento de cartas.
Métodos de levantamentos planimétricos
Por irradiação, intercessão e caminhamento. 11. Sistema Global de Posicionamento (GPS).
Levantamento por coordenadas, transporte de
coordenadas Princípio de funcionamento
Principais tipos de erros Vantagens e limitações
Tolerância de erro angular e linear
Ajustamento de poligonais
Cálculos de áreas

5. Planialtimetria
Nivelamento Geométrico
Nivelamento Trigonométrico
Elaboração de plantas com curvas de nível
Interpretação e marcação de curvas de nível no
terreno.
CAPÍTULO I

1. Introdução à topografia

1.1 Conceito

O significado etimológico da palavra TOPOGRAFIA, quer dizer: Topos – Lugar; Grafia – Descrição. Assim, pode-
se dizer que Topografia é a descrição de um lugar.
Buscando-se um conceito mais completo para Topografia, pode-se dizer que, Topografia é a Ciência que descreve,
de maneira precisa, a forma, a dimensão e a localização de um determinado lugar da superfície da terra.
O trabalho realizado através da Topografia visa determinar e representar a forma, a dimensão e a posição relativa de
uma porção limitada da superfície terrestre.
Neste contexto, para determinação da forma dessa porção da superfície terrestre são obtidos dados quanto ao
contorno, ângulos e relevo; para determinação da dimensão, são obtidos dados de distancias entre pontos e á área deste
terreno; e quanto à posição relativa, são determinados dados que permitam conhecer a posição do terreno estudado,
podendo estes dados conterem informações sobre a posição em referência ao norte, distancia do terreno até um ponto de
referência, endereço, coordenadas geográficas, etc.
Topografia é muitas vezes confundida com a Geodésia, pois se utilizam dos mesmos equipamentos e praticamente
dos mesmos métodos para o mapeamento da superfície terrestre. Porém, enquanto a Topografia tem por finalidade
mapear uma pequena porção daquela superfície (área de raio até 30 km), a Geodésia, tem por finalidade, mapear
grandes porções desta mesma superfície, levando em consideração as deformações devido à sua esfericidade. Portanto,
pode-se afirmar que a Topografia, menos complexa e restrita, é apenas um capítulo da Geodésia, ciência muito mais
abrangente.
O objetivo principal é efetuar o levantamento (executar medições de ângulos, distâncias e desníveis) que permita
representar uma porção da superfície terrestre em uma escala adequada.

1.2 Divisão da Topografia

A Topografia é dividida em duas partes, de acordo com as formas de representação de um trabalho topográfico,
sendo que ambas fazem parte de um mesmo trabalho.

1.2.1 Topometria

É o conjunto de métodos empregados para medição de uma determinada superfície, a fim de se obter dados, através
de levantamentos topográficos, para posterior representação gráfica do terreno em estudo. Na topometria são realizadas
medidas de distâncias, ângulos e diferenças de nível e a representação do relevo em plantas topográficas A topometria
divide-se em Planimetria e Altimetria.
Planimetria – É a representação em projeção horizontal dos detalhes naturais e artificiais da superfície terrestre,
determinando-se a planta baixa do terreno.
Altimetria – É a determinação das distâncias verticais de um certo número de pontos sobre a superfície a ser
levantada, tendo como referência o nível médio dos mares ou o próprio plano topográfico.

1.2.2 Topologia

É o conjunto de métodos empregados com o objetivo de estudar as formas exteriores da superfície terrestre e das leis
a que rege o seu modelado. Sua aplicação principal é na representação da altimetria pelas curvas de nível, que são as
intersecções obtidas por planos eqüidistantes paralelos ao plano de representação.

1.3 Importância da Topografia

O trabalho topográfico é a base para qualquer projeto e de qualquer obra realizada por engenheiros ou arquitetos.
Assim, é fundamental o conhecimento pormenorizado do terreno no qual será construído tal obra, podendo esta ser
fazer parte de construções na cidade ou no campo. A Topografia fornece os métodos e os instrumentos que permitam o
conhecimento do terreno e assegurem uma correta implantação da obra ou serviço.
Todas as ciências que utilizam dos conhecimentos obtidos pela Topografia (Engenharia Civil, Mecânica, Florestal,
Arquitetura, Agrimensura, etc.) necessitam de informações do terreno sobre o qual serão desenvolvidos e implantados
os projetos. Por exemplo, os trabalhos de obras viárias, núcleos habitacionais, edifícios, aeroportos, hidrografia, usinas
hidrelétricas, telecomunicações, sistemas de água e esgoto, planejamento, urbanismo, paisagismo, irrigação, drenagem,
cultura, reflorestamento etc., se desenvolvem em função do terreno sobre o qual se assentam. (DOMINGUES, 1979).
Portanto, é fundamental o conhecimento pormenorizado deste terreno, tanto na etapa do projeto, quanto da sua
construção ou execução.
1.4 Nomenclatura em Topografia

Durante o trabalho topográfico são utilizados vários termos específicos da Topográfia, a seguir são descritos alguns
desses termos
1 - Ponto topográfico: Ponto escolhido no terreno e materializado pelo piquete e individualizado pela tachinha, colocada
na parte superior do piquete.
2 - Alinhamento topográfico: É a linha que une dois pontos topográficos materializados, medido no plano horizontal de
projeção, são os lados da poligonal.
3 - Ponto de partida: É o ponto onde tem início o levantamento, também chamado de estação zero (0=PP).
4 - Estação: São os demais vértices da poligonal.
5 - Amarração de detalhes: É o relacionamento dos detalhes artificiais e naturais da região levantada, com os lados e
vértices da poligonal.
6 - Plano topográfico: É o plano horizontal de projeção, no qual todos os detalhes naturais e artificiais, bem como os
elementos da poligonal, são projetados, ortogonalmente a este.
7 - Planta topográfica: É a representação gráfica de parte da superfície terrestre a que se refere o levantamento.

1.5 Limitação da Topografia

As elevações e depressões existentes na superfície terrestre são mínimas se relacionadas com as dimensões médias
da Terra. Se considerarmos uma altitude máxima de 9000 m, aproximadamente a altitude do Monte Everest, e como
profundidade máxima do oceano 9500 m, a representação seria pouco mais que o milésimo do raio terrestre.
Entretanto, há um erro que provoca distorção, por considerar plano o trecho levantado. Qual será então, o limite
deste erro para levantamentos topográficos, e até quanto pode-se afastar para obter a representação da figura levantada?.
Desta forma, a Topografia é limitada à área de extensão relativamente pequena quando comparada com o globo
terrestre.
A representação gráfica da superfície estudada num trabalho topográfico não leva em consideração a curvatura da
terra em consequência da sua esfericidade, assim, Se a distância entre dois pontos extremos desse terreno for muito
grande, o erro decorrente de se considerar “corda” um segmento que na verdade é “arco”, torna-se significativo. Neste
caso, os métodos e técnicas estudados na Topografia não podem ser usados.
A Figura 1 representa as diferenças existentes entre o plano topográfico, que representa a linha reta entre dois
pontos; a superfície topográfica, que pode ser influenciada pela imensa variabilidade da superfície do terreno; e a esfera
terrestre, na qual a terra é representada uma figura de forma esférica.

Figura 1. Representação esquemática da superfície da terra de segundo diferentes formas de interpretação

Assim, convencionou-se limitar a área s ser levantada topograficamente a um círculo de 50 km de raio, onde o erro
linear devido à curvatura da Terra será em torno de 1 metro, sendo considerado insignificante pode-se desprezar tal
erro.
1.6 Unidades de medidas utilizadas em trabalhos topográficos

1.6.1 Medidas angulares

Sistema sexagesimal (grau).


Grau – unidade de medida a ser utilizada no curso. O ângulo passou a ser uma medida, denominado de grau ou
ângulo de um grau, tendo em vista a medida do arco que o Sol percorria em torno da Terra, na circunferência de sua
órbita durante um dia. Sendo assim, o Sol percorria a cada 24 horas – 1 grau. Este fato deu origem à escolha do sistema
de natureza para submúltiplos de cada hora e para submúltiplos de cada grau.

Unidades de Tamanho Angular

( º ) – Grau – O tamanho de um objeto no céu pode ser medido pelo ângulo que ele cobre quanto visto da Terra. O
círculo inteiro tem 360 graus (360º)
( ‟ ) – Minuto do arco – Um minuto de arco é 1/60 de um grau. O diâmetro da Lua cheia é de aproximadamente 1/2
grau, ou seja, 30 minutos de arco (30‟)
( ” ) – Segundo de arco – Um segundo de arco é 1/60 de um minuto de arco, ou então, 1/3600 de um grau (1”)

Sistema centesimal (grado)


Grado – Na unidade centesimal, a circunferência está dividida em 400 partes iguais, cada parte correspondendo a 1g
(um grado). Cada grado está dividido em 100 partes iguais, cada parte corresponde a 1 centígrado, 1 centésimo de
grados ou 1 minuto centesimal. Cada centígrado está dividido em 100 partes iguais, onde cada parte corresponde a 1
decimiligrado ou milésimos de grado.

Sistema radiano
Chama-se de radiano, ao ângulo central que corresponde a um arco de comprimento igual ao raio. A circunferência
está dividida em rd (6,2832 rd), onde 1 radiano corresponde a um ângulo, no sistema sexagesimal, a 57º17‟44,8”. A
aplicação prática desta unidade de medida angular, dá-se principalmente na medida de ângulos pequenos.

1.6.1 Medidas lineares

Unidades de medidas de comprimento


O sistema de unidades utilizado no Brasil é o Métrico Decimal, porém, em função dos equipamentos e da
bibliografia utilizada, na sua grande maioria importada, algumas unidades relacionadas abaixo apresentarão seus valores
correspondentes no sistema americano, ou seja, em pés/polegadas.
1 μm = 1m x 10-6
1 cm = 1m x 10-2
1 dm = 1m x 10-1
1 km = 1m x 103
1000 m = 1 quilômetro
100 m = 1 hectômetro
10 m = 1 decâmetro
1 m = 1 metro
0,1 m = 1 decímetro
0,01 m = 1 centímetro
0,001 m = 1 milímetro

1 polegada = 2,75 cm = 0,0275 m


1 polegada inglesa = 2,54 cm = 0,0245 m
1 pé = 30,48 cm = 0,3048 m
1 jarda = 91,44 cm = 0,9144 m
1 milha brasileira = 2200 m
1 milha terrestre ou inglesa = 1609,31 m
1000 m (1 quilometro)

Unidades de medida de superfície


1 cm2 = 1m2 x 10-4
1 km2 = 1m2 x 106
1 acre = 100m2
1 hectare (ha) = 10.000m2
1 alqueire paulista = 2,42 ha = 24.200 m2
1 alqueire mineiro = 4,84 ha = 48.400 m2
1.7 Materiais utilizados em levantamentos topográficos

Trenas: São instrumentos utilizados para medição direta de distâncias. São graduadas em múltiplos e submúltiplos do
metro, com comprimento variando de 20 a 50 m. São fabricadas em fiberglass (fibra de vidro) ou aço, com carretéis
fechados ou abertos.

