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Elizabeth Constanti(2)*
Francisco Hashimoto(3)*
RESUMO
ABSTRACT
This work has as its main objective to understand the psychic suffering undergone by
individuals when carrying out managerial activities in enterprise organizations, focusing
on subjective aspects in their working relations. A Psychodynamic of Work approach
was adopted as theoretical reference. Data were collected at two agrobusiness
companies located inland of São Paulo State, with managers and subordinates in several
areas of activities. Semi-directed psychological interviews were used and the analysis of
the data were carried out aiming at an understanding of how managers and subordinates
build up the notion of leadership. Taking into consideration socio-cultural aspects we
consider the repercussions of this leadership notion in the psychic suffering resulting
from the working organization.
1)*Mestrando em Psicologia pela Faculdade de Ciências e Letras – UNESP – Assis
Temos assim uma situação paradoxal, ou seja, o trabalho aponta uma das
possibilidades de conseguir a felicidade, mas, ao mesmo tempo, pode gerar sofrimento e
infelicidade. Freud considera que, na relação com o mundo, entre o sofrimento e o
prazer, pode ocorrer a felicidade. Já a infelicidade, pode emergir de três direções:
Para que ocorra a sublimação, é necessário que haja a conciliação entre a história
singular de cada sujeito e a realidade de trabalho. É a articulação bem procedida entre
estes três fatores – a escolha da profissão, o encontro com o trabalho (organização do
trabalho) e o reconhecimento de seus pares – que produzirá a ressonância simbólica.
Às vezes, em sua luta contra o sofrimento, o sujeito chega a elaborar soluções
originais que, como mostraremos, são em geral favoráveis simultaneamente à produção
e à saúde: caracterizaremos, então, esse sofrimento denominando-o sofrimento criativo.
Ao contrário, nessa luta contra o sofrimento, o sujeito chega a soluções desfavoráveis
também à sua saúde. O sofrimento será, então, qualificado como sofrimento patogênico.
(DEJOURS, 1992, p.150).
O autor relaciona bem estar físico à condição de regulação das variações que
ocorrem no organismo, a partir de seu estado ou necessidade que emerge do corpo. Já o
bem estar psíquico está ligado à abertura que é deixada para o desejo de cada um na
organização de sua vida. E, finalmente, o bem estar social está na possibilidade de
atuação do indivíduo, tanto no seu processo singular como no coletivo, considerando a
organização do trabalho. “Saúde é antes de tudo uma sucessão de compromissos com a
realidade, se reconquistam, se redefinem, o que se perde e o que se ganha. Isso é
saúde!” (DEJOURS, 1986, p.11).
MÉTODO
RESULTADOS
Para buscar essa compreensão foi necessário resgatar dados da fase inicial de
suas vidas, sua origem, para relacionar com as suas escolhas atuais e futuras.
Na empresa A, a maioria dos sujeitos pertence à zona rural e isto mostra o tipo
da organização escolhida para desenvolver suas atividades de trabalho:
Esse sentimento presente na vida dos sujeitos mostra uma relação direta do
trabalho dos pais. A maioria iniciou sua atividade profissional com o pai. O trabalho na
empresa de agronegócios representa, então, uma possibilidade de ascensão e busca de
uma vida melhor.
É, a gente espelha nos pais, nos irmão mais velho né, tudo
trabaiava, gostava de mexer co sítio, gosto até hoje... eu
to... aqui não dá tempo né. Tô mais aqui na, na usina
mesmo.( Jorge )
Para a empresa A:
E na Empresa B:
No entanto, Dejours (1992) considera que, além das duas condições já citadas –
a escolha da profissão e o encontro do sujeito com o trabalho –, existe ainda uma outra
para o estabelecimento da ressonância simbólica: o reconhecimento dos pares. Esse
reconhecimento é fruto de uma espécie de julgamento por seus parceiros.
Já na empresa B:
Empresa A:
Já na empresa B:
Empresa A:
Empresa B:
Ao colocar como tarefa do líder conhecer bem a atividade que exerce e dedicar o
seu horário para o trabalho, inclusive o horário de lazer, ele busca obter o
reconhecimento. Esse reconhecimento passa também pela necessidade de
reconhecimento de seu desejo.
Assim, cada líder tentará prender os outros na rede de seus próprios desejos,
manifestando os seus reais interesses e os fantasmas de onipotência.
Empresa A:
Empresa B:
organização. Sem essa possibilidade, a liderança deixa de ser considerada, pois não
existiriam os seus subordinados. Há necessidade de manter seu posto.
Empresa A:
Empresa B:
Discussão
Um dos aspectos que a empresa preserva, apesar de não ser de uma forma
sistematizada, é o espaço da palavra. O espaço que abre a condição de poder
compartilhar as dificuldades e propor sugestões, e isso é condição primordial para a
manutenção do equilíbrio e da saúde mental. Ele constitui-se em uma possibilidade de
ocorrer o processo de reconhecimento e filiação. Espaço necessário para a
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... não esqueçamos, que como escrevia A . Schoutzler “a alma é uma terra
estrangeira/estranha” e que, pois, apesar de numerosas armadilhas semeadas
pelas estruturas estratégicas, levantar-se-ão sempre indivíduos que,
conscientes de sua estranheza, do aspecto labirintico de sua alma, preferirão
as alegrias (e as angústias) que expressam o fato de serem sujeitos pensantes
e falantes, ao invés desses “balões” um pouco já murchos que lhes revelam as
estruturas estratégicas. (ENRIQUEZ, 2000, p.38).
REFERÊNCIAS
PELLEGRINO, H. Pacto Edípico e Pacto Social. In: PY, L. A. et al. Grupo sobre
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grupos. Rio de Janeiro: Rocco, 1987.