Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Um estudante de 14 anos, uma pistola de uso restrito da Polícia Militar, dois adolescentes mortos,
quatro feridos à bala, entre eles uma garota paraplégica após o ataque. O lamentável episódio ocorrido no
Colégio Goyases, em Goiânia, na sexta-feira 20, traz a amarga lembrança de outras duas tragédias em
comunidades escolares. Em depoimento à Polícia Civil, o atirador afirmou vingar-se do bullying praticado
por colegas e admitiu ter se inspirado no massacre de Realengo, em 2001, quando um ex-aluno armado com
dois revólveres executou 12 jovens em uma escola carioca, e o morticínio em Columbine, nos Estados
Unidos, com 12 alunos e um professor assassinados em 1999.
As reais motivações e circunstâncias do ataque em Goiânia seguem sob investigação, mas o crime
acendeu um sinal de alerta para os educadores. Apesar de o Brasil ter um programa nacional de combate ao
bullying, instituído pela Lei nº 13.185 (Em anexo), sancionada pela presidenta Dilma Rousseff em 2015,
boa parte das medidas previstas jamais saiu do papel, como a produção e divulgação de relatórios bimestrais
das ocorrências nas redes de ensino estaduais e municipais para o planejamento de ações preventivas e de
proteção às vítimas. Da mesma forma, os professores e as equipes pedagógicas seguem tateando no escuro,
sem uma estratégia bem definida para lidar com os casos de intimidação e para mediar os conflitos entre os
alunos.
No texto da lei, o bullying é entendido como uma intimidação sistemática, baseada em atos de
violência física ou psicológica, praticados de forma intencional e repetitiva, sem motivo aparente. Os
agressores visam infligir dor e angústia às vítimas, valendo-se de uma relação de desequilíbrio de poder
entre as partes envolvidas. “No mundo adulto, seria como o assédio moral praticado no ambiente de
trabalho. Nas escolas, essa perseguição tem outras implicações”, afirma Cléo Fante, doutora em ciências da
educação e autora do livro Fenômeno Bullying: Como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz
(Editora Verus). Segundo a especialista, as vítimas costumam apresentar queda no rendimento escolar e na
frequência às aulas, dificuldade no processo de socialização, além de sofrer abalos psicológicos e problemas
de saúde. Nem sempre, elas reagem com violência. Na maioria dos casos, sofrem caladas.
Como em qualquer outro agrupamento humano, a escola não está imune aos conflitos interpessoais.
É possível, porém, quando surge uma desavença, lidar com ela de forma inteligente. É por meio dos
conflitos que as crianças e adolescentes têm a chance de se colocar no lugar do outro e aprender a falar o que
pensam e sentem de forma respeitosa, observa Vanessa Fagionatto Vicentin, doutora em Psicologia Escolar
pela USP e autora do livro Quando Chega a Adolescência (Mercado de Letras). “Na visão construtivista, as
crianças não nascem sabendo dialogar e trocar pontos de vista de forma harmônica. É natural que agridam
2
ou permitam ser agredidas até que cheguem à conclusão de que existem formas mais evoluídas de resolver
desentendimentos”, ressalta a especialista, no artigo “O carimbo do bullying“, publicado no Carta
Educação.
1
Professora Titular da UEM/PR. Foi vinculada ao Departamento de Fundamentos da Educação. Área de atuação: História e
Filosofia da Educação. E-mail: lh.nagel1@gmail.com
3
globalização: o marketing de si mesmo que não confere ao discurso (sempre feito em favor de quem fala, ou
age) qualquer elemento que possa colocar em dúvida as “virtudes”, a “eficiência” e a “eficácia” do que está
sendo promovido.
Marcuse, filósofo e sociólogo alemão, já em 1964, em seu livro A ideologia da Sociedade
Industrial, refletia sobre esse tipo de discurso. Dizia ele que essa modalidade informacional – a
propaganda -, continuamente repetida, faz com que desapareça do homem sua capacidade crítica, ou seja,
sua capacidade de perceber os limites, as contradições ou os problemas intrínsecos ao produto vendido ou
comprado.
Sob esse prisma, o sujeito da sociedade de consumo é, assim, magicamente, enfeitiçado pelas
“qualidades positivas” apresentadas sem contradições, e passa a discursar sob clichês desse gênero,
não só como se fossem reais, mas como se fizessem parte de si mesmo. O consumidor apropria-se de uma
forma de discurso que se torna, com o tempo, absolutamente natural, até mesmo para a própria
autodescrição. Lentamente, desaparecem os parâmetros para julgamentos com base na ética ou na
responsabilidade civil.
O fato é que a crescente violência em todas as áreas da sociedade rompeu com o silêncio das escolas
de qualquer regime ou grau de ensino. O pequeno número de pais, antes reclamantes das agressividades
sofridas por seus filhos e que recebiam informações de que as atitudes indesejadas eram pontuais, ou faziam
parte das fases do crescimento natural dos indivíduos (!), foram se tornando mais incisivos. A mídia, em
função da frequência de fatos aversivos, alertou a sociedade de que o bullying existia e precisava ser
controlado.
Livros, artigos, encontros, seminários, palestras sobre a violência escolar multiplicaram-se e
multiplicam-se. O conhecimento sobre a matéria passa a ser encarado como informação pedagógica
obrigatória para professores e pais, principalmente por aqueles que já teriam enfrentado, de uma forma ou de
outra, agressões físicas nesse espaço “considerado educativo”.
Se, na esfera do reconhecimento da existência do bullying, houve um considerável avanço nos
últimos três anos, esse avanço não pode ser aceito como um patamar de conquista desejável. Isso porque, o
que vem à tona como violência escolar fica nos limites das agressões físicas expostas por ações como
depredação do patrimônio, pancadaria, espancamentos, assassinatos, quer de professores quer de alunos.
Mas o bullying não se delimita por tentativas frequentes apenas contra a integridade material.
Antes de o comportamento atingir o estágio de destruição física de outro ser humano ou de objetos, a
violência tem uma história de desenvolvimento que ainda não foi esmiuçada suficientemente pelos
interessados em evitar o exercício do bullying. A escala que leva à violência física passa por outros
comportamentos que lhe antecedem e que não são considerados “candentes de educabilidade imediata”.
Ofender o outro com palavrões, colocar apelidos depreciativos, rir dos limites das pessoas, criticar,
humilhar, discriminar pelos mais estranhos e esdrúxulos motivos, excluir do convívio, intimidar ou ameaçar
são atitudes que precedem os casos reconhecidos como sendo típicos da “violência dura”.
Infelizmente, esses comportamentos, que dão sustentação à violência dura, já existem nos lares,
nas creches e nas instituições de primeiro grau, sob os olhares indulgentes de pais e professores. Em vista
de o agressor ser uma “criança”, um “adolescente”, um ser que “ainda não sabe o que faz”, todas as
desculpas possíveis são encontradas para eliminar qualquer responsabilidade de quem atua, frequentemente,
com hostilidade, com o pai, com a mãe, com o irmão, com a babá, com a tia, com a avó, com o vizinho etc.