Piquetes: São estacas de madeira com secção transversal quadrada de 4 cm x 4 cm, com comprimento de 20 a 25 cm ,
apontados em uma das extremidades. Tem por finalidade a materialização de um ponto topográfico, sendo cravado no
solo, ficando apenas 1cm ou 2cm para fora, sem possíveis movimentos laterais.

Estaca Testemunha: São estacas de madeira com secção transversal de 4 cm x 4 cm e com 50 cm de comprimento, com
um chanfro na parte superior, onde é colocado o nome ou número do piquete a que esta estaca se refere. Tem por
finalidade, possibilitar a identificação e localização do piquete, ficando a mesma cravada a uma distância de 50 cm do
referido piquete, com o chanfro voltado para o mesmo.

Na Figura abaixo é esquematizado o conjunto formado pelo piquete e pela estaca testemunha.

Balizas: São hastes metálicas ou de madeira de secção transversal circular ou oitavada, respectivamente, com 2 m de
comprimento, pintadas de branco e vermelho alternadamente em faixas de 50 cm. Servem para materializar a vertical
nos pontos topográficos (piquetes).
Bússolas: Dentro de uma grande variedade de tipos, são constituídas basicamente de uma agulha magnética e um
círculo graduado em limbo fixo ou móvel. Divide-se em tipo americano (Rumos), e tipo francês (Azimutes). Tem por
finalidade a orientação do alinhamento em relação ao Norte Magnético.

Estádias: São construídas em forma de paralelepípedos em alumínio ou madeira, com 4m de comprimento, graduadas
em metros e centímetros, nos tipos de encaixar e telescópica. Servem para as leituras estadimétricas na determinação
dos desníveis e distâncias indiretas.

Níveis: São aparelhos óticos destinados a determinação de desníveis entre pontos os topográficos, de amarrações, etc.
Dividem-se em:
1 - Níveis baseados na diferença de densidade entre dois líquidos, ou entre um líquido e um gás.
2 - Níveis automáticos, baseados no equilíbrio dos corpos suspensos.
3 - Níveis baseados na horizontalidade de uma superfície líquida em repouso.

Nível Digital Nível Ótico


Níveis de cantoneira: São níveis de bolha esféricos destinados a proporcionar a verticalização das estádias e/ou balizas.

1 - Teodolito de leitura direta de ângulos.


2 - Teodolito prismático.
3 - Teodolito auto-redutor.
4 - Teodolito eletrônico.
5 - Estação Total (teodolito com distaciômetro eletrônico integrado)
Estação Total Prismas Teodolito Prismático Teodolito de Leitura Direta
Constituição dos teodolitos:
1 - Partes Principais:
1.1 - Círculos graduados.
1.2 - Alidade.
1.3 - Luneta.
1.4 - Eixos.

2 - Acessórios:
Teodolito: São goniômetros apropriados para a determinação numérica dos ângulos verticais e horizontais, bem como a
determinação direta de distâncias (distanciometro eletrônico) e indireta (taqueometria); estas horizontais e verticais
(distâncias reduzidas e desníveis).

Tripé de Madeira Tripé de Alumínio

2. Goniologia

É a parte da Topografia que trata dos ângulos, é dividida em duas partes principais: Goniometria e Goniografia

Goniometria: tem como objetivo a medição do ângulo horizontal (plano horizontal) e do ângulo vertical (plano
vertical).
Goniografia: Trata do transporte do ângulo para o desenho (planta).

2.1 Classificação dos ângulos horizontais

Os ângulos horizontais podem ser classificados de acordo com o ponto de referência no qual se iniciou um
alinhamento, podendo ser classificados assim em: ângulo externo, ângulo Interno, Deflexão, Azimute e Rumo,
conforme descritos abaixo:

2.1.1 Ângulo Externo (Ae)


É o ângulo contado a partir do alinhamento anterior para o posterior, externamente a poligonal.
ΣAe = 180 (n+2), sendo „n‟ o número de vértices da poligonal (Figura 2.1)
Ae Ae

Ae

Ae

Ae Ae

Figura 2.1. Ângulos horizontais externos medidos em todos os pontos de uma poligonal fechada

2.1.2 Ângulo Interno (Ai)


É o ângulo contado a partir do alinhamento anterior para o posterior, internamente a poligonal.
ΣAi = 180 (n – 2), sendo „n‟ o número de vértices da poligonal (Figura 2.2).

Ai
Ai

Ai Ai

Ai Ai

Figura 2.2 Ângulos horizontais internos medidos em todos os pontos de uma poligonal fechada

2.1.3 Ângulo de Deflexão (D)


É o ângulo contado a partir do prolongamento do alinhamento anterior, para o posterior, podendo ser deflexão a
direita (Dd) ou esquerda (De).
| ΣDd – ΣDe | = 360º

Figura 2.3. Deflexões medidas em todos os pontos de uma poligonal fechada

2.1.4 Azimute (Az)


É o ângulo orientado, contado da direção norte para o alinhamento posterior, variando de 0º a 360º no sentido
horário (Figura 2.4). As bússolas que medem azimutes são classificadas como tipo americano.
Figura 2.4. Ângulos azimute contados a partir da direção norte do meridiano no sentido horário

2.1.5 Rumo (R)


Rumo (R): É o menor ângulo que a projeção horizontal do alinhamento foram com o meridiano magnético que passa
na origem desse alinhamento. As bússolas que medem Rumo são classificadas como tipo europeu.
Esse ângulo é contado a partir da direção norte ou sul em direção ao alinhamento, variando de 0º a 90º, recebendo as
letras correspondentes ao quadrante que pertence (Nordeste – NE, Sudeste – SE, Noroeste – NO e Sudoeste – SO)
(Figura 2.5).

Figura 2.5. Ângulos Rumo contados a partir da direção norte ou sul do meridiano no sentido horário ou anti-horário

2.2 Cálculo de Azimute em função do Rumo, e do Rumo em função do Azimute

Algumas vezes se dispõe de ângulos medidos como Rumo, mas necessita-se do Azimute, ou vice-versa, dispõe-se
de Azimute, mas necessita-se de Rumo. Assim, é de fundamental importância conhecer as relações entre esses ângulos
para, caso necessário, fazer as conversões Na Figura 2.6 são mostrados os diferentes Rumos/azimutes de acordo com o
quadrante no qual está localizado o ponto do alinhamento em questão.

Figura 2.6. Relação entre Azimute e Rumos para cada quadrante


A partir da Figura 2.6, podem-se determinar as relações Rumo/Azimute e Azimute/Rumo para cada quadrante,
conforme mostrada na Tabela 1.
Quadrante Azimute → Rumo Rumo → Azimute
1 R = Az (NE) Az = R
2 R = 180º – Az (SE) Az = 180º – R
3 R = Az – 180º (SO) AZ = R + 180º
4 R = 360º – Az (NO) AZ = 360 – R

2.3 Ângulos verticais

O ângulo vertical pode ser:


- Zenital: origem no Zênite (direção contrária ao fio de prumo)
- Nadiral: origem no Nadir (direção do fio de prumo)
- Horizontal: origem no horizonte.
“Atualmente os fabricantes de teodolitos estão produzindo somente teodolitos com ângulo vertical zenital, isto é, a
origem do ângulo vertical é o Zênite. Nos teodolitos eletrônicos e estações totais pode-se configurar a origem do ângulo
vertical.
EXEMPLOS DE TRANSFORMAÇÃO DE RUMOS E AZIMUTES

Exercício 1. Calcular os AZIMUTES correspondentes aos RUMOS relacionados abaixo

Rumos
37º 30‟ SE
45º 00‟ NO
52º 15‟ NE
90º 00‟ SO
18º 30‟ 15” SE
17º 55‟ 23” NE

Exercício 2. Calcular os RUMOS correspondentes aos AZIMUTES relacionados abaixo

Azimutes
337º 30‟
45º 00‟
88º 15‟
90º 00‟
187º 30‟15”
127º 55‟ 23”

2.5 Declinação magnética e Aviventação de Rumos e Azimutes

2.5.1 Declinação Magnética

Muitas pessoas se surpreendem ao saber que uma bússola não aponta para o norte verdadeiro. De fato, na maior
parte da superfície terrestre, a bússola aponta em direção a um ponto a leste ou oeste do Norte Verdadeiro (também
conhecido como Norte Geográfico).
Sabe-se que, por princípio de física o globo terrestre desempenha influência, junto à agulha magnética, semelhante a
de um grande imã. A agulha imantada quando suspensa pelo seu centro de gravidade, orienta-se de tal modo que as suas
extremidades se voltam para determinada direção, próxima à dos pólos geográficos. Esta direção é a do meridiano
magnético do local. Como o pólo Norte Magnético não tem posição fixa, o meridiano magnético não é paralelo ao
verdadeiro e sua direção não é constante.
O núcleo da terra permanece em constante fusão gerando correntes de lava que fluem na camada mais externa do
núcleo. Estas correntes de material ferroso geram um campo magnético, mas os pólos deste campo não coincidem com
os verdadeiros pontos norte e sul do eixo de rotação da Terra.
Este Campo Geomagnético pode ser quantificado por vetores de força como Intensidade total, Intensidade vertical,
Intensidade horizontal, Inclinação e Declinação. A Intensidade vertical e horizontal são componentes da Intensidade
total. O ângulo do campo relativo ao solo nivelado é a Inclinação, que vale 90° no Pólo Norte Magnético. Finalmente, o
ângulo formado pelo vetor da Intensidade horizontal com o Pólo Norte Geográfico é a Declinação. O ponto para o qual
a agulha da bússola aponta é chamado de Norte Magnético, e o ângulo entre o Norte Magnético e a verdadeira direção
norte (Norte Geográfico) é chamado Declinação Magnética. O Norte Verdadeiro ou Norte Geográfico é o ponto para
onde convergem os meridianos terrestres. Estes pontos coincidem com o eixo de rotação da terra e representam os
pontos de latitude 90° Norte e 90° Sul (Figura 2.7).
Figura 2.7. Esquema dos eixos magnéticos da Terra

2.5.2 Uso da declinação magnética

A variação anual da Declinação Magnética tem importância na leitura e orientação de um mapa. Junto com a
variação geográfica (latitudes e longitudes diferentes possuem declinações magnéticas diferentes), são elementos
importantes para o usuário de um mapa. Para executar uma navegação precisa, podemos utilizar Mapas com Meridianos
Magnéticos e não Geográficos ou Bússolas Compensadas (corrigidas da Declinação). Estas duas maneiras promovem
correções particulares e que têm ação limitada em tempo e espaço.

Figura 2.8. Declinação magnética

A melhor maneira para compensar a Declinação Magnética, quando usar um mapa, é o cálculo matemático usando
um programa específico, ou na impossibilidade de utilizá-lo, com auxílio de Cartas Isogônicas e Isopóricas.
Para o estudo destas variações, o Observatório Nacional do Rio de Janeiro publica, em seu anuário, um mapa do país
com o traçado das isopóricas (lugar geométrico das regiões com mesma variação anual da declinação magnética) e
isogônicas (lugar geométrico das regiões com mesma declinação magnética). A declinação magnética pode variar com a
posição geográfica (latitude e longitude) em que é observada, no entanto, os pontos da superfície terrestre que possuem
o mesmo valor de declinação estão ligados pelas linhas isogônicas (Figuras 2.9 e 2.10).

