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As Nações Unidas declararam 2010 como o ano

internacional da biodiversidade. Na União Europeia, existe


desde 2001 um objectivo concreto para este ano, que é
parar a perda de biodiversidade que tem ocorrido no
continente, tão densamente populado que é difícil
encontrar uma área natural onde não haja sinais da
presença humana (em Portugal, acho que é impossível,
mesmo. Há sempre um poste, uma antena, uma casa… ou
até um saco de plástico).
Mas afinal o que é a biodiversidade e porque é que isso
nos interessa? O termo descreve a variedade da vida e dos
processos naturais no nosso planeta. Aqueles que vivem
nas cidades e contactam apenas com animais oportunistas
e parques ajardinados, quando muito apreciando a
ocasional visita ao Jardim Zoológico ou a algum aquário,
podem pensar que está tudo muito bem no melhor dos
mundos (naturais) e que devemos preocupar-nos é com a
economia, a crise, o desemprego. Problemas sérios, esses.
Recentremos as coisas. Existe vida neste planeta há cerca
de 3,5 mil milhões de anos. A nossa espécie, Homo
sapiens sapiens, apareceu por aqui há 200,000 anos. E
desde então não temos feito outra coisa senão expandir e
multiplicar a nossa presença, de tal maneira que pomos em
risco a existência de muitas outras espécies. Só entre 1970
e 2000, estima-se que a abundância de espécies se tenha
reduzido em 40%, e a perda é ainda maior nalguns habitats
concretos. Desde 2000 já se perderam mais 6 milhões de
hectares de floresta primária. E a lista continua (ver por
exemplo ht. A maior parte das extinções que têm ocorrido
nos últimos séculos podem ser atribuídas directamente à
influência da espécie humana, e os dados são tão
expressivos que os cientistas já designam o período como
a extinção em massa do Holoceno, sendo este o sexto
período conhecido de extinção em massa (o anterior tinha
sido o famoso período no final do Cretáceo no qual se
extinguiram os dinosauros).
Porque devemos estar preocupados? Desde logo, a nossa
capacidade de abstracção permite que muitos se
angustiem com o peso da responsabilidade de causar uma
extinção em massa, mas considerando o instinto natural de
sobreviver e crescer que nos caracteriza (como a todos os
outros seres vivos) talvez o mais importante seja identificar
porque é que a biodiversidade tem valor para os seres
humanos. Começa por ser importante para a manutenção
da qualidade da água que bebemos e do ar que
respiramos. É crucial para a nossa alimentação,
nomeadamente para a manutenção de solos férteis, a
existência de variedades de plantas e animais adaptadas a
distintas condições, e a polinização das culturas. Num
exemplo recente, investigadores franceses identificaram
como causa possível do declínio de colónias de abelhas
que tem ocorrido em todo o mundo a falta de variedade na
sua dieta, que parece enfraquecer-lhes o sistema
imunitário. Recorde-se que o valor comercial estimado dos
serviços de polinização das abelhas para a agricultura é
mais de 10 mil milhões de dólares, só nos EUA.
Muitos sectores de actividade económica dependem da
extracção de recursos: além dos óbvios (agricultura, pesca,
floresta), temos exemplos como a indústria farmacêutica, o
sector da biotecnologia, ou a cosmética. Outros sectores,
como o turismo, beneficiam do valor recreativo e estético
da biodiversidade. Além disso, um elevado nível de
biodiversidade corresponde a uma maior capacidade dos
ecossistemas na reacção a choques, por exemplo
minimizando os impactos das catástrofes naturais (a
chamada resiliência). Tudo isto somado…
O problema é que o enorme valor económico da
biodiversidade não é suficientemente reconhecido, devido
às clássicas falhas de mercado que lhe estão associadas.
Os danos ambientais não são incluidos nas decisões de
utilização de recursos naturais (sejam elas a larga escala,
como na sobre-exploração dos recursos pesqueiros por
tudo o mundo, ou em pequena, como no pisoteamento das
dunas nas nossas praias). Acresce que o valor da
biodiversidade é maior que o valor da soma das suas
partes. Tudo isto sublinha a importância de desenvolver
estudos sobre a economia da biodiversidade a par de
políticas de protecção que considerem adequadamente os
incentivos existentes.
De qualquer maneira, e enquanto esperamos o
desenvolvimento de melhores políticas e estudos mais
completos, há muita coisa que cada um pode fazer. O
Museu de História Natural inglês lançou o desafio em
Dezembro passado: neste ano de 2010, faça uma coisa
pela biodiversidade .

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