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FÍSICA BÁSICA

Conselho Editorial EAD


Dóris Cristina Gedrat
Thomas Heimman
Mara Salazar Machado
Andréa de Azevedo Eick
Astomiro Romais

Obra organizada pela Universidade Luterana do Brasil.


Informamos que é de inteira responsabilidade dos autores a
emissão de conceitos.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por
qualquer meio ou forma sem a prévia autorização da Editora
da ULBRA.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei nº .610/98
e punido pelo Artigo 184 do Código Penal.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

M358f Marranghello, Moacyr.


Física básica / Moacyr Marranghello. – Canoas: Ed. ULBRA, 2013.
176p.

1. Física. 2. Laboratório. 3. Prática experimental. I. Título.

CDU: 53

Setor de Processamento Técnico da Biblioteca Martinho Lutero - ULBRA/Canoas

ISBN 978-85-7528-501-5

Editoração: Roseli Menzen

Dados técnicos do livro


Fontes: Palatino Linotype, Franklin Gothic Demi Cond
Papel: offset 75g (miolo) e supremo 240g (capa)
Medidas: 15x22cm
APRESENTAÇÃO

Este trabalho foi elaborado para que você, acadêmico do Curso de Física, possa
usufruir, da melhor maneira possível, de um laboratório educacional de física.
Procedimentos adequados dentro de um laboratório podem indicar um melhor
aproveitamento do mesmo para disciplinas eminentemente práticas. Algumas
orientações fundamentais são necessárias para que o trabalho não se perca com
observações erradas ou, muitas vezes, descuidos até perigosos. Não é intenção,
nessas poucas linhas, de dar um curso de procedimentos laboratoriais, apenas,
abaixo, procura-se listar algumas informações úteis, algumas atitudes convenientes
e alguns procedimentos, para efetivar as práticas experimentais com o êxito
desejado. Além disto, estes procedimentos e atitudes também poderão ser úteis ao
futuro profissional quando atuar em um laboratório com os seus alunos.
a) O laboratório é um local de trabalho onde se procura vivenciar fenômenos
físicos.
b) Ao entrar em um laboratório é conveniente ter em mãos apenas o material
essencial para a realização da experiência do dia.
c) Procure fazer as medidas solicitadas com a maior precisão possível para obter os
dados da experiência e chegar a resultados mais aproximados da realidade.
d) Leia com atenção os roteiros antes de realizar qualquer experiência, fazendo
tudo o que o mesmo solicita. Procure não pular etapas, mesmo que você as
julgue desnecessárias.
e) Preste muita atenção às informações indicadas no material, sobretudo quando
o mesmo não for do seu conhecimento prévio.

Tenha uma boa aula, pergunte tudo o que você julgar importante para o seu
crescimento pessoal, use e abuse dos espaços oferecidos pela modalidade EAD
para melhoria do seu curso e, consequentemente, do seu desenvolvimento em
sua profissão.
SOBRE O AUTOR

Moacyr Marranghello

Professor de Física, Mestre em Engenharia, Professor dos Cursos de Física e


Engenharias da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA – Canoas (RS).
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ULBRA – Educação a Distância
SUMÁRIO

1 FÍSICA BÁSICA ........................................................................................................11


1.1 Metodologia aplicada ........................................................................................11
1.2 Grandezas e Unidades de Medida .......................................................................12
1.3 Unidades derivadas, múltiplos e submúltiplos .....................................................19
1.4 Regras para escrita de nomes e símbolos das unidades SI ...................................27
1.5 Exercícios .........................................................................................................29
2 DESVIOS DE UMA MEDIDA .......................................................................................31
2.1 Introdução ........................................................................................................31
2.2 O processo para medir .......................................................................................31
2.3 Tipos de medidas ...............................................................................................32
2.4 Algarismos significativos de uma medida ............................................................33
2.5 Operações com algarismos significativos ............................................................38
2.6 Técnicas de arredondamento de um valor numérico .............................................39
2.7 Valor provável e desvios de uma medida ..............................................................40
2.8 Parte Experimental ............................................................................................43
2.9 Exercícios .........................................................................................................49
3 PAQUÍMETRO ..........................................................................................................53
3.1 Introdução ........................................................................................................53
3.2 Fazendo uma medida com o paquímetro..............................................................57
3.3 Tipos de paquímetros.........................................................................................63
3.4 Micrômetro .......................................................................................................65
3.5 Exercícios: ........................................................................................................74
4 LEI DE HOOKE .........................................................................................................77
4.1 Introdução ........................................................................................................77
4.2 Lei de Hooke .....................................................................................................77
4.3 Considerações iniciais sobre a experiência .........................................................78
4.4 Outras considerações importantes .....................................................................85
4.5 Exercícios .........................................................................................................89
5 MOVIMENTOS PERÓDICOS .......................................................................................91
5.1 Pêndulo Simples................................................................................................91
5.2 Oscilações em uma mola....................................................................................97
5.3 Exercícios .......................................................................................................101
6 INTERPOLAÇÃO DE DADOS .....................................................................................103
6.1 Medidas em uma circunferência.......................................................................103
6.2 Técnica de interpolação de dados.....................................................................105
6.3 Interpolação de Newton ...................................................................................105
6.4 Exercícios .......................................................................................................109
7 INTRODUÇÃO A HIDROSTÁTICA ..............................................................................113
7.1 Medidas de massa, volume e densidade ............................................................113
7.2 Experiência 2 para massa específica ................................................................117
7.3 Flutuabilidade dos corpos ................................................................................119
7.4 Determinação do Empuxo .................................................................................121
7.5 Leitura complementar ......................................................................................126
7.6 Exercícios .......................................................................................................127
8 ESTUDO DA PRESSÃO ............................................................................................131
8.1 Introdução ......................................................................................................131
8.2 Pressão atmosférica ........................................................................................133
8.3 Conceitos fundamentais sobre Hidrostática ......................................................137
8.4 Exercícios .......................................................................................................143
9 CINEMÁTICA I .......................................................................................................145
9.1 Princípios fundamentais da cinemática ............................................................145
9.2 Movimento Retilíneo Uniforme (M.R.U.)............................................................147
9.3 Determinação da velocidade média ..................................................................149
9.4 Movimento retilíneo uniformemente variado – MRUV ........................................151
9.5 Movimento de queda livre – M. Q. L. ..................................................................156
9.6 Exercícios .......................................................................................................160
10 CINEMÁTICA II ......................................................................................................163
10.1 Composição de movimentos ...........................................................................163
10.2 Lançamento horizontal ..................................................................................164
10.3 Decomposição da velocidade .........................................................................166
10.4 Movimento Circular Uniforme (MCU) ..............................................................167
10.5 Exercícios .....................................................................................................173
ULBRA – Educação a Distância

10
1
Moacyr Marranghello
FÍSICA BÁSICA

1.1 Metodologia aplicada


A ideia desta disciplina é colocar o acadêmico em contato com um laboratório de
física. O objetivo principal é desenvolver habilidades motoras e a competência de
trabalhar com cuidado, atenção e rigor científico. Esta prática pautará todo o curso
de Física que você está iniciando. Para tanto foram elaborados kits (figura 1.1) para
atividades simples, com um nível crescente de complexidade para manuseio de
materiais e equipamentos. Para atingir estes objetivos foram elaboradas diversas
atividades experimentais com intuito de associar grandezas físicas. Estas grandezas
poderão ser exploradas através de gráficos tentando aproximar os resultados
encontrados utilizando modelagens matemáticas. Outro objetivo da disciplina é
calcular valores a partir de dados medidos. Para isso será discutido pelo menos um
método de interpolação (neste caso o mais simples é a interpolação de Newton).
Além do trabalho experimental em laboratório, também serão desenvolvidos, de
maneira mais aprofundada, os conteúdos de cinemática e fluidostática.

As atividades experimentais poderão ser cobradas através da apresentação de


relatórios que contenham: técnica utilizada, valores adquiridos, tabelas e gráficos,
resultados obtidos e conclusão.
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ULBRA – Educação a Distância

Figura 1.1 – Kit 01 ULBRA Cidepe


ESP003 – Física Básica

1.2 Grandezas e Unidades de Medida


Uma grandeza é um atributo de alguma coisa do universo físico que descreve
qualitativamente e quantitativamente as relações entre as propriedades observadas
13

no estudo da natureza. Tudo que pode ser medido quantitativamente é atribuído

ULBRA – Educação a Distância


como uma grandeza. Isto significa dizer que, se podemos comparar, podemos
medir e, se podemos medir é considerado uma grandeza. Por exemplo, não existe
um padrão de medidas para o amor, isto é, não podemos estabelecer uma escala
quantitativa de mais amor ou menos amor. Assim não podemos considerar o amor
como uma grandeza física.

Para podermos comparar, precisamos utilizar a mesma grandeza com uma escala
padrão pré-definida. Esta escala padrão é denominada de unidade de medida. Desta
forma podemos resumir dizendo que: “medir uma grandeza física é compará-la
com outra grandeza de mesma espécie, denominada unidade de medida padrão”.

Com exceção de algumas constantes, aparentemente fundamentais (quantum, uma


unidade mínima de qualquer entidade física envolvida numa interação), as unidades de
medida são essencialmente arbitrárias, ou seja, são convenções estabelecidas pelos
homens que concordam em utilizá-las. Imagine o seu nome, foi sua mãe, ou seu pai,
ou um parente ou amigo próximo que sugeriu que você se chamasse “José”. Isto
também é uma convenção instituída e aceita pela sociedade. Todos temos um nome
ao qual está associado um número (RG, CPF, Passaporte etc) que identifica quem é
esta pessoa. Assim também são as unidades de medida. É preciso certos cuidados
para que possamos precisar cada uma dessas unidades para minimizar os erros ao
efetuarmos uma medida. Ao longo da história humana, no entanto, inicialmente
por conveniência e, em seguida, por necessidade, os padrões de medição evoluíram
para que as comunidades tivessem certas referências comuns. Leis regulando
medições foram feitas originalmente para evitar fraudes no comércio.

Durante a Convenção do Metro (Convention du Mètre) em Paris, em 1875, foi


estabelecido um tratado internacional, assinado por 17 Estados, com o propósito
de estabelecer uma autoridade internacional no campo de metrologia e da qual
resultou a adoção do metro como unidade básica de medida de comprimento.
Atualmente o Sistema Internacional de Unidades é adotado por praticamente
todos os países, inclusive o Reino Unido, mesmo sem a intenção de substituir
inteiramente seu próprio sistema usual de medidas. Há três exceções, Myanmar,
Libéria e Estados Unidos.

Este Sistema de Unidade (SI), define sete grandezas e suas respectivas unidades
de medida, como básicas ou fundamentais. As outras unidades existentes são
conhecidas como derivadas. O quadro 1.1 mostra as grandezas básicas e suas
respectivas unidades.
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ULBRA – Educação a Distância

Grandeza Unidade Símbolo

Comprimento metro m

Massa quilograma kg

Tempo segundo s

Corrente elétrica ampère A

Temperatura termodinâmica kelvin K

Quantidade de matéria mol mol

Intensidade luminosa candela cd

Quadro 1.1 — Grandezas e Unidades fundamentais de medida.

1.2.1 Unidade de medida de Comprimento


A origem da palavra metro vem do grego “μέτρον” (metron) e significa medida.
Em 1 668, John Wilkins, primeiro secretário da Royal Society de Londres, teve
ideia de montar um sistema métrico que fosse utilizado por todos os países. Esta
ideia não teve apoio da própria Inglaterra na época. Um cientista francês, Gabriel
Mouton, em 1 670, propôs um sistema métrico decimal, baseado na circunferência
da Terra. De 1 789 a 1 799, a Academia Francesa de Ciências, a pedido do Governo
Republicano Francês, criou um sistema métrico que, segundo eles na época, era
baseado em constantes não arbitrárias. Em 1 793, um grupo de físicos, astrônomos
e agrimensores, definiram o metro (na realidade 1 metro e 1,8 mm) como sendo
1
40 000 000
da circunferência da Terra. Este valor também corresponderia a
determinado intervalo de graus do meridiano terrestre. Em 1 799 foram produzidos
protótipos de platina iridiada para representar o metro e o quilograma padrão.
Até hoje esses protótipos estão conservados no Escritório Internacional de Pesos
e Medidas na França (Bureau International des Poids et Mesures). Hoje em dia o
protótipo do metro serve apenas como peça de museu. Em 1 983 a definição do
metro passou a ser: a extensão percorrida pela luz no vácuo num intervalo de
tempo de de segundo.
• 1ª definição do metro (1 793):
O metro corresponde a décima milionésima parte do quarto do meridiano
terrestre que passa por Paris.

O constante desenvolvimento de técnicas de medições originou posteriores


correções, levando a modificações na definição do metro ao longo dos tempos.
15

• 2ª definição do metro (1 799):

ULBRA – Educação a Distância


O metro corresponde a distância entre os topos de uma barra de platina a 0 °C.

A precisão deste padrão ficava na ordem de 0,1 mm, o que era evidentemente
inadequado para os desenvolvimentos que se mostraram nas tecnologias e nas
ciências, levando assim a novas definições.

• 3ª definição do metro (1 889):


O metro corresponde a distância entre dois traços centrais marcados numa
barra de platina iridiada, de secção em “X”, à temperatura de 0ºC.

Figura 1.2 – Barra de platina-irídio utilizada como protótipo do metro de 1889 a 1960
Fonte: Wikimedia Commons, um acervo de conteúdo livre da Wikimedia Foundation.

A 1ª Conferência Geral de Pesos e Medidas mandou fabricar trinta padrões, entre os


quais foi escolhido o padrão de referência, passando a ser este o padrão por onde
todos os outros eram calibrados. A precisão destes padrões era de 0,1 μm, figura 2.1.
Gradualmente foi-se sentindo que esta definição era insuficiente, tendo-se chegado
à conclusão de que era necessário redefini-la em termos naturais, principalmente
quando em 1 937 se fez nova marcação de traços no padrão existente. De fato,
trabalhos desenvolvidos, principalmente pela SGIP (Suíça), revelaram que a
resolução das medições era já superior à espessura dos traços. Tudo apontava
para uma definição baseada na natureza ondulatória da luz. Já em 1 864 o físico
francês Fizeau tinha escrito: “um raio de luz, com todas as suas séries de ondulações
muito tênues, mas perfeitamente regulares, pode ser considerado, de algum modo, como
um micrômetro natural da maior perfeição e particularmente apropriado a determinar
comprimentos extremamente pequenos”. Em 1 948 a 9ª Conferência Geral de Pesos e
Medidas adotou uma resolução na qual reconhecia que o metro pode ser definido
em termos de comprimento de onda da radiação de um isótopo, embora não tivesse
16

referido qual o elemento a utilizar. Em 1 954 foi publicado pela SGIP um estudo
ULBRA – Educação a Distância

onde era preconizada a redefinição do metro com base no comprimento de onda


emitida por uma radiação de mercúrio-198.

• 4ª Definição do metro (1 960):


O metro corresponde ao comprimento igual a 1 650 763,73 comprimentos de
onda, no vácuo, da radiação correspondente à transição entre os níveis 2p e
5d do átomo de cripton-86.

A definição tinha finalmente transitado para um método considerado praticamente


perfeito, isto é, com referência às características da radiação luminosa. Mas a
rápida evolução que se fez sentir na radiação laser manteve acesa a chama de
descontentamento dos físicos e metrologistas, que procuravam uma constante
mais universal. Uma grandeza de muito boa precisão na época era, e ainda é hoje
em dia, a unidade de medida de tempo, aquela que se encontrava ligada a uma
melhor incerteza, associada a uma constante universal ligada a velocidade da luz
no vácuo. Desta interpretação deriva a atual definição para o metro.

• 5ª Definição do metro (1 983):


O metro corresponde ao comprimento do trajeto percorrido pela luz no vácuo
durante um intervalo de tempo de 1/299 792 458 do segundo.

Esta definição poderá vir a ser alterada, mas não se vislumbra qualquer tendência
para que deixe de ser utilizada a radiação luminosa como base fundamental para
padrão natural da grandeza distância.

1.2.2 Unidade de medida de Massa


A palavra quilograma é derivada do francês “kilogramme”, que por sua vez é
derivada do grego “χίλιοι” (pronúncia: chilioi), que significa “mil” e “γράμμα”
(pronúncia: gramma), que significa “peso pequeno”.

O quilograma padrão é a unidade básica da grandeza massa no SI e é definido


como sendo igual à massa do International Prototype Kilogram (IPK) (protótipo
internacional do quilograma) que tem peso aproximadamente igual a de um litro
de água a 20 oC. Este protótipo é composto de 90% de platina e 10% de irídio e
encontra-se sob custódia do Escritório Internacional de Pesos e Medidas (BIPM),
em Sèvres, na França, desde 1 889, quando foi confeccionado e sancionado pela
Conferência Geral de Pesos e Medidas.
17

1.2.3 Unidade de medida de Tempo

ULBRA – Educação a Distância


O ser humano é temporal, isto é, nascemos crescemos e morremos e, por isso, é
natural fazermos medições do tempo. Historicamente, os Sumérios, moradores
da Mesopotâmia (uma região desértica banhada pelos rios Tigre e Eufrates, onde
atualmente situa-se o Iraque, no Oriente Médio), foram um dos primeiros povos
a elaborar um calendário baseados em fenômenos celestes.

No Egito antigo, o dia e a noite eram divididos em 12 horas cada um, desde pelo
menos 2 000 AC. Os astrônomos Hiparco (150 AC) e Ptolomeu (150 DC) dividiram
o dia utilizando o sistema sexagesimal usando a hora média como 1 do dia.
24
Na Babilônia o dia foi subdividido sexagesimalmente depois de 300 AC,
isto é, 1 , depois 1 novamente e assim sucessivamente até 6 casas depois do
60 60
ponto sexagesimal (uma precisão de mais de 2 microssegundos).

Nos anos 1 000 DC, o erudito al-Biruni, calculou as luas novas de semanas
específicas como sendo um número de dias, horas, minutos, segundos, terços e
quartos depois do meio-dia de domingo. Em 1 267 o cientista medieval Roger Bacon
definiu o horário de luas cheias como um número de horas, minutos, segundos,
terços e quartos depois do meio-dia de datas específicas do calendário. Hoje em
dia o segundo é subdividido de forma decimal, apesar de algumas línguas, como o
polonês (tercja) e o turco (salise), ainda utilizarem um terço de 1 de segundo.
60
Historicamente o segundo era entendido como 1 de um dia solar médio
86 400
1
(ou 3 600 de uma hora, ou 1 de um minuto), sendo assim definido em relação
60
às dimensões e a rotação da Terra. É importante observar que o dia solar não é
exatamente o tempo de rotação da Terra, isto é, ao longo do dia a Terra percorre
uma fração de sua translação em torno do Sol.

Com o passar do tempo, e a necessidade de se ter medidas cada vez mais precisas,
entendeu-se que a rotação terrestre não era suficientemente precisa, optando-
se por utilizar uma fração da revolução da Terra em torno do Sol. Em 1 954 e,
posteriormente ratificado em 1 960 pela 11ª Conferência Geral de Pesos e Medidas,
definiu-se o segundo como sendo 1 do tempo que a Terra leva para
31 556 925,9747
girar em torno do Sol a partir das 12 horas do dia 4 de janeiro de 1 900.

Com o desenvolvimento dos relógios atômicos, tornou-se mais fácil medir a duração
da transição entre dois níveis de energia de um átomo ou molécula. Isto tornou
também possível medir o tempo com maior precisão. Em 1 967, a 13ª Conferência
Geral de Pesos e Medidas, definiu o segundo como sendo o intervalo de tempo de
18

duração de 9 192 631 770 períodos da radiação correspondente à transição entre dois níveis
ULBRA – Educação a Distância

hiperfinos do estado fundamental do átomo de césio 133. O Comitê Internacional de Pesos


e Medidas, em 1 997, afirmou que a definição do segundo refere-se ao átomo de
césio cuja temperatura termodinâmica seja igual a 0 K.

1.2.4 Unidade de medida de Corrente Elétrica


A intensidade de corrente elétrica deve ser medida no SI utilizando como unidade
de medida o ampère, em homenagem ao físico francês André-Marie Ampère (1
775 – 1 836).

A definição desta unidade é baseada na lei de Ampère. Qualitativamente dizemos


que o ampère é atualmente definido como sendo uma corrente que, se mantida em
dois condutores paralelos retos de tamanhos e em posições específicas, irá produzir uma
certa quantidade de força magnética entre os condutores. Quantitativamente o ampère
é a intensidade de uma corrente elétrica constante que, mantida em dois fios condutores
paralelos, retilíneos, de comprimento infinito, de seção circular desprezível e situados à uma
distância de um metro entre si, no vácuo, produz entre esses fios condutores uma força de
módulo igual a 2 x 10-7 N para cada seção do fio de um metro de comprimento.

1.2.5 Unidade de medida de Temperatura Termodinâmica


Em 1 954 a Resolução 3 da 10ª CGMP escolheu o ponto tríplice da água como
ponto fixo fundamental, atribuindo-lhe o valor de temperatura igual a 273,16 K
por definição.

Em 1 967 a Resolução 3 da 13ª CGPM adotou o nome kelvin (símbolo K) em


lugar de “grau kelvin” (símbolo oK), e formulou, na Resolução 4, a definição da
unidade de temperatura termodinâmica, como sendo o kelvin (símbolo: K) a unidade
de temperatura termodinâmica igual a fração 1 da temperatura termodinâmica do
273,16
ponto triplo da água.

A mesma Conferência ainda afirma que a unidade de temperatura Celsius é o grau Celsius,
símbolo oC, igual a unidade kelvin, por definição. O valor numérico de uma temperatura
Celsius t, expressa em graus Celsius é dada pela relação t = T - 273,15 .
°C K
O kelvin e o grau Celsius são também as unidades da Escala Internacional de
Temperatura de 1 990 (EIT-90) adotada pelo Comitê Internacional em 1 989, em
sua Recomendação 5 (CI-1989) (PV, 57, 26 e Metrologia, 1 990, 27, 13).
19

1.2.6 Unidade de medida de Quantidade de matéria

ULBRA – Educação a Distância


Antes de 1 959, tanto a União Internacional de Física Pura e Aplicada (IUPAP)
quanto a União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC) usavam o
oxigênio para definir a grandeza quantidade de matéria, sendo definida como o
número de átomos existentes em 16 g de oxigênio que possui massa de 16 g. Os
físicos usaram uma definição similar a esta, porém, fazendo uso do isótopo do
oxigênio de massa 16 (oxigênio-16). Posteriormente as duas organizações entraram
em um acordo, entre 1 959 e 1 960, e definiram esta unidade de medida como: a
quantidade de matéria de um sistema que contém tantas entidades elementares quanto são
os átomos contidos em 0,012 quilograma de carbono-12; seu símbolo é “mol”.

Como adendo a esta definição, a IUPAC esclarece que quando a terminologia


mol for usada, as entidades elementares devem ser especificadas, podendo ser
átomos, moléculas, íons, elétrons ou outras partículas ou grupos especificados
de tais partículas.

Essa definição foi adotada pelo CIPM (Comitê Internacional de Pesos e Medidas) em
1 967 e, em 1 971, ratificada pela XIV CGPM. Em 1 980, o CIPM confirmou novamente
esta definição, adicionando a informação de que os átomos de carbono-12 não
estariam ligados por meio de ligações químicas, mas em seu estado fundamental.

1.2.7 Unidade de medida de Intensidade Luminosa


A candela é a unidade de medida da grandeza Intensidade Luminosa e pode
ser definida em termos de radiação de corpo negro emitida por 1 de cm² de
60
platina quando em seu ponto de fusão. Uma vez que esse experimento é de difícil
realização, por ser em altíssimas temperaturas, em 1 979, a Resolução 3 da 16ª
CGPM, estabeleceu que a definição para a grandeza Intensidade Luminosa para o
SI seria a intensidade luminosa, numa dada direção, de uma fonte que emite uma radiação
monocromática de frequência 540 x 1012 Hz e cuja intensidade energética nessa direção é
1 watt por esterradiano.
663

1.3 Unidades derivadas, múltiplos e submúltiplos


Há apenas uma unidade do SI para cada grandeza. Considera-se unidade
derivada aquela que pode ser expressa através de unidades básicas do SI e sinais
de multiplicação e divisão, ou seja, sem qualquer fator multiplicativo ou prefixo
com a mesma função. A seguir aparece o quadro 1.2 com algumas grandezas e
unidades de medida derivadas.
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ULBRA – Educação a Distância

Dimensional Dimensional
Grandeza Unidade Símbolo
analítica sintética
Ângulo plano Radiano rad 1 m/m
Ângulo sólido esferorradiano sr 1 m²/m²
Atividade catalítica katal kat mol/s ---
Atividade radioativa becquerel Bq 1/s ---
Capacitância farad F A²·s²·s²/(kg·m²) A·s/V
Carga elétrica coulomb C A·s ---
Condutância siemens S A²·s³/(kg·m²) A/V
Dose absorvida gray Gy m²/s² J/kg
Dose equivalente sievert Sv m²/s² J/kg
Energia joule J kg·m²/s² N·m
Fluxo luminoso lúmen lm cd cd·sr
Fluxo magnético weber Wb kg·m²/(s²·A) V·s
Força newton N kg·m/s² ---
Frequência hertz Hz 1/s ---
Indutância henry H kg·m²/(s²·A²) Wb/A
Intensidade de campo
tesla T kg/(s²·A) Wb/m²
magnético
Luminosidade lux lx cd/m² lm/m²
Potência watt W kg·m²/s³ J/s
Pressão pascal Pa kg/(m·s²) N/m²
Resistência elétrica ohm Ω kg·m²/(s³·A²) V/A
Temperatura em
grau Celsius °C --- ---
Celsius
Tensão elétrica volt V kg·m²/(s³·A) W/A

Quadro 1.2 — Algumas Grandezas e Unidades de medida derivadas.

Existem incontáveis possibilidades para as unidades derivadas do SI. Os quadros


1.3, 1.4, 1.5, 1.6 e 1.7 apresentam algumas unidades das principais grandezas do
SI de forma organizada.
21

ULBRA – Educação a Distância


Grandeza Unidade Símbolo

Área metro quadrado m²

Volume metro cúbico m³

Número de onda por metro 1/m

Densidade de massa quilograma por metro cúbico kg/m³

Concentração mol por metro cúbico mol/m³

Volume específico metro cúbico por quilograma m³/kg

Velocidade metro por segundo m/s

Aceleração metro por segundo ao quadrado m/s²

Densidade de corrente ampère por metro ao quadrado A/m²

Campo magnético ampère por metro A/m

Quadro 1.3 — Unidades com nomes especiais.

Dimensional Dimensional
Grandeza Unidade Símbolo
analítica sintética

Velocidade angular radiano por segundo rad/s 1/s Hz

radiano por segundo


Aceleração angular rad/s² 1/s² Hz²
por segundo

Momento de força newton metro N·m kg·m²/s² ----

coulomb por metro


Densidade de carga C/m³ A·s/m³ ----
cúbico

Campo elétrico volt por metro V/m kg·m/(s³·A) W/(A·m)

Entropia joule por kelvin J/K kg·m²/(s²·K) N·m/K

joule por quilograma


Calor específico J/(kg·K) m²/(s²·K) N·m/(K·kg)
por kelvin

Condutividade watt por metro por


W/(m·K) kg·m/(s³·K) J/(s·m·K)
térmica kelvin

Intensidade de watt por


W/sr kg·m²/(s³·sr) J/(s·sr)
radiação esferorradiano

Quadro 1.4 — Grandezas que fazem uso, na sua definição, das unidades com nomes especiais.
22
ULBRA – Educação a Distância

Grandeza Unidade Símbolo Relação com o SI

Tempo minuto min 1 min = 60 s

Tempo hora h 1 h = 60 min = 3600 s

Tempo dia d 1 d = 24 h = 86 400 s

Ângulo plano grau ° 1° = π/180 rad

Ângulo plano minuto ‘ 1’ = (1/60)° = π/10 800 rad

Ângulo plano segundo “ 1” = (1/60)’ = π/648 000 rad

Volume litro l ou L 1 l = 0,001 m³

Massa tonelada t 1 t = 1000 kg

Argumento logarítmico
neper Np 1 Np = 1
ou Ângulo hiperbólico

Argumento logarítmico
bel B 1B=1
ou Ângulo hiperbólico

Quadro 1.5 — O SI aceita várias unidades que não pertencem ao sistema.

A relação entre o neper e o bel é: 1 B = 0,5 ln(10) Np.

Grandeza Unidade Símbolo Relação com o SI

Energia elétron-volt eV 1 eV = 1,602 176 487(40) x 10−19 J

unidade de massa
Massa u 1 u = 1,660 538 782(83) x 10−27 kg
atômica

Comprimento Unidade astronômica ua 1 ua = 1,495 978 706 91(30) x 1011 m

Quadro 1.6 — Outras unidades aceitas pelo SI, relacionadas apenas experimentalmente com as uni-
dades do SI.

Grandeza Unidade Símbolo Relação com o SI

milha
Comprimento ---- 1 milha marítima = 1 852 m
marítima

1 nó = 1 milha marítima por hora


Velocidade nó ----
1 852/3 600 m/s

Área are a 1 a = 100 m²

Área hectare ha 1 há = 10 000 m²


23

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Grandeza Unidade Símbolo Relação com o SI

Área acre ---- 40,47 a

Área barn b 1 b = 10−28 m²

Comprimento ångström Å 1 Å = 10−10 m

Pressão bar bar 1 bar = 100 000 Pa

Quadro 1.7 — Unidades que são aceitas temporariamente pelo SI. Seu uso é desaconselhado.

Para facilitar a escrita de determinadas quantidades das unidades de medida, o


SI permite utilizar a notação científica, nomeando oficialmente esses prefixos. O
quadro 1.8 mostra os prefixos oficiais do SI.

10n Prefixo Símbolo Desde Escala curta Equivalente decimal

24
10 yotta (iota) Y 1991 Septilhão 1 000 000 000 000 000 000 000 000

21
10 zetta (zeta) Z 1991 Sextilhão 1 000 000 000 000 000 000 000

18
10 exa E 1975 Quintilhão 1 000 000 000 000 000 000

15
10 peta P 1975 Quadrilhão 1 000 000 000 000 000

1012 tera T 1960 Trilhão 1 000 000 000 000

109 giga G 1960 Bilhão 1 000 000 000

106 mega M 1960 Milhão 1 000 000

103 quilo k 1795 Milhar 1 000

2
10 hecto h 1795 Centena 100

1
10 deca da 1795 Dezena 10

0
10 nenhum nenhum Unidade 1

−1
10 deci d 1795 Décimo 0,1

10−2 centi c 1795 Centésimo 0,01

10−3 mili m 1795 Milésimo 0,001

10−6 micro μ (mü) 1960 Milhonésimo 0,000 001

10−9 nano n 1960 Bilhonésimo 0,000 000 001

10−12 pico p 1960 Trilhonésimo 0,000 000 000 001

−15
10 femto (fento) f 1964 Quadrilhonésimo 0,000 000 000 000 001
24
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10n Prefixo Símbolo Desde Escala curta Equivalente decimal

−18
10 atto (ato) a 1964 Quintilhonésimo 0,000 000 000 000 000 001

−21
10 zepto z 1991 Sextilhonésimo 0,000 000 000 000 000 000 001

−24
10 yocto (iocto) y 1991 Septilhonésimo 0,000 000 000 000 000 000 000 001

Quadro 1.8 — Alguns prefixos oficiais do SI.

