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PEÇA PROCESSUAL
Proc. nº 648/98.
Não.
Chega-lhe, também, lá no fundo de sua inabalável fé – se fé não tivesse, aqui não
estaria -, a expectativa de realizar-se o direito em seu favor.
Porque, ademais de, como visto, a provisoriedade de seu encarceramento ter-se
material e temporalmente diluído, circunstância a exigir sua imediata retirada da Casa de Custódia
e Tratamento de Taubaté, não se pode demitir do processo de interdição seu principal e único
objetivo – neste caso já quase olvidado -, que é o de resguardar os interesses do interditando.
Afiançaram esta versão os mestres de hoje e os de ontem.
No ontem, ensinavam entre os doutos:
“A ação e sentença de interdição têm por fito organizar a defesa do incapaz e assegurar a eficácia
‘erga omnes’” (Pontes de Miranda, in “Comentários ao Código de Processo Civil (de 1.939)” III – 2/
283 e 284 – grifos dele).
Por tão eloqüente razão, é que o acórdão manda, nem poderia outra ser sua
diretriz, manda que toda a intervenção do mui Digno Juízo de dê “sempre com o intuito de protegê-
lo” : inexiste alternativa, nesta questão de protegê-lo senão a de tutelar seu interesse legítimo,
legal, jurídico e vivencial de retira-lo da Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté, espaço de
contenção patentemente incompatível com sua condição de interditando que nada deve à Justiça
Penal.
Sob este prisma protetivo, inviabiliza-se, até mesmo, de plano e principalmente, a
justificação sentencial do encarceramento provisório do requerente – “resguardar não só a
tranqüilidade social, mas também a pessoa do interditando” -, à medida que tal expediente
repressor, por sua franca desarmonia com a lei posta e dado o longo tempo decorrido, desfigura-se
num estro de inidoneidade jurídica, consoante se depreende da advertência isenta do juspublicista
Eberhard Schmidt:
“Una acción es correcta jurídicamente cuando constituye un medio proporcionado, correcto,
irreprochable para la consecución de un fin recto. A la inversa, ninguna acción, ni siquiera del
legislador, puede ser correcta jurídicamente si se propone conseguir un fin correcto con medios
desproporcionados o incorrectos” (“La Ley y los Jueces – Valores Positivos y Negativos del
Positivismo”, artigo inserto na coletânea “Derecho Injusto y Derecho Nulo”, pgs. 57 e 58).
Por incrível que pareça – e não é incrível, por estar acontecendo -, a atual situação
em que lançaram o requerente, para além de não estar a protegê-lo, está, em autêntica inversão à
imagem e ao sentido que o processo interditório dedica à pessoa do interditando, está a prejudicá-
lo asperamente, posto o desmedido encarceramento a que o submetem.
Aliás, encarcerado com frieza, é de ver-se que este encarceramento provisório na
Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté, pela forma como o concebeu a sentença, nunca
findará, porque seu término está subordinado a uma exigência imprevisivelmente inviável.
Formule-se com clareza a tese:
Tendo a decisão fixado que o encarceramento provisório deve subsistir até efetuar-
se a remoção para hospital psiquiátrico fechado, ela, nesta parte, caracteriza-se como sentença
condicional: “aquela cuja eficácia depende de evento futuro e incerto determinado na própria
sentença” (Carnelutti).
Dizendo-se a mesma coisa por intermédio de uma frase que melhor exprima a
condição, assim pode ser entendida a sentença: o direito à desinternação do requerente da Casa
de Custódia e Tratamento de Taubaté está sujeito à condição de encontrar-se um hospital
psiquiátrico fechado que o receba.
Trata-se, então, de uma desinternação dependente de uma condição suspensiva,
ou seja, o direito à desinternação somente surgirá, se a vaga hospitalar fechada surgir, porquanto
“o direito condicional não se adquire enquanto a condição estiver pendente”, de vez que “o titular
do direito condicional não possui, por outras palavras, direito atual” (Orlando Gomes, in “Introdução
ao Direito Civil”, pg. 408), acenando-se-lhe apenas uma ‘expectativa de direito’.
Entretanto, dado que a condição suspensiva estabelecida na sentença, em face da
negativa generalizada do universo hospitalar fechado em acolher o requerente, jamais será
implementada, conclui-se que a sentença estabeleceu uma condição tipicamente ilegal: seja
porque a condição estabelecida apresenta-se materialmente impossível, mesmo que esta
impossibilidade tenha sobrevindo após a constituição do ato (a sentença), espécie condicional
ilícita, segundo o art. 116 do Código Civil; seja porque, e quando menos, a condição estabelecida
priva de todo efeito o ato (sentença), espécie condicional defesa por lei, consoante o art. 115,
segunda parte, do Código Civil.
Destarte, por suas falhas intrínsecas, esta condição, como requisito prévio ao
desencarceramento da Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté, não pode sobreviver, tendo-se
ela por não escrita ou inexistente, a culminar em que, sem a condição aposta, o
desencarceramento do requerente deve ser imediato.
Sob outro patamar, descobre-se que tanto tempo de encarceramento passou que o
Decreto nº 24.559/34, embasante da obrigatoriedade da internação do requerente em hospital
fechado (art. 10), foi, em boa hora e após muitas batalhas, revogado pelo diploma superveniente, a
lei nº 10.216, de 6 de abril de 2.001.
Acerca desta troca de leis, que, mais que mera mudança legislativa, reverteu
completamente o pólo de atuação do internamento psiquiátrico, para, ao invés de, conforme a
antiga lei, privilegiar o caráter opressivo e repressivo da internação, com a nova lei, resguardar em
toda a sua plenitude os direitos invioláveis do interno, ouça-se o discurso de especialistas, para
bem compreender a gênese e o espírito da reforma recentemente empreendida.
Em 1.991, repudiando o Decreto nº 24.559/34, escrevia o Conselheiro Tarcísio de Almeida
Pimentel, do Conselho Federal de Medicina, ao exarar parecer sobre o primitivo projeto de lei que,
alquebrado por andanças diversas e enfeitado por danças, redundou na lei nº 10.216/01:
“A legislação Psiquiátrica Brasileira em vigor data de 1934, quando foi editada através do Decreto
nº 24559, que dispõe sobre a assistência e proteção à pessoa e aos bens de psicopatas.”
”Esta é uma legislação antiquada, e se assemelha à legislação congênere da Europa do
século passado, que era centrado no isolamento e segregação dos doentes mentais e instituições
fechadas – os manicômios.”
“Referido Decreto veio somente referendar seqüestro de doentes mentais ou ‘suspeitos’ de
doença mental e conseqüentemente, a cessão de seus direitos civis submetendo-os a tutela do
Estado.”
”Comparando-se a situação brasileira a de países como EUA, Canadá e vários países
europeus, podemos dizer que a presença dessa legislação nos dias de hoje torna-se ainda mais
violenta e fere os direitos individuais do doente mental.”
“......”
“O Projeto de Lei nº 3.657/89, ora em tramitação no Senado federal, que dispõe da extinção
progressiva dos manicômios e sua substituição por outros recursos assistenciais, e regulamenta a
internação psiquiátrica compulsória, em sendo aprovado vem a recuperar o tempo perdido pelas
políticas de Saúde Mental atrasadas, ineficazes e repressoras, colocando nosso país no compasso
da modernidade institucional requerida nesta década final do século XX. Além disso, resgata os
direitos civis, sociais e políticos de seus concidadãos excluídos da vida social pelo aparato
repressivo constituído pelos manicômios, que são condenados há décadas pela experiência
acumulada nas áreas técnicas e humanísticas” (Processo Consulta nº 201/91 – CFM (14/91) –
parecer aprovado em sessão plenária de 14/06/91).
Por sua vez, em vigoroso comentário aos avanços da nova lei, assim manifestou-se o Dr. Pedro
Gabriel Godinho Delgado, psiquiatra, professor da UFRJ, e coordenador de Saúde Mental do
Ministério da Saúde:
“A lei 10.216 está no oposto diametral de sua antecessora de triste memória, o decreto 24.559, de
3 de julho de 1934. Nascido num período sombrio, o ambiente de ovo da serpente que antecedeu
a ditadura de 1937, o velho decreto que ainda nos regia, ancorava-se na defesa social e na
concepção da negatividade absoluta da experiência da loucura. Longo, pleno de minúcias que
buscavam antecipar todo o imprevisto da conduta humana, sinuoso, sombrio, tornava o psiquiatra
o funcionário privilegiado de um Estado tutelar e repressor. O louco – perigoso e incapaz – deveria
ser protegido nos espaços de confinamento chancelados pela ciência, e o psiquiatra era destituído
de seu mandato terapêutico, erigido em guardião dosossego e da ordem. Claro que a norma legal
de 1934 tinha eficácia esporádica e poucos psiquiatras de fato a conhecem. Mas sua derrogação
pela lei da reforma psiquiátrica é o símbolo de um novo momento. A lei 10.216 articula
eloqüentemente a nobreza da tarefa do tratamento com os direitos do paciente. Ela completa a
agenda da redemocratização, ao colocar no centro da política pública de saúde mental a liberdade
e os direitos.”
“.......”
“A lei 10.216 tem vários outros dispositivos, todos na direção dos direitos do paciente, da
autonomia e centralidade do cuidado, do atendimento comunitário e extra-hospitalar, da
reintegração social dos pacientes há longos anos segregados em instituições asilares. É um
momento importante na história da psiquiatria brasileira, ...” (“Democratização do Atendimento” –
artigo by Internet).
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Nestes Termos,
Pede Deferimento.
MANDADO DE SEGURANÇA
Autos nº 871/02
Impetrante: COPA COMERCIAL PARAGUAÇUENSE DE AUTOMÓVEIS LTDA.
Impetrado: CHEFE DO POSTO FISCAL DE PARAGUAÇU PAULISTA
Termos em que,
P. Deferimento.
RAZÕES DA APELAÇÃO
EGRÉGIO TRIBUNAL
COLENDA CÂMARA
Tal decisão de Primeiro Grau deve ser reformada pelas seguintes razões.
PRELIMINARMENTE.
Conforme se verifica do teor de fls. 452/518, a apelada, em julho de 1998, impetrou mandado de
segurança – o qual ainda não foi definitivamente apreciado, posto estar pendente ainda de decisão
recurso especial apresentado por ela – que versa sobre o mesmo objeto do presente processo.
O processo precedente foi extinto com fundamento no art. 267, inciso VI, do Código de Processo
Civil pela r. sentença de Primeiro Grau que reconheceu a carência do writ (fls. 507/512). Esse E.
Tribunal de Justiça, por sua 7ª Câmara de Direito Público de Férias “Julho/2001”, manteve a r.
decisão a quo, tendo asseverado o preclaro Desembargador Relator WALTER SWENSSON:
“Verifica-se, que o impetrante, busca através deste mandado de segurança denominado
preventivo, utilizá-lo como instrumento normativo, para regular condutas futuras e
incertas.
A segurança foi impetrada contra atos normativos em tese, visando obter efeitos
patrimoniais pretéritos, o que não se admite.
A autoridade apontada como coatora não praticou nenhum ato e nem é competente
para apreciar pedidos de restituição.
Como ensina o Prof. Hely Lopes Meirelles: “O mandado de segurança admite decisão
repressiva e preventiva (art. 1º). É repressiva quando visa corrigir ilegalidade já
consumada; é preventiva quando se destina a impedir o cometimento de ilegalidade
iminente. Em ambos os casos são necessárias as indicações do objeto e a comprovação
da iminência da lesão a direito subjetivo do impetrante. Não basta a invocação
genérica de uma remota possibilidade de ofensa a direito para autorizar a segurança
preventiva; exige-se prova da existência de atos ou situações atuais que evidenciam a
ameaça temida.
“Não se confunda, segurança preventiva com segurança normativa. O nosso sistema
judiciário admite aquela e rejeita esta.
“Segurança preventiva é a que se concede para impedir a consumação de uma ameaça
a direito individual em determinado caso; segurança normativa seria a que se
estabelecesse regra geral de conduta para casos futuros, indeterminados. A Justiça
Comum não dispõe do poder de fixar normas de conduta, nem lhe é permitido estender
a casos futuros a decisão proferida no caso presente, ainda que ocorra a mesma razão
de decidir em ambas as hipóteses. Embora se reitere a ilegalidade em casos idênticos,
haverá sempre necessidade de uma decisão para cada caso, sem que os efeitos da
sentença anterior se convertam em regra para as situações futuras” – Mandado de
Segurança e Ação Popular, 17ª edição, págs. 68 e 69 – Editora Malheiros.
