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JUVENATRIX

JUVENATRIX – Fanzine de Horror & Ficção Científica


ANO 27 – Número 184 – ABRIL 2017
JUVENATRIX – desde Janeiro de 1991, com 4.464 páginas
Editor – Renato Rosatti
Capa – Angelo Junior, extraída do álbum de ilustrações “Fantasia, Luz & Sombra”,
publicado pelo “Clube de Autores” / Contra capa – Angelo Junior

INTERNET
Blogs: www.infernoticias.blogspot.com.br & www.juvenatrix.blogspot.com.br
E-mail: renatorosatti@yahoo.com.br / Twitter: www.twitter.com/juvenatrix

Lançamento dessa edição: 06/04/2017 – São Paulo/SP


Distribuição gratuita – Solicite o envio do arquivo PDF por e-mail

HORROR E METAL EXTREMO


Música: Fighting for the Bastards / Banda: MX (Brasil) / Álbum: Simoniacal (1988)

Humans fighting to die. Nobody knows. Why to fight? Killing inocent person. That still want to live. No merly, no love, no
change, no life. To be a fox not to see the flame. There are many ways. To be a fox not to see the flame. Humans crying to die.
Tears of blood are brought by wind. Like raw sight from savage time. Where we must fight, for raw ideal. That doesn't belong
to us. So everybody die for a cause that isn't theirs. The causers are free. But this won´t change. Because somebody imagine
self. That our real enemies. Are the bastards. Fighting for the bastards – bastards.

DIVULGAÇÕES & NOTÍCIAS & CURIOSIDADES


Curiosidades do Horror e FC:
Notícia sobre “Tropas Estelares” (1997), na revista “Horrorshow” número 4
A revista “Horrorshow” tinha uma seção de notícias chamada “Pesadelos à Vista...”. A edição número 4 (1997) informava
sobre o projeto do diretor Paul Verhoeven para “Tropas Estelares” (Starship Troopers), inspirado no livro de Robert Heinlein.
Abaixo segue a reprodução na íntegra dessa notícia.
Interessante registrar que, numa comparação inicial entre filme e livro, e ao contrário do receio que o filme fosse
decepcionante, trata-se na verdade de um ótimo entretenimento.
O sucesso de “Tropas Estelares” acabou impulsionando uma franquia com várias produções. Tivemos uma série de animação
produzida para a televisão em 1999 (“Roughnecks: The Starship Troopers Chronicles”) e o filme de animação “Tropas
Estelares: Invasão” (2012). Além também do lançamento de duas continuações: “Tropas Estelares 2” (Starship Troopers 2:
Hero of the Federation, 2004) e “Tropas Estelares 3” (Starship Troopers 3: Marauder, 2008).

“Todo Mundo fala nele, a expectativa é grande, mas por esta primeira imagem (logo abaixo) dá para perceber que
Starship Troopers vai ser uma decepção. O novo filme do mestre da estética da violência Paul Verhoeven, com baixo
orçamento, abriu mão daquilo que era a alma visual do romance de Robert Heinlein: o traje autopropulsado, uma
espécie de robô blindado super armado, equipamento básico da Infantaria Móvel (IM) para combater os alienígenas
aracnídeos conhecidos como Pulgões. Daí ficou esse visual mixuruca, que perde até para o televiso Space, Above and
Beyond, execrado pela maioria dos fãs. Outro furo: na IM não havia mulheres, só homens. Todas as mulheres militares
eram pilotos de espaçonaves e caças. Com esse começo só nos resta confiar no talento do diretor de Conquista
Sangrenta, Robocop e Instinto Selvagem.”

