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USP

Universidade de São Paulo

ANA LUÍSA MANFRIN TEIXEIRA

CRENÇAS E ESTEREÓTIPOS A RESPEITO DO ENSINO / APRENDIZAGEM


DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS

São Paulo

2016

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ANA LUÍSA MANFRIN TEIXEIRA

NO USP: 7613080

PERÍODO NOTURNO

CRENÇAS E ESTEREÓTIPOS A RESPEITO DO ENSINO / APRENDIZAGEM


DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS

Trabalho de Conclusão de Curso da matéria

de Metodologia do Ensino do Alemão II – 2º Semestre;

realizado sob a orientação do

Prof. Dr. Aleksandar Jovanovic Vojislav.

São Paulo

2016

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RESUMO

O presente projeto de conclusão de curso tem como objetivo esclarecer por


que ocorrem os fenômenos chamados crenças e estereótipos dentro do ensino
de uma língua estrangeira. Para melhor elucidação, passarei por pontos
importantes do tema tais como a formação do professor de língua estrangeira e
a formação do próprio aprendiz da língua dentro de uma sociedade propícia ao
desenvolvimento da língua. Ao final procurarei orientar tanto o professor como
o aprendiz a colocar por terra toda e qualquer estereótipo deturpado que
porventura possa ter se dado dentro do aprendizado da língua.

Palavras-chave: Estereótipos, crenças, língua estrangeira, aprendizado

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ÍNDICE / SUMÁRIO

- Lista de Tabelas e Gráficos...........................................................5

 CAPÍTULO 1: Introdução...........................................6
L 1.1: Justificativa...........................................................................8
L 1.2: Objetivos e questões da Pesquisa......................................9
L 1.3: Explicando Crenças e Estereótipos...................................11

 CAPÍTULO 2: Metodologia.......................................15

L 2.1: Coleta de dados........................................................15


L 2.2: Análise Estatística.....................................................15
L 2.3: Perfil dos entrevistados............................................26
L 2.4: Resumo da Pesquisa.................................................28

 CAPÍTULO 3: PRESSUPOSTOS TEÓRICOS...............29

L 3.1: Abordagens sobre Crenças............................................29


L 3.2: Contextualização Teórica................................................32
L 3.3: Discussões Relevantes para o tema..............................34

 CAPÍTULO 4: CONSIDERAÇÕES FINAIS.................36

- Referências Bibliográficas...............................................................37

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Lista de Tabelas e Gráficos:

Tabela 1..............................................................................................14

Gráfico 1..............................................................................................18

Gráfico 2..............................................................................................19

Gráfico 3..............................................................................................20

Gráfico 4..............................................................................................20

Gráfico 5..............................................................................................21

Gráfico 6..............................................................................................21

Gráfico 7..............................................................................................22

Gráfico 8..............................................................................................23

Gráfico 9..............................................................................................24

Gráfico 10............................................................................................25

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CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

O tema “Crenças e Estereótipos” vem ganhando uma posição de grande


valorização ao longo dos anos desde meados dos anos 1970. Apesar de ser
um tema ainda pouco difundido e explorado por pesquisadores da área de
línguas, seu destaque vem crescendo vertiginosamente.

Os linguistas e pesquisadores da área começam a entender na idade pós


moderna em que vivemos, a importância de tal pesquisa para o melhor
desenvolvilmento não só dos alunos em momento de aprendizagem em uma
língua estrangeira, como também, e quiçá, principalmente para os profissionais
da educação.

Bem como a motivação, as crenças e estereótipos enraizados em uma


sociedade e em um contexto determina em grande parte o modo como
passarão para os alunos determinado conteúdo e seu estudo pode demonstrar
que a presença ou ausência dessas questões se mostram, e muito, envolvidas
na qualidade de ensino de línguas estrangeiras principalmente.

A aquisição das línguas estrangeiras sempre foi um assunto polêmico dentro


do meio educacional. Muito se questiona sobre a qualidade de ensino dessas
línguas que temos dentro do sistema público e privado. No entanto pouco se
questiona sobre as questões consideradas “periféricas” como essa que
apresento. Por “periférica”, quero dizer que se tratam de questões que não
parecem estar diretamente ligadas ao processo de aprendizagem, mas estão.
Como já abordei anteriormente, a motivação também é um exemplo desse tipo
de questão.

Portanto é possível se dizer que o presente trabalho tem como principal


objetivo analisar as diversas crenças e estereótipos que envolvem a
aprendizagem de línguas estrangeiras – mais precisamente a língua alemã por
conta de ser meu principal objeto de estudo.

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O estudo foi feito por meio de pesquisas com indivíduos que trabalham em
instituições de ensino – ou que já trabalharam – e tem por objetivo também
mostrar que muitas crenças são tão intrínsecas em uma cultura que se
extendem por mais do que posições sociais, nível de estudo, mostrando-se ser
de verdade uma questão contextualizada culturalmente dentro de um povo.

Após discorrer sobre o estudo que será posteriormente apresentado por


meio da análise dos dados obtidos juntos aos entrevistados, haverá também
uma breve discussão acerca de como cada uma dessas crenças funciona
dentro da cultura de aprendizagem em língua estrangeira bem como uma
análise de como e o porquê das mesmas terem surgido.

Há também uma breve explanação teórico-histórica afim de elencar o estudo


de crenças e estereótipos dentro de um quadro maior que vem sendo as
pesquisas acerca da aquisição e aprendizagem de língua estrangeira.