Por outro lado, próprias da norma legal são a impessoalidade e a generalidade, além,
da abstração. Bem por isso, cristalizou-se, na jurisprudência, o entendimento, definido
na Súmula nº 266 do Pretório Excelso, o não cabimento de mandado de segurança
para atacar lei em tese ou suscitar provimento de efeito normativo.
O mandado de segurança não se constitui no meio apto para alcançar o fim almejado.
Nenhum reparo há que ser feito na r. sentença.” (AC nº 135.362.5/0).
Tenda em vista que nos dois mandados de segurança as partes são as mesmas,
o pedido é o mesmo e a causa de pedir é a mesma (inconstitucionalidade, ante o disposto no art.
150, § 7º, da Constituição Federal de 1988, das disposições da legislação paulista que tratam da
restituição, no regime da substituição tributária, de ICMS nas hipóteses de realização de operação
de circulação de mercadoria por valor inferior àquele utilizado como base de cálculo para fazer a
retenção do imposto), fica patente a caracterização de litispendência. Irrelevante o fato de ter sido
o primitivo processo extinto com base no art. 267, inciso VI, do Código de Processo Civil, já que
ainda não ocorreu o trânsito em julgado da decisão em virtude da interposição de recurso especial
pela impetrante, cujo processamento já foi deferido por esse E. Tribunal como se infere dos
inclusos documentos, não sendo incabível cogitar-se da possibilidade do conhecimento do apelo
extraordinário com prolação de decisório que delibere sobre o mérito da causa.
Ademais, consoante prelecionam NELSON NERY JUNIOR e ROSA MARIA
ANDRADE NERY, “Como a sentença de extinção do processo sem julgamento do mérito (CPC
267) não faz coisa julgada material, a lide objeto daquele processo não foi julgada, razão pela qual
pode ser reproposta a ação. A repropositura não é admitida de forma automática, devendo
implementar-se o requisito faltante que ocasionou a extinção do processo. Por exemplo: processo
extinto por ilegitimidade de parte, somente admite repropositura, se sobrevier circunstância que
implemente essa condição da ação faltante no processo anterior. Do contrário, a repropositura pura
e simples, sem essa observância, acarretaria nova extinção do processo sem julgamento do mérito
por falta de interesse processual (CPC 267 VI).” (“Código de Processo Civil Comentado”, Editora
Revista dos Tribunais, 2ª edição, p. 681, nota 1 ao art. 268).
Assim sendo, considerando que a impetrante não sanou a irregularidade que
inviabilizou a apreciação do mérito no primeiro processo, irregularidade essa consistente na
impetração de segurança para atacar lei em tese que objetiva provimento de efeitos normativo, e
patrimonial em relação a período pretérito, impõe-se, aqui também, a extinção do feito sem
julgamento do mérito. Nem poderia ser diferente, sob pena de afronta às decisões judiciais:
imagine-se não se exigir do autor o implemento do requisito faltante para a repropositura de uma
ação; isso seria realmente dar guarida à instabilidade jurídica e à litigância desleal na medida em
que se propiciaria ao demandante a reiterada distribuição da mesma ação até que finalmente ela
fosse apreciada pelo mérito por um órgão jurisdicional, que, adotando entendimento diferente,
concluísse estarem presentes todas as condições de admissibilidade para a promoção do
julgamento com a resolução da lide apresentada.
Data venia, o Judiciário tem que fazer respeitar suas decisões, sendo certo
que, tendo sido anteriormente extinto um processo por ter se entendido que a impetração era
inadequada ao fim almejado, não se deve admitir a renovação da impetração sem a correção do
vício, anteriormente reconhecido, que inviabilizou a apreciação do mérito.
De outra parte, o mandado de segurança foi impetrado contra lei em tese, visto
que inexiste, in casu, ato concreto que possa pôr em risco o suposto direito da apelada.
Com efeito, não houve denegação de pedido administrativo de restituição, ou
recusa de aposição de visto em nota fiscal de ressarcimento, submetida à apreciação do Fisco, de
pretensos valores de ICMS recolhidos em excesso; sequer foram formulados requerimentos dessa
natureza.
Percebe-se, claramente, que os “atos” impugnados neste mandado de
segurança são os preceitos jurídicos constantes da legislação tributária paulista no que concerne à
regulamentação da restituição de ICMS no regime da substituição tributária.
Tais normas jurídicas estaduais, tachadas de inconstitucionais pela recorrida,
disciplinam as hipóteses e as modalidades de restituição de ICMS no sistema de substituição
tributária; porém, essas regras não foram ainda concretizadas, por qualquer autoridade fiscal,
diante dela, exatamente porque até o momento não houve a formulação de pedido administrativo
de restituição, tampouco a solicitação de aposição de visto em nota fiscal de ressarcimento,
conforme exige o art. 270 do RICMS (Decreto 45.490/00), na esteira do disposto no § 1º do art. 66-
B da Lei Estadual 6.374/89 e no § 1º do art. 10 da Lei Complementar Nacional 87/96.
Registre-se, ainda, que a autoridade apontada como coatora sequer tem
competência para apreciar requerimentos dessa espécie, o que induz a sua patente ilegitimidade
para responder à presente impetração.
Não se evidenciou, neste processo, a suposta ameaça a alegado direito da
apelada, já que sequer há indício de que o Fisco não deferiria pedido de restituição, ou recusaria
apor visto em nota fiscal de ressarcimento, de valores de ICMS, comprovadamente recolhidos em
excesso conforme dispõe o art. 66-B, inciso II, da Lei Paulista 6.374/89.
O objeto próprio do mandado de segurança é a invalidação de atos de
autoridades ofensivos de direito individual líquido e certo, o que inexiste na hipótese vertente.
O intento da apelada é outro, e não, como seria de rigor sob pena de carência
da ação especial, a sincera impugnação de efetiva e ilegal ameaça a direito líquido e certo de que
seria titular. Objetiva, na verdade, obter uma decisão judicial que lhe propicie a transferência de
‘créditos’ de ICMS inexistentes, em repreensível abuso - que causa danos ao Erário Público de
impossível ou difícil e incerta reparação, posteriormente – na utilização da segurança concedida.
Não bastasse, de se observar ainda que, no tocante aos meses de junho de 1997 para trás, já
ocorreu a decadência do pretenso direito à restituição, nos termos do disposto nos arts. 168 do
Código Tributário Nacional e 23, parágrafo único, da Lei Complementar 87/96; o prazo
decadencial é de cinco anos.
Verifique-se, ainda, que o art. 1º do Decreto nº 20.910, de 06 de janeiro de 1932, estatui que “As
dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou
ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em
5 (cinco) anos, contados da data do ato ou fato do qual se originaram.”
Por fim, a título de preliminar ainda, cabe ressaltar a absoluta ausência de certeza e liquidez a
ensejar a utilização da especial via do mandamus. Os fatos alegados – existência de recolhimentos
excessivos de ICMS – não foram comprovados neste feito; aliás, sequer se indicou, especificou,
como seria de rigor, os valores que se quer a restituição. A demonstração inequívoca da
legitimidade do montante que se pretende transferir à substituta tributária é imprescindível.
Neste processo, a impetrante ao menos se deu ao trabalho de anexar à inicial cópia de toda
documentação fiscal concernente ao período em relação ao qual pretende promover o creditamento
de ICMS e a imediata transferência de seu montante à montadora substituta.
Além disso, cumpre trazer à baila, mais uma vez, as ponderações feitas pela autoridade impetrada
nas informações que prestou ao juízo:
“Em qualquer deles deve haver prova da venda por preço inferior. As notas fiscais,
apesar de documento hábil para comprovar as operações mercantis, não se prestam,
por si só, como prova de que a venda foi por preço inferior. É possível(e quase rotina)
a emissão da nota fiscal por preço inferior ao preço da venda (os chamados
subfaturamentos).
Uma coisa, portanto, é vender o produto por preço inferior e outra, completamente
diferente, é emitir a nota por preço inferior. A simples posse da nota de venda não pode
ser admitida como inequívoca prova de venda por preço inferior, do mesmo modo que
a mera alegação de subfaturamento não pode ser tomada como prova do
subfaturamento.
Isto significa que ninguém, diante da singela apresentação das notas de compra e de
venda do veículo, estará habilitado a dizer se se trata de subfaturamento ou de efetiva
venda por preço inferior. Tal aferição somente é possível mediante verificações
complementares que estão a cargo da Fiscalização estadual. Se a Fiscalização
desconfia que houve subfaturamento, que diligencie e prove que de fato houve. Se o
contribuinte diz que vendeu por preço inferior, à Fazenda Pública, do mesmo que na
hipótese anterior, está reservado dever/poder de diligenciar e provar se assim o foi ou
não.
Uma vez que a emissão das notas fiscais é ato unilateral do contribuinte e que não
envolve nenhuma participação da Fazenda, faltando aquelas verificações teremos
apenas e tão somente mera alegação unilateral de venda por preço inferior, o que é
muito pouco para reconhecer um direito oponível ao Estado.”
MÉRITO.
Inicialmente, de se afirmar que só há direito constitucional, nos termos do art.
150, § 7º, da Carta Magna, à imediata e preferencial restituição de valor de ICMS pago por força
da substituição tributária, quando o fato gerador não ocorre, inexistindo-o na excepcional
hipótese de realização de operação de circulação de mercadoria por valor inferior àquele tomado
como base de cálculo para o recolhimento antecipado do tributo. O entendimento da Suprema
Corte, quanto à interpretação da aludida norma constitucional (art. 150, § 7º), já foi exarado por
seu Plenário quando do julgamento da ADI 1.851, nos seguintes termos:
“Art. 6º ...
§ 3º - A lei estadual poderá atribuir a condição de responsável:
a) ao industrial, comerciante ou outra categoria dse contribuinte, quanto ao
imposto devido na operação ou operações anteriores promovidas com a
mercadoria ou seus insumos;
b) ao produtor industrial ou comerciante atacadista, quanto ao imposto
devido pelo comerciante varejista;
c) ao produtor ou industrial, quanto ao imposto devido pelo comerciante
atacadista e pelo comerciante varejista;
d) aos transportadores, depositários e demais encarregados da guarda ou
comercialização de mercadorias.
§ 4º - Caso o responsável e o contribuinte substituído estejam estabelecidos em Estados
diversos, a substituição dependerá de convênio entre os Estados interessados.”
Ora, mesmo que se entenda que a norma do art. 150, § 7º, da Constituição Federal ampare a
imediata e preferencial restituição nas hipóteses de realização de fato gerador por valor inferior
àquele utilizado como base de cálculo para a retenção do tributo, o que se admite apenas para
argumentar diante do resultado do julgamento da ADI nº 1.851 pelo Plenário do C. Supremo
Tribunal Federal, não se vislumbra nenhuma inconstitucionalidade nas normas estaduais que
regulam a espécie, as quais estão em absoluta conformidade com a norma do art. 10 da Lei
Complementar nº 87/96. Restituição imediata não significa, com efeito, devolução sem a prévia
verificação, pelo Fisco, da legitimidade dos créditos pretendidos, mas sim que ela não se sujeitará
à regra geral de cobrança de quantia certa contra o Poder Público, qual seja, expedição de
precatório.
Importante anotar que a Lei Estadual, vez que admite o creditamento, na escrita fiscal, sem o
prévio exame pelo Fisco, é mais liberal que a LC 87/96, a qual somente autoriza tal creditamento
caso não se aprecie o pedido administrativo no prazo de noventa dias.
Em relação à modalidade da emissão de nota fiscal de transferência dos créditos de ICMS ao
substituto tributário, modalidade esta criada pelo próprio Decreto Estadual, dada a sua elevada
potencialidade de propiciar fraudes e, por conseguinte, danos ao Erário Público, de fato, somente é
autorizada mediante a aposição de visto do Fisco no documento fiscal de ressarcimento. Portanto,
assim como na formulação de pedido de restituição, sujeita-se à indispensável e prévia análise da
Administração Pública Tributária.
Resta claro, nessa conformidade, que inexiste o direito invocado pela apelada
neste mandado de segurança.
Correção Monetária.
Totalmente incabível a pretensão de atualização monetária de eventuais
créditos de ICMS da recorrida, pois os próprios créditos tributários da Fazenda do Estado de São
Paulo não vêm sendo corrigidos monetariamente, conforme estatuído na Lei nº 10.175/98.
Requer, assim, caso seja mantida a concessão da ordem, ad argumentandum
tantum, seja excluída a autorização de atualização monetária dos valores de ICMS que se pretende
aproveitar e transferir à substituta.
Juros.
Também não procede, o pedido de incidência de juros sobre supostos créditos
de ICMS.