Entrevista com o escritor R. F. Lucchetti, na revista “Horrorshow” número 4


A revista “Horrorshow”, publicada entre 1996 e 1997, abordava todas as mídias do Horror e FC. A edição número 4 (1997)
trouxe uma entrevista com o escritor Rubens Francisco Lucchetti. O texto é uma compilação de entrevistas cedidas a Gonçalo
Silva Junior e Ivan Cardoso, num arranjo final organizado por Edgard Guimarães, editor do lendário e ainda na ativa fanzine
“Quadrinhos Independentes”.
Lucchetti revela várias informações e curiosidades interessantes sobre sua carreira e suas parcerias com o cineasta José Mojica
Marins (o lendário “Zé do Caixão”) e o ilustrador de quadrinhos Nico Rosso, entre outras.
A última pergunta encerra a entrevista com chave de ouro, com uma resposta de mestre. Abaixo segue a reprodução na íntegra.

“Você se preocupa em transmitir alguma mensagem nos seus roteiros?”


“Abomino esse tipo de cinema que quer mostrar o retrato psicológico da sociedade: o relatório sobre a vida. Isso para
mim é documentário da realidade e, como tal, muito maçante. Recordo-me sempre do conselho que o Samuel Goldwin
deu a um jovem aspirante a roteirista: ‘ Filho, se tiver que dar alguma mensagem, utilize o telefone’. Para mim, cinema
é diversão, uma máquina de sonho.”

Memórias do Horror e FC: Revista “Psico Vídeo” números 1 e 2 (1995)


Em 1995 a “Editora Nova Sampa” lançou nas bancas a revista “Psico Vídeo” números 1 e 2, com textos escritos por
Guilherme De Martino. As revistas são repletas de informações preciosas, com muita coisa obviamente datada da época.
Tem artigos sobre a história do cinema de horror de 1895 a 1990, Frankenstein, os cineastas George Romero e Ed Wood, o
compositor de trilhas sonoras Bernard Herrmann, PC Games, diversas resenhas de vídeos VHS, o clássico “Psicose” (1960).
E ainda sobre a musa “Elvira”, os filmes “splatter” e o clássico “Na Solidão da Noite” (1945), entre outras coisas igualmente
interessantes, como os posters de “A Volta dos Mortos-Vivos 3”, “Evil Dead 3”, “Freddy Krueger” e “O Corvo”.
Infelizmente foram lançadas apenas duas edições, mas que ficaram marcadas eternamente no meio editorial de Horror no
Brasil, junto com outras revistas como “Horrorshow” e “Cine Monstro”.

Fanzine “Quadrinhos Independentes” 143


“Quadrinhos Independentes”
Foi lançada a edição 143 (Janeiro / Fevereiro de 2017), editado por Edgard Guimarães, com 32 páginas, formato meio ofício
e impressão digital.
Conteúdo: quadrinhos, artigos, anúncios, ilustrações, seção de cartas dos leitores e divulgação de fanzines.
Traz também o encarte “Artigos sobre Histórias em Quadrinhos” número 5 com “Roy Rogers e Dale Evans”, de Carlos
Gonçalves.
Contatos: A/C Edgard Guimarães – Rua Capitão Gomes 168 – Brasópolis/MG – CEP 37530-000
e-mail: edgard@ita.br
Livro: “Mistério de Deus”, de Roberto de Sousa Causo
DEVIR BRASIL LANÇA ROMANCE DE HORROR DE ROBERTO CAUSO

Pegue a pista expressa para uma ameaça sobrenatural

Título: Mistério de Deus


Autor: Roberto de Sousa Causo
Capa: Vagner Vargas
Número de páginas: 600
Formato: 16 x 23 cm
ISBN: 978-85-7532-638-1
Código Devir: 333120

Após a publicação de Anjo de Dor — romance finalista do Projeto Nascente, da Universidade de São Paulo, que lhe rendeu
comparação com Stephen King —, Roberto Causo retorna ao gênero do horror com Mistério de Deus, uma exploração épica
do encontro da violência urbana brasileira com o terror sobrenatural.