Por fim pretendo, a partir das análises e teorias apresentadas, colocar minha
opinião sobre o assunto bem como possíveis resoluções para o caso da
presença de algumas dessas trazerem consigo um amontoado de problemas
que ocorrerão dentro e fora de sala de aula podendo assim acarretar questões
problemáticas de aprendizagem para os alunos.

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1.1 - JUSTIFICATIVA

Esse tema foi escolhido principalmente pelo intesse acadêmico que possuo
nessa determinada temática dentro de nosso objeto de estudo que são as
línguas estrangeiras (a língua alemã no caso para ser mais específica).
O problema principal é o desenvolvimento do por que há diversas crenças e
estereótipos envolvendo o ensino de línguas estrangeiras.

Os objetivos tem como ponto principal descobrir por meio de investigação


acadêmica e estudos as questões históricas que estão por trás desses
estereótipos e crenças e dar sugestões para que ocorra as quebras das
mesmas.

Serão feitas tentativas, vale frisar, e não afirmações que deverão ser
consideradas acertivas em todas e quaisquer situações problemas que o
professor ou o aprendiz poderão se deparar dentro do âmbito dessa temática.

O estudo será feito por meio de estudos de casos reais, bem como textos
teóricos acerca do problema. Espero que com esse projeto consiga refletir de
maneira satisfatória acerca do problema que me disponho a discutir, trazendo à
tona pensamentos e ideias para que o mesmo possa ser identificado e
solucionado da melhor maneira possível.

Como também dito já anteriormente, acredito que seja de enorme


importância para que pesquisadores da área e educadores procurem sempre
analisar da maneira mais crítica possível, esse tipo de questão, como já a tratei
“periférica”. A aprendizagem de uma língua estrangeira com certeza se dá da
melhor maneira quando o educador que passa o conteúdo conhece todas as
facetas da língua e do modo como ele a passa.

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1.2 – OBJETIVOS E QUESTÕES DA PESQUISA

Os objetivos principais da presente pesquisa são analisar criticamente cada


detalhe a partir de uma pesquisa prévia e de um repertório teórico e histórico
apresentados da temática crenças e estereótipos.

É imprescindível que seja feita a tentativa de esclarecimentos de cada uma


das crenças abordadas na pesquisa de perguntas e respostas obtidos por meio
de entrevistados selecionados. Por meio da apresentação dessas crenças,
procurarei encontrar a melhor forma possível de dar soluções para cada uma
delas, após apresentá-las e estudá-las de forma a encontrar a origem de cada
uma.

Através da apresentação de dados e pesquisas históricas acredito que será


possível encontrar a solução e origem de cada uma.

As principais questões da pesquisa se deram por meio de entrevista formal


via internet e estas todas foram baseadas em perguntas de múltipla escolha
tendo principalmente suas respostas “sim” ou “não” e um espaço aberto para
comentários de diversas questões.

Sobre os entrevistados selecionados, também foi realizada a pesquisa sócio


econômica para poder traçar um perfil geral e individual de cada um de modo
com que a análise dos dados obtidos tivessem maior relevância dentro do
contexto da pesquisa bem como fossem também de modo mais claros para as
pessoas que os lêem.

É importante frisar que elaborei cada uma das questões com o propósito de
poder analisar cada uma das crenças e estereótipos intrínsecos em cada uma
delas. Sendo assim, seguem as perguntas que foram feitas aos entrevistados:

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1- Você aprende ou aprendeu alguma vez em sua vida alguma língua
estrangeira? Se sim, com qual propósito? Qual (is) Se não, porque?
2- Saber outra língua, na sua opinião, é importante? Independentemente da
resposta, porque?
3- Você acredita que há uma predisposição, um de dom, que algumas
pessoas possuem que as fazem aprender uma língua estrangeira mais
facilmente?
4- É mais fácil aprender línguas estrangeiras durante a infância?
5- É possível aprender na fase adulta?
6- É importante que se tenha um material didático para acompanhamento?
7- O que é mais importante: o desempenho do professor em sala de aula ou
o empenho do aluno dentro e fora da mesma?
8- O cérebro do poliglota é diferenciado em algum aspecto?
9- Dentro do aprendizado da língua, é um diferencial ter alguém próximo que
saiba o idioma? (amigos, familiares, etc)
10- Com relação a resposta da pergunta número 1, você tem medo ou
ansiedade em falar o idioma mencionado em público?
11- Na sua opinião, qual palavra descreveria melhor o idioma alemão?

É importante lembrar que todas as perguntas foram elaboradas a partir de


textos lidos por esta autora bem como por concepções e estereótipos que
percebermos por vivermos dentro da cultura brasileira em nosso atual contexto
político econômico.

Fato que é e será de grande importância para o desenvolvimento da


presente pesquisa.

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1.3 – EXPLICANDO CRENÇAS E ESTEREÓTIPOS

Segundo definição do dicionário, um estereótipo se dá em uma


generalização; uma impressão sólida que uma pessoa possa ter de um tema,
outra pessoa, etc, que não tem necessariamente base comprovada, mas que
mesmo assim aquela impressão é ainda a que permanece para a pessoa que a
estipula.

Crença significa por sua vez, uma firme convicção em algo. Estando esse
algo comprovado ou não, é como se fosse uma fé cega que o indivíduo possui.
Como pode se ver, ambas as definições se complementam de modo a
significar quase a mesma coisa.

Dentro de nossa sociedade, esta por sua vez inserida no ocidente, pode-se
dizer que há muito espaço para que estereótipos e crenças de toda sorte sejam
desenvolvidas. A sociedade ocidental, conhecida por ter uma relação de
equidade e liberdade de expressão, cria assim um solo fértil para que qualquer
indivíduo coloque sua opinião sobre qualquer assunto.