Primeiro, porque não existe previsão legal para tal acréscimo.
Segundo, porquanto o Estado jamais esteve em mora para com a apelada, que
não formulou pedido administrativo de restituição. Não havendo mora da Fazenda Pública, mas
sim da própria contribuinte que não foi diligente na via administrativa, na qual sequer pleiteou a
concessão de seu conjeturado direito de ressarcimento, aguardando anos para impetrar um novo
mandado de segurança e tentar obter um novo “cheque em branco”, não há qualquer fundamento
jurídico para se incluir juros em eventuais valores passíveis de restituição.
Terceiro, porque o próprio Código Tributário Nacional, quando trata da
restituição do indébito, estabelece que a incidência de juros somente se dá a partir do trânsito em
julgado de decisão definitiva que determinar a sua devolução (art. 167, parágrafo único).
Requer, pois, caso seja mantida a concessão da segurança, o que se admite
apenas para argumentar, seja excluída a autorização de incidência de juros sobre os valores de
ICMS que se pretende aproveitar e transferir à substituta.
Requerimento.
Termos em que,
P. Deferimento.
Ação de Indenização
Autos nº 2002.61.22.000029-1
O ESTADO DE SÃO PAULO, por seu Procurador que esta subscreve, nos
autos da ação de indenização proposta por HÉLIO MINUTI, vem, respeitosamente, à presença
de V. Exa. apresentar sua CONTESTAÇÃO, expondo e requerendo o quanto segue:
Hélio Minuti ajuizou ação de indenização por danos materiais e morais em face da UNIÃO,
alegando, em síntese, que: é proprietário de um pequeno imóvel rural localizado no município de
Adamantina-SP denominado sítio Santo Antônio, no qual exercia a citricultura, atividade que
garantia a sua subsistência e de sua família; lá existiam 2.461 pés de laranja, plantados há mais de
12 anos e em fase de excelente produtividade; em janeiro de 2000, foi surpreendido com a
informação de que material de seu pomar havia sido coletado para realização de exame que
constata a existência da doença conhecida como cancro cítrico; o resultado do exame feito pelo
Instituto Biológico de Presidente Prudente certificou a presença da bactéria em 282 árvores do
pomar; não pode ser culpado por isso, já que sempre “dispensou todos os cuidados que estavam ao
seu alcance e eram necessários para evitar qualquer contaminação em seu pomar”; a culpa é do
Estado “que permitiu a propagação da doença”; com base no referido laudo, o Escritório de
Defesa Sanitária Vegetal de Dracena-SP, através da notificação nº 15/00, promoveu a interdição
do sítio, impedindo a comercialização dos frutos cítricos de seu pomar; também foi notificado da
necessidade de erradicação e queima de todas as plantas cítricas contaminadas e das limítrofes
num raio de trinta metros; diante desse critério, todo o seu pomar seria destruído; impetrou
mandado de segurança objetivando evitar tal medida de erradicação e queima; não obteve sucesso
na impetração, de modo que, em setembro de 2000, ocorreu a integral destruição de seu pomar; a
responsabilidade civil do Estado é objetiva ante o disposto no art. 37, § 6º, da Constituição
Federal; não incorreu em culpa, posto que, mesmo tomando as precauções cabíveis, viu seu pomar
acometido pela citada moléstia vegetal; mesmo sendo considerada lícita a conduta do Poder
Público, constitui direito seu a obtenção de indenização pelos danos suportados por conta da
erradicação; além das árvores, perdeu uma safra inteira, vez que, no momento da erradicação, os
frutos estavam aptos à colheita e subseqüente comercialização; o próprio preceito do art. 34, § 1º,
do Regulamento da Defesa Sanitária Vegetal garante o ressarcimento em tais situações; na ocasião
da constatação da presença do cancro cítrico em seu pomar, “sentiu-se em uma situação deveras
desconfortável”; posteriormente, assistindo à destruição do pomar, “passou a viver em uma
situação desesperadora e totalmente lamentável”; por conta de reportagens, a maioria da
população local, que não conhece os efeitos do cancro cítrico, pode ter feito um juízo negativo
sobre si, colocando em dúvida sua idoneidade; a tristeza e vergonha suportadas impõem uma
reparação a título de dano moral.
Postulou, por fim, a condenação da ré ao pagamento das seguintes verbas, a serem apuradas em
liquidação de sentença: a) indenização pelos danos materiais provocados pela destruição das
árvores (valor das mudas e despesas de plantio, tratos culturais, preparo da terra, anos de espera
para a primeira colheita); b) indenização pela depreciação havida no valor do imóvel em razão da
eliminação do pomar; c) indenização pela perda das safras vindouras (frutos que seriam colhidos
durante os próximos vinte anos); d) indenização pelos danos morais, sugerindo-se o arbitramento
no importe equivalente a 500 salários mínimos; e) e ônus da sucumbência.
Preliminarmente.
O Estado de São Paulo, por intermédio de seus agentes administrativos da
Secretaria de Agricultura e Abastecimento, ao promover as medidas de execução da mencionada
Campanha Nacional de Erradicação do Cancro Cítrico – inspecionando pomares, realizando
exames laboratoriais, lavrando autos de interdição, implementando a erradicação e queima das
plantas cítricas contaminadas e suspeitas de contaminação, etc. –, o faz por delegação da União,
conforme se depreende dos Termos de Cooperação Técnica que são regularmente celebrados (v.
docs. 02 e 03 em anexo).
Diante disso, pode-se afirmar, com absoluta certeza, que o autor não suportou,
por conta da aludida erradicação das plantas cítricas de seu pomar, nenhum dano jurídico. Há
‘possibilidade’ de que tenha ocorrido prejuízo econômico, mas, de maneira alguma, pode-se dizer
que se caracterizou um dano indenizável ante a ausência de lesão jurídica.
Ora, o suposto dano econômico versado neste processo não pode ser tachado de específico. Isso
porque a medida de polícia administrativa, consistente na eliminação e queima das plantas cítricas
contaminadas e das suspeitas de contaminação pelo cancro, é prevista, abstrata e genericamente,
nas normas jurídicas de defesa sanitária vegetal e da campanha nacional de erradicação do cancro
cítrico, de forma que todos os agricultores e indivíduos titulares de pomares que se encontrem em
tais situações serão atingidos pela referida providência estatal que objetiva proteger o interesse
público de sanidade das plantações e frutas cítricas do território paulista e nacional.
Registre-se, de outra banda, que é infundada a alegação de que o Poder Público permitiu a
propagação da doença em questão. Na verdade, é fato notório que os órgãos de defesa sanitária
vegetal “vêm trabalhando arduamente para demonstrar às nações ditas desenvolvidas que
produzimos produtos de excelente qualidade e livres de qualquer mal, visando, com isso, ao
rompimento das barreiras comerciais que tanto prejudicam o setor agropecuário, peça
fundamental para o desenvolvimento” (nas palavras do preclaro Presidente do Superior Tribunal
de Justiça, Ministro NILSON NAVES – SS 1144).
Incabível, destarte, transferir-se ao Poder Público os prejuízos econômicos que o próprio titular do
negócio deve suportar.
Com efeito, aos 24 de maio de 2000, o Sr. Euclides Lezarine foi surpreendido
pela Fiscalização Volante do Escritório de Defesa Agropecuária de Dracena, no km 219 da
rodovia Euclides Figueiredo (SP 563), município de Dracena, transportando, sem nota fiscal do
produtor e sem permissão de trânsito, 15 caixas de laranja pêra, que declarou ter adquirido do
autor (v. doc. 37 – autos de infração, apreensão e destruição das laranjas).
Prejuízo material.
Com a devida licença, a erradicação do pomar em si (fato que constitui a
causa de pedir desta ação indenizatória) nenhum prejuízo patrimonial acarretou ao autor.
A indenização postulada no item “a” (fl. 16), nessa conformidade, não pode
ser concedida, uma vez que as plantas do autor estavam infectadas pela bactéria do cancro cítrico,
o que já significava definitivo comprometimento do pomar, sendo, pois, indevido qualquer valor
que sirva de base para a promoção de nova plantação.
Dano moral.
O dano moral, como cediço, jamais pode decorrer de atividade lícita, como é a
hipótese dos autos.
Para que se caracterize dano moral passível de reparação civil, mister que haja
ilegalidade, irregularidade, ou negligência na conduta estatal. A ocorrência dessa espécie de dano
somente é compatível com a responsabilidade subjetiva, fundada na culpa do agente.
O Desembargador e Professor Carlos Roberto Gonçalves, em seu livro “Direito das Obrigações,
Parte Especial, Responsabilidade Civil” (Editora Saraiva, 2ª edição, 2002, p. 93), sobre a
caracterização do dano moral, assevera:
“Tem-se tornado tormentosa na jurisprudência, por falta de critérios objetivos, a tarefa
de traçar os contornos, os limites e a extensão do dano moral, para saber quais fatos
configuram ou não o dano moral. Para evitar excessos e abusos, recomenda Sérgio
Cavalieri, com razão, que só se deve reputar como dano moral “a dor, vexame,
sofrimento ou humilhação que, fugindo à normalidade, interfira intensamente no
comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições, angústia e
desequilíbrio em seu bem-estar. Mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ou
sensibilidade exacerbada estão fora da órbita do dano moral, porquanto, além de
fazerem parte da normalidade no nosso dia-a-dia, no trabalho, no trânsito, entre os
amigos e até no ambiente familiar, tais situações não são intensas e duradouras, a ponto
de romper o equilíbrio psicológico do indivíduo” (Programa de responsabilidade civil,
2. ed., São Paulo, Malheiros Ed., p. 78).”
Conclusão.
Diante de todo o exposto, requer o Estado de São Paulo seja reconhecida a sua
ilegitimidade para figurar no pólo passivo deste processo, ou, caso assim não se entenda, o que se
admite apenas para argumentar, seja a ação julgada improcedente (ao menos em relação a si),
condenando-se o autor, em qualquer hipótese, ao pagamento dos ônus da sucumbência,
especialmente dos honorários advocatícios.
Termos em que,
P. Deferimento.
A FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO, por seu procurador infra assinado, nos
autos em epígrafe, vem respeitosamente à presença de V. Exa., citada aos 25/03/03 por
força de r. mandado expedido aos 18/03/03, apresentar tempestivamente sua
contestação, esteada nos motivos a seguir elencados:
I DA INICIAL
III OS FATOS
Como já visto, a Autora agiu sem respeito aos pertinentes dispositivos legais. Ato
contínuo, foi lavrado AIIM - AUTO DE INFRAÇÃO E IMPOSIÇÃO DE MULTA,
pois obviamente presente a infração pela contribuinte, conforme capitulado no aludido
AIIM. Destaca-se: não houve negativa na inicial, acerca dos fatos descritos nos autos
de infração.
Não alegada qualquer discordância quanto aos fatos descritos no AIIM, verificou-se
finalmente correta a capitulação encetada pelo Fisco.
" De tudo quanto restou exposto, é indubitável que, a cobrança do imposto estadual
sobre propriedade de veículo automotor – IPVA incidente sobre aeronaves encontra-
se devidamente fundada no ordenamento jurídico pátrio, estando, perfeitamente claro
e delineado com sua previsão pela Constituição Federal e legislação ordinária.
Não há, pois, qualquer razão de fato e de direito na tentativa dos contribuintes de
exonerarem-se do cumprimento da exação fiscal.
Assim, após a breve explanação que visou uma abordagem de um tema delicado,
gerador de acirrada polêmica, concluímos que o IPVA incide na propriedade de
aeronaves, em 1º lugar porque previsto na Lei Estadual Paulista 6606/89, em seu
artigo 6º, III, lei esta que nada tem de inconstitucional, a uma porque editada pelo
Estado no exercício de sua competência atribuída pela Constituição Federal e, a
duas, porque nem a Carta Magna, nem a lei estadual, restringiu seu alcance para
abarcar em seu conteúdo apenas os veículos terrestres."
VI
Fato gerador, base de cálculo e contribuintes (sujeito ativo e passivo), para a cobrança
do imposto foram definidos pela Lei n.º 4.955/85 (recepcionada pela atual
Constituição Federal), encontrando-se no Decreto 24804/86 (artigo 1º, parágrafo
único, item 14) a previsão relativa às aeronaves, gravadas pelo IPVA, não existente
inconstitucionalidade na cobrança do imposto, em face da ausência de Lei
Complementar exigida pelo artigo 146, inciso III, "a", da Constituição Federal de
1.988, dado o caráter nacional das normas gerais em matéria de legislação tributária e
diante da desnecessidade de Lei Complementar para a cobrança de IPVA nas
aeronaves, na exata compreensão do disposto no artigo 24 da Constituição Federal ,
diga-se.
