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Mobilização Neural em Pacientes com Lombociatalgia

Neural Mobilization in Patients with Lumbar Sciatic Pain

Marcela Abbade Mangueira


Pós Graduanda em Fisioterapia Traumato-Ortopedia e Desportiva

Sarah Raquel Carvalho Rodrigues Meneses


Pós Graduanda em Fisioterapia Traumato- Ortopedia e Desportiva

Abstract

The lumbar sciatic pain is a low back pain that can be accompanied by pain radiated through
the sciatic pathway, is one of the main complaints of patients with musculoskeletal disorders,
and neural mobilization techniques have shown efficacy in patients with neural disorders. This
article has as an objective to evaluate the efficiency of neural mobilization technique in the
rehabilitation of patients with lumbar sciatic pain. A literature review was carried out aiming to
better understand the technique of neural mobilization in musculoskeletal disorders. According
to researched studies, neural mobilization prohas as an objective tomotes positive results in the
treatment of musculoskeletal disorders returning its fuhas as an objective tonctionality.
However, new studies are suggested seeking their effects for better performance of
physiotherapeutic treatments.

Keywords: Lumbar Ciatic Pain, Nervosus System, Neural Mobilization and Manual Therap

Resumo
A lombociatalgia é uma dor lombar que pode ser acompanhada de dor irradiada pelo trajeto do
ciático, é uma das principais queixas de pacientes com transtornos musculoesqueléticos, e
técnicas de mobilização neural têm demonstrado eficácia em pacientes com distúrbios neurais.
Este artigo tem como objetivo avaliar a eficiência da técnica de mobilização neural na
reabilitação de pacientes com lombociatalgia. Foi realizado uma revisão bibliográfica, tendo
por finalidade conhecer melhor a técnica de mobilização neural nas disfunções
musculoesqueléticas. De acordo com estudos pesquisados a mobilização neural promove

Faculdade Integrada da Amazônia, Belém-Pará, e-mail marcelaabbade@yahoo.com.br


² Faculdade Integrada da Amazônia, Belém-Pará, e-mail sarah.meneses@outlook.com
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resultados positivos no tratamento das alterações musculoesqueléticas devolvendo sua


funcionalidade. No entanto, sugerem-se novos estudos buscando os seus efeitos para melhor
desempenho dos tratamentos fisioterapêuticos.
Palavras-chaves: Lombociatalgia, Sistema Nervoso, Mobilização Neural e Terapia Manual

1. Introdução

A lombociatalgia é a definição atribuída ao quadro doloroso que se instala na região da


coluna lombar com existência de irradiação da dor para os membros inferiores, admitindo-se o
envolvimento do nervo ciático. Acomete ambos os sexos, em diferentes idades, podendo variar
sua intensidade e duração (Knoplich, 2003).
Suas consequências influenciam o indivíduo na sociedade como um todo, podendo
causar perda do estado de saúde, perda da função, limitação de atividades diárias, laborais e de
lazer (Fernandes e Carvalho, 2000).
No Brasil, as lombalgias se tornaram a 1ª causa de pagamento de auxílio-doença e a 3ª
causa de aposentadoria por invalidez, estudos apontam que mais de 10 milhões de pessoas
sofrem com disfunções na coluna lombar. (Fernandes e Carvalho, 2000).
Além disso é o motivo primário de encaminhamento à fisioterapia. Quase a metade dos
pacientes tratados em fisioterapia têm o diagnóstico de dor lombar. Utiliza-se uma grande
variedade de intervenções conservadoras para tratar a dor lombar, dentre elas a terapia manual
(Moraes et al. 2004).
A dor é decorrente de forças excessivas, externas ou internas. Essas forças excessivas
englobam atividades repetidas tais, extensão e flexão, e/ ou ainda por rotação excessiva de um
segmento corporal. Há ainda as forças internas, que são consideradas “perturbadoras”, que
enfraquecem a função neuromusculoesquelética, podendo ser provocada pela fadiga, o ódio, a
depressão, a falta de atenção, a ansiedade, falta de treinamento e a distração - que podem ser
decorrentes de fatores psicogênicos e psicossociais, como estresse e falta de motivação (Marras,
2000).
Existem ainda inúmeras patologias capazes de se manifestar como lombalgia, e é
consenso que uma significativa parcela dos indivíduos acometidos não possui um diagnóstico
preciso quanto à causa da dor, pois há que se considerar o grande número de estruturas da
coluna que podem ser fontes de dor. Para Mendes (2006), os problemas psicológicos são os
principais fatores responsáveis pelas dores lombares, baixo nível de escolaridade, atividade
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pesada ou em postura sentada, levantar grandes quantidades de peso, sedentarismo, acidentes