Ora, são frases ou ações inoportunas de filhos e/ou de alunos que, quando admitidas sem reações
disciplinares por pais e professores, garantem a segurança necessária para as crianças e jovens continuarem,
na sequência, a ofender os outros com “espontaneidade”. São os comportamentos intempestivos que, na
falta de análise e crítica construtiva de pais e professores, deixam de ser assumidos como possibilidade de
estimulação da autoconsciência e, consequentemente, da consciência social.
Nessa esteira, são construídos os homens violentos. Nessa trajetória, portanto, são formados os
agressores que se reproduzem facilmente pelos “ganhos” (materiais ou psicológicos) logrados nos
espaços que lhes foram concedidos sem qualquer limite. Na verdade, nunca se falou tanto em cidadania,
assim como nunca se falou tão pouco em consciência social! A cidadania passa a ser operada, singular e
simploriamente, como o “direito de reivindicar direitos privados”, ou individuais!
Em paralelo, um discurso edulcorado e explorado nos projetos pedagógicos sobre a importância
da cidadania convive, lado a lado, com o crescimento concreto do desrespeito pelo outro, dentro ou fora
da escola. Os filhos aprendem, no momento em que são levados para a escola, quando os pais, por exemplo,
4
ignoram os sinais de trânsito. Os alunos, por outro lado, aprendem, quando os professores tratam com maior
deferência os estudantes com situação econômica superior em detrimento dos demais alunos da classe.
A banalização da morte e a reprodução de preconceitos sociais consolidam-se historicamente,
consolidam-se com e por atitudes básicas, anteriores, repetitivas. Na verdade, somos todos responsáveis
pelo crescimento da violência em uma era em que a educação ou, melhor, o interesse em mudar
comportamentos é visto, de modo generalizado, principalmente pelos teóricos mais divulgados da pedagogia
e da psicologia, como autoritarismo ou como coerção indevida. A liberdade atualmente reivindicada como
ponto de partida da educação faz de cada sujeito uma ilha!
O direito de cada um ser, ter, fazer e/ ou decidir como melhor lhe aprouver – garantido e divulgado
pelo liberalismo, que considera como ingerência indevida qualquer ato regulador de comportamentos (uma
vez que concebe a liberdade de cada um apenas pelo prisma do privado e nunca do público) – já deixou de
ser uma bandeira de empresários para a não interferência do Estado em seus negócios particulares. Tal
proposta, ou campanha, passou a integrar a pedagogia contemporânea que tece loas à subjetividade, ao
direito de cada aluno aprender o que achar melhor, ou, apenas, aquilo que tiver sentido para si mesmo! 2
Incrementando a autonomia, a subjetividade, justificando tudo por incertezas ou pela relatividade,
desmerecendo todos os feitos sociais ou culturais anteriores, a Filosofia, a Sociologia, a Psicologia, a
História e a Pedagogia unem-se para aconselhar, direta ou indiretamente, pais e professores a não ensinarem
com base em princípios, valores, parâmetros, diretrizes prefixadas, porque essa forma de educar pertenceria
apenas ao período da Modernidade, enfim, ao século XIX, já esgotado!
A política cultural vigente, própria da pós-modernidade, mais ampla do que a política
educacional, é aquela que, ao destruir a noção de verdade com caráter social, ou ao desvalorizar atitudes
humanas mais universalizadas (mais civilizadas), estimula e incrementa, em todos os aspectos, a contínua
mutabilidade nos indivíduos. Atitudes e comportamentos, portanto, não são mais encorajados sob a
expectativa de que seja comum a todos, o que antes era aclamado como fomento à civilidade. Ao
contrário, atitudes e comportamentos - sob um parâmetro da moda conhecido por “customização” - são
incitados a revelarem-se como inéditos, enquanto definidos, exclusivamente, pelo gosto ou pelas
necessidades de cada indivíduo. Estamos, pois, na era da “customização dos comportamentos”, ou seja, na
era do endeusamento do ajuste das atitudes apenas pelo gosto do interessado!
Ora, com tal base cultural, muito difícil obstar, reprimir, sistematicamente, ações que se escondem
em frases como essas: a) Eu odeio minha avó; b) Não gosto de careca; c) O professor de educação física é
“viado”; d) O diretor é “biba”; e) Sai de perto dele, porque, senão, você fica preto e pobre; f) Leila é feia
como a entrada do inferno; g) A roupa de Jane foi comprada em circo 3; h) Vou dar um coice no cachorro; i)
Aquele cara que me aguarde para ver com quantos dentes fica; j) Sai da frente, você só atrapalha; k) Não
vou fazer minhas tarefas; l) etc...
Frases de nossos filhos e alunos, consideradas espontâneas, aceitas com naturalidade, e que sofrem
de absoluta invisibilidade nas famílias e nas escolas, quando essas instituições não têm, como valor, o
respeito pelo outro, a educação para cidadania. Frases que precisam ser detectadas por pais e professores no
cotidiano, com acuidade, caso se tenha em mente um efetivo desejo de inviabilizar o bullying.
Educação antibullying exige, pois, uma aprendizagem deveras difícil e exigente dos (futuros)
educadores. Isso porque nem a humildade necessária para perceber, ou apreender, o sofrimento dos outros,
nem a clareza para buscar condições favoráveis à superação da violência verbal, psicológica ou física estão
dadas em época de customização! Modos de proceder antibullying precisam ser identificados, apropriados
por meio de observações, estudos, pesquisas, experiências, com a participação de pais, alunos e professores.
Projetos antibullyng exigem muito trabalho e dedicação, porquanto se vive em uma sociedade estimuladora
do sujeito como espetáculo, do “sujeito que se constrói sozinho por autêntica customização”!
Referências
BAUMAN, Z. Vida para consumo. A transformação das pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
2
Vide obras de autores como E. Morin, P. Perrenoud e J. Delors, entre outros autores mais citados pela bibliografia
pedagógica da atualidade.
3
Frase da mãe de uma aluna de escola pública, com extrema dificuldade econômica, em uma reunião sobre o
bullying: - Professora, o que faço? Minha filha é feia, preta e pobre. Não veste roupa da moda, não tem celular e nem
sabe o que é McDonald’s, as colegas não querem ficar perto dela. Ela não quer ir mais para a escola...
5
DELORS, J. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre
Educação para o século XXI. 6. ed. São Paulo: Cortez: Brasília, DF: MEC: UNESCO, 2001.
MARCUSE, H. A ideologia da sociedade industrial. O homem unidimensional. 5. Ed. Rio de Janeiro: Zahar,
1979, p. 92-121.
MORIN, E. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. São Paulo; Cortez, Brasília DF, UNESCO, 2000.
PERRENOUD, P. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.
PERRENOUD, P. Novas competências para ensinar. Convite à viagem. Porto Alegre: Artes Médicas Sul. 2000.
STEWART JR, FD. O que é o liberalismo. 3 ed. Rio de Janeiro: Instituto Liberal, 1988.
Publicado na Revista Maringá Ensina, da Secretaria Municipal de Educação de Maringá, Maringá, Ano 5, n. 18,
fev/mar/abril de 2011, p. 36-39. ISSN 1809-6085, vide Portal: portaldaeducacaomaringa.pr.gov.br, em fevereiro de 2011.