A partir de sua singela dicção, verifica-se que qualquer lei ordinária, editada pelos
Estados-membros, que viesse regular o IPVA, independeria, num primeiro momento,
de lei complementar, posto que o artigo 34 do ADCT, em seus parágrafos, atribuiu
competência aos Estados - membros para promulgar as leis necessárias à aplicação
do sistema tributário nacional. São palavras das mencionadas professoras.
E nessa ótica, vê-se que o Estado de São Paulo, ao promulgar a Lei 6.606/89, apenas
exercitou a competência prevista no art. 24, I, explicitada no parágrafo 3º desse
dispositivo da Constituição Federal, confirmada no art. 34 parágrafos 3º e 4º do
ADCT.
Perceba-se, o artigo 155, inciso I, alínea "c" da Constituição Federal conferiu aos
Estados-membros competência para instituir e cobrar imposto sobre a propriedade de
veículos automotores, válido recordar ALIOMAR BALEEIRO, ao comentar o artigo
6º do Código Tributário Nacional: "a pessoa de Direito Público Interno competente
para decretar um tributo também é competente para a ‘legislação plena’ sobre o
mesmo, desde que qualquer delas não contrarie a Constituição Federal. O dispositivo
está em harmonia com os artigos 13, § 1º e 15 da C.F. Todavia, os Estados ainda
estão adstritos à observância não só de suas Constituições, mas também das normas
gerais federais." (Direito Tributário Brasileiro, pg. 67, 10ª edição)
No exercício dessa competência plena, o Estado de São Paulo deu luz à Lei n.º 6.606,
de 20/12/1989 (o art. 6º, III estabeleceu a cobrança de imposto sobre a propriedade de
aeronaves, adotando como base de cálculo o seu valor venal, segundo o ano de sua
fabricação e seu peso máximo de decolagem) , posteriormente alterada pelas leis n.º
7.002, de 27/12/1990, 7.644, de 23/12/1991, 8.052, de 07/10/92, 8.205, de 29/12/92 e
8.490, de 23/12/93, e seguintes, fixadas a hipótese de incidência do tributo, o
contribuinte, a base de cálculo e as alíquotas.
VII
Após esse brevíssimo escorço, a Fazenda do Estado pede vênia para transcrever na
íntegra o referido Parecer. Trata-se de profundo estudo jurídico, trabalho que esgota o
tema e cujas razões são com acato aqui invocadas. Eis o rigoroso trabalho:
A COBRANÇA DO IPVA NAS AERONAVES
I. Introdução
“Art. 18 - ...
O texto constitucional não determinava qual seria a área de atuação das normas
gerais, entendendo-se que haveria necessidade de lei complementar dispor
sobre fato gerador, base de cálculo e contribuinte, sendo que estes conceitos
gerais estavam previstos no Código Tributário Nacional, considerado, sem
qualquer controvérsia, lei complementar, bem como sobre os conflitos de
competência e limitações constitucionais ao poder de tributar.
É bom que se diga neste momento que a lei 4.955/85, fruto do exercício de
competência legislativa plena nos termos do artigo 6º do Código Tributário
Nacional, foi completamente recepcionada pela atual Constituição Federal de
1988.[1]
Tanto é assim que continuou em vigor, por mais de um ano, após a promulgação
da Carta Magna, até ser editada a atual lei (de nº 6.606/89) e, já nesta época,
não havia lei complementar que fosse recepcionada pela Constituição de 1988
para atender a regra da alínea a, do inciso III, do artigo 146, isto é, a existência
de lei complementar que estabeleça o fato gerador, a base de cálculo e os
contribuintes.
A Lei Maior, no Título IV, Capítulo I, que trata “Do Sistema Tributário Nacional”,
em sua Seção IV, que dispõe a respeito “Dos Impostos dos Estados e do Distrito
Federal”, na alínea c, do inciso I, do artigo 155, estabelece sobre o IPVA:
I – impostos sobre:
...
c – propriedade de veículos automotores.”
Assim, não se pode concluir que existam níveis de governo, o que pressupõe
uma subordinação hierárquica. As relações entre as pessoas constitucionais se
caracterizam por um tratamento isonômico, já que toda lei federal, estadual, ou
municipal busca seu fundamento de validade diretamente na Constituição
Federal.
Isto porque a lei complementar veiculadora de tais normas gerais, que tem por
emissora a União, através do Congresso Nacional, assume foros nacionais,
vinculando Estados-membros, Municípios e Distrito Federal.
A lei complementar sob exame, embora promanada do legislativo federal, sendo
posta no ordenamento jurídico pelos órgãos da União, assume o caráter de lei
nacional, subordinando as pessoas políticas de direito constitucional interno. É o
que defende Sacha Calmon Navarro Coelho[3].
I - direito tributário...;
...
§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui
a competência suplementar dos Estados.
§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a
competência legislativa plena, para atender as suas peculiaridades."
"Não é, porém, por que não consta na competência comum que Estados e
Distrito Federal (este não sobre polícia militar, que não é dele) não podem
legislar suplementarmente sobre esses assuntos. Podem e é de sua
competência fazê-lo, pois que, nos termos do § 2º do art. 24, a competência da
União para legislar sobre normais gerais não exclui (na verdade até pressupõe) a
competência suplementar dos Estados (e também do Distrito Federal, embora
não se diga aí), e isso abrange não apenas as normas gerais referidas no § 1º
desse mesmo artigo no tocante à matéria neste relacionada, mas também as
normas gerais indicadas em outros dispositivos constitucionais, porque
justamente a característica da legislação principiológica (normas gerais,
diretrizes, bases), na repartição de competências federativas, consiste em sua
correlação com competência suplementar (complementar e supletiva) dos
Estados."[5] (grifos do autor)
A partir de sua singela dicção, verifica-se que qualquer lei ordinária, editada
pelos Estados-membros, que viesse regular o IPVA, independeria, num primeiro
momento, de lei complementar, posto que o artigo 34 do ADCT, em seus
parágrafos, atribuiu competência aos Estados - membros para promulgar as leis
necessárias à aplicação do sistema tributário nacional.
"Mas para nós a inexistência de lei complementar não pode obstar o exercício da
competência impositiva das Pessoas Políticas, eminentemente constitucional.
Assim, Estados e Municípios podem, mesmo sem Lei Complementar, instituir as
contribuições do art. 149, parágrafo único da CF, e a União, as contribuições
sociais do art. 195 da Carta. O Congresso, por inação, não pode paralisar o
exercício da tributação pelas pessoas políticas . . .
A Constituição, para finalizar, contém regra expressa no art. 34, parágrafo 3º do
Ato das Disposições Transitórias, autorizando a União, os Estados e os
Municípios a editar as leis necessárias à instituição do sistema tributário, no
âmbito das respectivas competências. Logo a União, mesmo sem lei
complementar e normas gerais, pode veicular tributos e, em especial,
contribuições sociais por leis ordinárias." [6]
Ora, o artigo 155, inciso I, alínea "c" da Constituição Federal conferiu aos
Estados-membros competência para instituir e cobrar imposto sobre a
propriedade de veículos automotores.
E mais ainda: "a ‘legislação plena’ desde que não viole expressa ou
implicitamente a Constituição Federal ou as normas gerais de Direito Financeiro
da União, pode regular o quantum do tributo, a época e a forma do pagamento, a
competência administrativa dos órgãos e repartições que o devam lançar,
cobrar, fiscalizar, etc..., enfim todos os pormenores impróprios daquelas normas
gerais ou por elas não previstos. No silêncio delas, a norma geral do Estado tem
caráter supletivo (....) . A ênfase na adjetivação – “plena” - quer significar que não
há outras limitações ao legislador, senão aquelas de ordem constitucional....".[8]
Ora, no exercício desta competência plena o Estado de São Paulo expediu a Lei
nº 6.606, de 20/12/1989, posteriormente alterada pelas leis nºs. 7.002, de
27/12/1990, 7.644, de 23/12/1991, 8.052, de 07/10/92, 8.205, de 29/12/92 e
8.490, de 23/12/93, e seguintes. Referida lei fixou a hipótese de incidência
do tributo, o contribuinte, a base de cálculo e as alíquotas.
"... se diante do art. 146, III, "a" não edita o Congresso Nacional lei
complementar a respeito do fato gerador, base de cálculo e contribuintes de
dado imposto discriminado na CF? Fica a pessoa política titular da competência
paralisada pela inação legislativa? A resposta é negativa. É o caso de se dar
aplicação ao art. 24 e §§ 1º a 4º."[9]
Paulo de Barros Carvalho é adepto a esta corrente doutrinária. Para ele, a única
interpretação possível do art. 146 é aquela que prevê sejam estatuídas, por lei
complementar, normas gerais de direito tributário, que dizem respeito às
limitações ao poder de tributar e aos conflitos de competência. Ou seja, o
conteúdo das normas gerais não é outro a não ser esse. O dispositivo
constitucional ora tratado pode ser considerado, então, redundante. [11]
Sendo assim, a Lei Maior, com relação ao IPVA, tratou de definir com precisão o
padrão de incidência do imposto, ou seja, a propriedade de veículo automotor
(art. 155, I, "c").
Com apoio nessa regra constitucional, o Estado de São Paulo editou a Lei
6.606/89 que, em seu art. 6º, III, estabeleceu a cobrança de imposto sobre a
propriedade de aeronaves, adotando como base de cálculo o seu valor venal,
segundo o ano de sua fabricação e seu peso máximo de decolagem.[15]
Por isso, o IPVA tem como fato gerador a propriedade de veículo automotor de
qualquer espécie, o que abrange as aeronaves, os veículos terrestres e as
embarcações.
Já o vocábulo AUTOMOTOR se refere a todo aquele que “se move por si só”, é
tudo aquilo que se move com propulsão própria, segundo Aurélio Buarque de
Holanda Ferreira.
Desta maneira, podemos afirmar que veículo automotor é aquele que transporta
com movimento próprio, é o que se move mecanicamente, sem intervenção de
força exterior, sendo que em nenhuma das definições houve qualquer menção a
uma eventual limitação espacial, quer terrestre, aérea ou hídrica.
" .....De todo o exposto concluímos que, do ponto de vista estritamente jurídico,
nenhum óbice de natureza constitucional ou infraconstitucional impede que
Estados e Distrito Federal criem ou instituam normas tributárias que incidam
sobre a propriedade ou utilização de veículos automotores que sirvam ao
transporte em vias terrestres, hídricas ou aéreas".
Ora, não cabe ao intérprete distinguir o que a lei não distingue, conforme o
brocardo latino ubi lex non distinguit, nec nos distinguere debemus .
“Artigo 2º - O imposto será devido no local onde o veículo deva ser registrado e
licenciado, inscrito ou matriculado, perante as autoridades de trânsito, da
marinha ou da aeronáutica. (...) ” (sem grifos no original)
Porém não obstante tal órgão ser federal existem seus departamentos regionais
que estão localizados em todos os Estados da Federação, geralmente nos
aeroportos ou aeroclubes, e assim, pode-se fazer um paralelo com o DETRAN
que é órgão estadual porém possui os DENATRANS que possuem seus
arquivos próprios com suas competências próprias que consistem nos órgãos
regionais do Departamento Estadual de Trânsito - DETRAN.
Desta forma, segue, a título ilustrativo, a transcrição dos artigos da Lei Estadual
do Rio de Janeiro e da Lei Estadual do Pará, que diferentemente da Lei Paulista,
definem de maneira mais clara o termo veículo automotor de qualquer espécie.
Podemos concluir que as legislações estaduais são claras e não deixam margem
de dúvida no que se refere à cobrança de IPVA na propriedade de veículo
automotor seja ele terrestre ou aéreo.
Sustenta que esses aspectos técnicos e peculiares dos veículos não podem
prevalecer, asseverando que, tratando–se de “imposto sobre bem patrimonial , a
medida mais significativa é o valor bruto desse bem”.
Os autos foram remetidos ao egrégio I. TACivSP, e, de lá, a esta Corte (fls. 61).
É o relatório.
Com apoio nessa regra, o Estado de São Paulo editou a Lei 6.606/89 que, em
seu art. 6º, III, estabeleceu a cobrança de imposto sobre a propriedade de
aeronaves, adotando como base de cálculo o seu valor venal, segundo o ano de
sua fabricação e seu peso máximo de decolagem.
No caso do IPVA, sabe-se que a base de cálculo "é o valor venal do veículo,
fixado de conformidade com o seu peso, potência, capacidade máxima de
tração, ano de fabricação, cilindrada, número de eixos, tipo de combustível
utilizado e dimensões", sendo tal valor reajustado anualmente no mês de
dezembro de cada ano através de decreto do Poder Executivo. ( Celso Ribeiro
Bastos, Curso de Direito Financeiro e de Direito Tributário, São Paulo, Ed.