Ambientado em 1991, momento da história do país marcado por crise econômica e discussões do impeachment do Presidente
da República, com denúncias de corrupção em larga escala no executivo e de violência descontrolada nas ruas das grandes
cidades, Mistério de Deus mergulha nessa estranha circularidade para ecoar as dores do presente de um país assombrado pelas
mazelas do atraso social.

Em uma pequena cidade, pistoleiros motorizados fazem vítimas na camada mais baixa da sociedade — pequenos criminosos,
indigentes, prostitutas... Os assassinos vêm em um carro preto, matam impunemente e levam os corpos com eles. Como no
Brasil de hoje, as autoridades não se empenham na resolução dos crimes, como se essas vidas não tivessem importância.

Mas um grupo de jovens, eles mesmos sentindo-se à margem, unem-se e buscam os meios para enfrentar os matadores —
incluindo armas de fogo e um carro que precisa ser tão veloz quanto o dos pistoleiros.

O lutador e ex-presidiário Alexandre Agnelli, a relutante vidente Soraia Batista, o leão-de-chácara e corredor de rua João
Serra, e o jovem policial militar Josué Machado recusam-se a ficar no lugar em que a sociedade os quer. Mas não sabem que
a linha de chegada da corrida de morte em que se meteram lhes reserva o confronto com uma ameaça vinda de uma dimensão
além do imaginável.

Uma criatura sobrenatural que escraviza almas e exige uma quota de sacrifícios humanos, para então estender o seu poder entre
os vivos...

ELOGIOS ANTECIPADOS A MISTÉRIO DE DEUS:

“Causo não é competente apenas na criação de admiráveis sonhos futuros. Seu talento é inegável também na confecção de
potentes pesadelos metafísicos. Os assombrosos romances Anjo de Dor e Mistério de Deus, ambos sobre a relação imprecisa
que há entre o bem e o mal, comprovam que o suspense e o horror são ferramentas que o ficcionista brasuca domina tão bem
quanto o maravilhoso e o tecnológico da ficção científica.”
—Nelson de Oliveira, autor de Subsolo Infinito e Distrito Federal

“Em Mistério de Deus, Roberto Causo utiliza um cenário tipicamente brasileiro com suas mazelas, criminosos e heróis
anônimos, para contar de forma vívida uma história de arrepiar a espinha de qualquer fã de terror moderno. Leia com todas as
luzes acesas!”
—Giulia Moon, autora de Kaori: Perfume de Vampira

“Mistério de Deus é um livro com personalidade: apesar de trazer o conluio de forças incompreendidas pela maioria dos
humanos e de apresentar a eterna luta entre o bem e o mal, não sucumbe ao clichê dogmático no qual muitas histórias perdem o
brilho... Um calhamaço de páginas que passam num piscar de olhos, inundando nossos sentidos com ronco de motores, cheiro
de borracha queimada, a fricção de corpos entrelaçados e o medo de ser a próxima vítima.”
—Eduardo Kasse, autor da série Tempos de Sangue.

SOBRE O AUTOR
Um dos mais experientes autores brasileiros de horror, fantasia e ficção científica, Roberto Causo é um vencedor do Projeto
Nascente, do Festival Universitário de Literatura e do Prêmio Jerônimo Monteiro. Seus contos, mais de oitenta,
apareceram em onze países — incluindo Argentina, França, Portugal e Cuba. No Brasil, colaborou com revistas como Cult,
Livro Aberto, Playboy, Pesquisa FAPESP e Ciência Hoje.

Entre seus romances estão os elogiados A Corrida do Rinoceronte e Glória Sombria. Causo cresceu em Sumaré, a cidade em
que Mistério de Deus se passa, e vive atualmente em São Paulo com esposa e um filho.

Contatos: rscauso@yahoo.com.br

Divulgação de evento:
“Fangxtasy – Edição especial Baile de Máscaras” – 10/06/17 em São Paulo/SP
https://www.facebook.com/events/1490474857643268/

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FANGXTASY RESSURGE... EDIÇÃO ESPECIAL: BAILE DE MÁSCARAS!