de trabalho, dirigir veículos, horas excessivas de trabalho, gravidez, ferimentos, tabagismo,
entre outros (Cox, 2002).
Sendo assim a abordagem terapêutica em pacientes portadores desta patologia é
essencialmente difícil, devido à dificuldade no diagnóstico bem como à multiplicidade de
fatores envolvidos, como os ambientais, psicológicos e socioeconômicos (Boeing, 2004).
Atualmente o tratamento conservador na lombalgia dispõe de inúmeras técnicas e
recursos. Casos de distúrbios neurais associados, como nas lombociatalgias, técnicas de
mobilização neural tem demonstrado efeitos positivos no alívio da dor e sintomatologia no
trajeto do ciático (Vasconcelos, 2011).
A mobilização neural é uma técnica bastante utilizada em pacientes com lombociatalgia,
procura manter ou restaurar o movimento e a elasticidade do sistema nervoso, e é uma opção
de tratamento para pacientes com distúrbios neurais, que utiliza técnicas específicas que
promove não só o retorno das suas funções normais, mas também das estruturas
musculoesqueléticas que recebem sua inervação (Lima, 2011).
O Sistema Nervoso, com seus circuitos centrais e periféricos, aparece como produtor,
captador, condutor e modulador dos mais diversos estímulos. Curiosamente pouca importância
se deu ao fato de que este sistema também possui características mecânicas e dinâmicas próprias
e que influenciam diretamente a sua fisiologia (Ferreira, et al 2013).
Apesar do número expressivo das pesquisas sobre lombociatalgia e da eficácia da
terapia manual em seu tratamento, há ainda incertezas e controvérsias em relação a eficácia da
técnica de mobilização neural em pacientes com lombociatalgia. O que despertou-nos o
interesse em verificar a sua evidência cientifica como forma de tratamento.
Este artigo tem por objetivo geral realizar uma revisão de literatura sobre a eficiência
da técnica de mobilização neural na reabilitação de pacientes com lombociatalgia, e específico
analisar os benefícios da mobilização neural como forma de tratamento na lombociatalgia e
destacar as evidências científicas sobre o tratamento da lombociatalgia através da mobilização
neural a fim de promover uma reabilitação da mais eficaz ao paciente com dor lombar.

2. Metodologia

Para alcançar os objetivos do estudo, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, utilizando
livros, revistas e periódicos publicados no Google acadêmico, Scielo e Lilacs utilizando as
palavras-chaves: Lombociatalgia, Sistema Nervoso, Mobilização Neural e Terapia Manual, no
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período de outubro a dezembro de 2018, com o intuito de explorar e descrever todos os fatos
ou fenômenos que deseja-se conhecer. Após a seleção do material literário publicado, foram
realizadas leituras explorativas e analíticas com objetivo de averiguar a eficácia da técnica de
mobilização neural aplicada na lombociatalgia.