Saraiva, 1.991. p.265).
Vê-se, pois, que a base de cálculo, no caso desse tributo, leva em conta critérios
precisos, sejam os apontados por esse ilustre jurista, como o ano de fabricação
do veículo, seja o peso máximo de decolagem, aspecto ligado à capacidade da
aeronave, que é também um meio de se obter uma avaliação objetiva para,
sobre ela, incidir o imposto.
Como bem acentuou o culto Magistrado sentenciante, "esses dois fatores,
conjugados, permitem uma conclusão aproximada da compatibilidade fiscal,
sobre a valoração patrimonial do bem, requisito da tributação" ( fls.35).
“ACÓRDÃO
Ementa oficial:
Tributo – IPVA – Aeronave usada como espécie do gênero veículos automotores
– Base de Cálculo – Valor estabelecido com base no peso de decolagem e ano
de fabricação – Princípios constitucionais respeitados – Apelo improvido.
VOTO
É o relatório.
O artigo 6º, por seu turno, ainda da mesma lei, estabeleceu que, para
efeito de lançamento, quanto a veículos usados, a Secretaria da Fazenda
estabelecerá tabelas de valores venais, levando em conta , com relação a
aeronaves, o peso máximo de decolagem e o ano de fabricação.
VII. Conclusão
Não há, pois, qualquer razão de fato e de direito na tentativa dos contribuintes de
exonerarem-se do cumprimento da exação fiscal.
BORGES, José Souto Maior. Lei Complementar Tributária. São Paulo: RT, 1975.
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 6a. ed., São Paulo:
Saraiva, 1993.
CRETELLA JÚNIOR, José. Curso de Direito Tributário, 1a. ed., 1993: Forense
Universitária.
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 11a. ed., São Paulo:
Malheiros, 1996.
VIII
J. BUSHATSKY
OAB/SP 50.258
Procurador do Estado de São Paulo.
[1] Efetivamente, dispõe o artigo 6º, do Código Tributário Nacional: “a atribuição constitucional de competência
tributária compreende a competência legislativa plena, ressalvadas as limitações contidas na Constituição Federal, nas
Constituições dos Estados e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios, e observado o disposto nesta Lei.”
[2] in “Lei Complementar Tributária”. São Paulo: RT, 1975.”p. 9
[3] in “Comentários à Constituição de 1988 - Sistema Tributário”. 6a. ed., Rio de Janeiro: Forense, 1995, p.114.
[4] idem, p.132.
[5] in “Curso de Direito Constitucional Positivo”, 19ª ed., Editora Revista dos Tribunais, Malheiros, 2001,p. 506.
[6] I n“Comentários à Constituição de 1988 - Sistema Tributário”. 6a. ed., Rio de Janeiro: Forense, 1995, p. 128.
[7] In “Direito Tributário Brasileiro, , Editora Forense, 10ª edição, Rio de Janeiro, 1983, p. 67.
[8] Idem, p. 68.
[9] in “Comentários à Constituição de 1988 - Sistema Tributário”. 6a. ed., Rio de Janeiro: Forense, 1995, p. 130
[10] Parte da doutrina, a mais tradicional, apegada à leitura pura e simples do texto constitucional, arrola três funções para
a lei complementar prevista no artigo 146: a) dispor sobre conflitos de competência; b) regular limitações ao poder de
tributar; c) emitir normas gerais em matéria de legislação tributária.Sacha Calmon (“Comentários à Constituição de 1988 -
Sistema Tributário”, p.133) sustenta essa tríplice função asseverando que tal decorre de escolha feita pelo legislador que
optou, no Brasil, pelo fortalecimento das prerrogativas do poder central. O importante, para este respeitável estudioso, é
que haja um mínimo de autodeterminação política, de auto-governo e de produção normativa da parte dos Estados
federados. Não estabelece, contudo, os limites de atuação das normas gerais. Fábio Fanuchi, analisando as disposições
contidas na Constituição de 1967, modificada pela Emenda n. 1/69, já sustentava, para justificar essa competência
atribuída à União de editar normas gerais, que era “por questão de possibilidade de medida do que seja de interesse geral
para o País; por visão do conjunto das condições internas; por possibilidade de se colocar equidistante dos interesses
regionais ou locais; por razões de hierarquia sem violação do princípio de autonomia; é o Governo Central que poderá se
colocar na posição de árbitro das conveniências na matéria.”Ademais, tecendo considerações históricas sobre a
organização estatal do Brasil, afirmava que a União era a detentora da competência e, porque quis, por mera concessão,
declarou quais os tributos poderiam ser cobrados pelos entes subalternos. As normas gerais de direito tributário seriam a
contrapartida da concessão que o poder central fazia aos entes federados de instituir seus próprios tributos.Todavia,
reconheceu a existência de distorções e abusos da competência legislativa conferida à União, como é exemplo a criação
da “Taxa Rodoviária Única”, criada pelo Decreto-lei 999/69 (“Curso de Direito Tributário Brasileiro”, vol. I, 1971,
p.20/21). Ives Gandra da Silva Martins (“Sistema Tributário na Constituição de 1988”, p. 82 e ss.), tributarista dos mais
conceituados, defende também essa tríplice função, afirmando que sua retirada do texto constitucional representaria a
eliminação de direitos e garantias individuais do contribuinte, pela transferência de tal competência normativa do
legislador complementar para o legislador ordinário. Aduz que a lei complementar, veículo normativo das normas gerais é
apenas explicitador da Constituição; não inova, porque senão seria inconstitucional, mas apenas complementa, tornando
clara a intenção do constituinte.
[11] “Curso de Direito Tributário”, cit. p. 139
[12] O mesmo Paulo de Barros, em outra obra, afiança-nos suas conclusões, ainda atuais, a respeito do
assunto, ao comentar o artigo 18, parágrafo 1º, da Constituição anterior, que ora reproduzimos,
literalmente, ante a sua simplicidade e extrema clareza: “1.) A norma geral é exceção no sistema; a regra
é a exclusividade, na estrita consonância do discrimen constitucional. Sendo exceção, sua interpretação
deve ser restritiva. O Congresso Nacional, ao fazer uso desse importante instrumento legislativo, deverá
interpretá-lo restritivamente; 2.) A norma geral não pode criar tributos e, portanto, não é fonte de
obrigações tributárias. Como a Constituição não cria tributo algum, mas apenas atribui competência à
União, aos Estados e aos Municípios para decretá-los, a lei complementar que, como o próprio nome
indica, deverá complementá-la, também não poderá fazê-lo; 3.) Não podendo criar tributos,
evidentemente, não poderá dispor acerca das formas de extinção. Se não pode dizer como nasce, é
intuitivo, que não possa dizer como se exaurem as obrigações tributárias. Da mesma forma, não caberá às
normas gerais dispor sobre exclusão, suspensão e ‘constituição’ do crédito tributário, tão-somente porque
tais matérias refogem, inteiramente, ao seu campo específico de competência; 4.) Por via de
consequência, grande parte das disposições do Código Tributário Nacional - Lei n. 5.172 de 1966 - não é
norma geral de direito tributário, se bem que venha sob esse título; 5.) Demais, a lei complementar que
repete a Constituição é inócua e a que restringe ou amplia é inconstitucional, de maneira que resta,
apenas, o campo específico sobre que deve versar a norma geral: a) dispor sobre conflitos de
competências entre as entidades tributantes e b) regular limitações constitucionais ao poder de tributar; 6.)
Norma geral que extravase seu campo específico perde o caráter de lei nacional, pelo que não vinculará
os Estados e Municípios, mas tão-só a União, visto que o legislador complementar é o próprio legislador
federal.” (Hipótese de Incidência Tributária e Normas Gerais de Direito Tributário”, in “Interpretação no
Direito Tributário”, São Paulo, Educ, 1975, p.220).
[13] “Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar”, p. 35.
[14] “Curso de Direito Constitucional Tributário”, p.404 e ss.
[15] O julgado do STF mencionado (RE 134.509-AM), ao que tudo indica, confunde o conceito de veículo automotor com
o de veículo terrestre. Ora, tudo aquilo que, transportando a sua própria energia de propulsão, pode ser conduzido na
direção desejada constitui veículo automotor. Daí que as aeronaves também são veículos automotores, razão pela qual
sobre elas deve incidir o IPVA.
[16] In “Curso de Direito Tributário”, p. 168.
[17] Conforme anotado por Gladston Mamede e Eduarda Cotta Mamede, “no que toca às aeronaves, seus proprietários
pagaram IPVA de 0,5% sobre o seu valor em Santa Catarina (art. 5º, V, da Lei 7.543/88);1% em Minas Gerais (art. 10,
IV, da Lei 12.735/97), Tocantins (art, 88, I, b, da Lei 888/96) e no Distrito Federal (art. 3º, I, da Lei 7.431/85); 1,5% na
Bahia (art. 6º, III, da Lei 6.348/91); 2,5% no Rio Grande do Norte (art. 4º, I, Lei 6.967/96) e no Paraná (art. 4º, III, da Lei
11.280/95), 3% no Rio Grande do Sul (art. 9º, I, da Lei 8.115/85); 5% no Rio de Janeiro (art. 10, I, da Lei 2.877/97) e em
São Paulo (art. 7º, I, da Lei 6.606/89).” (Revista de Informação Legislativa, Senado Federal, a. 38 n. 151 jul./set. 2001).
ESPECIAL EM DESAP NA JUREIA
RAZÕES
DE
RECURSO ESPECIAL
(PROCESSO DE ORIGEM :-
APELAÇÃO n. 278.858.2/6 - IGUAPE
E. TRIBUNAL,
PERÍCIA NULA
EXPLORAÇÃO.
ARTIGO 1º :-
"as FLORESTAS existentes no Território Nacional e as
DEMAIS FORMAS DE VEGETAÇÃO, reconhecidas de
utilidade às terras que revestem, são bens de interesse
comum a todos os habitantes do País, exercendo-se o
Direito de Pro-priedade, com as Limitações que a
Legislação Geral e Es-pecial estabelecem."
ARTIGO 2º :-
"Consideram-se de PRESERVAÇÃO PERMANENTE pelo só
fato desta Lei, as FLORESTAS e DEMAIS FORMAS DE
VEGETAÇÃO, situa-das..."
ARTIGO 4º :-
"Consideram-se de Interesse Público..."
ARTIGO 5º :-
"O Poder Público criará PARQUES NACIONAIS,
ESTADUAIS E MUNICIPAIS e RESERVAS BIOLÓGICA com a
finalidade ..."
ESPECIAL EM DESAP NA JUREIA
ARTIGO 10 :-
"Não é permitida a derrubada de FLORESTAS situadas em
áreas de inclinação entre 25 e 45 graus, só sendo nelas
toleradas a extração de toros, quando em regime de
utilização racional que vise rendimentos permanentes"
ARTIGO 12 :-
"Nas FLORESTAS PLANTADAS, não consideradas de
preservação perma-nente, é livre a extração de lenha e
demais produtos florestais ou a fabricação de carvão. Nas
demais FLORESTAS, dependerá de norma esta-belecida em
ato do Poder Público FEDERAL ou ESTADUAL, em
obe-diência às prescrições ditadas pela técnica e
peculiaridades locais.
ARTIGO 14:-
"Além dos preceitos gerais a que esta sujeita a utilização de
florestas, o Poder Publico Federal ou Estadual, poderá :-
a)...
b) proibir ou limitar o corte das espécies vegetais
consideradas em vias de extinção..."
ARTIGO 16:-
"As florestas de domínio privado, não sujeitas ao regime de
utilização li-mitada e ressal-vadas as declaradas de
preservação permanente ... são suscetíveis de exploração,
obedecidas as seguintes restrições:-
a) nas regiões Leste Meridional, SUL e Centro oeste,
esta parte Sul, as derrubadas de florestas nativas,
primitivas ou regenera-das, só serão per-mitidas
desde que seja, em qualquer caso, res-peitando o
limite mínimo de 20% da área de cada pro-priedade
ESPECIAL EM DESAP NA JUREIA
“art. 3º - ...
§ único - Não será permitido o parcelamento do solo:-
I - em terrenos alagadiços e sujeitos a inundações,
antes de tomadas as providências para assegurar o
escoamento das águas,
II - em terrenos que tenham sido aterrados ...,
III - em terrenos com declividade igual ou superior a
30% ...,
IV - em terrenos onde as condições geológicas não
ESPECIAL EM DESAP NA JUREIA
aconselham a edificação;
V - em áreas de preservação ecológica ou
naquelas onde a poluição impeça condições
sanitárias suportáveis, até a sua correção.”