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- WITCH HOUSE

Djs residentes:
Lord A:. [Voxvampyrica];
Ives Morgen [Webradio Acidic Infektion];
Demoh [Poison & Nias]

Há 6 anos o Fangxtasy é um evento “Vamp"&"Goth" dedicado às pessoas que apreciam boa música alternativa, arte, teatro,
dança e que encontram afeto, sentido, pertencimento e bons momentos junto a temas culturais considerados mais sombrios...

A festa é inspirada nos eventos alternativos internacionais mas com um tom local, bem como em criações anteriores nacionais
de Lord A:. que em conjunto com Srta Xendra Sahjaza, exploram as artes e o lado criativo e imaginário noturno.

Local: Rua Tupi, 832 - Santa Cecilia - São Paulo/SP (próximo ao metrô Mal. Deodoro)
Entrada somente a partir de 18 anos

* INGRESSO ANTECIPADO R$15,00 pelo site www.redevamp.com (a partir de 5.04)

* INGRESSO NA PORTA R$ 20,00 (aceita todos cartões)

### COMEMORAÇÃO DE ANIVERSÁRIO DE XENDRA SAHJAZA ###

ATENÇÃO: ANIVERSARIANTES DO MÊS DE JUNHO - Enviar e-mail para marketingredevamp@gmail.com


e sua entrada será VIP. Se você trouxer 10 pessoas pagantes em sua lista, você ganhará 01 garrafa de REDIVIVO.

Apresentação de Gothic BellyDance com NATÁLIA NUT

Ilusionismo com o Mestre dos Mistérios CLAYTON HEREDYA

STANDS INTERESSADOS EM PARTICIPAR, ESCREVAM PARA O E-MAIL: marketingredevamp@gmail.com

No bar teremos disponível o nosso vinho REDIVIVO, além de porções e lanches à preços acessíveis.

APOIOS:
DarkSide Books | Penumbra Livros | Madras Editora
Olhar de Gata - Moda & Estilo | FAKE NO MORE Clothing LOJA
Acidic Infektion | Via Escarlate | Terror em Engelsblüt
Poster de “Cannibal Holocaust” (Itália, 1980) assinado pelo diretor Ruggero Deodato em
evento de 22/11/2011 em São Paulo/SP
No dia 22/11/2011 ocorreu em São Paulo/SP um evento homenageando o diretor italiano Ruggero Deodato, de “Holocausto
Canibal” (Cannibal Holocaust, 1980).
Fazendo parte do “6º CineFantasy” (Festival Internacional de Cinema Fantástico), foram exibidos além do clássico já citado,
os filmes “O Último Mundo dos Canibais” (1977) e “House on the Edge of the Park” (1980), seguidos de bate papo com o
diretor Ruggero Deodato.

Obituário: Morreu o ator Bill Paxton, aos 61 anos


(por Marcelo Milici)
O domingo de Carnaval 26/02/17 começou com uma notícia triste para os amantes da Sétima Arte: o grande ator Bill
Paxton faleceu aos 61 anos, vítima de complicações durante uma cirurgia cardíaca.
Seja no clássico da Sessão da Tarde, “Mulher Nota 1000”, de 1985, como o irmão mais velho ou como um soldado
ansioso em “Aliens, O Resgate” (86), Paxton sempre promoveu diversão em suas mais de quatro décadas de participações no
cinema. Por mais que você não tenha uma fácil associação com nomes, é improvável que não tenha se esbarrado em alguma de
suas produções. Ora, ele esteve em “Ruas de Fogo” (1984), no surpreendente “Vítimas do Desconhecido” (1984), apareceu em
“O Exterminador do Futuro” (1984) e “Comando para Matar” (1985), além de ter feito “Quando Chega a Escuridão” (1987),
“Predador 2” (1990), “Encaixotando Helena” (1993), “Monolith – A Energia Destruidora” (1993), “True Lies” (1994), “Apollo
13” (1995), “Twister” (1996), “Titanic” (1997), “Poderoso Joe” (1998) e “Limite Vertical” (2000).
Com um currículo desse, você se impressiona ao vê-lo como um pai fanático em “A Mão do Diabo”, também dirigido
por ele, e em mais produções com a mudança do milênio: “Pânico na Ilha” (2004), “A Colônia” (2013), “Dose Dupla” (2013),
“No Limite do Amanhã” (2014) e “O Abutre” (2014). Seu último papel, com lançamento previsto para 2017, é o thriller sci-fi
“O Círculo”, com Emma Watson, Karen Gillan e Tom Hanks.
Uma tremenda perda nesse começo de 2017! Felizmente, ainda temos seu trabalho para sempre revê-lo em cena!
R.I.P.