O CARIMBO DO BULLYING
O termo foi banalizado e é confundido com conflitos que são essenciais
ao desenvolvimento
ARTIGO “CARTA CAPITAL” - Vanessa Fagionatto Vicentin - 9 de novembro de 2015
http://www.cartaeducacao.com.br/artigo/o-carimbo-do-bullying/
A mãe de Letícia está preocupada com a filha. Várias vezes ela foi chamada para buscá-la na escola,
porque a garota apresentava queixas de dor de cabeça. Além disso, as notas da menina, que sempre foram
boas, decaíram. Percebeu também que a filha já não se interessa em participar das festas de aniversário dos
colegas da escola. Questionada pela mãe, Letícia não relata o que está acontecendo. No entanto, Letícia está
sendo alvo de bullying.
Com sobrepeso, ela é ironizada por dois garotos de sua classe – a chamam de “baleia”. Letícia teve
crises de choro na escola, após vários episódios de sátiras.
O termo bullying tem sido citado por pais, professores, profissionais de comunicação e até mesmo
entre as crianças.
traduzido como maltrato entre pares e designa a prática de atos agressivos de um ou mais autores contra uma
pessoa que será um alvo.
Atualmente, em razão de inúmeros casos de violência na escola apresentarem sinais de bullying,
existe uma grande e talvez excessiva preocupação em relação ao tema. Por exemplo, a tragédia de Realengo
traz indícios de que o agressor tenha sido alvo de bullying.
O fenômeno bullying pode ter favorecido a sua reação vingativa em relação à escola? Sim, pode ter
favorecido, mas não determinado. O que determinou a ação do autor foi a sua personalidade desequilibrada.
Sem compreender essa situação, muitos pais e educadores entram em desespero e acreditam que tudo é
bullying, confundindo o mesmo com as situações de conflitos interpessoais, fundamentais para o
desenvolvimento psicológico da criança e do adolescente.
Dia desses, uma professora relata que um garoto de 7 anos chamava uma colega de classe de “gorda”
e a mãe da criança, que chegava para buscá-la e ouvia o comentário, disse: “Olha! Isto é bullying! É crime”.
A preocupação da professora com o imprevisto foi com o fato de que a garota havia provocado o colega
anteriormente e a agressão foi isolada, o que não se configura bullying.
Conflitos necessários
É importante salientar que a maioria das ações agressivas na escola tem relação com os conflitos, e
não com o bullying.
Conflitos interpessoais são situações naturais de desacordo entre as pessoas e necessários ao
desenvolvimento de crianças e adolescentes.
É por meio dos conflitos que eles têm a chance de aprender a se colocar no lugar do outro e a falar o
que pensam e sentem de forma respeitosa.
Na visão construtivista, as crianças não nascem sabendo dialogar e trocar pontos de vista de forma
harmônica. É natural que agridam ou permitam ser agredidas até que cheguem à conclusão de que existem
formas mais evoluídas de resolver desentendimentos interpessoais.
Portanto, os alunos batem, xingam, ironizam, acusam injustamente como forma de resolver muitos
conflitos. Contudo, o outro envolvido no desacordo bate, xinga, ironiza, acusa injustamente como forma de
defesa. Em outros termos, envolve uma relação de igualdade.
Diferentemente do bullying que envolve uma criança que se sente com pouco poder e fica sendo alvo
de outra que se sente com muito poder, envolve uma relação de desigualdade.
Apesar da maior frequência dos conflitos interpessoais na escola, quando comparados ao bullying, os
danos para o segundo podem causar marcas quase irreversíveis na personalidade dos envolvidos.
Por esse fato, e por ser um fenômeno silencioso diante das figuras de autoridade, a
comunidade escolar deve se mobilizar, já que o bullying não é brincadeira.
As consequências são inúmeras para os personagens. Para o alvo de bullying os problemas físicos
decorrentes do estresse, o isolamento, tristeza, ansiedade e dificuldades escolares são algumas das
implicações imediatas.
Futuramente, o alvo de bullying que não recebeu tratamento pode ser constantemente envolvido em
situações cíclicas de maltrato. Tende a ser alvo de abuso no trabalho, nos relacionamentos amorosos e nas
amizades.
Depressão, suicídio e vingança são algumas alternativas para o alvo de bullying. Para o autor de
bullying, a hostilidade e as atitudes desafiadoras em relação às figuras de autoridade são bastante comuns.
As atitudes de humilhação tendem a ser cíclicas em outras relações como a família e o trabalho.
Ainda que as consequências sejam preocupantes, alguns podem dizer que, em uma classe, uma
criança é alvo de bullying ou às vezes nenhuma. Para que tamanho alarde? Nem todas as crianças que
foram agredidas sairão metralhando criancinhas na fase adulta.
Muitos vão superar ao tornarem-se pais de família e trabalhadores responsáveis. Será que a
preocupação é excessiva e estamos transformando as exceções em regras?
Nossa maior preocupação: a formação dos alunos. Autor, alvo e plateia de bullying mostram uma
evidência que pode não estar muito explícita para as pessoas: sérios problemas na construção de valores
como justiça e respeito mútuo.
O autor tem dificuldade de respeitar o próximo. O alvo, de colocar o seu valor ao outro. E a plateia…
a maioria dos alunos que riem ou apenas assistem à humilhação e nada fazem diante do maltrato apresenta
dificuldade de se indignar com o desrespeito.
Em outros termos, em uma situação que envolve um autor e um alvo, nós temos evidências de
dezenas de alunos com problemas na formação moral.
BULLYING:
A violência na sociedade, com crimes cometidos cada vez em maior número por adolescentes, ainda não
despertou, nos brasileiros, análises mais profundas. A relação dela com a educação, ministrada pelas
escolas e pela família, não vem sendo examinada. O aumento da violência tem trazido apenas os discursos:
“Queremos Paz”, e, “Exigimos do Governo mais Segurança”!
O velho costume de associar a violência com a falta de condições econômicas, por exemplo, ainda se
mantém embora a incidência de ações violentas tenha entrado, significativamente, para a vivência das
famílias da classe média. A classe média, mais do que a classe com alto poder aquisitivo, recentemente,
começa a se perguntar como e por que seus filhos, “inesperadamente”, envolvem-se em crimes que a
imprensa registra como carentes de punição severa.
4
Professora Titular da UEM/PR. Foi vinculada ao Departamento de Fundamentos da Educação. Área de atuação: História e
Filosofia da Educação. E-mail: lh.nagel1@gmail.com
8
Da mesma forma, poucas instituições educativas, quer públicas ou privadas, apresentam inquietações com
a violência das relações instituídas nas escolas. Quando interrogadas pela imprensa, respondem não existir
problemas nessa área. Nem o Estado, nem o sistema privado admitem, por uma questão de marketing
e/ou de competição, que o trabalho desenvolvido em suas escolas contemple qualquer possibilidade de
agressividade. No entanto, a realidade que desmente o discurso feito vem arrombando as portas dos
estabelecimentos de ensino e, para isso, vem contribuindo a UNESCO, desde 1997, com pesquisas, cursos,
livros e eventos sobre o fenômeno 5.
A busca de conhecimentos para se educar para a não-violência, no entanto, só se realiza quando docentes
e familiares admitem que existe violência em qualquer uma dessas instituições. Só assim, dispõem-se a
reconhecer as diversas formas com as quais ela se apresenta, como também a organizar recursos didáticos
para sua superação.