O caso dos autos, por isso mesmo, esta a reclamar uma atenção mais
acurada para essas questões, a fim de que, por efeito de consagração,
em precedente, de inexatidões de tal ordem, não venham a ser
comprometidas substancias parcelas do patrimônio público, na
indenização das extensas áreas envolvidas pelo Parque da Serra do
Mar." (VOTO DA LAVRA DO MIN. ILMAR GALVÃO).
No caso destes autos, não se comprovou nem a IMISSÃO NA POSSE e, muito menos,
a OCUPAÇÃO do imóvel pelo PODER EXPROPRIANTE. Ambas IMISSÃO e
OCUPAÇÃO não podem ser presumidas mas concretamente realizadas, conforme já foi
dito.
ESPECIAL EM DESAP NA JUREIA
Não há prova nos autos que o PODER PUBLICO tenha em algum momento utilizado, ou
se apossado do imóvel objeto.
Assim, mister seja reformado o V. ACÓRDÃO RECORRIDO, vez que o termo inicial
para que os compensatórios incidam é O MOMENTO EM QUE FICAR COMPROVADO
A IMISSÃO NA POSSE DO IMÓVEL OBJETO, consoante SUMULA 164 do STF.,
SUMULA 69 do STJ. e PRINCIPIO DA JUSTA INDENIZAÇÃO.
HONORÁRIOS ADVOCATICIOS
III - CONCLUSÃO
JUSTIÇA!
ESPECIAL EM DESAP NA JUREIA
PROCESSO n. 872/96
ORDINÁRIA DE INDENIZAÇÃO
AUTORES :- EDMUNDO MALUF e outros
CONTESTAÇÅO
1. - DOS FATOS
PRELIMINARMENTE
2 - OUTORGA UXÓRIA
Por isso, tem natureza real, razão pela qual, para propor ação de
EXMO
Assim, devem referidos AUTORES serem intimados para no prazo do art. 284 do CPC.
fazer com que os cônjuges integrem a presente lide, ou obtenham judicialmente a
OUTORGA UXÓRIA, sob pena de NULIDADE conforme preceitua o parágrafo único do
art. 11 do CPC..
Ora, dessa época em que as CERTIDÕES de fls. 18/21 foram expedidas e a propositura
da ação os AUTORES já poderiam ter transferido o domínio da área em questão, ou o
mesmo ter sido onerado, penhorado, dado em garantia, etc...
Alegam, ainda que, essa área maior foi desmembrada em várias áreas, sendo que a
objeto destes autos são as glebas “2” e “3”, Matriculadas no CARTORIO IMOBILIARIO
de SUZANO sob ns. 44.769 e 46.370, com a metragem de 414.530,86.
Acontece que, na realidade, conforme alegam às fls. 04 da Inicial, a área que de fato
existe é de 319.774,70, porém em nenhum momento especificam onde começa e
termina referida área, quais são os confrontantes, suas características, logradouros,
proximidade das edificações e esquinas próximas, etc..., tudo conforme exige o art. 225
da LEI DE REGISTROS PUBLICOS.
5. INDEFERIMENTO DA INICIAL
Como se não bastasse, os AUTORES arguem que a área existente de 319.774,70 foi
abrangida pelo DECRETO 37.619 de 06.10.93 e pela LEI 5598/87, e assim objetivam
indenização correspondente ao valor de todo o imóvel quer por EXPROPRIAÇÃO
INDIRETA quer por mera RESTRIÇÀO DE USO AO DIREITO DE CONSTRUIR (4/5 do
valor do imóvel).
Assim, fica a duvida, a final a qual área diz respeito a indenização objeto destes autos:-
a área existente de fato de 319.774,70 ou a área de 100.530,86 m2. ?
Dessa forma, como do teor da inicial não decorre o que efetivamente pleiteiam os
AUTORES, a INICIAL é de ser INDEFERIDA por INEPCIA consoante art. 295 inciso I e
§ único inciso II do CPC..
Isto se diz porque o ESTADO esta obrigado a dis-ciplinar o uso dessas áreas sobretudo
visando evitar os malefícios de cheias, deteriorização das águas, e demais malefícios.
Esse, aliás é o objetivo dessa LEGISLAÇÃO, conforme se verifica pelo ter dos incisos
do art. 1º do DECRETO 37.619 em anexo.
E, como se não bastasse, o proprietário, em face do que dispõe o art. 572 do CC., tem
a faculdade de usar a sua proprie-dade como melhor lhe aprouver, desde que respeite
as posturas adminis-trativas, no que se constitui a citada LEGISLAÇÃO de
PROTEÇÃO AMBIENTAL a região do RIO TIETE.
Conseqüentemente, quando muito faria jus a indenização se a LEI nova lhe impedisse
de utilizar o imóvel segundo a sua destinação natural (cf. HELY LOPES MEIRELLES,
Direito Administrativo Brasileiro, ed. 1984, pag. 530 e seg.), coisa que não ocorreu.
Apenas no interesse da coletividade, restringiu o seu uso como costumeiramente
su-cede com as legislações municipais de zoneamento, levando-o a retalhar o imóvel
em lotes maiores do que cogitava.
Como se verifica, os AUTORES não tem razões fáticas para a propositura desta ação,
porque o uso na área objeto é permitido pela própria legislação contra a qual se
insurgem.
CARÊNCIA DE AÇÃO com base no art. 267, VI e art. 301, X, ambos do CPC., e julgado
EXTINTO o PROCESSO, con-denando-se o AUTOR nas custas e honorários
advocatícios e demais despe-sas decorrentes da presente ação.
7. - M É R I T O
DA PRESCRIÇÃO
De-mais disso, a LEI 5598/87 foi acompanhada de mapas e memoriais publicados que
defi-niram o perímetro das áreas protegidas. Portanto, já a partir das mes-mas, nasceu
para os AUTORES o direito de se insurgir contra eventuais pre-juízos acarretados pela
LEGISLAÇÃO mencionada. O princípio regente da ação, na espécie, é o da "actio nata".
Portanto, não o fazendo dentro do prazo de 5 (cinco) anos a partir da edição dos
referidos diplomas legais (1987) e, trans-corrido mais de 09 (NOVE) anos desde a
EXMO
cor-rendo deste o ano de 1934. Por-tanto, a presente ação esta PRESCRITA, porque
entre o primeiro diploma legal que restringiu o uso da propriedade dos AUTORES e a
propositura da presente ação, - devendo-se para tanto, se considerar a data de
09/10/1996, quando ocorreu a CITAÇÃO DA FAZENDA (fls. 65.), no que pese o
mandato ter sido tão somente juntado aos autos em 17/10/96 (fls. 64) - decorreram mais
de 20 (vinte) anos.
Ainda que se conte tal prazo a par-tir do vigente CÓDIGO FLORESTAL que data de
1965, cujas restrições de ocupação e desma-tamento foram encampadas e
regulamentadas pela LEI 5598/87, verifica-se que já ocorreu a PRESCRIÇÃO, posto
entre a sua vigência - 1965 - e a propositura desta ação - 1996 - já transcor-reu mais de
20 (vinte) anos.
De qualquer forma, a FAZENDA volta a insistir que a presente ação é de ser julgada
EXTINTA porque não se pode ignorar o DECRETO 20.910/32, que se consti-tui num
legislação especial, a disci-plinar a PRESCRIÇÃO concernente as dividas passivas e as
ações contra a FA-ZENDA PÚBLICA, seja ela da UNIÃO, ESTADOS ou MUNICÍPIOS.
Todavia, caso assim não entenda esse D. JUÍZO, passa a FAZENDA DO ESTADO a
enfocar as demais questões ligadas ao "meritum causae", todas elas, da mesma forma,
condizentes à IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO, como a seguir se demonstrará.
7.2 - M É R I T O
A respeito do tema, ensina o Prof. HELY LOPES MEIRELLES, ensina, conforme lição
extraída da obra DI-REITO ADMINISTRA-TIVO BRASILEIRO, 8a. ed./1981, pg. 560 -
RT.), a saber:-
"A nossa CONSTITUIÇÃO assegura o Direito de Propriedade, mesmo
porque é um direito individual por excelência, do qual resulta
prosperidade dos povos li-vres. Mas a propriedade, de há muito deixou
de ser exclusi-vamente o direito sub-jetivo do proprietário, para se
transformar na função social do detentor da ri-queza, na expressão feliz
de DERGUIT. É direito individual, mas um direito individual
condicionado ao bem-estar da comunidade.
Assim, com o advento da LEI 5598/87 e DECRETO 37619/93 que objetivam equacionar
e ajudar a resolver os problemas de ocupação de espaço de desconcentração
metropolitana e principalmente preservação dos insubstituíveis recursos naturais, as
propriedades existentes nas zonas sujeitas as cheias do RIO TIETE, etc..., estão
condicionadas às exigências do bem estar social, sofrendo limitações administrativas.
Mister, ainda, citar a lição de MA-RIA SYLVIA ZA-NELLA DI PIETRO, que consta da
obra SERVIDÃO ADMINISTRATIVA - ed. RT./1978, pg.72, que ensina :-
Ora, é evidente que o ESTADO não tem qualquer interesse específico na proteção
dessas áreas próximas e sujeitas as enchentes do RIO TIETE, etc..., porquanto o
in-teresse é só da sociedade em geral.
Decisivo, por igual, que as restrições em debate implicaram tão somente em obrigação
de não fazer ou deixar de fazer, de-las não resultando, por conseguinte, o
desmembramento dos poderes ine-rentes ao domínio, tanto que o DECRETO 37619/93
não impos aos proprietários a obrigação de suportar a realização de obras ou serviços
do Poder Publico
Pelo que, impossível se furtar ao terceiro ele-mento acima destacado, deste instituto,
qual seja, a sua gratuidade ou sua não sujeição a qualquer indenização.
Como já foi dito, o ESTADO tem o dever de disci-plinar o uso dessas áreas, quer em
face das cheias, deteriorização das águas, etc..., a fim de evitar para a sociedade
prejuízos não só mate-riais como também pessoais. Se o ESTADO assim não agir é
responsabili-zado por omissão.
Por outro lado, não pode passar despercebido o fato de que o proprietário
permaneceu inerte por longo tempo, não promo-vendo qualquer atividade no
imóvel. O que significa dizer: a propriedade somente passou a interessa-lo na medida
em que poderia haver eventual indenização do PODER PUBLICO.
O ESTADO não pode ser condenado a indenizar por hipotéticos prejuízos ao imóvel
dos AUTORES, quando cumpre seu dever consti-tucional de implementar medidas que
asseguram a proteção ambiental.
Por outro lado, também o DECRETO 37619/93 não elimi-nou o direito de propriedade
dos AUTORES, mas apenas regulamentou e comple-mentou a LEI 5598/87, definindo e
delimitando o que foi tratado generica-mente na LEI anterior.
EXMO
Dessa forma, fica absolutamente claro que o ES-TADO não infringiu o par. 22, art. 153
da EC. 1/69, equivalente hoje ao art. 5º. inciso. XXII da CF/88, com a edição da
legislação mencionada, ape-nas condicionou o uso das propriedades existentes ao
longo dessas áreas de proteção ambiental, ao bem estar social, cumprindo dever
constitucional.
8. - CONCLUSÃO
ISTO POSTO, caso superadas as preliminares, o que se admite apenas por cautela, a
FAZENDA pede e espera seja a pre-sente ação julgada IMPROCEDENTE, condenando-
se os AUTORES nos ônus da su-cumbência a que deu causa, inclusive honorários
advocatícios a serem fi-xados na forma da LEI.
P. DEFERIMENTO,
S. PAULO, 06 de DEZEMBRO de 1996
Processo n. 126/93
Termos em que,
Pede deferimento.
Jundiai, 06 de dezembro de 1994.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA QUINTA VARA CÍVEL DA COMARCA DE JUNDIAÍ – S
RAZÕES DE APELAÇÃO
PROCESSO N. 126/93
APELANTE: FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO
APELADOS: MARCO ANTONIO MALZONI E OUTROS
EGRÉGIO TRIBUNAL,
COLENDA CÂMARA,
ÍNCLITOS JULGADORES:
...
Se houve decadência (extinção) do
direito, ou da pretensão e da ação, ou só da ação, extingue-se, com a
sentença, o processo. A prescrição é retirada da eficácia, retirada
regida, aí, pelo direito material, e a sentença que a declara extingue o
processo (art. 269, IV)”. (g.n.).