A utilização do prefixo é feita, juntando o prefixo aportuguesado com o nome da


unidade de medida, sem mudar acentuação, nem contraindo vogais. Da mesma
forma o símbolo é a junção dos símbolos básicos do prefixo e da unidade.

Nanossegundo (ns), microssegundo (μs), miliampère (mA) e deciwatt (dW).

Exceções:
• Unidades segundo e radiano: é necessário dobrar o r e o s. milissegundo,
decirradiano etc.
• Especiais: múltiplos e submúltiplos do metro: quilômetro, hectômetro,
decâmetro, decímetro, centímetro, milímetro, nanômetro, picômetro etc.
Observações:
• O k usado em “quilo”, em unidades como quilômetro (km) e quilograma (kg),
deve ser grafado em letra minúscula. É errado escrevê-lo em maiúscula.
• Em informática, o símbolo “K” que pode preceder as unidades bits e bytes
(grafado em letra maiúscula), não se refere ao fator multiplicativo 1 000, mas
sim a 1 024 unidades da grandeza citada (para correção a IEC – International
Electrotechnical Commission – definiu o chamado prefixo binário onde 1:1024 e
o uso dos prefixos da SI passaram a valer 1:1000).

O nome das unidades deve ser sempre escrito em letra minúscula: quilograma,
newton, metro cúbico, ampère etc. A exceção é quando o nome estiver no início
de uma frase ou em “grau Celsius”.
As unidades de medida atribuídas em homenagem a personalidades são simbolizadas
sempre com letras maiúsculas: newton (N); watt (W), hertz (Hz), etc.
25

As regras para a formação do plural (no Brasil) para o nome das unidades de

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medida seguem a Resolução Conmetro 12/88. Somente o nome da unidade aceita
o plural.
Para a pronúncia correta do nome das unidades, deve-se utilizar o acento tônico
sobre a unidade e não sobre o prefixo: mi-cro-me-tro, hec-to-li-tro, mi-lis-se-gun-
do, cen-ti-gra-ma, na-no-me-tro etc.
Exceções: quilômetro, hectômetro, decâmetro, decímetro, centímetro e
milímetro.
Ao escrever uma unidade composta, não se deve misturar o nome com o símbolo
da unidade, como é mostrado no quadro 1.9.

Certo Errado

quilômetro por hora km/h quilômetro/h; km/hora

metro por segundo m/s metro/s; m/segundo

Quadro 1.9 — Forma de escrever os símbolos das unidades compostas.

As unidades do SI podem ser escritas por seus nomes ou representadas por meio de
símbolos. Símbolo não é abreviatura, mas sim um sinal convencional e invariável
utilizado para facilitar e universalizar a escrita e a leitura de significados — no
caso, as unidades SI, logo, jamais deverá ser seguido de “ponto”, como mostra
o quadro 1.10.

Certo Errado

segundo s s. ; seg.

metro m m. ; mtr. ; mts.

quilograma kg kg.; kgr.

litro L l.;lts.

hora h h. ; hr.

Quadro 1.10 — Os símbolos das unidades de medida não são seguidos de ponto.
26

Símbolo não admite plural. Como sinal convencional e invariável que é utilizado
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para facilitar e universalizar a escrita e a leitura de significados, nunca será seguido


de “s”, como mostrado no quadro 1.11.

Certo Errado

cinco metros 5m 5 ms ou mts

dois quilogramas 2 kg 2 kgs

oito horas 8h 8 hs
Quadro 1.11 — Os símbolos das unidades de medida não são seguidos de “s” no plural.

A representação do resultado de uma medida deve utilizar o valor numérico da


mesma, seguido de um espaço de até um caractere e, em seguida, o símbolo da
unidade em questão. A legislação brasileira não admite o ponto, apenas a vírgula.
Para representar valores com milhares ou mais a separação é feita apenas com um
espaço de um caractere, como mostrado na figura 1.3:
Espaço de Espaço éntre valor e
separação do milhar Vrgula símbolo da unidade

Valor Prefixo da Unidade


numérico unidade de medida

Figura 1.3 — Forma de escrever o símbolo de uma unidade de medida.

Para a unidade de temperatura grau Celsius, haverá um espaço de até um caractere


entre o valor e a unidade, porém não se deve colocar espaço entre o símbolo do
grau e a letra C para formar a unidade “grau Celsius”, como indica a figura 1.4.
Espaço éntre valor e
Virgula símbolo da unidade

Valor Unidade de
numérico medida
Figura 1.4 — Forma de escrever o símbolo de uma unidade de temperatura.

Os símbolos das unidades de tempo hora (h), minuto (min) e segundo (s) são escritos
com um espaço entre o valor medido e o símbolo. Também há um espaço entre o
27

símbolo da unidade de tempo e o valor numérico seguinte, como é mostrado na

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figura 1.5.
Espaço entre valores e símbolos das unidades de medida de tempo

Figura 1.5 — Forma de escrever o símbolo de uma unidade de medida de tempo.

Símbolo de unidade de ângulo plano grau (°), minuto (‘) e segundo (“), não deve
haver espaço entre o valor medido e as unidades, porém, deve haver um espaço entre
o símbolo da unidade e o próximo valor numérico, como mostra a figura 1.6.
Espaço entre valores numéricos

Figura 1.6 — Forma de escrever o símbolo de uma unidade de medida de ângulo.

1.4 Regras para escrita de nomes e símbolos das unidades SI


Os princípios gerais referentes à grafia dos símbolos das unidades foram adotados
pela 9ª CGPM (1 948, Resolução 7). Em seguida foram adotados pela ISO/TC 12
(ISO 31, Grandezas e Unidades).
• Os símbolos das unidades são expressos em caracteres romanos das UNIDADES
SI (verticais) e, em geral, minúsculos. Entretanto, se o nome da unidade deriva
de um nome próprio, a primeira letra do símbolo é maiúscula.
• Os símbolos das unidades permanecem invariáveis no plural.
• Os símbolos das unidades não são seguidos por ponto.

De acordo com os princípios gerais adotados pelo ISO/TC 12 (ISO 31):

O produto de duas ou mais unidades pode ser indicado de uma das seguintes
maneiras: N.m ou Nm

Quando uma unidade derivada é constituída pela divisão de uma unidade por
outra, pode-se utilizar a barra inclinada (/), o traço horizontal, ou potências
negativas.

Por exemplo: m/s, m ou m.s-1


s
28

Nunca repetir na mesma linha mais de uma barra inclinada, a não ser com o
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emprego de parênteses, de modo a evitar quaisquer ambiguidades. Nos casos


complexos deve-se utilizar parênteses ou potências negativas.

Por exemplo: m/s2 ou m.s-2, porém não m/s/s

m.kg/(s3.A) ou m.kg.s-3.A-1, porém não m.kg/s3/A

Conforme os princípios gerais adotados pela International Standardization


Organization (ISO 31), o CIPM recomenda que no emprego dos prefixos sejam
observadas as seguintes regras:
• Os símbolos dos prefixos são impressos em caracteres romanos (verticais), sem
espaçamento entre o símbolo do prefixo e o símbolo da unidade.
• O conjunto formado pelo símbolo de um prefixo ligado ao símbolo de uma
unidade constitui um novo símbolo inseparável (símbolo de um múltiplo ou
submúltiplo dessa unidade), que pode ser elevado a uma potência positiva
ou negativa e que pode ser combinado a outros símbolos de unidades para
formar os símbolos de unidades compostas.

Por exemplo: 1 cm3 = (10-2 m)3 = 10-6 m3

1 cm-1 = (10-2 m)-1 = 102 m-1

1 μs-1 = (10-6 s)-1 = 106 s-1

1 V/cm = (1V)/(10-2 m) = 102 V/m

• Os prefixos compostos, formados pela justaposição de vários prefixos SI, não


são admitidos;

Por exemplo: 1nm, porém nunca 1mμm

• Um prefixo não deve ser empregado sozinho.

Por exemplo: 106/m3, porém nunca M/m3


29

1.5 Exercícios

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1. Qual das alternativas a seguir não pode ser considerada uma grandeza
física?
a) Pressão
b) Comprimento
c) Aceleração angular
d) Torque
e) Mesa

2. No SI a unidade de pressão é o pascal (Pa). Esta é uma grandeza com uma


quantidade muito grande de unidades e diversos sistemas de unidades. Das
unidades relacionadas a seguir, qual corresponde também a unidade de
pressão?
a) kg/m³
b) N.m/atm
c) psi
d) lbf/in³
e) bar.m²

3. Todas as unidades de medidas são convencionais. Caso a unidade de tempo


utilizasse o sistema decimal o nosso ano teria 10 meses e não 12. Supondo que
seu salário fosse R$ 1 000,00 mensais no sistema hexagesimal, qual deveria ser
seu salário no sistema decimal?
a) R$ 1 200,00
b) R$ 1 300,00
c) R$ 1 400,00
d) R$ 1 500,00
e) R$ 1 600,00
30

4. A libra esterlina ou simplesmente libra (em inglês: pound sterling) é a moeda


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oficial do Reino Unido. Desde 15 de Fevereiro de 1 971 e da adoção do sistema


decimal ela é dividida em 100 pence (singular: penny). Antes dessa data, uma
libra esterlina valia 20 shillings (que valiam por sua vez 12 pence cada um),
ou 240 pence. Ao comprar um jornal que custasse, antes de 1 971, 5 pence (5
p), e você desse uma nota de 1 libra esterlina (£1), qual seria o troco correto?
a) 18 shillings
b) 215 pence
c) 1 pound e 19 shillings
d) 19 shillings e 7 pence
e) 25 shillings e 1 penny

5. A seguir estão escritos 5 dados de experiências realizadas em um laboratório


de física. Destas, qual delas está escrita de forma errada?
a) 75 oC
b) 125 Km/H
c) 1 h 24 min 35 s
d) 2 680,79 mW
e) 27o 46’ 12”

Gabarito:
1. e; 2. c; 3. a; 4. d; 5. b.

1.7 Bibliografia
SOUZA, C. Metrologia, notas histórias. Livro para download em http://www.docstoc.com/
docs/22787205/METROLOGIA-METROLOGIA-NOTAS-HIST%C3%93RICAS-NOTAS-
HIST%C3%93RICAS 2008 – Acessado em 11/05/2013.
Quadro Geral de Unidades de Medida, Resolução do CONMETRO nº12/1988 – 2ª edição.
Brasília: INMETRO – CNI – SENAI, 2000.
www.inmetro.gov.br (várias páginas – acessado entre 08/05/13 à 14/05/13)
Notas de aulas do Professor Moacyr Marranghello, 2013
2
Moacyr Marranghello
DESVIOS DE UMA MEDIDA

2.1 Introdução
Ao se depararem com um problema os cientistas costumam utilizar, via de regra,
o método científico, que consiste fundamentalmente em:
• Observação do fenômeno;
• Formulação de hipóteses explicativas do fenômeno;
• Teste das hipóteses através da realização de experimentos;
• Elaboração de uma teoria sobre o fenômeno estudado.

Durante a fase de experimentação, muitas vezes é necessário a realização de


medidas de algumas grandezas físicas relacionadas ao fenômeno em estudo. Já
vimos qual a melhor definição para medir o que são grandezas físicas e quais as
suas respectivas unidades de medida.

Neste capítulo abordaremos como deveremos proceder para fazermos a leitura


em um instrumento de medida, respeitando técnicas aceitas mundialmente pelos
cientistas.

2.2 O processo para medir


Ao proceder a uma medida, devemos levar em consideração a grandeza física a
qual estamos querendo medir e a menor divisão na escala da unidade de medida
aparente no instrumento de medida disponível para fazermos tal medição,
32

também conhecida como precisão de medida do instrumento. Uma coisa importante


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é não confundir o objeto a ser medido com a grandeza que queremos medir. Por
exemplo, é comum dizer que vamos medir uma mesa, porém esta não é uma
afirmativa completamente compreensível, pois podemos medir a largura do tampo
da mesa, a espessura deste tampo, o peso da mesa, a pressão que a mesma faz sobre
o chão, o volume que a mesa ocupa no espaço etc. Observe que do objeto mesa,
conseguimos medir diversas grandezas físicas. Além disto, para cada grandeza
física que desejamos medir, há um instrumento de medida adequado, cada um
graduado com uma escala correspondente a unidade de medida escolhida e
fabricado por uma empresa responsável e acreditada pelo órgão regulador (no
caso do Brasil, o Inmetro). Outro fator crucial em uma medida é o operador do
instrumento, responsável por executar os procedimentos de operação para fazer
as leituras na escala do instrumento.

2.3 Tipos de medidas


Existem diversos tipos de medidas. Vamos nos ater a dois tipos principais: medidas
diretas e medidas indiretas.

2.3.1 Medidas diretas


Dizemos que uma medida é direta quando o valor desconhecido da grandeza é
comparado diretamente com o valor padrão da grandeza. Por exemplo, quando
queremos medir a largura do tampo de uma mesa, comparando-a com o metro
padrão, o resultado obtido na comparação será a medida direta da largura do
tampo da mesa.

2.3.2 Medidas indiretas


Dizemos que uma medida é indireta quando o resultado para expressar o valor
da medida da grandeza é derivado de operações matemáticas que utilizam
medidas diretas. Por exemplo, se quisermos medir a área do tampo de uma mesa
é necessário medir diretamente a largura do tampo da mesa, comparando com
o metro padrão, e o comprimento do tampo da mesma, também comparando
com o metro padrão. O produto destes valores corresponderá à área do tampo
da mesa. Neste caso podemos afirmar que a medida da área do tampo da mesa é
uma medida indireta, pois é o resultado da operação matemática de multiplicação
entre duas medidas diretas.
33

Ao realizarmos uma medida direta aparecerá inexoravelmente um erro. Como,

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para expressar uma medida indireta necessitamos de uma operação matemática
que utilizam medidas diretas, que por sua vez contém erros, é evidente que nas
medidas indiretas estes erros também irão aparecer. Mais adiante dedicaremos um
capítulo dos nossos estudos para analisar o motivo do aparecimento desses erros
e como faremos para tratá-los adequadamente.

2.4 Algarismos significativos de uma medida


Quando o operador do instrumento executa uma operação de medir diretamente
uma grandeza com um instrumento de medida, o valor anotado pelo mesmo deve
corresponder ao que denominamos de algarismos significativos de uma medida.
Dizemos que os algarismos significativos de uma medida são aqueles que realmente
têm significado para esta medida, isto é, são formados pelos algarismos visíveis
da medida mais um duvidoso.

Algarismos visíveis são aqueles que podemos enxergar com certeza no instrumento
de medida, sendo dados pelo conhecimento da menor divisão do instrumento
de medida. Por exemplo, numa régua decimetrada, a menor divisão mede 1
decímetro; numa régua centimetrada, a menor divisão mede 1 centímetro; na régua
milimetrada, a menor divisão mede 1 milímetro.

Já o algarismo duvidoso é aquele que representa a primeira aproximação possível de


um instrumento de medida. Ainda nos exemplos das réguas, na régua decimetrada,
o algarismo duvidoso encontra-se na casa dos centímetros; na régua centimetrada, o
algarismo duvidoso está na casa dos milímetros; na régua milimetrada, o algarismo
duvidoso está na casa dos décimos de milímetro.
34

Observe a figura 2.1. Representamos três tipos de réguas que podemos utilizar
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em um laboratório.

Figura 2.1 — Medidas utilizando uma régua decimetrada, uma centimetrada e uma milimetrada.

A primeira está dividida em decímetros, a segunda está dividida em centímetros


e a terceira está dividida em milímetros. Vamos fazer uma experiência simulada.
Começamos com a régua decimetrada. Se você olhar apenas para aquela figura, sem
se importar com as outras, verá que o nosso bastão preto, colocado logo abaixo da
régua, tem um comprimento maior que 1 decímetro. Sendo assim, não podemos
afirmar que este bastão tem 1 decímetro. É necessário dar mais informações. Como
não há mais divisões na régua que estamos utilizando, devemos avaliar o próximo
número a ser escrito, mesmo que ele não esteja escrito no instrumento. Este valor
será o nosso algarismo duvidoso, isto é, corresponderá à avaliação que nós fizermos,
porém não conseguimos medir efetivamente. Por exemplo, vamos indicar o valor
1,1 decímetro (dm) para o comprimento do bastão preto.

Medida do bastão preto utilizando uma régua decimetrada:

1,1 dm

O número que expressa esta medida possui dois algarismos e, ambos são
significativos, porém o primeiro é visível (que corresponde a menor divisão da
35

escala do nosso instrumento, isto é, o decímetro) e o segundo é duvidoso (que

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corresponde a primeira divisão menor da escala que aparece no instrumento, isto
é, o centímetro). Observe que não é possível fazer uma avaliação maior do que a
primeira divisão menor da escala do instrumento, pois, ao efetuarmos esta avaliação
estamos fazendo uma divisão mental no instrumento e dividindo-o, sem realmente
ver esta divisão. Em outras palavras, você dividiu um pedaço que não enxergava
em 10 partes iguais e escolheu pegar uma dessas partes. Caso você queira dizer
que o valor corresponde a 1,15 dm, por exemplo, na sua cabeça você deve ter
dividido ainda mais uma parte que você já não conseguia enxergar, isto é, você está
inventando coisas, o que no caso de experimentos que tratem de medições, não é
aceitável. Há apenas um único algarismo duvidoso em cada medida.

Na segunda experiência, o comprimento do bastão será medido com uma régua


centimetrada, isto é, a menor escala que o nosso instrumento foi dividido é o
centímetro. Logo, a primeira menor escala abaixo do centímetro é o milímetro,
onde estará o nosso algarismo duvidoso. Por exemplo, podemos afirmar que o
número que expressa o valor da nossa medida é 11,2 cm. Este número possui três
algarismos, todos significativos, porém, os dois primeiros são visíveis e o terceiro
é duvidoso.

Medida do bastão preto utilizando uma régua centimetrada:

11,2 cm

Na terceira experiência, o comprimento do bastão será medido com uma régua


milimetrada, isto é, a menor escala que o nosso instrumento foi dividido é o
milímetro. Logo, a primeira menor escala abaixo do milímetro é o décimo de
milímetro, onde estará o nosso algarismo duvidoso. Por exemplo, é possível
afirmar que o número que expressa a medida é 111,5 mm. Este número possui
quatro algarismos, todos significativos, porém, os três primeiros são visíveis e o
quarto é duvidoso.

Medida do bastão preto utilizando uma régua milimetrada:

111,5 mm

Vamos supor que, ao fazer uma medida de comprimento, utilizando uma régua
milimetrada, você enxergue o bastão sobre um dos riscos que aparecem na régua.
Ao expressar este valor, você deve fazê-lo da seguinte forma: por exemplo, 112,0
mm. Note que os quatro algarismos escritos no número são significativos, porém
o último algarismo escrito é o duvidoso, isto é, você está dizendo com isto que a
avaliação feita pela sua óptica é que o comprimento do objeto medido está sobre
o valor zero. Neste caso o zero também é um algarismo significativo.
36

Você também pode argumentar o seguinte: “Mas as calculadoras não aceitam o valor
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0 no final do número como algarismo significativo, isto é, elas apagam este número ao fazer
a operação”. Em contrapartida se você fizer uma operação qualquer, ela poderá lhe
dar um resultado com diversas casas decimais. Na realidade a calculadora elimina
o zero para economizar energia, além de não ser ela a operadora da medição, ou
seja, ela não tem ideia de qual instrumento de medida está sendo utilizado no
experimento. Também há um procedimento para a escolha e tratamento destes
valores, que veremos mais adiante.

Neste momento você pode estar pesando o seguinte: “Isto é fácil, basta pegar o
primeiro algarismo depois da vírgula que ele será o duvidoso”. Cuidado, isto não é
verdade. A expressão escrita do valor de um medida é uma coisa, os algarismos
significativos da mesma são outra. Por exemplo, o último valor escrito, quando
utilizamos a régua milimetrada, poderia ser expresso da seguinte forma: 11,15 cm
ao invés de 111,5 mm. Embora não seja comum, isto é, geralmente respeitamos o
instrumento de medida utilizado ao expressar o resultado de uma medida, não é
proibido escrever o valor da medida com uma escala próxima da escala visível do
instrumento. Independente disto o algarismo significativo continua sendo o número
5, pois ele refere-se a primeira divisão menor que a menor divisão do instrumento
utilizado, neste caso o décimo de milímetro. Outro exemplo, ao invés de escrever
o valor 1,1 dm, quando utilizamos a régua decimetrada, poderíamos ter escrito 11
cm. Novamente, apesar de não ser comum, não é proibido. O algarismo duvidoso
não sai do lugar, isto é, continua sendo o último 1, correspondente ao centímetro.
Nesta medida, por exemplo, seria proibido escrever 110 mm, pois o milímetro não
aparece na escala do instrumento e seria o nosso segundo algarismo duvidoso,
inaceitável dentro dos padrões científicos.

Tudo bem se você não concordar com a leitura que eu fiz do comprimento do bastão
utilizando a régua milimetrada. Se você achar que o melhor valor para aquela
leitura é 111,6 mm, por exemplo, não tem problema, pois, na realidade, estamos
divergindo do algarismo duvidoso, que corresponde a uma avaliação pessoal do
valor medido. Além disso, temos o problema dos instrumentos de medida utilizado,
isto é, quando a empresa acreditada fabrica um instrumento, não é raro que no
mesmo esteja escrito alguma coisa do tipo: “Este instrumento foi graduado na escala
“tal” e aferido a uma temperatura de 20 oC e deve ser utilizado a esta temperatura, evitando
distorções indesejáveis aos valores encontrados”. Pode ser que você nunca tenha visto
uma observação destas ao comprar uma régua milimetrada numa livraria, para
que seu filho de 8 anos a utilize no período escolar, porém, se desejar trabalhar
em laboratórios de alta confiabilidade, onde qualquer mudança brusca na pressão
37

atmosférica pode afetar os valores dos resultados de um experimento, também

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não poderá lançar mão da “reguinha” do seu filho.

Esclarecendo melhor o assunto sobre algarismos significativos com mais alguns


exemplos. Imagine que, para uma medida de comprimento, encontremos como
resultado o valor provável, na ordem de 23,32143 metros. Neste caso teremos as
seguintes possibilidades de representação:
a) Caso o instrumento de medida tenha sido uma barra de um metro, sem divisões,
poderíamos ter certeza, apenas, que aquele comprimento mede 23 metros. A
representação correta da medida seria 23,3 metros, com incerteza de ± 0,5 m,
que podemos escrever:
(23,3 ± 0,5) m
b) Caso o instrumento de medida tenha sido uma régua decimetrada, a menor
divisão do instrumento seria o decímetro. Leríamos 23,32 metros, com incerteza
de ± 0,05 m, que podemos escrever:
(23,32 ± 0,05) m
c) Numa régua centimetrada, a menor divisão seria o centímetro. Portanto,
deveríamos escrever 23,321 metros, com incerteza de ± 0,005 m, que podemos
escrever:
(23,321 ± 0,005) m
d) Finalmente, para uma régua milimetrada, teríamos a medida 23,3214 metros,
com incerteza de ± 0,0005 m, que pode ser escrito:
(23,3214 ± 0,0005) m
e) Nem sempre o número de algarismos significativos de um valor corresponde
ao número de dígitos com que pode ser expresso. Por exemplo, o valor 0,0035
tem somente dois algarismo significativos, os dígitos 3 e 5. Quando contamos
algarismos significativos, os zeros só são significativos quando situados à direita
do número. Assim, os valores: 0,00047 tem apenas dois algarismo significativos
(o 4 e o 7), pois os zeros à esquerda não são significativos; o valor 25 200 tem
cinco algarismos significativos, pois os zeros neste caso são significativos.
f) Nas mudanças de unidade devemos tomar cuidado para não completarmos
valores com zeros não significativos. Por exemplo, uma medida que corresponda
a 3,1 km, se for convertida para metros será escrita por extenso como sendo 3 100
m. Essas duas formas de escrever a mesma medida na verdade correspondem a
instrumentos de medida de precisão diferentes. Para evitarmos isto, recorremos
à notação em forma de potências de dez, escrevendo 3,1 x 103 m, sendo a notação
exponencial conhecida como a ordem de grandeza do valor.
38

g) Na notação exponencial, ou notação científica, devemos escrever os algarismos


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significativos de um valor da maneira:


V = N x 10n
Onde 1 ≤ N < 10, sendo a ordem de grandeza de N definida da seguinte
maneira:
Quando N < 5 a ordem de grandeza de N é 10n,
Quando N ≥ 5, a ordem de grandeza de N é 10n + 1

2.5 Operações com algarismos significativos


Para efetuarmos operações com algarismos significativos vamos adotar a regra
de sempre observarmos o valor que estiver escrito com o menor número de casas
decimais, isto é, aquele que apresenta a maior incerteza.

2.5.1 Soma e Subtração:


Na soma e na subtração colocamos todos os termos na mesma unidade de medida,
isto é, não podemos somar metro com centímetro, e expressamos o resultado
com o número de casas decimais igual ao da medida com a maior incerteza. Por
exemplo:
3,623 mm
+ 11,74 mm
15,36 mm

2.5.2 Multiplicação e Divisão


Na multiplicação e na divisão colocamos todos os valores na mesma unidade de
medida, da mesma forma como foi feito na operação de soma e subtração, e o
resultado conserva o número de algarismos significativos da medida com menor
número de algarismos significativos. Por exemplo:
3,258 mm
x 7,1 mm
23 mm

Observação:
Para efeito de cálculos, constantes como o π ou o e (número de Euler) são exatas
e, portanto, apresentam infinitos algarismos significativos.
39

2.6 Técnicas de arredondamento de um valor numérico

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O que se observa na prática diária é que as pessoas, normalmente para diminuírem
a quantidade de dígitos de um valor para simplificarem sua escrita, ou até mesmo
o cálculo, apenas fazem um truncamento do mesmo. O truncamento nada mais é
que a simples retirada dos algarismos indesejáveis numa representação numérica.
Por exemplo, no valor 16,345665 é comum expressarmos este valor com duas casas
decimais eliminando as quatro últimas, isto é, ficando sua nova representação
16,34. Deve-se salientar que esta é uma forma errada de proceder. Por motivo que
até hoje ninguém consegue explicar, é senso comum que ao expressar um valor
com duas casas decimais depois da vírgula o número fica de bom tamanho. Porém
este senso comum não condiz com a realidade.

Para simplificarmos a escrita de um número, não basta apenas truncá-lo, uma vez
que devemos levar em conta o erro que acompanha esse procedimento. Para que
isto aconteça, devemos obedecer as regras de proximidade.
Em conformidade com a Resolução nº 886/66 da Fundação IBGE, o arredondamento
é efetuado oficialmente, conforme tabela 2.1, da seguinte maneira: quando o número
a ser arredondado, isto é, o número que desejamos desprezar for:

Condições Procedimentos Exemplos

O último algarismo anterior ao ser desprezado


<5 53,24 ⇒ 53,2
permanece inalterado

42,87 ⇒ 42,9
O último algarismo anterior ao ser desprezado é
>5 25,08 ⇒ 25,1
acrescido de uma unidade
53,99 ⇒ 54,0

(i) Se o 5 estiver precedido por um número par ou 2,45 ⇒ 2,4


zero, o último algarismo anterior ao ser desprezado 25,05 ⇒ 25,0
permanece inalterado 76,853 ⇒ 76,8
=5
(ii) Se o 5 estiver precedido por um número ímpar,
24,351 ⇒ 24,4
o último algarismo anterior ao ser desprezado será
79,9542 ⇒ 80,0
acrescido de uma unidade
Tabela 2.1
Fonte: Adaptado de CRESPO, 1991.

Quando queremos fazer um arredondamento, cabe ressaltar que não é permitido


fazer arredondamentos sucessivos, isto é, se queremos arredondar o número
52,3469, deixando-o com apenas uma casa decimal depois da vírgula, simplesmente
desprezamos os valores que não nos interessam e aplicamos as técnicas de
40

arredondamento. Neste caso o valor do arredondamento ficaria 52,3, pois 0,0469


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é menor que 0,0500.

Existe outra forma de arredondamento mais comum que é o utilizado nas


calculadoras eletrônicas ou na memória de planilhas, como o excel. Apesar de
podermos alterar esta forma de arredondamento, sobretudo nas planilhas, o que
vem pré-instalado respeita as seguintes regras de arredondamento:
• Regra 1: Se o algarismo a ser eliminado for menor que cinco, o algarismo
anterior permanece inalterado. Por exemplo, se quisermos deixar apenas
duas casas decimais depois da vírgula, o valor 7,364 deverá ser arredondado
para 7,36;
• Regra 2: Se o algarismo a ser eliminado for igual a cinco ou maior que cinco,
o algarismo anterior sofre o acréscimo de uma unidade digital. Por exemplo,
se quisermos deixar apenas duas casas decimais depois da vírgula, o valor
7,368 deverá ser arredondado para 7,37 e o valor 7,375 deverá ser arredondado
para 7,38.

A lógica desta forma de arredondamento é a de que os valores para manter o


número inalterado são 0, 1, 2, 3 e 4, isto é, cinco valores. Ao mesmo tempo, os valores
para acrescentar uma unidade são 5, 6, 7, 8 e 9, isto é, também cinco valores.

Apesar de não ser oficial, esta forma de arredondamento é muito mais útil, simples
e eficaz.

2.7 Valor provável e desvios de uma medida


Quando realizamos um conjunto de medidas, organizando um espaço amostral de
informações, os resultados encontrados dependem de uma série de fatores como:
tipo do instrumento utilizado, precisão de medida do instrumento, qualidade na
fabricação do instrumento, temperatura e pressão externas, condições climáticas
em geral, dedicação do operador do instrumento, experiência do operador com tal
instrumento e, até mesmo, o estado de espírito do operador ao realizar tal medida.
Todos estes fatores fazem com que os resultados encontrados para determinada
medida possam conter erros, ou se quiser, desvios. Mas se uma medida contém um
desvio é porque existe um valor correto. Na verdade, quando damos um tratamento
experimental a alguma coisa, admitimos que não existe um valor exato, correto,
único, e sim um valor mais provável para esta medida.

Dizemos então que cada medida está acompanhada de um desvio em relação a


um valor provável considerado verdadeiro através da média das medidas. Este
41

desvio pode ser decorrente (a) da diferença intrínseca nos instrumentos utilizados

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nas medidas, (b) a não uniformidade na confecção de objetos que por princípio
seriam semelhantes (diferenças no cortar, lixar etc), (c) a acuidade visual das pessoas
(diferentes graus de defeitos oculares sempre estão presente na visão), (d) pressa
na determinação de resultados, (e) arredondamentos mal feitos e outros.

Uma maneira de uniformizarmos os resultados consiste em fazermos uma MÉDIA


ARITMÉTICA das medidas semelhantes. Ao resultado dessa média aritmética nós
denominamos de VALOR PROVÁVEL da medida e é aquele valor que fica sendo
considerado verdadeiro, de consenso, numa medida.
Assim, todas as medidas individuais de uma mesma grandeza, passam a carregar
um desvio de precisão em relação a este valor provável.
Por exemplo, consideremos as seguintes medidas obtidas para o comprimento de
uma mesa, indicadas no quadro 2.1:

Número da medida M1 M2 M3 M4 M5 M6

Comprimento da mesa 1,25 m 1,30 m 1,20 m 1,20 m 1,25 m 1,27 m

Quadro 2.1 — Medidas hipotéticas para o comprimento de uma mesa.