3. Fundamentação Teórica

3.1. Lombociatalgia

Segundo Dutton (2006), a dor lombar, tornou se uma causa comum de morbidade e
incapacidade. São diversas as etiologias que causam dores lombares, sendo as mais frequentes
as de natureza mecânica degenerativa, geradas por desordens estruturais, desvios biomecânicos
ou a interação desses dois fatores. Sendo utilizados para a confirmação do diagnóstico, exames
complementares onde são utilizadas as seguintes nomenclaturas: Lombalgia e Lombociatalgia
(Cecin, 2000).
Sendo a lombalgia comum, o tipo mais prevalente, ocorre normalmente na linha média
na região de L4-L5, apresentando dor, com ou sem rigidez, localizadas na região inferior do
dorso e região dos glúteos, raramente irradiada para as coxas. Podendo variar de uma dor súbita
à dor intensa e prolongada (Teixeira e Figueiró, 2001).
Por outro lado a lombociatalgia é caracterizada por uma dor na região lombar com
irradiação para membros inferiores por comprometimento do nervo ciático. A hérnia discal é o
principal fator da lombociatalgia, que se desenvolve com a má postura adquirida na realização
de atividades, ou qualquer outro mecanismo que leve a um quadro de compressão nervosa
(Brazil et al, 2001)
O nervo ciático é o principal nervo do plexo sacral. Considerado o maior nervo do corpo
humano em diâmetro e extensão. Formado pelos ramos anteriores de L4, L5, S1, S2, S3, sai da
pelve através do forame isquiático maior, passando por baixo do músculo piriforme na região
glútea, descendo entre o trocânter maior do fêmur e a tuberosidade isquiática, desce
verticalmente na região posterior da coxa, entre o músculo adutor magno e a porção longa do
bíceps femoral, chegando na face poplítea se divide em dois grandes ramos: o nervo tibial e o
nervo fibular comum (Miranda, 2004).
A hérnia de disco é desenvolvida pela desordem músculo esquelética levando a uma
ruptura do anel fibroso do disco intervertebral com deslocamento do núcleo pulposo para os
espaços entre as vértebras (NEGRELLI, 2001). Essa disfunção neurogênica referida no membro
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inferior uni ou bilateralmente, pode apresentar sintomas como a dor, déficit motor, sintomas
sensoriais, anestesia e disestesia na extensão do nervo ciático. Os níveis vertebrais envolvidos
são de L4-L5 ou L5-S1 sendo agravada na posição sentada (Teixeira e Figueiró, 2001).
Segundo Brasil et al., (2001), a hérnia de disco é a causa mais evidente da
lombociatalgia, porém existem outras causas como: processos degenerativos, infecções,
luxações traumáticas do quadril, neoplasias. Os sintomas que se manifestam são: dor lombar,
dor ao longo do trajeto do nervo, distúrbios sensoriais e fraqueza dos músculos do membro
inferior inervado pelo isquiático comprometido.
A lombociatalgia tem como fatores principais de risco, problemas psicológicos, baixo
nível de escolaridade, sedentarismo, acidentes de trabalho, atividades ocupacionais de grande
sobrecarga na coluna lombar, gravidez, ferimentos, tabagismo, entre outros (Mendes, 2005)
Existem vários fatores que dificultam no estudo e na abordagem das lombalgias e
lombociatalgias, como a inexistência de uma fidedigna relação entre os achados clínicos e os
de imagem e ao segmento lombar ser inervado por uma difusa e entrelaçada rede de nervos,
tornando difícil determinar com precisão o local de origem da dor (Cecin, 2000).
No estiramento ou compressão, quando existe uma alteração biomecânica de 8% a 15%
do tamanho original do nervo aplica-se a diminuição ou mesmo a interrupção da
microcirculação, geralmente esse processo é temporário até que seja restabelecido por uma
posição corporal que suavize este tensionamento, além de alterar o potencial de ação das fibras
do nervo simpático, mas esse processo é pouco entendido (Butler, 2003).
Há séculos sabe-se que lombalgias e lombociatalgias, entre outras desordens músculo-
esqueléticas, apresentam origem neural; porém são recentes as buscas para tratamentos mais
eficazes desses distúrbios (Hall, 2004).
O tratamento da lombociatalgia tem por objetivo aliviar a dor, aumentar a capacidade
funcional e retardar a progressão da doença. O tratamento pode ser conservador e em último
caso cirúrgico, sendo o cirúrgico indicado apenas quando não se alcança sucesso com a terapia
convencional ou em situação de evolução da doença de forma significativa (Negreli, 2001).
De acordo com Kisner e Colby (1998), é importante que se trabalhe a flexibilidade e o
fortalecimento muscular à medida do possível, assim como também orientar o paciente quanto
as atividades diárias, com o intuito de reequilibrar a coluna lombar, prevenindo então as
reincidências de lombocialtalgia.

3.1.1 Anatomia
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Segundo Tortora (2006), a coluna vertebral, também chamada de espinha dorsal ou


espinhaço, é formada por uma série de ossos denominados vértebras. Tendo as vértebras a
função de envolver e proteger a medula espinal, sustentar o crânio, permitir os movimentos de
inclinação à direita e à esquerda, flexão, extensão e rotação à direita e à esquerda, além de
articular com a caixa torácica e fornecer a fixação para os músculos do tronco.