Figura 2.9. Variação da Declinação Magnética no Planeta


Figura 2.10. Carta de linhas isogônicas

A variação anual não é uniforme e sua distribuição não é constante pelos meses do ano. Assim, locais de mesma
variação anual da declinação magnética são unidos pelas chamadas linhas isopóricas (Figura 2.11). Em todo ponto
eqüidistante dos pólos magnéticos da Terra, a agulha magnética é igualmente atraída, mas quando a bússola estiver
colocada em um ponto não eqüidistante os pólos magnéticos, a agulha será atraída pelo mais próximo e inclinar-se-á
para ele. Este desvio da agulha no sentido vertical denomina-se inclinação magnética.

EXEMPLOS
Figura 2.11. Carta de linhas isopóricas
2.5.3 Aviventação de Rumos e Azimutes

Toda planta topográfica deve ser orientada, ou seja, deve ter uma seta que indica a direção do norte. O problema é
que existem dois nortes, o magnético (NM) e o geográfico (NG), e eles não estão no mesmo local. E o que é pior, o
norte magnético muda constantemente de lugar em relação ao norte geográfico que é fixo. Esta alteração provoca uma
variação dos ângulos de orientação com o passar do tempo.
Como já explicitado anteriormente, a linha que une o pólo Norte ao pólo Sul da Terra (aqueles representados nos
mapas) é denominada linha dos pólos ou eixo de rotação. Estes pólos são denominados geográficos ou verdadeiros e,
em função disso, a linha que os une, também é tida como verdadeira.
O grande problema da Topografia no que diz respeito aos ângulos de orientação, está justamente na não
coincidência dos pólos magnéticos com os geográficos e na variação da distância que os separa com o passar tempo.
Em função destas características, é necessário que se compreenda bem que, ao se orientar um alinhamento no campo em
relação à direção Norte ou Sul, deve-se saber qual dos sistemas (verdadeiro ou magnético) está sendo utilizado como
referência.
Aviventação de Rumos e Azimutes Magnéticos: é o nome dado ao processo de restabelecimento dos alinhamentos e
ângulos magnéticos marcados para uma poligonal, na época (dia, mês, ano) de sua medição, para os dias atuais. Este
trabalho é necessário, uma vez que a posição dos pólos norte e sul magnéticos (que servem de referência para a medição
dos rumos e azimutes magnéticos) varia com o passar tempo. Assim, para achar a posição correta de uma poligonal
levantada em determinada época, é necessário que os valores resultantes deste levantamento sejam reconstituídos para a
época atual. O mesmo processo é utilizado para locação, em campo, de linhas projetadas sobre plantas ou cartas
(estradas, linhas de transmissão, gasodutos, oleodutos, etc.).

Para tanto, é importante saber que:


Meridiano Geográfico ou Verdadeiro: é a seção elíptica contida no plano definido pela linha dos pólos verdadeira e a
vertical do lugar (observador).
Meridiano Magnético: é a seção elíptica contida no plano definido pela linha dos pólos magnética e a vertical do lugar
(observador).

Declinação Magnética: é o ângulo formado entre o meridiano verdadeiro (norte/sul verdadeiro) e o meridiano
magnético (norte/sul magnético) de um lugar. Este ângulo varia de lugar para lugar e também varia num mesmo lugar
com o passar do tempo. Estas variações denominam-se seculares. Atualmente, para a determinação das variações
seculares e da própria declinação magnética, utilizam-se fórmulas específicas (disponíveis em programas de
computador específicos para Cartografia).
Segundo normas cartográficas, as cartas e mapas comercializados no país apresentam, em suas legendas, os valores
da declinação magnética e da variação secular para o centro da região neles representada.
Os ângulos de orientação utilizados em Topografia são:
Azimute Geográfico ou Verdadeiro: definido como o ângulo horizontal que a direção de um alinhamento faz com o
meridiano geográfico. Este ângulo pode ser determinado através de métodos astronômicos (observação ao sol,
observação a estrelas, etc.) e, atualmente, através do uso de receptores GPS de precisão.
Azimute Magnético: definido como o ângulo horizontal que a direção de um alinhamento faz com o meridiano
magnético. Este ângulo é obtido através de uma bússola, como mostra a figura a seguir.
Rumo Verdadeiro: é obtido em função do azimute verdadeiro através de relações matemáticas simples.
Rumo Magnético: é o menor ângulo horizontal que um alinhamento forma com a direção norte/sul definida pela
agulha de uma bússola (meridiano magnético).

Exemplos de aviventação

Exemplo 1: Para determinar a variação anual do norte magnético em determinado município, fez-se uma interpolação
linear entre as linhas isopóricas adjacentes, obtendo-se o seguinte resultado: Distância entre as linhas de variação anual
7‟ oeste e 8‟ oeste, igual a 2,3 cm; distância entre a linha isopórica de variação anual 7‟ a oeste e a localidade igual a 1,4
cm. Com esses dados determinar a variação anual do norte magnético no município em questão.

Exemplo 2: Precisando reconstruir uma cerca destruída pelo tempo, um agricultor verificou, na planta topográfica de
sua propriedade, realizada a partir de dados coletados em 18 e abril de 1968, que o rumo era 87º 30‟ NE. Sabendo que
na localidade a variação anual do norte magnético e de 12,4‟ para oeste, qual seria o rumo da cerca para uma
reconstituição que será realizada no dia 11 de março de 2011.
3. Medição de distâncias

As principais medidas necessárias para a realização de um trabalho topográfico são os ângulos (vertical e horizontal)
e as distancias (Inclinada, Horizontal e vertical) entre dois pontos de um alinhamento. Neste capítulo serão discutidas as
principais formas para determinação das distâncias entre esses pontos topográficos.
Distância Horizontal (DH): é a distância medida entre dois pontos, no plano horizontal (Figura 3.1).
Distância Inclinada (DI): é a distância medida entre dois pontos, em planos que seguem a inclinação da superfície do
terreno (Figura 3.1).
Distância Vertical ou Diferença de Nível (DV ou DN): (Figura 3.1).

Figura 3.1. Esquematização das distâncias

As distâncias horizontais medidas nos levantamentos topográficos podem ser classificadas como “diretas”,
“indiretas” e eletrônicas.
Na medida direta, percorre-se a distância com o instrumento de medida, como acontece, por exemplo, quando se usa
o passo, uma trena ou a corrente de agrimensor. Na determinação direta das distâncias devemos ter o cuidado de manter
sempre a trena na horizontal, evitando-se tomar medidas inclinadas e evitando-se também à catenária.
Na medida indireta a distância é determinada através de instrumentos óticos ou eletrônicos. Diz-se que o processo de
medida de distâncias é indireto quando estas distâncias são calculadas em função da medida de outras grandezas, não
havendo, portanto, necessidade de percorrê-las para compará-las com a grandeza padrão.
Na prática deve-se dar preferência ao método indireto, por ser mais preciso, mas é forçoso reconhecer que os
instrumentos que o utilizam são bastante caros e, na maioria das vezes, não disponíveis em grande parte do país.

3.1.Medidas diretas

Ao processo de medida indireta denomina-se ESTADIMETRIA ou TAQUEOMETRIA, pois é através do retículo


ou estádia do teodolito que são obtidas as leituras dos ângulos verticais e horizontais e da régua graduada, para o
posterior cálculo das distâncias horizontais e verticais.
Quando se mede uma distância usando a trena, na verdade está se medindo, de forma aproximada, a distância
inclinada. Assim, se quisermos medir a distância horizontal ou a diferença de nível, será necessário conhecer a
inclinação do alinhamento, fornecida por um instrumento muito simples e barato, chamado clinômetro.
Para uma distância inclinada DI medida num aclive com inclinação de 5º, a distância horizontal (DH) seria DH = DI
x cosα, e a diferença de nível seria DN = DI x senα.

Exemplo 1. O responsável pelas medições de um terreno utilizou uma trena para determinar o comprimento de uma
lateral do terreno, obtendo-se 35 m. Utilizando um clinômetro foi determinando a declinação de 5º. Determinar as
distâncias DI, DH e DN.

α=5o

Resolução:
Como a medição foi feita utilizando uma trena, a distância inclinada (DI) já é a distância obtida diretamente com a
trena. Assim, DI será de 35 m.
Para DH:
DH = DI x cosα
DH = 35 x cos5º
DH = 35 x 0,997
DH = 34,895 m
Para DN
DN = DI x senα
DN = 35 x sen5º
DN = 35 x 0,08
DN = 2,8 m
3.2 Medidas indiretas

Na medida indireta da distância feita por intermediário de instrumentos eletrônicos, usa-se a velocidade de
propagação de ondas eletromagnéticas, geradas no aparelho, e rebatidas por um anteparo localizado na outra
extremidade do alinhamento. Os equipamentos mais modernos que utilizam essa técnica fornecem diretamente no
painel os valores das distâncias inclinada, horizontal e vertical, com aproximação de milímetros.
A medida indireta da distância feita através de instrumentos óticos (teodolitos, níveis, etc.), situa-se na posição
intermediária entre os dois métodos citados anteriormente. Nela a distância inclinada é calculada a partir das leituras
feitas na mira, através dos retículos superior e inferior gravadas na lente do instrumento. Chamando de Ls e Li essas
leituras e de α o ângulo de inclinação da luneta em relação à horizontal que passa pelo centro ótico do aparelho (Figura
3.2).

Figura 3.2 esquema dos fios estadimétricos

A distância horizontal pode variar ainda de acordo com a inclinação do instrumento, podendo se obtiver distância
horizontal com visada horizontal e distância horizontal com visada inclinada. De forma semelhante, para a distância
vertical ou e nível, pode-se obter distância vertical com visada ascendente e distância vertical com visada descendente.

3.2.1 Distância Horizontal - Visada Horizontal

A Figura a seguir ilustra um teodolito estacionado no ponto P e a régua graduada no ponto Q. Do ponto P visa-se o
ponto Q com o círculo vertical do teodolito zerado, ou seja, com a luneta na posição horizontal (GARCIA, 1984).
Procede-se a leitura dos fios estadimétricos inferior (FI), médio (FM) e superior (FS). A distância horizontal entre os
pontos será deduzida da relação existente entre os triângulos a'b'F e ABF, que são semelhantes e opostos pelo vértice.

f = distância focal da objetiva


F = foco exterior à objetiva
c = distância do centro ótico do aparelho à objetiva
C = c + f = constante do instrumento
d = distância do foco à régua graduada
H = AB = B - A = FS - FI = diferença entre as leituras
M = FM = leitura do retículo médio
Pelas regras de semelhança pode-se escrever que:
C é a constante de Reichembach, que assume valor 0 cm para equipamentos com lunetas analáticas e valores que
variam de 25cm a 50cm para equipamentos com lunetas aláticas.