O ensino de línguas não está imune, infelizmente, a esse tipo de “ataque”.


O aprendizado por si só, é uma relação muito delicada entre um professor e um
aprendiz. Se o aprendiz não aprende, a culpa por vezes cai sobre o professor.
Muitos julgam o mestre como detentor máximo da possibilidade de sucesso
dessa empreitada chamada aprendizado. E está aí um dos primeiros
estereótipos enraizados na cultura ocidental sobre o aprendizado de línguas.

A questão sobre crenças e estereótipos se faz presente também em outras


ciências como por exemplo a antropologia, filosofia, psicologia, pedagogia e
sociologia. Pode-se dizer que dentro dessas matérias o tema possui um lugar
de muito maior visibilidade do que na área da educação e linguística por
exemplo.

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O estereótipo é considerado como um conceito científico para explicar uma
visão não científica de um mundo e de um objeto (Rosch, 2003) e o tema não é
considerado pelo pesquisador nem como positivo nem como negativo.
Pensando nesse aspecto é possível sim de alguma forma colocar o estereótipo
como elemento positivo a partir do momento em que ele se dá de modo
positivo acerca de algo. Por exemplo, quando um professor recebe referências
positivas de um aluno o mais provável é que ele busque confirmá-las e não
negá-las em um primeiro contato com o indivíduo.

De acordo com o estudioso Bausinger ( 2000, p.7) a crença pode ser


considerada como “um par de óculos invisíveis, os quais dão cor à realidade,
mas frequentemente também a distorcem; aos quais, porém, as pessoas
acostumam-se rapidamente”.

Além disso foram também resignificadas como um conhecimento de domínio


social e metacognitivo por Wenden (1995). Elas podem ser lidas ainda como
generalizações construídas socialmente; que, ao mesmo tempo em que são
criadas dentro de um contexto social, paradoxalmente se inserem também
dentro de um contexto mais individualizado mudando de indivíduo para
indivíduo.

Estereótipos são gerados de acordo com a mesma filosofia e construção


pela qual é constituída a crença, no entanto, ao invés de se pautar em ações e
questões o estereótipo se dá principalmente na ideia superficial e predisposta
que uma pessoa pode fazer de alguma outra pessoa ou cultura.

Dentro dos exemplos pertinentes ao presente trabalho é possível relatar o


estereótipo feito de cidadãos residentes na Alemanha. Quando questionado
sobre o povo que reside na Alemanha – mais precisamente aqueles que por lá
nasceram – um brasileiro provavelmente responderá que é um povo conhecido
por ser frio e muito meticuloso. Mesmo sem nunca antes ter conhecido um.

Estereótipos podem ser considerados como preconceitos formados a partir


de uma matéria na qual o indivíduo que esteriotipa não domina muito.

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Ainda que possam ser vistos com maus olhos, os estereótipos e crenças
criados ao longo dos anos possuem uma função social clara. Quando
analisados de perto, percebe-se que se tratam de substância cultural de um
povo tendo sido o resultado de anos de aprendizado e cultura.

São uma fonte considerável de elementos de estudo para conhecer a


história de um povo. Por meio do estudo e conhecimento desses elementos
culturais extraídos das crenças e estereótipos de um povo é possível
estabelecer um longo traço histórico. Conhecendo nosso passado, é possível
também estudar e entender melhor nosso presente, e ainda mais do que isso
procurar prever nosso futuro.

Com todas essas informações em mãos, pode-se fazer uma alusão ao que
está por vir nos estudos linguísticos e prever como poderemos nos tornar
melhores professores de línguas e pedagogos com maiores conhecimentos
didáticos.

É importante citar também a diferença entre crença e conhecimento. O


conhecimento é um componente da crença e não são duas coisas
independentes e diferentes. As crenças são bem mais inflexíveis e menos
dinâmicas do que o conhecimento.

O conhecimento pode ser considerado como particular enquanto que a


crença é dominada pelo emocional e também questões éticas como o que
funciona como certo e o que funciona como errado dentro de determinada
sociedade. O conhecimento por sua vez é sempre emocionalmente estável e
de certa forma até neutro.

Por fim, é possível dizer ainda que expectativas, valores e crenças de toda
uma sociedade e do ser humano individualmente constituem os pilares da
humanidade e de todo o conhecimento humano. Portanto é de suma
importância que essas questões sejam estudadas a fundo e tenham o lugar
que merecem dentro dos estudos pedagógicos futuros.

A seguir, uma tabela elaborada por Mirla Maria Furtado Miranda (2005) em
seu TCC onde representa a ‘floresta terminológica’ já citada divida em
conceitos por autor. Abaixo a “Tabela 1”