Calculando o VALOR PROVÁVEL do comprimento da mesa, obteremos:


Vp = M1 + M2 + M3 + M4 + M5 + M6 1,25 + 1,30 + 1,20 + 1,20 + 1,25 + 1,27
= = 1,24
N 6

Genericamente podemos escrever como a equação 2.1:


ΣMn
Vp =
N
Equação 2.1 – Valor provável de uma medida

O valor provável de uma medida também pode ser expresso como a média
aritmética das medidas e representado com um traço superior sobre a letra que
representa nossa medida, assim, no caso anterior, podemos substituir VP por M .

Em relação ao valor provável, ou seja, à média aritmética dos valores medidos,


cada uma das medidas anteriores apresenta um desvio. Para avaliar um desvio
podemos considerar três tipos fundamentais:
42

2.7.1 Desvio Absoluto (d)


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O desvio absoluto (d) é o valor, em módulo, da diferença entre o valor provável e o


valor obtido numa medida. Para calcularmos o desvio absoluto de uma medida,
fazemos como mostrado na equação 2.2:

d = |M - Vp|
Equação 2.2 – Desvio absoluto de uma medida

Observação: Quando colocamos uma grandeza entre os símbolos || isto significa


que não nos interessamos pelo sinal da mesma. Assim, se o resultado da operação
que estiver entre as duas barras verticais for positivo ou negativo, só trabalharemos
com o valor puro, isto é, sem sinal.

2.7.2 Desvio Relativo (ρ)


O desvio relativo (ρ) é dado pelo quociente entre o desvio absoluto (d) e o valor
provável (Vp) da medida. Matematicamente o desvio relativo pode ser escrito
como mostrado na equação 2.3:

d
ρ=
Vp
Equação 2.3 – Desvio relativo de uma medida

2.7.3 Desvio Percentual (dP)


O desvio percentual (dP) corresponde ao produto do desvio relativo (ρ) por 100.
Cada experiência irá admitir um desvio percentual maior ou menor, isto dependerá
de uma séries de fatores e circunstâncias que é praticamente impossível afirmar
qual o maior erro admitido em uma medida. A equação 2.4 mostra como deve ser
calculado o desvio percentual:

dp = ρ x 100

Equação 2.4 – Desvio percentual de uma medida

2.7.4 Desvio Padrão (σ)


O desvio padrão (σ) de uma série de valores é a medida da dispersão destes valores
de uma distribuição normal em relação à sua média. Matematicamente o desvio
43

padrão é dado pela raiz quadrada do quociente entre a soma dos quadrados dos

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desvios absolutos (d) pelo número de medidas feitas subtraído da unidade, como
indica a equação 3.5.

√ d + d + nd -+1d + ... + d
2 2 2 2 2
σ= 1 2 3 4 n

Equação 3.5 – Desvio padrão de uma medida

2.8 Parte Experimental

2.8.1 Atividade 1: medidas de comprimento


Vamos utilizar as réguas decimetrada, centimetrada e milimetrada, que se
encontram no kit que você recebeu (figura 2.2). Você precisará de uma folha de
papel (pode ser uma folha A4, ou carta, ou mesmo uma folha de caderno a sua
escolha). Você também necessitará do auxílio de cinco (5) pessoas conhecidas suas
para lhe auxiliar nos experimentos.

Figura 2.2 – kit de réguas

Procedimento: Inicialmente vamos utilizar uma régua decimetrada. Solicite para


que cada uma das cinco pessoas que você selecionou, meça, com a maior precisão
possível, a diagonal da folha de papel (figura 2.3). Tome cuidado para que uma
pessoa não comente o resultado encontrado com outra, evitando, com isso, que
uma influencie nas medidas da outra. Deixe-as livres para medirem do jeito que elas
acharem melhor. Levando em consideração as discussões feitas anteriormente sobre
os algarismos significativos de uma medida, tome nota dos resultados encontrados
por cada uma delas no quadro 2.1 abaixo, seguindo a seguinte ordem: pessoa 01 =
medida 01; pessoa 02 = medida 02; e assim por diante. Por último faça você a medida
44

06 e também anote no local indicado no quadro 2.1. Complete


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o quadro com o somatório dos valores medidos (ΣM) e calcule


o valor provável (VP). Preste atenção nos arredondamentos ao
expressar tanto o somatório como o valor provável da medida.
Em seguida, também lembrando-se das regras para operações
com algarismos significativos, calcule o desvio absoluto (d),
o desvio relativo (ρ) e o desvio percentual (dP), colocando os
Figura 2.3 valores encontrados nas devidas colunas do quadro 2.1.

Desvio absoluto Desvio relativo Desvio percentual


Medida Valor (dm)
d (dm) (ρ) dP (%)
01
02
03
04
05
06
ΣM
VP

Quadro 2.1 – Medidas de comprimento utilizando uma régua decimetrada

Procedimento: Vamos utilizar agora a régua centimetrada do


kit. Solicite para que cada uma das cinco pessoas que você
selecionou (podem ser as mesmas ou outras, fica a seu critério)
meça, com a maior precisão possível, a largura da folha de
papel (também pode ser a mesma ou outra, fica a seu critério –
figura 2.4). Da mesma forma como foi feito no quadro anterior,
Figura 2.4
tome nota dos valores encontrados no quadro 2.2 que segue.
Calcule o que é solicitado e anote os resultados.
45

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Desvio absoluto Desvio relativo Desvio percentual
Medida Valor (cm)
d (cm) (ρ) dP (%)
01
02
03
04
05
06
ΣM
VP

Quadro 2.2 – Medidas de comprimento utilizando uma régua centimetrada

Procedimento: Vamos utilizar agora a régua milimetrada do kit.


Da mesma forma como você fez anteriormente, solicite para que
cada uma das cinco pessoas selecionadas meça, com a maior
precisão possível, o comprimento da folha de papel (figura 2.5).
Tome nota dos valores no quadro 2.3 que segue. Calcule o que
é solicitado.

Figura 2.5

Desvio absoluto Desvio relativo Desvio percentual


Medida Valor (mm)
d (mm) (ρ) dP (%)

01

02

03

04

05

06

ΣM

VP

Quadro 2.3 – Medidas de comprimento utilizando uma régua milimetrada


46

2.8.2 Atividade 2
ULBRA – Educação a Distância

Medida da temperatura da água que esteja à temperatura ambiente.

Procedimentos: Pegue um pouco de água da torneira em um copo qualquer.


Coloque o bulbo do termômetro dentro d’água e espere dois minutos para que
a água e o termômetro entrem em equilíbrio. Tome cuidado para não agitar a
água com o termômetro para evitar quebrá-lo. Peça para que, individualmente e,
preferencialmente sem comunicação entre elas, para evitar que uma influencie a outra
nos resultados obtidos, cinco pessoas façam a medida da temperatura da água, com
a maior precisão possível (não esqueça do algarismo duvidoso). Por fim, meça você
a temperatura de tal forma a obter seis valores da medida. Coloque os resultados na
segunda coluna do quadro 2.4 e complete-o com o que é solicitado.

Desvio Desvio Desvio


Medida Valor (oC)
absoluto d (oC) relativo (ρ) percentual dp (%)
01
02
03
04
05
06
ΣM
VP

Quadro 2.4 – Medidas da temperatura da água

2.8.3 Atividade 3
Utilizando o dinamômetro do kit ULBRA-Cidepe.

Procedimento: Monte o material que está a sua disposição no kit ULBRA-Cidepe,


conforme a figura 2.6. Vamos medir o peso do cilindro metálico que faz parte do kit.
Amarre com o barbante o cilindro no dinamômetro. Solicite que, individualmente
e, preferencialmente sem comunicação entre elas, para evitar que uma influencie
a outra nos resultados obtidos, cinco pessoas façam a medida do peso da esfera
metálica, com a maior precisão possível (não esqueça do algarismo duvidoso).
Por fim, meça você também o peso do cilindro metálico de tal forma a obter seis
valores da medida. Coloque os resultados das medidas no quadro 2.5 e determine
o valor provável da medida do peso do cilindro e calcule os desvios que aparecem
nas medidas.
47

ULBRA – Educação a Distância


Figura 2.6

Desvio Desvio Desvio


Medida Valor (N)
absoluto d (N) Relativo (ρ) percentual dp (%)
01
02
03
04
05
06
ΣM
VP
Quadro 2.5 – Medidas do peso de uma esfera metálica
48

2.8.4 Atividade 4
ULBRA – Educação a Distância

Volume de uma esfera (medida direta).

Procedimento: Pegue a seringa graduada e a esfera metálica que você encontra no


kit ULBRA-Cidepe. Coloque certa quantidade de água dentro da seringa (digamos
3 ml). Não esqueça de tapar a abertura da seringa com o dedo. Peça para que uma
pessoa faça a leitura deste valor, com a maior precisão possível. Depois de feita
a leitura, coloque a esfera dentro da seringa e peça para que esta mesma pessoa
leia novamente o valor do volume. Lembrando-se do que Arquimedes afirmou no
século III a.C., isto é, “dois corpos não podem, ao mesmo tempo, ocupar o mesmo lugar
no espaço”, podemos determinar o volume da nossa esfera metálica. A diferença
entre este valor encontrado (Vfinal) e o valor que a pessoa leu no início (Vinicial) será
o volume (V) da nossa esfera (V = Vfinal – Vinicial). Solicite que, individualmente e,
preferencialmente sem comunicação entre elas, para evitar que uma influencie
a outra nos resultados obtidos, mais quatro pessoas repitam o procedimento
anterior, com a maior precisão possível (não esqueça do algarismo duvidoso).
Por fim, meça você também o volume da esfera metálica de tal forma a obter seis
valores da medida. Coloque os resultados das medidas no quadro 2.6 e determine
o valor provável da medida do volume da esfera metálica, calculando os desvios
que aparecem nas medidas.

Desvio Desvio Desvio


Medida Valor (ml)
absoluto d (ml) Relativo (ρ) percentual dp(%)
01
02
03
04
05
06
ΣM
VP

Quadro 2.6 — Medidas do volume de uma esfera metálica (medida direta).


49

2.8.5 Atividade 5

ULBRA – Educação a Distância


Volume de uma esfera (medida indireta — geometricamente).

Procedimento: A ideia agora é calcular geometricamente o volume da esfera metálica


que você tem no kit ULBRA-Cidepe. Utilizando a régua milimetrada disponível no
kit, peça para que, individualmente e, preferencialmente sem comunicação entre
elas, para evitar que uma influencie a outra nos resultados obtidos, cinco pessoas
meçam o diâmetro da esfera metálica, com a maior precisão possível (não esqueça
do algarismo duvidoso). Lembre-se que o diâmetro de uma esfera é a medida que
une duas extremidades da esfera passando pelo seu centro. Por fim, meça você
também o diâmetro da esfera metálica de tal forma a obter seis valores da medida.
Como o raio (R) da esfera é a metade do diâmetro, sabendo o diâmetro da esfera
podemos calcular geometricamente seu volume, isto é, Vesfera = 4 · π · R3 . Calcule os
3
valores dos volumes da esfera e coloque os resultados no quadro 2.7. Determine
o valor provável do cálculo do volume da esfera metálica e calcule os desvios que
aparecem nas medidas.

Desvio Desvio Desvio


Medida Valor (mm3)
absoluto d (mm3) relativo (ρ) percentual dp (%)

01

02

03

04

05

06

ΣM

VP

Quadro 2.6 – Medidas do volume de uma esfera metálica (medida indireta)


50

2.9 Exercícios
ULBRA – Educação a Distância

1. Indique a afirmativa correta:


a) Os algarismos significativos são todos os visíveis no instrumento e mais
um duvidoso.

b) Somente os algarismos visíveis de uma medida são significativos.

c) Todos os algarismos de uma medida são duvidosos.

d) Em um instrumento onde a menor escala é o milímetro, o algarismo


visível vai somente até o centímetro.

e) Para que um instrumento de medida seja confiável é necessário que


ele possua um algarismo duvidoso impresso em sua escala.

2. Qual a leitura correta quando estamos utilizando um instrumento de medida


que possui a menor escala igual ao centímetro?
a) 0,5698 mm
b) 127,29 cm
c) 2,4 m
d) 35,6 dm
e) 26,8 cm

3. A tabela que segue indica as medidas feitas por um operador de instrumento.


Determine o valor provável da medida feita:

Número da medida M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7

Peso do objeto (N) 0,236 0,231 0,235 0,234 0,234 0,232 0,238

a) 0,233 N
b) 0,234 N
c) 0,2342857 N
d) 0,2343 N
e) 0,235 N
51

4. Um operador de instrumento de medida encontrou o valor de uma medida

ULBRA – Educação a Distância


igual 1045,32 bar. Sabendo que o valor provável da amostra total encontrada
foi 1037,56 bar, qual o desvio percentual cometido pelo operador?
a) – 7,76 bar
b) 0,742 %
c) 0,748 %
d) 7,76 %
e) 1,49 %

5. Qual dos valores abaixo está com o arredondamento errado, sabendo que
queremos padronizar os valores deixando-os com apenas uma casa decimal?
Utilize a forma de arredondamento oficial para este exercício.
a) 46,26548 ⇒ 46,3
b) 2,82984 ⇒ 2,8
c) 1278,45 ⇒ 1278,4
d) 96,749 ⇒ 96,8
e) 68,7238 ⇒ 68,7

Gabarito:
1. a; 2. e; 3. b; 4. c; 5. d.

2.10 Bibliografia
JEWETT, Jr. J.W. & SERWAY, R.A. Física para Cientistas e Engenheiros. Volume 1. São Paulo:
Cengage Learning, 2011.
SEARS & ZEMANSKY – YOUNG & FREEDMAN. Física. Volume 1. 10ª edição. São Paulo:
Addison Wesley, 2003
ALVARENGA, B. & MÁXIMO, A. Física: Contexto e Aplicações. Volume 1. São Paulo: Scipione,
2012.

Notas de aulas do Professor Moacyr Marranghello. 2013.


ULBRA – Educação a Distância

52
3
Moacyr Marranghello
PAQUÍMETRO

3.1 Introdução
A etimologia da palavra paquímetro vem do grego: paqui = espessura; metro = medida.
Em Portugal o paquímetro também é chamado de craveira. Em geral os paquímetros
são fabricados em aço inox temperado, mas não é raro encontrar estes instrumentos
feitos de plástico. No nosso kit ULBRA-Cidepe você encontra um paquímetro analógico.
Vamos então entender um pouco melhor como podemos utilizar este instrumento de
medição, começando por nomear suas partes. Pegue o paquímetro do kit e identifique
cada uma dessas partes, comparando com a figura 3.1.
54
ULBRA – Educação a Distância

1. Orelha fixa 2. Orelha móvel


3. Nônio ou Vernier (polegadas) 4. Parafuso de trava
5. Cursor 6. Escala fixa em polegadas
7. Bico fixo 8. Encosto fixo
9. Encosto móvel 10. Bico móvel
11. Nônio ou Vernier (milímetro) 12. Impulsor
13. Escala fixa em milímetro 14. Haste de profundidade

Figura 3.1 — Partes de um paquímetro


Fonte: Mitutoyo, 2013.

O paquímetro pode ser utilizado para fazer uma série de medidas: internas,
externas, de ressalto e de profundidade. A seguir as figuras 3.2, 3.3, 3.4 e 3.5 mostram
como podemos utilizar o paquímetro para fazer medidas.

Figura 3.2 — Utilizando um paquímetro para medir a espessura externa de uma peça
Fonte: Laboratório de Física - ULBRA, 2013.
55

ULBRA – Educação a Distância


Figura 3.3 — Utilizando um paquímetro para medir a espessura interna de uma peça
Fonte: Laboratório de Física - ULBRA, 2013.

Figura 3.4 — Utilizando um paquímetro para medir a profundidade de uma peça


Fonte: Laboratório de Física - ULBRA, 2013.
56
ULBRA – Educação a Distância

Figura 3.5 — Utilizando um paquímetro para medir o ressalto de uma peça


Fonte: Laboratório de Física - ULBRA, 2013.

Observe que na régua fixa do seu paquímetro existem duas escalas, uma em milímetro
e outra em polegadas. Inicialmente vamos trabalhar com a escala milimetrada. O
nônio mais simples de um paquímetro é capaz de interpolar 1/10 da menor divisão
da escala fixa. Para isto é necessário que a escala móvel possua 10 divisões no mesmo
comprimento onde a escala fixa apresenta 9 divisões (figura 3.6).

Figura 3.6 – Nônio de um paquímetro com escala de 0,1 mm.

Os paquímetros mais comuns tem resolução de 0,05 mm, isto significa que ele
possui 20 divisões na escala móvel correspondente a 39 divisões da escala fixa,
como indica a figura 3.7.

Figura 3.7 – Nônio de um paquímetro com escala de 0,05 mm.


57

Outros paquímetros, também muito comuns, têm resolução de 0,02 mm, ou seja,

ULBRA – Educação a Distância


existem 50 divisões na escala móvel que correspondem a 49 divisões da escala fixa,
como mostrado na figura 3.8.

Figura 3.8 – Nônio de um paquímetro com escala de 0,02 mm.

3.2 Fazendo uma medida com o paquímetro


3.2.1 Utilizando a escala em milímetros
Primeiro, com o paquímetro que você possui (figura 3.7), identifique a escala do mesmo.

Figura 3.7 — Paquímetro do kit – ULBRA-Cidepe.

Vamos iniciar aprendendo a fazer a leitura de uma medida aleatória com a


mesma escala do paquímetro que você possui. Observe os exemplos que seguem
(figura 3.8).

Figura 3.8 — Medidas com um paquímetro


Fonte: Laboratório de Física - ULBRA, 2013.
58

A figura 3.8 ilustra uma medida aleatória utilizando um paquímetro com escala
ULBRA – Educação a Distância

graduada em 0,05 mm, a mesma escala do paquímetro que você possui. Inicialmente
vamos fazer a leitura indicada na escala fixa (seta maior da figura 3.8). O zero (0)
do nônio situa-se depois do valor 27 mm e antes do 28 mm; dessa forma podemos
afirmar que o valor visível na escala fixa é 27 mm. Depois fazemos a leitura no nônio
(seta menor da figura 3.8). Para fazer isto devemos procurar no nônio o primeiro
traço que coincida com um traço da escala fixa. O primeiro traço do nônio que
coincide com um traço da escala fixa é o 12°, isto é, corresponde a 12 x 0,05 mm =
0,60 mm. Sendo assim, podemos afirmar que o valor da medida neste caso vale:

27 mm + 0,60 mm = 27,60 mm

Note que o valor mostra como último algarismo o número 0. Neste caso ele deve
permanecer na escrita, pois está indicando que a leitura foi feita, exatamente
sobre o número 6 do nônio, portanto ele também é um algarismo significativo da
medida.

TESTE: Vamos ver se você aprendeu.

Qual o valor indicado no paquímetro da figura 3.9? Escreva o resultado no espaço


que segue.

Resultado da medida:

Figura 3.9 – Medidas com um paquímetro


Fonte: Laboratório de Física - ULBRA, 2013.

Observe que você pode ter ficado em dúvida entre qual traço do nônio melhor
coincide com o valor da escala fixa. Não tem problema, pois lembre-se que todas
as medidas feitas sofrem influência do instrumento de medida, da forma como o
operador do instrumento olha, do cuidado com a medida é feita, da precisão da
escala do instrumento etc. Dizendo de outra forma, não existe uma medida exata. Mais
adiante falaremos de um instrumento mais preciso do que o paquímetro.
59

Agora, para treinar um pouco, vamos utilizar um paquímetro com escala de nônio

ULBRA – Educação a Distância


igual a 0,02 mm. Este você não possui no kit, mas podemos aprender a medir com
ele também, pois a forma de leitura é a mesma do seu. Observe a figura 3.10.

Figura 3.10 — Medidas com um paquímetro de escala 0,02 mm


Fonte: Mitutoyo, 2013.

Da mesma forma que fizemos até agora, primeiro fazemos a leitura na escala
fixa, que neste caso corresponde a 3 mm, pois o zero do nônio está entre os 3º e 4º
traços da escala fixa (note que os valores escritos na escala fixa estão expressos em
centímetros). Depois devemos acrescentar o valor correspondente ao encontrado
no nônio. Para fazer isto devemos procurar no nônio o primeiro traço que coincida
com um traço da escala fixa. Neste caso o valor corresponde a 29º traço do nônio,
ou seja, 29 x 0,02 mm = 0,58 mm. A leitura fica então:

3 mm + 0,58 mm = 3,58 mm

Não é difícil, certo?

3.2.2 Utilizando a escala de polegadas


A ideia fundamental é a mesma que usamos com a escala milimetrada. Existem
fundamentalmente dois tipos de paquímetros que utilizam as escalas em polegadas
(in ou “): escalas fracionadas e escalas decimais.

O paquímetro que você tem em mãos utiliza o sistema de polegada fracionada,


de tal forma que, cada divisão da escala principal vale 1/16 de polegada, pois, se
verificarmos, uma polegada está dividida em 16 partes e o nônio possui 8 divisões,
como podemos observar na figura 3.11. Neste caso a razão entre a menor divisão
da escala fixa e o número de divisões da escala móvel indicam o valor de cada
divisão do nônio.
60
ULBRA – Educação a Distância

Figura 3.11 — Escala em polegadas de um paquímetro.

O procedimento para fazer uma medida utilizando polegadas é idêntico ao que


fizemos com a escala em milímetro. Inicialmente acostume-se com a escala fixa em
polegadas como mostrado na figura 3.12. Uma polegada é dividida inicialmente
em ½ polegada, depois em ¼” e assim sucessivamente.

Figura 3.12 – Escala em polegada fracionada de um paquímetro.

Vamos então aprender a medir com o paquímetro utilizando a leitura em polegada


fracionada. A figura 3.13 mostra uma medida aleatória com um paquímetro igual
ao que você tem no kit.

Figura 3.13 — Medidas com um paquímetro em polegadas fracionada


Fonte: Laboratório de Física - ULBRA, 2013.
61

Neste caso estamos utilizando um paquímetro com escala de nônio fracionada

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em 1/128”. Primeiro devemos fazer a leitura na escala fixa, isto é, o zero do
nônio encontra-se depois do 29º traço (indicado pela seta maior na figura 3.13),
isto é, 29 x 1 = 29 ” . Veja se você percebe isto. Esta leitura também pode ser feita
6 16
(
da seguinte forma: 1 + 13 x 16 1
)= 1 + 13 = 1 13 ” . Lembre-se que, 1” = 16” assim
16 16 16
1 13 = 16 + 13 = 29” . Depois devemos acrescentar o valor correspondente ao
16 16 16 16
encontrado no nônio. Para fazer isso devemos procurar no nônio o primeiro traço
que coincida com um traço da escala fixa. Neste caso o valor está no 3º traço do
nônio, 3 x 1 ”= 3 ” . A leitura fica então:
128 128

29 + 3 = (29 x 8) + 3 = 235 ” . ou 1 107 ”


16 128 128 128 128

Neste caso o resultado deve ser expresso de forma fracionária.

Quando trabalhamos com um paquímetro que utiliza o sistema em polegada


decimal, cada divisão da escala principal vale 0,025”, pois se verificarmos, uma
polegada está dividida em 40 partes, como pode ser observado na figura 3.14. Dessa
forma, 1/40”= 0,025”, ou seja, vinte e cinco milésimos de polegada. A figura 3.14
também mostra o nônio dividido em 25 partes. Da mesma forma, a razão entre a
menor divisão da escala fixa e o número de divisões da escala móvel indicam o
valor de cada divisão do nônio.

0,025
= 0,001 in
25

Figura 3.14 — Escala em polegadas decimais de um paquímetro.


62

Vamos fazer a leitura de uma medida aleatória, utilizando, desta vez, o sistema
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em polegadas decimais. Observe a figura 3.15:

Figura 3.15 – Medidas com um paquímetro em polegadas decimais.

Neste caso estamos utilizando um paquímetro com escala de nônio milesimal


igual a 0,025”. Primeiro devemos fazer a leitura na escala fixa, isto é, o zero do
nônio encontra-se depois do traço que indica o valor 7,3”. Observe que o zero do
nônio também passou do primeiro traço da escala fixa, ou seja, 1 x 0,025” = 0,025”.
Veja se você percebe isto. Depois devemos acrescentar o valor correspondente ao
encontrado no nônio. Para fazer isto devemos procurar no nônio o primeiro traço
que coincida com um traço da escala fixa. Neste caso o valor corresponde ao 6º
traço do nônio, ou seja, 6 x 0,001” = 0,006”. A leitura fica então:

7” + 0,3” + 0,025” + 0,006” = 7,331”

TESTE: Vamos ver se você aprendeu.

Qual o valor indicado no paquímetro da figura 3.16? Escreva o resultado no espaço


que segue.

Resultado da medida

Figura 3.16 — Medidas com um paquímetro


Fonte: Laboratório de Física - ULBRA, 2013.
63

EXERCÍCIO: Vamos exercitar o que você aprendeu.

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Pegue o seu paquímetro e meça diversos objetos que você encontrar ao redor. Por
exemplo, meça o valor da espessura de uma caneta esferográfica comum. Qual
o diâmetro interno do tubo dessa caneta esferográfica? Um cano d’água de ¾ in
tem essa espessura por fora ou por dentro? Enfim, sinta-se à vontade para sair
medindo o mundo a sua volta.

3.3 Tipos de paquímetros


Existem diversos tipos de paquímetros, para as mais diversas utilidades. A seguir
listamos alguns que você pode encontrar com facilidade no mercado:

3.3.1 Paquímetro Universal


É o paquímetro mais utilizado. Serve para realizar medições internas, externas, de
profundidade e de ressaltos.

Figura 3.17 — Paquímetro Universal


Fonte: Mitutoyo, 2013.

3.3.2 Paquímetro Universal com Relógio


Possui um relógio acoplado ao cursor que facilita a leitura, agilizando a medição.

Figura 3.18 — Paquímetro com relógio


Fonte: Mitutoyo, 2013.
64

3.3.3 Paquímetro com bico móvel (basculante)


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É muito empregado para medir peças cônicas ou peças com rebaixos de diâmetros
diferentes.

Figura 3.19 — Paquímetro com bico móvel


Fonte: Mitutoyo, 2013.

3.3.4 Paquímetro de profundidade


Serve para medir a profundidade de furos não vazados, rasgos, rebaixos, entre
outros. Esse paquímetro pode apresentar haste simples ou com gancho.

Figura 3.20 — Paquímetro de profundidade.


Fonte: Mitutoyo, 2013.

3.3.5 Paquímetro duplo


Serve para medir dentes de engrenagens.

Figura 3.21 — Paquímetro duplo para dente de engrenagens


Fonte: Digimess, 2013.
65

3.3.6 Paquímetro digital

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Utilizado para leitura rápida, livre de erro de paralaxe e ideal para controle
estatístico.

Figura 3.22 — Paquímetro digital


Fonte: Mitutoyo, 2013.

3.4 Micrômetro
Se você tentou medir, por exemplo, a espessura de um fio de cabelo, utilizando
um paquímetro, muito provavelmente você não conseguiu, a não ser que o
cabelo seja muito grosso. Isto por que o paquímetro que você possui tem uma
precisão de até 0,05 mm e os fios de cabelos normalmente possuem espessuras
próximas a este valor ou inferiores. Precisamos então lançar mão de um
instrumento ainda mais preciso que o paquímetro. Infelizmente o nosso kit
não conta com este instrumento, porém nada impede que você adquira um.
Este instrumento é o micrômetro.

O micrômetro é um instrumento de medição de medidas lineares, internas,


externas e de profundidade, utilizado quando a medição requer uma precisão
acima da possibilitada com um paquímetro e é fabricado com resolução entre
0,01 mm e 0,001mm. O funcionamento deste instrumento é realizado através
de um parafuso micrométrico de alta precisão. Em 1848, o engenheiro francês
Jean Louis Palmer criou um instrumento que conseguia realizar leituras de
centésimos de milímetros de maneira relativamente fácil (figura 3.23). Mais
tarde, em 1890, Laroy Sunderland Starrett aperfeiçoou este instrumento
colocando uma capa sobre o parafuso micrométrico, o que permitia maior
precisão e agilidade nas medidas.
66
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Figura 3.23 — Micrômetro de Palmer


Fonte: CNC, 2013.

3.4.1 Partes de um micrômetro


Batente Fuso Bainha Tambor Catraca

Faces de
Linha de referência
medição
Trava
Arco
Isolante térmico

0 -25 mm 0.01 mm

Mitutoyo

Figura 3.24 — Partes de um micrômetro


Fonte: MITUTOYO, 2013.

• Arco: é construído de aço especial e tratado termicamente, a fim de eliminar


as tensões, e munido de protetor antitérmico, para evitar a dilatação pelo calor
das mãos.
67

• Isolante térmico: fixado ao arco, evita sua dilatação porque isola a transmissão

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de calor das mãos para o instrumento.
• Parafuso micrométrico: é construído de aço de alto teor de liga, temperado,
retificado para garantir exatidão no passo da rosca.
• Faces de medição: tocam a peça a ser medida e, para isso, apresentam-se
rigorosamente planos e paralelos. Em alguns instrumentos, os contatos são
de metal duro, de alta resistência ao desgaste.
• Bainha: onde é gravada a capacidade de medição do instrumento, sendo esta
gravada de 1 em 1mm, e de 0,5 a 0,5mm.
• Tambor: é onde se localiza a escala centesimal. Ele gira ligado ao parafuso
micrométrico.
• Porca de ajuste: quando necessário, permite o ajuste da folga do parafuso
micrométrico.
• Catraca: assegura a pressão de medição constante.
• Trava: permite imobilizar o fuso numa medida predeterminada facilitando a
leitura.

A figura 3.25 mostra dois micrômetros simples com escalas de 0,01 mm e 0,001 mm.

Figura 3.25 — Micrômetros externos mecânicos com escalas 0,001 mm e 0,01 mm


Fonte: STARRET, 2013.

3.4.2 Fazendo uma medida com o micrômetro


Inicialmente familiarize-se com as partes do micrômetro. É importante ressaltar
que tanto a abertura como o fechamento do instrumento deve ser feito utilizando
o apoio de giro do tambor, porém, ao chegarmos perto do fechamento total do
68

aparelho, devemos lançar mão da catraca, evitando com isso exercer pressões que
ULBRA – Educação a Distância

possam prejudicar o instrumento, sobretudo as faces de medições.

Com o micrômetro completamente fechado, verifique se o mesmo está zerado, isto


é, se o zero que aparece na escala do tambor, está sobre a linha de referência. Caso
isso não aconteça é necessário tarar (zerar) o instrumento. Este procedimento requer
a colocação da chave de aferição no furo posterior da bainha e o deslocamento da
mesma até que o instrumento esteja adequadamente zerado, figura 3.26.

Figura 3.26 — Aferindo o micrômetro


Fonte: Laboratório de Física – ULBRA, 2013.

Depois de abrir o instrumento, coloque o objeto a ser medido entre as faces de


medições e gire o tambor até que a pressão exercida pela catraca feche. Primeiro
começamos a leitura pela escala que encontra-se na bainha. Note que os valores
são intercalados na parte superior e na parte inferior da linha de referência, figura
3.27. Cada traço corresponde a 0,5 mm, isto significa que a cada giro completo do
tambor o passo do parafuso milimétrico anda 0,5 mm, fazendo com que a escala
gravada no tambor retorne ao valor zero. Como existem 50 traços na escala do
tambor, cada um desses traços correspondem a 0,01 mm, figura 3.28.

Figura 3.27 — Escala da bainha do micrômetro


Fonte: Laboratório de Física – ULBRA, 2013.
69

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Figura 3.28 — Escala do tambor do micrômetro
Fonte: Laboratório de Física – ULBRA, 2013.

Figura 3.29 — Utilizando o micrômetro


Fonte: Laboratório de Física – ULBRA, 2013.