3.2.2 Distância Horizontal - Visada Inclinada

Neste caso, para visar a régua graduada no ponto Q há necessidade de se inclinar a luneta, para cima ou para baixo,
de um ângulo (α) em relação ao plano horizontal. Como indicado na figura abaixo (GARCIA, 1984), a distância
horizontal poderá ser deduzida através:
3.2.3 Distância Vertical - Visada Ascendente

A figura a seguir ilustra a luneta de um teodolito inclinada no sentido ascendente (para cima). Assim, a diferença de
nível ou distância vertical entre dois pontos será deduzida da relação (GARCIA, 1984):
A interpretação do resultado desta relação se faz da seguinte forma:
se DN for positivo (+) significa que o terreno, no sentido da medição, está em ACLIVE.
se DN for negativo (-) significa que o terreno, no sentido da medição, está em DECLIVE
3.2.3. Distância Vertical - Visada Descendente
A figura a seguir (GARCIA, 1984) ilustra a luneta de um teodolito inclinada no sentido descendente (para baixo).
Assim, a diferença de nível entre dois pontos será deduzida da mesma forma que para o item 8.5.3., porém, com os
sinais trocados.

A interpretação do resultado desta relação se faz da seguinte forma:


se DN for positivo (+) significa que o terreno, no sentido da medição, está em DECLIVE.
se DN for negativo (-) significa que o terreno, no sentido da medição, está em ACLIVE.
EXEMPLO DE MEDIDAS DE DISTÂNCIAS
Prova
Exemplo 1. Ao medir indiretamente uma distância com um teodolito, obteve-se Ls=2,35 m, Li=1,50 m, I=1,52 m e
α=8º 16‟ 42‟‟ descendente. Calcular “DI”, “DH” e “DN” desse alinhamento.

Resolução:

Distância inclinada (DI)

DI = 100 (Ls – Li) cosα


DI = 100 (2,35 – 1,50) cos 5º 16‟ 42‟‟
DI = 100 (2,35 – 1,50) 0,997
DI = 84,745 m

Distância horizontal (DH)

DH = 100 (Ls – Li) cosα x cosα


Como,

DI = 100 (Ls – Li) cosα


Então:

DH = DI x cosα
DH = 84,745 x cosα
DH = 84,745 x cos 5º 16‟ 42‟‟
DH = 84,45 m

Distância vertical ou diferença de nível

DN = DH tgα ± I ± Lm
Lm = (Ls + Li) / 2
Lm = (2,35 – 1,50) / 2
Lm = 1,925

Como a inclinação é descendente, então:

DN = DH tgα – I + Lm
DN = 84,45 tg 5º 16‟ 42‟‟–1,52 + 1,925
DN = 84,45 x 0,083 – 1,52 + 1,925
DN = 7,423 m

Como a diferença de nível foi positiva, então temos um terreno com declive, pois a inclinação é descendente.
4. PLANIMÉTRIA

Na Planimetria estudam-se as diversas maneiras de se medir e representar uma área através de sua projeção no
plano topográfico. Os principais métodos de levantamentos planimétricos são: Caminhamento, Irradiação, Intercessão e
Ordenadas.
Estes levantamentos topográficos devem ser realizados obedecendo a certos critérios e seguindo determinadas
etapas que dependem do tamanho da área, do relevo e da precisão requerida pelo projeto que os comporta.

Reconhecimento do Terreno
Levantamento da Poligonal
Levantamento das Feições Planimétricas
Fechamentos, Área, Coordenadas
Desenho da Planta e Memorial Descritivo

No processo de levantamento topográfico de um terreno, são distribuídos pontos de localização ao longo do estudo,
são pontos, convenientemente distribuídos, que amarram ao terreno o levantamento topográfico e, por isso, devem ser
materializados por estacas, piquetes, marcos de concreto, pinos de metal, tinta, dependendo da sua importância e
permanência.

Nesta fase, será detalhado o desenvolvimento necessário para a determinação das coordenadas planas, ou seja, as
coordenadas x e y. De uma forma mais simples, pode-se dizer que a projeção em “X” é a representação da distância
entre os dois vértices do alinhamento sobre o eixo das abscissas e a projeção em “Y” a representação da mesma
distância no eixo das ordenadas.

4.1 Métodos de Levantamentos planimétricos

4.1.1 Método do caminhamento

Este é o método utilizado no levantamento de superfícies relativamente grandes e de relevo acidentado. Requer uma
quantidade maior de medidas que os descritos anteriormente, porém, oferece maior confiabilidade no que diz respeito
aos resultados.

O método em questão inclui as seguintes etapas:


Reconhecimento do Terreno: durante esta fase, costuma-se fazer a implantação dos piquetes (também denominados
estações ou vértices) para a delimitação da superfície a ser levantada. A figura geométrica gerada a partir desta
delimitação recebe o nome de POLIGONAL.

Levantamento da Poligonal: durante esta fase, percorre-se as estações da poligonal, uma a uma, no sentido horário,
medindo-se ângulos e distâncias horizontais. Estes valores, bem como o croqui de cada ponto, são anotados em
cadernetas de campo apropriadas ou registrados na memória do próprio aparelho. A escolha do método para a medida
dos ângulos e distâncias, assim como dos equipamentos, se dá em função da precisão requerida para o trabalho e das
exigências do contratante dos serviços (cliente).

Levantamento dos Detalhes: nesta fase, costuma-se empregar o método das perpendiculares ou da triangulação
(quando o dispositivo utilizado para amarração é a trena), ou ainda, o método da irradiação (quando o dispositivo
utilizado é o teodolito ou a estação total).

Orientação da Poligonal: é feita através da determinação do rumo ou azimute do primeiro alinhamento. Para tanto, é
necessário utilizar uma bússola (rumo/azimute magnéticos) ou partir de uma base conhecida (rumo/azimute
verdadeiros).
Computação dos Dados: terminadas as operações de campo, deve-se proceder a computação, em escritório, dos dados
obtidos. Este é um processo que envolve o fechamento angular e linear, o transporte dos rumos/azimutes e das
coordenadas e o cálculo da área.

Desenho da Planta e Redação do Memorial Descritivo: depois de determinadas as coordenadas (X, Y) dos pontos
medidos, procede-se a confecção do desenho da planta da seguinte forma:

Desenho Topográfico: os vértices da poligonal e os pontos de referência mais importantes devem ser plotados
segundo suas coordenadas (eixos X e Y), enquanto os pontos de detalhes comuns (feições), devem ser plotados com o
auxílio de escalímetro, compasso e transferidor (para desenhos confeccionados manualmente).

No desenho devem constar:


- as feições naturais e/ou artificiais (representados através de símbolos padronizados ou convenções) e sua respectiva
toponímia
- a orientação verdadeira ou magnética
- a data do levantamento
- a escala gráfica e numérica
- a legenda e convenções utilizadas
- o título (do trabalho)
- o número dos vértices, distância e azimute dos alinhamentos
- os eixos de coordenadas
- área e perímetro
- os responsáveis pela execução
Escala: a escolha da escala da planta se dá em função do tamanho da folha de papel a ser utilizado, do afastamento
dos eixos coordenados, das folgas ou margens e da precisão requerida para o trabalho.
Memorial Descritivo: é um documento indispensável para o registro, em cartório, da superfície levantada. Deve conter a
descrição pormenorizada desta superfície no que diz respeito à sua localização, confrontantes, área, perímetro, nome do
proprietário, etc..
Método trabalhoso, porém de grande precisão, o Caminhamento adapta-se a qualquer tipo e extensão de área, sendo
largamente utilizado em áreas relativamente grandes e acidentadas. Associam-se ao caminhamento, os métodos de
irradiação e intersecção como auxiliares. Ele ainda se divide em:

As poligonais levantadas em campo poderão ser fechadas, enquadradas ou abertas

a) Aberto ou Tenso: quando constituído de uma linha poligonal apoiada sobre dois pontos distintos e denominados –
um o ponto de origem e o outro, o ponto de fechamento.

b) Poligonal fechada: parte de um ponto com coordenadas conhecidas e retorna ao mesmo ponto. Sua principal
vantagem é permitir a verificação de erro de fechamento angular e linear.
Poligonal enquadrada: parte de dois pontos com coordenadas conhecidas e acaba em outros dois pontos com
coordenadas conhecidas. Permite a verificação do erro de fechamento angular e linear.

Fechado : quando constituído de um polígono que se apoia sobre um único ponto, o ponto de origem, com o qual se
confunde o ponto de fechamento.

Como visto anteriormente, para o levantamento de uma poligonal é necessário ter no mínimo um ponto com
coordenadas conhecidas e uma orientação. Segundo a NBR 13133 (ABNT, 1994 p.7), na hipótese do apoio topográfico
vincular-se à rede geodésica (Sistema Geodésico Brasileiro – SGB), a situação ideal é que pelo menos dois pontos de
coordenadas conhecidas sejam comuns .Neste caso é possível, a partir dos dois pontos determinar um azimute de
partida para o levantamento da poligonal.

Como visto anteriormente, a vantagem de utilizar uma poligonal fechada é a possibilidade verificar os erros angular
e linear cometidos no levantamento da mesma.

O sentido de caminhamento para o levantamento da poligonal será considerado o sentido horário. No sentido de
caminhamento da poligonal, a estação anterior denomina-se de estação RÉ e a estação seguinte de VANTE.

Neste caso os ângulos determinados são chamados de ângulos horizontais horários (externos) e são obtidos da
seguinte forma: estaciona-se o equipamento na estação onde serão efetuadas as medições, faz-se a pontaria na estação ré
e depois faz-se a pontaria na estação vante.
No levantamento por caminhamento as distâncias normalmente são obtidas indiretamente, isto é, por estadimetria, a
não ser quando são pequenas, ocasiões em que se utiliza a trena para obtê-las. Já os ângulos horizontais podem ser
obtidos por dois processos : pelas deflexões, as quais permitem calcular os azimutes, que é o caso mais comum, ou
pelos ângulos internos dos vértices do polígono.
Com as medições prontas no campo, pode-se determinar os erros acidentais durante o levantamento tanto nos
ângulos como nas distâncias, os quais serão comparados com os chamados limites de tolerância, isto é, com os erros
máximos permissíveis para os ângulos e para as distâncias.

c) Apoiada: parte de um ponto conhecido e chega a um ponto também conhecido. Pode ser aberta ou fechada.
d) Semi-Apoiada: parte de um ponto conhecido e chega a um ponto do qual se conhece somente o azimute. Só pode ser
do tipo aberta.
e) Não Apoiada: parte de um ponto que pode ser conhecido ou não e chega a um ponto desconhecido. Pode ser aberta
ou fechada.

Este processo consiste, na medida dos lados sucessivos de uma poligonal e na determinação dos ângulos que esses
lados formam entre si, percorrendo a poligonal , isto é, caminhando sobre ela.
O caminhamento é o mais usado, pois pode ser utilizado em qualquer área, o que não acontece com os outros três.
Alguns autores preferem mesmo qualificar a irradiação, a intercessão e as ordenadas como métodos auxiliares do
caminhamento, usados para localizar detalhes.
O trabalho de caminhamento consiste em se contornar a área objeto do levantamento, com um polígono irregular
(polígono topográfico). De cada vértice do polígono mede-se o ângulo interno e o comprimento do lado que liga esse
vértice ao azimute (ou rumo) do primeiro lado do polígono topográfico. O quadro 1 traz os dados de campo de um
pequeno polígono topográfico de seis lados apenas.