O (re)conhecimento das diversas formas de violência na família e na escola é muito importante, porque,
geralmente, ela é compreendida apenas no seu último estágio: o da “Violência Dura”! Esta se apresenta
como assassinato, espancamento, golpes, ferimentos, coação física, estupro, agressão sexual, roubo, furto,
vandalismo, depredação do patrimônio público ou privado.
Ter sensibilidade para captar os sentimentos e emoções dos outros, assim como ter habilidade para
conviver respeitosamente com qualquer pessoa, é uma aprendizagem que só se realiza sob a orientação de
alguém: no caso, de pais e de professores. Socialização se aprende e ela se faz na relação entre ensino &
aprendizagem. Da mesma forma que a violência se estrutura em uma seqüência de relações agressivas
não contestadas, a não-violência é produto de situações estimuladas por objetivos claramente definidos e
por ações concretas de obstaculização de práticas típicas do Bullying, dissimuladas, no Brasil, com o nome
de “brincadeiras”l!
Por essa razão, é tão importante, em primeiro lugar, reconhecer o Bullying como violência psicológica
expressiva do mais alto grau de Incivilidade, que vem crescendo nas escolas, e é responsável, inclusive, por
fenômenos como evasão escolar, atrasos sistemáticos, notas baixas, dispersividade, desinteresse pelos
estudos, depressão, apatia, ansiedade, medo, pânico, distúrbios psicossomáticos (problemas gástricos,
dores nas costas...), dentre outros.
5
Ver site http://observatorio.ucb.unesco.org.br/quemsomos.
6
Indispensável relacionar o número crescente de acidentes de jovens no trânsito à indisciplina, ou, melhor, à natural negação de
qualquer obediência à regras.
9
O Bullying, geralmente coordenado por um aluno aceito como líder, concretiza-se por ações repetitivas,
que tem poder psicológico para intimidar, implicar, humilhar, negar atenção, fazer pouco caso, perseguir o
outro (colega, professor, funcionário) com chacotas, ironias, ameaças e, até mesmo, com agressões físicas,
sem contar com o uso da Internet para tais perversidades. Para reconhecimento dessas ações, nada
melhor do que alguns exemplos típicos do cotidiano das escolas, lembrados pelos próprios alunos, como:
“Lá vem o rolha de poço”! “Otário”! “Com essa neguinha não brinco”! “O gago vem chegando”! “O pai dele
tem um Fiat ”! “É pobre”! “O burro fala”! “Ele é gay”! “Olha os óculos do vesgo ”! “Não queremos que
ande conosco”! “Teu gato está te traindo, manda na cara dela” ! “Ou você faz ou vai ter na saída da
escola”...
Impossível pensar que, para um plano contra a violência, as escolas possam trabalhar sozinhas, sem o
apoio dos pais e sem o conhecimento da comunidade em geral. Os debates sobre os diversos tipos de
violência devem ser levados ao público, para que um número maior de participantes se sinta engajado na
educação necessária para transformação de hábitos que ferem a saúde mental.
Os planos de ação da escola para diminuir a violência, por sua vez, devem ser discutidos junto com os
alunos, após estudo sobre o seu crescimento em todos os setores da sociedade. Filmes, teatro, debates,
contos, crônicas, música, matérias jornalísticas, pesquisas nas Delegacias da Mulher, em presídios, em
hospitais, em asilos, estatísticas sobre a morte de adolescentes, etc., podem subsidiar encontros
programados ao longo do ano.
Por outro lado, a escola deve, também, com base em decisões coletivas, organizar um regulamento que
oficialize sua legítima intenção de viver dentro dos limites sociais indispensáveis para uma convivência
solidária. Regulamento que pode ser estendido a um tipo de contrato assinado, já no ato da matrícula,
pelos pais que se comprometem a educar para a verdadeira cidadania.
Além disso, a escola não pode esquecer de fazer um acordo com os estudantes sobre o cumprimento da
disciplina (ou sobre os termos dessa disciplina), pois ela é considerada indispensável, ou condição primeira,
para qualquer aprendizagem. Impossível aceitar que a educação possa ser realizada em um ambiente
anárquico, sem qualquer regra, com absoluta liberalidade. A disciplina é indispensável, caso se pretenda
mobilizar positivamente o campo afetivo. Ela não está separada dos comportamentos de ensinar e de
aprender: a) a ouvir, b) a prestar atenção, c) a ter tolerância com outros, d) a comover-se com os
problemas ou dificuldades dos indivíduos, e) a respeitar as pessoas; f) a julgar por valores humanos mais
universais. Só nesse espaço educacionalmente programado, as práticas brasileiras, antes não reconhecidas
como “Bullying“, deixarão de ameaçar nossos filhos e alunos em sua integridade.
Bibliografia
ABRAMOVAY, M; RUA, M.G. Violências nas escolas. Brasília: UNESCO, Instituto Ayrton Senna, UNAIDS, Banco Mundial,
USAID, Fundação Ford, CONSED, UNDIME, 2002.
ABRAMOVAY, M. Escolas inovadoras: um retrato de alternativas. In: Desafios e Alternativas; violências nas escolas. Anais
do Seminário “Violências nas Escolas”. Brasília: UNESCO, 2003.
7
A perversidade é vinculada a um plano de ação, pelo qual se escolhe uma vítima e com a qual o autor do plano não tem
nenhuma relação afetiva ou de sensibilidade para com ela.
10
BALLONE G.J..- Maldade da Infância e Adolescência: Bullying - in. PsiqWeb, Internet, disponível em www.psiqweb.med.br,
revisto em 2005.
CONSTANTINI, A. Bullying: como combatê-lo. Prevenir e enfrentar a violência entre jovens. São Paulo: Itália Nova Ed.,
2004.
SIMMONS, R. Garota fora do jogo. Rio de Janeiro: Rocco, 2004
Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
LEI Nº 13.185, DE 6 DE NOVEMBRO DE 2015.
§ 1o No contexto e para os fins desta Lei, considera-se intimidação sistemática (bullying) todo ato de
violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por
indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e
angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.
I. Ataques físicos;
II. Insultos pessoais;
III. Comentários sistemáticos e apelidos pejorativos;
IV. Ameaças por quaisquer meios;
V. Grafites depreciativos;
VI. Expressões preconceituosas;
VII. Isolamento social consciente e premeditado;
VIII. Pilhérias.
Art. 3o A intimidação sistemática (bullying) pode ser classificada, conforme as ações praticadas,
como:
Art. 5o É dever do estabelecimento de ensino, dos clubes e das agremiações recreativas assegurar
medidas de conscientização, prevenção, diagnose e combate à violência e à intimidação sistemática
(bullying).
Art. 7o Os entes federados poderão firmar convênios e estabelecer parcerias para a implementação e a
correta execução dos objetivos e diretrizes do Programa instituído por esta Lei.
Art. 8o Esta Lei entra em vigor após decorridos 90 (noventa) dias da data de sua publicação oficial.
Parágrafo único. Entende-se por bullying atitudes de violência física ou psicológica, intencionais e
repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente, praticadas por um indivíduo (bully) ou grupos de
indivíduos, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e
angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.