CONTOS

A Visita de Um Estranho
por Norton A. Coll
Não sei como vim parar de novo em casa e me distraio atirando rosquinhas na velha antena da televisão durante um
filme idiota de guerra. Alguém fez soar a campainha. Dera a meus amigos endereço errado e, por isso, não esperava por
ninguém. Fui atender e vi-me diante de um desconhecido, franzino, baixo, quase plenamente nu. Não me admirei por isso e sim
porque seu chapéu há muitos anos não aparecia na página de moda dos jornais que me emprestam. Sem dúvida, era uma
criatura proveniente do passado. Falou valendo-se de uma língua há muito extinta, como informou depois, diante da gravação
que fiz, uma arqueóloga amiga, especialista na antiga seita dos adoradores do falo. Todos os elementos, portanto, antigos e
extintos, inclusive provavelmente, minha amiga, em breve. Dessa língua, segundo consta, só restaram no quotidiano alguns
termos de baixo calão. Falando assim até podemos pensar que exista um calão mais alto. Conduzi-o à sala e fiz sinal para que
sentasse, o que ele pareceu estranhar. Servi-lhe, a seguir, uns drinques, o que, inegavelmente, apreciou. Depois de lhe
emprestar uma camisa, reparei que se extasiava diante da televisão, o que não achei bom sinal para avaliar sua inteligência.
Fiquei surpreso ao reconhecer que, apesar de conversarmos em duas línguas bem distintas, nos entendíamos com
perfeição. Atribuo isso ao efeito da bebida. Expliquei o grande valor dos filmes de guerra, ressaltando a coragem e a fidelidade
de nossos soldados em contraposição à covardia e à traição do inimigo. Ele ouvia atento, cofiando a espessa barba.
Interrompeu-me perguntando com gestos se o inimigo também pensava dessa maneira e respondi que isso não deveria entrar
em nossas cogitações sob hipótese alguma, a fim de não terminarmos simpatizando com ele. No momento, meu argumento
pareceu bastante coerente. Em seguida, passou a indagar da utilidade de outros aparelhos domésticos que ia encontrando e,
para tudo, eu dava notáveis explicações, tais como aulas de civilização. Dei-lhe explicação sobre quão indispensáveis eram
todos aqueles objetos, mas vi que, de fato, não o convencia. Não é de se admirar porque mesmo eu não estava convencido.
Ficou encantado com a batedeira de ovos e com o enxugador de cabelo. Fiz-lhe presente de ambos e ele pareceu ter apreciado.
Riu estrepitosamente ao cortar-se no liquidificador e pediu-me que lhe falasse ainda mais do progresso e da tecnologia.
Apresentei-lhe uma revista de medicina onde se via a propaganda de certa droga que poderia tornar um homem quase tão
funcional do ponto de vista intelectual quanto um computador. O homem mostrou-se interessado e anotou o nome do
medicamente, mesmo sem ter ideia do que poderia ser um computador. Para a visita se tornar mais agradável ainda, vieram
mais bebidas. Ele provou ser um “connaisseur”, pois, em pouco tempo, esvaziou três garrafas de meu melhor licor.
Então, ao fazer caretas horríveis e alguns gestos pouco recomendáveis, compreendi que queria ir até o banheiro ou,
seja lá, como o chamasse. Sentei-me e liguei o aparelho de tevê mais por vício do que por vontade própria. Ouvi, então, berros
desesperados vindo da toalete. Quando consegui entrar, descobri que ele havia ido embora junto com a descarga do vaso
sanitário. Mal teve tempo de gritar do fundo: “Aqui d’El-Rei”.
Certos dispositivos modernos não são para qualquer um. Tendo em mente esse pensamento, ou qualquer outro de meu
“Tesouro de Citações”, voltei à sala a tempo de assistir o desfecho de um dos melhores programas da semana. O final, em tudo,
semelhante a outros do mesmo tipo, mas havia comerciais novos. Logo, senti necessidade de ir também ao banheiro.