Quadro 1. Dados de campo de um levantamento topográfico por caminhamento


Alinhamentos Ângulos Horizontais Leituras de mira (m) Ângulos
Azimute
Estação Ponto Visado internos Ls Lm Li zenitais
0 1 78º 53‟ 25” 1,544 1,000 89º 19‟ 36” 38º 15‟ 02”
1 2 141º 15‟ 38” 1,501 1,000 88º 37‟ 48”
2 3 71º 33‟ 08” 1,848 1,000 87º 25‟ 06”
3 0 73º 17‟ 37” 1,805 1,000 89º 32‟ 18”

4.1.2. Método por Irradiação

O Método da Irradiação também é conhecido como método da Decomposição em Triângulos ou das Coordenadas
Polares. É empregado na avaliação de pequenas superfícies relativamente planas.
Uma vez demarcado o contorno da superfície a ser levantada, o método consiste em localizar, estrategicamente, um
ponto (P), dentro ou fora da superfície demarcada, e de onde possam ser avistados todos os demais pontos que a
definem.
Assim, deste ponto (P) são medidas as distâncias aos pontos definidores da referida superfície, bem como, os
ângulos horizontais entre os alinhamentos que possuem (P) como vértice.
A medida das distâncias poderá ser realizada através de método direto, indireto ou eletrônico e a medida dos ângulos
poderá ser realizada através do emprego de teodolitos óticos ou eletrônicos.
A precisão resultante do levantamento dependerá, evidentemente, do tipo de dispositivo ou equipamento utilizado.
A figura a seguir ilustra uma superfície demarcada por sete pontos com o ponto (P) estrategicamente localizado no
interior da mesma. De (P) são medidos os ângulos horizontais (Hz1 a Hz7) e as distâncias horizontais (DH1 a DH7).
Na irradiação escolhe-se uma estação posicionada de tal maneira que, a partir dela, possam ver visados todos os
pontos necessários para representar o local. Para cada visada anota-se um ângulo horizontal (pode ser de orientação ou
medido a partir de uma referência previamente escolhida) e a distância, ou seja, nesse método trabalha-se com
coordenadas polares. Este processo é utilizado para levantamento de pequenas áreas ou, principalmente como método
auxiliar à Poligonação, e consiste em escolher um ponto conveniente para instalar o aparelho, podendo este ponto estar
dentro ou fora do perímetro, tomando nota dos azimutes e distâncias entre a estação do teodolito e cada ponto visado.
De cada triângulo (cujo vértice principal é P) são conhecidos dois lados e um ângulo. As demais distâncias e ângulos
necessários à determinação da superfície em questão são determinados por relações trigonométricas. Este método é
muito empregado em projetos que envolvem amarração de detalhes e na densificação do apoio terrestre para trabalhos
topográficos e fotogramétricos.

A NBR 13133 (ABNT, 1994) classifica as poligonais em principal, secundária e auxiliar

Poligonal principal: poligonal que determina os pontos de apoio topográfico de primeira ordem;
Poligonal secundária: aquela que, apoiada nos vértice da poligonal principal determina os pontos de apoio
topográfico de segunda ordem;
Poligonal auxiliar: poligonal que, baseada nos pontos de apoio topográfico planimétrico, tem seus vértices
distribuídos na área ou faixa a ser levantada, de tal forma que seja possível coletar, direta ou indiretamente, por
irradiação, interseção ou ordenadas sobre uma linha de base, os pontos de detalhes julgados importantes, que devem ser
estabelecidos pela escala ou nível de detalhamento do levantamento.
Além de ser simples , rápido e fácil , ele tem a vantagem de poder ser associado a outros métodos (como o do
caminhamento, por exemplo) como auxiliar na complementação do levantamento, dependendo somente dos cuidados
do operador, já que não há controle dos erros que possam ter ocorrido.

Devido a esses erros é aconselhável ao operador não abandonar imediatamente o ponto de origem, para verificar se
todos os dados necessários foram levantados. A conferência pode ser feita através da soma dos ângulos em torno do
ponto de origem que deverá dar 360º , como já sabemos. É importante lembrar que se houver lados curvos ao longo da
poligonal, haverá a necessidade de se fazer um maior número de irradiações, de forma que estas permitam um bom
delineamento das curvas.

4.1.3. Método da Intercessão

O Método da Interseção também é conhecido como método das Coordenadas Bipolares. É empregado na avaliação
de pequenas superfícies de relevo acidentado.
Uma vez demarcado o contorno da superfície a ser levantada, o método consiste em localizar, estrategicamente, dois
pontos (P) e (Q), dentro ou fora da superfície demarcada, e de onde possam ser avistados todos os demais pontos que a
definem.
Assim, mede-se a distância horizontal entre os pontos (P) e (Q), que constituirão uma base de referência, bem como,
todos os ângulos horizontais formados entre a base e os demais pontos demarcados.
A medida da distância poderá ser realizada através de método direto, indireto ou eletrônico e a medida dos ângulos
poderá ser realizada através do emprego de teodolitos óticos ou eletrônicos.
Chamado assim por fazer a intersecção entre as medidas de dois pontos (duas estações). Este método se resume em
visar da estação A (que chamaremos base) os vértices do polígono, e ler os azimutes de cada um. Logo depois
transporta-se o teodolito para uma segunda estação B, da qual lê-se pontos já visados por A, lendo-se as deflexões.
A precisão resultante do levantamento dependerá, evidentemente, do tipo de dispositivo ou equipamento utilizado.
A figura a seguir ilustra uma superfície demarcada por sete pontos com os pontos (P) e (Q) estrategicamente localizados
no interior da mesma. De (P) e (Q) são medidos os ângulos horizontais entre a base e os pontos (1 a 7).

De cada triângulo são conhecidos dois ângulos e um lado (base definida por PQ). As demais distâncias e ângulos
necessários à determinação da superfície em questão são determinados por relações trigonométricas.
A intercessão é usada para localizar pontos inacessíveis, a partir de duas visadas feitas de estações das quais se
conhece a distância entre elas. O método baseia-se na resolução de um triângulo qualquer do qual se conhece os três
ângulos internos e um dos lados.
Para maior exatidão escolhe-se uma base que pode ser dos lados do polígono, ou então, um ponto no interior do
mesmo. A exatidão do processo depende essencialmente da escolha da base. Este é o único processo que se emprega
quando alguns vértices do polígono são inacessíveis. Apresenta também a vantagem da rapidez das operações, mas
exige que o polígono seja livre de obstáculos.
Ele pode ser empregado como um levantamento único para uma área ou como auxiliar no caminhamento, desde que
as áreas sejam relativamente pequenas. Como o método de irradiação não há possibilidade ou controle do erro.

4.1.4. Método das Ordenadas

O método das ordenadas é usado para localizar laterais sinuosas. Subdivide-se a linha reta que separa dois vértices
adjacentes em espaços regulares e mede-se as perpendiculares dela até o limite da área. Quanto maior for o número de
estacasintermediárias, mais próximo do original será a representação do contorno sinuoso, uma vez que o método usa
aproximações de segmentos retos em vez de curvos.

Se deve medir os alinhamentos Aa, ab, bc, cd, de e B e, também, os alinhamentos aa’, bb’, cc’, dd’ e ee’ para que o
contorno da estrada fique determinado.
PRINCIPAIS TIPOS DE ERROS OBSERVADOS EM LEVANTAMENTOS TOPOGRÁFICOS

Todas as observações topográficas se reduzem na medida de uma distância, de um ângulo ou de uma diferença de
nível as quais podem ser afetadas de erros ocasionados pelos aparelhos, pelas condições exteriores e pelo observador.
Procura-se eliminar algumas das causas dos erros e reduzir os valores dos que restam, mas como não é possível fazê-los
desaparecer completamente, torna-se necessário calcular o valor mais provável da grandeza, o qual é obtido através dos
resultados das observações efetuadas.
Todas as grandezas que nos interessam são medidas ou observadas por intermédio de nossos sentidos e com o
auxílio de instrumentos. Efetuando-se uma série de medidas de uma mesma grandeza, a prática revela que essas
medidas ou observações nunca são absolutamente concordantes.
Se considerarmos uma dessas medidas ou observações como valor exato da grandeza que se está a medir, comete-se
erro.

As fontes de erro poderão ser:

• Condições ambientais: causados pelas variações das condições ambientais, como vento, temperatura, etc. Exemplo:
variação do comprimento de uma trena com a variação da temperatura.
• Instrumentais: causados por problemas como a imperfeição na construção de equipamento ou ajuste do mesmo. A
maior parte dos erros instrumentais pode ser reduzida adotando técnicas de verificação/retificação, calibração e
classificação, além de técnicas particulares de observação.
• Pessoais: causados por falhas humanas, como falta de atenção ao executar uma medição, cansaço, etc.

Os erros, causados por estes três elementos apresentados anteriormente, poderão ser classificados em:

• Erros grosseiros
• Erros sistemáticos
• Erros aleatórios

1. Erros grosseiros

Causados por engano na medição, leitura errada nos instrumentos, identificação de alvo, etc., normalmente
relacionados com a desatenção do observador ou uma falha no equipamento. Cabe ao observador cercar-se de cuidados
para evitar a sua ocorrência ou detectar a sua presença. A repetição de leituras é uma forma de evitar erros grosseiros.
Alguns exemplos de erros grosseiros:

• anotar 196 ao invés de 169;


• engano na contagem de lances durante a medição de uma distância com trena.

2. Erros sistemáticos

São aqueles erros cuja magnitude e sinal algébrico podem ser determinados, seguindo leis matemáticas ou físicas.
Pelo fato de serem produzidos por causas conhecidas podem ser evitados através de técnicas particulares de observação
ou mesmo eliminados mediante a aplicação de fórmulas específicas. São erros que se acumulam ao longo do trabalho.
Exemplo de erros sistemáticos, que podem ser corrigidos através de fórmulas específicas:

• efeito da temperatura e pressão na medição de distâncias com medidor eletrônico de distância;


• correção do efeito de dilatação de uma trena em função da temperatura.

Um exemplo clássico apresentado na literatura, referente a diferentes formas de eliminar e ou minimizar erros
sistemáticos é o posicionamento do nível a igual distância entre as miras durante o nivelamento geométrico pelo método
das visadas iguais, o que proporciona a minimização do efeito da curvatura terrestre no nivelamento e falta de
paralelismo entre a linha de visada e eixo do nível tubular.

3. Erros acidentais ou aleatórios

São aqueles que permanecem após os erros anteriores terem sido eliminados. São erros que não seguem nenhum tipo
de lei e ora ocorrem num sentido ora noutro, tendendo a se neutralizar quando o número de observações é grande.
Quando o tamanho de uma amostra é elevado, os erros acidentais apresentam uma distribuição de freqüência que muito
se aproxima da distribuição normal.
Peculiaridade dos erros acidentais
• Erros pequenos ocorrem mais freqüentemente do que os grandes, sendo mais prováveis;
• Erros positivos e negativos do mesmo tamanho acontecem com igual freqüência, ou são igualmente prováveis;
• A média dos resíduos é aproximadamente nula;
• Aumentando o número de observações, aumenta a probabilidade de se chegar próximo ao valor real.