A leitura será feita inicialmente pela escala da bainha. No exemplo da figura 3.29
aparecem 7 traços na bainha do micrômetro a partir do traço inicial zero (0), o que
corresponde a 7 x 0,5 mm = 3,5 mm. Depois a leitura é feita no tambor. Observe
que a leitura é direta e no nosso exemplo o valor corresponde a 17 traços, o que
corresponde a 17 x 0,01 mm = 0,17 mm. Mas note também que o 17° traço não está
exatamente sobre a linha de referência da bainha. Sendo assim ainda é possível
fazermos uma última avaliação na nossa medida, que corresponderá ao nosso
algarismo duvidoso. Na imagem entre o 17° e o 18° traço visíveis do tambor,
fazemos uma avaliação de tal forma que, dividindo mentalmente o espaço,
escolheremos o valor 2 (este valor é pessoal do operador do instrumento). A leitura
70

do algarismo duvidoso será feita da seguinte forma: 2 x 0,001 mm = 0,002 mm.


ULBRA – Educação a Distância

Assim a leitura correta para este exemplo é:


3,5 mm + 0,17 mm + 0,002 = 3,672 mm

No resultado encontrado, temos 4 algarismos significativos, sendo os três primeiros


visíveis e o último duvidoso.

Você pode estar se perguntando: “Mas com tanta precisão ainda temos um
algarismo duvidoso?” Lembre-se que não existe uma medida exata, isto é, sempre
haverá um instrumento capaz de precisar ainda mais a medida feita e, mesmo
assim, ainda existirá um algarismo duvidoso. A escolha do instrumento de medida
a ser utilizado em uma experiência dependerá de qual a necessidade da precisão
escolhida pelo operador do experimento.

Vamos medir a espessura de um fio de cabelo. Caso você tenha tentado fazer isto
utilizando um paquímetro, não deve ter conseguido, pois a escala do mesmo não
permite. Além disso, como o processo de medição do paquímetro é deslizante, a precisão
do mesmo é menor do que o do micrômetro que utiliza o parafuso micrométrico.
Abaixo você verá a foto de um micrômetro com um fio de cabelo entre as faces de
medição. Faça a leitura e coloque o valor que você encontrou ao lado da figura 3.30.

Figura 3.30 — Medida de um fio de cabelo


Fonte: Laboratório de Física – ULBRA, 2013.
71

3.4.3 Tipos de micrômetros

ULBRA – Educação a Distância


Existem inúmeros tipos de micrômetros no mercado para os mais diversos tipos
de aplicações. A seguir colocamos alguns tipos de micrômetros encontrados no
mercado.

Figura 3.31 — Micrômetro externo digital


Fonte: MITUTOYO, 2013.

Figura 3.32 — Micrômetro externo mecânico


Fonte: MITUTOYO, 2013.

Figura 3.33 — Micrômetro externo com hastes intercambiáveis


Fonte: MITUTOYO, 2013.
72
ULBRA – Educação a Distância

Figura 3.34 — Micrômetro externo com batentes deslizantes


Fonte: MITUTOYO, 2013.

Figura 3.35 — Micrômetro externo com batentes em V


Fonte: MITUTOYO, 2013.

Figura 3.36 — Micrômetro externo com relógio comparador


Fonte: MITUTOYO, 2013.
73

ULBRA – Educação a Distância


Figura 3.37 — Micrômetro externo para medições especiais com arco profundo
Fonte: MITUTOYO, 2013.

Figura 3.38 — Micrômetro para medição de rebordos de latas


Fonte: MITUTOYO, 2013)

Figura 3.39 — Micrômetro interno com furo rotativo


Fonte: MITUTOYO, 2013.

Figura 3.40 — Micrômetro de profundidade


Fonte: MITUTOYO, 2013.
74
ULBRA – Educação a Distância

Figura 3.41 — Micrômetro interno tubular


Fonte: MITUTOYO, 2013.

3.5 Exercícios:
1. Utilizamos um micrômetro para fazer a medida da espessura de um pedaço
de vidro. A figura que segue mostra esta situação. Dos valores a seguir, qual
o que melhor indica a espessura do vidro?
a) 2,723 mm
b) 2,220 mm
c) 0,220 mm
d) 5,224 mm
e) 22,50 mm

2. A melhor leitura feita para a figura abaixo, utilizando a escala em milímetros, é:


a) 5,31 mm
b) 6,95 mm
c) 11,35 mm
d) 44,00 mm
e) 47,00 mm
75

3. Indique o melhor valor em polegadas correspondente à leitura da medida na

ULBRA – Educação a Distância


figura abaixo:
a) 1
4 ``

b) 2,4 ”

c) 19
128``

d) 25
32 ``

e) 1 3 ``
16

4. Qual a espessura do grafite da lapiseira? Faça a leitura da medida indicada na


figura do micrômetro abaixo.
a) 70,00 mm
b) 20,00 mm
c) 7,00 mm
d) 2,70 mm
e) 0,70 mm
76

5. Indique o valor em polegadas correspondente à leitura da medida na figura


ULBRA – Educação a Distância

abaixo:
a) 5 in
16

b) 39 in
128

c) 1 in
32

d) 17 in
64

e) 3 in
4

Gabarito:
1 a; 2. b; 3. d; 4. e; 5. d.

3.6 Bibliografia
http://www.mitutoyo.com.br/site/produtos/instrumentos.html (acessado dia 14/05/2013)
http://www.starrett.com.br/site/ (acessado dia 14/05/2013)
MITUTOYO, Catálogo Geral de Produtos, Mitutoyo Sul Americana Ltda., São Paulo: 2013.
STARRET, Instrumentos de Medição e Ferramentas de Precisão, Starret Indústria e Comércio
Ltda., Itu: 2013.
COOPER TOOLS, Catálogo Nicholson, Cooper Tools Hand Tools Ltda., Sorocaba: 2013.
DIGIMESS, Catálogo Geral de Produtos, Digimess Instrumentos de Precisão Ltda., São Paulo,
2013.
Notas de aula do Professor Moacyr Marranghello, 2013.
4
Moacyr Marranghello
LEI DE HOOKE

4.1 Introdução
Qualquer força externa que agir sobre um corpo produzirá neste uma tensão. Estas
tensões são forças internas que podem ser de tração, compressão, cisalhamento,
flexão ou torção. Independentemente do tipo de tensão aplicada pela força sobre
o corpo, todas provocam neste uma deformação. Quando estas tensões aplicadas
são pequenas o corpo conseguirá voltar ao seu estado anterior assim que cessar
a deformação. Quando isso acontece, dizemos que o corpo age de forma elástica.
Caso as tensões aplicadas sejam muito grandes o corpo sofrerá uma deformação
permanente após as forças deixarem de agir sobre ele, ou até mesmo rupturas,
caso as forças sejam exageradamente grandes. A maior tensão que um corpo
pode suportar é definida como sendo o limite de resistência do material ou a
tensão de ruptura. Este capítulo pretende discutir um pouco estas relações sobre
a elasticidade dos corpos.

4.2 Lei de Hooke


Em 1 660, o físico experimental inglês, uma das mais importantes personalidades
da revolução científica, Robert Hooke (Freshwater, Ilha de Wight, 18 de julho de
1 635 – Londres, 03 de março de 1 703), observando o comportamento mecânico
de uma mola descobriu que as deformações elásticas obedecem a uma lei muito
simples. Hooke descobriu que quanto maior fosse o peso de um corpo suspenso
a uma das extremidades de uma mola (tendo a outra extremidade presa a um
suporte fixo) maior seria a deformação sofrida pela mola. Analisando outros
sistemas elásticos, Hooke verificou que existia sempre uma proporcionalidade
78

entre a força deformante e a deformação elástica produzida. Através de suas


ULBRA – Educação a Distância

observações pode, então traduzi-las, enunciando seus resultados, em 1 676, sob


forma de uma lei geral, atualmente conhecida como lei de Hooke, que pode ser
resumida da seguinte forma: “As forças deformantes são proporcionais às deformações
elásticas produzidas.”

4.3 Considerações iniciais sobre a experiência


Para determinar a relação existente entre a força externa e a tensão em uma mola
helicoidal, vamos realizar um experimento bastante simples. Cabe, porém, uma
observação inicial, lembre-se que para valores acima do limite de resistência do material
da mola helicoidal que vamos utilizar, ela sofrerá uma deformação permanente e acabará
sendo inutilizada. Por isso é importante não pendurar coisas que possam prejudicar
o seu equipamento e nem o andamento da experiência.

4.3.1 Determinação da constante elástica de uma mola helicoidal


Para a experiência que realizaremos hoje vamos utilizar o seguinte material que
compõe o kit ULBRA-Cidepe:
• Sapata de fixação;
• Haste suporte de metal;
• Uma mola helicoidal;
• Conjunto de 4 pesos de 0,5 N cada;
• Escala milimetrada.

Figura 4.1 – Montagem para Lei de Hooke (kit ULBRA-Cidepe).

Verifique se todo o material necessário está a sua mão e depois monte-o com como
mostra a figura 4.1.
79

Algumas considerações importantes: observe que junto com o suporte de metal há

ULBRA – Educação a Distância


uma régua grudada em milímetros. Essa escala servirá para nossas medições. Ao
fazer a leitura é importante não tocar no material para evitar que o dedo empurre a
mola para cima ou para baixo, cometendo, com isso, erros grosseiros que poderão
prejudicar os resultados desejados. A leitura deverá ser feita com os olhos apenas
e, ainda, procurando manter os olhos no mesmo nível (linha horizontal) do ponto
indicado na escala (este procedimento evitará erros chamados de paralaxe). Outra
coisa que também é importante é manter o suporte bem na vertical, evitando que
os pesos ou a mola toquem no mesmo para que não haja atritos.

Como fazer a leitura?

Para fazer a leitura é necessário manter a mola solta, sem pesos sobre a mesma,
escolhendo um ponto qualquer como referencial (sugestão: a base inferior do
gancho da mola). A essa operação chamamos de aferir um instrumento. O processo
de aferir um instrumento também pode ser denominado de zerar, tarar ou inicializar
este instrumento. O ponto devidamente marcado será o nosso “zero”, isto é, toda
e qualquer medida da deformação sofrida pela mola deve ser lida a partir desse
ponto.

Vamos à experiência agora:

Nessa experiência estaremos interessados em relacionar matematicamente


a deformação (∆y) sofrida pela mola helicoidal e o peso (P) causador dessa
deformação.

Coloque inicialmente um dos pesos de 0,5 N (50 gf), que você separou do kit,
pendurado no suporte e leia a deformação causada à mola. Coloque os valores lidos
no quadro 4.1 que segue, nos lugares indicados. Na segunda linha do quadro você
colocará o valor do peso (em grama-força – apesar da unidade de medida de força
ser o newton (N), utilizaremos o grama-força (do sistema CGC) para que nossos
cálculos fiquem mais bonitos). Na terceira linha do quadro você colocará o valor
correspondente para a deformação causada (em milímetro – mm).

Lei de Hooke 1 Peso 2 Peso 3 Peso 4 Peso

P (gf)

∆y (mm)

P/∆y (gf/mm)

Quadro 4.1 – Determinação da constante elástica de uma mola helicoidal.


80

Complete o quadro 4.1, colocando sistematicamente, sem retirar o peso anterior,


ULBRA – Educação a Distância

dois pesos no suporte, depois três, depois quatro. Faça a leitura da deformação
provocada por cada situação.

Complete a terceira linha do quadro calculando a razão (divisão) entre o peso (P)
do objeto deformante e a deformação (∆y) provocada pelo peso à mola. Note que
o valor encontrado terá como unidade de medida o gf/mm.

Se você fez com cuidado a experiência, os valores encontrados para esta razão
devem ser muito parecidos entre si. Podemos, inclusive, admitir que haja uma
constante associada à mola (valor provável dos resultados encontrados). Esse valor
é conhecido como constante elástica da mola e, geralmente, é simbolizado pela
letra “k”. Dessa forma temos, para uma das molas do seu kit:
P
k= k = ...........................
Δy

Utilizando uma folha de papel milimetrado, que você poderá adquirir em qualquer
livraria, construa um gráfico de ∆y = f (P).

É importante que você faça este gráfico para começar a acostumar-se com as escalas
dos gráficos, linearizações, colocação das grandezas nos eixos etc. Algumas dicas
importantes ao construir um gráfico utilizando uma folha de papel milimetrado:
• O gráfico deve ser claro, assim convém utilizar a maior parte do papel;
• Verifique inicialmente a escala que você utilizará em cada eixo observando os
valores encontrados na experiência;
• As escalas escolhidas para cada eixo não precisam ser iguais, mas
necessariamente depois de escolhida a escala de um eixo não é possível alterá-
la para este mesmo eixo;
• Genericamente os eixos são chamados de x (eixo das abscissas) e y (eixo das
ordenadas) e, geralmente, escrevemos y = f(x) (lê-se eixo y em função do eixo
x) ou X x Y. No nosso caso P = f(∆y);
• Cada par de dados, corresponderá a um ponto no gráfico: este par de dados
é comumente chamado de “par ordenado”, pois possui uma ordem que
genericamente é escrita (x;y), isto é, o primeiro corresponde ao valor a ser
colocado no eixo x e o segundo no eixo y. No nosso caso o par ordenado será
(P;∆y);
• Como existem valores intermediários para qualquer situação de deformação
da mola, isto é, como qualquer peso colocado na mesma provocará uma
deformação proporcional, é possível fazer uma linearização neste gráfico;
81

Atenção: Linearizar um gráfico não significa ligar pontinhos, isto é, devemos escolher uma

ULBRA – Educação a Distância


linha, que poderá ser reta ou não, que represente, da melhor maneira possível, o valor provável
para esta experiência. Esta linha poderá ou não passar pelos pontos representados no gráfico
(o mais provável é que não passe), pois cada valor medido contém um erro que poderá ser
observado nesta linearização. Quanto mais afastado da reta, maior terá sido o erro cometido,
quanto menos afastado da reta, menor o erro. Lembre-se que não há medidas exatas.

Outra sugestão também é utilizar um programa de computador que crie gráficos


dos resultados encontrados. Como exemplo podemos citar o excel. Experimente
fazer isto e solicite também que o mesmo linearize o gráfico construído.

TESTE: Vamos ver se você aprendeu.


1. Se usássemos essa mola para pesar um objeto e encontrássemos uma
deformação de 96 mm, qual seria o peso deste objeto, em newtons (N)?
2. Que deformação provocaria nessa mola um peso de 62 N?

4.3.2 Associação de molas helicoidais


Podemos analisar o que acontece com a constante elástica de uma mola quando
associamos duas ou mais molas. A associação entre molas pode ser de dois
tipos: em série ou em paralelo. Vamos estudar essas associações de molas
individualmente.

4.3.2.1 Associação de molas em série


Para esta experiência você deverá selecionar no kit ULBRA-Cidepe:
• Sapata de fixação;
• Haste suporte de metal;
• Três molas helicoidais;
• Conjunto de 4 pesos de 0,5 N cada;
• Escala milimetrada.

Monte o equipamento da mesma forma que fizemos na experiência anterior (figura


4.1). Como você já possui os valores das deformações de uma mola causadas pelos
pesos, transfira os dados colhidos e escritos no quadro 4.1, colocando esses valores
nas linhas dois, três e quatro do quadro 4.2.
82

Agora encaixe uma mola na outra, como indica figura 4.2, e repita o procedimento
ULBRA – Educação a Distância

que você fez na experiência anterior, colocando um peso de cada vez para duas
molas associadas em série. Tome cuidado para não distender em demasia as
molas. Como sugestão, coloque o suporte das molas na parte mais alta da haste
metálica. Faça a leitura de cada deformação (∆y) causada por cada peso (P) e anote
os resultados nas linhas cinco e seis do quadro 4.2.

Repita novamente o procedimento anterior para três molas associadas, e coloque


os resultados nas linhas oito e nove do quadro 4.2.

Figura 4.2 – Associação de molas em série (kit ULBRA-Cidepe).

Obs.: Neste caso é possível que você não consiga colocar todos os pesos associados,
mesmo estando o suporte das molas na parte mais elevada da haste. Procure fixar a escala
milimetrada em um ponto mais baixo para conseguir fazer as leituras adequadamente.

Para cada caso encontre a constante elástica da associação para duas molas
associadas, escrevendo os resultados na sétima linha e para três molas associadas,
escrevendo os resultados na décima linha. Lembre-se que para isso basta encontrar
a relação P/∆y.
83

ULBRA – Educação a Distância


Molas em SÉRIE Peso 1 Peso 2 Peso 3 Peso 4

P (gf)

Uma mola Δy (mm)

P / Δy (gf/mm)

P (gf)

Duas molas Δy (mm)

P / Δy (gf/mm)

P (gf)

Três molas Δy (mm)

P / Δy (gf/mm)

Quadro 4.2 – Determinação das constantes elásticas de uma mola helicoidal associadas em série.

Para cada situação, encontre o valor provável das constantes elásticas para molas
associadas em série. Complete os espaços que seguem:

kuma mola = …………………………….

kduas mola = …………………………….

ktrês mola = …………………………….

Analise os resultados obtidos para as constantes e emita um parecer sobre o que


acontece com esse valor quando associamos molas com constantes elásticas iguais
em série. Anote suas conclusões no espaço abaixo.

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

4.3.2.2 Associação de molas em paralelo


Para esta experiência você deverá selecionar no kit ULBRA-Cidepe:
• Sapata de fixação;
• Haste suporte de metal;
• Três molas helicoidais;
84

• Conjunto de 4 pesos de 0,5 N cada;


ULBRA – Educação a Distância

• Suporte de molas para associação em paralelo;


• Escala milimetrada.

Como você já possui os valores das deformações de uma mola causadas pelos
pesos, transfira os dados colhidos e escritos no quadro 4.1, colocando esses valores
nas linhas dois, três e quatro do quadro 4.3.

Figura 4.3 – Associação de molas em série (kit ULBRA-Cidepe)

Monte o equipamento da mesma forma que fizemos para as experiências anteriores


(figura 4.1), porém agora você deve colocar duas molas na haste suporte. Em
seguida pendure o suporte de molas para associação em paralelo uma extremidade
em cada mola, como indica figura 4.3, e repita o procedimento que você fez na
experiência anterior, colocando um peso de cada vez para duas molas associadas
em paralelo. Faça a leitura de cada deformação (∆y) causada por cada peso (P) e
anote os resultados nas linhas cinco e seis do quadro 4.3.

Repita novamente o procedimento anterior para três molas associadas e coloque


os resultados nas linhas oito e nove do quadro 4.3.

Para cada caso encontre a constante elástica da associação para duas molas
associadas, escrevendo os resultados na sétima linha e para três molas associadas,
escrevendo os resultados na décima linha. Lembre-se que para isso basta encontrar
a relação P/∆y.
85

ULBRA – Educação a Distância


Molas em PARALELO Peso 1 Peso 2 Peso 3 Peso 4

P (gf)

Uma mola ∆y (mm)

P / ∆y (gf/mm)

P (gf)

Duas molas ∆y (mm)

P / ∆y (gf/mm)

P (gf)

Três molas ∆y (mm)

P / ∆y (gf/mm)

Quadro 4.3 – Determinação das constantes elásticas de uma mola helicoidal associadas em paralelo.

Para cada situação, encontre o valor provável das constantes elásticas para molas
associadas em série. Complete os espaços que seguem:

kuma mola = …………………………….

kduas mola = …………………………….

ktrês mola = …………………………….

Analise os resultados obtidos para as constantes e emita um parecer sobre o que


acontece com esse valor quando associamos molas com constantes elásticas iguais
em série. Anote suas conclusões no espaço abaixo.
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

4.4 Outras considerações importantes


A lei de Hooke é uma lei da física relacionada à elasticidade dos corpos, que serve
para calcular a deformação causada pela força exercida sobre o corpo, tal que a força
é igual ao deslocamento de uma massa a partir do seu ponto de equilíbrio vezes a
característica constante de elasticidade do corpo que sofrerá deformação:

F = – K . Δy
Equação 4.1
86

No SI: a força F é dada em newtons [N];


ULBRA – Educação a Distância

a constante de elasticidade k é dada em newton/metro [ mN] ;


e a deformação Δy em metros [m].

Segundo a equação 4.1, pode-se notar que o módulo da força produzida pela mola
é diretamente proporcional ao seu deslocamento do estado inicial (equilíbrio), isto
é, quanto maior for o módulo da força aplicada, maior será o deslocamento sofrido.
O equilíbrio na mola ocorre quando ela está em seu estado natural, ou seja, sem
estar comprimida ou esticada. Após comprimi-la ou esticá-la, a mola sempre faz
uma força contrária ao movimento. É importante ressaltar que o motivo do sinal
negativo observado na expressão vetorial da Lei de Hooke, significa que o vetor
Força Elástica (F), possui sentido oposto ao vetor deformação (vetor força aplicada),
isto é, possui sentido oposto à deformação, sendo a força elástica considerada uma
força restauradora. Observe a figura 4.4 que mostra esta situação.

Existem diversos tipos de molas, de tamanhos e aplicabilidades diferentes.


Encontramos desde pequenas molas utilizadas em canetas (micro molas) até molas
muito grandes usadas em indústrias pesadas. Todas dependem do material que é
utilizado em sua confecção, do diâmetro da mola, do passo do helicoide (no caso
de molas helicoidais) etc. Na figura 4.5 você pode ver alguns exemplos de tipos
de molas utilizados pelo mercado.

Força elástica provocada


pela tensão exercida pelo
peso do corpo sobre a mola,
dada em [N], com sentido
para cima.

Força peso do corpo que


provoca o deslocamento
Δy da mola, dada em [N],
com sentido para baixo.

Figura 4.4
87

ULBRA – Educação a Distância


molas para caneta
molas de tração
molas de compressão molas de torção

mola bicônica de tração


molas cônicas molas prato
de compressão mola caracol

mola para industria mola bicônica


petrolífera para colchão

Figura 4.5
Fonte: Catálogo MIXMOLAS, 2013.

Em sistemas massa-mola, existem grandes variedades de forças de interação. A


caracterização dessas forças é, via de regra, um trabalho de caráter puramente
experimental. Entre as forças de interação que aparecem mais frequentemente
neste tipo de processo, estão as chamadas forças elásticas, isto é, forças que são
exercidas por sistemas elásticos quando sofrem deformações. Não são conhecidos
corpos perfeitamente rígidos, uma vez que, todos os experimentados realizados
até hoje, com qualquer tipo de material, demonstram que todos, sem exceção,
sofrem deformações mais ou menos apreciáveis quando submetidos à ação de
forças. Devemos entender como deformação de um corpo qualquer alteração em
sua forma, ou em suas dimensões. Por este motivo é interessante que se tenha uma
ideia do comportamento mecânico dos sistemas elásticos.

A lei de Hooke pode ser utilizada desde que o limite elástico do material não seja
excedido. O comportamento elástico dos materiais segue o regime elástico na lei
de Hooke apenas até um determinado valor de força, após este valor, a relação
de proporcionalidade deixa de ser constante (embora alguns corpos possam
voltar ao seu comprimento inicial após remoção da força). Se a força continuar a
88

aumentar, o corpo perde sua elasticidade e a deformação passa a ser permanente


ULBRA – Educação a Distância

(comportamento inelástico), podendo chegar até à ruptura do material.

Ao realizar ensaios de tração em materiais, pode-se perceber também o aparecimento


da lei de Hooke. O gráfico 4.1 que segue, mostra a relação existente entre a tensão
(σ) em função da extensão (ε) para certo material.
σ
Resistência
à ruptura

ruptuta

Resistência ao
escoamento

patamar de escoamento

ε
Regime Regime encruamento
elástico plástico
linear

Gráfico 4.1 – tensão (σ) X extensão (ε)

O comportamento linear mostrado no início do gráfico está nos afirmando que a


Tensão é proporcional à Extensão. Logo, existe uma constante de proporcionalidade
entre essas duas grandezas mostrada na equação 6.2.
σ=Ε.ε
Equação 4.2

onde: σ = Tensão em Pascal

ε = Deformação específica, (adimensional)

E = Módulo de elasticidade ou Módulo de Young

Observação: O módulo de elasticidade E é uma homenagem ao cientista Thomas


Young (1 773-1 829).
89

4.5 Exercícios

ULBRA – Educação a Distância


1. O dinamômetro é um instrumento de medida de força. Ele funciona pelo
deslocamento de uma das extremidades de uma mola, tendo a outra
extremidade fixa a uma escala. Quando um objeto de massa 40 g é pendurado
no suporte do dinamômetro, ele deforma 5 milímetros. Podemos afirmar que
a constante elástica da mola utilizada é, em N/m:
a) 0,8
b) 8
c) 80
d) 800
e) Outro valor diferente

2. Os verdureiros utilizam balanças semelhantes a um dinamômetro, isto é,


instrumentos que funcionam a partir da deformação de uma mola, que pode
ser helicoidal ou não. Certa balança de verdureiro tem uma constante elástica
igual a 600 N/m. Ao sofrer uma deformação de 5 cm, qual a massa, em kg, do
produto que o verdureiro está vendendo?
a) 0,3
b) 1,2
c) 3,0
d) 12,0
e) 30,0

3. O dinamômetro é um instrumento utilizado para medir o peso de um objeto.


Um dinamômetro consiste basicamente de uma mola pendurada em um
suporte e uma escala externa que indica o valor do peso colocado no mesmo.
Esses instrumentos, para funcionarem corretamente, devem respeitar:
a) A lei de Coulomb.
b) A lei das alavancas.
c) O torque associado à mola.
d) A associação de molas estabelecida.
e) A lei de Hooke.
90

4. Ao associarmos molas em série a constante elástica das mesmas fica:


ULBRA – Educação a Distância

a) Menor;
b) Igual;
c) Maior;
d) O dobro;
e) A metade.

5. As molas da suspensão de alguns caminhões, são feixes de barras de aço. Estas


molas estão associadas em paralelo para que a sua constante elástica seja:
a) A metade;
b) Menor;
c) Igual;
d) Maior;
e) O dobro.

Gabarito
1. c; 2. c; 3. e; 4. a; 5. d.

4.6 Bibliografia
SCHIEL, F. Introdução à Resistência dos Materiais. Harper & Row do Brasil: São Paulo, 1984.
BEER, F.P. & JOHNSTON Jr., E.R. Resistência dos Materiais. McGraw-Hill Ltda: São Paulo,
1982.
MIX MOLAS, Catálogo Geral de Produtos, Mix Molas: molas industriais e artefatos de arame,
São Paulo: 2013. Também encontrado no site http://www.mixmolas.com.br/ acessado em
16/05/2013.
Material de aulas do Professor Moacyr Marranghello, 2013.
5
Moacyr Marranghello
MOVIMENTOS PERÓDICOS

5.1 Pêndulo Simples


Nesta parte do material vamos propor uma situação experimental sobre as relações
das grandezas em um pêndulo simples. Antes porém vamos definir alguns
conceitos que serão importantes para a atividade.

Você trabalhará com o pêndulo simples. O pêndulo simples é constituído por uma
massa (m) pendurada em um cordão e que é posta a “oscilar” em torno de um
ponto fixo. Esse ponto fixo é determinado quando o pêndulo está em repouso,
através de uma marca no chão, exatamente na direção da vertical que passa pela
massa e pelo cordão (figura 5.1).

Figura 5.1 – Pêndulo simples (ponto fixo indicado no chão)

O pêndulo “funciona” a partir do momento que você desloca a massa da posição


de repouso e a deixa cair livremente. Ela oscilará em torno do ponto fixo durante
certo intervalo de tempo até parar.
92

Antes de iniciar a experiência propriamente dita, faça um estudo do restante deste


ULBRA – Educação a Distância

texto com a intenção de familiarizar-se com os termos e expressões características


do estudo dos pêndulos e movimentos periódicos.

• Oscilação – É o movimento de vai e vem do pêndulo. Em outras palavras,


sempre que o pêndulo retornar a sua posição de lançamento, dizemos que ele
executou uma oscilação completa.

• Período (T) – É o intervalo de tempo que o pêndulo demora para executar


uma oscilação completa (uma ida e uma vinda). No Sistema Internacional é
medido em segundos (s).

• Amplitude (A) – É a distância máxima que o pêndulo se desloca em relação ao


ponto fixo. A amplitude é medida na horizontal, sem levar em consideração a
curva feita pelo pêndulo ao se deslocar, como indica a figura 5.2. No Sistema
Internacional de unidades ela é medida em metros (m).

• Frequência (f) – É o número de oscilações completas que o pêndulo executa


num determinado intervalo de tempo (o segundo, por exemplo). No Sistema
Internacional é medida em oscilações (ciclos, vibrações, rotações etc.) por
segundo, que são denominadas de hertz (Hz), em homenagem ao físico alemão
Heinrich Rudolf Hertz. Uma outra unidade de medida de frequência também
muito utilizada é a rpm (rotações por minuto).

Figura 5.2 —Funcionamento de um pêndulo simples


93

Para as experiências que vamos propor, estaremos interessados em descobrir quais

ULBRA – Educação a Distância


fatores influenciam no período de um pêndulo simples (tempo de oscilação). Para
tanto, antes de iniciar os trabalhos experimentais, tente responder intuitivamente,
ainda, o seguinte:
a) Quando aumentamos o valor da amplitude do pêndulo, mantendo o
comprimento do fio e sua massa inalterados, o que acontece com o período
do pêndulo simples?
(Aumenta) – (Diminui) – (Não se altera)

b) Quando aumentamos o valor da massa pendurada no pêndulo, mantendo o


comprimento do fio e sua amplitude inalterados, o que acontece com o período
do pêndulo simples?
(Aumenta) – (Diminui) – (Não se altera)

c) Quando aumentamos o valor do comprimento do fio do pêndulo, mantendo a


amplitude e sua massa inalteradas, o que acontece com o período do pêndulo
simples?

(Aumenta) – (Diminui) – (Não se altera)

Depois que você fez suas previsões, vamos realizar a experiência. Para isso será
necessário que você tenha em mãos:
• Sapata de sustentação do kit ULBRA-Cidepe;
• Haste metálica do kit ULBRA-Cidepe;
• Suporte metálico para o pêndulo do kit ULBRA-Cidepe;
• Uma régua centimetrada do kit ULBRA-Cidepe;
• As quatro massas do kit ULBRA-Cidepe de 50 g (0,5 N) cada uma;
• Suporte para pesos do kit ULBRA-Cidepe;
• Um pedaço de barbante de aproximadamente 150 cm de comprimento;
• Um cronômetro (pode ser o do seu relógio ou um celular com cronômetro).

Inicialmente monte o material como é mostrado na figura 5.3. Para nossas experiências,
estaremos interessados em saber o tempo de uma oscilação completa (o período do
pêndulo). Para tanto, em todas etapas da experiência, para que sua estimativa de
tempo seja a mais precisa possível, meça no relógio sempre o tempo de 20 oscilações
completas (20 vai e vem). Esse tempo dividido por 20 nos fornece o período médio
94

de uma oscilação completa. Vamos fazer a análise de cada uma das grandezas,
ULBRA – Educação a Distância

individualmente, que podem oferecer influência no período do pêndulo.

Figura 5.3 – Montagem para experiência do pêndulo simples

5.1.1 Influência da amplitude no período do pêndulo


Mantendo o comprimento do fio (sugere-se um valor de 60 cm) e o valor da massa
(sugere-se uma massa de 50 g) fixos, afaste o pêndulo do ponto fixo, oferecendo-
lhe uma amplitude crescente, começando com 5 cm. O quadro 5.1 sugere algumas
amplitudes. Meça o tempo de vinte oscilações completas e anote os resultados na
segunda coluna do quadro. Encontre o período da oscilação, dividindo o tempo
medido por 20, anotando o valor correspondente na terceira coluna do quadro. Repita
o procedimento para os outros valores de amplitude sugeridos no quadro.