TEXTOS DE CINEMA

Os 50 Melhores Filmes de Horror do Século XX


por Marcello Simão Branco
O fim de um século e o início de outro é um momento propício para balanços históricos e especulações sobre o que
virá. Nesse sentido, publiquei no meu fanzine “Megalon” número 58, ano 12, setembro de 2000, duas listagens sobre os filmes
de ficção científica e horror mais representativos do século XX.
A lista que segue mostra os 50 melhores filmes de horror do século passado. Não mais os mesmos 50, porque de lá
para cá foram 18 anos. Tempo suficiente para que eu tenha mudado um pouco minha avaliação. Revi alguns filmes e vi outros
que eu não conhecia, para chegar a esta nova lista. Em suma, alguns saíram da primeira lista, e acrescentei outros que conheci
depois e julgo melhores e mais importantes em 2017.
Desta forma, há de tudo um pouco, quanto aos temas e estilos e mesmo procedências geográficas. Filmes de horror
expressionistas, góticos, sobrenaturais, psicológicos, explícitos. De diretores consagrados a alguns alternativos, ‘malditos’ e até
mesmo obscuros, com bem cabe a filmes feitos para assustar. Ou seja, uma lista que procura expressar a enorme variedade
temática que existe no gênero, procurando ser o mais representativo possível.
Mas independentemente do tema e do estilo, o que procurei levar mais em consideração foi a qualidade da obra e sua
ressonância, influência nos anos que passaram. Obras que, mesmo passados setenta, quarenta ou dez anos influenciaram o seu
entorno, com outros filmes, com revelação de diretores, atores e que, de certa forma, extrapolaram o próprio objetivo inicial da
obra, ganhando a cultura popular de uma maneira geral.
A lista não tem ordem de preferência e sim cronológica, do “Gabinete do Dr. Caligari”, de 1919 a “Ring, o Chamado”,
de 1998. Temos 24 filmes produzidos nos Estados Unidos, 11 no Reino Unido, quatro na Alemanha, quatro na Itália, dois na
França, dois na Suécia, um na Espanha, um no Brasil e um no Japão.
Eis os eleitos:

Ano Título Nacional Título Original Diretor País


1919 O Gabinete do Dr. Caligari Das Cabinet des Dr. Caligari Robert Wiene Alemanha
1922 Nosferatu Nosferatu F.W. Murnau Alemanha
1926 Fausto Faust F.W. Murnau Alemanha
1931 Drácula Dracula Todd Browning EUA
1931 Frankenstein Frankenstein James Whale EUA
1931 M, o Vampiro de Dusseldorf M, Eine Stadt sucht einen Morder Fritz Lang Alemanha
1932 A Múmia The Mummy Karl Freund EUA
1945 Na Solidão da Noite Dead of Night Alberto Reino Unido
Cavalcanti. Basil
Dearden, Robert
Hamer, Charles
Crichton
1957 A Noite do Demônio Night of the Demon Jacques Torneur Reino Unido
1957 O Sétimo Selo Det Sjunde Inseglet Ingmar Bergman Suécia
1958 O Vampiro da Noite Horror of Dracula Terence Fischer Reino Unido
1960 A Maldição do Demônio La Maschera del Demonio Mario Bava Itália
1960 Psicose Psycho Alfred Hitchcock EUA
1961 Os Inocentes The Innocents Jack Clayton Reino Unido
1962 Carnaval de Almas Carnival of Souls Herk Harvey EUA
1962 A Maldição do Lobisomen The Curse of Werewolf Terence Fischer Reino Unido
1963 Black Sabbath: As 3 Máscaras I Tre Volti della Paura Mario Bava Itália
do Terror
1963 À Meia-Noite Levarei sua À Meia-Noite Levarei sua Alma José Mojica Brasil
Alma Marins
1963 Os Pássaros The Birds Alfred Hitchcock EUA
1963 Desafio ao Além The Haunting Robert Wise EUA
1964 A Orgia da Morte The Masque of the Red Death Roger Corman EUA
1966 O Ciclo do Pavor Operazione Paura Mario Bava Itália
1968 A Noite dos Mortos Vivos Night of the Living Dead George Romero EUA
1968 O Bebê de Rosemary Rosemary´s Baby Roman Polansky EUA
1968 A Hora do Lobo Vargtimmen Ingmar Bergman Suécia
1970 A Casa que Pingava Sangue The House that Dripped Blood Peter Duffel Reino Unido
1970 O Homem que Não Era The Man who Haunted Himself Basil Dearden Reino Unido
1971 O Abominável Dr. Phibes The Abominable Dr. Phibes Robert Fuest Reino Unido
1971 Balada para Satã The Mephisto Waltz Paul Wendkos EUA
1971 MacBeth MacBeth Roman Polansky Reino Unido
1972 A Inocente Face do Terror The Other Robert Mulligan EUA
1973 O Exorcista The Exorcist William Friedkin EUA
1973 O Homem de Palha The Wicker Man Robin Hardy Reino Unido
1973 A Casa da Noite Eterna The Legend f Hell House John Hough EUA
1973 Inverno de Sangue em Don´t Look Now Nicholas Roeg Reino Unido
Veneza
1975 Tubarão Jaws Steven Spielberg EUA
1976 O Inquilino The Tenant Roman Polansky França
1976 Os Meninos Quem Puede Matar a un Niño? Narciso Ibañez Espanha
Serrador
1976 A Profecia The Omen Richard Donner EUA
1977 Suspiria Suspiria Dario Argento Italia
1979 O Iluminado The Shinning Stanley Kubrick EUA
1981 A Morte do Demônio Evil Dead Sam Raimi EUA
1984 A Hora do Pesadelo A Nightmare on Elm Street Wes Craven EUA
1987 Coração Satânico Angel Heart Alan Parker EUA
1988 Gêmeos, Mórbida Dead Rigers David EUA
Semelhança Cronemberg
1988 O Silêncio do Lago Spoorloos George Sluizer França
1991 O Silêncio dos Inocentes The Silence of the Lambs Jonathan Demme EUA
Francis Ford
1992 Drácula de Bram Stoker Bram Stoker´s Dracula EUA
Coppola
1994 À Beira da Loucura In the Mouth of Madness Jonh Carpenter EUA
1998 Ring, o Chamado Ringu Hideo Nakata Japão