Exemplo de erros acidentais:

• Inclinação da baliza na hora de realizar a medida;


• Erro de pontaria na leitura de direções horizontais.

PRECISÃO E ACURÁCIA

A precisão está ligada a repetibilidade de medidas sucessivas feitas em condições semelhantes, estando vinculada
somente a efeitos aleatórios.
A acurácia expressa o grau de aderência das observações em relação ao seu valor verdadeiro, estando vinculada a
efeitos aleatórios e sistemáticos. A figura abaixo ilustra estes conceitos.

O seguinte exemplo pode ajudar a compreender a diferença entre eles: um jogador de futebol está treinando
cobranças de pênalti. Ele chuta a bola 10 vezes e nas 10 vezes acerta a trave do lado direito do goleiro. Este jogador foi
extremamente preciso. Seus resultados não apresentaram nenhuma variação em torno do valor que se repetiu 10 vezes.
Em compensação sua acurácia foi nula. Ele não conseguiu acertar o gol, “verdadeiro valor”, nenhuma vez.

OCORRÊNCIA DOS PRINCIPAIS ERROS DE ACORDO COM OS TIPOS DE MEDIDAS

1. Nas Medições Diretas

Aqui as medições são feitas duplamente (ida e volta), mas qualquer discrepância encontrada entre medições feitas
sob condições similares, não revela nenhum erro sistemático. As medições duplas servem para detectar enganos,
frequentemente cometidos. Em condições médias, para a medição direta, um trabalho razoável é representado pela
relação 1/2000 ou 1/1000 para levantamentos expeditos.

As principais fontes de erro nas medições diretas são as seguintes:

a) comprimento incorreto do diastímetro: O comprimento de uma trena de aço varia com as condições de
temperatura, tração e flexão; portanto um diastímetro é dito de comprimento correto somente sob determinadas
condições. Isto produz um erro sistemático que pode ser praticamente anulado, aplicando-se correções.
b) Diastímetro não na horizontal : Frequentemente, um declive engana o operador e a tendência é segurar a corrente,
na parte mais baixa do declive, em posição mais baixa. Em trabalhos comuns, esta é uma das maiores fontes de erros.
Será um erro acumulativo, para mais.
c) Alinhamento incorreto : O operador cravando as fichas ora de um lado, ora de outro do alinhamento correto,
causam erros provenientes da má orientação do auxiliar de ré. Isto produz um erro sistemático variável, que poderá ser
reduzido pelo cuidado nas operações. Resultam valores maiores e portanto são erros positivos.
d) Inclinação das balizas : Se, por falta de cuidado, o auxiliar inclina a baliza, ao invés de mantê-la na vertical, o
diastímetro estará medindo um valor maior ou menor, conforme a inclinação da baliza.
e) Catenária : É um erro que ocorre sempre que o diastímetro for suportado pelas extremidades; devido ao peso próprio
da corrente, faz que surja uma curvatura ao invés de se medir em reta, ficando a distância horizontal entre os pontos
menor do que usando a corrente estivesse inteiramente suportada ou colocada sobre o solo. A flecha formada ou
catenária pode ser diminuída, aplicando-se tensões mais fortes.

2. Nas Medições Indiretas


Enquanto na medição direta de distâncias, a maioria dos erros é sistemática, e por isto a precisão de tais
levantamentos varia diretamente com a distância, nas medições indiretas, por estadimetria, a precisão dependerá dos
erros cometidos nas leituras dos ângulos horizontais e verticais e nas leituras dos retículos. Como os erros provenientes
da leitura de ângulos são acidentais, o erro principal cometido é na observação dos retículos interceptando a mira, que
também é um erro acidental, supondo a mira mantida na posição vertical. Assim, é de se esperar que os erros variem
com a raiz quadrada da distância, o que é uma das mais importantes vantagens que a estadimetria apresenta sobre a
medição direta.

2.1 Nos Ângulos de fechamento

a) Determinação
O erro pode ser determinado, logo no final do levantamento no campo, por duas maneiras:
a.1 Por diferença entre azimutes
Tomando-se por base o azimute inicial MP-1 (de saída), que foi lido no círculo horizontal e comparando com o
azimute final MP-1 (de chegada) que foi calculado em função das sucessivas deflexões e azimutes dos alinhamentos
anteriores, tem-se por diferença, o erro angular de fechamento. Pelos dados da planilha, observa-se que o valor de MP-1
(de saída) é 305º16‟ e no final obteve-se por cálculo o valor de 305º21‟ para o mesmo alinhamento MP-1. Donde, o erro
angular de fechamento será:

e.a.f = 305º21‟ – 305º16‟ = 0º05‟

por excesso, o qual deverá ser anulado pela compensação.

a.2 Pelas deflexões


Como a poligonal é fechada, evidentemente, deveria “fechar” com 0º ou 360º. E como tem-se deflexões á direita e á
esquerda, a diferença entre os somatórios das duas colunas de deflexões deveria teoricamente ser igual a 0º ou 360º. A
diferença para mais ou para menos de 360º, será o erro angular de fechamento, que logicamente será igual ao valor
encontrado pelas diferenças de azimutes do alinhamento MP - 1. Assim, o erro angular será:

deflexão direita = 404º25‟


deflexão esquerda = 44º20‟
360º05‟ – 360º = 0º05‟ (erro angular de fechamento)
b) Limite do erro - tolerável:
O erro angular de fechamento encontrado ao final do levantamento será comparado com o erro máximo permissível,
que será função do número de estações ou vértice do polígono. Os diversos autores não são unânimes quanto ao valor
deste limite, que é baseado na lei da propagação dos erros; entretanto, a maioria deles recomenda que o limite de
tolerância N ou até o dobro desse valor, sendo N o número de estações do aparelho usadas no levantamento e o erro será
expresso em minutos. Assim, poder-se-ia dizer que o valor do erro angular estando dentro desses limites indicariam:

N = índice de um bom trabalho


2* N = índice de um trabalho aceitável

Acima desses limites os trabalhos não devem ser aceitos.

Na planilha utilizada como exemplo, o erro angular de fechamento sendo de 0º05‟ e N = 12 estações, o limite
máximo seria 2 x 12 = 2 x 3,5 = 7, portanto se enquadrando o erro angular de fechamento dentro do máximo
permissível.
O erro angular de fechamento, dependendo do cuidado do operador é relativamente fácil de se encaixar dentro dos
limites preconizados, pois os instrumentos vêm sendo sucessivamente aperfeiçoados na parte ótica, aumentando a
precisão e a aproximação dos mesmos.
Entretanto, a bibliografia mostra que o erro angular de fechamento não dá total segurança quanto ao julgamento de
um levantamento. O valor encontrado é simplesmente um resíduo dos erros acidentais, pois podem ocorrer as
compensações naturais durante o trabalho; assim errando-se um ângulo num sentido, esse erro poderá ser total ou
parcialmente anulado pelo erro seguinte cometido em direção oposta. Na verdade, houve um erro duplo, mas nos
cálculos desaparecerá pela compensação natural.
Embora não seja um índice rígido quanto á qualidade de um trabalho, é uma das maneiras com que se depara para
tal julgamento e, portanto terá que ser levado em conta. O que se pode afirmar é que, estando o erro angular dentro dos
limites preconizados, provavelmente o trabalho foi bem executado, mas não garantidamente. Já ao contrário, estando o
erro angular de fechamento acima dos limites, garantidamente foi um mau trabalho, pois além das compensações
naturais houve um excesso de resíduo dos erros acidentais.

b. Cálculo e compensação do erro angular de fechamento do polígono topográfico

Durante o levantamento de um terreno pelo método do caminhamento, a poligonal resultando pode ser apresenta
com ângulos internos ou externos.

a - Ângulo Externo (He): É o ângulo contado a partir do alinhamento anterior para o posterior, externamente a
poligonal. ΣHe = 180º.(n+2) (Figura 4).

He
Ae He
Ae

He
Ae

Ae
He

Ae
He
He Ae

Figura 4. Ângulos horizontais externos medidos em todos os pontos de uma poligonal fechada

b - Ângulo Interno (Hi): É o ângulo contado a partir do alinhamento anterior para o posterior, internamente a poligonal.
. ΣHi = 180º.(n – 2) (Figura 5).

Ai
Hi
Hi Ai

AiHi
Hi Ai

Hi Ai Hi Ai

Figura 5. Ângulos horizontais internos medidos em todos os pontos de uma poligonal fechada
Apesar de todo esforço do profissional na execução do levantamento topográfico, o resultado final está sujeito a
ocorrência de erros, e, como as principais medidas realizadas neste procedimento é a tomada de medidas de ângulos e
distâncias, em ambos os casos pode ocorrer denominados de “erro angular de fechamento” e “erro linear de
fechamento”.
Chama-se “erro angular de fechamento do polígono topográfico” ao erro total cometido nas medidas dos ângulos
internos. Considerando que a soma dos ângulos internos de um polígono de “n”, e, como a soma dos ângulos internos
de um polígono é ƩHi = 180º.(n – 2), então basta somar os ângulos internos medidos [Ʃ(Him)] e comparar esse
resultado com ƩHi = (n – 2).180º.

Assim, determina-se o erro angular (Eα)

Eα = Ʃ(Him) – Ʃ(Hi)

A diferença entre eles é o erro de fechamento angular cometido, que pode ser por falta [se Ʃ(Him) < Ʃ(Ai)] ou por
excesso [se Ʃ(Him) > Ʃ(Hi)].
1/2
Quando o erro angular de fechamento não ultrapassar o triplo do erro tolerável ( E AT n ) [± a.(n) ], onde “a” é
o menor valor angular capaz de ser lido através do teodolito, e “n” é o número de vértices do polígono topográfico, ele
pode ser compensado. Para tanto, soma-se ou subtrai-se (dependendo dele ter sido, respectivamente, por falta ou
excesso) uma fração do erro a cada ângulo interno lido.
Como a aproximação do teodolito eletrônico é de 5‟, então determina-se o erro angular tolerável (EAT) da seguinte
maneira:

E AT n

Onde:
EAT – erro angular tolerável
n – número de vértices

Como visto anteriormente, o erro angular não pode ultrapassar o triplo do erro angular tolerável, caso se obtenha
erro angular maior que o triplo do erro angular tolerável (Eα > 3 EAT). Caso o erro cometido seja menor que a
tolerância, a poligonal é válida, caso contrário os ângulos em campo deverão ser novamente medidos com mais atenção
e cuidado com a operação do aparelho e com os procedimentos.
O erro angular estando dentro do limite de tolerância deverá ser anulado, para que a planta “feche” nos ângulos. E
isto é feito pela compensação, que será positiva quando erro é por falta e negativa quando por excesso, de forma que o
erro deverá ser distribuído equitativamente por todos os vértices, pois provavelmente errou-se em todas as visadas. Caso
haja frações de segundo para distribuir entre os ângulos, podemos adotar uma maneira de distribuir apenas valores
inteiros de minutos e segundos entre os ângulos para facilitar os cálculos.

Cα = ± Eα / n
Cα - Correção angular.
Eα - Erro angular.
n - Número de vértices da poligonal.