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Conceitos relacionados às TERMO CONCEITO
crenças de alunos AUTOR(A) UTILIZADO
Wenden (1986a, p.5) Crenças Opiniões baseadas na
experiência e em opiniões de
pessoas respeitadas, que
influenciam a maneira de agir
dos aprendizes de língua.
Wenden (1987c) Conhecimento Metacognitivo Conhecimento estável,
declarável, embora algumas
vezes errado (falível), que os
aprendizes adquiriram sobre a
linguagem, aprendizagem e o
processo de aprendizagem.
Abraham & Vann (1987, Filosofia de Aprendizagem Uma filosofia que os
p.95) de Línguas aprendizes têm, em algum
nível de consciência, de como
a linguagem opera e,
conseqüentemente, como é
aprendida.
Horwitz (1985, 1987, 1989) Idéias Idéias preconcebidas (ou
Pré-concebidas idéias populares) sobre o
processo de aprendizagem de
língua, muito mais do que
sobre as atitudes em relação à
língua alvo ou aos colegas,
sendo que essas idéias
preconcebidas geralmente
partem de experiências
passadas.
Holec (1987, p.152) Representações dos Considerações dos aprendizes
aprendizes sobre seus papéis e as
funções dos professores e dos
materiais de ensino.
Almeida Filho (1993, p.13) Cultura ou abordagem de Maneiras de estudar e de se
aprender línguas preparar para o uso da língua
alvo consideradas como
‘normais’ pelo aluno.
Barcelos (1995, p.40) Cultura de aprender línguas Conhecimento intuitivo
implícito (ou explícito) dos
aprendizes constituído de
crenças, mitos, pressupostos
culturais e ideais sobre como
aprender línguas. Esse
conhecimento, compatível
com sua idade e nível sócio-
econômico, é baseado na sua
experiência educacional
anterior, leituras prévias e
contatos com pessoas
influentes.
Miller & Ginsberg (1995, p. Teorias folclórico-linguísticas Idéias que os alunos têm
294). de aprendizagem sobre língua e aprendizagem
de línguas.
Kalaja (1995, p.196) Conhecimento Metacognitivo Conhecimento socialmente
construído, originado da
interação com os outros e,

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CAPÍTULO 2 : METODOLOGIA

A metodologia usada para que pudesse ser devenvolvida a pesquisa se deu


por meio de entrevistas em uma amostragem com número reduzido de
pessoas levando em consideração o período de tempo e do número de
pessoas que se dispuseram a responder.

2.1 – COLETA DE DADOS

Foram 10 perguntas respondidas por 11 pessoas em um período de uma


semana e meia. Todos foram selecionados por conta de terem tido algum tipo
de relação (profunda ou não) com línguas estrangeiras e terem nível
universitário de instrução.

A coleta de dados se deu por meio de pesquisa online e transferida junto as


perguntas pela internet. A abordagem era por meio do envio das perguntas e
em determinado momento os participantes respondiam e a autora recebia os
dados em seu email.

2.2 – ANÁLISE ESTATÍSTICA

Dentro de uma pesquisa, as noções e análises estatísticas são de extrema


importância para que sejam extraídas as informações e dados mais relevantes
para a pesquisa. Estando munidos de análises estatísticas satisfatoriamente
realizadas, os pesquisadores podem obter dados muito mais coerentes e
resultados ainda mais precisos.

A estatística é, diferentemente do que pode se pensar, uma ciência


autônoma, desvinculada inteiramente da matemática. Sua origem remonta o
século XVI e esta foi elaborada para que pudesse sanar as necessidades de
pesquisas realizadas dentro da área mercadológica principalmente. Um dos
setores que sempre se valeu muito da estatística e de suas variáveis, é, sem
dúvida, o marketing de empresas e produtos.

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A estatística é uma ciência que se utiliza das teorias probabilísticas para
poder explicar a ocorrência de eventos tanto observáveis quanto em
experimentos que possibilitam a previsão da aleatoriedade e a incerteza da
forma a estimar ou possibilitar quase que com certeza total a previsão de
fenômenos futuros. Ela baseia-se na medição do erro que existe entre a
estimativa de quanto uma amostra representa adequadamente a população da
qual foi extraída.

Dentro desta ciência possui-se algumas diferenciações. Há, por exemplo, as


estatísticas inferencial e robusta. A primeira se dá com o intuito de identificar
relações entre variáveis que representem ou não relações de causa e efeito
entre si; enquanto que a Estatística Robusta procura atenuar o efeito de
outliers (questões que possuem relevância ao tema, mas não são
necessariamente de grande importância para uma pesquisa em específico, e
pode, de certa forma, alterar os resultados finais que o pesquisador busca) e
preservar a forma de uma distribuição tão aderente quanto possível aos dados
empíricos.

Para que possa ficar ainda mais claro quais foram as análises utilizadas para
a presente pesquisa, é importante que sejam descritas ainda a diferença entre
análises descritivas, conclusivas, qualitativas e quantitativas.

As análises descritivas tem por objetivo resumir os dados de uma pesquisa


e apresentá-los por meio de mapas, gráficos e tabelas. Estes são considerados
como componentes primários de uma análise para sua melhor interpretação.
As análises descritivas ainda descrevem os dados coletados e estes são
comumente apresentados em gráficos ou relatórios que servem tanto para a
prospecção de uma ou mais variáveis como para posterior aplicação ou não de
testes estatísticos bem como a apresentação de resultados de delineamentos
experimentais.

Pode-se dizer que a presente pesquisa se trata de um exemplo de análise


descritiva, levando em consideração a caracterização das análises conclusivas.

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Análises conclusivas permitem analisar os dados de maneira mais objetiva
por meio de perguntas muito mais específicas dentro de um determinado tema.
Permitem ainda que organizações testem hipóteses e cheguem a conclusões
sobre a causalidade entre os fatores analisados. O que não é nosso caso.

Ainda em prol de oferecer um melhor entendimento, é necessário que sejam


caracterizadas as análises qualitativa e quantitativa como já dito anteriormente.
Análise Qualitativa se caracteriza por ser uma análise exploratória, ou seja,
procura extrair dos entrevistados seus pensamentos que foram livremente dito
sobre algum assunto, objeto ou conceito. Fazem emergir aspectos subjetivos e
atingem motivações não explícitas de maneira espontânea.