(in Comentários ao código de Processo Civil, Tomo III, pág.
449, Forense, 1973).
Decreto Federal 20.910/32 que estabelece a prescrição quinqüenal para ações em face
das Fazendas Públicas. Hipótese diversa equivaleria à negativa de vigência de diploma
legal que contém norma expressa e específica, que deve prevalecer sobre as normas
gerais que tratam da prescrição.
administrativo.”
ocorre. Isto porque, como foi dito, o proprietário continua com o domínio e a posse do
bem, podendo utilizá-lo de inúmeras formas.
DO VALOR DA INDENIZAÇÃO
Processo n. 170/94
Ação Ordinária
Apelante : Rosa Amélia Aguirre Menin e Outros
Apelada : Fazenda do Estado de São Paulo
GISELE BELTRAME
STUCCHI PROCURADORA DO ESTADO
Egrégio Tribunal,
Doutos Julgadores,
I - HISTÓRICO
2. DOS JUROS
Juros moratórios.
Os juros moratórios , em
caso de eventual sucumbência , o que se admite para argumentar, são
cabíveis somente a partir de 1o de janeiro do ano seguinte àquele em
que deveria ter sido pago o requisitório e não foi, posto que , a mora, na
hipótese das Fazendas Públicas somente ocorre após o prazo que lhes é
constitucionalmente concedido para pagamento dos precatórios ( art.
EXMO
Juros compensatórios
IV- CONCLUSÃO
CONTRA-RAZÕES DE APELAÇÃO
Colenda Câmara!
Eméritos julgadores!
de terras.”
(RT-545/227)
onde este técnico deixou assentado que a planta apresentada não possibilita a exata
localização da gleba nas cartas oficiais do IBGE, que o croqui apresentado é totalmente
impreciso, tendo o próprio requerente usado a expressão “local aproximado do
imóvel”, e que o memorial descritivo fornecido é falho, carecendo de elementos
técnicos.
Tudo isso milita contra a presunção de posse efetiva dos
recorrentes, como de resto coloca em xeque a idoneidade dos documentos de cessão
de direitos possessórios nos quais se arrimam os demandantes (fls.31/42), e
principalmente coloca a nu a total ausência de prova de prejuízos efetivos, sequer
alegados, como muito bem entendeu a nobre julgadora.
Mais do que isso, essa insegurança documental e a total
imprecisão na localização do imóvel induzem também à incontornável inépcia da
exordial. Confira-se, a respeito, os seguintes excertos jurisprudenciais:
P. Deferimento.
Jaques Lamac
Procurador do Estado
OAB/SP 57.222
CONTRA-RAZÕES DE APELAÇÃO
COLENDA CÂMARA
1.- Insurgem-se os Apelantes contra a r. sentença que, mesmo rejeitando algumas das
preliminares suscitadas pela ora Apelada, concluiu, no mais, com irrepreensível acerto
ao extingüir o feito por falta de interesse de agir. Fundou-se no fato de que as limitações
de uso não autorizam o pedido de indenização através de ação de desapropriação
indireta uma vez que inocorreu apossamento sendo certo que “a simples declaração de
utilidade pública do bem não implica necessariamente em desapropriação, que poderá
EXMO
não se efetivar, como ocorreu neste caso (fls. 154). Ademais, os Apelantes adquiriram a
área em questão em 1.992 “quinze anos após a criação do parque ecológico, já sabendo
das restrições existentes que, certamente, influíram no preço pago.”(fls. 155).
3.- Avaliando que a r. sentença “afastou todas as preliminares argüidas pela Ré, salvo a
Inocorrência de Apossamento, na qual se fundamentou a decisão de carência de ação..”
(fls. 167), postulam os Apelantes a reforma “julgando-se PROCEDENTE A AÇÃO para
condenar a Apelada a ressarcir os Apelantes....” (fls. 176). PRELIMINARMENTE, cabe
argüir a V. Exas. que o recurso não pode ser conhecido pois tal pedido é juridicamente
impossível. De fato, tendo a r. decisão de primeiro grau cingido-se a examinar e acolher
a preliminar de falta de interesse de agir, ao E. Tribunal é vedado suplantar os limites da
decisão de carência, julgando o mérito da demanda, consoante pleiteado pelos
Apelantes. Os princípios do duplo grau de jurisdição e do “tantum devolutum quantum
appelatum” impedem o conhecimento do recurso assentado em pedido juridicamente
impossível pois, nos termos do RESP 1.798, “....o tribunal não pode reformar a sentença
diferentemente do postulado pelo recorrente” (Nota 6 “e” ao artigo 515 do CPC de
Theotonio Negrão).
4.- Por outro lado, não tendo havido exame do mérito na r. sentença, é inatendível a
postulação dos Recorrentes, sendo de rigor o improvimento do recurso pois “......se o
juiz não proferiu sentença de mérito este não poderá ser decidido pelo tribunal, em grau
de apelação” consoante julgados insertos in RTJ 82/288 e RT 499/159 (nota 6 ao artigo
515 do CPC de Theotonio Negrão). No mesmo sentido as decisões do E. STJ aludidas
ao final da mencionada nota 6 (RESP’s 8.123, 8.906 e 11.747) assim como os recentes
RESP’s 36.867, 34.391, 16.110 e 6.983 e ainda os Recursos Extraordinários 84.467 e
72.015. Não tendo sido objeto de discussão no feito a plausibilidade de decisão de
mérito em sendo afastada a preliminar acolhida, tal assunto não foi devolvido ao
Tribunal eis que nem sequer cogitado em primeiro grau, sendo de rigor, em caso de
conhecimento, o improvimento do recurso eis que, limitado à matéria objeto de
preliminar, não pode ensejar o acolhimento pelo mérito, sendo este único pedido
formulado (fls. 176).
5.- Quanto à matéria de fundo explorada no recurso, a argumentação de que o imóvel foi
“colocado fora de comércio” por força do Regulamento de Parques (fls. 169) é deveras
esquálida pois as alienações de áreas situadas dentro do Parque se sucedem sem
EXMO
7.- As áreas montanhosas da Ilhabela que formam o Parque Estadual (acima da cota
200) sempre foram mantidas intocadas a fim mesmo de preservar a parte inferior que,
não há dúvidas, ruiria em desmoronamentos acaso retirada a cobertura vegetal superior
que lhe assegura a integridade. Estando as áreas classificadas como "VIII - Terras com
características ainda mais adversas, sendo indicadas somente para o abrigo da flora e
fauna. Em geral são constituídas pelas escarpas de serras e afloramentos rochosos" -
(Instituto Agronômico do Estado de São Paulo - Boletim Técnico n. 03), é evidente que
sua destinação natural, apreendida pela União (Código Florestal de 1.934 e Decreto
Federal n. 44.890/58), Estado e também pelo Município (Lei Municipal n. 98 de
25/11/1980 – arts. 13, 17, 20, 21, 22 e 55) é indubitavelmente a preservação, realidade
inafastável de todos aqueles que adquiriram essas áreas após 1934, entre os quais os
Apelantes.
8.- A fim de não enfastiar V. Exas. com a repetição de todos os aspectos e respectiva
jurisprudência abonadora inseridos na contestação, solicita que lá sejam examinados (
ítens 8 a 12).
11.- Cabe repisar, por outro enfoque, que o título dominial apresentado pelos Apelantes
não possibilita a identificação da área pois os dados nela constantes são
manifestamente insuficientes, máxime considerando que os Apelantes somente
adquiriram a METADE IDEAL da antecessora SANTA MÔNICA EMPREENDIMENTOS
E PARTICIPAÇÕES S/C LTDA, nos termos dos R. 2 e R. 3 da matrícula 18.795,
valendo, a propósito todo o exposto nos ítens 3 a 5 da contestação. Tal impossibilidade
de individualização da área, cujos dados são vagos e imprecisos, também impede o
prosseguimento da demanda que, para validamente se instalar, prescinde da definição
da res in judicio deducta. Por oportuno, cabe ora colacionar o recentíssimo julgado da 7ª
Câmara de Direito Público desse E. Tribunal que, na AC 024.620.5/3-00, decidiu:
12.- Tal douto entendimento é igualmente aplicável ao presente caso em que os dados
constates do título são manifestamente dúbios e aéreos, sendo certo que a meação
possuída pelos Apelantes somente seria apurável através de procedimento judicial
específico uma vez que sequer existem no título os elementos que decifrem as
características da gleba ou sua dimensão. Por conseguinte, as decisões acima referidas
cuidam de situação análoga, sendo plenamente aplicáveis.
13.- Acresce, ainda, que, pertencendo as ilhas à União (artigo 20, IV, CF), há flagrante
nulidade se a mesma não for ao menos intimada para o feito, até porque editou o
aludido Decreto 44.890/58 bem como ampla legislação sobre a proteção de florestas. A
matéria encontra-se desenvolvida nos ítens 14 a 18 da contestação, cujo exame solicita
a V. Exas pois, mesmo rejeitada na r. sentença, é passível de reexame eis que
mencionada nas presentes Contra-Razões.
A respeito do tema, reitera o expendido nos ítens 18a a 25 da resposta, ora reiterados.
15.- A indulgência com que, no passado, alguns infelizes julgados de Altas Cortes
concederam nababescas indenizações animou os experts a proporem ações análogas à
presente, tendo proliferado a “indústria” da renda fácil à custa do Estado. Muitas áreas
preservadas, adquiridas por tostões, acabaram rendendo milhões sem nenhum
investimento ou esforço que não a graça da natureza, sob o roto argumento de
“desapropriação indireta”. Mais conscientizados, os D. Julgadores desse E. Tribunal têm
sistematicamente negado os pleitos cujas decisões, na atualidade, têm sido mantidas
nas Superiores Instâncias, constituindo-se expressivo exemplo os julgados acima
mencionados. Manda a cautela, no entanto, que seja reapresentada, em apertada
síntese, toda a matéria incluída a título de PRELIMINAR para que, acaso assim
entendam Vossas Excelências, mereça análise e acolhimento.
16.- Diante do exposto, aguarda que o recurso NÃO SEJA CONHECIDO por conter
pedido juridicamente impossível. Sendo conhecido, que lhe seja negado provimento
porque o julgamento de primeiro grau, tendo se albergado unicamente na falta de
condições para a ação (interesse de agir), impede seja enfrentado por V. Exas. o mérito
que constitui o único pedido solicitado pelos Apelantes. O improvimento do recurso, sob
outro enfoque, poderá resultar, outrossim, do reconhecimento de que a matéria foi bem
decidida no juízo “a quo”. Acaso resolvam V. Exas. prosseguir no julgamento em relação
às demais questões preliminares, aguarda que seja reconhecida a ocorrência da
PRESCRIÇÃO VINTENÁRIA pelo atraso no aperfeiçoamento da citação por desídia dos
próprios Apelantes, matéria não examinada na r. sentença, ou que os demais aspectos
abordados sejam reexaminados de modo que a conclusão do “decisum” seja mantida,
EXMO
mesmo que por outros fundamentos, sendo tais pedido conformes o Direito e a Justiça.
Jaques Lamac
Procurador do Estado
OAB/SP 57.222
PROCURADORIA GERAL DO ESTADO
Procuradoria Administrativa
PA-1 – Desapropriações
Pondera, por oportuno, que, em sendo acolhido este aspecto do voto vencido, deverá ser
observado o limite de 53,3% que, de acordo com o voto majoritário, seria a "área
reconhecidamente livre de qualquer possível superposição", pena de reformatio in pejus
do valor da terra nua.
O projeto de extração da madeira restringe-se à retirada pura e simples da vegetação
que cobre o imóvel. Cumpre indagar se seria possível o completo desmatamento do
terreno. Quais seriam as conseqüências da eliminação da cobertura vegetal? Ora,
qualquer pessoa sabe que o total desmatamento de uma área traz conseqüências
desastrosas, tais como a desertificação e a perda das características do solo.
Inviável, ainda, a exploração da cobertura florísitca quando esta é analisada sob o ângulo
econômico.
Ressalte-se que o EMBARGADO jamais explorou o imóvel e, ao que tudo indica, não
pretendia implantar qualquer projeto, especialmente para extração da vegetação.
A total falta de infra-estrutura para o exercício da atividade extrativa torna necessária a
elaboração de estudos sobre a estimativa de gastos com a produção. Tal exame seria
imprescindível para avaliar os custos do empreendimento e se este traria lucros e qual o
montante destes.
A avaliação feita dessa forma não leva em consideração os problemas existentes para a
extração da cobertura florística. Se o explorador viesse a dispender valores elevados na
tarefa de retirar a vegetação, estes gastos seriam agregados ao preço final do produto,
fazendo com que o mesmo não fosse competitivo para a comercialização.