Art. 2º A violência física ou psicológica pode ser evidenciada em atos de intimidação, humilhação e
discriminação, dentre os quais:
I. Insultos pessoais;
II. Comentários pejorativos;
III. Ataques físicos;
IV. Grafitagens depreciativas;
V. Expressões ameaçadoras e preconceituosas;
VI. Isolamento social;
VII. Ameaças;
VIII. Pilhérias.
Art. 4º Para a implementação deste Programa, a Unidade Escolar criará uma equipe interdisciplinar com a
participação de todos os profissionais da educação intersetorial, envolvendo as diversas políticas existentes
no território onde se localiza o Estabelecimento Escolar, com a participação de pais, alunos e comunidade,
para a promoção de atividades didáticas, informativas, de orientação e prevenção.
Art. 6º Compete à Unidade Escolar aprovar um Plano de Ações no Calendário da Escola, para a implantação
das medidas previstas no Programa.
Art. 7º Fica autorizada a realização de Convênios e Parcerias para a garantia do cumprimento dos objetivos
do Programa.
Art. 8º A escola poderá encaminhar vítimas e agressores aos serviços de assistência médica, social,
psicológica e jurídica, que poderão ser oferecidos por meio de Parcerias e Convênios.
Art. 9º A Secretaria de Estado da Educação, usando da estrutura já existente, poderá criar Órgão Específico a
fim de receber das equipes interdisciplinares das escolas, comunicação quando da ocorrência de assédio e ou
violência, para que este tome as providências necessárias e adequadas a cada caso.
Art. 10. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de noventa dias a contar da data de sua
publicação.
8
Professora Titular da UEM/PR. Foi vinculada ao Departamento de Fundamentos da Educação. Área de atuação:
História e Filosofia da Educação. E-mail: lh.nagel1@gmail.com
14
Ainda aparecem outras notícias, sem grande frequência, sobre pais, mães e irmãos que, assumindo o
papel de “justiceiros” invadem escolas para exigir tratamentos entendidos como não dispensados aos seus
parentes por “incompetência da escola” ou de seus profissionais. São mães que batem em professoras por
informações recebidas de suas filhas 9, são pais que ameaçam, de formas criativas, a escola, por falta de
tratamento especial a sua criança 10, são irmãos que atacam o diretor e/ou o coordenador pelo descaso com os
reclamos de algum parente 11!
De tempos em tempos, a imprensa mantém, por vários dias, um caso que se expõe como
inadmissível: um massacre em escola rende, por exemplo, incontáveis manchetes e inúmeras interpretações.
Columbine High School é um marco que não se limita aos Estados Unidos, entrando o Brasil, nos últimos
anos, para o rol dos países que, volta e meia, têm de explicar o aparente inexplicável. Termos, tais como
esquizofrênico, antissocial, transtorno de personalidade, quebra de personalidade, serial killer, atirador,
bullie, invadem as manchetes, mostrando que até especialistas divergem nos diagnósticos.
Da mesma forma que os diagnósticos, as alternativas de prevenção de novos acidentes desse gênero
são variadas. Sugestões não se limitam em colocar a segurança física como ponto de partida para a escola.
De uma estrutura material que impeça a entrada de armas, construa muros altos e/ou mantenha a segurança
dos alunos, até a sugestão, bem ampla, de Programa para a Paz, inúmeras ideias ocorrem, principalmente,
logo após determinadas comoções sociais.
As Editoras, aproveitando o momento de curiosidade sobre a matéria, lançam livros, principalmente
sobre bullying, oferecendo informações tanto sobre as características do agressor, da vítima, das
testemunhas silenciosas, quanto das consequências prováveis da violência em seus mais variados tipos.
Pela persistência crescente de fenômenos violentos, os livros já se desdobram, apresentando um maior
número de itens relacionados à matéria problematizada. Multiplicam-se os textos sobre exclusão social,
racismo, preconceitos, gangues, galeras, quadrilhas, rappers, jovens em situação de risco etc.
No entanto, para além das descrições já divulgadas sobre a violência que integra o universo escolar
(física, simbólica, verbal, relacional, social, como o cyberbullying), importa ressaltar que informação não é
conhecimento e conhecimento, por si só, não significa operacionalização prática do saber existente, ou
melhor, correção de desvios.
Ainda que indispensável a leitura sobre esse tipo de problema, não basta, pois, saber quais são as
características dos bullies ou daqueles que sofrem as perversidades sistemáticas. Não basta proclamar
as consequências do bullying em qualquer sujeito ou em qualquer agrupamento social. Não basta identificar
fatores determinantes do comportamento aversivo, do comportamento tolerante, ou mesmo, daqueles
reconhecidos como próprio às vítimas. Tampouco é suficiente conhecer os dados das pesquisas já realizadas
no Brasil e em outros países, pois apenas se confirma a existência de comportamentos comuns nesse
mundo globalizado.
Mesmo considerando a informação como elemento básico, antecedendo, naturalmente, qualquer
reflexão, não se pode considerar o patamar já atingido pelo conhecimento como satisfatório. Tampouco se
pode considerar satisfatória a prática existente nas escolas, quando se almeja coerentemente a formação do
cidadão sem humilhação e/ou exclusão, ou quando se espera redução da indisciplina, hoje comum em
qualquer sala de aula.
Nessa perspectiva, como já se disse, mesmo ao se considerar extremamente importante a contínua
busca pela literatura especializada, isso, por si só, não garante um trabalho ágil que impeça, de forma
assertiva, tanto a indisciplina como as ações dos bullies. Reforça-se, assim, a idéia de que informação não é
conhecimento, assim como a de que conhecimento, sem a identificação dos parâmetros que subsidiam
tal ou qual opção, também não é instrumento suficiente para ações livres de dúvidas, de indecisões ou,
até, de erros inocentes.
A multiplicidade de vertentes e/ou de interpretações sobre quais causas determinam a indisciplina ou
um bullie favorece e, ao mesmo tempo, embaraça a possibilidade de escolha de alternativa de qualquer
9
Em 28.04.20111, O Diário Catarinense de Florianópolis, em manchete, cita um depoimento materno: Agora ela vai
pensar duas vezes, diz mãe que bateu em professora em São José.
10
Um pequeno exemplo: Time de futebol da escola perde patrocínio por não ter sido, a solicitação de um pai, em
favor do seu filho, atendida pela direção da escola.
11
Em Porto Alegre, manchete da Zero Hora, em 21.04.2011, registra: Para vingar irmã, jovem destrói e apavora
escola.
15
ação pedagógica destinada a uma convivência pacífica. Essa escolha, por outro lado, traz um elemento
assaz subjetivo, nem sempre claro para a pessoa que se define por uma alternativa. Revela-se, esse
elemento particular, próprio ao espírito da pessoa, exatamente pela liberdade em escolher-se como um
sujeito “mais” ou “menos” alheio, “mais” ou “menos” conivente com atos de rebeldia e/ou de
prepotência, vivificados na família, na escola ou na comunidade a qual pertence.