A Análise Quantitativa por sua vez busca apurar opiniões e atitudes


explícitas e conscientes dos entrevistados utilizando-se de questionários. São
representativos de um determinado universo de modo com que seus dados
possam ser generalizados e projetados dentro daquele universo. Seu objetivo é
mensurar e permitir o teste de hipóteses, já que, os resultados são mais
concretos e, consequentemente, menos passíveis de erros de interpretação.
Em muitos casos geram índices que podem ser comparados ao longo do
tempo, permitindo traçar um histórico da informação.

Observa-se, portanto, que a presente pesquisa se trata de uma análise


descritiva e quantitativa – já que, através de dados obtidos por meio de
entrevistas (na qual foram utilizados questionários) constituiram-se diversos
gráficos e mapeamentos.

A partir de 10 perguntas e respostas foram obtidos os resultados


apresentados em gráficos abaixo:

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GRÁFICO 1

Respostas para a pergunta apresentada no “por que?” do questionário

1 - Perspectivas profissionais e pessoais

2- Estudar uma lingua estrangeira amplia nossa cultura, facilita a comunicação com diferentes povos e
nos qualifica para o mercado de trabalho.

3 - Sim. Comecei quando era criança por uma opção dos meus pais.

4 - Sim, porque tinha na escola

5 - expandir o vocabulário

6 - Para agregar profissionalmente

7 - Para poder me comunicar com as pessoas que falam a língua.

Como pode-se observar, alguns dos entrevistados não responderam a questão


“por que?”.

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GRÁFICO 2

1 - Fundamental

2 - Sim. Saber outra língua nos dá mais autonomia, liberdade e oportunidades profissionais.

3 - poder falar com as pessoas

4 - amplia o conhecimento cultural e potencial social

5 - Para ter mais possibilidades de interaçao com o mundo, entender outras culturas e ter acesso a mais
informações.

6 - O mercado de trabalho exige o conhecimento de uma segunda língua. E caso queira continuar seus
estudos, como o mestrado, por exemplo, é necessário a proficiência em uma outra língua. (Geralmente
inglês ou espanhol)ĺ

19
GRÁFICO 3

GRÁFICO 4

20
GRÁFICO 5

GRÁFICO 6

21
GRÁFICO 7

22
GRÁFICO 8

23
GRÁFICO 9

24
GRÁFICO 10

Em “outro” ainda obteve-se a resposta “fácil”.

Essa última questão foi elaborada com sugestões anteriores dos próprios
entrevistados. Todas as respostas foram elencadas nesse gráfico.

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2.3 – PERFIL DOS ENTREVISTADOS

Por se tratar de um número reduzido de participantes, farei uma breve


explanação acerca de cada um deles em prol de poder-se observar cada
aspecto da pesquisa. Para que possam ter suas identidades protegidas já que
não é o propósito do presente projeto lesar ou difamar de nenhuma forma
qualquer pessoa nomearei cada um de E1, E2, E3, e assim por diante.

E1 - sexo masculino, idade: 68 anos. É um empresário formado em direito,


engenharia e administração. Tem MBA na área de administração e aprendeu
como línguas estrangeiras latim, francês e inglês. Sua língua materna é o
português.

E2 – sexo feminino, idade: 29 anos. É professora formada em pedagogia e


psicologia. Aprendeu como línguas estrangeiras inglês e espanhol. Sua língua
materna é o português.

E3 – sexo masculino, idade: 25 anos. É empresário formado em


administração de empresas. Aprendeu como línguas estrangeiras alemão,
espanhol e inglês. Sua língua materna é o português.

E4 – sexo masculino, idade: 29 anos. É advogado formado em direito.


Aprendeu como línguas estrangeiras inglês e espanhol. Sua língua materna é o
português.

E5 – sexo feminino, idade: 49 anos. É secretária formada em psicologia.


Aprendeu como línguas estrangeiras português, inglês e espanhol. Sua língua
materna é o alemão.

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E6 - sexo masculino, idade: 52 anos. É empresário formado em publicidade e
propaganda. Aprendeu como línguas estrangeiras inglês e espanhol. Sua
língua materna é o português.

E7 – sexo feminino, 34 anos. É professora formada em pedagogia e


neuropedagogia. Aprendeu como línguas estrangeiras o alemão e o inglês. Sua
língua materna é o português.

E8 – sexo feminino, 35 anos. É professora formada em pedagogia e direito.


Aprendeu como língua estrangeira o inglês. Sua língua materna é o português.

E9 – sexo masculino, 24 anos. É desempregado formado em publicidade e


propaganda. Aprendeu como línguas estrangeiras o inglês, francês e espanhol.
Sua língua materna é o português.

E10 – sexo feminino, 25 anos. É professora formada em Letras. Aprendeu


como línguas estrangeiras alemão, inglês, espanhol e latim. Sua língua
materna é o português.

E11 – sexo feminino, 30 anos. É professora formada em pedagogia e


jornalismo. Aprendeu como línguas estrangeiras o inglês e o alemão. Sua
língua materna é o português.

Com todos os dados relevantes sobre os entrevistados apresentados, pode-


se ter uma visão mais ampla e detalhada dos resultados da pesquisa.

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2.4 – RESUMO DA PESQUISA

Por meio da recolha de entrevistas em perguntas colocadas em questionário,


procurei observar que há verdadeiramente ainda muitas crenças e estereótipos
ligados à aquisição e aprendizagem de línguas estrangeiras mesmo em
classes intelectuais consideradas mais avantajadas.