A coluna vertebral do adulto é formada por 33 vértebras, que são distribuídas em sete
vértebras cervicais, doze vértebras torácicas, cinco vértebras lombares, cinco vértebras sacrais
fundidas e quatro vértebras coccígeas fundidas. Num total de 33 ossos e vértebras durante o
início do desenvolvimento, com fusão de várias vértebras nas regiões sacral e coccígea na fase
adulta (Dangelo 2007).
As cinco vertebras lombares, L1, L2, L3, L4 e L5 que formam a coluna lombar são
facilmente identificadas, por serem as maiores vértebras da coluna vertebral, possuem seus
corpos pesados e processos espinhosos espessos e rombos para fixação dos poderosos músculos
do dorso. Os seus processos articulares também são característicos, já que as faces articulares
superiores são voltadas póstero medialmente ou medialmente e as faces articulares inferiores
são direcionadas ântero lateralmente ou lateralmente (Graaff, 2003). Segundo Lynn N.
McKinnis (2004), a articulação de L5 com o sacro é feita por seus processos articulares e do
disco intervertebral, que nesse momento formam o ângulo lombossacral através da
transformação da lordose lombar na convexidade sacral.
O disco intervertebral é formado por dois componentes básicos, o anel fibroso que é
externo e espesso, formado por cartilagem fibrosa, que circunda um material gelatinoso central,
conhecido como núcleo pulposo (Hall, 2005). Os discos intervertebrais são as estruturas que
garantem a flexibilidade à coluna vertebral e absorvem os impactos verticais (Graaff 2003).
De acordo com Hall (2005), diversos são os ligamentos que sustentam a coluna, e
contribuem para a estabilidade dos segmentos que realizam os movimentos. Dentre eles,
podemos destacar alguns, o ligamento longitudinal anterior e o ligamento longitudinal posterior
que conectam os corpos vertebrais. O ligamento supra espinal que une os ápices dos processos
espinhosos a partir da 7ª vértebra cervical (C7) até o sacro, sendo considerado uma continuação
do ligamento nucal. Os ligamentos interespinhais finos e quase membranáceos, unem os
processos espinhosos adjacentes, os ligamentos intertransversários que estão interpostos entre
os processos transversos e ligamentos amarelos que unem as lâminas das vértebras adjacentes
no canal vertebral de áxis (C2) até o primeiro segmento do sacro, por possuir certa elasticidade
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este ligamento preserva a postura vertical aprimorando a estabilidade vertebral.

3.2 Neuroanatomia

O Sistema Nervoso (SN) é dividido em Sistema Nervoso Central (SNC) e Sistema


Nervoso Periférico (SNP), compende um só sistema, considerado um tecido contínuo. Esse
sistema é contínuo de três maneiras: mecanicamente - por meio da transmissão de forças e
movimentos pelos seus envoltórios conectivos; eletricamente; e quimicamente – os
neurotransmissores periféricos e centrais são os mesmos e existe o fluxo axoplasmático de
substâncias dentro do axônio. Por isso, qualquer alteração ocorrida em uma parte dele
ocasionará repercussões em todo o sistema (Butler, 2003).
A estrutura anatômica dos nervos periféricos permite uma visão interessante das suas
características fisiológicas, que, por sua vez, contribuem para o movimento humano. O nervo
periférico é formado por três camadas distintas de tecido conjuntivo: endoneuro, perineuro e
epineuro. Que possuem características morfofuncionais próprias, fundamentais na prevenção
de disfunções e lesões (Ferreira et al, 2013).
A principal função do sistema nervoso é a condução de impulsos; porém, esta é
extremamente dependente da parte mecânica desse sistema e vice-versa. Não cabe ao sistema
nervoso somente conduzir impulsos por meio de grandes amplitudes e complexidades de
movimento, mas também adaptar-se mecanicamente a esses movimentos, retraindo-se e
alongando-se, podendo até mesmo limitar essas amplitudes em certas combinações de
movimentos (Vasconcelos, 2011).

