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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS


DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
CURSO: PSICOLOGIA

DISCIPLINA: Ética
ALUNOS: Allisson Mesquita e Tiago Baggio
PROFESSOR: Lorena Rodrigues Guerinni

SEMESTRE: 2018.2

RESUMO

REFERÊNCIA:

PRECIADO, Beatriz. Multidões queer: notas para uma política dos


“anormais”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, p.11-20, abr. 2011.

As diferenças sexuais, para além de uma definição do ser em categorias,


abrange o aspecto político: de identidade, de controle, da subjetivação, do corpo,
do normativo, pelo capitalismo. Em sua ampla complexidade, é preenchida por
uma variação de significados e sentidos, uma espécie de quebra cabeças, que
juntas estipulam o que um sujeito de fato é, mesmo que na ausência de algumas
peças, definindo-se assim a base do controle dos sujeitos. Para além dessa
contextualização a teoria queer se abrange, para um “fora” da simples definição.
Os corpos são amontoados. A ação política sobre esses corpos, perde seu
efetivo controle. A multiplicidade é a voz que desterriorializa o simples domínio
do normal.

Foucault, nos explicita a partir do poder disciplinar, da biopolítica, como a


passagem dessa configuração se altera, a partir de um império sexual de
normalização, de uma relação de controle com o corpo, sobre o conjunto de
indivíduos, sobre a população. O discurso sobre o sexo passa a não se
relacionar mais somente a prática sexual, como também a uma ação política, de
embate ao que o capitalismo impõe, com sua lógica de mercado e de
subjetivação. Assim, um dos objetivos da teoria queer seria confundir essa lógica
capitalista de controle, fugindo as normas, as formas de poder, criando uma
pluralidade de identidades “anormais”, de tal modo que seria impossível fechá-
las em conceitos, dadas as mudanças constantes, dado o intenso movimento de
alteração. Os sujeitos, portanto, não respeitariam uma definição estipulada pela
lógica de controle, mas seriam múltiplos, multidões queer, “confusas” demais
para sistema as encaixarem em moldes afim de as submeter as lógicas do
capitalismo.

A partir desse panorama, a teoria política queer procura acima de tudo o


combate ao viés normal e anormal, englobando assim as multidões, em um
panorama de diferenciações, não de rivalidade, ou de criação de um critério
normativo superior a outro dito não normal, mas de multiplicidade. Logo, não
focaliza na relação das políticas feministas de identidade do homem e da mulher,
pois o conceito de multidão queer se opõe a estrutura em que se há diferença
sexual assim como também ou de práticas dualistas da sexualidade
(homossexual, heterossexual). Na teoria queer ambos se coadunam e se
transversalizam afim de não se privilegiar as diferenças, afim de resistirem as
normais de modo político, em um cenário de homens sem pênis, de mulheres
com barba ou mulheres sem vagina, etc.

A política capitalista por outro lado, se aproveita das categorizações para


cada vez mais se alimentar das individualidades e da subjetividade,
aperfeiçoando seus modos de controle, se aproximando desses públicos. O
princípio da normalidade cria os “anormais”, alimentados pelo discurso do
capitalismo a procurarem incessantemente a busca pelos padrões normativos
estabelecidos, que nem todos possuem acesso. A norma gera, portanto, uma
deficiência no indivíduo e o capitalismo se apropria desse outro. A circulação de
fluxos de silicone, hormônio, técnicas cirúrgicas, etc, se torna, nesse ponto, um
papel de normalização.

A sexopolítica é assim, além de tudo, o espaço de criação, de construção


não somente de um simples lugar de poder, de conquista, visando trabalhar as
normas, ultrapassa-las. As minorias possuem como objetivo, na política queer
se tornar multidões, a partir desse processo de desterritorizalização, resistindo,
transgredindo essa simplicidade moral estabelecida da sexualidade,

Entretanto um desafio se impõe: como resistir a essa configuração


existente, no qual o capitalismo se alimenta, no qual se cria normas e diferenças
sexuais, se a conquista de direitos dentro das políticas públicas se resumem
efetivamente a esses conceitos, a essas categorizações? Quando o sistema se
utiliza dessas definições para aplicar suas ações práticas, o desligamento torna-
se ainda mais complexo.

PALESTRA

Julia Naomi Costa Rodrigues, graduanda em hotelaria, a partir do seu


lugar de fala como ativista social, expôs, através de seu próprio corpo como
mulher trans, não só uma série de questões práticas acerca das diferenciações
de gênero como também a vivencia dolorida diária de uma população que hoje
no Brasil é a que mais sofre de violência no mundo a frente inclusive de países
que consideram crime a pena de morte à transexualidade. Em consonância, é
um dos países que mais consomem pornografia transexual no mundo.

A partir da diferenciação das múltiplas formas de expressão do ser, Julia,


buscou explicitar cada ponto de caracterização, seja das drag queens (forma
mais performativa em que se interpreta um personagem de simbologia feminina
em um espaço restrito de tempo), seja à mulheres e homens trans (mulheres
que foram registradas como homens ao nascer; homens que foram registrados
como mulheres ao nascer), seja a indivíduos não binários (que não se identifica
com a binariedade de gênero – homem, mulher – podendo se identificar com
ambos), ciborgues (como por exemplo mulheres com barba), etc.

Procurou também perpassar toda a questão política envolvida na busca


pela transição, da transexualidade no Brasil, a partir do cenário de apoio das
instituições públicas, ao acesso hormonal, cirúrgico e psicológico, que pouco se
encontra presente na realidade. Com raras instituições, com insuficientes
incentivos, e uma série de restrições esse público se vê envolto e refém de
métodos e medicamentos que realizam a “passagem” de sua forma corporal no
meio clandestino (seja de homem para mulher, seja de mulher para homem), e
portanto, muitos sofrem com os efeitos adversos do auto uso hormonal de
medicamentos.

Julia, no Brasil, infelizmente ainda é exceção diante da regra. Estudante


universitária, enfrentou e enfrenta duras barreiras diárias, e luta por direitos das
trans não só no Maranhão, como em partes de todo o Brasil. “Longe” da
realidade da grande maioria das transexuais e travestis que se encontram na
prostituição por conta do preconceito enraizado que as exclui do meio social,
empregatício e consequentemente universitário, Julia em toda a sua fala, expõe
a dor e o sofrimento, de vivencias suas e de pessoas da qual teve contato, muitas
vezes direto. O suicídio de trans no Brasil é uma morte além da própria
desistência da vida pelo sofrer, é gritada e silenciosa, provocada não só pelo
preconceito e ódio, mas por toda a falta de assistência, por toda relativização do
sentimento desse outro, pelo fechar dos olhos, por todo o desamparo do governo
e da sociedade.

A necessidade do saber psicológico estar intrinsicamente ligada a esses


modos de sofrer, portanto, é essencial. Poder ter a possibilidade de entrar em
contato não só com a pesquisa mas com os corpos ativistas e viventes, em seu
lugar de fala, é para qualquer profissional, não só da psicologia, uma forma de
abrir espaço para sentir, pela empatia, o que um corpo trans vivencia, afim de
criar novos modos de pensar essa dor, a partir dela própria, do ser e do meio,
em busca de intervenções.

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