Levando em consideração que as crenças e estereótipos intrínsecos em


uma cultura ou em um povo sobre determinado tema, normalmente se dá por
conta de uma ignorância muito grande a respeito do mesmo ou até
preconceitos derivados da falta de respeito ao diferente.

Sendo assim, poderíamos acreditar que, entre pessoas com mais alto nível
de instrução escolar bem como pessoas que são envolvidas com o ensino e
aprendizado de línguas de qualquer forma, estariam melhor preparadas para
perguntas como as presentes no questionário.

Pode-se dizer, portanto, que por meio dos dados e resultados obtidos,
observa-se que mesmo tento sido selecionado um público todo graduado em
ensino superior e pelo menos alfabetizados em algum outro idioma, uma parte
muito pouco significativa atravessa as concepções esteriotipadas tanto na
concepção da aprendizagem e aquisição quanto na visão sobre determinadas
línguas (no caso, a alemã).

Disto o que tiro é bem claro para mim. Não se trata apenas de ideias e
concepções que foram adotadas meramente por estarem em meio a um
repertório cultural vigente nem por ignorância ou falta de estudo de certa forma,
mas por falta de uma análise e questionamento maior acerca do tema
apresentada.

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CAPÍTULO 3: PRESSUPOSTOS TEÓRICOS

No presente capítulo procurarei expor todas as análises e estudos bem


como os textos teóricos que foram utilizados para a fundamentação teórica do
trabalho aqui apresentado.

Após colocar a pesquisa e análise da mesma acredito que seja possível


mostrar por meio de estudos antecedentes aos meus o que cada uma das
respostas querem dizer sobre o tema bem como como podemos usar os
resultados em momentos futuros para a melhoria do ensino.

3.1 – ABORDAGENS SOBRE CRENÇAS

Crenças estão presentes em praticamente todos os campos do


conhecimento humano. Dentro de línguas, por se tratar de uma matéria de
humanas, pode-se dizer que há uma riqueza maior ainda das mesmas.

Uma crença se dá dentro de um contexto sócio-cultural e vem mudando


constantemente desde o começo de estudo voltados para esta retomando uma
abordagem mais comunicativa e sentimental. Um ótimo exemplo dentro do
contexto educacional é a figura do aluno e a figura do professor.

Há pouco tempo ainda o professor era tido como detentor de todo o


conhecimento e o aluno um mero copiador do mestre. Dentro da visão e
abordagem comunicativa vigente nos dias de hoje, porém, o aluno tem em si
uma enorme visão crítica tendo a possibilidade de se colocar sempre diante de
quaisquer temas levantados pelo professor. Hoje a figura do mestre está muito
mais elencada à imagem de intermediador de conhecimento e informações do
que um poço de conhecimento e sabedoria.

29
É importante dizer que todas as línguas possuem em si algumas
peculiaridades características e especificações. Daí que nascem diversas
crenças em volta de determinadas línguas e culturas.

As crenças estão inseridas dentro de um rol de conhecimentos e estudos


conhecido como “Floresta Terminológica”, termo este cunhado por Silva e
Rocha (2007) bem como anteriormente por Woods (1993). Isso quer dizer que,
mesmo antes de ser estudada como crença e estereótipo o tema possuía
outras diversas alcunhas. Estas eram constituídas da seguinte maneira:

- Filosofia de aprendizagem (Abraham e Vann, 1987): Refere-se às crenças em


relação à maneira como a língua funciona e é adquirida

- Crenças culturais (Gardner, 1988): Expectativa de docentes, pais e alunos no


que tange a tarefa da aprendizagem de uma segunda língua

- Teorias folclórico-linguísticas de aprendizagem (Miller e Ginsberg, 1995):


Definidas como as ideias que os alunos possuem em relação à língua e à
aprendizagem de línguas;

Essa pequena explicação do termo “Floresta Terminológica” guarda também


em si uma prévia do breve histórico dos estudo de crenças e estereótipos que
estará presente nos próximos capítulos. Será retomado de forma mais
completa portanto.

A crença faz parte do que poderia se chamar de memória coletiva. Esta


funciona dentro de nossa sociedade como um operador de memória social e
coletiva no interior de uma cultura, segundo Davallon (1999, p.31). É um erro
portanto analisar as crenças sem antes também levar em consideração todo o
contexto social e cultural em que elas se inserem. Hoje em dia por exemplo
não faz sentido considerar uma crença acerca de vestuário que era vigente em
1800. Para colocar em exemplos mais palpáveis, à época de Machado de
Assis, aqui no Brasil era uma indecência mostrar os braços em público. Em seu
conto “Uns braços”, Machado explora a concepção de um adolescente pueril
frente uma mulher casada que mostra os braços. Na concepção do
personagem principal ele crê piamente que se trata de uma mulher que não é

30
considerada “de família” quando a mesma se dá à luxúria e mostra os braços à
mesa.

Todorov (1995) classifica as crenças em tipos revelando assim uma noção


mais clara das especificações das mesmas. Seguem suas classificações:

- Crenças tipicalizadas: Ausência total de reflexão. Não se tem nenhum tipo de


contato com o objeto. São necessariamente clichês e estereótipos. Não há uma
identificação do indivíduo para com o objeto. Sem identificação não há
sensação de pertencimento nem de reconhecimento perante o outro. Por
exemplo classificar um alemão como frio e meticuloso sem nunca sequer ter
conhecido ou tido qualquer tipo de contato com algum;

- Crenças comparativas: Sempre se coloca em comparação à algo já


conhecido. Por exemplo comparar uma língua estrangeira com a língua mãe;

- Crenças relativizadas: Sempre colocadas com atributos considerados como


positivos. Como por exemplo um estrangeiro que vindo ao Brasil possui já a
crença de que encontrará um povo alegre e aberto.