Educar, nessa perspectiva, a partir de um sentimento interior, é uma ação que se qualifica pela
incompatibilidade com qualquer ato que desumaniza alguém. Educar é um processo que, determinado
por descontentamento com a realidade na forma como se encontra, busca a superação dela. Sob tal
parâmetro, educar para a civilidade e/ou para a não-violência tem por característica a prevenção e a
persistência para inviabilizar atos desrespeitosos, agressivos ou prepotentes. Subentende essa ação, pois,
apenas o crédito de que aquele que intencionalmente constrange o outro, ou aquele que pode ser
qualificado como algoz, é o sujeito construído por atos repetidos, nunca sancionados, ou limitados,
anteriormente.
Essa forma de pensar o “incivilizado”, como passível de direcionada mudança na esfera do convívio,
opõe-se àquela que considera qualquer ato educativo como violência 12 e que interpreta qualquer limite ao
sujeito como castração da liberdade individual, como destruição da subjetividade ou como extermínio de
singularidades, objetivando, de certa forma, uma concepção de homem indiferente à sociabilidade. O
indivíduo priorizado independentemente da relação que estabelece com o outro, considerado em sua
natureza como independente das relações sociais, participa, sem contradição, da defesa da ética privada, bem
de acordo com o pensamento liberal. Com opinião contrária, Yves de La Taille, psicólogo e pesquisador
sobre o desenvolvimento da moral, falando sobre bullying em entrevista à Revista Época, diz: “Ética são
costumes, e costumes não nascem inscritos no DNA de ninguém” (2011, p. 116).
Ora, dentro da escolha de priorização dos direitos do indivíduo em relação aos deveres para com os
outros, as normas disciplinares, por exemplo, são muitas vezes decodificadas como meras situações de
constrangimento aos estudantes; o que não deixa de sugerir a tradução do Estatuto da Criança e do
Adolescente como uma Carta de Direitos sem Deveres, como um Contrato de Mão Única! É por essa
opção teórica, cultural, que tanto o processo pedagógico quanto o professor são imediatamente
responsabilizados pela indisciplina ou pela violência na escola. Afinal, ambos seriam, simploriamente,
percebidos como “não ajustados à modernidade solicitada pelos comportamentos próprios à juventude
cibernética”! Sem contradição, inverte-se, hoje, a posição de educador e de educando, reconhecendo-se
o último como “aprendente autônomo que se autogestiona”!
Mas, independentemente do entendimento do que significa indisciplina, conflito, ou violência, ou
sobre qual seja a melhor forma de examinar e/ou de tratar esses fenômenos, a escolha traz, de forma
implícita, a concepção do que seja educar ou ensinar. Impossível deixar de lembrar que educar, para uns,
é mudar comportamentos, tendo por ponto de partida e de chegada as relações sociais. Para outros,
educar é aceitar as individualidades, exatamente pelas singularidades, ou idiossincrasias, que elas
representam. Nesse quadro bidimensionado, na verdade, dividido, movem-se os projetos, as propostas, as
ações dos docentes, sem que as concepções de educação, de homem e de sociedade sejam revisitadas 13 .
Ora, o conhecimento e a prática de alternativas para redução da indisciplina e/ou do bullying
exigem, pois, uma atitude que vai além dos saberes imediatos, mais superficiais, mais intensivos ou mais
especializados sobre a matéria. Vai muito além da opção teórica para interpretar esta ou aquela realidade
aversiva. A afirmação de humanização das relações sociais consiste, de fato, no desdobramento da
sensibilidade daquele que se propõe a educar, em ofender-se, em ressentir-se frente aos atos típicos de
incivilidade. Desdobramento da sensibilidade, da emoção, que, quando acionado e/ou desenvolvido,
redunda em ações intencionais capazes de rechaçar os atos agressivos/aversivos, impedindo, dessa forma,
sua instauração definitiva ou sua permanência no tempo.
Com esse aprimoramento da sensibilidade, ações contra o patrimônio social, depredações, pichações,
não são vistas, apenas como uma expressão de recusa à autoridade escolar, paterna ou de qualquer outro
12
Pedagogia derivada principalmente de Foucault e de outros filósofos e sociólogos pós-modernos que muito têm influenciado a
educação brasileira.
13
Exigências relativas ao decoro em vestimentas das estagiárias de pedagogia têm levado à dupla interpretação: uma que
considera correta a existência de instruções sobre o vestuário dos professores em função do cargo que exercem; outra que
considera o direito das alunas apresentarem-se com visual agressivo, ou espalhafatoso, porque elas teriam anseios (típicos da
idade) de não serem ignoradas ou de serem reconhecidas pelas diferenças em relação às demais pessoas.
16
tipo. Quem desenvolve habilidades afetivas percebe o ataque contra o patrimônio público como uma perda
social coletiva que implica em terrível sensação de privação e, ao mesmo tempo, de impotência dos
integrantes de uma comunidade qualquer. Tal sensação torna-se possível porque, no exercício de
desdobramento da sensibilidade, a noção de direito jamais se separa da noção de dever, tampouco, a
noção de indivíduo se separa da noção do outro, da noção de comunidade, percebida como
indispensável para a sobrevivência de qualquer um.
Sob o impacto do desdobramento e/ou do desenvolvimento da sensibilidade, os atos de violência
verbal (independentemente a quem sejam dirigidos) implicam não só em sentir com tristeza a perda da
habilidade do agressor em socializar-se, mas, também, na sensação de mal-estar em perceber o agredido
circunscrito pelo bully nos limites da idiotia, do ridículo, do deboche. Nessa dinâmica, a sensibilidade
apurada torna inadmissível a violência relacional que se exprime no prazer de indivíduos humilharem ou
excluírem pessoas da convivência. A indignação pela exclusão, pelo isolamento do outro, portanto, é o
que permitiria, inicialmente, a luta contra os atos dos bullies que primam por impor solidão ao outro.
Ora, sensibilidade apurada objetiva-se na ação que se indispõe contra o sofrimento infligido a uma
pessoa, expressando um exercício anterior de percepção intencional das relações sociais, das relações
humanas. Pressupõe, esse desenvolvimento da sensibilidade, uma inserção profunda da consciência no
mundo dos homens, fugindo da simplicidade e da aparência dos fatos que costumam chegar à razão
depois de consumados ou informados pela mídia. Abrir-se para perceber e rejeitar, efetivamente, a
indisciplina e a violência significa tomar consciência de como os indivíduos estão se construindo, se
realizando. Apreender como os indivíduos estão compartilhando a vida, os momentos da sua existência,
exige, na verdade, coragem e paciência para examinar em profundidade a forma como cada um está a
se fazer humano.
Nesse sentido, alarga-se o significado da luta contra a agressividade sistemática, contra a
violência escolar. Importante, portanto, nesse aprofundamento, rever o que se pensa da constelação familiar.
A família, com valores definidos, anterior aos anos de 1980, desfez-se concretamente. Os antigos modelos
de convívio social não estão mais à vista, emergindo, alguns, de modo desarticulado. Isso facilita o
preconceito de que, na atualidade, as famílias apresentam excessiva tolerância para com os agressores em
sua casa, legitimando, de certa forma, a violência na escola. Sem negar essa interpretação ou radicalizá-la,
chama-se a atenção de que a maioria dos pais também está sendo vítima do modelo de homem que se
solidifica, para além da própria família, na sociedade contemporânea.