Amplitude Tempo total (s) Período (s)

5 cm

10 cm

15 cm

20 cm

Quadro 5.1 – Influência da amplitude no período do pêndulo

Segundo o que vimos até agora, com os resultados encontrados na experiência para
diversas amplitudes, você julga que a amplitude influencia significativamente no
período de oscilação de um pêndulo simples?
95

5.1.2 Influência da massa no período do pêndulo

ULBRA – Educação a Distância


Nesta etapa, mantendo fixo o comprimento do fio (sugere-se que você mantenha
o valor de 60 cm) e, usando sempre a mesma amplitude (por exemplo, 15 cm),
da mesma forma como fizemos no experimento anterior, meça o tempo de vinte
oscilações completas utilizando inicialmente uma massa de 50 g. Calcule o valor
de uma oscilação e anote os resultados encontrados no quadro 5.2. Repita o
procedimento para as outras massas.

Massas Tempo total (s) Período (s)

50 g

100 g

150 g

200 g

Quadro 5.2 – Influência da massa no período do pêndulo

Qual a influência da massa no período de oscilação de um pêndulo simples?

5.1.3 Influência do comprimento do fio no período do pêndulo


Agora, mantendo a massa do pêndulo fixo (sugere-se o valor de 50 g) e, usando
sempre a mesma amplitude (por exemplo, 15 cm), da mesma forma como fizemos
nas experiências anteriores, meça o tempo de vinte oscilações completas utilizando
para o comprimento do fio os valores sugeridos no quadro 5.3. Calcule o valor de
uma oscilação e anote os resultados encontrados no quadro. Repita o procedimento
para os outros comprimentos de fio.

Comprimento do fio Tempo total (s) Período (s)

30 cm

60 cm

90 cm

120 cm

Quadro 5.3 – Influência do comprimento do fio no período do pêndulo

Como o comprimento do fio influencia no período de oscilação de um pêndulo


simples:
96

5.1.4 Influência do campo gravitacional local no período de oscilação de um


ULBRA – Educação a Distância

pêndulo
Geralmente estes são experimentos interessantes, principalmente porque os
resultados encontrados na experiência são bem diferentes das previsões que você
fez de forma intuitiva. Podemos notar que a única grandeza que influencia no
período de um pêndulo simples é o comprimento do fio. A massa e a amplitude
não são grandezas significativas para a influência no período do pêndulo.
Porém existe outra grandeza que também interfere no período de oscilação de
um pêndulo simples: é a aceleração gravitacional do local. Ao contrário das
outras, esta é uma experiência muito complicada de realizar, pois exigiria que
pudéssemos viajar para lugares com altitudes muito diferentes, para conseguirmos
valores significativamente diferentes para acelerações gravitacionais. Como isto
não é possível (há não ser que você tenha esta disponibilidade e se proponha a
fazê-lo), vamos indicar a equação que relaciona estas grandezas. As equações 5.1
e 5.2 indicam que o período de oscilação de um pêndulo simples é inversamente
proporcional ao valor da aceleração gravitacional local (g).
Como é mais complicado medir o campo gravitacional local do que o período do
pêndulo, vamos inverter a situação agora. O pêndulo simples é um bom recurso
para determinar a aceleração da gravidade local, pois em geral conduz a melhores
resultados que experimentos, às vezes até bem mais sofisticados. Nessa experiência
você fará as medidas necessárias para determinar o valor local da aceleração da
gravidade usando o mesmo pêndulo da experiência anterior com um comprimento
fixo da ordem de 1 metro.
Como nas experiências anteriores, para que tenhamos uma estimativa de tempo
mais precisa possível, meça no relógio o tempo para 20 oscilações completas e divida
o resultado por 20, obtendo, desta forma, o valor do período do pêndulo.
Calcule o valor de “g” segundo a equação:

4 × π2 × l 4 × π2 × l
Equação 5.1: T = ou Equação 5.2: g =
g T2

onde
π = 3,141592654...
l = comprimento do fio [m]
T = período do pêndulo [s]
g = ...........................
97

5.2 Oscilações em uma mola

ULBRA – Educação a Distância


Na atividade experimental anterior, nós medimos a constante de elasticidade (k)
das molas do nosso kit ULBRA-Cidepe. Verificamos que todas as molas tinham a
constante elástica (k) com mesmo valor. Para encontrar esta constante elástica (k),
você pendurou alternada e sucessivamente, diferentes pesos (P) que provocavam
uma deformação (∆y) na mola fazendo-a ficar cada vez mais esticada.

Na atividade experimental deste roteiro, estudamos as grandezas físicas capazes


de influenciar no período de oscilação de um pêndulo simples.

Você já notou que uma mola também possui um período de oscilação? Se


colocarmos uma mola pendurada em um suporte e nela pendurarmos um peso
(P), ao oferecermos uma pequena deformação (∆y) a esta mola, ela ficará oscilando
para cima e para baixo. Da mesma forma, como mostra a figura 5.4, teremos as
mesmas características de um pêndulo simples, ou seja, também poderemos
observar as grandezas:
• Oscilação: é o movimento de ida e volta da mola;
• Período (T): é o tempo que demora uma oscilação completa da mola.
• Amplitude: corresponde à deformação (∆y) que damos à mola, tirando-a da
posição de repouso;
• Frequência (f): é o número de oscilações realizadas em determinado intervalo
de tempo.

Figura 5.4 – Oscilação em uma mola

Mas será que, assim como no estudo do pêndulo simples, essas grandezas podem
influenciar no período de oscilação de uma mola helicoidal? Será que depende da
amplitude? Será que depende da massa colocada para oscilar na mola? Depende
do tipo (k) da mola?
98

Para responder a estas dúvidas, vamos fazer algumas experiências coordenadamente.


ULBRA – Educação a Distância

Você necessitará do seguinte material:


• Sapata de sustentação do kit ULBRA-Cidepe;
• Haste metálica do kit ULBRA-Cidepe;
• Suporte metálico para o pêndulo do kit ULBRA-Cidepe;
• Uma régua centimetrada do kit ULBRA-Cidepe;
• As quatro massas do kit ULBRA-Cidepe de 50 g (0,5 N) cada uma;
• Suporte para pesos do kit ULBRA-Cidepe;
• As molas helicoidais do kit ULBRA-Cidepe;
• Um cronômetro (pode ser o do seu relógio ou um celular com cronômetro).

Inicialmente monte o material como é mostrado na figura 5.5. Da mesma forma


como fizemos na experiência anterior, estaremos interessados em saber o tempo de
uma única oscilação (o período de oscilação da mola). Para tanto, em todas etapas
da experiência, meça no relógio sempre o tempo de 20 oscilações completas. Este
tempo dividido por 20 nos fornece o período médio da oscilação. Também iremos
fazer a análise de cada uma das grandezas, individualmente, que podem oferecer
influência no período de oscilação de uma mola.

Figura 5.5 – Montagem para oscilação de uma mola


99

5.2.1 Influência da amplitude no período de oscilação

ULBRA – Educação a Distância


Pendure uma massa apenas em sua mola (sugere-se uma massa de 50 g). Conforme
é sugerido no quadro 5.4, ofereça inicialmente uma amplitude (∆y) de 1 cm para
a sua mola pendurada. Coloque a mola a oscilar e controle o tempo para vinte
oscilações, colocando o resultado na segunda coluna do quadro. Ao dividir o
resultado encontrado por 20 você obterá o valor do período de oscilação da mola
(terceira coluna do quadro). Repita o procedimento para as outras amplitudes.

Cuidado! Não estique demasiadamente a mola para não danificá-la.

Amplitude (Δy) Tempo total (s) Período (s)

1 cm

2 cm

3 cm

4 cm

Quadro 5.4 – Influência da amplitude no período de oscilação

Segundo o que vimos até agora, com os resultados encontrados na experiência para
diversas amplitudes, você julga que a amplitude influencia significativamente no
período de oscilação da mola?

5.2.2 Influência da massa no período de oscilação


Escolha um valor fixo de amplitude (∆y – sugere-se o valor 1 cm, evitando danificar
o seu material) para sua mola oscilar, e meça o período de oscilação para cada
valor de massa que você pendurar, sempre fazendo a medida para, no mínimo, 20
oscilações. Coloque os resultados no quadro 5.5 nos lugares indicados.

Cuidado! Não estique demasiadamente a mola para não danificá-la.

Massas (m) Tempo total (s) Período (s)

50 g

100 g

150 g

200 g

Quadro 5.5 – Influência da massa no período de oscilação

Qual a influência provocada pela massa no período de oscilação de uma mola?


100

5.2.3 Influência da constante elástica (k) no período de oscilação


ULBRA – Educação a Distância

No estudo que realizamos sobre a lei de Hooke e a associação de molas, verificamos


que, se colocarmos mais de uma mola em série ou em paralelo, o valor da constante
elástica (k) se modifica (pegue o caderno anterior e retome estes valores).

Para esta parte da experiência fixe um valor para a massa do sistema (sugere-
se utilizar duas massas, ou seja, 100 g = 100 gf). Mantendo sempre a mesma
deformação (amplitude — será que ainda precisamos cuidar o valor da deformação?
Por quê?) e modificando a constante elástica através do número de molas, encontre
o valor do período para uma oscilação como você fez até agora. Lembre-se que as
constantes dessas associações você já possui de experiências anteriores — consulte
os valores das médias das constantes elásticas para associação de molas em série e
em paralelo no roteiro anterior: “Lei de Hooke e Associação de molas” — anote esses
valores nos lugares indicados do quadro 5.6.

Da mesma forma como fizermos até o momento, coloque a mola a oscilar e meça
o valor do tempo de vinte oscilações na terceira coluna do quadro. Ao dividir por
20 você obterá o valor do período de oscilação da mola, quarta coluna do quadro.
Complete o quadro 5.6 como o restante do experimento.

Peso utilizado = ................... gf

CONJUNTO Constante elástica (k – gf/mm) Tempo total (s) Período (s)

3 molas em paralelo

2 molas em paralelo

Uma mola

2 molas em série

3 molas em série

Quadro 5.6 – Influência da constante elástica da mola no período de oscilação

Qual a influência da constante elástica de uma mola no período de oscilação da


mola?
101

5.3 Exercícios

ULBRA – Educação a Distância


1. Qual deve ser o comprimento de um relógio de pêndulo para que ele tenha
um período de 1 segundo, em um local onde a aceleração gravitacional vale
9,81 m/s2 (nível do mar)?
a) 78 cm
b) 0,4985 m
c) 24,85 cm
d) 62 mm
e) Outro valor diferente

2. Das grandezas relacionadas abaixo, as que influenciam no período de um


pêndulo simples são:
a) Massa do pêndulo e comprimento do fio.
b) Amplitude do movimento e massa do pêndulo.
c) Comprimento do pêndulo e aceleração gravitacional.
d) Aceleração gravitacional local e amplitude do movimento.
e) Massa do pêndulo e aceleração gravitacional.

3. O período de oscilação de uma mola depende da constante elástica da mola e


do valor da aceleração gravitacional local. Mantendo a aceleração da gravidade
constante (não alterando a altitude do lugar), podemos afirmar que quanto
maior a constante elástica de uma mola o período de oscilação será:
a) A metade;
b) O dobro;
c) Maior;
d) Igual;
e) Menor.
102

4. Qual a palavra abaixo completa corretamente a frase: “Um relógio de pêndulo


ULBRA – Educação a Distância

fabricado próximo de Machu Picchu, cidade colombiana situada a 2400 metros


de altitude acima do nível mar, onde a aceleração gravitacional é menor do que
em cidades que ficam no nível do mar, para não atrasar nem adiantar, deve
ter um comprimento …………… que um relógio que funciona normalmente
no nível do mar.
a) Menor;
b) Igual;
c) Maior;
d) O dobro;
e) A metade.

5. Ao lado você encontra a figura de seis pêndulos


que podem ser utilizados para montar um relógio.
Escolha qual deles seria mais apropriado usar se
quiséssemos que nosso relógio andasse o mais
rápido possível, isto é, estivesse sempre adiantado
em relação aos outros.
(A) (B) (C) (D) (E) (F)

Gabarito
1. c; 2. c; 3. e; 4. a; 5.d.

5.4 Bibliografia
SCHIEL, F. Introdução à Resistência dos Materiais. Harper & Row do Brasil: São Paulo, 1984.
BEER, F.P. & JOHNSTON Jr., E.R. Resistência dos Materiais. McGraw-Hill Ltda: São Paulo,
1982.
MIX MOLAS, Catálogo Geral de Produtos, Mix Molas: molas industriais e artefatos de arame,
São Paulo: 2013. Também encontrado no site http://www.mixmolas.com.br/ acessado em
16/05/2013.
Material de aulas do Professor Moacyr Marranghello, 2013.
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Moacyr Marranghello
INTERPOLAÇÃO DE DADOS

6.1 Medidas em uma circunferência


Esta atividade constará da realização de um conjunto de medidas. Para isso, você
deverá utilizar corretamente os algarismos significativos, a precisão de suas medidas
e os demais resultados encontrados na análise das informações colhidas.

Para esta experiência você utilizará:


• A régua milimetrada do kit ULBRA-Cidepe;
• Um pedaço de barbante;
• 10 objetos circulares a sua escolha (pegue 10 objetos circulares diferentes, como
latas, pedaços de cano etc.).

Inicialmente você deverá medir o diâmetro (D) e o comprimento (C) de diferentes


circunferências (atenção: é para medir o comprimento da circunferência e não para
calculá-lo). A figura 6.1 mostra que o diâmetro de uma circunferência é a distância
entre dois pontos diametralmente opostos de uma circunferência, passando pelo
centro da mesma, bem como é o dobro do seu raio (R). O diâmetro deve ser medido
diretamente com a régua milimetrada, com a maior precisão possível. Para medir
o comprimento da circunferência, você pode envolver o objeto circular com o
barbante e, depois, esticá-lo sobre a régua milimetrada. Desta forma será mais fácil
de realizar suas medidas com maior precisão.

Os resultados de suas medidas deverão ser colocados na primeira e segunda


colunas do quadro 6.1. Na terceira coluna deste quadro encontre a relação
C
matemática solicitada, isto é, D (comprimento da circunferência dividido pelo
104

diâmetro correspondente). Na última linha da terceira coluna indique o valor


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provável (VP) desta relação matemática. Na quarta coluna você deverá avaliar o
desvio absoluto (d) cometido em cada medida; na quinta coluna avaliará o desvio
relativo (ρ) e na última coluna o desvio percentual (dP).

Comprimento da circunferência

R
D

Centro da circunferência
Figura 6.1 – Relações em uma circunferência

C
C (cm) D (cm) D d (cm) ρ dP (%)

C/DPROV =

Quadro 6.1 – Relação entre Diâmetro e Comprimento de uma circunferência.

Para esta experiência, vamos admitir que o desvio percentual máximo admitido seja
de 5%. Analise os desvios percentuais em sua tabela, e verifique se existe alguma
105

medida que se encontra fora deste padrão aceitável de imprecisão de medidas.

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Se isto acontecer, refaça as medidas, construindo uma nova tabela no verso desta
folha e calcule novamente o valor provável.

Ao final da análise, construa um gráfico de C = f(D) em papel milimetrado utilizando


uma escala conveniente e linearize-o.

O valor desta relação é muito conhecido e utilizado por você e corresponde ao


valor de π, lembra? Faça uma breve pesquisa para descobrir a história e o valor
deste número tão importante na matemática.

6.2 Técnica de interpolação de dados


Denomina-se interpolação o método matemático que permite construir um novo
conjunto de dados a partir de um conjunto discreto de dados pontuais previamente
conhecidos através de uma amostragem ou de um experimento. Uma interpolação
permite fazer a reconstituição (aproximada) de uma função, bastando para tanto
conhecer apenas alguns pares ordenados de uma função (abscissas e respectivas
ordenadas). A função resultante certamente passa pelos pontos fornecidos, e, em
relação aos outros pontos, pode ser considerada um mero ajuste.

São várias as técnicas de interpolação de dados. Existem interpolações lineares de


dados, interpolações quadráticas, interpolações polinomiais, e outras. A escolha de
qual técnica deve ser utilizada dependerá do tipo de dados conhecidos, da forma
como eles se relacionam, da área de trabalho, da metodologia de pesquisa que está
sendo aplicada etc. Neste capítulo estaremos interessados em abordar um desses
tipos de interpolação linear, conhecida como interpolação de Newton.

6.3 Interpolação de Newton


Ao utilizarmos diferentes tabelas, é comum encontrarmos o valor da variável
(função) como dependente do argumento.

Se existem dois valores relacionados entre si por uma dependência matemática, por
exemplo, y = 2x, então, segundo varia um dos valores, por exemplo o x, também
mudará o outro (a variável y). O valor que varia arbitrariamente denomina-se
argumento, e o valor dependente deste argumento denomina-se função. No
exemplo citado, x é o argumento e y é a função. Ao valor do argumento x = 1
corresponde o valor da função y = 2; ao valor do argumento x = 3 corresponde o
valor y = 6 etc.
106

Em tabelas de qualquer função são dados os valores calculados para uma série de
ULBRA – Educação a Distância

valores do argumento, que geralmente encontram-se em iguais intervalos um do


outro. Para uma função qualquer, aleatória, poderíamos calcular, por exemplo,
os valores de y correspondentes a uma série de valores de x, cada um dos quais
é cinco unidades maior que o anterior e obtendo desta forma a tabela 6.1:

X Y a
x1 = 0 y1 = 0
a2 = 10
x2 = 5 y2 = 10
a3 = 10
x3 = 10 y3 = 20
a4 = 10
x4 = 15 y4 = 30

Tabela 6.1 – Dados de uma função aleatória

Comumente, quase sempre é necessário encontrar o valor da função para um valor


intermediário do argumento que não existe na tabela. Por exemplo, no nosso caso,
se quisermos encontrar a função para os argumentos x = 7 ou x = 8, eles não existem
tabulados. A solução para este problema chama-se interpolação. Esta, por exemplo,
pode ser empregada numa tabela de funções trigonométricas (seno, cosseno e
tangente) para encontrarmos valores da função que não estejam tabelados.

Se as variações da função são diretamente proporcionais às variações do argumento,


como na tabela do nosso exemplo, o problema se resolve muito facilmente. Para nos
certificarmos de que a função varia em proporção ao argumento, devemos anotar
na coluna vizinha as diferenças dos valores sucessivos da função. Designemos
estas primeiras diferenças com a letra a, definindo:

an = yn – yn – 1

Estas diferenças devem ser todas iguais (constantes). No nosso exemplo, essas
diferenças são iguais a 10 (a1 = a2 = a3 = . . . . = an = 10). A determinação dos valores
intermediários da função y em tal caso, se reduz à solução de uma equação simples
de proporção direta:

x − x n−1 y − y n−1
=
x n − x n−1 y n − y n−1
107

Supondo que busquemos o valor de y correspondente ao valor de x que se encontra

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entre x3 e x4, ela pode ser escrita:

x − x3 y − y3
=
x4 − x3 y4 − y3

Por exemplo, para y correspondente a x = 12, teremos, isolando o valor de y:

x − x3
y = y3 + a4.
x4 − x3

onde a4 = y4 – y3 = 30 - 20 = 10 então,

y = 20 + 10 12-10 = 20 + 10 2 = 24
15-10 5

Se as primeiras diferenças “a” não são iguais, então, subtraindo de cada uma delas
a anterior, obteremos as segundas diferenças “b”. Se estas tão pouco são constantes,
podemos, da mesma maneira, calcular as terceiras diferenças, as “c”, depois as
quartas diferenças, as “d”, etc., até que cheguemos a diferenças que resultem
constantes ou muito pequenas.

Na tabela 6.2, damos, como exemplo, inclusive as sextas diferenças, que não são
constantes, as quartas diferenças variam pouco e, portanto, ao interpolar, podemos
desprezar as diferenças a partir da quinta, isto é, não levá-las em consideração.
Tabela 6.2 – Dados de uma função aleatória.

X Y a b c d e f
1,0 1159,6
-197,4
2,0 962,2 - 51,4
-248,8 17,9
3,0 713,4 - 33,5 - 0,3
-282,3 17,6 - 1,2
4,0 431,1 - 15,9 - 1,5 0,3
-298,2 16,1 - 0,9
5,0 132,9 0,2 - 2,4 1,3
-298,0 13,7 0,4
6,0 - 165,1 13,9 - 2,0
-284,1 11,7
7,0 - 449,2 25,6
-258,5
8,0 - 707,7
108

Suponhamos que queiramos calcular o valor de y para o valor de x = x1 + θ . h,


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onde x1 é o valor tabular mais próximo do argumento, h é a diferença tabular dos


argumentos contíguos e θ é uma fração própria, determinada por:

x − x1
θ=
x 2 − x1

Então, segundo a teoria da interpolação, obteremos a fórmula:

⎧ θ −1⎡ θ−2⎛ θ − 3 ⎞⎤ ⎫
y = y 1 + θ⎨a 2 + ⎢b 3 + 3 ⎜ c 4 + 4 d5 ⎟⎥ ⎬
⎩ 2 ⎣ ⎝ ⎠⎦ ⎭ ,

onde y1 é o valor de y correspondente a x = x1. As diferenças existentes depois


da quarta são de pouco uso e esta fórmula já é suficiente. Se durante o cálculo
pudermos limitar-nos às segundas ou terceiras diferenças, as restantes se aceitam
como sendo iguais a zero. Por exemplo, interpolando com as terceiras diferenças,
temos:
⎧ θ −1⎡ θ − 2 ⎤⎫
y = y 1 + θ⎨a 2 + ⎢b 3 + 3 c 4 ⎥ ⎬
⎩ 2 ⎣ ⎦⎭ ,

ao interpolar com as segundas diferenças, temos:


⎧ θ −1 ⎫
y = y1 + θ⎨a 2 + b3 ⎬
⎩ 2 ⎭.

Calculemos, por exemplo, valendo-nos da última tabela, o valor de y correspondente


a x = 1,2. Nesse caso, h = 1,0 (calcule!), θ = 0,2 (calcule!), y1 = 1159,6, Interpolando
com as quartas diferenças, obtemos:
⎧ ⎡ ⎛ ⎞⎤ ⎫
y = 1159,6 + 0,2 . ⎨−— 197,4 + 0,2 — 1 . ⎢ — 51,4 + ⎜ −
— 17,9 + 0,3 ⎟ ⎬

⎩ 2 ⎣ ⎝ ⎠⎦ ⎭

ou seja, y = 1123,4.

Se tivéssemos executado esse cálculo tendo em conta somente as segundas


diferenças, que variam muito, teríamos obtido y = 1124,1 (faça isto!)

Esta quantidade é menos exata, uma vez que difere do resultado do nosso cálculo
exato nada mais que 0,8. Neste exemplo podemos ver que, quanto mais alto é
a ordem da diferença, tanto menor é sua influência no resultado. Em cada caso
dado não é difícil resolver quais diferenças são suficientes para empregá-las na
interpolação.
109

Exemplo:

ULBRA – Educação a Distância


A tabela 6.3 foi retirada de uma experiência de laboratório que mede o volume de
um gás em função da pressão exercida por um êmbolo sobre o mesmo. Com os
valores apresentados na tabela, interpole alguns valores para o volume do gás e
a pressão sobre o mesmo:

Medidas Volume (ml) Pressão (mm-Hg) a b c d


1 456,3 786,5
2 453,9 792,4
3 448,7 801,6

4 439,1 815,4
5 417,9 862,7
6 408,5 874,2
7 402,4 891,9
8 389,8 913,5

Tabela 6.3 – Dados de uma função aleatória.

6.4 Exercícios
1. Qual o comprimento de uma circunferência que possui um diâmetro de 123,5 mm?
a) 776,0 mm
b) 582,0 mm
c) 388,0 mm
d) 258,6 mm
e) 129,32 mm²

2. Uma esfera tem o comprimento de sua circunferência igual a 245,6 mm.


Determine o volume total desta esfera:
a) 245,6 mm³
b) 5,0 x 105 mm³
c) 2,5 x 105 mm³
d) 6 400 mm²
e) 5,62 x 103 cm³
110

3. A tabela a seguir indica alguns valores encontrados em uma atividade


ULBRA – Educação a Distância

experimental em laboratório. Determine o melhor valor a ser interpolado entre


os terceiro e quarto valor da tabela que corresponda em Y ao valor 50 em X:

Medidas Valor X Valor Y

1 24 128

2 36 147

3 41 166

4 67 219

5 88 252

a) 108
b) 168
c) 170
d) 208
e) 180

4. Qual a fração própria θ para o valor 43 segundos da tabela abaixo?

Medida 1 2 3 4 5 6

Tempo (s) 10 20 30 40 50 60

Posição
88 140 192 239 286 338
(cm)

a) 0,3
b) 0,4
c) 0,5
d) 0,6
e) 0,7
111

5. Segundo a interpolação de Newton, qual o melhor valor mais adequado a

ULBRA – Educação a Distância


ser interpolado para a pressão que corresponda a um volume igual a 445 ml,
utilizando a tabela abaixo, extraída de uma experiência que relaciona o volume
ocupado por um gás dentro de um recipiente em função da pressão exercida
sobre o mesmo? Como sugere a tabela, vá até a segunda diferença.

Medidas Volume (ml) Pressão (mm-Hg) a b

1 456,3 786,5

2 453,9 792,4

3 448,7 801,6

4 439,1 815,4

5 417,9 862,7

6 408,5 874,2

a) 814,9
b) 811,3
c) 805,0
d) 802,6
e) 801,2

Gabarito
1. c; 2. c; 3. e; 4.a; 5. d.
112

6.5 Bibliografia
ULBRA – Educação a Distância

SCHIEL, F. Introdução à Resistência dos Materiais. Harper & Row do Brasil: São Paulo, 1984.
BEER, F.P. & JOHNSTON Jr., E.R. Resistência dos Materiais. McGraw-Hill Ltda: São Paulo,
1982.
MIX MOLAS, Catálogo Geral de Produtos, Mix Molas: molas industriais e artefatos de arame,
São Paulo: 2013. Também encontrado no site http://www.mixmolas.com.br/ acessado em
16/05/2013.
Material de aulas do Professor Moacyr Marranghello, 2013.
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Moacyr Marranghello
INTRODUÇÃO A HIDROSTÁTICA

7.1 Medidas de massa, volume e densidade


Para a experiência que realizaremos nesta atividade vamos precisar do seguinte
material do kit ULBRA-Cidepe:
• Grampo de fixação;
• Haste metálica;
• Haste suporte;
• Dinamômetro*;
• Esfera metálica;
• Seringa graduada;
• Um pedaço de barbante.

* O dinamômetro, também conhecido como balança de


verdureiro, é um instrumento utilizado para medidas de
forças. Como o peso é uma força, podemos medir o peso
de um corpo com o dinamômetro. Ele funciona a partir do
deslocamento de uma mola na qual é afixada uma escala
e pendurado o objeto que queremos pesar. Inicialmente
é importante tarar o instrumento deslocando a escala até
que o zero esteja colocado na posição desejada fixando-
se, então, o parafuso (1) (figura 7.1). Tenha cuidado para
não tencionar em demasia a mola, colocando excesso
de peso na mesma, pois isso acarretaria prejuízo para o Figura 7.1 - Dinamômetro
114

material, deformando a mola e inutilizando o instrumento. Observe que a escala


ULBRA – Educação a Distância

do dinamômetro que utilizaremos é de 2 N. Se você contar os espaços entre um


valor indicado e outro, verá que cada traço menor no nosso dinamômetro indica
o valor de 0,02 N. Conte para ver se você entende a escala do instrumento. Cada
instrumento possui uma escala própria, geralmente indicada pelo valor de fundo
de escala do aparelho. É importante estudá-la antes de iniciar as medidas.

Monte o material como o que aparece na figura 7.2.

Figura 7.2 – Montagem para medir o peso de um objeto

Pendure a esfera metálica no dinamômetro utilizando um pedaço de barbante e


meça o valor do seu peso (N). Considerando que a aceleração gravitacional local
é em torno de 10 m/s² (para quem mora próximo ao nível do mar), cada 1 kg de
massa corresponde a aproximadamente 10 N. Assim podemos escrever que, de
modo geral:

1 kg ≅ 10 N

100 g ≅ 1 N

Transforme o valor do peso que você mediu para a massa correspondente, conforme
as relações acima, e anote o valor encontrado no quadro 7.1.
115

Agora vamos medir o volume de um objeto. O volume de um corpo é medido em

ULBRA – Educação a Distância


centímetros cúbicos (cm³ ou CC) ou mililitro (ml) e seus múltiplos e submúltiplos.
Existe uma relação numérica importante entre essas unidades; a saber:
1 ml = 1 cm³
1 000 ml = 1 litro (l) = 1 dm³
1 m³ = 1 000 l

Para realizar o experimento você precisará


de um recipiente pequeno, de preferência
transparente ou, no máximo, translúcido,
de tal forma que a esfera metálica do Nível
Nível
kit consiga entrar nele (não pegue inicial
inicial
um recipiente muito grande, ou você
não conseguirá observar o desnível
provocado pelo volume da esfera). Antes
de fazer a medida experimente para ver
se a esfera consegue entrar no recipiente. Figura 7.3.a Figura 7.3.b
Figura 7.3.a Figura 7.3.b
Coloque uma determinada quantidade
de água dentro do recipiente, sem, no entanto, enchê-lo completamente, como
indica a figura 7.3.a. Faça uma marca no nível que se encontra a água dentro do
recipiente (utilize um pedaço de fita adesiva, ou uma caneta de ponta fina, ou
algo que seja visível, mas não muito grosso, para evitar erros grosseiros). Depois
de fazer a marca, mergulhe a esfera metálica dentro d’água, de tal forma que ela
fique totalmente submersa pela água dentro do recipiente. Complete a figura 7.3.b
e responda as seguintes perguntas:
9 O que ocorreu com o líquido de dentro do recipiente?
9 Por que isto aconteceu?

Com a seringa graduada do kit ULBRA-Cidepe, com cuidado,


retire a quantidade de água que subiu dentro do recipiente,
fazendo com que a água retorne ao nível que você marcou quando
não havia objeto dentro do mesmo (figura 7.4). Leia o valor da
quantidade de água dentro da seringa. Este valor corresponde ao
volume da esfera metálica colocada dentro do recipiente. Anote
o valor do volume no quadro 7.1.

Figura 7.4
Volume da esfera
116
ULBRA – Educação a Distância

Massa (g) Volume (cm3) Massa/Volume (g/cm3)

Esfera metálica

Quadro 7.1 – Medida da densidade de uma esfera metálica

Determine, na quarta coluna do quadro 7.1, a relação matemática entre as medidas


encontradas, como é sugerido.

Esta relação entre a massa e o volume de um determinado objeto, seja ele sólido,
líquido ou gasoso, damos o nome de MASSA VOLUMÉTRICA ou MASSA
ESPECÍFICA da substância. Para simbolizar a massa específica de uma substância
utilizaremos uma letra grega, o mü (μ). Assim, matematicamente, podemos escrever
que a densidade ou a massa específica de alguma coisa pode ser determinada pela
equação 7.1:

m
μ=
V
Equação 7.1 – massa específica de um objeto

TESTE: Vamos ver se você aprendeu.