Há ainda também as crenças mistas que em determinado ponto misturam


duas ou mais das apresentadas acima.

A formação de crenças dentro de uma cultura normalmente se dá por meio


de um momento de questionamento e transformação, mas não
necessariamente por meio de reflexão. A crença aliás algumas vezes pode ser
proveniente de uma falta de reflexão por parte daquele que observa.

31
3.2 – CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

Como já colocado no capítulo anterior de forma breve, esse capítulo tem


como objetivo explicar de forma mais completa a linha de estudo histórica do
tema. Não poderia fazê-lo sem antes fazer uma breve explanação de como
eram vistos os alunos ao longo dos anos. A elucidação desse caso fará se
tornar mais claro por que a importância do estudo das crenças vem crescendo
exponencialmente.

Anos 50 – Aprendiz Mímico: Os aprendizes eram considerados “mímicos”, pois


tudo o que tinham a fazer era imitar os mestres em cada detalhe.

Anos 60 – Aprendiz cognitivo: Esses já foram considerados um pouco mais


competentes e sua principal característica era descobrir as regras por meio do
aprendizado. Descobrir por conta própria.

Anos 70 – Aprendiz afetivo e social: Eram movidos a atitude e motivação

Anos 80 – Aprendiz estratégico: Aprendizagem autônoma do aprendiz

Anos 90 – Aprendiz político: A dimensão política ganha volume e a linguagem


passa a ser instrumento de poder. Paulo Freire e sua didática também ganha
grande vulto entre os educadores.

O conceito de crença ganha proeminência com o movimento de autonomia


na aprendizagem e de estratégias de aprendizagem em meados dos anos
1980. No Brasil mesmo houveram diversos estudos empenhados em
desenvolver as ideias dos estudos em crenças nos anos 1991, 1993 e 1995
com os pesquisadores Leffa, Almeida Filho e Barcelos, respectivamente.

Mirla Maria Furtado Miranda (2005) afirma em sua tese que a investigação
da crença se dá em três momentos.

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O primeiro momento se daria através da pesquisa de Horwitz (1995) no qual
as pesquisas eram feitas apenas por meio de questionários fechados – uma
grande limitação vale a pena ressaltar – criado por Likert-Scale. Este momento
também é caracterizado por constituir-se de afirmações abstratas sobre
crenças e a constatação de que crenças errôneas sobre a aprendizagem de
língua estrangeira pode corroborar com estratégias de aprender menos
efetivas. As crenças também são constituídas de maneira dinâmica e interativa
de modo com que sempre ignora a perspectiva do aluno.

No segundo momento o conhecimento metacognitivo é estabelecido como


conceito aceito dentro do campo de estudo e este é classificado como estável,
declarável, abstrato, falível e situado exclusivamente na mente (Wenden,
1986). Os aprendizes agora ganham o status de seres pensantes.

No terceiro e último momento há uma maior pluralidade na metodologia e


nas teorias sócio-histórico culturais onde agora o contexto é caracterizado
como dinâmico e constituído socialmente. Por meio das crenças é possível
ainda dizer que construímos uma identidade social, o uso da língua é social e
orientado por ações, a linguagem cria a realidade e o conhecimento científico e
concepções leigas constituem construções sociais do mundo.

Atualmente as crenças são vistas como interativas, recíprocas e dinâmicas


(Woods, 1996). Acredito que essas afirmações de Woods devem ser
consideradas já que crenças são interativas a partir do momento em que
interagem com o contexto ao seu redor, são recíprocas porque as crenças de
um povo ou de uma pessoa influenciam e são influenciadas e são dinâmicas do
ponto de vista que são transformadas e mudam conforme a sociedade vai
evoluindo.

33
3.3 – DISCUSSÕES RELEVANTES PARA O TEMA

Antes de entrar nas considerações finais, dedico ainda mais esse capítulo
para poder apresentar ainda diversas discussões relevantes para o tema que
acabaram por ficar de fora das discussões anteriores. Dentro de minha
pesquisa, li diversos textos e livros concernentes ao tema de meu trabalho e
acredito que muitas questões poderiam estar presentes neste, no entanto
selecionei os que me pareceram mais adequados e pertinentes tendo em vista
que desse modo a apresentação ficaria mais enxuta e menos prolixa.

Dentro ainda de nosso tema gostaria de suscitar as seguintes questões


relevantes:

1 – É importante sempre ter em vista que há muitos modos de se enxergar o


aprendizado de uma língua estrangeira; uma delas é a língua ser vista como
exercício de poder. Isso se dá por conta da mudança na concepção de língua
durante a históra da humanidade. Este fato nos diz respeito, pois as crenças
vem caminhando de mãos dadas com a cultura dentro da história da
humanidade e a mudança na visão de línguas é uma nítida amostra deste.

2 - Ocorrem diversos fatos verídicos dentro de uma aprendizagem de línguas


que não são crenças ou estereótipos, mas sim, provações científicas. Muitos
acreditam que por ser uma matéria de humanas e altamente subjetiva, o
aprendizado de línguas está colocado como uma matéria altamente carregada
de crenças e estereótipos. Alguns exemplos de comprovações científicas são:

 A partir do momento em que você passa por uma situação identificada


por Almeira Filho (1993) como “desestrangeirização da língua
estrangeira”, ou seja, o estudante da língua começa a passar por uma
familiarização com o novo idioma, o aprendizado passa a ser muito mais
rápido e satisfatório.