Após a determinação do erro angular o ângulo medido deve ser compensado, somando-se ou diminuindo-se o
ângulo medido da correção angular.
Assim,
Ângulo compensado = Ângulo lido ± Cα
Após a compensação dos ângulos medidos, determinam-se os azimutes de todos os vértices do polígono, somando-
se ou diminuindo-se o azimute do alinhamento ao ângulo interno comum aos dois alinhamentos, utilizando-se a
seguinte equação:

Azn =(Azn-1 ± Hi) ±180º


Onde:
Azn = azimute do alinhamento;
Azn-1 = azimute do alinhamento anterior;
Ai = ângulo interno do vértice comum aos dois alinhamentos.

Se o caminhamento for à direita ou no sentido anti-horário:


Azn =(Azn-1 + Hi)+180º

Se o caminhamento for à esquerda ou no sentido horário:


Azn =(Azn-1 - Hi )+180º
Se Azn-1 + Hi < 180º; Azn =(Azn-1 + Hi ) + 180
Porém:
Se Azn-1 + Hi >180º
Azn =(Az-1 + Hi ) – 180º

A coluna de azimutes calculados compensados será preenchida pelos valores corrigidos dos azimutes, quando então
o polígono se “fechará”, pela eliminação do erro angular de fechamento.

Exemplo: Para os dados de campo do quadro abaixo, considerando que o trabalho foi realizado com teodolito de
aproximação de 5”, calcular o erro angular de fechamento do polígono topográfico e compensá-lo, caso o erro seja
inferior ao triplo do erro provável.

Dados de campo de um levantamento topográfico planimétrico por caminhamento

Alinhamentos Ângulos Horizontais Leituras de mira (m) Ângulos


Azimute
Estação Ponto Visado internos (Him) Ls Lm Li zenitais
0 1 73º 53‟ 25” 1,544 1,000 89º 19‟ 36” 38º 15‟ 02”
1 2 141º 15‟ 38” 1,501 1,000 88º 37‟ 48”
2 3 71º 33‟ 08” 1,848 1,000 87º 25‟ 06”
3 0 73º 17‟ 37” 1,805 1,000 89º 32‟ 18”

Resolução:

Passo 1.
Calcular a soma dos ângulos medidos
Ʃ(Him) = Him1 + Him2 + Him3 + Him4
Ʃ(Aim) = 73º53‟25” + 141º15‟38” + 71º33‟08” + 73º17‟37”
Ʃ(Him) = 359º 59’ 48”

Passo 2.
Calcular o erro angular tolerável
EαT = ± a. (n)1/2
EαT = 5”. (4)1/2
EαT = 10”

Passo 3.
Calcular a soma dos ângulos internos
Ʃ Hi = (n – 2).180º
Ʃ Hi = (4 – 2).180º
Ʃ Hi = 360º 00‟ 00”

Passo 4. Calcular o erro angular


Eα = Ʃ(Him) – Ʃ(Hi)
Eα = 359º 59‟ 48‟‟ – 360º 00‟ 00”
Eα = 359º 59‟ 48‟‟ – 360º 00‟ 00”
Eα = 12”

Passo 5. Calcular a correção angular


Cα = ± Eα / n
Cα = 12” / 4
Cα = 3”

Passo 6. Compensar os ângulos horizontais obtidos – Ângulo compensado ou corrigido (Hic)

Hic = Him ± Cα
Como o Ʃ(Hi) > Ʃ(Him), deve-se acrescentar a correção angular aos azimutes lidos, assim:

Hic = Him + Cα
Hic1 = 73º53‟25” + 3”
Hic1 = 73º53‟28”
Hic2 = 141º15‟38” + 3”
Hic2 = 141º15‟41”

Hic3 = 71º33‟08” + 3”
Hic3 = 71º33‟11”

Hic4 = 73º17‟37” + 3”
Hic4 = 73º17‟40”

Conferindo o somatório de ângulos compensados Ʃ(Hic) = Ʃ(Hi) = 360º 00‟ 00”

Passo 7. Calcular os azimutes dos alinhamentos

Azn =(Azn-1 ± Hic ) ±180º

Como o caminhamento foi realizado à direita

Azn =(Azn-1 + Hic ) ±180º


Az(0-1) = 38º 15‟ 02‟‟ (Primeiro azimute medido no início do levantamento)

Az(1-2) = Az(0-1) + Hic(1-2) ± 180º


Az(1-2) = 141º15‟41” + 38º 15‟ 02” + 180º
Az(1-2) = 359º 30‟ 43”

Az(2-3) = Az(1-2) + Hic(2-3) ±180°


Az(2-3) = 359º 30‟ 43” + 71º33‟11” – 180º
Az(2-3) = 251º 03‟ 54”

Az(3-0) = Az(2-3) + Hic(3-0) ±180°


Az(3-0) = 251º 03‟ 54” + 73º17‟40” – 180º
Az(3-0) = 144º 21‟ 34”

Passo 8. Calcular os rumos dos alinhamentos

Relação e conversões Azimute → Rumo → Azimute


Quadrante Azimute → Rumo Rumo → Azimute
1 R = Az (NE) Az = R
2 R = 180º – Az (SE) Az = 180º – R
3 R = Az – 180º (SO) AZ = R + 180º
4 R = 360º – Az (NO) AZ = 360 – R

R(0-1) = Az(0-1)
R(0-1) = 38º 15‟ 02” NE

R(1-2) = 360º – Az(1-2)


R(1-2) = 360º – 359º 30‟ 43”
R(1-2) = 00º 29‟ 17” NO

R(2-3) = Az(2-3) – 180º


R(2-3) = 251º 03‟ 54” – 180º
R(2-3) = 71º 03‟ 54” SO

R(3-4) = Az(3-4) – 180º


R(3-4) = 180º – 144º 21‟ 34”
R(3-4) = 35º 38‟ 26” SE

Após essas etapas, será preenchida a seguinte planilha:


Dados de campo de um levantamento topográfico planimétrico por caminhamento.
Ângulos
Alinhamentos Ângulos Horizontais internos Azimute
zenitais
Estação Ponto Visado Medidos Compensados
0 1 78º 53‟ 25” 78º 53‟ 28” 89º 19‟ 36” 38º 15‟ 02” NE
1 2 141º 15‟ 38” 141º 15‟ 41” 88º 37‟ 48” 00º 29‟ 17” NO
2 3 71º 33‟ 08” 71º 33‟ 11” 87º 25‟ 06” 71º 03‟ 54” SO
3 0 73º 17‟ 37” 73º 17‟ 40” 89º 32‟ 18” 35º 38‟ 26” SE
Σ (Aim) = 369º59‟48” Σ (Aic) = 369º59‟48”

Erro linear de fechamento

Uma vez determinado e distribuído o erro angular de fechamento, considera-se a poligonal “fechada” em termos
angulares. Resta determinar o valor do erro linear de fechamento, compará-lo com seu respectivo limite de tolerância e
caso seja inferior a este, efetua-se a compensação do erro linear.
Como a soma algébrica das projeções dos lados de um polígono sobre um sistema de eixos ortogonais deve ser nula,
é óbvio que a soma das longitudes parciais este (E) deverá ser igual a soma das longitudes parciais oeste (W), o mesmo
ocorrendo para as latitudes, onde deverão ser iguais as somas norte (N) e sul (S).
Se não houvesse erro linear, como iniciou-se o caminhamento em um ponto e retornou-se a ele, o trajeto percorrido
ou as projeções, têm o mesmo valor, mas em sentido contrário, ficando o comprimento de uma direção anulado pelo
comprimento da outra. Entretanto, devido aos erros nas medições de campo, isto não acontece; havendo erro de
fechamento, este será refletido pelas diferenças entre as direções E e W para as longitudes e entre N e S para as
latitudes.
O erro linear é proveniente das imprecisões de leituras da mira e também pelos erros nas leituras dos ângulos;
embora o erro angular já tenha sido anulado pela compensação, as distâncias ficarão afetadas, pois o erro de campo
ainda persiste e provoca distorção nos alinhamentos.

Para a determinação do erro linear, necessário será a transformação dos dados em coordenadas, trabalhando-se com
um sistema de eixo ortogonais. São as chamadas coordenadas retangulares ou cartezianas. E as mesmas serão úteis
também para o desenho da planta topográfica, bem como para o cálculo analítico da área da poligonal de base.
Os eixos coordenados são constituídos de um meridiano de referência que pode ser verdadeiro, magnético ou
assumido, chamado de eixo das ordenadas ou eixos dos “Y”, dando a direção N-S é um paralelo de referência, situado
perpendicularmente ao meridiano, dando a direção E-W e chamado de eixo das abscissas ou eixo dos “X”.
Ordenada de um ponto é a distância desse ponto ao paralelo de referência, medida portanto no sentido N-S no eixo dos
“Y”, podendo ser positiva quando na direção norte ou negativa na direção sul. Abscissa de um ponto é a distância desse
ponto ao meridiano de referência medida no sentido E-W, no eixo dos “X”, podendo ser positiva quando na direção este
ou negativa na direção oeste.
Em outras palavras, ordenada ou latitude de um ponto é a projeção do ponto no eixo dos “Y” e será positiva (N) ou
negativa (S); abscissa ou longitude será a projeção do ponto no eixo dos “X”, podendo ser E (+) ou W ( -).
a) Coordenadas parciais ou relativas
Convertendo-se os azimutes calculados compensados em rumos e tendo-se o seno e o cosseno do rumo de cada
alinhamento, o produto desses valores pela respectiva distância dará a projeção ( longitude ou latitude) de cada
alinhamento.

No triângulo formado, tem-se que : Sen rumo = cateto oposto / hipotenusa = longitude / distância, donde:
Longitude parcial = distância x sen rumo

Cos Rumo = cateto adjacente / hipotenusa = latitude / distância

onde:
Latitude parcial = distância x cos Rumo

Essas projeções são chamadas coordenadas parciais, porque são contadas à partir da origem do próprio alinhamento;
equivale a transportar a origem do sistema de eixos para cada vértice do polígono. Como as longitudes poderão ser E
(+) ou W (-) e as latitudes N (+) ou S (-), ao se multiplicar a distância do alinhamento pelo seno do rumo, tem-se a
longitude parcial, cujo valor será anotado ou na coluna E ou na coluna W, de acordo com o quadrante do rumo;
igualmente, o produto da distância pelo cosseno do rumo dará a latitude parcial, a ser lançada na coluna N ou na S,
dependendo também do quadrante do rumo.
Dando continuidade ao exemplo, a planilha será acrescida agora das colunas necessárias para o cálculo das
coordenadas parciais, incluídos os espaços reservados à compensação do erro linear.