Utilizando a equação 7.1, resolva as seguintes questões:


9 Qual seria o volume do seu objeto se ele tivesse uma massa de 465 g?
9 Qual seria a massa de um objeto, feito do mesmo material que o utilizado na
experiência, que tivesse 350 ml de volume?
9 O que pesa mais: 1 kg de chumbo ou 1 kg de isopor?
9 O que tem mais volume: 1 kg de chumbo ou 1 kg de isopor?

Em nossas atividades estamos estudando a massa específica dos corpos. Apesar


de massa e peso serem grandezas completamente diferentes no que diz respeito
aos seus conceitos físicos, elas estão diretamente, e numericamente, relacionadas,
como já vimos anteriormente. Em consequência, é natural que exista também uma
grandeza que esteja relacionada com a massa específica. Esta grandeza é o PESO
ESPECÍFICO, simbolizado por outra letra grega, o rô (ρ). Definimos como peso
específico de uma substância a razão entre o seu peso e o seu volume, como indica a
equação 7.2:

P
ρ=
V
Equação 7.2 – peso específico de um objeto
117

Alguns autores costumam denominar a massa específica de densidade (d). Outros

ULBRA – Educação a Distância


preferem chamar de densidade a massa específica relativa. A massa específica relativa é
o valor da massa específica de uma substância tomada em relação à massa específica
de outra substância atribuída como referencial. Por exemplo, normalmente a água
é uma boa substância de referência (devido a abundância desta substância em
nosso planeta). Como a massa específica da água mede 1000 kg/m3 (1 g/cm³) e
a do mercúrio metálico mede 13 600 kg/m3, dizemos que a densidade (ou massa
específica relativa) do mercúrio mede:
μHg 13 600 kg/m3
d= = = 13,6
μágua 1 000kg/m3

Assim mesmo, sem unidades! Isto significa que, ao dizermos que a densidade
do mercúrio mede 13,6, ele é 13,6 vezes mais denso que a água, isto é, que sua
massa específica é 13,6 vezes maior que a massa específica da água. A densidade
independe da unidade em que estivermos trabalhando.

TESTE: Vamos ver se você aprendeu.

Ao lado aparece o desenho de uma


bolinha mergulhada dentro de uma
proveta que contém um líquido qualquer,
em três posições diferentes: A, B e C
(figura 7.5). Com o que você aprendeu
até agora, onde a bolinha mergulhada
desloca mais líquido: na parte mais alta
da proveta (posição A), no meio (posição A B C
B) ou na parte inferior do recipiente Figura 7.5
7.5
Figura
(posição C)?

7.2 Experiência 2 para massa específica


Vamos propor agora uma experiência simples como a anterior. Para que ela seja
feita corretamente, você precisará de algumas pedrinhas pequenas. Consiga seis
(6) pedrinhas pequenas, todas do mesmo material. Pendure-as, uma a uma, no
dinamômetro para verificar o peso de cada uma e calcule suas massas segundo
as relações já estabelecidas anteriormente. Coloque os resultados encontrados no
quadro 7.2.
118

Cuidado: para não pegar pedras muito grandes, pois, como nosso dinamômetro
ULBRA – Educação a Distância

tem um limite de 2 N, qualquer valor acima disto poderá distender em demasia a


mola do mesmo e danificá-lo permanentemente.

Meça agora, da mesma forma como fizemos antes, o volume de cada uma
das pedrinhas que você selecionou e coloque o valor no quadro 7.2, no local
indicado.

Calcule na quarta coluna do quadro o valor da massa específica de cada objeto.

Massa (g) Volume (cm3) Massa/Volume (g/cm3)

Pedra 01

Pedra 02

Pedra 03

Pedra 04

Pedra 05

Pedra 06

Quadro 7.2 – Medida da massa específica de uma pedra

Se você fez cuidadosamente o experimento e escolheu pedrinhas do mesmo


material, os valores calculados para a massa específica de todas as pedras não
deve ter variado muito. Podemos dizer que esses valores são aproximadamente
constantes. Sendo assim, podemos calcular um valor médio para os valores
encontrados, que corresponderá ao valor provável da massa específica do material
destas pedras. Indique o seu resultado no espaço a seguir:

μpedra = …………………………..

TESTE: Vamos ver se você aprendeu.

Considerando uma pedra do mesmo material da pedra que você usou na


experiência, responda as duas questões que seguem:
D Qual seria a massa desta pedra se ela tivesse um volume de 2 548 l?
D Determine o volume de uma pedra com massa de 1,5 kg.
119

7.3 Flutuabilidade dos corpos

ULBRA – Educação a Distância


Agora que você já sabe o que é a massa específica de um objeto, vamos propor uma
experiência muito simples, que possivelmente você já fez em casa ou em algum
outro lugar. A diferença é que quando fazemos alguma coisa automaticamente
não nos damos conta de todo o processo científico que pode estar escondido por
trás do mesmo. O que importa nessa atividade são as discussões que faremos e as
conclusões a que chegaremos a partir das perguntas feitas no texto.
Para isto é necessário que você tenha em mãos:
• Um pedaço pequeno de isopor;
• Um pedaço pequeno de madeira;
• Uma pedrinha;
• Uma esfera metálica (ou uma bolinha de gude);
• Um copo com água.

Procedimento:
D Coloque o pedaço de isopor em um copo com água. Observe e anote o que
acontece.
D Coloque o pedaço de madeira dentro do copo d’água. Observe e anote o que
acontece.
D Coloque a pedrinha dentro do copo d’água. Observe e anote o que acontece.
D Coloque a esfera de metal (ou a bolinha de gude) dentro do copo d’água.
Observe e anote o que acontece.
Tente explicar fisicamente o que aconteceu. Por quê? Justifique sua resposta.

Esse fenômeno é conhecido na Física como FLUTUABILIDADE DOS CORPOS.


Será que somente os corpos sólidos, quando colocados em líquidos, é que possuem
essa propriedade? Por exemplo, quando misturamos água e azeite, o que acontece?
Quem fica em cima? Por quê?

Segundo o que vimos até agora, podemos afirmar que:

Corpos menos densos tendem a flutuar em líquidos mais densos, ou corpos mais
densos tendem a afundar em líquidos menos densos.

Para tentar explicar fisicamente este processo, precisamos fazer uma análise vetorial
das forças que estão atuando do processo. Para isto vamos representar as forças
que aparecem nas situações propostas através de “segmentos de retas orientadas”
(→). Para que um corpo esteja em repouso é necessário que o somatório vetorial
das forças que atuam sobre o mesmo seja igual a zero, conforme equação 7.3:
120
ULBRA – Educação a Distância

Equação 7.3 – Força resultante igual a zero – objeto em repouso

Na figura 7.6 podemos notar que existem duas forças na direção vertical que
atuam no pedaço de isopor. A força que aponta para baixo é o peso do corpo, e é
numericamente igual a força de sustentação do fluido que não permite que o pedaço
de isopor afunde. Da mesma forma, no pedaço de madeira, também existem duas
forças, uma para baixo, isto é, o peso do objeto, e outra, numericamente igual, para
cima, que, da mesma forma que no pedaço de isopor, não permite que o pedaço
de madeira afunde.

Isopor
Isopor
Madeira
Madeira

Pedra
Pedra
Esfera metálica
Esfera metálica

Figura 7.6 – Estudo de forças

Nos outros dois objetos existem três forças atuando, todas na direção vertical.
Tanto na pedra como na esfera metálica a força com sentido para baixo está
representando o peso de cada objeto. As duas forças que apontam para cima são:
a força que o fluido exerce sobre os objetos nele mergulhado (seta menor – depois
discutiremos por que!); e a força de contato entre o objeto e o fundo do recipiente,
exercida pelo fundo do recipiente, denominada força normal (mais tarde falaremos
bastante desta força).

Por agora estaremos interessados na força que mantém o pedaço de isopor e o


pedaço de madeira flutuando, e que também aparece na pedra e na esfera metálica.
Esta força é conhecida na Física com o nome de EMPUXO. Essa força é realizada
por um fluido em direção vertical e com sentido de baixo para cima. Assim,
121

quando um pedaço de isopor ou de madeira flutua em um líquido, duas forças,

ULBRA – Educação a Distância


o peso e o empuxo, se equilibram, mantendo o objeto em repouso na superfície
do líquido (somatório vetorial das forças que atuam em um objeto deve ser zero
— equação 7.3). Nestas mesmas condições, vimos que a esfera de metal e a pedra,
quando mergulhadas nesse mesmo líquido, também recebem a ação dessas duas
forças, sendo que uma é maior que a outra (como estes corpos também estão em
repouso, o somatório vetorial das forças que atuam sobre eles também deve ser
zero — equação 7.3). Vamos então realizar um experimento para tentar entender
melhor como esta força atua nos objetos.

7.4 Determinação do Empuxo


A experiência que passaremos a realizar agora tem como objetivo principal
determinar os principais aspectos que podem influenciar na força de empuxo e
explicar quais as utilidades dessa força dentro do estudo da Física.

Material necessário do kit ULBRA-Cidepe:


• Grampo de fixação;
• Haste metálica;
• Haste suporte;
• Dinamômetro;
• Seringa graduada;
• Um “empuxômetro”;
• Um copo de aproximadamente 300 ml;
• Água;
• Álcool.

7.4.1 Primeira parte do experimento:


O “empuxômetro” é formado por um recipiente preto de nylon e um cilindro
branco também de nylon. A função desse aparelho é facilitar a visualização do
fenômeno denominado Empuxo. Note que o cilindro interno entra perfeitamente
no recipiente, sugerindo, com isso, que o volume externo do cilindro é exatamente
igual ao volume interno do recipiente.
122

Cuidado: não é aconselhável introduzir o cilindro de nylon no recipiente, ele pode


ULBRA – Educação a Distância

trancar e inutilizar o equipamento.

Monte o material como indica a figura 7.7. Inicialmente


verifique o peso do conjunto, pendurando-o no
dinamômetro. Anote o resultado no quadro 7.3 na
segunda e terceira linhas da segunda coluna, como sendo
“peso do corpo”. Este valor servirá tanto para a água como
para o álcool.

Vamos começar determinando o Empuxo que a água


exerce sobre o corpo. Introduza o cilindro dentro d’água,
como indica a figura 7.7, com o conjunto ainda no
dinamômetro para medir o peso do corpo dentro d’água.
Tome cuidado para que o cilindro fique completamente
mergulhado. Leia o valor indicado no dinamômetro
e anote o resultado no quadro 7.3, na segunda linha e
terceira coluna que indica “peso aparente”. Observe para
que apenas o cilindro fique dentro d’água.

Sabendo que o volume interno do recipiente é igual


Figura 7.7 –– Experiência
Figura 7.7 Experiênciaao volume externo do cilindro, mantendo o cilindro
para determinação
determinaçãodo do
Empuxo
Empuxo mergulhado no líquido, encha o recipiente preto com
água, que é o líquido que estamos usando. Faça a leitura
do dinamômetro e coloque o resultado na segunda linha e
quarta coluna do quadro 7.3, indicada por “peso aparente + peso do líquido → Pap + Plíq”.

A diferença entre o resultado encontrado na quarta coluna, isto é, “peso aparente +


peso do líquido”, e o resultado encontrado na terceira coluna, isto é, “peso aparente”, é o
“peso do líquido”. Você consegue explicar por quê? Faça esta conta. Como dois corpos
não podem ao mesmo tempo ocupar o mesmo lugar no espaço (Arquimedes), e
visto que, para que o cilindro de nylon consiga penetrar no líquido, este deve ter
sido deslocado, o “peso do líquido” que estamos lendo, na realidade, é o peso do
líquido que foi deslocado pelo cilindro. Anote esse resultado na segunda linha e
quinta coluna do quadro 7.3, indicado por “peso do líquido deslocado → Pliq des”.

A diferença entre o peso do corpo (1ª coluna) e o peso aparente (2ª coluna) é o
Empuxo que o líquido faz sobre o corpo. Faça esta conta: peso do corpo – peso
aparente. Anote o resultado da conta na segunda linha e sexta coluna da tabela
do quadro 7.3, indicado por “Empuxo → E”. Compare o resultado que você
encontrou na 4ª coluna (peso do líquido deslocado) com o encontrado na 5ª coluna
(Empuxo).
123

ULBRA – Educação a Distância


Peso do corpo Peso aparente Pap + Pliq Pliq deslocado Empuxo

Água

Álcool

Quadro 7.3 – Determinação do empuxo exercido pela água e pelo álcool sobre um corpo.

Repita o procedimento anterior, exatamente como foi feito, utilizando agora o álcool
como líquido hidrostático. Anote os resultados que você encontrou nos lugares
indicados, na terceira linha do quadro 7.3.

Obs.: A água tem densidade absoluta de 1 000 kg/l (1 g/ml) enquanto o álcool tem densidade
aproximadamente igual a 800 kg/l (0,8 g/ml).

7.4.2 Conclusão do experimento


Segundo o que vimos no experimento, podemos chegar à conclusão que o Empuxo
exercido por um líquido em um objeto mergulhado nele corresponde ao peso do
líquido que este corpo consegue deslocar.

Podemos estender nossa conclusão para explicar o que acontece com o pedaço
de isopor e o pedaço de madeira na figura 7.6. Note que estes objetos não estão
completamente mergulhados no líquido e, mesmo assim, há uma força de Empuxo
que equilibra o peso dos corpos, fazendo-os flutuar no líquido. Isto acontece porque
mesmo que o peso do corpo seja muito pequeno, como é o caso do isopor, ele irá
deslocar um pouco do líquido onde ele foi colocado, isto é, a parte do corpo que está
mergulhado no líquido. O Empuxo corresponderá apenas ao peso desta pequena
quantidade de líquido que foi deslocada pelo corpo.

A partir destas afirmações, podemos obter a equação 7.4 da seguinte forma:

P=m.g

Então:

E = Plíquido deslocado = mlíquido deslocado . g

Segundo a equação 7.1:


m
μ=
V ∴m=μ.V
124

Finalmente:
ULBRA – Educação a Distância

E = μlíquido deslocado . Vlíquido deslocado . g


Equação 7.4 – Equação para determinação do Empuxo exercido por um fluido sobre um corpo

DESAFIO: Consolidando os conhecimentos.

Esta parte da atividade é opcional. Você precisará adquirir um pouco de glicerina


(aproximadamente 500 ml, caso você esteja usando um copo de 300 ml) em uma
farmácia. Caso você não queira, ou não consiga comprar a glicerina, isto não
prejudicará seu curso. Se você tiver oportunidade de fazê-lo, enriquecerá mais os
seus conhecimentos.

7.4.3 Experimento opcional


Utilizando as conclusões que chegamos anteriormente, vamos determinar a massa
específica da glicerina.

O material que vamos utilizar está descrito a seguir:


• Grampo de fixação;
• Haste metálica;
• Haste suporte;
• Dinamômetro;
• Seringa graduada;
• Um “empuxômetro”;
• Uma esfera de metal;
• Um copo de aproximadamente 300 ml;
• Um pedaço de barbante;
• 500 ml de glicerina.

Inicialmente, com auxílio do barbante, pese, no


dinamômetro, a esfera de metal, como indica a figura Figura
Figura7.8
7.8– –
Montagem
Montagempara
7.8. Anote o resultado no espaço abaixo como “peso do medir
paraa medir
massaaespecífica
massa da
específica da glicerina
glicerina
corpo – Pcorpo”.

Pcorpo = ..............................
125

Como já conhecemos o volume desta esfera de metal (quadro 7.1), e considerando

ULBRA – Educação a Distância


que a mesma será mergulhada na glicerina, o volume de líquido deslocado pela
esfera, será igual ao volume da esfera. Sendo assim, transfira o valor do volume
da esfera metálica, terceira coluna do quadro 7.1, para o espaço que segue, com
“Volume de líquido deslocado – Vliq desl”.

Vliq desl = ..............................

Pese novamente a esfera metálica, porém agora


completamente mergulhada na glicerina, como indica
a figura 7.9. Cuidado para mergulhar somente a esfera,
mas cuidado também para que toda a esfera esteja
mergulhada. Esse resultado é o peso aparente do corpo
dentro do líquido. Anote o resultado no espaço que segue
como “Peso aparente – Paparente”.

Paparente = ..............................

Equacionamento e cálculos:

E = Pcorpo - Paparente

E = Plíq desl

Plíq desl = μlíq . g . Vlíq desl


Figura
Figura 7.9
7.9 ––Peso
Pesoaparente
aparente
da
da esfera
esferametálica
metálica

Logo podemos afirmar que:

Pcorpo − Paparente
μ líq =
Vlíq.desl. × g

Assim, no nosso caso, a densidade da glicerina vale:

μglicerina = ................................
126

TESTE: Vamos ver se você aprendeu.


ULBRA – Educação a Distância

Baseado nas discussões dos itens anteriores, diga em qual


A
das três posições, A, B ou C, a esfera da figura 7.10, consegue
deslocar maior volume de líquido.

B Considerando ainda a figura 7.10, e as discussões feitas


até agora, em qual das três posições, A, B ou C, o Empuxo
oferecido pelo líquido sobre a esfera é maior?
C
Figura 7.10
Figura 7.10

7.5 Leitura complementar


Um dos princípios de maior número de aplicações práticas dentro da hidrostática
é o PRINCÍPIO DE ARQUIMEDES. Através dele podemos explicar por que
um navio flutua, por que um submarino afunda ou por que um bloco de isopor
boia, ao passo que um bloco de ferro do mesmo tamanho afunda na água.

ARQUIMEDES (287 a.C. - 212 a.C.) nasceu em Siracusa, Sicília. É considerado


o precursor do método experimental nas ciências exatas. Dedicou-se com igual
empenho à descoberta de verdades físicas e à procura de utilidades práticas
para suas descobertas. Neste sentido, estudou o equilíbrio dos corpos sólidos,
o funcionamento da alavanca e o movimento dos corpos celestes, inventou a
balança hidrostática, a rosca-sem-fim, que utilizava para a elevação de água e
outras máquinas.

Conta-se que Arquimedes descobriu o seu famoso princípio quando foi


encarregado, pelo Rei de Siracusa, de resolver um problema que surgiu na
corte. O Rei Hierão entregara a seu ourives um certo peso em ouro para fazer
uma coroa. Quando o ourives entregou a encomenda, com peso igual ao do
ouro que o rei lhe fornecer, suspeitou-se que ele havia substituído uma porção
desse outro por outro material. Desconfiado, Hierão encarregou Arquimedes
de investigar o fato.

Um dia, ao tomar banho em uma banheira, Arquimedes observou que suas


pernas se tornavam mais “leves” dentro da água. Teve, nesse momento, uma
ideia luminosa. Contentíssimo, saiu correndo nu pelas ruas de Siracusa, gritando
a palavra grega que se tornou famosa: EUREKA! EUREKA! (Achei! Achei!).

Arquimedes tinha descoberto um meio seguro de saber se o rei fora enganado.


Inicialmente, tomou um lingote de ouro puro, com o mesmo peso da coroa, e
127

pesou-o dentro de água. Depois fez o mesmo com a coroa. Verificou então que,

ULBRA – Educação a Distância


dentro da água, a coroa pesava menos do que o lingote.

A conclusão era fácil: se a coroa pesava menos que o lingote, era porque
recebia maior empuxo do que o lingote. Como o empuxo depende do volume
de líquido que o corpo consegue deslocar, logo, se estiver mergulhado, será
igual ao volume do corpo, a coroa devia ter maior volume, sendo, portanto,
de menor massa específica.

Com isso Arquimedes pode provar que a coroa não era de ouro puro, outros
materiais mais “leves”, ou de menor densidade, tinham entrado na liga.
Portanto, o rei havia sido enganado.

DESAFIO:

“Tente repetir esta experiência usando uma das molas do kit no lugar do
dinamômetro e uma das pedrinhas que você utilizou na experiência 7.2, a fim
de encontrar uma maneira de determinar a densidade do óleo de soja (um
líquido de fácil acesso). Seja criativo e lembre-se do que você já aprendeu
sobre empuxo.”

μóleo de soja = …………………………

7.6 Exercícios
1. Uma chapa de cobre de 2 m2 é utilizada em um coletor plano de energia solar.
Ela é pintada com uma tinta preta cuja massa especifica após a secagem é de
1,7 g/cm3. A espessura da camada de tinta é da ordem de 5 μm. Qual a massa
de tinta seca existente sobre a chapa?

a) 17 g

b) 25 g

c) 34 g

d) 58 g

e) 129 g
128

2. Misturam-se dois líquidos A e B. O líquido A possui volume de 120 cm3 e


ULBRA – Educação a Distância

densidade 0,78 g/cm3. O líquido B possui volume de 200 cm3 e densidade 0,56
g/cm3. Qual é a densidade da mistura?

a) 1,34 g/cm³

b) 1,005 g/cm³

c) 0,67 g/cm³

d) 0,6425 g/cm³

e) 0,22 g/cm³

3. Existem duas soluções de um mesmo sal. A massa especifica da primeira é 1,7


g/cm3, e a da segunda, 1,2 g/cm3. Determine quantos litros devemos utilizar de
cada uma das soluções para fazer 1,0 l de uma solução de massa especifica de
1,4 g/cm3?

a) V1 = 0,6 l e V2 = 0,4 l

b) V1 = 0,4 l e V2 = 0,6 l

c) V1 = 0,5 l e V2 = 0,5 l

d) V1 = 0,2 l e V2 = 0,8 l

e) V1 = 0,8 l e V2 = 0,2 l

4. Um cubo de gelo foi formado solidificando completamente 57,6 g de H2O.


Qual a medida da aresta do cubo, sendo a densidade do gelo 0,90 g/cm3?

a) 1 cm

b) 2 cm

c) 3 cm

d) 4 cm

e) 5 cm
129

5. Um recipiente cheio de álcool (de massa específica de 0,80 g/cm3) apresenta

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massa de 30 g e, completamente cheio de água (1,0 g/cm3), tem massa de 35 g.
A capacidade do recipiente é, em cm3?

a) 5 cm³

b) 10 cm³

c) 15 cm³

d) 20 cm³

e) 25 cm³

Gabarito

1. a; 2. d; 3. b; 4. d; 5. e.

7.7 Bibliografia
JEWETT Jr., J.W. & SERWAY, R.A. Física para cientistas e engenheiros. Volume 1, tradução da
8ª edição norte americana. Cengage Learning: São Paulo, 2011.
HALLIDAY, RESNICK, WALKER. Fundamentos de Física. Volume 1, 7ª edição. LTC: Rio de
Janeiro, 2006.
SEARS & ZEMANSKY e YOUG & FREEDMAN. Física – Mecânica. Volume 1, 12ª edição.
Pearson – Addison Wesley: São Paulo, 2009.
KNIGHT, R.D. Física uma abordagem estratégica. Volume 1, 2ª edição. Bookman: Porto Alegre,
2009.
Material de aulas do Professor Moacyr Marranghello, 2013.
ULBRA – Educação a Distância

130
8
Moacyr Marranghello
ESTUDO DA PRESSÃO

8.1 Introdução
No estudo da mecânica é conveniente classificar os corpos em sólidos e fluidos. Um
corpo é fluido quando pode fluir. Portanto, o termo fluido compreende líquidos
e gases. Pelo fato dos corpos sólidos possuírem tamanho e forma definidos, a
mecânica dos sólidos é a mecânica dos corpos rígidos, modificada pelas leis
da elasticidade para os corpos que não podem ser considerados perfeitamente
rígidos. Os fluidos, no entanto, não podem ser estudados dessa maneira, já que
sua forma se altera com facilidade. Evidentemente, há diferenças marcantes entre
gases e líquidos: os primeiros são facilmente compressíveis; os gases se expandem,
preenchendo completamente o vaso que os contém enquanto que os líquidos têm
volume definido. Não obstante, ao se discutir o comportamento mecânico dos
fluidos, utilizam-se somente as propriedades dos líquidos e gases que se relacionem
com sua capacidade de fluir. Assim sendo, as mesmas leis fundamentais controlam
o comportamento dinâmico e estático dos líquidos e dos gases.

A maneira das forças atuarem sobre sólidos difere daquela pela qual elas atuam
sobre fluidos. Num sólido, uma força pode ser aplicada num único ponto do corpo,
o qual reage à ação desta força. Os fluidos em equilíbrio só sofrem e reagem à ação
de forças através de superfícies. Além disso, nos fluidos em repouso, as direções
das forças que atuam sobre estes são normais (chamamos de força normal qualquer
força que atue perpendicularmente, ⇒ ⊥) em relação às superfícies através das quais
a ação se transmite. Tendo em vista que um fluido em repouso não reage à ação
de forças tangenciais, uma camada do fluido que receber tal ação simplesmente
deslizará sobre outra. É mais conveniente descrever as forças que agem sobre
132

fluidos por meio da pressão (p) que se define como a intensidade da força normal
ULBRA – Educação a Distância

por unidade de área, como é mostrado na equação 8.1:


F
p=
A
Equação 8.1 – Pressão exercida por uma força sobre uma área

Um fluido contido em um vaso exerce forças contra as paredes do mesmo e,


portanto, de acordo com a terceira lei de Newton (Princípio da Ação e Reação:
“Para cada força de ação há sempre uma força de reação de mesma intensidade com sentido
contrário, aplicadas sobre corpos diferentes.”), a parede exerce forças sobre o líquido,
diretamente oposta às primeiras. É fato conhecido que a pressão atmosférica
(pressão exercida pelo “peso” do ar) decresce com o aumento de altitude, e que a
pressão, em um lago ou oceano, aumenta à proporção que a profundidade aumenta
(pressão exercida pelo “peso” da água). Podemos pensar que quanto maior for a
quantidade de ar ou de água que está sobre nossa cabeça, maior será o peso (força)
do ar ou da água, acarretando, assim, uma pressão maior (equação 8.1). Lembrando-
se das relações matemáticas do capítulo anterior, fica fácil deduzir uma nova
expressão matemática para pressão, equação 8.5, como é mostrada a seguir:

F=P ∴ P=m.g
Equação 8.2

m
μ= ∴ m=μ.V
p
Equação 8.3

V = Abase . h ∴ V
A=
h
Equação 8.4

Substituindo as equações 8.2, 8.3 e 8.4 na equação 8.1, temos:

p=
F ∴ P ∴ p=
m⋅g ∴ p = m⋅g ∴ p=
m⋅g⋅h ∴ p=
m
⋅g⋅h ∴
p= V V
A A A V
h

p=μ.g.h
Equação 8.5 – Pressão hidrostática

Onde:
p = pressão
μ = densidade do fluido
g = aceleração gravitacional
h = altura da coluna do fluido
133

8.2 Pressão atmosférica

ULBRA – Educação a Distância


EVANGELISTA TORRICELLI (1 608 – 1 647),
figura 8.1, estabeleceu um método de medição
da pressão atmosférica pela sua invenção, o
barômetro de mercúrio, em 1 643. Torricelli
sucedeu Galileu Galilei como professor de
matemática na Academia de Florença. Suas
experiências com o barômetro de mercúrio foram
descritas por ele em duas cartas ao seu amigo
M. A. Ricci, em Roma, em 1 644. Nelas declarava
que a finalidade de sua pesquisa era não apenas
produzir vácuo, mas construir um aparelho
capaz de mostrar as variações do ar, ora mais
denso ora menos denso. Tendo conhecimento Figura 8.1 – Evangelista Torricelli
Fonte: Wikimedia Commons,
da experiência italiana, BLAISE PASCAL, na um acervo de conteúdo livre
França, raciocinou que se uma coluna de mercúrio da Wikimedia Foundation.

fosse sustentada apenas pela pressão do ar, seu


comprimento deveria ser menor a altitudes maiores. Ele experimentou numa das
torres da igreja de Paris, porém, desejando resultados mais significativos, escreveu
a seu cunhado, pedindo-lhe que realizasse ensaios em Puy de Dôme, na montanha
de Puy de Sancy (1 460 m acima do nível do mar) na região de Auvergne, na parte
central da França. Ao realizar a experiência ele constatou uma diferença de 7,5 cm
no comprimento da coluna de mercúrio, o que “nos encheu de grande admiração e
espanto”. O próprio Pascal repetiu a experiência utilizando vinho tinto e um tubo
de vidro de 14 metros de comprimento.

O principal significado dessas experiências, na época, foi o de terem trazido o


conhecimento de que se poderia criar o vácuo. Aristóteles acreditava que o vácuo
não podia existir, e mesmo Descartes, posteriormente, abraçara essa ideia. Por dois
mil anos os filósofos haviam falado do “horror” que a natureza tinha por espaços
vazios — o “HORROR VACUI”. Por causa desse horror acreditava-se que a natureza
evitava a formação de vácuo utilizando-se de qualquer coisa que estivesse nas
proximidades e, com ela, preenchendo qualquer espaço que se quisesse esvaziar.
Portanto, o mercúrio ou o vinho deveriam encher o tubo invertido, porque a natureza
tinha “horror ao vácuo”. As experiências de Torricelli e Pascal mostraram que havia
limitações à “habilidade” da natureza em evitar o vácuo. Criou-se sensação na época.
A ideia de produzir vácuo tornou-se realidade mais prática com o desenvolvimento
de bombas de sucção, por Otto Von Guericke, na Alemanha, por volta de 1 650, e por
Robert Boyle, na Inglaterra, em 1 660. Embora essas bombas fossem relativamente
134

rústicas, constituíram uma primeira ferramenta para experimentação. Com uma


ULBRA – Educação a Distância

dessas bombas e um recipiente de vidro obtinha-se um espaço experimental em que


se podia estudar como as propriedades do calor, luz, som e, mais tarde, eletricidade
e magnetismo, são afetadas por atmosferas cada vez mais rarefeitas. Embora, mesmo
hoje, não se possa remover completamente todo o gás de um recipiente fechado, os
pesquisadores do século XVII libertaram a ciência do “horror vacui” e concentraram
esforços no sentido de criar sistemas de alto vácuo.

Caso quiséssemos tentar repetir a experiência feita primeiramente por Torricelli, em


1 643, necessitaríamos de um tubo de vidro de aproximadamente 1 cm de diâmetro
interno (∅) e 1 metro de comprimento, mercúrio metálico líquido (Hg – μ = 13,59
g/ml) e um recipiente de bordas baixas.

Cuidado: Esta experiência não é recomendada, pois devemos trabalhar com mercúrio
metálico líquido, que é um produto altamente cancerígeno e perigoso. Vamos apenas
descrevê-la para fazer uma análise dos resultados que encontraríamos.

A experiência consistiria no seguinte: Coloque um pouco de mercúrio líquido no


recipiente de bordas baixas. Pegue o tubo de vidro fechado na extremidade A e
aberto na outra extremidade, B. Encha completamente o tubo com mercúrio. Tampe
a extremidade aberta do tubo de vidro e gire-o de tal forma que esta extremidade
tampada fique emborcada no recipiente de bordas baixas. Somente quando a boca
do tubo estiver mergulhada no líquido, destampe-o. Observe a figura 8.2.

Tubo de vidro
Tubo
com 1de
mvidro
de
com 1 m de Altura (h) da
comprimento Altura (h) da
comprimento coluna de mercúrio
e ∅ 1 cm coluna de
dentro do tubo
e ∅ 1 cm mercúrio dentro
do tubo

Figura 8.2 - Experiência de Torricelli


135

Quando destapamos a extremidade aberta do tubo, dentro do mercúrio, o

ULBRA – Educação a Distância


líquido que está dentro do tubo (no caso mercúrio também) desce até equilibrar a
determinada altura h, como mostra a figura 8.2. Você poderia estar se perguntando:
Por que ele não desce todo? Vamos investigar.
Certamente você já ouviu falar do nível que os pedreiros costumam usar nas
construções. Este nível nada mais é do que um pedaço de mangueira, aberta em
ambas as extremidades, com certa quantidade de água dentro. Quando a mangueira
é colocada na vertical, pendurada por ambas as extremidades, os níveis da água,
nas duas extremidades, ficam exatamente na horizontal, observe a figura 8.3. Isto
acontece, pois a pressão exercida pelo ar (pressão atmosférica) é igual sobre a água
nos dois lados da mangueira.
Pressão Pressão
exercida pelo exercida pelo
ar no lado 1 ar no lado 2

Figura 8.3 – Nível de pedreiro utilizando uma mangueira de borracha

Vamos fazer uma comparação entre a experiência realizada por Torricelli, em 1643,
com o nível usado pelos pedreiros. As figuras 8.4 e 8.5 representam, respectivamente,
a parte inferior e superior da experiência de Torricelli, mostrada na figura 8.1.