3.3 Mobilização Neural

A técnica e os conceitos de mobilização do sistema nervoso não são de origens recentes,


apesar da técnica não ser amplamente conhecida, mas a ideia de aplicar um tratamento
mecânico para o tecido neural, existe desde 1800, onde já existia Princípios e métodos do
alongamento neural que progressivamente foram se aperfeiçoando tanto na teoria quanto na
aplicação clínica (Kostopoulos, 2004).
Segundo Marinzeck (2000), a técnica de mobilização neural é desenvolvida a partir da
aplicação clínica dos princípios da terapia manual, juntamente com os avanços da
neurobiologia, biomecânica e fisiologia do tecido neural.
Quando a neurodinâmica está alterada, ocorre o que se denomina de Tensão Neural
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Adversa, que consiste numa resposta mecânica e fisiológica anormal quando a amplitude
normal do sistema nervoso e sua capacidade de alongamento são testadas. A atividade adequada
do sistema nervoso depende de sua integridade, o comprometimento de sua mecânica e da sua
fisiologia pode resultar em outras disfunções próprias, bem como das estruturas
musculoesqueléticas que recebem sua inervação (Vasconcelos, 2011).
Machado (2010) relata que uma lesão nervosa gera alterações nas suas propriedades
mecânicas (movimento e elasticidade) e fisiológicas (condução de impulso nervoso e fluxo
axoplasmático) do nervo, alterando sua neurodinâmica, levando ao agravamento da lesão. A
lesão implicará alteração nas funções do nervo, que por sua vez leva a alteração da condução
elétrica acarretando distúrbios sensoriais (dor e parestesias), distúrbios motores (distonias) e
fraqueza autonômica (vasomotores e pilomotores), ou seja, as lesões podem derivar para
disfunções nas estruturas que recebem sua inervação. Como consequência, estruturas
musculoesqueléticas podem estar comprometidas em uma disfunção de origem neural.
A mobilização neural altera a dinâmica vascular e a mecânica do tecido nervoso,
acarretando melhora do suprimento sanguíneo e consequentemente auxilia a dispersão de um
possível edema existente no interior do nervo. A reabilitação se dá por meio de movimentos
oscilatórios ou mantidos direcionados aos nervos periféricos que apresentam restrição no
deslizamento e assim sinais de tensão neural serão apresentados durante os testes neurais
(Butler 2003).

3.3.1 Princípios Básicos da Mobilização

Para Butler (2003), quando se decide realizar a mobilização do sistema nervoso deve se
ter algumas considerações. Primeiro, o conceito de Maitland, onde o tratamento dos sinais e
sintomas está baseado na gravidade, irritabilidade e na natureza da desordem. Segundo, é o
desenvolvimento de idéias sobre o uso da "natureza", onde "Natureza" é um termo utilizado por
Maitland (1986) que é amplamente entendido como patologia. Considerando que ideias sobre
a patologia deveriam incluir o local da mecânica, dos tecidos e as possíveis estruturas ao redor
e ao longo do sistema nervoso envolvido e alterado, as quais poderiam interferir em sua
mecânica normal, sendo assim todo o conhecimento sobre o sistema nervoso deve ser
considerado nas decisões a serem tomadas à cerca do tratamento. Sendo de fundamental
importância para o sucesso do tratamento o pensamento do fisioterapeuta, no termo mobilização
ao invés de alongamento.
Esse método parte do princípio que comprometimentos da fisiologia e da mecânica do
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sistema nervoso (movimento, elasticidade, condução, fluxo axoplasmático) podem levar à


disfunções do sistema nervoso ou em estruturas musculoesqueléticas por ele inervadas, e que o
restabelecimento de sua biomecânica e fisiologia adequada, por meio do movimento e/ou
tensão, permite a recuperação da extensibilidade e da funcionalidade normal desse sistema e
das estruturas comprometidas (Veras et al, 2011).