Em todos os campos, em todas as áreas, nos tempos “pós-modernos”, sobressai, de fato, um
sujeito individualista, que se acha com direitos absolutos, com distúrbios narcisistas, preocupado consigo
mesmo, sem vontade de atuar socialmente 14, intempestivo, intolerante, relativista, sem projeto para o
futuro. Manifesta-se dessa forma não apenas no espaço escolar 15. Em qualquer instituição, em qualquer
idade, tais comportamentos são identificados como reais por estudiosos que se dividem em dois grupos: uns
os consideram problemáticos para a vida em sociedade, outros os admitem como libertados e libertadores
das asfixiantes coerções sociais.
Posto que qualquer constelação familiar sofre da dinâmica social que a ultrapassa, não se pode,
portanto, atribuir, de modo unilateral, de modo exclusivo, à família responsabilidade por indução e/ou por
tolerância exacerbada a determinadas formas de relacionamento. Forjado pelo individualismo, o homem
desse momento precisa reconhecer-se para lutar para contra a sociedade violenta, mas só o fará caso
abra sua sensibilidade para revoltar-se, inclusive, contra si mesmo, contra aquele modo próprio de
viver regulado pelos próprios desejos.
Pais e professores, quando admitem que os próprios desejos carecem de regulação para a
existência do verdadeiro civismo, quando reconhecem que a vontade ou as aspirações de seus filhos e de
seus alunos precisam ser mediados pelo respeito ao outro, transformam-se não só em modelos para novos
relacionamentos sociais como passam a ter melhores condições de concretização do sonho de uma
escola com menor desordem, menos violenta, mais feliz e produtiva. E, aqui, a partir de agora, pode-se
falar em alternativas para redução da indisciplina.
14
Sennett, em O declínio do homem público, diz: Multidões de pessoas estão agora preocupadas, mais do que nunca, apenas com
as histórias de suas próprias vidas e com suas emoções particulares (...) (1998, p 17)
15
Importante reconhecer que o homem forjado pela sociedade atual, com as características acima descritas, é um indivíduo que se
faz presente em qualquer classe econômica, em qualquer classe social ou cultural, em qualquer ambiente, espaço ou instituição. Já
se foi o tempo que se atribuía a violência a segmentos economicamente desfavorecidos da população.
17
16
Os alunos intimidam os professores por várias formas. Vem crescendo, por exemplo, a reação dos pais contra os docentes por
informações (na maioria das vezes, indevidas ou desproporcionais ) falsas dos seus filhos sobre o docente.
18
Nesse impasse, nada melhor do que recuperar a concepção de homem como produto de relações que,
se alteradas, podem gerar novos comportamentos. Nada mais saudável do que buscar a compreensão da
sociedade de mercado como estimuladora de homens individualistas - com gozo pelo poder, com deleite
pelo espetáculo - para renovar o desejo de educar na perspectiva mais humanista, função hoje até mesmo
ridicularizada pelos “pós-modernos”.
Interessante lembrar, nessa encruzilhada, que é exatamente a partir da crise da educação que pode ser
repensada uma nova escola. Somente o descontentamento com o “cidadão” que está sendo produzido,
inclusive, pela escola (em suas terminalidades de oito, 12 ou 16 anos) pode colocar em pauta uma nova
perspectiva para a reorganização de forças em prol da convivência menos conflituosa. Abre-se, assim, o
caminho para se pensar o desenvolvimento de estratégias básicas contra qualquer tipo de desrespeito.
Estratégias que, para não se tornarem inoperantes, caírem no vazio, exigiriam o envolvimento da
comunidade, jamais prescindindo, portanto, do trabalho coletivo.
A opção por estratégias qualificadas pelo coletivo se faz louvável porque, se o indivíduo aprende no
seio das interações sociais, é no seio dessas interações que as mudanças escolares (não restritas a uma
sala de aula) devem ser provocadas. Todo o trabalho contra a hostilidade, impertinência, desrespeito,
insolência, abuso, confronto, desobediência, provocação ou contra o bullying e/ou cyberbullying, enfim, toda
atividade a favor do desenvolvimento da autêntica civilidade, para a construção da verdadeira cidadania,
deve ser projetada e desenvolvida em comum, com todos os integrantes da instituição, com um único
objetivo: educar para o respeito.
Dá-se realce ao fato de que, quanto maior o envolvimento de pessoas de diferentes sítios, de
diferentes instituições, de diferentes turnos ou séries, maior chance de sucesso se pode esperar na luta pela
minimização da intencionalidade de ferir. A escola, portanto, não pode deixar de unir esforços, em
primeiro lugar, com os alunos, com a família, assim como com outros membros ou instituições da
comunidade, como Conselho Tutelar, Promotoria, Patrulha Escolar, Associação Médica, Associação de
Psicólogos, OAB, enfim, com todos os segmentos significativos da cidade que ultrapassam os aqui
listados. Se a meta é modificar, de fato, o padrão de relacionamento já vulgarizado, impossível, pois,
separar a escola do que acontece fora dela.
Na verdade, quando se torna claro o interesse em buscar, de forma consistente, uma convivência
mais digna, dois pressupostos emergem: 1) a melhoria da qualidade de vida é tarefa da maioria dos
participantes de qualquer sistema; 2) os códigos de conduta, considerados ideais, devem ser definidos
por ação conjunta. Isso porque a renovação de relacionamentos não se faz por um número reduzido de
pessoas e nem se consegue por meios legalistas pelos quais são enfatizadas regras e sanções elaboradas por
poucos.
A ausência de participação, quando da definição de regras e convenções, faz de qualquer professor,
pai, ou de qualquer aluno, um indivíduo que não se sente nem acolhido, nem pertencente a uma agremiação.
O afastamento dos indivíduos das regras que deverão acatar apenas constrói um ser ausente, um
sujeito sem projeto, porque, enquanto afastado das razões institucionais, jamais entenderá os motivos
para sua obediência.
Por outro lado, um projeto com a participação de todos exige, em primeiro lugar, a conscientização
da realidade escolar e do entorno dessa instituição. Os fatos, as situações vividas até então na penumbra da
escola e os dados relativos à comunidade mais ampla precisam ser reconhecidos, analisados, diagnosticados
por todos os elementos organizados 17. Assim, o conhecimento, ou reconhecimento, dos comportamentos
que dão sustentação aos fenômenos indesejados se constitui no primeiro patamar de trabalho a ser
realizado em parceria com o aluno, caso a escola esteja, de fato, interessada em superar a progressiva
indisciplina e a crescente naturalização da violência.
A determinação, por outro lado, de investigar, de adquirir conhecimento sobre os fenômenos
presentes na instituição e os da circunvizinhança 18 traz, como consequência processual, a necessidade de
17
Em São Paulo, o Sindicato dos dirigentes das escolas municipais (SINESP) revela que os responsáveis pela organização e
funcionamento das instituições não percebem como problemas as agressões verbais e físicas dos alunos, e, da mesma forma, a
Secretaria de Educação afirma ser muito baixo, segundo levantamentos dessa pasta, os índices de violência em suas escolas. Vide
Folha de São Paulo, Seção C4 Cotidiano, em 02.04.2011.