A esta altura, depois de ler a lista acima, você deve ter suas discordâncias, é natural. Toda lista é polêmica por
definição e serve principalmente para estimular o debate, comparar preferências e identificar tendências, seja do crítico
individualmente, ou de um grupo que elabore em conjunto um trabalho de escolha de melhores. Pessoalmente gosto da grande
maioria dos filmes, mas até há um ou outro de que não sou particularmente fã, mas reconheço sua importância dentro do
contexto histórico do desenvolvimento do gênero horror no cinema. Exemplo? O filme “M, o Vampiro de Dusseldorf”, do
cineasta alemão Fritz Lang.
Também deixei de fora alguns filmes de ficção científica com fortes elementos de horror como, por exemplo,
“Vampiros de Almas” (1956), de Don Siegel; “A Aldeia dos Amaldiçoados” (1960), de Wolf Rilla; “Alien, o Oitavo
Passageiro”, de Ridley Scott (1979) e “O Enigma de Outro Mundo”, de John Carpenter (1982), incluídos na lista dos filmes de
ficção científica, que também elaborei, conforme já disse linhas acima.
Além disso, achei por bem deixar de fora as continuações de um filme e procurei comparar os filmes originais com as
refilmagens, dando a preferência para um deles.
Da primeira lista de 1999 para esta ocorreram 13 mudanças. Entraram: “A Noite do Demônio” (1957), “A Maldição
do Demônio” (1960), “Carnaval de Almas” (1962), “Black Sabbath: As 3 Máscaras do Terror” (1963), “A Orgia da Morte”
(1964), “O Ciclo do Pavor” (1966), “A Hora do Lobo” (1968), “O Homem que Não Era” (1970), “Inverno de Sangue em
Veneza” (1973), “Os Meninos” (1976), “Suspiria” (1977), “À Beira da Loucura” (1994) e “Ring, o Chamado” (1998). Saíram:
“O Fantasma da Ópera” (1925), “O Médico e o Monstro” (1941), “O Retrato de Dorian Gray” (1945), “O Túmulo Vazio”
(1946), “A Loja dos Horrores” (1960), “O que Terá Acontecido a Baby Jane?” (1962), “O Corvo” (1963), “Dementia 13”
(1963), “A Górgona” (1964), “O Massacre da Serra Elétrica” (1974), “Poltergeist, o Fenômeno” (1982), “Fome de Viver”
(1983), “O Sexto Sentido” (1999). Todos estes que saíram continuam sendo bons e importantes, apenas perderam espaço na
comparação com os que entraram.
O leitor pode estranhar o caso de alguns filmes, nos quais o cineasta é de um país e o filme foi classificado para outro,
como o caso do polonês radicado na França, Roman Polansky. Levei em conta o país em que o filme foi produzido e a língua
no qual ele foi veiculado.
O horror tem uma tendência em ser visto como um gênero menor, bruto, visceral e que, portanto, não se presta muito a
um exercício artístico ou intelectual mais elaborado. No grosso posso até concordar com o argumento, dada a quantidade
enorme, esmagadora de filmes de horror que são, literalmente, um horror. Mas dentro dos 90% de lixo comum há qualquer
assunto que se queira discutir, como sabiamente sentenciou o escritor americano de ficção científica Theodore Sturgeon (1918-
1985), há uns bons 10% que vale a pena ser celebrado, resgatado, selecionado e, mais importante, visto e revisto sempre que
possível. Afinal, depois de um século o horror foi trabalhado por cineastas geniais como o já citado Lang, por Murnau, Wise,
Bergman, Hitchcock, Coppola, Polansky, Spielberg e Kubrick. Além de especialistas, como Browning, Whale, Fisher, Corman,
Bava, Romero, Argento, Hooper, Cronenberg, Carpenter, Burton, Raimi, e o nosso Mojica. Além disso, houve algumas
décadas em que o horror no cinema foi um gênero de prestígio. Como nos anos 1920 e principalmente nas décadas de 1960 e
1970.
Por fim, esta lista tem a intenção nada modesta (mas honesta) em servir como um guia que julgo seguro, para um
conhecimento básico sobre o cinema de horror em que a criatividade temática e a qualidade de estilo estão irmanadas em um
virtuoso e apavorante equilíbrio.

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