3.3.2 Tratamento

As formas de tratamento por mobilização neural classificam-se em duas categorias


sendo elas, mobilização direta ou tensionante, caracterizada pelo tensionamento de nervos
periféricos ou da medula por meio de movimentos oscilatórios, que podem ser em qualquer
amplitude de movimento da articulação que compõe o trajeto do trato neural. E a mobilização
indireta ou deslizante utilizada em casos de lesão aguda, sendo que a medula ou nervos
periféricos são tencionados por movimentos oscilatórios aplicados à estruturas adjacentes
(Freitas et al, 2015).
A mobilização neural pode ser realizada tanto na parte proximal dos nervos quanto na
parte distal. Na parte distal, a mobilização neural ocorre em toda a extensão do membro tratado,
e na parte proximal, a mobilização neural ocorre somente na raiz nervosa. Quando se realiza a
técnica de mobilização neural distal, a intervenção é direcionada para o membro tratado,
portanto, outros tecidos presentes no membro podem influenciar na eficácia da técnica
(Shacklock, 2007).
Para avaliar a mecânica e a fisiologia de uma parte do sistema nervoso são utilizados
testes de tensão neural ou testes de estiramento neural, através de sequências de movimentos.
Esses testes começaram a ser reconhecidos como terapia desde 1970, podendo ser considerado
positivo na existência de diminuição da amplitude de movimento (ADM) ou quando os
sintomas doloridos e de alongamento profundo forem reproduzidos, comparando com o outro
membro, ou com o que é considerado normal (Butler 2003).
Segundo Zamberlan e Kerppres (2007), nem todos os sintomas podem ser considerados
patológicos classificando o teste como positivo, pois, o tecido neural também é inervado, e o
seu estiramento pode causar dor e tendo um falso positivo no teste, sendo necessário o
conhecimento das respostas e as diferenças entre um indivíduo sintomático e assintomático. Os
testes neurodinâmicos para membros inferiores, Slump Test ou o teste da elevação da perna
estendida (SLR), podem isolar um nervo ou toda a cadeia nervosa.
O SLR é um importante teste de tensão, que pode avaliar o sistema nervoso como um
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todo. Realizado com o paciente em decúbito dorsal, com os quadris e tronco em posição neutra.
O examinador deverá posicionar uma mão sob o tendão de Aquiles e a outra acima do joelho,
em seguida elevar a perna em extensão como uma barra sólida até revelar uma resposta
sintomática pré determinada ou até atingir seu limite de amplitude de movimento do quadril.
A amplitude de movimento considerada normal para o SLR, varia muito, sendo importante a
comparação com o membro contralateral, e ao que é considerado normal. A adição de outros
movimentos associados ao teste, podem sensibilizar ainda mais o nervo. Podem ser realizados
os movimentos de dorsiflexão do tornozelo, adução do quadril, rotação interna do quadril e
flexão passiva do pescoço. Pode também utilizar uma forma mais sútil para se realizar a técnica,
onde o membro inferior do paciente é colocado no ombro do examinador e depois com a outra
mão flexiona dorsalmente o pé. Indivíduos normais podem relatar sintomas em três áreas,
joelho posterior, panturrilha e coxa posterior (Butler, 2003).
O Slump test ou teste de inclinação anterior, descrito por Maitland em 1985, como um
teste para avaliar a mobilidade das estruturas sensíveis à dor no canal vertebral, e desde então
vem sendo utilizado como instrumento de avaliação e identificação de alterações
neurodinâmica dos membros inferiores e também como forma de tratamento (Butler, 2003).
Oliveira Jr e Teixeira (2007), relatam que o Slump test é realizado com o paciente
sentado na maca, examinador solicita que o paciente flexione a coluna torácica e lombar e, logo
em seguida, realiza também flexão cervical. O examinador exerce uma pressão na cervical do
paciente, para que a mesma seja acentuada. Já o paciente realiza o movimento de extensão de
joelho, realizando dorsiflexão do tornozelo, sendo que o movimento é solicitado primeiro no
membro inferior assintomático e depois no membro sintomático, examinador avalia
visualmente a ADM de extensão de joelho e questiona sobre os sintomas.