Pressão exercida pelo


Pressãoarexercida
na superfície
pelo do
ar Vácuo
Vácuo
na superfícierecipiente
do recipiente Pressão exercida pela
coluna
Pressão de mercúrio
exercida pela coluna
dentro do
de mercúrio tubo do tubo
dentro Nível superior da
Nível Nível superior
coluna de mercúrio
Nível de
de dadentro
colunado
detubo
referência
referência mercúrio dentro
do tubo

Figura 8.4 – Explicando Figura 8.5 – Explicando a


a experiência de Torricelli experiência de Torricelli

¾ Tomando como referência o nível na superfície do recipiente, e lembrando-se


do nível dos pedreiros, é de se supor que as pressões no mesmo nível sejam
iguais (figura 8.4).
136

¾ Ao emborcar o tubo de vidro cheio de mercúrio dentro do recipiente, também


ULBRA – Educação a Distância

com mercúrio e, posteriormente, destampá-lo, nada poderia entrar no tubo,


assim, também é de se supor que na parte superior do tubo haja vácuo, isto é,
nada (figura 8.5).
¾ Lembra que o tubo estava completamente cheio de mercúrio? Pois, ao
emborcarmos o tubo no recipiente, o mercúrio de dentro do tubo escoou.
Mas, como a coluna de mercúrio parou de descer em determinada altura,
podemos afirmar que a pressão exercida por aquela coluna de mercúrio que
restou dentro do tubo está suportando a pressão que o ar exerce na superfície
do recipiente.

Com este raciocínio, Torricelli conseguiu provar que o ar exerce pressão sobre
as coisas e, ao mesmo tempo, mostrou que é possível criar ambientes com nada
dentro, isto é, vácuo.

Se repetíssemos a experiência de Torricelli ao nível do mar, em condições normais de


pressão, temperatura e umidade relativa do ar, verificaríamos que a altura da coluna
de mercúrio seria de 760 mm. Em consequência, podemos afirmar que a pressão
atmosférica, nestas condições, equivale a uma coluna de 760 mm-Hg (milímetros
de mercúrio). Esta também foi a primeira unidade de medida escolhida para a
grandeza “pressão atmosférica” ⇒ 1 pressão atmosférica = 1 atm = 760 mm-Hg.

Outro fato interessante é que, ao inclinarmos o tubo de vidro dentro do recipiente,


ou se alterarmos a espessura do vidro, tornando-o mais grosso ou mais fino, a
altura da coluna dentro do tubo continua a mesma. Observe as figuras 8.6. Isto
pode ser facilmente explicado lembrando-se da equação 8.6. Nela a pressão está
relacionada diretamente com três grandezas físicas capazes de alterá-la, ou seja:
massa específica do líquido que está sendo utilizado (μ), aceleração gravitacional
local (g) e, altura da coluna de líquido dentro do tubo (h).

Altura (h) da coluna


Altura (h) da coluna
de mercúrio dentro
do tubo dentro
de mercúrio não altera
do
tubo não altera

Figura 8.6 – Nível da coluna de mercúrio na experiência de Torricelli com tubos


de diversas espessuras e inclinações
137

TESTE: Vamos ver se você aprendeu.

ULBRA – Educação a Distância


Pensando no que foi trabalhado até agora, responda as questões que seguem:
9 Se utilizássemos um tubo muito mais comprido, com aproximadamente 2
m de altura, para fazer a nossa experiência, qual seria a altura da coluna de
mercúrio dentro desse tubo?
9 Qual seria a altura da coluna de mercúrio dentro de um tubo muito mais grosso
do que o que foi usado na experiência?
9 Se no mesmo tubo, de 1 m de comprimento, tivéssemos utilizado água ao invés
de mercúrio, o que aconteceria com a coluna de líquido dentro do tubo?
9 Qual deveria ser a altura da coluna de água para conseguir equilibrar os mesmos
760 mm que o mercúrio (Hg) conseguiu equilibrar? (Para responder a esta
pergunta lembre-se da equação 8.5 e que a densidade da água é 1 000 kg/m³).
9 Por que Blaise Pascal, ao realizar a experiência de Torricelli usando vinho,
precisou de um tubo de vidro de 14 metros de comprimento?
9 Você já sabe as densidades de outros líquidos (descobrimos isto em atividades
anteriores), como álcool, glicerina e óleo de soja. Tente calcular, para cada um
deles, a altura da coluna de líquido dentro de um tubo necessária para equilibrar
a pressão atmosférica.

8.3 Conceitos fundamentais sobre Hidrostática


A partir de agora faremos um breve resumo, sobre os principais conceitos, vistos
até o momento sobre o estudo da hidrostática.

8.3.1 Massa específica e densidade:


É a razão entre a massa de um corpo e seu volume;
m g kg
μ= ⇒ μ= ou μ =
V m3 m3

8.3.2 Peso específico:


É a razão entre o peso de um corpo e seu volume;
P gf N
ρ = ⇒ ρ = ou ρ =
V cm3 m3
138

8.3.3 Pressão
ULBRA – Educação a Distância

É o efeito da deformação decorrente da aplicação de uma força sobre um corpo.


Esse efeito depende da força exercida e da área onde esta força está sendo exercida.
Numericamente é a razão entre essas duas grandezas.

F
p=
A

⎡ N ⎤ N
p = [Pa] ou p = ⎢ ⎥ ; 1 Pa = 1 2
⎣m2 ⎦ m

Algumas unidades de medidas usuais de pressão:


lbf
1atm = 759,95mmHg ≅ 76cmHg ≅ 105Pa ≅ 1 013,27mbar ≅ 14,69psi ≅ 14,69
in2

8.3.4 Empuxo
Um fluido em equilíbrio age sobre um corpo total ou parcialmente nele imerso com
uma força vertical, orientada de baixo para cima, chamada empuxo. O empuxo é a
resultante das forças de pressão que o fluido exerce sobre o corpo. A intensidade
do empuxo é igual ao peso do fluido que o corpo desloca.

E = μfluido . g . Vfluido deslocado ; E = [N]

A tabela 8.1, mostra as equações para determinação do volume de alguns sólidos


regulares.

Prisma reto Cone Esfera

V = Ab x h π × R2 × h 4 × π × R3
V= V=
3 3

Tabela 8.1 – Volume de alguns sólidos regulares

8.3.5 Princípio de Stevin para a pressão em fluidos


A pressão manométrica no interior de um fluido depende do peso específico do
fluido e da profundidade do ponto que estamos medindo a pressão em relação à
superfície livre do mesmo.

p=μ.g.h
139

8.3.6 Pressão atmosférica (Experiência de Torricelli)

ULBRA – Educação a Distância


O ar, à semelhança de qualquer outro corpo que se encontra na Terra, está sujeito
à ação da atração gravitacional. Portanto o ar tem peso e exerce pressão. A pressão
exercida pelo ar é denominada pressão atmosférica terrestre local. Essa pressão
depende da quantidade de ar que existe em cima do local onde estamos interessados
em medir a pressão.
EXPERIÊNCIA Vácuo
DE TORRICELLI

76 cmHg

Figura 8.8 – Experiência de Torricelli

A experiência de Torricelli, representada na figura 8.8, mostra que uma coluna


de, aproximadamente 76 cm de mercúrio (Hg), consegue equilibrar uma coluna
de ar, ao nível do mar.
A pressão atmosférica ao nível do mar é aproximadamente igual a 105 Pa. Costuma-
se denominá-la atmosfera normal ou simplesmente atmosfera (atm).
ptotal = patmosférica + pmanométrica

8.3.7 Vasos comunicantes


Vasos comunicantes é um termo utilizado para designar a ligação de dois ou
mais recipientes através de um duto fechado, figura 8.9. Semelhante ao nível do
pedreiro que comentamos anteriormente ou a inclinação do tubo na experiência
de Torricelli (figuras 8.3 e 8.6).

Figura 8.9 – Vasos comunicantes Figura 8.10 – Tubo em U


140

Um recipiente formado por diversos ramos que se comunicam entre si constitui


ULBRA – Educação a Distância

um sistema de vasos comunicantes. Um exemplo de vasos comunicantes é o tubo


em U (figura 8.10).

Dois pontos situados no mesmo nível, dentro desses vasos comunicantes, estão
submetidos à mesma pressão.

8.3.8 Princípio de Pascal


Blaise Pascal (figura 8.11 — Clermont-Ferrand,
19 de Junho de 1 623 – Paris, 19 de Agosto
de 1 662) foi um físico, matemático, filósofo
moralista e teólogo francês. Em seus estudos
ele verificou que a variação de pressão num
ponto de um líquido em equilíbrio é transmitida
integralmente a todos os pontos desse líquido
(figura 8.12). Este conceito é amplamente
Figura 8.11 – Blaise Pascal utilizado em macacos hidráulicos, elevadores
Fonte: Wikimedia Commons,
um acervo de conteúdo livre da hidráulicos, freios hidráulicos etc.
Wikimedia Foundation.

Figura 8.12 – Princípio de Pascal

Matematicamente podemos encontrar uma relação entre as pressões exercidas em


cada ponto, como mostra a equação 8.6.

F1 p2 =
F2
p1 = e
A1 A2
Como p1 = p2
141

F1 F

ULBRA – Educação a Distância


= 2
A1 A 2
Equação 8.6 – Relação matemática para o princípio de Pascal

EXERCÍCIOS SOBRE HIDROSTÁTICA


1) Um bloco de cortiça flutua livremente na água. Sabendo-se que a densidade
relativa da cortiça é 0,25, qual fração do volume do bloco fica acima da superfície
líquida? 3/4

2) Quando uma pedra de massa específica igual a 3,2 g/cm3 é inteiramente


submersa em determinado líquido ela sofre uma perda aparente de peso igual
a metade do peso que ela apresenta fora do líquido. A massa específica desse
líquido é: μ = 1,6 g/cm³

3) Considerando a pressão atmosférica é igual a 105 N/m2, a aceleração da


gravidade 10 m/s2, e a massa específica da água 103 kg/m3, qual a pressão no
fundo de um lago com 10 m de profundidade? p = 2 . 10 Pa5

4) Um morador da ilha Fernando de Noronha costuma mergulhar no mar, sem


equipamento, até profundidades de 25 m. Sendo Po a pressão atmosférica
ao nível do mar, a 25 m de profundidade ele submete seu corpo a uma
determinada pressão em função da pressão atmosférica. Esta pressão é de
aproximadamente: p = 3,5 x P o

5) Uma prensa hidráulica apresenta êmbolos com áreas circulares A1 e A2 com


diâmetros d1 e d2 respectivamente. Quantas vezes d1 deve ser maior que d2 para
que uma força de módulo 10 N em A2 possa equilibrar uma força de módulo
1 000 N em A1? 10

6) Uma mola de constante elástica 120 N/m, colocada entre dois pistões cilíndricos
horizontais, dentro dos quais existe um líquido, está comprimida em 5 cm.
Sabendo-se que os diâmetros dos pistões valem 10 cm e 6 m, calcule a pressão
suportada pelo líquido A dentro do pistão maior e pelo líquido B dentro do
pistão menor. p = 763,94 N/m² e p = 2 122,06 N/m²
A B
142

7) Um vaso cilíndrico de raio igual a 20 cm contém um líquido de densidade


ULBRA – Educação a Distância

absoluta 0,8 g/cm3. Sabendo-se que a força que age sobre o fundo do recipiente
é de 160π N, calcule a altura do líquido no recipiente. h = 50 cm

8) Um recipiente cilíndrico provido em sua base de um orifício circular de área


de 5 cm2, é obturado por uma válvula que se abre quando sobre ela age uma
força igual ou maior do que um certo valor F. Ao se colocar água no recipiente,
a válvula se abre quando a altura do líquido atinge 50 cm. Determine:
a) A maior altura (x) de óleo de densidade 0,85 g/cm3 que se pode colocar
sobre uma camada de 0,20 m de água no recipiente. a) F = 2,5 N

b) O valor da força F. b) h ≈ 0,353 m

9) Um grupo de náufragos está numa ilha onde eles acham um tambor vazio,
de massa 10 kg, com 40 cm de diâmetro e 80 cm de altura (dados obtidos a
partir da etiqueta metálica de identificação chumbada no fundo do tambor).
Decidem então, por sorteio, que um deles usará o tambor como balsa para ir
em busca de socorro. Sabe-se que com o peso do náufrago, metade do tambor
ficaria submersa. Determine a massa do náufrago.
m ≈ 49,26 kg

10) Uma pessoa de densidade 1,1 g/cm3 quando completamente submersa nas
águas de uma piscina, fica sujeita a um empuxo de 600 N. Determine:
a) A massa da pessoa: a) m= 66 kg

b) Apoiada sobre uma boia de 12 litros de volume e massa de 200g, ela


conseguirá manter-se na superfície da água? Explique. b) Não
143

8.4 Exercícios

ULBRA – Educação a Distância


1. A diferença de pressão entre o fundo de um lago, de profundidade H, e um
ponto situado a 2H 3 da superfície vale 8 x 104 N/m2. Qual a profundidade do
lago?
a) 24 m
b) 16 m
c) 12 m
d) 8m
e) 5,33 m

2. Com um máximo de expiração, um estudante, soprando de um lado de um


manômetro cujo líquido é a água, produz um desnível de 65 cm entre os dois
ramos do tubo manométrico. Nessas condições pode-se afirmar que a pressão
efetiva exercida pelos pulmões do estudante é de:
a) 65 N/m²
b) 650 N/m²
c) 6 500 N/m²
d) 65 000 N/m²
e) 650 000 N/m²

3. A superfície congelada de um lago tem espessura de 2 metros. Um esquimó


desejando pescar faz um furo nessa camada de gelo. A densidade da água, no
estado líquido, é 1 g/cm3 e a do gelo é 0,9 g/cm3. O comprimento mínimo da
linha que o esquimó deve usar para que seja possível pescar é de:
a) = 20 cm
b) < 20 cm
c) > 20 cm
d) < 10 cm
e) > 10 cm
144

4. Um líquido A tem densidade 0,50 g/cm³ enquanto outro líquido B, miscível no


ULBRA – Educação a Distância

líquido A, tem densidade 0,80 g/cm³. Misturando-se um volume V do líquido


B com um volume 2V do líquido A, determine a densidade da mistura.
a) 0,40 g/cm³
b) 0,55 g/cm³
c) 0,58 g/cm³
d) 0,60 g/cm³
e) 0,65 g/cm³

5. Uma esfera, de material homogêneo tem 2 cm de diâmetro e massa igual


a M. Qual o diâmetro de uma outra esfera, do mesmo material e também
homogênea, de massa igual a 64 M?
a) 4 cm
b) 8 cm
c) 16 cm
d) 32 cm
e) 64 cm

Gabarito
1. a; 2. c; 3. e; 4. d; 5.b.

8.5 Bibliografia
JEWETT Jr., J.W. & SERWAY, R.A. Física para cientistas e engenheiros. Volume 1, tradução da
8ª edição norte americana. Cengage Learning: São Paulo, 2011.
HALLIDAY, RESNICK, WALKER. Fundamentos de Física. Volume 1, 7ª edição. LTC: Rio de
Janeiro, 2006.
SEARS & ZEMANSKY e YOUG & FREEDMAN. Física – Mecânica. Volume 1, 12ª edição.
Pearson – Addison Wesley: São Paulo, 2009.
KNIGHT, R.D. Física uma abordagem estratégica. Volume 1, 2ª edição. Bookman: Porto Alegre,
2009.
Material de aulas do Professor Moacyr Marranghello, 2013.
9
Moacyr Marranghello
CINEMÁTICA I

9.1 Princípios fundamentais da cinemática


A cinemática é o capítulo da mecânica que estuda os movimentos sem considerar
as suas causas.

9.1.1 Grandeza escalar


Uma grandeza física escalar é aquela que fica perfeitamente caracterizada quando
apenas fornecemos seu valor numérico seguido de uma unidade de medida.
Como exemplo de grandezas escalares podemos citar a massa, o comprimento, o
tempo, a temperatura, a pressão etc.

9.1.2 Grandeza vetorial


Uma grandeza física é dita vetorial quando, para sua total caracterização, houver
necessidade de especificarmos a sua intensidade, que pode ser chamada de
módulo, seguida de uma unidade de medida, e ainda sua direção (horizontal,
vertical, inclinada de 30o com relação à vertical etc.) e seu sentido (da direita para
a esquerda, de baixo para cima etc.).
Como exemplo de grandezas vetoriais podemos citar a força, o deslocamento, a
velocidade, a aceleração etc.
As grandezas vetoriais são representadas por uma letra com uma seta sobre as
mesmas ou com a letra em negrito:
r r r
v ou v ; F ou F ; a ou a
146

9.1.3 Ponto material e corpo extenso


ULBRA – Educação a Distância

Em física um corpo é chamado de ponto material quando suas dimensões não


interferem, isto é, são insignificantes, na análise do fenômeno estudado; caso
contrário, o corpo em questão seria chamado de corpo extenso.

9.1.4 Movimento e Referencial


A noção de movimento está ligada a dois conceitos primitivos: o de posição e o
de tempo.

Para determinar se um corpo está ou não em movimento, é preciso verificar se sua


posição muda em relação a outros corpos que o rodeiam (referencial) com o passar
do tempo. À mudança de posição do corpo em relação a esses outros corpos dá-se
o nome de movimento. Caso contrário, teremos o repouso.

Da mesma forma a trajetória (linha que indica as posições ocupadas pelo móvel
em cada instante) descrita pelo corpo depende do sistema de referência, como
indica a figura 9.1.

Figura 9.1 – Movimento e referencial

9.1.5 Posição (S)


A posição, representada pela letra “S”, como o nome diz, indica o local ocupado
por um móvel ao longo de uma trajetória, em cada instante, num referencial, como
indica a figura 9.2. Para que isso seja possível, a trajetória deve ser marcada com
as distâncias, em ordem crescente, a partir de uma origem (S = 0) e, além disso,
devemos orientar, indicar o sentido da trajetória.

- 20 - 10 10
20
0 S (m)
30
Figura 9.2 – Posição de um objeto em uma trajetória
147

9.1.6 Variação de posição (∆S) ou Espaço (distância) percorrido

ULBRA – Educação a Distância


Se um móvel está ocupando a posição S1 em um instante t1 e, num instante posterior
t2 estiver ocupando uma posição S2, podemos dizer que, no intervalo de tempo ∆t
= t2 – t1, o espaço percorrido ou a variação de posição do móvel é definida como:

∆S = S2 – S1

Obs.:
a) Se ∆S > 0 teremos um deslocamento favorável à orientação da trajetória. Neste
caso chamamos este movimento de progressivo.

b) Se ∆S < 0 teremos um deslocamento contrário à orientação da trajetória. Neste


caso chamamos este movimento de regressivo ou retrógrado.

9.1.7 Velocidade média (v)


A velocidade é a grandeza física que dá uma ideia da rapidez com que um móvel
varia sua posição ou espaço com o passar do tempo.

A velocidade escalar média é definida como a razão entre a distância percorrida


(espaço percorrido ou variação de posição) (∆S) e o intervalo de tempo (∆t) gasto
para percorrer esse espaço (equação 9.1).

ΔS
v=
Δt
Equação 9.1 – Velocidade média

9.2 Movimento Retilíneo Uniforme (M.R.U.)


Dizemos que um móvel encontra-se em Movimento Retilíneo Uniforme quando
apresenta as seguintes características:
¾ A trajetória percorrida pelo móvel é uma reta.
¾ A velocidade com que o móvel desloca-se é uniforme.
¾ O espaço percorrido pelo móvel é proporcional ao tempo do movimento.
¾ A aceleração é nula (zero).
148

9.2.1 Equação do M. R. U.
ULBRA – Educação a Distância

Partindo da definição de velocidade média (equação 9.1), podemos deduzir que:

∆S = S2 – S1 ou, genericamente, ∆S = S – So

∆t = t2 – t1 ou, genericamente, ∆t = t – to
ΔS S − So
Como ⇒ v= ∴ v=
Δt t − to

Supondo que to = 0, afinal de contas, na maioria das vezes, no início do movimento,


o cronômetro está zerado, podemos escrever:

S − So
v=
t

Daí, finalmente chegamos à equação 9.2, conhecida como equação horária da


posição para o movimento retilíneo e uniforme:

S = S° + v⋅t
Equação 9.2 – Equação horária da posição para o movimento retilíneo uniforme

onde: S = posição final ocupada pelo objeto;


So = posição inicial ocupada pelo objeto;
v = velocidade escalar média;
t = instante do movimento ou, simplesmente, tempo.

9.2.2 Gráficos do M. R. U.
Como a velocidade é constante, o gráfico da velocidade em função do tempo v =
f(t) é uma reta paralela ao eixo das abscissas,
como o indicado no esquema seguinte:

No gráfico 9.1, a área (A) entre a reta que


representa a velocidade e o eixo das abscissas,
mostra o espaço percorrido pelo móvel.

Gráfico 9.1 – Velocidade em função do tempo para o


MRU – A área do gráfico indica o espaço percorrido.
149

Neste tipo de movimento quem está se SS(m)


(m)

ULBRA – Educação a Distância


modificando a cada instante de tempo é a
posição do móvel, logo, esse movimento,
que pode ser representado através de um
gráfico S = f(t), é descrito por uma reta,
como indica o gráfico 9.2.

α
α
SSo°
Gráfico 9.2 – Posição em função do tempo para o
MRU – A inclinação da reta indica a velocidade do
móvel. 00 tt t (s)
t (s)

No gráfico 9.2 também podemos determinar a velocidade do móvel. Como a


velocidade é constante, a tangente do ângulo α formado pela reta que representa o
movimento e o eixo das abscissas indica o seu valor. Os gráficos 9.3 e 9.4 mostram
duas situações interessantes:

SS SS

SSo
°

t (s) t (s) t (s)


t (s)

SSo°
V >0
V>0
V<0
V<0
Gráfico 9.3 – Gráfico da S = f(t). Reta ascendente Gráfico 9.4 – Gráfico da S = f(t). Reta descendente
tg α > 0. Movimento Progressivo tg α < 0. Movimento Regressivo ou Retrógrado

9.3 Determinação da velocidade média


A experiência proposta a seguir não é obrigatória, mas seria conveniente que você
conseguisse realizá-la.

O objetivo da experiência proposta a seguir é determinar a velocidade média de


uma esfera metálica que desliza sobre um trilho.

O material que você necessitará para realizar o experimento é o seguinte:


9 Uma esfera de metal do kit ULBRA-Cidepe;
150

9 Uma régua decimetrada do kit ULBRA-Cidepe;


ULBRA – Educação a Distância

9 Um cronômetro (seu relógio ou o cronômetro de um celular);


9 Suportes para elevação do trilho, pode ser inclusive uma caixa de fósforos;
9 Um trilho de aproximadamente 2 metros de comprimento.

Tente conseguir um trilho de madeira ou de alumínio (trilho de cortina) em forma de


U. Pode ser inclusive, um cano de PVC cortado ao meio em sua extensão. Neste caso
você deverá colocar mais apoios ao longo do cano para que ele permaneça rígido,
evitando que ele fique abaloado. Uma coisa importante é que a esfera de metal deve
correr pelas extremidades do U e não pelo meio dele, como mostra a figura 9.3.

Certo Errado
Figura 9.3 – Trilho visto de perfil

Inicialmente você deve escolher um dos lados do trilho para ser o seu marco zero.
A partir do marco zero, com auxílio da régua, divida o trilho em pedaços iguais de
20 cm cada um. Coloque o trilho sobre uma mesa inclinando-o levemente, como
indica a figura 9.4. Atenção para não inclinar nem de mais nem de menos, pois
isto poderá prejudicar as medidas.

Figura 9.4 – Montagem do trilho para experiência

Coloque a esfera metálica na parte superior do trilho, como indica a figura 9.4, e
apenas solte-a (atenção, cuidado para não empurrá-la!). Com a inclinação oferecida
ao trilho ela deverá rolar sobre o mesmo até o final. Primeiro deixe-as rolar até o
final para ter certeza que isto irá acontecer, caso não aconteça aumente um pouco
mais a inclinação. Com auxílio do cronômetro, meça, pelo menos cinco vezes, o tempo
gasto para a bolinha percorrer os primeiros 20 cm. Anote cada medida do tempo
no espaço indicado no quadro 9.1, no local correspondente. Repita o procedimento,
sempre partindo da posição inicial zero (no alto do trilho), para os outros espaços
sugerido no quadro 9.1, assim a bolinha percorrerá primeiro 20 cm, depois 40 cm
e assim sucessivamente.
151

ULBRA – Educação a Distância


Espaço percorrido ⇒ ΔS (cm)

Medidas
20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
de tempo

Valor
Provável

Quadro 9.1 – Experiência para determinar a velocidade média de uma esfera descendo um trilho.

A partir dos dados do quadro 9.1, construa, em papel milimetrado, um gráfico da


posição ocupada pela bolinha em função do tempo, isto é, S = f(t).
Após a construção do gráfico e a linearização do mesmo, determine a melhor
equação matemática para a função representada. Coloque o resultado encontrado
no espaço que segue:
Equação: ....................................

Compare a equação que você determinou através dos dados da experiência e


utilizando o gráfico com a equação 9.2 para o movimento retilíneo uniforme. O
que você conclui?

9.4 Movimento retilíneo uniformemente variado – MRUV


Um móvel que se encontra em Movimento Retilíneo Uniformemente Variado
apresenta as seguintes características:
9 A trajetória do móvel é retilínea.
9 A aceleração com que o móvel desloca-se é uniforme.
9 A velocidade do móvel varia proporcionalmente ao tempo de movimento.
9 O espaço percorrido pelo móvel varia proporcionalmente ao quadrado dos
tempos de movimento.
Antes de começar o estudo do movimento retilíneo uniformemente variado
propriamente dito, faz-se necessário a definição de uma grandeza extremamente
importante para a física. É fundamental que você tenha uma ideia clara e sólida do
significado físico desta grandeza, portanto leia com muita atenção este capítulo.
152

9.4.1 Aceleração escalar média (a)


ULBRA – Educação a Distância

Aceleração é a grandeza física que dá uma ideia da rapidez com que um móvel varia
sua velocidade com o passar do tempo. Atenção, agora estamos falando em rapidez
da variação da velocidade.
Você deve sempre entender a aceleração como sendo a grandeza que “diz” para
a velocidade o que irá acontecer com ela (velocidade) no instante seguinte.
Matematicamente a aceleração é a razão entre a variação da velocidade (∆V) e
o intervalo de tempo (∆t) para que isso ocorra. A equação 9.3 é a expressão que
permite calcular o valor da aceleração de um móvel, mas você precisa encarar esta
simples expressão como um dos conceitos mais importantes dentro da física.

Δv
a=
Δt
Equação 9.3 – Definição de aceleração.

9.4.2 Classificação dos movimentos


Podemos classificar os movimentos, basicamente, quanto à variação de posição e
quanto à variação de velocidade.

Quanto à variação de posição, ocupada pelo móvel sobre determinada trajetória,


classificamos os movimentos em progressivos ou regressivos (ou retrógrado),
como já fizemos anteriormente.

Movimento progressivo é aquele em que o móvel ocupa posições sistematicamente


maiores ao longo de uma trajetória orientada, isto é, o móvel está se deslocando no
mesmo sentido da trajetória. Dessa forma, o espaço percorrido (∆S) e a velocidade
(v) apresentam o mesmo sentido da orientação da trajetória, são positivos (+).

Movimento regressivo (ou retrógrado) é aquele em que o móvel ocupa posições


sistematicamente menores ao longo de uma trajetória orientada, isto é, o móvel está
se deslocando no sentido contrário ao sentido de orientação da trajetória. Dessa
forma, o espaço percorrido (∆S) e a velocidade (v) apresentam sentidos contrários
ao da orientação da trajetória, são negativos (-).

Quanto a variação de velocidade, os movimentos podem ser classificados em


acelerados, retardados ou uniformes.

Movimento acelerado é aquele em que o módulo da velocidade aumenta com o passar


do tempo. Nesse movimento a velocidade e a aceleração têm o mesmo sinal, isto é:

v e a > 0 ou v e a < 0 (v . a > 0)


153

Movimento retardado é aquele em que o módulo da velocidade diminui com o passar

ULBRA – Educação a Distância


do tempo. Nesse movimento a velocidade e a aceleração têm sinais opostos, isto é:

v > 0 e a < 0 ou v < 0 e a > 0 (v . a < 0)

Movimento uniforme é aquele em que a velocidade não varia com o passar do


tempo, isto é, o módulo da velocidade é constante. Nesse movimento a aceleração
escalar é nula (a = 0).

Tipos de movimento v a

Movimento Progressivo e acelerado + +

Movimento Progressivo e retardado + -

Movimento Regressivo e acelerado - -

Movimento Regressivo e retardado - +

Movimento Progressivo e uniforme + 0

Movimento Regressivo e uniforme - 0

Tabela 9.1 – Classificação dos movimentos.

9.4.3 Equações do M. R. U. V.
Estão lembrados que no MRU a posição ocupada por um móvel era diretamente
proporcional ao intervalo de tempo? Pois bem, agora, no MRUV é a velocidade
do móvel que está variando de maneira uniforme, logo, é a velocidade que
é proporcional ao intervalo de tempo. Assim como no MRU, a equação que
representava a posição em função do tempo era uma equação do primeiro grau,
agora, no MRUV, a equação que representa a velocidade do móvel em função
do intervalo de tempo, também será uma equação de primeiro grau. Compare a
equação 9.4 (v = f(t)) com a equação 9.2 (S = f(t)).

Equação 9.4 – Equação horária da velocidade para o MRUV.

v = v° + a⋅t

No MRUV a velocidade varia de forma uniforme, pois vamos trabalhar com


acelerações constantes. Em consequência disso a variação da posição do móvel
ficará em função do quadrado do tempo (t2), isto é, a função horário da posição
154

para este movimento corresponde a uma equação do segundo grau, como mostra
ULBRA – Educação a Distância

a equação 9.5:
a
S = S° + V° ⋅ t + ⋅ t2
2
Equação 9.5 – Equação horária da posição para o MRUV.

Associando as duas equações descritas acima e, isolando o tempo em cada uma


delas, obteremos uma equação que relaciona a velocidade do móvel com sua
posição. Essa equação foi descrita primeiramente pelo cientista italiano Evangelista
Torricelli. Por esse motivo ela é atualmente conhecida como Equação de Torricelli,
como mostra a equação 9.6:
V2 = V°2 + 2 ⋅ a ⋅ ∆S
Equação 9.6 – Equação de Torricelli para o MRUV.

9.4.4 Gráficos do M.R.U.V.

9.4.4.1 a = f(t)
Os gráficos 9.6, mostram a aceleração de um móvel em função do tempo para
um movimento variado. Como a aceleração neste movimento é uma constante, o
gráfico será representado por uma reta paralela ao eixo das abscissas. A área (A)
do gráfico a = f(t) mostra a variação da velocidade que o móvel sofre durante o
movimento.
( 2) )
a (m/s ( 2) )
a (m/s

aa t (s)
t (s)
A
A
aa

t (s) a<0
a>0

Gráfico 9.6 – Gráfico da a = f(t).