18
No levantamento sobre a realidade do entorno escolar, lembra-se a indispensável identificação das áreas de esporte, de lazer e
de serviços com os quais as famílias podem contar no seu dia a dia: supermercados, bancos, serviços odontológicos, pronto-
19
coletar e socializar informações sobre determinados termos, conceitos, indicadores, a fim de que as
observações, registros e análises do material a ser colhido ofereçam objetividade, consenso, segurança ou
validade para os estudos a serem desencadeados. Impossível levantar alternativas de correção, caso não se
tenha em mãos os problemas, os limites e/ou as dificuldades vividas por quem de direito, e não se estabeleça
uma linguagem comum para descrevê-los ou tratá-los. Nesse sentido, o responsável pelo programa ou pelo
projeto de mudança das relações sociais na escola, para ser bem-sucedido, deverá ter conhecimentos sobre
pesquisa, uma vez que coordenará o plano de ação contra a violência que implica em recursos humanos
diversos 19 (da escola e fora dela) e atividades técnicas e funcionais complexas.
Acentuando a importância do conhecimento prévio da realidade escolar, lembra-se que o
mesmo pode ser adquirido pelo somatório de quatro vias: a) interrogando os alunos sobre as atitudes de
quaisquer elementos da escola que mais os afligem; b) registrando depoimentos dos professores da
instituição sobre suas vivências aversivas e positivas; c) consultando os dados pertinentes aos boletins de
ocorrência (caso sejam produzidos pela escola e/ou pela polícia) que revelam quais infrações são percebidas
como graves pelos dirigentes da casa; d) identificando as queixas formuladas pelos pais aos professores,
coordenadores ou diretores do estabelecimento. Os resultados obtidos, classificados, sinalizam quais
caminhos podem ou devem ser tomados, em função da tipologia e da frequência dos fenômenos detectados.
Com o diagnóstico feito, com base nos dados recolhidos, o debate deve ser promovido, para que,
coletivamente, sejam selecionadas e operacionalizadas as atividades para a resolução dos problemas
detectados. O valor da peculiaridade dos dados obtidos em cada escola, assim como da criatividade para
encaminhar ações férteis podem ser lembradas pela frase de Ortega e Del Rey:
Trata-se de fugir das receitas e assumir que a complexidade da vida escolar exige que
a equipe docente assuma, como parte do trabalho profissional, o desenho e a
realização de seu próprio projeto de convivência. (2002, p. 42)
Ora, fugir das receitas nada mais é do que assumir a realidade tal como se apresenta e, objetivamente,
concretizar novas formas de relacionamento no trato diário. No entanto, mesmo considerando a
especificidade da problemática de cada instituição e a singularidade, por isso mesmo, de cada projeto, ousa-
se levantar alguns procedimentos-padrão que se sustentam na insatisfação revelada pelos professores com a
indisciplina e com o bullying.
socorro, áreas de recreação (música, teatro, trabalhos manuais, cinema), serviços voluntários das Igrejas, festas religiosas,
gincanas, festas populares etc.
19
O coordenador do projeto de minimização da indisciplina e/ou da violência na escola não poderá abrir mão da participação, no
interior da instituição, do diretor, coordenadores, professores, funcionários, pais e alunos, além da contribuição de outros
profissionais como psicólogos, assistente social, médicos etc.
20
A lista de filmes que têm na dinâmica escolar ou no bullying seus temas centrais pode ser solicitada não só às locadoras como
também a alguns sites da internet.
21
Foi postado no Youtube, segundo O Diário do Norte do Paraná (A 4), em 05 de maio do corrente ano, um vídeo no qual jovens
dão maconha a um pássaro ferido, de forma debochada, fazendo paródia com os programas policiais na TV que mostram
acidentes. Encenações como essas também servem para debater com os alunos costumes que ferem a ética e a moral. A vida em
agonia, no caso, serve de palco para o exibicionismo espetaculoso.
20
série, sobre o filme ou vídeo, com uma abordagem criativa; b) um levantamento de qualidades positivas e/ou
negativas dos professores, elaborado por série, ou por meninos e meninas, cujos dados seriam cotejados,
tanto por turma quanto por gênero, ou simplesmente organizados por frequência; c) discussão das qualidades
ou limites dos professores apontados nesse levantamento; d) pesquisa na literatura pedagógica do papel de
um professor, das atividades que lhe seriam profissionalmente pertinentes; e) discussão dos registros
encontrados sobre as funções de um bom professor; f) pesquisa nos jornais, revistas, internet dos fatos
violentos contra os professores no Estado, no País e no mundo; g) entrevistas com professores já agredidos
(preferencialmente não da mesma escola), com o objetivo de registrar as emoções do insultado ou
espancado; h) redação dos alunos sobre o que sentem quando são injustiçados; i) organização de palestra de
um psicólogo, promovida pelos alunos, para esclarecimentos sobre as causas e as consequências da
violência; j) apresentação, por série, de sugestões para desenvolver a empatia, para estimular habilidades
sociais na escola; k) projeto de redução da indisciplina por sala de aula e/ou de prevenção da violência
escolar em sua totalidade; l) relatos pessoais de experiências positivas e/ou negativas vividas na escola; m)
avaliação do projeto, desencadeado pela escola, em favor da convivência harmoniosa; n) avaliação do
rendimento escolar após um ano de determinado projeto interessado em diminuir os conflitos na instituição;
o) outras atividades que, como as demais, deverão ser registradas oficialmente, dando corpo à experiência
sistematizada, possibilitando divulgação ampla.
Considerando que, desencadeado um processo envolvente capaz de estimular e manter as pessoas em
ação, propostas novas sempre deverão surgir no seio de seus componentes, o que alimentaria, em cadeia, as
emoções típicas de pertencimento, de orgulho e de satisfação de todos na luta viva em prol da dignidade do
homem.
Em síntese, fecha-se a presente reflexão e/ou proposta, reforçando ser a educação um procedimento
interessado no homem e em sua humanização. Um procedimento que extrapola o tempo de escolarização,
mas, sem o qual, a escola não terá condições de garantir desempenhos acadêmicos respeitáveis. Afinal, nada
mais se espera da formação dos indivíduos além de que eles tenham consciência ou compreensão de como
estão vivendo e de como estão agindo para perpetuar a própria existência. Eis o primeiro passo para a busca
concreta, efetiva, da cidadania.
REFERÊNCIAS
FOLHA DE SÃO PAULO. Diretor de escola municipal não vê bullying. C-4 Cotidiano, São Paulo, 02 de maio de
2011.
O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ. Vídeo mostra jovens dando maconha a pássaro ferido. A4, Maringá, 05
de maio de 2011.
LA TAILLE, Y. de. As crianças notam contradições éticas. Revista Época. Rio de Janeiro: 02 de maio de 2011, p.
116-177.
ORTEGA, R.; DEL REY, R. Estratégias educativas para a prevenção da violência. Brasília: UNESCO, UCB,
2002.
SENNETT, R. O declínio do homem público: as tiranias da intimidade. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
Texto encaminhado e aprovado para o X CONPE – a ser incluído no site www.Congresso Nacional de
Psicologia Escolar e Educacional, a ser realizado entre 03-06 de julho de 2011- organizado pela
Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE), e-mail: abrapee@abrapee.psc.br