4. Resultados e Discussão

A mobilização neural tem sido utilizada como método de avaliação e tratamento das
mais diversas patologias que acometem o sistema nervoso e as estruturas por ele inervadas.
Segundo Boeing (2004), pacientes com lombociatalgia tratados com mobilização neural
obtiveram uma redução importante da sintomatologia dolorosa.
Em seu estudo, Boeing (2004) com o objetivo de identificar a eficácia de um protocolo
de técnicas de mobilização neural como recurso para tratamento de pacientes portadores de
lombociatalgia, foi feito avaliação e tratamento de seis voluntários. Estes realizaram dez sessões
aplicando um protocolo de mobilização neural onde foram analisados as seguintes variáveis:
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dor, sensibilidade e mobilidade da coluna lombar. Nos resultados obtidos verificou-se que
houve melhora estatisticamente significativa na redução do quadro álgico.
Em estudo realizado por Freitas et al. (2015), os resultados apontaram que os exercícios
de estabilização lombar e fortalecimento dos glúteos realizados pelos dois grupos apresentaram
redução do quadro álgico na coluna lombar e no que diz respeito à relação da dor com atividades
físicas. Porém, apenas o G2 que realizou a mobilização neural, especificamente a técnica
deslizante, apresentou melhora da dor no membros inferiores, especificamente no trajeto ciático
e, consequentemente, melhora na funcionalidade em pacientes com lombociatalgia.
Corroborando com este estudo, Machado e Bigolin (2010) aplicaram a mobilização
neural e compraram com o alongamento em dez pacientes. Os que foram tratados com a
mobilização neural apresentaram melhora significativa da dor avaliado pela EVA (Escala
Visual Analógica), diferente dos tratados com alongamento que também tiveram melhora, mas
não significativa.
Quando comparamos a mobilização neural em relação a outros tipos de tratamento em
lombociatalgia, podemos evidenciar no estudo de Fonteque et al. (2008) que, comparando o
alongamento passivo e a mobilização neural, houve uma maior eficácia da mobilização neural
no ganho da amplitude de movimento do quadril em relação ao alongamento passivo.
O que está em concordância com o estudo de Junior e Schons (2015), que verificou que
o uso da mobilização neural em portadores de lombociatalgia aumentou significativamente a
amplitude de movimento do quadril acometido e propiciou melhora nas demais variáveis
avaliadas.
Ainda em estudos da mobilização do sistema nervoso e seu efeito no alongamento da
musculatura, Jesus (2004), realizou estudos com grupo de 50 indivíduos, divididos em dois
grupos, aplicando a técnica de mobilização neural através de oscilações lentas, onde um grupo
apresentava comprometimento neural ao Slump Test e o outro grupo sem comprometimento
neural ao mesmo teste, sendo observado um aumento da flexibilidade dos isquiotibiais,
concluindo que a mobilização do nervo interfere no fluxo axoplasmático, esperando assim a
melhora da função neural.
Lopes et al (2010), realizaram estudos com relação a força muscular, e concluíram que
a mobilização neural possibilitou uma melhora da força muscular do quadríceps antes das
sessões de treinamento comparando com o alongamento muscular.
Para Butler (2003) fatores como, gravidade da lesão; local da lesão; fatores intrínsecos
relacionados ao paciente; ampliação dos sintomas; expansão dos sinais; cronicidade; ocupação;
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pós-cirurgia; anormalidades congênitas; doença e resposta ao tratamento, podem influenciar


negativamente no resultado satisfatório da mobilização neural. Com relação à cronicidade, o
mesmo afirmou ainda, que, quanto maior o tempo de instalação do problema, maior o risco de
envolvimento anatômico, fisiológico e psicológico.
De acordo com Dias, Aires e Weidebach (2001), são poucas as pesquisas comparativas entre
as diversas técnicas fisioterapêuticas existentes, dificultando aos profissionais da área, eleger a
técnica a ser utilizada, e o provável resultado satisfatório sobre o quadro clínico do paciente.

5. Conclusão

Percebeu-se com este estudo que a mobilização neural vem se firmando nos últimos
anos como uma ferramenta importante para o diagnóstico e tratamento das disfunções neuro-
ortopédicas, por ser eficaz na diminuição do quadro álgico, aumento da amplitude do
movimento e consequentemente melhora da qualidade de vida do paciente. Possibilita a
prevenção e o tratamento de lombociatalgias relacionadas ao envolvimento neural, isso se deve,
possivelmente, pela ação benéfica sobre a circulação sanguínea, lesão nervosa e sobre o fluxo
axoplasmático, dessa forma restabelecendo o sistema neural.
O envolvimento do sistema nervoso como parte componente do complexo de
movimento e possível fonte de disfunção e dor, dentro de um modelo conceitual que permita
um melhor entendimento dos mecanismos lesionais, é fundamental e indispensável no processo
de raciocínio clínico das possíveis disfunções do movimento.
A técnica de mobilização neural tem conquistado um importante espaço no tratamento
de diversas patologias relacionadas ao sistema neuromotor, e essa técnica exige ainda mais que
os profissionais fisioterapeutas com ênfase em terapias manuais tenham um amplo
conhecimento de biomecânica e neuroanatomia, gerando assim benefícios aos pacientes
tratados.
Assim espera-se que este estudo sirva de referencial para outros estudos e pesquisas que
visem aprofundar o entendimento da mobilização neural aos fisioterapeutas que tratam doenças
musculoesqueléticas como a lombociatalgia a fim de alcançarem o melhor resultado no
tratamento dos seus pacientes e haja validação científica desta técnica.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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com lombociatalgia [monografia]. Curso de Fisioterapia da Universidade Estadual do
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