9.4.4.2 v = f(t)
No movimento variado quem sofre modificação a cada instante de tempo é a
velocidade, logo, este movimento, ao ser representado por um gráfico V = f(t), será
descrito por uma reta inclinada à abscissa, como mostra o gráfico 9.7.

A área (A) deste gráfico indicará o espaço percorrido pelo móvel (∆S).
155

A = ∆S VV(m/s)

ULBRA – Educação a Distância


(m/s)

tg α = a VV

α
VVo °

t (s)
t (s)
t
t
Gráfico 9.7 – Gráfico da v = f(t).

Já a tangente do ângulo α, formado entre a reta que representa o movimento e a


abscissa, mostra a aceleração do movimento.

9.4.4.3 S = f(t)
Os gráficos da posição em função do tempo em um movimento retilíneo
uniformemente variado serão representados por parábolas, pois o espaço
percorrido é proporcional ao quadrado do tempo decorrido. Isto acarreta uma
função de segundo grau, como mostram os gráficos 9.8.

SS (m)
(m) S
S (m)
(m) SS (m)
(m) SS(m)
(m)

tt(s)
(s)
t (s) t (s)
t (s) t (s)
t (s) t (s)
t (s)

aa >> 00 aa << 00

Gráfico 9.8 – Gráfico da S = f(t).

Num gráfico da posição em função do tempo (S = f(t)) a inclinação da reta tangente


à curva em um dado instante é numericamente igual à velocidade instantânea do
móvel, como mostra o gráfico 9.9.
156
ULBRA – Educação a Distância

SS(m)
(m)

θθ

tg θ = Vinstantanea t (s)

Gráfico 9.9 – Gráfico da S = f(t)

DESAFIO: Consolidando os conhecimentos.

Antes de continuar o nosso estudo vamos propor mais um desafio em suas


atividades. Se você conseguiu o trilho para fazer a experiência do item 9.3, tente
repetir aquela experiência fazendo uma pequena mudança. Aumente um pouco
a inclinação do trilho para que a esfera sofra uma aceleração. Atenção para não
aumentar muito a inclinação para que você consiga continuar marcando o tempo
com um cronômetro.

9.5 Movimento de queda livre – M. Q. L.


Quando um corpo desloca-se com direção vertical, próximo a um astro (a Terra,
por exemplo), a velocidade desse corpo sofrerá uma alteração significativa em
seu módulo.

Para facilitar o nosso estudo consideraremos o movimento ocorrido no vácuo, isto


é, sem a interferência da resistência do ar.

CUIDADO: não confunda movimento no vácuo com movimento sem gravidade.


É comum os alunos confundirem estas coisas. A gravidade é uma qualidade da
matéria, isto é, qualquer corpo que tenha massa, possui um campo gravitacional.
Este assunto será tratado com maior profundidade em outra disciplina. Quando
retiramos o ar de dentro de um local (um aspirador de pó, por exemplo é um bom
exemplo de uma bomba de sucção), ficamos com “nada” dentro dele, isto é, vácuo.
Porém este local pode ou não estar sujeito à ação de um campo gravitacional. As
157

lâmpadas fluorescentes, por exemplo, são tubos evacuados e que estão numa região

ULBRA – Educação a Distância


onde existe campo gravitacional.

Segundo as condições acima, podemos concluir que:

9 Durante a descida a velocidade modular do corpo aumenta, isto é, o movimento


é acelerado.

9 Durante a subida a velocidade modular do corpo diminui, isto é, o movimento


é retardado.

Podemos concluir também que, tanto na subida como na descida, um corpo estará
sujeito a uma aceleração denominada aceleração gravitacional, normalmente
simbolizada pela letra g.

O vetor aceleração gravitacional terrestre g tem as seguintes características:

9 módulo: g = 9,81 m/s2;

9 direção: vertical;

9 sentido: orientado para baixo.

Obs.:

1. É comum utilizarmos o módulo g = 10 m/s² para facilitar os cálculos;

2. Como consequência de assumir o sistema de coordenadas cartesianas como


nosso referencial inercial, o sinal da aceleração gravitacional será sempre
negativo ( – ) ⇒ Referencial.

O módulo da aceleração gravitacional é variável e depende da altitude e latitude,


porém em nossos estudos o consideraremos constante.

Em um lançamento vertical para cima, quando o corpo atinge o ponto mais alto
de sua trajetória, onde ocorre a inversão no sentido do movimento, sua velocidade
instantânea é nula (V = 0).

Em um lançamento vertical para cima, desconsiderando qualquer tipo de


resistência, o módulo da velocidade do móvel no instante inicial é igual ao módulo
da velocidade no final do movimento quando o mesmo retorna a posição de
origem.

Como o MQL é um movimento com aceleração constante, isto é, um movimento


retilíneo uniformemente variado, as equações deste movimento são as mesmas
do MRUV, (equações 9.7, 9.8 e 9.9). O que modificamos apenas para facilitar o
entendimento foi substituir o S de posição, por y, haja vista que o movimento ocorre
na vertical, isto é, na direção do eixo y do sistema de coordenadas cartesianas (eixo
das ordenadas).
158

V = V° + g ⋅ t
ULBRA – Educação a Distância

Equação 9.7 – Equação horária da velocidade para o MQL.

g
y = y° + v° ⋅ t + ⋅ t2
2
Equação 9.8 – Equação horária da posição para o MQL.

v2 = v°2 +2 ⋅ g ⋅ ∆y
Equação 9.9 – Equação de Torricelli para o MQL.

9.5.1 Curiosidades sobre o MQL

9.5.1.1 Cronômetro gravitacional


Esta é uma atividade bastante curiosa. Utilizando a equação 9.8, o valor da aceleração
gravitacional real, e considerando que o objeto foi solto a partir do repouso, calcule
a altura de queda (∆y) para alguns intervalos de tempo (t) solicitados na tabela 9.2.
Ao final, responda a seguinte questão: Até que altura podemos deixar cair objetos em
sala de aula para podermos fazer experiências de queda livre?

t (s) 0,1 0,2 0,5 1,0 1,5 2,0 3,0 5,0

y (m)

Tabela 9.2 – Cronômetro gravitacional.

Guarde bem alguns valores dos resultados desta atividade, pois, com eles, a
resolução de muitos problemas poderá ser simplificada.

9.5.1.2 Tempo de reflexo humano


Outra atividade curiosa. Peça para um colega abrir as mãos e ficar com as palmas
abertas distantes entre si aproximadamente 10 cm. Segure uma régua colocando
o “zero” exatamente na metade da distância entre as duas mãos e peça para ele
segurar a régua tão logo veja a régua ser solta pelos seus dedos e cair. Meça a altura
que a régua cai e determine o tempo de queda da régua. Esse tempo de queda é
o tempo do reflexo, desde a informação visual enviada ao cérebro, até a execução
completa da instrução e movimento muscular.
159

EXERCÍCIOS SOBRE CINEMÁTICA

ULBRA – Educação a Distância


1. Qual é a velocidade média, em km/h, de uma pessoa que percorre 1 200 m em
20 min? v = 3,6 km/h

2. Um móvel se desloca de um ponto A até um ponto B (AB = d) com velocidade


média de 10 m/s, e do ponto B até um ponto C (BC = 2d) com velocidade média
de 30 m/s. Determine a velocidade média desse móvel no percurso AC.
vm = 18 m/s

A d B 2d C

3. Um automóvel parte do repouso e atinge a velocidade de 108 km/h após um


tempo de 5 s. Calcule a aceleração escalar média do automóvel nesse intervalo
de tempo, em m/s2. a = 6 m/s²

4. Um móvel realiza um MRUV e sua velocidade varia com o tempo de acordo


com a função V = – 20 + 4 . t. Para esse móvel, determine:
a) Sua velocidade no instante t = 4 s; v = – 4 m/s

b) O instante em que atingirá a velocidade de 20 m/s; t = 10 s

c) O instante em que ocorrerá a inversão no sentido do movimento. t=5s

5. Um móvel realiza um MRUV regido pela função horária, S = 3 + 2.t – t2 (SI).


Para este móvel determine:
a) A posição inicial; So = 3 m

b) A velocidade inicial; vo = 2 m/s

c) A aceleração; a = – 2 m/s²

d) A função da velocidade; v=2–2.t

e) A posição e a velocidade do móvel no instante t = 2 s; S = 3 m ; v = – 2 m/s

f) O instante em que o móvel inverte o sentido do movimento; t=1s

g) O instante em que o móvel passa pela origem dos espaços. t = 3,5 s


160

6. Um rapaz estava dirigindo uma motocicleta a uma velocidade de 72 km/h


ULBRA – Educação a Distância

quando acionou os freios e parou em 4,0 s. Qual o módulo da aceleração


imprimida à motocicleta pelos freios? a = 5 m/s²

7. Um móvel em MRUV parte do repouso e atinge a velocidade de 20 m/s. Sendo


a aceleração do móvel é 2 m/s2, determine a distância percorrida por esse
móvel. ∆S = 100 m

8. Um móvel desloca-se obedecendo à equação horária S = 10 - 10.t + 5.t2, onde


o espaço S é medido em metros e o instante t, em segundos. Determine a
velocidade deste móvel no instante t = 4,0 s? v = 30 m/s

9. Um móvel descreve um movimento retilíneo uniformemente acelerado numa


trajetória retilínea e suas posições variam no tempo de acordo com a equação
S = 20 + 2.t + 2.t2, onde S é medido em metros e t em segundos. Determine o
instante em que o móvel ocupa a posição 240 metros. t= 10 s

10. Um balão na Capadócia sobe verticalmente com movimento uniforme. 6 s após


a partida, o piloto abandona uma pedra que alcança o solo 9 s depois de sair
do balão. Determine de que altura, em metros, a pedra foi abandonada (adote
g = 10 m/s²). h = 162 m

9.6 Exercícios
1. Em 10 min, certo móvel percorre 12 km. Nos 15 min seguintes, o mesmo móvel
percorre 20 km e nos 5 min que se seguem percorre 4 km. Sua velocidade média
em m/s, supondo constante o sentido do movimento, é:
a) 10 m/s
b) 12 m/s
c) 17 m/s
d) 18 m/s
e) 20 m/s
161

2. Dois carros, A e B, estão juntos no instante zero V


V(m/s)

ULBRA – Educação a Distância


(m/s)
BB
e movem-se, então, de acordo com o diagrama 88

abaixo. Podemos afirmar que:


44 A
A
a) Os carros A e B têm movimentos
uniformes.
b) Os móveis não irão mais se encontrar. 00 10 10 2020 t (s)
t (s)

c) O encontro dos móveis dar-se-á no instante 10 s


d) O encontro dos móveis dar-se-á no instante 20 s
e) Os carros A e B têm movimentos uniformemente variados.

3. A aceleração de um móvel informa sobre a maneira como a velocidade varia.


Dizer que a aceleração de um móvel é 2 m/s2 significa que:
a) O móvel percorre 2 m por segundo.
b) Em cada segundo o móvel percorre uma distância que é o dobro da
percorrida no segundo do anterior.
c) A velocidade do móvel varia 2 m/s em cada segundo.
d) A velocidade do móvel varia 2 m em cada segundo.
e) A velocidade do móvel varia 2 m/s em cada segundo ao quadrado.

4. O movimento de uma partícula se faz segundo a equação horária:


S = 2 . t2 - 5 . t + 10 (SI)
Assinale a alternativa correta:
a) A aceleração da partícula é 2 m/s2.
b) A posição inicial da partícula é 10 m.
c) A velocidade inicial da partícula é 5 m/s.
d) A velocidade inicial da partícula é – 10 m/s.
e) A posição inicial da partícula é 2 m.
162

5. Lança-se um corpo verticalmente para cima. No instante em que ele atinge a


ULBRA – Educação a Distância

altura máxima podemos afirmar que:


a) Velocidade nula e aceleração não nula;
b) Possui velocidade e aceleração nulas;
c) Velocidade e aceleração não nulas;
d) Velocidade não nula e aceleração nula;
e) Velocidade máxima.

Gabarito
1. e; 2. d; 3. c; 4. b; 5. a.

9.7 Bibliografia
JEWETT Jr., J.W. & SERWAY, R.A. Física para cientistas e engenheiros. Volume 1, tradução da
8ª edição norte americana. Cengage Learning: São Paulo, 2011.
HALLIDAY, RESNICK, WALKER. Fundamentos de Física. Volume 1, 7ª edição. LTC: Rio de
Janeiro, 2006.
SEARS & ZEMANSKY e YOUG & FREEDMAN. Física – Mecânica. Volume 1, 12ª edição.
Pearson – Addison Wesley: São Paulo, 2009.
KNIGHT, R.D. Física uma abordagem estratégica. Volume 1, 2ª edição. Bookman: Porto Alegre,
2009.
Material de aulas do Professor Moacyr Marranghello, 2013.
10
Moacyr Marranghello
CINEMÁTICA II

10.1 Composição de movimentos


Para estudarmos a composição de movimentos vamos imaginar um barco com
uma velocidade perpendicular à margem, atravessando um rio que apresenta
uma correnteza da água.
r
Observando a figura 10.1, nota-se que a velocidade vetorial resultante, v r , do
r r
barco é obtida pela soma vetorial das velocidades v b do barco e v c da correnteza,
r r r
isto é v r = v b + v c .
S
°
r

vc
Vc
θθ

r

vb
Vb r

vr
Vr

Figura 10.1 – Composição de movimentos

O exemplo ilustra a aplicação do Princípio da Independência dos Movimentos,


enunciado por Galileu Galilei, e assim descrito:

Se um corpo se encontra sob a ação de vários movimentos, cada um deles se


realiza independentemente dos outros.
164

Matematicamente, segundo as relações trigonométricas, podemos decompor


ULBRA – Educação a Distância

as velocidades, conforme as equações 10.1 e 10.2. Observe a figura 10.2 para


entender.
v b = v r ⋅ sen θ e v c = v r ⋅ cos θ
Equação 10.1 – Decomposição da velocidade.

r r
vb vr

θ r
vc
Figura 10.2 – Relação trigonométrica para decomposição da velocidade.

2 2 2
vr = vb + vc
Equação 10.2 – Teorema de Pitágoras (equação reduzida) O quadrado da hipotenusa
é igual à soma dos quadrados dos catetos.

TESTE: Vamos ver se você aprendeu.


1. Um barco, com motor desenvolvendo toda potência, desce um rio com
velocidade igual a 16 km/h em relação às margens, e sobe com velocidade 4
km/h. Determine:
a) A velocidade das águas do rio em relação às margens; vc = 6 m/s

b) A velocidade do barco em relação às águas do rio. Vb = 10 m/s

2. Um barco pode desenvolver velocidade de 4 m/s em águas paradas. Um


pescador dispõe esse barco perpendicularmente às margens de um rio cuja
correnteza tem velocidade de 3 m/s, e inicia a travessia. Qual a velocidade do
barco em relação às margens? V = 5 m/s r

10.2 Lançamento horizontal


Quando um corpo é lançado horizontalmente para frente, a partir de uma certa
altura (h), ele adquire um movimento composto por duas velocidades. A velocidade
horizontal que permanecerá constante ao longo do movimento e uma velocidade
vertical que irá aumentando gradativamente até atingir o solo. A trajetória descrita
pelo móvel, em relação à Terra, será um ramo de parábola. Dessa forma o estudo
165

de um lançamento horizontal se resume na aplicação das equações já vistas para

ULBRA – Educação a Distância


um movimento uniforme e para um movimento uniformemente variado.

Podemos encarar o lançamento de um projétil como a composição de um movimento


horizontal e um movimento vertical. É importante ressaltar que no movimento de
um projétil, o movimento horizontal e o movimento vertical são independentes
um do outro, isto é, nenhum dos dois movimentos afeta o outro. Esta característica
permite decompor a situação em dois movimentos unidimensionais distintos.

No movimento horizontal: por não haver aceleração na direção horizontal a


componente da velocidade permanece constante durante todo o movimento.
Assim, devemos tratar este movimento como sendo uniforme e expresso pela
equação horária 10.3:

x = x° + v ⋅ t
Equação 10.3 – Equação horária da posição para o MUV – movimento horizontal.

No movimento vertical: a partícula movimenta-se como se estivesse em queda livre,


isto é, com aceleração constante igual a aceleração gravitacional do local. Neste caso
a equação horária para a trajetória do movimento e para a velocidade instantânea
da partícula devem ser escritas conforme as equações 10.4, 10.5 e 10.6.

v = v° + a ⋅ t
Equação 10.4 – Equação horária da velocidade para o MRUV – movimento vertical.

v2 = v°2 + 2 ⋅ a ⋅ ∆s
Equação 10.5 – Equação horária da posição para o MRUV – movimento vertical.

Para este caso vale também a equação proposta por Torricelli:


a
s = s° + v° ⋅ t + ⋅ t2
2
Equação 10.6 – Equação de Torricelli para o MRUV – movimento vertical.

Como a divisão feita em movimento horizontal e vertical é, na realidade, apenas


uma forma de analisar um único movimento, isto é, há uma interdependência entre
esses movimentos (interdependência de Galileu), o tempo dos movimentos será,
necessariamente, o mesmo. Assim, pode-se determinar o alcance máximo horizontal
(R) de um projétil lançado sob determinado ângulo através da equação 10.7.
166

2
ULBRA – Educação a Distância

vo
R = ⋅ sen 2 θ
g
Equação 10.7 – Equação de Galileu para o alcance máximo.

CUIDADO: Observações importantes


a) Esta equação não fornece a distância horizontal percorrida por um
projétil quando a altura final não for igual à altura inicial;
b) O ângulo θ é sempre formado entre a direção da velocidade inicial vo
e a linha horizontal.

10.3 Decomposição da velocidade


Para um lançamento horizontal, como aparece na figura 10.3, a velocidade deve
ser decomposta como indicado nas equações 10.8, 10.9.

Figura 10.3 – Decomposição da velocidade no movimento horizontal.

Para esta situação temos:


Vx
cos θ = ∴ Vx = V° . cos θ

Equação 10.8

Vy
sen θ = ∴ Vy = V° . sen θ

Equação 10.9
167

Levando em consideração a orientação dos eixos X e Y da figura, teremos para as

ULBRA – Educação a Distância


equações desse movimento:
D na direção horizontal (MU):

Vx = Vox = V° . cos θ = constante

Sx = Vx . t = V° . cos θ . t

D na direção vertical (MUV):

Vy = Voy + g . t

como voy = 0, então:

Vy = g . t
g . t2
y = yo + Voy . t +
2
como voy = 0, então:
g . t2
y = yo +
2

10.4 Movimento Circular Uniforme (MCU)


Um movimento é chamado de circular quando a trajetória descrita pelo móvel é
uma circunferência. Quando o movimento é circular e uniforme, o móvel passa
por uma mesma posição e, nas mesmas condições, em intervalos de tempos iguais,
o movimento é repetitivo. Na física, associamos a essa repetição duas grandezas:
período e frequência.

10.4.1 Período
Período de um movimento repetitivo é o menor intervalo de tempo necessário
para a repetição de um dado fenômeno físico, como mostrado na equação 10.10.
O período será representado por τ e vamos medi-la em unidades de tempo: no
SI, o segundo (s).
intervalo de tempo ∆t
τ= =
uma volta N
Equação 10.10 – período para o MCU.
168

10.4.2 Frequência
ULBRA – Educação a Distância

Frequência de um movimento periódico é o número de vezes que o fenômeno


se repete na unidade de tempo, como indica a equação 10.11. Representaremos
a frequência por f e poderemos medi-la em voltas por segundo, ou rotações por
minuto (rpm) etc. A unidade de medida ciclo por segundo é chamada de hertz
(Hz), em homenagem ao físico alemão Heinrich Rudolf Hertz, primeiro físico a
detectar experimentalmente as ondas eletromagnéticas já previstas nas famosas
equações de Maxwell, que mais tarde deram origem ao telégrafo sem fio e ao rádio,
e é a unidade de frequência no SI.
número de voltas N
f= =
intervalo de tempo ∆t
Equação 10.11 – frequência para o MCU.

Se na relação acima o número de voltas for igual a 1, o intervalo de tempo


correspondente será igual ao período (∆t = τ). Dessa forma, juntando as equações
10.10 e 10.11, chegamos na equação 10.12, que relaciona as grandezas frequência
e período de forma inversa.
1 ou 1
f = τ =
τ f
Equação 10.12 – relação entre período e frequência para o MCU.

10.4.3 Posição angular


Um móvel pode ser localizado na trajetória, quando em movimento circular, através
do ângulo central φ (letra grega “fi”), medido a partir de uma origem, ou através
do espaço (∆S), medido sobre a trajetória (figura 10.4).

ΔS

φ
0 R So

Figura 10.4 – trajetória percorrida ou ângulo varrido


por um objeto em MCU.
169

Quando o ângulo φ for expresso em radianos (rad) podemos determinar o espaço

ULBRA – Educação a Distância


percorrido (∆S) simplesmente multiplicando-o pelo raio (R) da trajetória (equação
10.13). Quando o ângulo for expresso em graus (o) devemos convertê-lo para
radianos, como indica a relação abaixo.

360o = 2π rad

ΔS = Φ ⋅R
Equação 10.13 – espaço percorrido para o MCU.

10.4.4 Velocidade angular


Podemos definir a velocidade angular média ( ω - letra grega ômega com um traço
em cima — lembre-se que o traço sobre a letra também indica o valor médio), de
um móvel como a rapidez com que este varia sua posição angular no intervalo de
tempo ∆t, como indica a equação 10.14. Assim temos:

∆Φ Φ2 – Φ1
ω= =
∆t t2 — t1
Equação 10.14 – velocidade angular média para o MCU.

Da mesma forma como fizemos para o MRU, generalizando as posições e supondo


to = 0, haja vista que, na maioria das vezes, no início dos movimentos os cronômetros
estão zerados, podemos escrever a equação 10.14 de forma semelhante ao que
fizemos com a equação 9.2 (equação horária da posição para o movimento retilíneo
uniforme), ficando, então, como mostra a equação 10.15. Compare a equação 10.15
com a equação 9.2.

Φ = Φo + ω⋅ t
Equação 10.15 – equação horária da velocidade para o MCU.

Quando um móvel realiza uma volta completa em uma trajetória circular com
MCU, a trajetória corresponde ao comprimento de uma circunferência (equação
10.16). Relacionando a equação 10.16 com a equação 10.13, chegamos em uma nova
relação matemática (equação 10.17).
∆S = 2 . π . R
Equação 10.16 – comprimento da circunferência.

∆Φ = 2 . π
Equação 10.17 – ângulo percorrido em uma volta completa expresso em rad.
170

No MCU a velocidade angular média é constante e igual a velocidade angular


ULBRA – Educação a Distância

instantânea. O intervalo de tempo (∆t) para completar uma volta completa


também pode ser chamado de período (τ), como já vimos anteriormente. Fazendo
manipulações algébricas simples entre as equações anteriores, facilmente
conseguimos encontrar as equações 10.18, 10.19 e 10.20.

2⋅π
ω =
τ
Equação 10.18 – relação entre velocidade angular e período.

ω = 2⋅π⋅f
Equação 10.19 – relação entre velocidade angular e frequência.

v = ω⋅R
Equação 10.20 – relação entre velocidade linear e velocidade angular.

10.4.5 Aceleração no MCU


Você pode estar se perguntando o seguinte: “Mas como aceleração, se o MCU é um
movimento uniforme e, como o próprio nome sugere, possui velocidade constante?”. Não
é bem assim, vamos ver!

A frase acima estaria correta se, no final da mesma, tivéssemos escrito que “o módulo
da velocidade é constante”. Acontece que a velocidade é uma grandeza vetorial, isto
é, necessariamente precisamos considerar direção e sentido da velocidade. Já que a
trajetória percorrida por um objeto em MCU é circular, a cada instante a velocidade
está mudando (não o módulo, mas sua direção e seu sentido), correto? Logo, já que há
mudança de velocidade necessariamente também há aceleração. É esta aceleração que
vai provocar mudanças na direção e no sentido da velocidade e não no seu módulo.
Para que a trajetória consiga
vlinear ser circular, o vetor aceleração
deve ser perpendicular ao
o
90 vetor velocidade, como
vlinear 90o mostra a figura 10.5. Esta
acentrípeta acentrípeta
aceleração recebe o nome de
o vlinear aceleração centrípeta (ac).
90
acentrípeta

Figura 10.5 – aceleração


centrípeta para o MCU.
171

CUIDADO: é comum você ouvir falar em aceleração centrífuga. Atenção: Não existe!

ULBRA – Educação a Distância


O ato de centrifugar, uma centrifugadora, a máquina que centrifuga a sua roupa,
existe, mas, em nenhum caso existe a aceleração centrífuga. O ato de centrifugar é
devido ao princípio da inércia (1ª lei de Newton), que trabalharemos na próxima
disciplina.

Um movimento circular pode não ser uniforme. Neste caso a velocidade linear
do objeto não terá módulo constante, isto é, ela mudará a cada instante. Para que
isto seja possível é necessário que apareça uma nova aceleração, conhecida como
aceleração tangencial (aceleração tangente à trajetória, na mesma direção da
velocidade). Assim podemos resumir as acelerações em um movimento circular
como mostram os quadros 10.1 e 10.2.
r
Aceleração centrípeta ( a c ) é a que altera a direção do vetor velocidade.

v2 a c = ω2 ⋅ R
ac =
R
⇒ módulo Equação 10.21 Equação 10.22
r
ac v = velocidade escalar; R = raio de curvatura da trajetória; ω =
velocidade angular

⇒ direção Perpendicular ao vetor velocidade

⇒ sentido Para o centro de curvatura

Quadro 10.1 – aceleração centrípeta para o Movimento Circular.

r
Aceleração tangencial ( a t ) é a que altera o módulo do vetor velocidade.

⇒ módulo Igual ao da aceleração escalar

r ⇒ direção Igual ao do vetor velocidade


at
Igual ao vetor velocidade se o movimento for acelerado
⇒ sentido
Oposto ao vetor velocidade se o movimento for retardado

Quadro 10.2 – Aceleração tangencial para o Movimento Circular.

TESTE: Vamos ver se você aprendeu.


1. Uma pessoa está em uma ponte, sobre uma estrada de ferro, e observa um
trem que se aproxima em movimento retilíneo e uniforme. Quando o trem
está a uma distância de 30 m da vertical que passa pela pessoa, ela abandona
172

uma laranja que atinge o solo 4 m à frente do trem. A altura da queda é de 20


ULBRA – Educação a Distância

m. Considerando |g| = 10 m/s² e desprezando os efeitos do ar sobre a laranja,


calcule:
a) O tempo de queda da laranja; t=2s

b) O módulo da velocidade com que a laranja colide no solo; vlaranja = – 20 m/s

c) O módulo da velocidade do trem. vtrem = 15 m/s

2. Um corpo é lançado obliquamente para cima com velocidade vo = 50 m/s, numa


direção que faz um ângulo θ com a horizontal, tal que sen θ = 0,80 e cos θ =
0,60. Adotando |g| = 10 m/s², e desprezando a resistência do ar, determine o
módulo da velocidade deste corpo no instante correspondente a 2 segundos.
v ≅ 36,05 m/s

3. Calcule o alcance horizontal de uma bala de canhão disparada com velocidade


inicial de módulo 500 m/s a 45º com a horizontal, no vácuo. Considere |g| =
10 m/s². R = 50 m

4. Um ponto material foi lançado no vácuo sob um ângulo de tiro de 30º e


atingiu o vértice de sua trajetória após 5 segundos. Determine a velocidade
de lançamento. Considere |g| = 10 m/s². v = 100 m/s o

5. De dois pontos A e B situados a uma distância de 50 sobre o solo horizontal,


lançam-se, simultaneamente, dois projéteis: um do ponto A, no plano vertical
que passa por AB, com velocidade inicial que forma um ângulo de 30º com
a horizontal, e outro do ponto
B, com velocidade inicial de
100 m/s, verticalmente para
cima, como indica a figura ao
lado. Considere |g| = 10 m/s².
Calcule:
a) A velocidade inicial do projétil A para que ele atinja o projétil B;
vA = 200 m/s

b) O instante de encontro a partir do lançamento e a posição vertical acima


do solo. Despreze a resistência do ar.
t ≅ 0,29 s ; y ≅ 28,45 m
173

6. Uma máquina possui uma roda dentada de raio R = 20 cm, que gira com

ULBRA – Educação a Distância


velocidade constante, e executa 300 rotações por minuto. Calcule a frequência,
o período, a velocidade angular e a velocidade linear de um ponto situado na
periferia da roda. f = 5 Hz ; τ = 0,2 s ; ω = 10π rad/s ; v = 6,28 m/s

10.5 Exercícios
1. A figura representa um projétil que é lançado do ponto A, segundo um ângulo
de 30o com a horizontal, com uma velocidade vo = 100 m/s, e atinge o ponto D.
Sabendo que AB = 152,6 m, BC = 55 m, determine o tempo, em segundos, que
o projétil levou para atingir o ponto D. (|g| = 10 m/s2)
a) 11,0
b) 12,6 vo

c) 16,2 30o
A B
d) 25,3
C D
e) 37,8

2. Ainda em relação ao exercício anterior, qual a distância CD, em metros?


a) 952,6
b) 800,0
c) 543,2
d) 476,3
e) 400,0

3. A velocidade angular do movimento do ponteiro das horas vale:


a) π/24 rad/h
b) π/12 rad/h
c) π/6 rad/h
d) π/4 rad/h
e) π/3 rad/h
174

4. A figura que segue representa duas polias, 1 e 2, de raios R1 e R2, sendo R1


ULBRA – Educação a Distância

menor que R2, interligadas por meio de uma correia inextensível. Com relação
a esse sistema, pode-se afirmar:
a) As velocidades angulares 2
são iguais; 1

b) As frequências das duas


R1 R2
polias são iguais;

c) A frequência da polia 1 é
menor que o da polia 2;

d) O período da polia 1 é menor que o da polia 2;

e) A velocidade linear na borda da polia 1 é maior que na borda da polia 2.

5. A figura que segue mostra um sistema de engrenagem com três discos


acoplados, cada um girando em torno de um eixo fixo. Os dentes dos discos
são do mesmo tamanho e o número deles ao longo de sua circunferência é o
seguinte: X = 30 dentes, Y = 10 dentes e, Z = 40 dentes. Se o disco X dá 12 voltas,
o disco Z dará:
a) 1 Z

b) 4 X

c) 9 Y
d) 16
e) 144

Gabarito
1. a; 2. b; 3. b; 4. d; 5. c.

10.6 Bibliografia
JEWETT Jr., J.W. & SERWAY, R.A. Física para cientistas e engenheiros. Volume 1, tradução da
8ª edição norte americana. Cengage Learning: São Paulo, 2011.
175

HALLIDAY, RESNICK, WALKER. Fundamentos de Física. Volume 1, 7ª edição. LTC: Rio de

ULBRA – Educação a Distância


Janeiro, 2006.
SEARS & ZEMANSKY e YOUG & FREEDMAN. Física – Mecânica. Volume 1, 12ª edição.
Pearson – Addison Wesley: São Paulo, 2009.
KNIGHT, R.D. Física uma abordagem estratégica. Volume 1, 2ª edição. Bookman: Porto Alegre,
2009.
Material de aulas do Professor Moacyr Marranghello, 2013.
ULBRA – Educação a Distância

176

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