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 Muitos estudiosos da psiquê humana também se dedicaram a estudar o
modo como nosso cérebro equaciona o aprendizado de maneira
positiva. Skinner, grande psicólogo e detentor do título de criador da
psicanálise comportamental, afirma que “o estudo autônomo requer
também que o aluno saiba variar estratégias de resolução e avaliar os
resultados de cada ação. O estudo guiado por demandas de curto prazo
é, geralmente mais eficaz que o estudo sem objetivos imediatos”.

3 - Com relação à crença já antiga de que o indivíduo só conseguirá aprender


a língua estrangeira de modo satisfatório ao começar estudá-la ainda criança,
há diversas opiniões. Uma delas presente em um ensaio sobre o tema da
pedagoga Gretel Lossau, resume o que muitos pedagogos também acreditam:

“Ein Kind wird eine neus Spache lernen wollen, weil es die Person mag, die die
andere Sprache spricht und weil es die Person verstehen will, die ihm etwas zu
sagen hat”. ¹

4 – Por último, uma questão a qual já havia levantado anteriormente é a


motivação. Existem diversos tipos de motivação. Motivação instrumental,
integrativa, de resultado e motivação intrínseca. A motivação é um quesito
muito importante na relação com o aprendizado de línguas estrangeiras.
Dependentemente do quão forte e de qual tipo de motivo (a intrínseca
normalmente se dá de forma mais precisa e relevante) for a motivação de um
indivíduo a aprender uma língua estrangeira, mais rápido e satisfatoriamente
ele aprenderá determinada língua. E essa questão também não mais se
encaixa dentro das crenças e estereótipos e sim em questões comprovadas
por meio de muitas pesquisas.

¹ Uma criança irá querer aprender uma nova língua, por que ela gosta de alguém que fala essa
língua e por que ela gostaria de entender essa determinada pessoa e (se ela gosta da pessoa),
terá algo para falar a esta. Traduzido pela autora.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente projeto procura mostrar por meio de repertório teórico bem como
pesquisa operacionalizada em questionário apresentados com análise
estatística e gráficos, que crenças e estereótipos com relação à aprendizagem
de línguas estrangeiras é existente em todos os meios. Apesar da amostragem
ser bem limitada, acredito que ela demonstre de fato as principais
características de opinião acerca do assunto dentro da classe média alta e alta
possuidoras de uma instrução considerada elevada.

Os entrevistados se limitam em indivíduos com ensino superior completo


bem como possuidores de experiências em outras línguas. Esse cenário não
pode ser considerado comum entre a população brasileira de um modo geral.
Por serem integrantes de um grupo já restrito, acredito que a amostragem
mesmo que pequena, representa bem o quadro geral. O que era mesmo o
objetivo.

Por meio do estudo dos pressupostos teóricos acredito que também foi
possível a realização da verificação da influência do conhecimento de outra
língua estrangeira na formação de crenças e estereótipos. Pode-se dizer
também que, apesar dos estudos estarem cada vez mais dando a importância
necessária para o tema, ainda há uma carência muito grande nas pesquisas
acerca crenças e estereótipos.

Por fim, espero que o presente trabalho possa dar uma nova perspectiva
sobre o assunto para pesquisadores e todos aqueles que o lêem bem como
possa operacionalizar por meio dessas novas perspectivas uma nova visão de
mundo, mais aberta para o novo e para o desconhecido, corroborando para a
criação de novos conhecimentos e de crescimento pessoal.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Barcelos, Ana Maria Ferreira. 2004. Crenças sobre aprendizagem de


línguas, linguística aplicada e ensino de línguas. Linguagem e ensino,
Vol. 7 – número 1 (123 – 156) / Universidade Federal de Viçosa.

Bastos, Lilia da Rocha. 1979. Manual para a elaboração de projetos e


relatórios de pesquisa, teses e dissertações. Rio de Janeira: Zahar.

Cervo, Amado Luiz. 1974. Metodologia científica: para uso dos


estudantes universitários. São Paulo: Mcgraw Hill do Brasil.

Eco, Humberto. 1986. Como se faz uma tese: Metodologia. São Paulo:
Perspectiva.

Galliano, A Guilherme. 1986. Método científico: teoria e prática. São


Paulo: Harper & Row do Brasil.

Lakatos, Eva Maria. 1986. Metodologia científica. São Paulo: Atlas.

Lossau, Gretel. 2016. Psycholingistisches Lehrwerk Hocus und Lotus –


Umsetzung und dauerhafte Implementierung. Taschner / Diverse Quellen,
eigene Recherchen und Interpretation.

Miranda, Mirla Maria Furtado. 2005. Crenças sobre o ensino –


aprendizagem de língua estrangeira (inglês) no discurso de professores e
alunos de escolas públicas. Universidade Estadual do Ceará.

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Rozenfeld, Cibele Cecílio de Faria. 2007. Crenças sobre uma língua e
cultura alvo (alemã) en dimensão intercultural de ensino de língua
estrangeira. Universidade Federal de São Carlos.

Salomon, Délcio Vieira. 1971. Como fazer uma monografia: elementos de


metodologia do trabalho científico. Belo Horizonte: Instituto de Psicologia da
UCMG.

Velasco, Saulo Missiaggia. 2016. Análise do comportamento e educação


/ Ensinar a estudar. Boletim Paradigma – Vol. 1. São Paulo.

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