Seno Cosseno Longitudes topográficas Latitudes topográficas


Estação P.V. DH
Rumo Rumo E O c N S c
0 1 54,39 0,6153 0,7853 33,67 0,01880 42,71 0,0322
1 2 50,07 0,0085 0,9999 0,43 0,000034 50,06 0,0377
2 3 84,63 0,9459 0,3245 80,05 0,0447 27,46 0,0207
3 0 80,49 0,5827 0,8127 46,90 0,0262 65,41 0,0493
Σ (perímetro) 269,49 80,57 80,48 92,77 92,92
Passo 1. Calcular as distâncias horizontais (DH)
DH = 100 x (Ls – Li) cos2 (90º - Zenital)
DH(0-1) = 100 x (1,544 – 1,000) cos2 (90º - 89º 19‟ 36”)
DH(0-1) = 54,39 m

DH(1-2) = 100 x (1,501 – 1,000) cos2 (90º - 88º 37‟ 48”)


DH(1-2) = 50,07 m

DH(2-3) = 100 x (1,848 – 1,000) cos2 (90º - 87º 25‟ 06”)


DH(2-3) = 84,54 m

DH(3-0) = 100 x (1,805 – 1,000) cos2 (90º - 89º 32‟ 18”)


DH(3-0) = 80,49 m

Passo 2. Calcular sen(Rumo) e cos(Rumo)

SenR(0-1) = sen(38º15‟02‟‟)
SenR(0-1) = 0,6191

SenR(1-2) = sen(00º 29‟ 17‟‟)


SenR(1-2) = 0,0085

SenR(2-3) = sen(71º 03‟ 54‟‟)


SenR(2-3) = 0,9459

SenR(3-0) = sen(35º 38‟ 26‟‟)


SenR(3-0) = 0,5827

cosR(0-1) = cos(38º15‟02‟‟)
cosR(0-1) = 0,7853

cosR(1-2) = cos(00º 29‟ 17‟‟)


cosR(1-2) = 0,9999

cosR(2-3) = cos(71º 03‟ 54‟‟)


cosR(2-3) = 0,3245

cosR(3-0) = cos(35º 38‟ 26‟‟)


cosR(3-0) = 0,8127

Passo 3. Calcular as longitudes e latitudes parciais

Longitudes

Long = DH x senR
Long (0-1) = 54,39 x 0,6191
Long (0-1) = 33,67 (E)

Long (1-2) = 50,07 x 0,0085


Long (1-2) = 0,43 (O)

Long (2-3) = 84,63 x 0,9459


Long (2-3) = 80,05 (O)

Long (3-0) = 80,49 x 0,5827


Long (2-3) = 46,90 (E)

Latitudes

Lat = DH x cosR
Lat (0-1) = 54,39 x 0,7853
Lat (0-1) = 42,71 (N)
Lat (1-2) = 50,07 x 0,9999
Lat (1-2) = 50,06 (N)

Lat (2-3) = 84,63 x 0,3245


Lat (2-3) = 27,46 (S)

Long (3-0) = 80,49 x 0, 8127


Long (2-3) = 65,41 (S)

Passo 4. Calcular variação de longitude (Δlong) e variação de latitude (Δlat)

Δlong = |Σlong (E) – Σlong (O)|


Δlong = |80,57 – 80,48|
Δlong = 0,09

Δlat = |lat (N) – Σlat (S)|


Δlat = |92,78 – 92,92|
Δlat = 0,14

Então, confrontando-se a soma das colunas das coordenadas parciais, tem-se:


Δlong = 0,09m = erro de longitude
Δlat = 0,14m = erro de latitude

Estes dois erros é que compõe o erro linear existente.

Passo 5. Determinação do erro linear (EL)

2 2
EL ( long lat
2 2
EL ( 0 , 09 0 ,14 )
EL 0,1664m

Entretanto, o valor encontrado para o erro linear (EL) por si só pouco representa; necessário será compará-lo com
outra grandeza, estabelecendo termos de proporcionalidade e esta grandeza é o perímetro (P) do polígono levantado,
denominado de erro linear de fechamento (elf).

Limite de tolerância do erro linear de fechamento

Da mesma forma que ocorre para o erro angular, existe o erro máximo permissível para as distâncias, com as
mesmas discrepância entre os diversos autores. Na prática, pode-se estabelecer os limites para o erro linear de
fechamento como sendo:

1/1.000 = índice de um bom trabalho e,


2/1.000 = índice de um trabalho aceitável.

Para levantamentos urbanos tolera-se erro linear de fechamento de até 1/5000


Assim, para cada 1.000m de perímetro, tolera-se um erro de 1 a 2 metros.

As mesmas restrições que foram feitas para o erro angular quanto ao julgamento de um trabalho, são válidas para o
erro linear de fechamento, já que ao determiná-lo apenas aparece o resíduo dos erros acidentais, excluídas, portanto as
compensações naturais que podem ter ocorrido no campo.
Assim, um trabalho cujo erro linear de fechamento esteve abaixo dos limites preconizados, indica que
provavelmente o levantamento foi bem feito, mas não garantidamente. Por outro lado, toda vez que ultrapassar os
referidos limites, garantidamente não foi um bom trabalho de campo.

EL
elf
P
Onde:
elf – erro linear de fechamento
EL –erro linear
P – perímetro

Costuma-se expressar o valor de e em termos de %, onde:

EL ( m )
elf ( m / m )
P (m )
0 ,1664
elf ( ‰ ) x 1000
269 , 49
elf 0 , 617

Como nosso efl foi de 0,617 m para cada 1000 (mil) metros lineares, estando assim o levantamento com boa
precisão, a correção do erro linear pode ser feita, não sendo necessária refazer a parte de campo do levantamento
planimétrico.

Passo 5. Correção do erro linear de fechamento (efl)

Proporcional às coordenadas:
Se na direção E-W foi encontrado um erro longitude, e na direção N-S um erro de latitude, a distribuição será feita
proporcionalmente em cada direção. Como o erro longitude foi encontrado no percurso Leste-oeste, esse erro
corresponderá ao total das colunas E e W; o mesmo ocorre para o erro latitude em relação à soma N e S. Então, para
cada coordenada faz-se a distribuição proporcionalmente ao comprimento da mesma. Como a soma das colunas E e W
deveriam ser iguais, o mesmo acontecendo para as colunas, duas a duas.
Isto equivale a repartir o erro de longitude entre E e W e o erro de latitude entre N e S, somando-se metade do erro à
coluna de menor soma e subtraindo-se a outra metade da coluna de maior soma. Para cada coordenada haveria uma
correção (c) a ser adicionada ou subtraída e proporcional ao seu comprimento.

Determinação do fator de correção (fc)

Inicialmente iremos determinar o fator de correção para as longitudes

long
fc
long ( E ) long ( O )

0 , 09
fc
80 ,57 80 , 48

fc 0 , 005588

Assim, todas as longitudes serão multiplicadas pelo fator de correção, obtendo-se o valor pelo qual cada longitude
deverá ser corrigida.
Correção para as longitudes

Long (0-1) = long(0-1) x fc


Long (0-1) = 33,67 x 0,005588
Long (0-1) = 0,0188

Long (1-2) = long(1-2) x fc


Long (1-2) = 0,43 x 0,005588
Long (1-2) = 0,000240

Long (2-3) = long(2-3) x fc


Long (2-3) = 80,05 x 0,005588
Long (2-3) = 0,0447

Long (3-0) = long(3-0) x fc


Long (3-0) = 46,90 x 0,005588
Long (1-2) = 0,0262
Agora iremos determinar o fator de correção para as latitudes

lat
fc
lat ( N ) lat ( S )

0 ,14
fc
92 , 78 92 ,92

fc 0 , 0007539

Assim,

Lat (0-1) = lat (0-1) x fc


Lat (0-1) = 42,71 x 0,0007539
Lat (0-1) = 0,0322

Lat (1-2) = lat (1-2) x fc


Lat (1-2) = 50,07 x 0,0007539
Lat (1-2) = 0,0377

Lat (2-3) = lat (2-3) x fc


Lat (2-3) = 27,43 x 0,0007539
Lat (2-3) = 0,0207

Lat (3-0) = lat (3-0) x fc


Lat (3-0) = 65,41 x 0,0007539
Lat (3-0) = 0,0493

E assim seriam feitas as correções para todos os alinhamentos.


Na prática a compensação é facilitada, organizando-se tabelas de correções para as longitudes e para as latitudes,
fazendo-se aproximações dos centímetros a serem compensados, bem como dos comprimentos das coordenadas.
Como a soma das compensações efetuadas nas longitudes (E e W) deverá ser igual ao erro de longitude (Δlong), pode
ocorrer que devido à essas aproximações não se obtenha exatamente o valor do erro a ser distribuído; poderá haver uma
pequena diferença e então faz-se um ajuste, eliminando-se essa diferença por falta ou por excesso, no alinhamento de
coordenada de maior comprimento.

Inicialmente iremos fazer as correções para as projeções de longitudes (longc)

Após serem determinadas as correções para cada longitude, somando-se ou diminuindo-se essas correções de suas a
suas respectivas projeções. Para tal, devem-se em qual direção foi observada maior longitude. No exemplo citado,
verifica-se que o maior valor foi obtido para longitude (E=80,57), assim, os valores encontrados serão subtraídos de
suas correções, enquanto na menor longitude (O=80,48) os valores de correção serão somadas as longitudes obtidas.
Segue abaixo o desenvolvimento dos cálculos.

Longc (0-1) = long(0-1) ± c


Longc (0-1) = 33,67 – 0,0188
Longc (0-1) = 33,65

Longc (1-2) = long(1-2) ± c


Longc (1-2) = 0,43 + 0,000240
Longc (1-2) = 0,43

Longc (2-3) = long(2-3) ± c


Longc (2-3) = 80,05 + 0,0447
Longc (2-3) = 80,09

Longc (3-0) = long(3-0) ± fc


Longc (3-0) = 46,90 – 0,0262
Longc (3-0) = 46,87

Agora iremos fazer as correções para as projeções de latitudes (latc)


Após serem determinadas as correções para cada latitude, somando-se ou diminuindo-se essas correções de suas a
suas respectivas projeções. Para tal, devem-se em qual direção foi observada maior latitude. No exemplo citado,
verifica-se que o maior valor foi obtido para latitude (S=92,92), assim, os valores encontrados serão subtraídos de suas
correções, enquanto na menor latitude (N=92,78) os valores de correção serão somadas as latitudes obtidas. Segue
abaixo o desenvolvimento dos cálculos.

Latc (0-1) = lat(0-1) ± c


Latc (0-1) = 42,71 + 0,0322
Latc (0-1) = 42,74

Latc (1-2) = lat(1-2) ± c


Latc (1-2) = 50,06 + 0,377
Latc (1-2) = 50,09

Latc (2-3) = lat(2-3) ± c


Latc (2-3) = 27,46 – 0,0207
Latc (2-3) = 27,44

Latc (3-0) = lat(3-0) ± fc


Latc (3-0) = 65,41 – 0,0493
Latc (3-0) = 65,36

Seno Cosseno Longitudes topográficas Latitudes topográficas


Estação P.V. DH
Rumo Rumo E O c N S c
0 1 54,39 0,6153 0,7853 33,67 0,01880 42,71 0,0322
1 2 50,07 0,0085 0,9999 0,43 0,000034 50,06 0,0377
2 3 84,63 0,9459 0,3245 80,05 0,0447 27,46 0,0207
3 0 80,49 0,5827 0,8127 46,90 0,0262 65,40 0,0493
Σ (perímetro) 269,49 80,57 80,48 92,77 92,92

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