Alguns desses gastos não computados estão ligados a:
a) escoamento: deve-se considerar a necessidade de serem construídas vias de
escoamento internas, permitindo o transporte da madeira. Acrescente-se que a área
encontra-se distante de usinas de beneficiamento, sendo servida por precárias estradas
de terra, em péssimas condições;
b) topografia: áreas com topografia acidentada apresentam custos elevados para
extração da madeira, sendo necessário que se incluam nos gastos obras de contenção
de encostas, além de custos mais elevados para transporte de maquinário e da própria
madeira extraída;
c) utilização da lenha: o aproveitamento possível para a lenha é como fonte energética
em fornos, especialmente de padarias. A sua extração apresenta altos custos, porém o
seu valor é muitas vezes inferior ao da madeira. A partir desta observação fica
evidenciado que a sua exploração não é rentável e seria desconsiderada por qualquer
explorador que se dispusesse a efetuar a extração da cobertura florestal;
d) estudos técnico-científicos: acresça-se aos gastos aqueles necessários para
elaboração de estudos técnico-científicos de estoques e de garantia de capacidade de
manutenção das espécies que é obrigatório nas regiões com características de mata
atlântica, conforme determina o art. 2°, inc. II, do Decreto Federal 750/93.
A extração da madeira, no caso "sub judice", seria repleta de dificuldades e de elevados
custos, os quais, agregados ao valor final do produto, o tornariam extremamente caro,
inviabilizando sua comercialização. A área apresenta características desfavoráveis para
a extração da madeira, as quais deveriam ser informadas quando feita a pesquisa.
Não se pode analisar o potencial da vegetação como se fosse riqueza facilmente
apropriável. Seu valor depende do desenvolvimento de uma atividade empresarial e
apenas a partir de parâmetros de lucro que esse empreendimento possa fornecer é que
seria possível avaliar-se o montante do prejuízo a ser ressarcido.
Recentemente, o Colendo Supremo Tribunal Federal julgou imprescindível a realização
de estudos que certificassem a possibilidade de exploração econômica da mata e qual o
lucro efetivamente obtido, esclarecendo:
"Na verdade, diante da gravidade do tema que envolve toda a extensa
região da Serra do Mar, é de máxima conveniência que o Tribunal de
origem aprecie o laudo oferecido pelos peritos sob a ótica que foi
sustentada no voto que prevaleceu no acórdão, renovando-se, para
isso, se necessário, a própria perícia a fim de que se considere,
conscientemente, o problema das matas situadas em locais de difícil
acesso, insuscetíveis, por isso, de aproveitamento econômico, e, ainda,
para que não se perca de vista, como fator depreciativo, a parcela
correspondente aos efeitos das áreas de preservação obrigatória
instituída por lei federal" (trecho extraído do R.E. 114.682/SP).
Nesse sentido, pleiteia a EMBARGANTE o acolhimento das razões expendidas no r. voto
vencido, consentâneas com os termos dos artigos 2°, 3°, 16, § 2°, do Código Florestal e
com o art. 2°, inc. II, do Decreto Federal 750/93, com isto excluindo os "produtos
florestais" do valor da indenização, isto por ser flagrantemente ilegal a inclusão das
matas de preservação permanente e da reserva florestal obrigatória no valor da
indenização.
As florestas estão sujeitas às limitações contidas nos arts. 2° e 10 da Lei
4.771/65, tornando-se necessário que o proprietário da área recoberta por vegetação
exclua um percentual para a formação de reserva obrigatória (art. 16 da Lei 4.771/65). As
áreas de preservação permanente não estão incluídas no percentual de reserva
obrigatória, mas somam-se a essas.
Com relação a estas florestas não resta ao Poder Público outra
alternativa senão conservá-las, uma vez que a declaração de serem de preservação
permanente advém de lei federal. O Estado receberá a área com todas as limitações
administrativas, sendo obrigado a respeitá-las. Nem poderá o Estado buscar
ressarcimento desse valor perante a União, pois as limitações são consideradas não
indenizáveis.
A melhor doutrina de Direito Ambiental entende que as Areas de
Preservação Permanente (APPs) e as Reservas Florestais Legais são inindenizáveis.
Socorremo-nos das lições de Antonio Herman de Vasconcellos e Benjamin:
"Já observamos que, diversamente, outras unidades de conservação,
confirme sua configuração, podem chegar a atingir todo o imóvel,
inviabilizando, por inteiro, qualquer forma de exploração econômica, o
que gera, evidentemente, dever de indenizar. Não é assim com as
APP's e a Reserva Florestal Legal".
"Em linhas gerais, nenhum dos dispositivos do Código Florestal
consagra, aprioristicamente, restrição que vá além dos limites internos
do domínio, estando todos constitucionalmente legitimados e
recepcionados; demais disso, não atingem, na substância, ou aniquilam
o direito de propriedade. Em ponto algum as APPs e a Reserva Legal
reduzem a nada os direitos do proprietário, em termos de utilização do
capital representado pelos imóveis atingidos. Diante dos veículos que
sobre elas incidem, tanto aquelas como esta aproximam-se muito mais
da modalidade de propriedade restrita [ Propriedade restrita é aquela
em que algum ou vários dos seus poderes elementares estão, total ou
parcialmente, destacados e atribuídos a outrem. No caso das APPs e
Reserva Legal, nos termos do art. 225, da Constituição, os atributos
ambientais da propriedade, apesar de mantidos em poder do
proprietário, por extensão são igualmente conferidos à coletividade e às
gerações futuras. Sobre propriedade restrita ou limitada, cf. Orlando
Gomes, Direitos Reais, 8ª edição, Rio de Janeiro, Forense, 1983; Silvio
Rodrigues, Ob. cit., p. 82" ] , restrita, sim, mas nem por isso menos
propriedade".
"Tanto as APPs ope legis, como a Reserva Legal são, sempre, limites
internos ao direito de propriedade e, por isso, em nenhuma hipótese são
indenizáveis. Integram a essência do domínio, sendo como o título
transmitidas; [ Aliás, o Código Florestal, no caso da Reserva Legal, é
expresso, prevendo a vedação de 'alteração de sua destinação nos
casos de transmissão, a qualquer título, ou de desmembramento da
área' (arts. 16, par. 2 e 44, par. Único) ]. Não importam, per se,
novamente tomando por empréstimo as palavras do Ministro Celso
Mello, 'em esvaziamento do conteúdo econômico do direito de
propriedade'. A desapropriação, sabe-se, 'priva o particular do bem de
quem é proprietário'; ora, não é isso que se dá com as APPs e Reserva
Legal, pois o senhor dessas áreas não deixa de ser o proprietário
original, o particular".
"Se 'desapropriar é retirar a titularidade de alguém', não se pode falar,
como regra, em conduta desapropriante na proteção do meio ambiente
(do qual fazem parte as florestas nativas) pela via da Reserva Legal e
das APPs, que do dominus nada retiram, só acrescentam, ao
assegurarem que os recursos naturais — mantidos em poder do titular
do direito de propriedade — serão resguardados, no seu próprio
interesse (= de sua propriedade) e das gerações futuras, agrupamento
que inclui, é bom lembrar, seus descendentes. A regulamentação
estatal, em questão, orienta-se pela gestão racional dos recursos
ambientais, procurando assegurar sua 'fruição futura', sem que isso
implique, necessariamente, alteração do núcleo da dominialidade"
("Desapropriação, Reserva Florestal Legal e Áreas de Preservação
Permanente", in Temas de Direito Ambiental e Urbanístico, org. por
Guilherme José Purvin de Figueiredo, São Paulo, 1998, Max Limonad,
pp. 77/78).
Nessas áreas não poderia o EMBARGADO, por força do Código
Florestal, fazer o que quer que fosse. Assim, não há porque indenizar aquilo que não se
alterou. O prejuízo inexiste.
Deve, ainda, ser aduzido que a determinação legal embasa-se na
realidade, pois a proibição visa justamente impedir desmoronamentos, assoreamentos,
enfim, que o solo se desertifique.
Assim, é necessário que se faça a exclusão do percentual estipulado
pela legislação florestal e penal mencionadas.
De acordo com o disposto no art. 5°, inciso XXIV, da Constituição
Federal, a indenização pela perda da propriedade deve ser justa, significando que a
mesma deve atingir o valor que o bem alcançaria no mercado imobiliário, se
comercializado em condições normais, proporcionando a recomposição do patrimônio do
expropriado.
Justo preço, contudo, não implica em super-valorização, o que infringiria a própria
Constituição e a legislação federal, gerando um enriquecimento ilícito, repudiado pelo
Direito. O repúdio ao enriquecimento indevido, de acordo com Sílvio Rodrigues, estriba-
se no princípio maior da eqüidade, que não permite o ganho de um em detrimento de
outro, sem uma causa que o justifique ("Direito Civil", Saraiva, 7ª ed., 2º vol, p. 173), o
que implica, também, em desrespeito ao princípio constitucional da igualdade (art. 5° da
C.F.).
A esse respeito, ensina José Carlos de Moraes Salles:
"...para que haja justeza e justiça na indenização, é preciso que se
recomponha o patrimônio do expropriado com quantia que corresponda,
exatamente, ao desfalque por ele sofrido em decorrência da
expropriação. Não se deverá atribuir ao desapropriado nem mais nem
menos do que se lhe subtraiu, porque a expropriação não deve ser
instrumento de enriquecimento nem de empobrecimento do
expropriante ou do expropriado".
"A indenização deve, portanto, ser exata, no sentido de que ao
expropriado há de se dar precisamente o equivalente ao que lhe foi
tomado pelo expropriante" ("A Desapropriação à Luz da Doutrina e da
Jurisprudência", 3ª Edição, Atualizada e Ampliada, Editora Revista dos
Tribunais, p. 460).
Como destacado já em sede de apelação, quanto ao valor da indenização, mesmo tendo
o Egrégio Tribunal de Justiça de São Paulo se louvado parcialmente no laudo divergente
do assistente técnico da EMBARGANTE, certo é que os valores encontrados são em
muito superiores ao valor de mercado.
Ora, fica aqui evidenciada a afronta direta à Constituição da República, impondo-se por
conseqüência que seja determinada a realização de nova perícia, como fora requerido
em grau de apelação, para que, na remota hipótese de se entender que efetivamente
ocorreu o desapossamento do bem pela Administração Estadual, seja efetivada uma
avaliação correta do imóvel.
05. Juros Compensatórios Indevidos - Afronta aos termos do art. 4º, § 1°, da
Medida Provisória n. 1.703-15, de 30/7/98
É de inegável acerto o r. voto vencido quando afirma que os juros compensatórios são
indevidos, cabendo aqui nova transcrição da decisão do Colendo Superior Tribunal de
Justiça:
"Administrativo. Desapropriação indireta. Estação Ecológica. Juros
compensatórios. Não incidência.
Administrativo. Ação ordinária. Desapropriação indireta. Estação
Ecológica. Juros compensatórios. Exame probatório contrário à
incidência. Súmula 7/STJ.
O decreto expropriatório, por si só, não opera impedimento ao uso e
gozo da propriedade. Inexistência de concreta exploração econômica
anterior para ser compensada por juros compensatórios. Não são
indenizáveis hipóteses de aproveitamento. Convencimento assentado
no exame de provas, feito nos limites da soberania reservada às
instâncias ordinárias, não se expõe à via especial" (RESP n. 108.896-0 -
SP - Rel. Min. MILTON LUIZ PEREIRA - Quarta Turma. Maioria. DJ de
20/8/98).
PROCURADORIA ADMINISTRATIVA
Processo nº 56.496.5/9-02
Sala 239
Termos em que,
P. Deferimento.
São Paulo, 29 de setembro de 1998.
Nobres Ministros,
2.NO MÉRITO
..........
“Em suma: não houve apossamento
administrativo e a propriedade pode ser explorada para fins
diversos, respeitadas as limitações que existem desde o Código
Florestal, portanto, anteriormente à aquisição do imóvel pelos
autores. Tanto é verdade que os autores mantiveram lá uma
plantação de cacau, iniciada após os decretos mencionados na
inicial.
“...
Não defiro, pois, qualquer indenização aos
Autores porque: a) nunca mantiveram na área qualquer atividade
econômica, nem demonstraram que pretenderam fazê-lo antes,
ou que tivessem condições para tanto; b) tinham e continuam
tendo a posse da área, sofrendo apenas limitações
administrativas que já existiam ao tempo do Código Florestal, de
acordo com a função social do imóvel.”
5. REQUERIMENTO
JUSTIÇA!
São Paulo, 29 de setembro de 1998.